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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

FACULDADE DE FISIOTERAPIA

PROFESSOR: DANIEL DOMINGUES FERRAZ

MONITORA: BEATRIZ SANTOS MIRANDA


Material produzido pela monitora Beatriz Santos Miranda, durante o semestre de 2020.2
para auxiliar os alunos durante o curso da disciplina de Órtese e Prótese (ICS09)
ministrada pelo professor Daniel Domingues Ferraz.

O material não deve ser utilizado como única fonte estudo pelos alunos, devendo ser
complementado com outros meios.

Esse material tem fim didático e não possui conflito de interesse.


SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 5
NÍVEIS DE AMPUTAÇÃO ......................................................................................... 5
TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO ...................................................................... 9
PRÉ-PROTETIZAÇÃO .............................................................................................. 11
PRÓTESE DE MEMBRO INFERIOR ........................................................................ 15
COMPONENTES DA PRÓTESE ............................................................................... 17
REABILITAÇÃO PÓS-PROTÉTICA ........................................................................ 25
AMPUTAÇÃO DE MEMBROS SUPERIORES......................................................... 26
PROTÉSES PARA MEMBRO SUPERIOR ................................................................ 29
ENDOPRÓTESE ........................................................................................................ 31
INTRODUÇÃO
A prótese é um dispositivo que vai substituir uma parte do corpo. Existem próteses
que substituem membros e existem as próteses que substituem as articulações. Nem todo
amputado é candidato à protetização, ou seja, a protetização depende da necessidade do
paciente, se ele quer ou não ser protetizado e alguns outros determinantes. Além disso,
um paciente com déficit cognitivo, por exemplo, torna mais difícil o uso da prótese, uma
vez que é preciso saber colocar e tirar, bem como aprender a andar com a prótese. Já
pessoas com sobrepeso, por exemplo, não podem ser protetizadas.

➢ INDICAÇÃO
Quais fatores interferem na escolha dos componentes protéticos?
● Nível de amputação, já que a depender do nível serão necessários diferentes
componentes, como por exemplo, na amputação transfemural se precisa de um
componente que represente o joelho, e na transtibial não;
● Estado geral do voto, pois caso haja uma ferida, não será possível. Assim, precisa
que primeiro haja a cicatrização, assim como precisa se restaurar a força muscular,
para assim se usar a prótese;
● Condições funcionais do paciente, uma vez que um paciente jovem e atleta, por
exemplo, vai precisar de alguns componentes específicos, já se é um paciente
idoso e com uma vida mais intradomiciliar, serão outros componentes;
● Nível de atividade física do paciente;
● Atividade profissional;
● Atividades de lazer;
● Ambiente de moradia e trabalho, se a pessoa possui acessibilidade ou não;
● Condições econômicas;
● Experiência anterior com próteses;
● Colaboração cognitiva do usuário;

NÍVEIS DE AMPUTAÇÃO
Distal: menor gasto energético, adaptação protética mais fácil, menor custo financeiro,
retorno ao convívio social e profissional mais rápido. Assim, quanto mais distal melhor
para o paciente.
DESARTICULAÇÃO INTERFALANGEANA: não altera a função, equilíbrio e
deambulação.
Amputações do hálux: deve haver a preservação da base da falange proximal, para assim
manter a inserção do extensor e flexor curto do hálux, assim não haverá alteração marcha.
Caso não consiga preservar a base irá haver influência na flexão dorsal (balanço) e
propulsão.
O paciente que geralmente sofre essa amputação é decorrente de alguma complicação do
pé diabético, mas também pode ocorrer no caso de alguns traumas.
No caso da desarticulação interfalangiana, não usa próteses e, quando usa, é uma prótese
de silicone por questões estéticas.
DESARTICULAÇÃO METATARSOFALANGEANA: Amputações isoladas, ou
seja, apenas um dedo, do 2° ao 5° dedo não alteram a marcha.
Em que, irá haver um prejuízo na marcha, caso se ampute vários.
Sendo a órtese funcional e estética.
Hálux: fase de impulso - marcha mais lenta. O hálux é o componente do pé mais
importante para a fase de impulso. Também haverá um prejuízo da marcha quanto ocorrer
amputação de todos os dedos menos o hálux. A prótese nesse caso será estética, feita de
silicone e irá auxiliar na fase de propulsão da marcha.
AMPUTAÇÃO TRANSMETATARSINA:

Secção: próxima à cabeça ou base dos metatarsos. Isso ocorre porque a tendência dos
metatarsos é realizar uma flexão plantar caso seja seccionado no meio dos metatarsos e,
assim, pode levar a uma lesão de tecidos moles. Já se amputação for feita próxima a
cabeça do metatarso, o coto é maior e, portanto, a tendência de flexão plantar é maior.
Por fim, se a amputação for próxima às bases, é mais difícil que o paciente faça a flexão
plantar, porque praticamente não há coto, sendo difícil o movimento. Além disso, se
houver a flexão plantar nesse caso, não haverá prejuízo, porque próximo às bases o osso
é esponjoso e não há perigo de ter lesão de partes moles. Dessa forma, o melhor é realizar
a amputação próxima às cabeças metatarsianas, pois quanto mais distal, melhor par ao
paciente.

AMPUTAÇÃO DE LISFRANC: é uma amputação na que separa o antepé do médiopé.


AMPUTAÇÃO DE CHOPART: é uma amputação na linha que separa o tálus e o
calcâneo do médiopé

AMPUTAÇÃO TOTAL DO PÉ OU SYME:

Secção da tíbia e fíbula, na extremidade distal, sobre o osso esponjoso, permitindo a


descarga distal do peso sobre o coto.
Possibilita protetização futura com um pé mecânico.
Que é um pé de madeira revestida com borracha.
AMPUTAÇÃO DE SYME, DO TIPO PIROGOFF:

Se faz uma artrodese (articulação fixa, que não permite movimento) entre a tíbia e o
calcâneo, em que se bota a tuberosidade do calcâneo, unindo a tíbia e fíbula, para
aperfeiçoar a descarga de peso distal sobre o coto.
AMPUTAÇÃO TRANSTIBIAL: (3)
Podendo ser no terço proximal, médio e distal, sendo que a distal é a
melhor, por favorecer um coto maior.
Já há um impacto socioeconômico e psicológico, e diminuição da
qualidade de vida.
Irá haver a preservação da articulação do joelho, gerando menos
gasto energético na marcha.
Há uma facilidade para colocação e remoção da prótese.
A marcha segue fisiológica na fase de balanço e apoio.
Não permite descarga de peso distal no coto, devido á secção, uma
vez que no local é osso cortical, levando a lesão de tecidos moles.
• Tendência a deformidade: flexão de joelho, assim, se o
paciente não tem a capacidade de fazer a extensão de joelho
ativamente, não é possível utilizar a prótese, pois não é possível encaixar a
prótese.
A descarga de peso ocorre nas mesetas tibiais e tuberosidades tibiais.
AMPUTAÇÃO TRANSFEMURAL: (1)
Pode ser no terço proximal, médio ou distal.
● Tendência a deformidade: flexão e abdução do quadril
Flexão devido ao elevado tempo em sedestação (encurtando o iliopssoas) e
abdução devido ao desequilíbrio entre abdutores e adutores, já que os adutores
terão sua inserção reduzida.
Quanto mais proximal o nível de amputação, maior a tendência a deformidades.
Nível mais proximal aceito: coto ósseo com 8 cm abaixo do trocanter menor. Caso não
tenha os 8 cm se faz uma desarticulação do quadril.
É contra-indicada a descarga distal.
Cotos distais: maior alavanca - maior controle
Os amputados transfemorais têm 65% a mais no gasto energético, quando comparado aos
não amputados. Por isso pacientes cardiopatas precisam da liberação do cardiologista.
DESARTICULAÇÃO DE JOELHO: (2)
Nesse caso, ocorre apenas a desarticulação da tíbia e, portanto, a patela é preservada. A
patela é preservada porque se ela for retirada, há um prejuízo na atividade do quadríceps
para flexionar o quadril.
Vantagens em relação a transfemural:
● Maior braço de alavanca
● Maior força muscular
● Possibilidade de descarga distal, pois o peso é descarregado sobre os côndilos
femorais, já que não há secção óssea.
● Melhor sistema de suspensão protética, que consiste na capacidade do paciente
aderir a prótese ao encaixe do coto. Ou seja, se o coto é mais comprido, há uma
melhor suspensão, pois há mais contato com o membro. Já se o coto for mais
curto, a suspensão é prejudicada.
● Facilidade para colocação e remoção da prótese
● Menor gasto energético durante a deambulação
DESARTICULAÇÃO DO QUADRIL:
Não apresenta coto ósseo, já que irá haver a desarticulação da cabeça do fêmur da
cavidade acetabular.
Cobertura músculocutânea do glúteo máximo, sobre a cavidade acetabular, para assim se
inserir a prótese.

TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO
Nas primeiras 24h após a cirurgia, ou seja, no pós cirúrgico imediato, com o paciente
ainda no leito hospitalar, realiza-se a crioterapia e cinesioterapia. O paciente está em
repouso no leito e por isso realiza-se a crioterapia, bem como cinesioterapia de membros
superiores, do membro contralateral etc. A crioterapia, é utilizada para dor e inflamação.
No período pós operatório, a região do coto estará com os sinais típicos da inflamação:
edema, hiperemia, dor. Desse modo, a crioterapia atua combatendo essa inflamação local.
Nas primeiras 24h após a cirurgia, o paciente pode estar sonolento, fragilizado e sentindo
alguma dor, então os exercícios que podem ser realizado são, por exemplo, exercícios
ventilatórios de expansibilidade torácica. Ficar um dia em posição de decúbito dorsal faz
com que a pessoa ventile pouco, sobretudo na região das bases pulmonares. Por isso os
exercícios ventilatórios podem ser realizados a fim de evitar acúmulo de secreções,
atelectasia (colapso alveolar que gera complicação respiratória) etc.
48-72h – Primeiros dias pós-cirúrgicos: começa a colocar o paciente sentado e ver se ele
tolera a sedestração. Em seguida, pode colocar o paciente em pé (ortostase), ainda que
seja apenas em apoio unipodal por se tratar das primeiras 48-72h, e se for possível começa
a realizar a deambulação (marcha) com um andador, estando o paciente em apoio
unipodal. Se o paciente está sentado e será colocado em pé pela primeira vez após a
cirurgia, ele pode apresentar náusea, tontura e vômito e por isso é indicado esperar um
pouco ao levantar o paciente a fim de observar se esses sintomas surgirão. Caso isso
aconteça, não começa a deambulação. Se o paciente não apresentar esses sintomas ao
levantar, pode começar a deambulação com o andador. Sedestração – Ortostase –
Marcha
A principal causa de amputação de MMII são as complicações da Diabetes (essa doença
crônica metabólica gera problemas vasculares). A segunda principal causa são os traumas
(provocados por acidentes de trânsito, entre outros). Sendo assim, mesmo em pacientes
mais fragilizados, a exemplo de pacientes mais idosos, bem como os pacientes com DM,
pode-se realizar a deambulação. Pacientes com comprometimento da musculatura
também podem realizar a deambulação no pós operatório, porém é necessário ter cautela.
Nesse período inicial, o paciente amputado realiza uma marcha com andador fixo que
promove maior estabilidade; essa marcha deve ser de 2 pontos (andador e depois
membro), sendo uma marcha com objetivo totalmente funcional.
OBS: É indicado calçado com apoio atrás para promover maior segurança ao paciente
durante esse período inicial de deambulação.
• DLM/BANDAGEM/MOBILIZAÇÃO DE TORNOZELO

O coto do paciente pode se apresentar muito edematoso e isso vai gerar muita dor no coto.
O que se pode fazer no coto, caso não tenha nenhuma complicação na ferida, é drenagem
linfática manual (DLM). A drenagem linfática é muito superficial, portanto o que ela
faz é uma tração da pele. Na drenagem linfática manual (o método Leduc, mais utilizado
para linfedema), não é feita pressão. Ao fazer pressão, no caso da drenagem que “aperta
e arrasta” o líquido, trata-se de uma drenagem venosa. Ao fazer pressão nos tecidos, os
canais linfáticos fecham. Desse modo, na drenagem que “aperta e puxa”, o líquido está
sendo drenado por via venosa, pois, com a pressão, as paredes dos capilares venosos não
são fechadas e essa parede dos capilares venosos drenam líquido, não drenam
macroproteínas. Em comparação ao capilar linfático, se fizer pressão, de acordo com a
anatomia, acaba fechando os capilares linfáticos.
Torna-se evidente, portanto, que o fisioterapeuta deve fazer uma tração da pele, e não
uma pressão, pois desse modo ele abre os capilares linfáticos e consegue drenar tanto o
líquido quanto macroproteínas. No coto, há uma zona de gânglios linfáticos muito
próximas, que se trata da zona inguinal. Portanto, é possível facilitar a drenagem
utilizando esses gânglios. A drenagem linfática manual é muito mais suave e o paciente
não sente dor, mesmo quando a DLM é realizada nessa zona do coto com bastante
inflamação. A DLM vai ajudar na redução do edema.
Logo após a drenagem linfática manual, realiza-se uma bandagem, com pouca pressão
inicialmente, pois o paciente ainda estará com o coto muito edematoso então se faz um
pouco mais de pressão na parte distal e menos pressão na parte proximal. Além de estar
modelando o coto para que ele adquira uma forma cônica, essa bandagem também estará
contribuindo para uma drenagem por via venosa. Nesse caso não se trata de um linfedema,
mas sim de um edema provocado por uma questão vascular devido à cirurgia e por isso
não tem problema em drenar também pela via venosa. A drenagem linfática só é
considerada uma melhor opção, pois se o fisioterapeuta tivesse que fazer a drenagem
venosa, teria que usar a pressão. Nesse caso, a pressão provocaria dor ao paciente.
Portanto, a indicação da drenagem linfática manual é apenas por esse motivo (evitar dor)
e não pelo fato de ser um linfedema, pois não é um linfedema nesse caso. Deve-se realizar
a mobilização do tornozelo da perna boa.
Se a amputação for transfemoral, é importante ensinar ao paciente o posicionamento em
decúbito prono para que ele fique nessa posição 2 ou 3x por dia, durante 20 minutos a
fim de evitar a deformidade comum de uma amputação transfemoral, que é a deformidade
em flexão e abdução. Alguns exercícios simples podem ser feitos com o paciente. No
caso de indivíduos mais idosos, o exercício pode ser ensinado a algum familiar para que
este faça com o paciente durante o dia. Esses exercícios são, basicamente, para ajudar o
paciente a começar a mobilizar o coto, evitar deformidade etc. Os exercícios em casos de
amputação transfemoral são diferentes dos exercícios realizados em caso de amputação
transtibial. Esses exercícios dão início ao trabalho de fortalecimento muscular,
preservação da amplitude de movimento, bem como ajudam na flexibilidade. Deve-se
ensinar o paciente a ficar em decúbito prono, em seguida, pode-se colocar uma almofada
na altura do umbigo para estimular a extensão de quadril. A almofada debaixo do coto
não é interessante, bem como colocá-la entre as pernas, pois essas posições incentivam a
deformidade em flexão e abdução. Não é indicado ensinar o paciente a apoiar o coto na
muleta, pois isso incentiva a flexão.
No caso de amputação transtibial, não é indicado cruzar as pernas nem ficar sentado com
o joelho/o coto em flexão. É indicado que o joelho esteja sempre em extensão, tanto que,
se o paciente utilizar cadeira de rodas, existe um dispositivo muito usado pelos terapeutas
ocupacionais que consiste em uma extensão da cadeira de rodas que mantém o coto em
posição de extensão, ou seja, mantém o joelho em extensão nas amputações transtibiais.
PRÉ-PROTETIZAÇÃO
O paciente já fora do hospital, no período de fisioterapia pré-protética, ou seja, em
preparação para a prótese, há a preparação do coto para protetização.
Tratamento do coto – bandagem compressiva – drenagem linfática manual – trabalho de
dermatofuncional na cicatriz – dessensibilização dos neuromas – exercícios de
cinesioterapia passiva, ativa, ativa resistida de coto – exercícios para evitar as
deformidades mais comuns nas amputações – exercícios globais de membros superiores
e inferiores, principalmente tronco – educação da marcha – descarga de peso com
finalidade proprioceptiva.
1. ENFAIXAMENTO COMPRESSIVO

O formato cônico do coto é importante, por isso realiza-se o enfaixamento compressivo.


Normalmente, no ambiente hospitalar, a bandagem utilizada é aquela bandagem de
algodão, dura e pouco elástica. Se usar uma bandagem muito elástica (a exemplo da
bandagem utilizada para escleroterapia, em problemas vasculares) ela irá provocar muita
pressão e o paciente não seria capaz de suportar muita pressão por longo período de
tempo, em um coto edematoso.
Quando o paciente já tem menos edema, a inflamação já melhorou, há menos dor e ele já
não tem os pontos da cicatriz cirúrgica, pode-se usar a bandagem de escleroterapia, para
problema vascular (bege) que tem mais elasticidade e faz mais pressão. Desse modo,
realiza-se o enfaixamento compressivo. Esse enfaixamento não tem como objetivo
principal diminuir o líquido e melhorar o edema, mas sim modelar, dando o formato
cônico ao coto, pois o paciente recebe o encaixe da prótese de acordo com o formato do
coto. Na realização do enfaixamento com a bandagem realiza-se mais pressão na parte
distal e menos pressão na parte proximal, principalmente fazendo bastante pressão nas
pontas. O coto geralmente tem formato retangular, com pontas, por isso, o objetivo é
tornar o coto com um formato mais cônico para receber o encaixe.
2. AUTO-ENFAIXAMENTO
O ideal é ensinar o paciente a fazer o enfaixamento, pois ao longo do dia a bandagem vai
afrouxando e sai e então, ao sair, o paciente pode colocar de novo ao longo do dia. Se o
paciente for idoso, com algum problema de atenção, é importante ensinar algum familiar
a fazer, pois será difícil para o paciente realizar o auto-enfaixamento, sobretudo em casos
de amputação transfemoral. Na amputação transtibial é mais fácil. Na bandagem para
amputação transtibial, deve-se deixar o joelho livre de bandagem, permitindo a flexão e
a extensão do joelho sem que a bandagem impeça. Começa a enfaixar na parte proximal
com menos pressão. A bandagem pode ser realizada em 8, sempre puxando as pontas para
dentro e tornando-as mais redondas. Sempre realiza a bandagem começando com menos
pressão na parte proximal e mais pressão na parte distal. O ideal é que a bandagem vá da
zona inguinal até o trocânter maior (essa bandagem tem que chegar bastante na parte
proximal para não soltar com facilidade). A forma de pegar na bandagem deve ser com o
tubo da bandagem para fora e não para dentro, a fim de facilitar o controle da bandagem
e proporcionar mais pressão.
3. DESSENSIBILIZAÇÃO
Ao estar diante de um coto mais recente, com menos tempo de cirurgia, é importante
realizar a dessensibilização. Quando ocorre uma amputação, vasos e artérias são
seccionados. Além disso, os nervos também são seccionados. Ao seccionar nervo, é
comum que sejam criados microfilamentos nervosos. Essas raízes/ramificações nervosas
podem provocar fibroma, podendo provocar a sensação de dor a um estímulo não
doloroso. Desse modo, é preciso estimular essas zonas com o objetivo de mostrar que
determinada sensação não é dolorosa, mas sim uma sensação de sensibilidade que difere
de acordo com o que está sendo trabalhado. Por exemplo, ao passar uma bucha, tem o
lado macio e o lado áspero e o paciente precisa identificar essas diferenças. Desse modo,
a região está sendo estimulada como forma de dessensibilizar essas zonas em que estão
os neuromas. A dessensibilização pode ser feita de forma manual utilizando texturas
diferentes (algumas mais macias, outras mais ásperas) e assim vai sendo trabalhada a
questão da sensibilidade dessas zonas e dessensibilizando essas zonas de neuromas. A
sensação devido aos neuromas geralmente ocorrem próximas à cicatriz (em volta da
cicatriz é onde se encontra maior quantidade de neuromas) principalmente na parte
anterior da coxa (no caso de amputação transfemoral) e na parte anterior do coto, próximo
à crista tibial (no caso de amputação transtibial). Na parte posterior é menos comum.
Logo, ao perceber que o paciente sente dor à palpação, é preciso começar a fazer a
dessensibilização.
Na cicatriz mais recente é possível observar aderências significativas; cicatrizes mais
antigas já apresentam trabalho cicatricial e redução da aderência.
4. MASSAGEM DO COTO
A dessensibilização pode ser associada à massagem de todo o coto. Pedir para o paciente
se auto-massagear contribui para melhorar o esquema postural dele, ou seja, ele vai
identificar que a perna agora só vai até determinado local, ele só tem determinada parte
de esquema corporal, não tem mais uma perna inteira e um pé. É possível dessensibilizar
utilizando a ponta dos dedos, massageando a zona que tem mais sensibilidade, onde mais
tem sensação dolorosa e começa a massagear com a ponta dos dedos tentando
dessensibilizar o neuroma e, ao mesmo tempo, fazendo mais pressão, realizando a
drenagem venosa (já que agora é possível fazer pressão) tentando puxar o edema para a
parte mais proximal (de distal para proximal). A massagem é ensinada para que o próprio
paciente possa fazer. Normalmente, os neuromas aparecem logo nas primeiras semanas,
por volta das 4 primeiras semanas ou nos primeiros meses.
5. CICATRIZ
Além da dessensibilização, é importante fazer um trabalho para liberar as aderências das
cicatrizes, realizando a massagem cicatricial. Se não liberar as aderências, elas podem
provocar a dor devido ao contato da pele com a prótese. Não há descarga de peso na
prótese, mas existe um contato da pele com a prótese, que é importante para a
propriocepção. Para evitar que a cicatriz tenha aderências, é importante realizar a
massagem cicatricial e, em casos mais importantes, pode-se utilizar o laser. A
dessensibilização pode ser associada à massagem cicatricial
6. DESCARGA DE PESO SOBRE O COTO
Pode-se realizar essa descarga de peso sobre o coto apenas de forma proprioceptiva. Em
caso de amputação transtibial não se pode fazer descarga de peso distal, porém nesse caso
a descarga de peso é para ajudar no esquema corporal, para que o paciente faça um pouco
de descarga de peso sobre o coto de forma a fazer um trabalho proprioceptivo, de
equilíbrio, visto que o paciente estará em bipedestração. Em uma amputação transtibial
trabalha-se já com o encaixe; em uma transfemoral trabalha-se com a silicone, já que a
silicone fica pronta antes da prótese. Existe uma interface entre o encaixe, que é um
material mais rígido, e o coto/pele do paciente. Essa interface é uma silicone e ela se
adapta de forma bem ajustada ao coto. A silicone é bem macia e ajuda no contato entre o
encaixe (superfície mais dura) e o contato com a perna/coto do paciente, evitando escaras
e zonas de contato que possam provocar dor. Às vezes, quando o paciente já recebe a
silicone, ela aperta e dá o formato cônico, dispensando o uso da bandagem.
É possível realizar exercícios em que se trabalha propriocepção com descarga parcial de
peso sobre o coto; a superfície em que o coto será apoiado é macia e então o paciente fica
em pé e apoia o coto, descarregando peso sobre ele.
7. ALONGAMENTO/FORTALECIMENTO DO COTO
Em relação à flexibilidade, é necessário obtê-la tanto do coto quanto do membro
contralateral. Para isso, pode-se, por exemplo, alongar os flexores de quadril. Nesse caso,
o fisioterapeuta pode usar o membro contralateral para alongar os flexores de quadril do
coto por irradiação. Em decúbito lateral, pode-se também trabalhar os flexores de quadril,
bem como os extensores, sempre se preocupando com a coluna lombar, não permitindo
que o paciente compense. Exercícios em decúbito lateral para pacientes amputados
transfemorais,é um excelente opção, bem como em decúbito prono. É importante ensinar
ao paciente o auto-alongamento. É possível criar um programa de treino com o paciente
e, no início, se houver alguma debilidade, vai aumentando a resistência manual de forma
gradual, a fim de graduar de forma mais específica para cada paciente. Pode-se usar
também theraband, caneleiras etc. – na transtibial é mais fácil utilizar esses instrumentos.
8. FORTALECIMENTO GLOBAL
É importante trabalhar todas as cadeias musculares promovendo fortalecimento muscular.
Se puder fazer um tratamento individualizado faz uma resistência manual da musculatura.
Por exemplo, fortalecimento com resistência manual de toda a musculatura do quadril no
caso de uma amputação transfemoral. Isso é muito importante para os extensores, por
exemplo, a fim de evitar a deformidade em flexão do quadril. Fortalecer adutores também
é muito importante, a fim de evitar a deformidade em abdução de quadril. É possível
realizar um trabalho de resistência manual de todos os grandes grupos musculares. Além
disso, trabalha-se também a abdução (mesmo sabendo que ocorre deformidade em
abdução no caso da amputação transfemoral), visto que o que está sendo preparado é o
coto para receber a prótese, pois, nesse caso, é preciso ter todos os grupos musculares
fortes. Uma opção é realizar a resistência manual para promover fortalecimento dos
grupos musculares. É interessante realizar o fortalecimento mais global, fortalecendo, por
exemplo, os abdominais.
Com o objetivo de reeducação da marcha, é importante fazer a descarga de peso sobre o
coto de forma a estimular a questão proprioceptiva; fazer alongamento e fortalecimento
do coto, bem como o fortalecimento global. Se for um paciente mais jovem, realizam-se
exercícios mais potentes, com nível de dificuldade maior. Se for um paciente mais idoso,
realizam-se exercícios mais simples. O fortalecimento do coto de MMII é importante para
auxiliar na reeducação da marcha. Em caso de coto no membro superior, é realizado
principalmente o fortalecimento do tríceps braquial.
É importante ensinar ao paciente alguns exercícios para que ele possa fazer em casa,
principalmente nas primeiras semanas de tratamento, pois 1h/dia é muito pouco. É
importante também realizar exercícios de báscula pélvica (anteversão e retroversão
pélvica), bem como exercícios de abdutores forçando o coto à maca, em decúbito lateral,
realizando uma contração isométrica por 30 segundos; exercícios de adutores; exercícios
de flexores de quadril, em decúbito prono apertando um rolinho (não significa que pelo
fato dele ter deformidade em flexão do quadril, no caso do amputado transfemoral, não
irá trabalhar esse grupamento muscular, ao contrário, os flexores são uma musculatura
muito importante para permitir lançar a prótese para frente na fase de balanço da marcha);
trabalhar também extensores de quadril e flexão de quadríceps em indivíduos amputados
transtibiais.
Pode realizar exercícios de ponte a fim de trabalhar bilateralmente a musculatura
extensora e os abdominais; trabalhar o quadrado lombar, pedindo para o paciente elevar
uma das hemipelves, sempre utilizando os abdominais, inclinando o tronco e
estabilizando a pelve, a fim de proteger a coluna lombar. Também podem ser realizados
exercícios para os oblíquos, sempre utilizando movimentos do tronco e não dos membros;
flexão de isquiotibiais. Em pacientes mais jovens, pode-se dificultar um pouco, fazendo
um trabalho da musculatura mais global através da prancha (trabalha equilíbrio e
musculatura, tanto abdominais, quanto musculatura lombar, glúteo, musculatura da
cintura escapular etc.) e rolamento do quadril com a bola suíça. Para todos esses
exercícios de fortalecimento é possível 14ealiza-los através de resistência manual ou
utilizando alguns objetos e pedindo para o paciente fazer uma contração isométrica por
alguns segundos (faz uma contração isotônica e no final mantém uma isometria).
Em pacientes amputados transtibial, é possível apoiar o joelho no chão durante os
exercícios. Os exercícios são diversos, visto que o objetivo é fortalecer não só o coto, mas
também o tronco, abdominais, musculatura lombar e membros superiores também.
Sempre, ao colocar algo que dificulta a propriocepção, o exercício é dificultado e o
paciente tem que ativar mais musculatura para manter a postura.
Quando a silicone chega, não precisa mais usar bandagem, pois ela já dá o formato do
coto. Logo em seguida, virá a prótese. Outra questão é a deambulação. Precisa colocar o
paciente para andar, mesmo sem a prótese, seja com andador, em caso de paciente mais
idosos ou com duas muletas, em pacientes mais jovens, sempre realizando uma marcha
do tipo dois pontos. Com uma perna, sem a prótese, não é possível realizar uma marcha
de 3 ou 4 pontos.
PRÓTESE DE MEMBRO INFERIOR
Existem dois tipos de prótese para membro inferior. A primeira diferença é a presença da
articulação, que permite o movimento. Assim, a prótese sem articulação não permite
nenhuma mobilidade.

1. EXOESQUELÉTICA (CONVENCIONAIS): prótese de madeira maciça, revestida


por uma espuma rígida, o acabamento é de resina acrílica e fibras de carbono. A parte
interna é oca e é lixada por dentro para diminuir o peso.
• VANTAGENS: quebram menos, precisam de menos manutenção, são mais
resistentes e mais baratas.
• DESVANTAGENS: não permitem outros componentes, como outros tipos de
joelhos e outros tipos de pés que poderiam tornar a marcha mais fisiológico. É
menos estético.
As vantagens do sistema exoesquelético a resistência, a durabilidade e a pouca
manutenção das próteses, porém, como desvantagens há uma estética menos agradável,
poucas opções de componentes e dificuldades para realinhamento e impossibilidade de
intercâmbio rápido de componentes

2. ENDOESQUELÉTICA (MODULAR): não existem próteses endoesqueléticas


para amputações parciais de pé e tornozelo, pois nessa prótese os componentes são
conectados por tubos. Assim, nas amputações parciais de pé não há como adaptar com
tubos e, por isso, utiliza-se as próteses de silicone. Essa prótese possui uma meia, uma
espuma e uma meia cosmética, que dá a percepção de pele.
• ALINHAMENTO: no joelho da modular, por exemplo, no caso de uma
amputação transfemoral ou uma desarticulação de joelho, é necessário um joelho
mecânico. No entanto, se o paciente tiver um varo de joelho na perna não
amputada, é possível colocar o joelho da prótese com um leve varo para igualar e
tornar simétrico um membro e outro. Isso pode ser utilizado tanto para valgo,
quanto para valgo, ou seja, é possível mudar, enquanto na exoesquelética não é
possível. Também é possível modificar o ângulo de rotação do pé, colocando
exatamente o mesmo ângulo na prótese. Essas questões são importantes para
determinar uma marcha mais fisiológica.
Há um alinhamento para adaptação de rotação e de ângulos, podendo aumentar e
diminuir o tamanho, modificar o joelho, bem como o ângulo do pé. O material
não é de madeira e, nesse caso, utiliza-se metal, aço, titânio e alumínio.
COMPONENTES DA PRÓTESE
Os componentes de uma prótese são: encaixe, mecanismo de sustentação, joelho e tipos
de pés.

➔ ENCAIXE
É o componente mais importante, porque é o ponto de encontro entre o membro e a
prótese. Ele precisa ser muito bem feito, uma vez que é onde o paciente controla a prótese.
O encaixe é o principal componente de uma prótese, independentemente do nível de
amputação, ele é o elo entre o coto de amputação e a prótese, sendo que a precisão do
encaixe influencia o controle da prótese, a qualidade da marcha e o conforto do uso,
tendo funções de englobar o volume do coto sem inibir a circulação sanguínea,
fixando a prótese ao coto do paciente, possibilitando a transmissão de forças e
controle dos movimentos.

1. ENCAIXES E AMPUTADOS TRANSTIBIAIS: no amputado transtibial, por


exemplo, existem três tipos, onde a diferença entre eles é a zona de contato.

• ENCAIXE TIPO PTS


Abraça todo o joelho e vai por cima da patela, ou seja, é uma prótese tibial
supracondiliana e, portanto, cobre todo o joelho. É usado quando o coto é mais
curto e por isso precisa de uma área de contato maior. Assim, para cotos mais
proximais, o mais indicado é o encaixe PTS. O inconveniente é que ao fazer
flexão de joelho, o encaixe aparece.
• ENCAIXE TIPO KBM:
Nesse caso, a patela fica livre. É usado para cotos no terço médio e, na prática,
o encaixe mais utilizado é esse, pois deixa a patela livre e abraça os côndilos
femorais e também porque os cotos no terço medial são mais comuns.
• ENCAIXE TIPO PTB:
Passa pela interlinha articular, não deixando a patela totalmente livre, pois recobre
a parte inferior da patela. É usado para cotos mais comprimidos, no terço
distal, onde não é necessária tanta zona de contato.

2. ENCAIXES E AMPUTADO TRANSFEMORAL: existem dois tipos de encaixes.


• QUADRILATERAL:

É utilizado quando o coto é mais flácido, geralmente encontrado em paciente


idoso, é usado o quadrilateral pois dá mais estabilidade. Assim, a flacidez ao cair
no encaixe se adapta melhor. O coto mais flácido tem mais tecido gorduroso e o
formato do coto é mais arredondado.
Esse encaixe afasta a prótese do centro de gravidade e, dessa forma, aumenta
a base de apoio, dando maior estabilidade ao paciente. Assim, para o paciente
mais frágil, mais idoso e mais flácido, o encaixe quadrilateral ajuda, pois o coto é
acomodado melhor e, automaticamente, aumenta a base de apoio, ajudando no
equilíbrio de na marcha.
O encaixe quadrilateral é mais antigo e pode ser indicado para todos os tipos de
pacientes, principalmente para amputados com musculatura bastante flácida e
com amputação de terço proximal, na qual a confecção de um encaixe CAT-CAM
não resulta em bons resultados práticos.
• CAT/CAM:
É um encaixe mais oval, visto que a perna com menos flacidez e mais musculatura
é uma perna mais oval, pois tem o quadríceps e os isquiotibiais. Então, o formato
de uma perna sem flacidez é mais oval para que tenha espaço para que o
quadríceps e os ísquios possam contrair.
Além disso, o encaixe CAT/CAM aproxima o membro do corpo, pois é um
encaixe mais estreito e, assim, diminui a base de suporte. Isso é importante
porque fisiologicamente, ao andar, a largura entre os pés e calcanhares é muito
pequena e, como o CAT/CAM aproxima a prótese do centro de gravidade,
proporciona uma marcha mais fisiológica.

➔ MECANISMOS DE SUSTENTAÇÃO
É como o encaixe vai se manter dentro do coto. Ao andar, a prótese não sai da perna, ou
seja, é o mecanismo de adesão do encaixe no coto, ou do coto no encaixe.
• MECANISMO DE SUSTENTAÇÃO POR SUCÇÃO:

é um mecanismo de sucção a vácuo e ele é composto por uma silicone com anéis
que ajudam a gerar um atrito dentro do encaixe. Nesse caso, ao colocar no encaixe,
o ar sai por uma valva, que é posteriormente fechada, e, portanto, coto fica preso
a vácuo. Ao sair todo o ar, devido a descarga de peso, ele não consegue voltar
para dentro do encaixe. Para tirar a prótese, basta abrir a válvula, fazendo com que
o ar entre e a prótese possa ser retirada.
• MECANISMO DE ENCAIXE POR PINO
O pino se encaixa em um orifício presente na prótese.
1) FERIMENTOS: não pode protetizar com ferimentos, ou seja, não há como haver
mecanismo de sustentação.
2) MOVIMENTO DE PISTONAMENTO: no mecanismo de sustentação não
pode existir movimento entre o coto e o encaixe, chamado de movimento de
pistonamento, e para isso podem ser usadas meias. Pode usar até 3 meias, porque
mais que isso pode levar à perda de propriocepção.
3) Nas bordas do encaixe podem ser colocados tecidos moles.

➔ JOELHO
O joelho é utilizado no caso de uma amputação transfemoral, quando há uma
desarticulação do joelho, ou na desarticulação do quadril. No entanto, não é usado na
amputação transtibial, pois o paciente tem o joelho.
O joelho mecânico, então, tem que ter duas características importantes:
1) Permitir estabilidade na fase de apoio: ou seja, ao realizar o contato inicial e
logo em seguida a fase de apoio, a prótese tem que dar estabilidade, não pode
dobrar, ou seja, tem que manter a extensão do joelho, uma vez que caso isso não
ocorra, o paciente pode cair.
2) Bom controle e funcionalidade no balanço: então, o ideal é que na fase de apoio
a prótese mantenha uma extensão de joelho e na fase de balanço ela tenha flexão
de joelho. Dessa forma, a prótese tem que permitir a flexão e depois a extensão
para o contato inicial novamente. Assim, o joelho tem que ser estável para suportar
a fase de apoio e suportar o peso do corpo do paciente, e, além disso, ele precisa
dar a leveza do gesto de durante a fase de balanço permitir a flexão.
Existem alguns mais comuns a prática clínica e outros menos comuns. Sendo os com
maior frequência o com trava manual, auto-freio, e possa ser ter que tenha algum
pneumático ou hidráulico, e um microprocessador só em lugares específicos.

1. COM TRAVA MANUAL:


Não tem a segunda característica, ou seja, não tem a leveza dos gestos, porque no joelho
com trava manual o paciente deambula e, durante a fase de balanço da marcha, o joelho
não flexiona. Dessa forma, essa prótese é a típica “perna de pau”, pois o joelho se mantém
em extensão sempre. Assim, ele não flexiona durante a fase de balanço, permanece o
tempo todo travado.
Esse tipo de joelho possibilita uma marcha funcional, mas não uma marcha fisiológica.
Portanto, a marcha é funcional porque permite que o paciente possa se locomover para
realizar uma atividade básica da vida diária e até mesmo uma marcha extradomiciliar. No
entanto, essa marcha não é fisiológica, porque ela vai gerar componentes patológicos da
marcha, como alterações posturais de dores lombares devido às compensações.
O joelho de trava manual só destrava quando o paciente senta, porque na posição sentada ninguém
fica com a perna em extensão. O encaixe fica na altura do trocânter maior e se conecta com o
joelho através de um cabo e, assim, ao puxar a trava, o joelho destrava, permitindo sentar com o
joelho dobrado. Já para levantar, o paciente coloca a perna para frente e faz uma hiperextensão de
joelho, permitindo que ele trave.
Esse tipo de joelho é indicado para o paciente menos ativo, pois ele vai andar menos. A
marcha nesse caso é patológica, mas mais segura, e como o paciente nesse caso anda
menos, o prejuízo é menor. Esse tipo de joelho é mais estável e, portanto, utilizada em
pacientes com menos equilíbrio, menos atividade física, mais flácido, com menos
força e mais idoso. Nesse caso, o importante é dar funcionalidade com segurança.
No entanto, se for um idoso mais ativo, que antes da amputação vivia uma vida
independente, pode ser pensado em outra prótese, mas o ideal é dar estabilidade,
funcionalidade e reduzir o risco de queda.

2. AUTO-FREIO:
É um dispositivo que dobra o joelho na fase de balanço e é chamado de “auto-freio”
porque ao realizar a descarga de peso, o joelho trava e só destrava ao tirar o pé todo no
chão, ou seja, enquanto tiver pé apoiado, ele não destrava.
No entanto, embora esse tipo de prótese dobre o joelho, a marcha não é totalmente
fisiológica porque há uma tripla flexão exagerada, pois ele precisa tirar o pé do chão.
Dessa forma, esse é um movimento pouco delicado, mais grosseiro e rápido. Ainda assim,
esse tipo de joelho ainda é melhor que o joelho de trava manual.
Esse joelho parece ter apenas o funcionamento dos agonistas e os antagonistas não
funcionam. Assim, há amplitude no movimento, mas não há controle dessa articulação.

3. PNEUMÁTICOS:

São mais sofisticados, pois funcionam por um sistema de ar e, portanto, o movimento de


flexão-extensão é mais fino. Nesse caso, não precisa tirar todo o pé do chão para fazer
uma flexo-extensão, como no caso do auto-freio, mas mesmo assim esse tipo de joelho
não dá estabilidade ao paciente.
4. HIDRÁULICO:
Funciona através de um sistema a óleo e, portanto, é um sistema mais seguro, porque é
possível controlar a velocidade de aceleração do joelho e por isso é um movimento mais
fino. Com isso, esse tipo de joelho permite que o indivíduo consiga subir e descer
escada de forma alternada, ou seja, a perna com a prótese, depois a perna sem a prótese
e assim consecutivamente, pois é um sistema com uma tecnologia melhor e o joelho
consegue controlar de forma mais precisa a velocidade de aceleração dessa articulação
mecânica.
• PNEUMÁTICO 𝒙 HIDRÁULICO: assim, a única diferença perceptível entre o
joelho pneumático e o joelho hidráulico é que o hidráulico permite que o paciente
suba e desça escada de maneira alternada, sem precisar necessariamente sempre
subir sem a prótese e descer sem a prótese.

5. MICROPROCESSADORES (C-LEG):
É um joelho hidráulico com microprocessador. Ele possui boa ação de agonistas e
antagonistas, que controlam o movimento, dando mais precisão e, assim, permite ter a
amplitude do movimento e depois a estabilidade e esse joelho requer muita manutenção
e treino.
O microprocessador é sempre atrelado ao joelho hidráulico.

RESUMO: para escolher o tipo de joelho, tem que ser observado o custo-benefício. Ou
seja, não adiantar dar ao paciente que não tem condição física como força, equilíbrio,
nível de atividade física, um joelho de alta tecnologia, pois ele não vai usufruir e, além
disso, pode prejudicar. Assim, um paciente idoso, com vida intra-domiciliar, o joelho
indicado é o de trava manual para dar estabilidade para ele, mas se já for um idoso mais
ativo, com uma marcha comunitária e com nível razoável de equilíbrio e força, o indicado
é o auto-freio. Se for um paciente mais jovem que ainda trabalha, ativo, ou seja, que vai
ter uma marcha extracomunitária, o indicado é um joelho mais tecnológico que o auto-
freio, como o pneumático. Ainda, a depender do paciente, se o paciente for jovem e muito
ativo, que gosta de atividades esportivas, pode ser indicado um joelho hidráulico.

➔ PÉS MECÂNICOS
O tipo de pé depende dos demais componentes. Por exemplo, se o joelho escolhido é com
microprocessador, o tipo de pé não pode ser um pé simples, não articulado. Assim, o
joelho tem que estar bem coordenado com o pé. Outro exemplo é um joelho com trava
manual e o pé multiaxial.
É possível classificar os pés mecânicos em quatro tipos: não articulados, articulados
(monocêntricos), multiaxiais e pés de resposta dinâmica.
O tipo do pé sempre acompanha o joelho quando a amputação é transfemoral. Já na
amputação transtibial é preciso avaliar a questão física e a funcionalidade do
indivíduo, pois ele já tem joelho. No paciente mais ativo, por exemplo, o pé tem que ser
aquele que se adequa as atividades que ele vai desenvolver.
Um pé multiaxial para um paciente idoso não é o mais indicado, pois ele fica mais instável
e, portanto, será prejudicial.

1. NÃO ARTICULADOS: não permitem nenhum tipo de movimento, em nenhum plano


de movimento da articulação do tornozelo, ou seja, ficam fixos a 90º. Existem dois tipos:
• SACH (SOLID ANKLE CUSHION HEEL):

É sólido/duro e, portanto, oferece muita estabilidade. É indicado para pacientes


idosos, com sobrepeso, sedentário, marcha intra-domiciliar, instável, pouca força,
déficit de equilíbrio. Assim, é o pé mais simples e que dá mais equilíbrio. Esse pé,
por exemplo, não tem a separação entre os dedos.
• DINÂMICO:

Tem a separação dos dedos, enquanto o tipo SACH não tem. Esse tipo de pé é feito
com um pouco mais de material de plástico e, portanto, é mais flexível. É importante
ressaltar que esse tipo de pé não tem movimento, mas é mais flexível, o que simula
um pouco de movimento. Então, é indicado para um paciente idoso jovem e mais
ativo, que tem o joelho do tipo trava manual ou auto-freio, que tem uma melhor
qualidade de marcha.

2. MONOCÊNTRICOS:

permite o movimento de flexo-extensão, ou seja, permite apenas movimento no plano


sagital. O SACH e o dinâmico não permitem movimento, enquanto o monocêntrico
permite movimento apenas de flexão e extensão.
O pé monocêntrico não deve ser colocado com um joelho de trava manual, por exemplo.

3. MULTIAXIAIS: só é indicado em caso de um joelho hidráulico, porque senão as


funções do pé não serão aproveitadas. Esse pé oferece mais instabilidade, permitindo
andar na areia da praia, andar por terrenos irregulares, por exemplo. Assim, esse tipo de
pé permite movimento nos três planos: flexão plantar e dorsal, inversão e eversão,
abdução e adução horizontal e, portanto, permite caminhar em terrenos muito instáveis,
pois se adequa ao movimento.
Dessa forma, se o paciente não for ativo, não faz sentido oferecer esse tipo de pé.

4. RESPOSTA DINÂMICA:
é vista apenas em atletas, seja amador ou profissional. Não tem articulação, é feita de fibra
de carbono e, portanto, deforma e dá mais vantagem mecânica. Pode ser utilizado com o
joelho hidráulico.

REABILITAÇÃO PÓS-PROTÉTICA
O paciente já com a prótese, é primordial:
• ENSINAR AO PACIENTE A COLOCAR E TIRAR A PRÓTESE a
depender de qual o mecanismo de sustentação, se é à vácuo ou a pino.
• HIGIENE: deve-se ensinar, ainda, a higiene da prótese, principalmente
relacionada a lavagem da silicone, que está em contato direto com a pele.
Para lavar a silicone, por exemplo, pode ser utilizada uma bucha, sabão neutro e água,
lavando a região que entra em contato com a pele, enxagua e deixa socar. O ideal é não
secar com pano, pois qualquer material felpudo gruda na silicone e isso estraga.
• TRABALHO DE EQUILÍBRIO;
• DESCARGA DE PESO: é importantíssimo, porque normalmente esses
pacientes durante a fase de apoio tendem a descarregar menos peso, diminuindo
o tempo da fase de apoio do membro com a prótese. Ou seja, os pacientes tendem
a diminuir a fase de balanço do membro não amputado para diminuir o tempo da
fase de apoio com o membro com a prótese e, com isso, a marcha não é realizada
de forma correta. Assim, é preciso trabalhar a descarga de peso para que o
paciente se sinta seguro na fase de apoio.
Para iniciar a marcha com a prótese, é interessante primeiro que ela seja realizada nas paralelas,
sendo a fase bem inicial, logo que a prótese chega. Isso porque a paralela é uma base fixa e estável,
fazendo o paciente dar alguns passos, trabalhar a descarga de peso. Também é possível utilizar o
espaldar para o paciente ficar em bipedestação pela primeira vez, trabalhando também a descarga
de peso, além de permitir fazer os ajustes da prótese. Também é importante usar dispositivos de
marcha, saindo das paralelas para o andador, depois para duas muletas e, por fim, para uma muleta
(observando a altura adequada).
AMPUTAÇÃO DE MEMBROS SUPERIORES

A maioria das amputações dos membros inferiores se dá devido a amputações e não por
malformações. O membro superior não realiza descarga de peso, é um movimento mais
complexo. O membro superior, então, não tem a função de carregar peso, mas sim
estimular o Sistema Nervoso Central, para satisfazer as vontades, como comer, tocar e
etc.
O membro superior tem uma estrutura corporal que foi feita para ter destreza, onde os
segmentos têm o objetivo de desenvolver e estimular o SNC, enquanto o membro inferior
tem a função de permitir deslocamento, por exemplo. Assim, o membro superior dá
função ao corpo e, dessa forma, não é preciso fazer uma artrodese, pois não é preciso
descarregar peso. Portanto, o membro superior é a interface entre o Sistema Nervoso
Central e o mundo, pois a maioria das atividades realizadas no dia-a-dia são possíveis
graças ao membro superior.

➔ AMPUTAÇÃO PARCIAL DE MÃO


Existem próteses de silicone e, portanto, as próteses utilizadas são por motivo de estética.
• AMPUTAÇÕES PARCIAIS DE DEDO: como a desarticulação interfalangeana
distal.
• AMPUTAÇÕES TRANSMETACÁRPICAS: ocorre uma secção dos
metatarsos. Geralmente, as amputações transmetacárpicas podem ser exatamente
por debaixo das cabeças metacarpianas, ou podem ser logo por cima das bases dos
metacarpos. Isso ocorre com o intuito de evitar que esses metacarpos flexionem.
Todas as próteses utilizadas para amputações parciais de mão são puramente
estética, ou seja, não há nenhuma prótese funcional, que ajude na função do
paciente. Pode acontecer, em uma amputação transmetacárpica, que se preserve o dedo
polegar para que o paciente tenha uma função, por exemplo, se o indivíduo tem uma
prótese com os outros dedos e o polegar é preservado, isso permite que o paciente pegue
objetos, facilitando a função. No entanto, o objetivo primordial dessas próteses não é
devolver a função. Então, no caso do paciente que o polegar é preservado, a pessoa pode
usar a prótese com uma finalidade funcional, mas a prótese não foi criada com essa
finalidade, pois ela é feita de silicone e de forma artesanal.

➔ AMPUTAÇÃO TOTAL DE MÃO


Pode ser utilizado dois tipos de próteses: prótese mecânica e prótese mioelétrica (também
chamada de mão biônica) e as duas são próteses difíceis de usar. Na mioelétrica, o
paciente controla os movimentos dos dedos e das mãos através da contração muscular da
musculatura que ficou preservada e, por exemplo, é possível realizar a pinça utilizando
outros grupos musculares do antebraço e, portanto, é muito difícil controlar esses
movimentos.
Já a prótese mecânica é um conjunto de cabos e correias e para o paciente abrir e fechar
a mão é preciso movimentar partes do corpo. Então, essa prótese faz com que o paciente
se utilize muito do movimento escapular, tanto no membro contralateral, como no
membro superior amputado. Então, através do movimento escapular é possível abrir e
fechar a mão.
• DESARTICULAÇÃO DE PUNHO: só há rádio e ulna e não tem mão, ou seja,
o rádio e a ulna são preservados por completo. Nesse caso, por exemplo, já pode
ser utilizada a prótese mecânica ou mioelétrica, pois não há uma amputação
parcial de mão. Portanto, a partir da desarticulação do punho, já é possível utilizar
uma mão funcional, não se está preso a utilizar uma mão de silicone, que é
estética.
• DESARTICULAÇÃO DO COTOVELO: preserva o úmero por completo,
enquanto rádio e ulna são retirados.
• DESARTICULAÇÃO DO ÚMERO: é a desarticulação de todo membro
superior. É uma desarticulação do ombro, sendo preservado a escápula e clavícula.
• DESARTICULAÇÃO ESCÁPULO-UMERAL: retira a escápula e a clavícula,
ficando apenas com as costelas.
• AMPUTAÇÃO TRANSRADIAL: existe uma secção de rádio e ulna, que pode
ser no terço proximal, medial, ou distal, da mesma forma que ocorre nas
amputações transtibiais ou transfemorais. Ela se localiza entre punho e cotovelo e
o mecanismo de sustentação se dá na região supracondilar do úmero com o
sistema de silicone. Então, por exemplo, a silicone fica no coto, mas o mecanismo
de sustentação acopla por cima dos epicôndilos, tanto medial, quanto lateral. No
membro superior não existe descarga de peso, no entanto o braço fica esticado e
a prótese não pode cair no chão. Assim, para ela se manter presa, quem mantém é
o encaixe e esse encaixe se mantem preso através dos epicôndilos medial e lateral.
• AMPUTAÇÃO TRANSUMERAL: é equivalente a uma transfemoral e,
portanto, pode ser uma amputação transumeral proximal, medial ou distal. Dessa
forma, segue a mesma premissa do membro inferior, ou seja, quanto mais distal,
melhor para o paciente e mais fácil de controlar a prótese, independente se a
prótese é mecânica ou mioelétrica.
Nesse caso, o mecanismo de suspenção é através da silicone no coto, mas o
encaixe é na escápula através de correias e cabos, conseguindo a sustentação. A
prótese contém duas articulações: cotovelo e punho. Além disso, não há como
realizar o movimento de flexo-extensão, o que existe é o movimento de prono-
supinação, que é bem manual.
PROTÉSES PARA MEMBRO SUPERIOR
 MECÂNICAS

Se controla os movimentos através dos cabos que estão conectados pelo corpo do
usuário.
Se movimenta o membro residual (movimento de ombro)/cintura escapular/ membro
superior contralateral
COMPONENTES: Encaixe por sucção; Complemento do braço (o terço inferior);
Articulação correspondente ao cotovelo; Complemento correspondente ao antebraço
Articulação correspondente ao punho, que não move em flexão e extensão, e se faz
supinação e pronação através apenas do punho, diferente da fisiologia que ocorre no
cotovelo e punho. Em que, para que a pronação e supinação ocorra depende do giro do
gancho.
Cabo de tração, correias, mão e luva. Podendo se usar sem luva também.
A pinça se faz através do gancho, que é menos estética, porém é mais funcional que a
mão pois permite a pinça fina, que nas atividades de vida diária serão importantes. Já
que a mão só faz preensão, quando se mexe a cintura escapular. Assim, esse movimento
de pinça será realizado através de movimentos escapulares, em que na protração se abre
a mão, e no retorno se fecha a mão, não sendo tão simples.
 ELÉTRICAS OU MIOELÉTRICAS

Reconhecem a contração muscular, através da colocação de eletrodos nos pontos


motores (que captam os sinais musculares), e assim se pode controlar o movimento de
pinça, de preensão, de flexão e extensão, através do próprio membro e da cintura
escapular, irá se controlar através da contração muscular, sendo mais sofisticadas.
Em que elas se favorecem de uma tecnologia mais atual, mais moderna.
Sendo que para a função elas usam um mecanismo elétrico, em que os eletrodos captam
esses sinais elétricos e através dos cabos e baterias ocorrem a transmissão do sinal,
gerando a contração na mão.
O processo de reabilitação é um pouco lento pois além de realizar o movimento, ele tem
que graduar a força que será aplicada. Enquanto com as próteses mecânicas que para o
movimento se usa a ação da cintura escapular, se torna mais fácil o movimento com ela,
assim a mecânica seria mais fácil. Exigindo do paciente: domínio e esquema corporal,
se utilizando de córtex motor primário
Assim, na mioelétrica se tem a opção de usar a mão biônica, que é a mão que irá fazer
os movimentos de preensão cilíndrica, opções de algumas pinças, assim como
movimento de um só dedo.
MÃO I-LIMB

BEBIONIC
ENDOPRÓTESE
➔ OMBRO

1. RESURFACING: é a endoprótese mais simples. É possível usar essa endoprótese a


fim de substituir apenas a parte da cabeça umeral que foi degenerada. Contudo, essa
endoprótese recobre a parte necrosada, mas recobre outras partes também. A Resurfacing
recobre apenas a parte mais superficial da cabeça umeral. Ela não substitui a cabeça,
apenas recobre a parte mais superficial da cabeça umeral.
Nesse caso, o manguito (inserido nos tubérculos) é preservado e por isso a ADM do
ombro é máxima.

2. ARTROPLASTIA PARCIAL OU PRÓTESE PARCIAL DE OMBRO: aqui sim


há uma substituição total da cabeça umeral e, portanto, não é como a Resurfacing, pois a
Resurfacing tem como objetivo recobrir a parte mais superficial da cabeça umeral. A
prótese parcial tem como objetivo substituir por completo o componente umeral da
articulação glenoumeral. Nesse caso, não é necessário substituir a parte glenoide,
apenas a parte umeral.
Aqui houve perda do manguito rotador.
Ocorre em casos de artrose primária ou artrose com níveis de evolução de leve a
moderada, em que não se tem um prejuízo tão importante do componente glenoide da
articulação do ombro.
3. ARTROPLASTIA TOTAL: se refere a uma prótese total de ombro que substitui a
parte glenoide e a parte umeral. Ocorre uma substituição total da articulação.
Aqui houve perda do manguito rotador.

4. ARTROPLASTIA REVERSA: essa é uma prótese total, que substitui tanto a parte
glenoide quanto a parte umeral. Com a prótese reversa pode-se alcançar até um pouco
mais (120º, por exemplo). Já com a artroplastia total é possível apenas ir até uns 90° no
máximo, normalmente sendo menos, pois se utiliza apenas as fibras do deltoide para fazer
o movimento, bem como na artroplastia parcial
Normalmente, esses casos de artroplastia reversa são mais indicados nos casos de
Artropatia do Manguito (artropatia por lesão do manguito).

 QUADRIL
o ARTROPLASTIA PARCIAL OU PRÓTESE PARCIAL
Utilizada para substituir somente a cabeça do fêmur.
Indicação: fraturas quando pode ser aproveitado o revestimento de cartilagem da cavidade
acetabular, ou seja, uma fratura de colo femural, fratura de cabeça femural, ou a fratura
intertrocantérica, ou um quadro de osteoartrose elevado na coxofemoral, assim se
substitui a articulação.
Assim, se usa ela quando a cavidade acetabular não está comprometida, e pode ser
conservada.
o ARTROPLASTIA TOTAL OU PRÓTESE TOTAL

Se substitui ou troca a cavidade acetabular e a cabeça do fêmur.


Normalmente, quando se tem o caso de uma fratura e opta-se por colocar uma prótese
total isso sugere que o paciente tem uma idade mais avançada e um nível de osteoporose
que requer essa substituição, pois colocando a prótese ela não irá aguentar, ou por
fragilidade óssea. Assim, a prótese não aguentaria no momento que o paciente colocasse
a carga, durante a deambulação.
Sendo nesses casos comum a luxação da prótese, devendo tomar cuidado quando começar
a deambular com esse paciente, assim como alguns movimentos como: rotação interna
(coloca instabilidade na cabeça femural), adução (exterioriza a cabeça do fêmur) e flexão
maior que 90°. Como, por exemplo se o paciente tá sentado e vai pegar algo no chão, ou
cruza as pernas.
Se tenta preservar os ligamentos apesar de ser impossível, permanecendo apenas a
musculatura. Além de que o corpo produz um tecido conjuntivo, assim como no
ombro, que serve de capa articular.
Usada em pacientes mais idosos, com uma vida menos ativa, devido a alta probabilidade
de luxação, apesar de ser mais estável por se ter a cavidade acetabular abraçando a cabeça
femural, além de que está havendo uma pressão na articulação.
Objetivo: estabelecer a função da articulação coxofemoral.
Patologias: artrose de quadril e fraturas do colo do fêmur, fraturas da cabeça ou
intertrocantéricas
Materiais: polietileno de alta densidade, cobalto, cromo-titânio, polimetilmetacrilato
Indicação: idade do paciente, do tipo de doença (fratura ou quadro reumatoide), da
qualidade do osso (ossos osteoporosos se indica o uso da prótese total de quadril) e da
experiência do cirurgião e da equipe.
Duração: 3h
Pós-cirúrgico: U.T.I (durante 24 horas, ou menos)
Recomendação: indivíduos com mais de 60 anos, podendo ser substituída entre 15 a 20
anos.
 JOELHO

Mais comum lesões no menisco interno, do côndilo interno tibial.


Substituições articulares
Indicações: artrose severa, dor importante e restrição funcional
Objetivo: interpor algo entre os ossos do joelho p/ evitar o atrito e a sobrecarga
Próteses Parciais: substituição do compartimento atingido pela artrose grave
Compartimentos: o medial, lateral e o patelo-femoral
Processo cirúrgico: Todo tecido degenerado deve ser retirado, assim a cartilagem é
extraída, e o fêmur, a tíbia e a patela são preparados e fixados por cimento ósseo
Indicação:
Idade, grau de atividade diária do paciente
Doença, experiência e preferência individual do cirurgião

o PRÓTESES PARCIAIS DE JOELHO:

Em um quadro de osteoartrose do joelho ou meniscopatia. Sendo mais comum ter


primeiro lesões no menisco interno do que externo e por isso pode haver substituição
parcial do menisco intento e côndilo femoral medial. Podendo haver de outros tipos, a
depender do problema ortopédico.
Podendo haver, por exemplo também a substituição da articulação patelo-femural, não
deixando de ser uma prótese parcial de joelho. Sendo utilizada em casos de
condromalacias avançadas, havendo a degeneração dessa articulação.
Assim, das parciais a mais comum é a do côndilo tibial medial.

o PRÓTESE TOTAL DE JOELHO:


Substitui por completo a articulação, tanto o componente femoral, tibial e patelar. Não
tem como preservar ligamento na cirurgia para colocar essa prótese, em que os colaterais
podem até ser preservados, mas os cruzados não tem como. Mas não é porque não tem os
ligamentos cruzados que a pessoa não poderá deambular, mas como esse indivíduo já
possui uma vida mesmo ativa, não terá tantos prejuízos.
No caso de artroplastia tanto de quadril quanto de joelho, pode haver próteses cimentadas.
Se tem cimento cirúrgico, a aderência desse material ao osso será muito melhor.
Diretamente na superfície óssea através de parafusos. Indicado para pessoas mais jovens.
A questão de ser híbrida ou cimentada
 TIPOS DE ARTROPLASTIA TOTAL DE QUADRIL E DE JOELHO: o
tipo não interfere na estabilidade do quadril, já que quando se coloca uma
endoprótese de quadril, o paciente não irá fazer mais que 90° de flexão, assim não
irá se trabalhar com um agachamento profundo, por exemplo, havendo algumas
limitações. Por isso em casos de doenças reumatológicas que acometem pacientes
mais jovens, só se faz a artroplastias em último caso, pois irá limitar a vida do
indivíduo, ou usados em pacientes idosos que possuem uma limitação física
maior.

o PRÓTESE CIMENTADA

Por ser cimentada não precisa de um tempo grande para que o osso se modele e se
adapte, fixando o material colocado, já que se usando o cimento a aderência dessa
prótese ao osso será muito mais rápida. Assim, nas primeiras 48 horas, quando
colocada uma prótese de quadril já deve se caminhar.
Se usa de um cimento acrílico, sendo o cimento ósseo que fixa o componente acetabular
no quadril e o femoral no fêmur
A mais utilizada é a prótese de Charnley
O componente acetabular é feito de polietileno de alta densidade, que tem semelhanças a
superfície articular.
Parte femoral: liga metálica cobalto-cromo, que também é recoberta pelo cimento
cirúrgico.
Aço Inox
Usada para pacientes com idade mais avançada, ou que tem um quadro de osteoporose
mais elevado, e que não se consegue reservar a cavidade acetabular, assim ela será
substituída.
Proporciona fixação imediata do implante
o PRÓTESE NÃO-CIMENTADA

A fixação é feita diretamente na superfície óssea através de parafuso, em que ela possui
ourifícios.
Sem cimento ósseo, e assim é necessário um crescimento ósseo, sendo que normalmente
a base é mais porosa, favorecendo a osteointegração, e crescimento do tecido.
Indicado para pessoas mais jovens, com boa qualidade óssea.
Material: Cromo-titânio e Cobalto (hidroxiapatita)
o PRÓTESE HÍBRIDA – se tem material de osteossíntese que fixa junto ao
cimento.
Componente Acetabular é fixado à bacia através de parafusos
Componente femoral fixado com cimento ao fêmur
Usada em pacientes com até 75 anos de idade, pois possuem uma menor qualidade óssea.
o PRÓTESE TOTAL DE REVESTIMENTO OU “RESURFACE” – usa o
cimento
Preservação da cabeça, cobrindo apenas a parte da articulação que está doente, assim pode
ser utilizado em pacientes mais jovens, pois terá uma melhor estabilidade da articulação,
permitirá uma maior ADM, do que uma prótese total ou parcial.
Indicação: pacientes jovens e com alto nível de atividade, tanto para as articulações do
ombro, como do quadril, apesar de não existir para joelho.
O tecido conectivo cria uma capa que serve de... Não é possível preservar tudo, os
músculos etc.
A articulação da artroplastia é uma articulação estável, em que se coloca pressão sobre
ela. Quando comparada à articulação do ombro, essa é menos estável.
 TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO DA ARTROPLASTIA TOTAL
DE QUADRIL
Quanto mais ativo o paciente melhor será a recuperação. Assim como, quanto mais tempo
o paciente passar parado, ela irá contrair comorbidades, fraqueza muscular, dentre outros
fatores.
Nas primeiras 24h, normalmente o paciente ainda está restrito ao leito, sendo assim
deve-se explicar a recuperação, explica o que aconteceu e começa a se fazer algumas
condutas como isometria de quadríceps, assim como exercícios respiratórios que são
importantes neste momento, pois a tendência é que o paciente respire com um volume
corrente menor, por estar restrito ao leito. Além de crioterapia local e uma sedestação
progressiva, em que aos poucos vai botando o paciente sentado e posteriormente em pé
Nas 48h, irá realizar a sedestração com o paciente, seguida da ortostase, e assim o uso de
dispositivo de marcha (2 muletas ou o andador) e assim gerar o equilíbrio estático, sem
fazer a descarga de peso total no membro, devendo ser parcial, principalmente se for não
cimentada.
Primeiros 5-7 dias: Nas primeiras semanas, é importante evitar a luxação
total da prótese de quadril, que é muito comum, pois é apenas a articulação,
devendo dar recomendações ao paciente de como evitar essa luxação. Em
pacientes idosos já não tem mais cápsulas e ligamentos, assim não são
preservados.
Se antes da cirurgia era um paciente funcional, a recuperação será boa, do
5°/7° dia já se espera que o paciente esteja subindo e descendo escadas, após ter ocorrido
a reeducação da marcha com dispositivos de auxílio
Depois dos 5 primeiros meses, o paciente poderá fazer os movimentos de flexão, rotação
interna e adução que antes eram proibidos, pois o risco será menor, apesar de que ele
deverá manter a prudência.
 TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO PARA A ARTROPLASTIA DE
JOELHO
Alguns pacientes podem demorar até 1 ano para a recuperação total. Porém, eles são
satisfeitos com a cirurgia, pois se consegue a diminuição da dor, tendo uma melhor
qualidade de vida. Assim, caso a paciente use recorrentemente joelheira, e sinta dor, se
indica a artroplastia para melhor a qualidade de vida dessa paciente.
Nas primeiras 24h, normalmente o paciente ainda está restrito ao leito, sendo assim
deve-se explicar a recuperação, explica o que aconteceu e começa a se fazer algumas
condutas como isometria de quadríceps, assim como exercícios respiratórios que são
importantes neste momento, pois a tendência é que o paciente respire com um volume
corrente menor, por estar restrito ao leito. Além de crioterapia local e uma sedestação
progressiva, em que aos poucos vai botando o paciente sentado e posteriormente em pé
Nas primeiras 48 horas, o grande diferencial de uma artroplastias de joelho, é que
assim que tirar o dreno deve-se pegar uma coberta do hospital e solicitar ao paciente que
quando estiver deitado colocar a coberta na planta do pé, e assim começar a puxar
forçando a flexão de joelho. Já que esse exercício ou outro parecido são cruciais para
que se comece a fazer a mobilização para a flexão de joelho. Podendo utilizar também o
aparelho de Mobilização passiva contínua, que não seria tão bom, pois se busca fazer a
mobilização passiva de flexão e extensão até 90° de flexão, após isso não se torna
necessário persistir nessa mobilização, já que até os 120° ele chegará ao longo do tempo
que for fazendo as suas atividades de vida diária.
Sedestração – Ortostase – Dispositivo de marcha – Equilíbrio estático. Em que deve-se
ficar atento se quando botou o paciente em pé, ele ficou com náusea, tontura, se andou
bem, e caso não se bota ele sentado novamente e espera um tempo para voltar.
DESCARGA DE PESO PROGRESSIVA
A curto e longo prazo, deve-se fazer a reeeducação da marcha, ensinar o uso de órtese,
já que normalmente um paciente que botou a órtese total de joelho será um paciente que
irá usar os dispositivos de marcha, lembrando que se antes da cirurgia ele andava sem
ajuda, ele voltará a andar sem ajuda. E, se ele andava com alguma limitação, ele não
andará de uma forma melhor, apenas sem sentir dor. Deve-se fazer treino de equilíbrio
estático e dinâmico, além da propriocepção
Trabalho de cicatriz, já que essa cicatriz vem de cima da patela, até por baixo da
tuberosidade tibial, sendo uma cicatriz que passa por toda articulação do joelho, assim irá
limitar a flexão, pois irá se estirar a cicatriz. Dessa forma, deve-se trabalhar a cicatriz,
através da massagem cicatricial, para evitar essa redução de ADM na flexão, que é o mais
comum.
Mobilização passiva – ADM – até 90º, pois é o principal para que se tenha uma vida
funcional.
Fortalecimento muscular, podendo usar o FES, já que não poderá por exemplo fazer
agachamentos profundos.
Reeducação funcional para subir e descer escadas, podendo levar o paciente para outros
terrenos.

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