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SALVADOR
2021
André Moutella de Campos Vieira
Catarina Araújo
SALVADOR
2021
Introdução
Além disso, é gerado uma insegurança pelo medo do desemprego, fazendo com
que as pessoas se submetam a regimes de contrato de trabalho precários, percebendo
baixos salários e arriscando sua vida e saúde em ambientes insalubres, de alto risco.
(ELIAS, Marisa Aparecida; NAVARRO, Vera Lúcia, 2006).
Métodos
Resultados e Discussão
O trabalho de jardineiro envolve a execução de múltiplas tarefas com o objetivo de
manter organizada, limpa e ornamentada a área comum de gramados e jardins.
Identificamos as seguintes tarefas ao longo do período de observação:
Regar as áreas com plantas ornamentais (flores e trepadeiras): Esta é uma
atividade diária realizada em diferentes postos ao longo da semana. Alguns
postos permitem a realização da tarefa sob cobertura, em outros há exposição
solar. Consiste em: Buscar o carrinho do esguicho (caminhada de 300 - 1500
metros); Conectar o esguicho na torneira; Esticar o esguicho; Regar a região de
alcance; Enrolar o esguicho; Guardar o esguicho. Atividade realizada em pé,
observamos que o trabalhador varia bastante seu posicionamento sendo possível
apoiar um dos pés sobre uma mureta que circunda boa área do condomínio na
qual o trabalhador desenvolve suas tarefas.
Meios e Equipamentos:
O espaço de armazenar e guardar o material (depósito) se encontra no
primeiro subsolo, ao qual há acesso por escada e elevador. A maioria dos
materiais está alocado em prateleiras de metal com 4 estantes dispostas da altura
do chão até a altura do peito, sendo muitas vezes necessário abaixar para buscar
ou guardar os materiais. Um estreitamento na saída do depósito dificulta a
passagem com o material de serviço mais pesado ou volumoso.
Estratégias de Execução:
O trabalhador possui certa liberdade quanto às tarefas diárias, desde que
cumprido o objetivo geral do trabalho, portanto utiliza da observação para atuar
nos postos de maneira a minimizar a exposição solar, mas nem sempre consegue
fazê-lo durante todo o dia.
Sobre o Trabalhador:
C. A. F. tem 29 anos e começou a trabalhar aos 15, passando a exercer a
função de auxiliar de jardinagem desde os 17. É casado e têm dois filhos,
desloca-se até o trabalho em motocicleta 150 cilindradas e o percurso dura cerca
de 20 min. Além da carteira assinada pelo condomínio presta serviços como
autônomo para fábricas e outras empresas, sobretudo na área de jardinagem e
pintura. Possui ensino médio incompleto e demonstra interesse em retomar os
estudos, tendo interesse pela área de engenharia elétrica.
Relata já ter gostado mais de ocupar o trabalho de jardineiro, hoje em dia
a exposição solar aumentada o incomoda, sendo o principal motivo, em conjunto
com a baixa remuneração, de insatisfação relacionado ao ofício. Relata uma boa
convivência com os moradores e os outros trabalhadores, classificando o
ambiente de trabalho como respeitoso e agradável.
Quando questionado sobre dores musculoesqueléticas demorou de referi-
las, acusando ter tido nos últimos 12 meses raros episódios de dor nos punhos,
grau 2 na EVA, nos dias de poda e dor na região superior das costas,
especificamente no bordo medial e inferior da escápula direita (2 na EVA)
quando opera a roçadeira costal por tempos prolongados. Esse desconforto não o
impediu de realizar suas atividades diárias nem de laser, tampouco o fez
procurar assistência médica.
Discussão
Recomendações
De forma geral as condições de trabalho para a jardinagem neste condomínio são
boas, os EPIs são fornecidos e são de qualidade, o ambiente de trabalho é amistoso e o
trabalhador possui autonomia e experiencia na área. As tarefas exigidas para que o
trabalho seja cumprido são forçosas e desgastantes para o corpo por demandar de
posturas estereotipadas e se desenvolver sob a exposição solar direta.
Os movimentos repetitivos rotacionais da cintura escapular, realizados na
utilização de roçadeira costal, são potencialmente lesivos, portanto, este trabalho deve
ser realizado de forma intermitente durante o dia para evitar a fadiga das estruturas
musculoesqueléticas.
A atividade de podas com a tesoura de poda deve ser repensada pois o
trabalhador relata dor no dia dessa tarefa, estruturar outra forma ou organizar o trabalho
de forma a minimizar essa ocorrência.
Sobre os EPIs fornecidos constata-se a necessidade de um boné com cobertura
de nuca, pois o trabalhador se expõe em demasia à luz solar e utiliza boné comum. A
utilização da escada para poda apresenta risco moderado pois não esta fixada a nenhuma
estrutura firma e não existe a utilização de cinto de segurança.
Referências bibliográficas
1. MERHY, Emerson Elias et al. Trabalho em saúde. Material produzido para a
EPJV/FIOCRUZ, 2005.