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BAURU
2018
BEATRIZ LOURENÇO MANZATO
BAURU
2018
Manzato, Beatriz Lourenço
M2962d
Diversidade de fungos basidiomicetos macroscópicos em áreas
de reflorestamento de Eucalyptus spp / Beatriz Lourenço Manzato.
– 2018.
60f. : il.
Banca examinadora:
______________________________________
Prof. Dr. José Raimundo de Souza Passos
UNESP – Botucatu
______________________________________
Profa. Drª. Meire Cristina Nogueira de Andrade
Universidade do Sagrado Coração
_______________________________________
Prof. Dr. Tadeu Antônio Fernandes da Silva Júnior
Universidade do Sagrado Coração
O eucalipto (Eucalyptus spp.) é o gênero florestal mais utilizado para fins comerciais
em nível mundial. Uma das maiores preocupações dos silvicultores são os resíduos deixados
na área após o corte do eucalipto. Na tentativa de solucionar o problema, os produtores
acabam optando pelo método de rebaixamento ou remoção dos tocos. Entretanto, a destoca
mecanizada causa inúmeros impactos negativos à sustentabilidade florestal, entre eles,
compactação do solo, perturbação da microbiota ali existente, remoção de matéria orgânica,
impactos no armazenamento do carbono e emissão de gases de efeito estufa, aumento na
erosão e alteração da ciclagem de nutrientes, além da redução da biodiversidade. O emprego
de fungos degradadores de madeira pode ser uma alternativa eficaz para a remoção dos tocos,
sem impactar negativamente o ambiente, mas ainda é um método pouco estudado e
empregado em áreas de reflorestamento de eucalipto. Este trabalho se destaca por realizar o
levantamento da diversidade de fungos basidiomicetos macroscópicos em tocos e na
serrapilheira de eucalipto, em áreas de reflorestamento no interior do Estado de São Paulo, de
diferentes idades (tocos pós-colheita e com um e dois anos após a colheita), com potencial
para utilização na destoca biológica. Foram realizadas 16 coletas entre os meses de setembro
de 2016 a agosto de 2017, onde cada fungo coletado foi fotografado individualmente para
identificação morfológica presuntiva. Os fungos coletados foram isolados e preservados no
Departamento de Proteção Vegetal da Universidade Estadual “Júlio de Mesquita Filho”,
campus de Botucatu-SP. Os fungos de maior ocorrência nos tocos com dois anos de idade
foram dos gêneros Coprinus spp. e Ganoderma spp. Na área com os tocos de um ano de idade
houve predomínio dos gêneros Coprinus spp. e Galerina spp. Não foram encontrados fungos
nos tocos da área recém-cortada. Houve maior ocorrência e diversidade de fungos
basidiomicetos macroscópicos na área de reflorestamento de eucalipto com tocos de dois anos
de idade.
Eucalyptus (Eucalyptus spp.) Is the forest genus most commonly used for commercial
purposes worldwide. One of the biggest concerns of foresters is the waste left in the area after
cutting the eucalyptus. In an attempt to solve the problem, producers end up opting for the
method of lowering or removing the stumps. However, mechanized clearing causes numerous
negative impacts to forest sustainability, among them, soil compaction, disturbance of the
existing microbiota, removal of organic matter, impacts on carbon storage and emission of
greenhouse gases, increase in erosion and alteration of nutrient cycling, as well as biodiversity
reduction. The use of wood-degrading fungi can be an effective alternative for the removal of
stumps, without negatively impacting the environment, but it is still a method little studied
and used in areas of eucalyptus reforestation. This work is notable for the survey of the
diversity of macroscopic basidiomycete fungi on stumps and eucalyptus litter, in reforestation
areas in the interior of the State of São Paulo, of different ages (post-harvest stumps and one
and two years after harvesting), with potential for use in organic production. Sixteen
collections were carried out between September 2016 and August 2017, where each fungus
collected was photographed individually for presumptive morphological identification. The
collected fungi were isolated and preserved in the Department of Plant Protection of the "Júlio
de Mesquita Filho" State University, Botucatu-SP campus. The most frequent fungi in the two
- year - old stumps were of the genus Coprinus spp. and Ganoderma spp. In the area with one
year old stumps, there was predominance of the genus Coprinus spp. and Galerina spp. No
fungi were found on the stumps of the freshly cut area. There was a greater occurrence and
diversity of macroscopic basidiomycete fungi in the area of reforestation of eucalyptus with
two year old stumps.
Keywords: Biological stump removal. Planted forest. Eucalyptus forest. Forest residues.
Bioprospecting.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 6 - Modelo de regressão linear simples adotado na área 2 (tocos com um ano após a
colheita) para a densidade acumulada de indivíduos no tempo (dias). ................................... 50
Figura 7 - Modelo de regressão não linear logístico adotado na área 3 (tocos com dois anos
após a colheita) para a densidade acumulada de indivíduos no tempo (dias após a colheita de
eucalipto). ............................................................................................................................ 50
Tabela 2 - Data das coletas realizadas em áreas de reflorestamento de Eucalyptus spp. e suas
respectivas estações do ano. ................................................................................................. 32
Primeiramente e acima de todas as coisas, agradeço a Deus, por sempre ter cuidado de
mim e me dado forças para a realização deste trabalho.
Aos meus pais Roberto e Cecília por me apoiarem e sempre terem uma palavra me
encorajando a nunca desistir de meus sonhos.
A minha irmã gêmea Caroline, pela amizade, companheirismo, por sempre me
encorajar e pela ajuda para que este trabalho pudesse ser realizado.
Ao meu orientador, Tadeu Antônio Fernandes da Silva Júnior, pela amizade e pelos
conhecimentos compartilhados.
Ao Prof. José Raimundo de Souza Passos, pela amizade, ajuda com a estatística, pelas
correções do trabalho, e pelas horas agradáveis durante as análises estatísticas.
Às Profas. Meire Cristina Nogueira de Andrade e Geisiany Maria de Queiroz
Fernandes, por terem contribuído com as correções deste trabalho.
Ao Departamento de Proteção Vegetal da UNESP de Botucatu em especial ao Prof.
Edson Luiz Furtado, pelas contribuições para esta dissertação, e à Paula Leite dos Santos, pelo
auxílio com o isolamento e obtenção dos isolados fúngicos.
À LWARCEL Celulose, em especial à Marcela, pela oportunidade em realizar as
coletas dos fungos.
À CAPES, pela concessão da bolsa de estudos.
À Universidade do Sagrado Coração, pela oportunidade de realização deste curso.
“Por isso não tema, pois estou com você; não tenha medo, pois sou o seu Deus. Eu o
fortalecerei e o ajudarei; Eu o segurarei com a minha mão direita vitoriosa.”
Isaías 41:10
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 14
3 OBJETIVOS .............................................................................................................. 28
REFERÊNCIAS........................................................................................................ 55
14
1 INTRODUÇÃO
O eucalipto (Eucalyptus spp.) compõe a maior parte das florestas plantadas no Brasil,
cuja importância econômica e social contribuem para a qualidade de vida da população.
Inúmeros são os benefícios da silvicultura, tais como a conservação do solo, volume e
qualidade de água, atenuação de efeitos climáticos negativos e manutenção da biodiversidade
(EMBRAPA, 2014).
A área total plantada com eucalipto no Brasil em 2016 foi de 5,7 milhões de hectares,
destacando-se principalmente os estados de Minas Gerais (24%), São Paulo (17%) e Mato
Grosso do Sul (15%) (IBÁ, 2017).
Após o corte do eucalipto, galhos, folhas, casca e tocos permanecem no campo. Os
resíduos de menor tamanho são benéficos para a sustentabilidade do solo, entretanto, a
biodegradação dos tocos é lenta e é um dos principais problemas a serem resolvidos pelos
silvicultores. A destoca mecanizada ou o rebaixamento dos tocos por maquinários são as
principais práticas empregadas para contornar o problema, embora o custo econômico seja
elevado (FOELKEL, 2014).
Dentre os problemas causados pelo rebaixamento de tocos, destacam-se a
compactação do solo e a perturbação da microbiota ali existente. A remoção completa dos
tocos também causa consequências negativas no solo, tais como a remoção de matéria
orgânica, impactos no armazenamento do carbono e emissão de gases de efeito estufa,
aumento na erosão e alteração da ciclagem de nutrientes, além da redução da biodiversidade
(CASSELLI, 2013).
A utilização de fungos degradadores de madeira pré-selecionados é uma alternativa
para acelerar a degradação natural de tocos, e consequentemente, diminuir os impactos
ambientais negativos causados pelo rebaixamento desses tocos e contribuir para a
sustentabilidade das florestas plantadas (ALONSO et al., 2007).
O primeiro passo para a utilização de fungos na degradação natural de tocos é
conhecer a biodiversidade dos fungos ali existentes. Quando há um conhecimento prévio das
condições climáticas, como luminosidade (incidência solar), temperatura e umidade relativa
do ar das espécies e/ou gêneros que ocorrem naturalmente no local de implementação da
destoca biológica é possível entender a dinâmica que ocorre nas condições de campo.
O conhecimento da diversidade biológica de fungos em locais ainda não explorados é
de fundamental importância para práticas que promovam a manutenção de espécies. Os
fungos podem ser influenciados por uma série de fatores físicos, químicos e biológicos que
15
2 REVISÃO DE LITERATURA
para a construção das estradas de ferro paulistas e para a produção de lenha para as
locomotivas (WILCKEN et al., 2008).
A madeira de eucalipto produzida pode ser empregada para a geração de energia,
através da lenha e do carvão vegetal; postes e mourões; na construção civil (pontaletes e
madeiramento para telhados e pisos); chapas de fibras; na indústria de papel e celulose e de
móveis finos; utilizar como quebra-ventos, dentre outros. Também é possível extrair óleos
essenciais das folhas e produzir mel (WILCKEN et al., 2008).
Em todo o mundo, o eucalipto está amplamente distribuído. No Brasil, destacam-se as
espécies Eucalyptus alba, E. botryoides, E. camaldulensis, E. citriodora, E. grandis, E.
maculata, E. longifolia, E. robusta, E. saligna, E. umbellata, E. tereticornis, E. globulus, E.
microcorys, E. pilularis e E. trabuti e E. viminalis (SCHUMACHER; CALIL; VOGEL, 2005)
e as espécies mais utilizadas para a produção de celulose são E. grandis, E. urophylla e E.
urograndis (MAGATON et al., 2006).
No Brasil, foram plantados até 1966, 470 mil hectares de eucalipto, sendo 80%
localizados no estado de São Paulo (MORA; GARCIA, 2000). A Lei de Incentivos Fiscais ao
Reflorestamento (Lei nº 5.106/66), impulsionou os plantios florestais no país. O eucalipto
compõe a maior parte das florestas plantadas no país, cuja importância econômica e social
contribuem para a qualidade de vida da população (EMBRAPA, 2014; IBÁ, 2015). Em 2015,
a área total plantada com eucalipto no município de Lençóis Paulista foi de 21.105 ha,
ocupando o 7º lugar no ranking de área plantada com eucalipto no estado de São Paulo
(IBGE, 2016).
Em pequenas e médias propriedades rurais o plantio de eucalipto contribui para a
diversificação da produção e renda, evitando o êxodo rural e o desemprego, pois garante uma
nova fonte de renda aos produtores (EMBRAPA, 2014). Existem diversas finalidades para
utilização da madeira de eucalipto, desde usos tradicionais (indústria de papel e celulose) até
para usos mais nobres (fabricação de casas, móveis e estruturas), principalmente nas regiões
Sudeste e Sul do país carentes de florestas nativas (PEREIRA et al., 2000).
O Brasil conquistou na primeira metade do século passado importantes posições no
ranking mundial de exportações de produtos provenientes de eucalipto, o 4º lugar como país
exportador de papel e o 1º lugar como produtor de celulose, além de deter plantios clonais
(FREITAS JUNIOR, 2011).
Existem diversas espécies de eucalipto (Eucalyptus spp.) com madeiras de
características físico-mecânicas e estéticas distintas. A espécie Eucalyptus grandis é a mais
utilizada em áreas tropicais e de transição para subtropicais, tanto na forma pura, quanto em
18
O corte do eucalipto, assim como na maioria dos plantios florestais comerciais, ocorre
em torno dos sete anos de idade (EMBRAPA, 2014; MORA; GARCIA, 2000). Após o corte
do eucalipto, muitos resíduos da própria cultura permanecem no local, principalmente os
tocos (ou cepas), sendo um dos principais problemas enfrentados pelos agricultores. O toco
ou a cepa é um resíduo do tronco que fica ligeiramente acima do solo e abaixo da terra com
suas raízes. Se uma floresta de eucalipto possui um bom manejo e é colhida de acordo com
especificações de altura de toco, as cepas ficam na área com elevações entre 5 a 15 cm acima
do solo (FOELKEL, 2014).
A destoca mecanizada através do rebaixamento ou extração dos tocos e raízes por
maquinários é uma opção para solucionar o problema (CASSELLI, 2013; FOELKEL, 2014).
Porém, essas práticas não são economicamente viáveis devido ao seu alto investimento e
tempo para o processo (CASSELLI, 2013).
Em média, o rebaixamento de tocos pode custar entre 300 a 700 reais por hectare de
uma floresta de eucalipto. Porém, o valor e o tempo empregados para a realização dessa
técnica podem aumentar conforme a qualidade e a quantidade de tocos na área (FOELKEL,
2014).
A extração dos tocos e raízes causa inúmeros impactos ambientais negativos em
relação à sustentabilidade florestal. No solo, ocorre a remoção de matéria orgânica, impactos
no armazenamento do carbono e emissão de gases de efeito estufa, aumento na erosão,
alteração da ciclagem de nutrientes, além da redução da microbiota, sendo a compactação o
principal problema para o solo (CASSELLI, 2013).
Podem também se destacar a remoção de carbono orgânico que se incorporaria como
húmus ao solo (o que contribuiria para o aumento de sua qualidade biológica e nutricional);
erosão e desagregação em função do revolvimento; os solos arenosos e as regiões declivosas
sofrem maior impacto; exportação de nutrientes do solo (cálcio, magnésio, potássio, fósforo,
nitrogênio, entre outros); alterações na qualidade dos recursos hídricos; perda de habitat para
fungos apodrecedores, líquenes, musgos, insetos, entre outros; perda de proteção da superfície
do solo, que será descoberta e sofrerá insolação direta; dentre outros impactos (FOELKEL,
2014).
3 OBJETIVOS
4 MATERIAL E MÉTODOS
Nota: Sendo A, a área dos talhões de eucalipto com tocos pós-colheita (área 1); B
área dos talhões de eucalipto com tocos com um ano após a colheita (área 2); e C
é a área dos talhões de eucalipto com tocos com dois anos após a colheita (área 3).
Fonte: Elaborado pela autora.
30
Os fungos basidiomicetos foram obtidos através de coletas em talhões com tocos pós-
colheita, e com um e dois anos após a colheita, totalizando-se três áreas: área 1 (tocos pós-
colheita) (Figuras 1A e 2A) (Tabela 1); área 2 (tocos com um ano após a colheita) (Figuras 1B
e 2B) e área 3 (tocos com dois anos após a colheita) (Figuras 1C e 2C). Cada área foi dividida
em três subáreas: 1A, 1B e 1C (subáreas da área 1); 2A, 2B e 2C (subáreas da área 2) e 3A,
3B e 3C (subáreas da área 3). Foram vistoriados em cada subárea 20 tocos nas linhas x 5 tocos
nas entrelinhas, totalizando 100 tocos. A dimensão de cada subárea foi de 798 m2. Cada
subárea foi espaçada em 200 metros entre si. Além dos tocos, também foi vistoriada a
serrapilheira das mesmas áreas dos tocos.
A preservação dos isolados foi feita pelo método de Castellani. Para tanto, cinco
discos de micélio (ϕ 0,5 cm, sete dias de idade) foram colocados em frascos de vidro (tipo
penicilina) contendo água destilada esterilizada e armazenados em temperatura ambiente, no
escuro (CASTELLANI, 1964).
Os fungos basidiomicetos coletados foram identificados morfologicamente no
Laboratório de Pesquisa em Ciência e Tecnologia Ambiental da Universidade do Sagrado
Coração de modo presuntivo segundo Largent (1986) e Lincoff (1982).
Para a área 2 (tocos com um ano após a colheita), foi ajustado um modelo de regressão linear
simples para a densidade acumulada de indivíduos no tempo (dias após a colheita do eucalipto),
expresso pela Equação 1:
= + + (1)
em que,
y é a densidade acumulada de indivíduos na i-ésima observação; t é o tempo em dias;
α e β são parâmetros a serem estimados. O parâmetro β representa a velocidade de
crescimento da densidade acumulada; u é o componente aleatório com distribuição normal e variância
constante.
Para a área 3 (tocos com dois anos após a colheita), foi ajustado um modelo de regressão não
linear logístico (SEBER; WILD, 2003) para a densidade acumulada de indivíduos no tempo, expresso
pela Equação 2:
= ( )
+ (2)
em que,
y é a densidade acumulada de indivíduos na i-ésima observação; e é a base dos
logaritmos Neperianos; t é o tempo em dias;
α, β e γ são parâmetros a serem estimados. O parâmetro α representa a assíntota da
curva; u é o componente aleatório com distribuição normal e variância constante.
Para ajuste do modelo, foi utilizado o procedimento nlin do programa estatístico SAS
– Free Statistical Statistical Software, SAS University Edition.
35
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na área 2 o maior número de fungos coletados foi na terceira coleta (primavera) com 8
indivíduos (80% do total da área). Na área 3, a primeira coleta (inverno) apresentou a maior
ocorrência de fungos basidiomicetos nos tocos, com 26 indivíduos (63,4% do total da área)
(Tabelas 4 e 5). Resultados semelhantes foram encontrados por Costa et al. (2011), onde a
37
Sobre a ocorrência dos fungos basidiomicetos encontrados na serrapilheira, a área 2 apresentou a ocorrência de apenas 7 indivíduos, que
foram observados em apenas uma das coletas realizadas (coleta 9, no outono) com predomínio do gênero Gloeoporus. Esse gênero também foi
relatado em troncos caídos em fragmentos florestais do noroeste paulista (ABRAHÃO, 2009), e do parque estadual da Cantareira em São Paulo
(VÁSQUEZ, 2013). Na Mata Atlântica do nordeste brasileiro, foram encontrados dois exemplares desse gênero em angiospermas em
decomposição (GIBERTONI, 2004). Pelo exposto, o fungo Gloeoporus spp. ocorre na madeira de diferentes espécies florestais, podendo assim
ser empregado na destoca biológica.
Na serrapilheira foram encontrados fungos dos gêneros Coriolopsis, Galerina, Ganoderma, Gloeoporus, Lentinus, Microporellus,
Phellinus, Polyporus, Scleroderma, Trametes, e da espécie Lentinus bertieri (Tabela 7 e Figura 5). Os fungos ocorrem em substratos específicos,
sendo estes, determinantes na diversidade das espécies. A riqueza e a abundância das espécies de fungos estão diretamente relacionadas com a
disponibilidade desses substratos (HONÓRIO; PASIN, 2016). A serrapilheira foi o substrato que apresentou a maior riqueza de gêneros/espécies,
e os tocos a maior abundância.
41
As tabelas 10A, 10B e 10C apresentam no tempo (dias após a colheita) a ocorrência
dos basidiomicetos macroscópicos da serrapilheira nas áreas de reflorestamento de eucalipto,
ou seja, quanto tempo (em dias) levou até a primeira ocorrência de basidiomicetos
macroscópicos na serrapilheira. Neste estudo pôde-se notar que a primeira ocorrência de
fungos basidiomicetos macroscópicos na serrapilheira foi aos 560 dias após a colheita do
eucalipto.
45
Ao comparar a ocorrência de fungos basidiomicetos macroscópicos nos dois substratos (tocos e serrapilheira), os fungos Coprinus spp.,
Fuscoporia sp. e Pycnoporus sanguineus foram os que ocorreram somente nos tocos. E os fungos Gloeoporus spp., Lentinus sp., Lentinus
bertieri, Microporellus sp., Phellinus sp., Polyporus spp., Scleroderma spp. e Trametes sp. ocorreram apenas na serrapilheira.
Em relação aos parâmetros climáticos obtidos nas coletas de maior ocorrência de fungos basidiomicetos dos tocos, a área 3 (primeira
coleta) apresentou as seguintes médias: temperatura de 26ºC, umidade relativa do ar de 33% e luminosidade de 1682 lux e a área 2 (terceira
48
coleta) temperatura de 26ºC, umidade relativa do ar de 60% e luminosidade de 38333 lux (Tabela 11). Segundo Moreschi (2013), os fungos se
desenvolvem
49
Por meio do modelo de regressão linear simples foi possível notar que o número de
indivíduos aumentou com o passar do tempo (dias após a colheita de eucalipto). A variável
densidade acumulada (número de indivíduos) de fungos basidiomicetos macroscópicos está
diretamente relacionada com o passar do tempo (dias após a colheita de eucalipto), ou seja,
conforme aumentam os dias após a colheita, aumenta a ocorrência dos fungos (Figura 6).
50
Figura 6 - Modelo de regressão linear simples adotado na área 2 (tocos com um ano
após a colheita) para a densidade acumulada de indivíduos no tempo
(dias).
Por meio do modelo de regressão não linear logístico foi possível observar que há
uma tendência de estabilização da densidade acumulada dos fungos basidiomicetos
macroscópicos em relação à ocorrência desses fungos nas áreas de reflorestamento de
eucalipto em torno de 836 dias após a colheita do eucalipto (Figura 7).
Figura 7 - Modelo de regressão não linear logístico adotado na área 3 (tocos com dois
anos após a colheita) para a densidade acumulada de indivíduos no tempo
(dias após a colheita de eucalipto).
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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