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UNIVERSIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO

BEATRIZ LOURENÇO MANZATO

DIVERSIDADE DE FUNGOS BASIDIOMICETOS


MACROSCÓPICOS EM ÁREAS DE
REFLORESTAMENTO DE Eucalyptus spp.

BAURU
2018
BEATRIZ LOURENÇO MANZATO

DIVERSIDADE DE FUNGOS BASIDIOMICETOS


MACROSCÓPICOS EM ÁREAS DE
REFLORESTAMENTO DE Eucalyptus spp.

Dissertação apresentada à Pró-Reitoria de


Pesquisa e Pós-graduação da Universidade do
Sagrado Coração, como parte dos requisitos
para obtenção do título de mestre em Ciência e
Tecnologia Ambiental, área de concentração:
Diversidade biológica e ecologia, sob
orientação do Prof. Dr. Tadeu Antônio
Fernandes da Silva Júnior e Coorientação da
Drª. Djanira Rodrigues Negrão.

BAURU
2018
Manzato, Beatriz Lourenço
M2962d
Diversidade de fungos basidiomicetos macroscópicos em áreas
de reflorestamento de Eucalyptus spp / Beatriz Lourenço Manzato.
– 2018.
60f. : il.

Orientador: Prof. Dr. Tadeu Antônio Fernandes da Silva Júnior.


Coorientadora: Dra. Djanira Rodrigues Negrão.

Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia Ambiental) -


Universidade do Sagrado Coração - Bauru - SP

1. Destoca biológica. 2. Floresta plantada. 3. Eucaliptocultura.


4. Resíduos florestais. 5. Bioprospecção. I. Silva Júnior, Tadeu
Antônio Fernandes da. II. Negrão, Djanira Rodrigues. III. Título.
BEATRIZ LOURENÇO MANZATO

DIVERSIDADE DE FUNGOS BASIDIOMICETOS MACROSCÓPICOS


EM ÁREAS DE REFLORESTAMENTO DE Eucalyptus spp.

Dissertação apresentada à Pró-Reitoria de


Pesquisa e Pós-graduação da Universidade do
Sagrado Coração, como parte dos requisitos
para obtenção do título de mestre em Ciência e
Tecnologia Ambiental, área de concentração:
Diversidade biológica e ecologia, sob
orientação do Prof. Dr. Tadeu Antônio
Fernandes da Silva Júnior e Coorientação da
Drª. Djanira Rodrigues Negrão.

Banca examinadora:

______________________________________
Prof. Dr. José Raimundo de Souza Passos
UNESP – Botucatu

______________________________________
Profa. Drª. Meire Cristina Nogueira de Andrade
Universidade do Sagrado Coração

_______________________________________
Prof. Dr. Tadeu Antônio Fernandes da Silva Júnior
Universidade do Sagrado Coração

Bauru, 16 de fevereiro de 2018.


RESUMO

O eucalipto (Eucalyptus spp.) é o gênero florestal mais utilizado para fins comerciais
em nível mundial. Uma das maiores preocupações dos silvicultores são os resíduos deixados
na área após o corte do eucalipto. Na tentativa de solucionar o problema, os produtores
acabam optando pelo método de rebaixamento ou remoção dos tocos. Entretanto, a destoca
mecanizada causa inúmeros impactos negativos à sustentabilidade florestal, entre eles,
compactação do solo, perturbação da microbiota ali existente, remoção de matéria orgânica,
impactos no armazenamento do carbono e emissão de gases de efeito estufa, aumento na
erosão e alteração da ciclagem de nutrientes, além da redução da biodiversidade. O emprego
de fungos degradadores de madeira pode ser uma alternativa eficaz para a remoção dos tocos,
sem impactar negativamente o ambiente, mas ainda é um método pouco estudado e
empregado em áreas de reflorestamento de eucalipto. Este trabalho se destaca por realizar o
levantamento da diversidade de fungos basidiomicetos macroscópicos em tocos e na
serrapilheira de eucalipto, em áreas de reflorestamento no interior do Estado de São Paulo, de
diferentes idades (tocos pós-colheita e com um e dois anos após a colheita), com potencial
para utilização na destoca biológica. Foram realizadas 16 coletas entre os meses de setembro
de 2016 a agosto de 2017, onde cada fungo coletado foi fotografado individualmente para
identificação morfológica presuntiva. Os fungos coletados foram isolados e preservados no
Departamento de Proteção Vegetal da Universidade Estadual “Júlio de Mesquita Filho”,
campus de Botucatu-SP. Os fungos de maior ocorrência nos tocos com dois anos de idade
foram dos gêneros Coprinus spp. e Ganoderma spp. Na área com os tocos de um ano de idade
houve predomínio dos gêneros Coprinus spp. e Galerina spp. Não foram encontrados fungos
nos tocos da área recém-cortada. Houve maior ocorrência e diversidade de fungos
basidiomicetos macroscópicos na área de reflorestamento de eucalipto com tocos de dois anos
de idade.

Palavras-chave: Destoca biológica. Floresta plantada. Eucaliptocultura. Resíduos florestais.


Bioprospecção.
ABSTRACT

Eucalyptus (Eucalyptus spp.) Is the forest genus most commonly used for commercial
purposes worldwide. One of the biggest concerns of foresters is the waste left in the area after
cutting the eucalyptus. In an attempt to solve the problem, producers end up opting for the
method of lowering or removing the stumps. However, mechanized clearing causes numerous
negative impacts to forest sustainability, among them, soil compaction, disturbance of the
existing microbiota, removal of organic matter, impacts on carbon storage and emission of
greenhouse gases, increase in erosion and alteration of nutrient cycling, as well as biodiversity
reduction. The use of wood-degrading fungi can be an effective alternative for the removal of
stumps, without negatively impacting the environment, but it is still a method little studied
and used in areas of eucalyptus reforestation. This work is notable for the survey of the
diversity of macroscopic basidiomycete fungi on stumps and eucalyptus litter, in reforestation
areas in the interior of the State of São Paulo, of different ages (post-harvest stumps and one
and two years after harvesting), with potential for use in organic production. Sixteen
collections were carried out between September 2016 and August 2017, where each fungus
collected was photographed individually for presumptive morphological identification. The
collected fungi were isolated and preserved in the Department of Plant Protection of the "Júlio
de Mesquita Filho" State University, Botucatu-SP campus. The most frequent fungi in the two
- year - old stumps were of the genus Coprinus spp. and Ganoderma spp. In the area with one
year old stumps, there was predominance of the genus Coprinus spp. and Galerina spp. No
fungi were found on the stumps of the freshly cut area. There was a greater occurrence and
diversity of macroscopic basidiomycete fungi in the area of reforestation of eucalyptus with
two year old stumps.

Keywords: Biological stump removal. Planted forest. Eucalyptus forest. Forest residues.
Bioprospecting.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Mapa de localização das áreas de estudo. ............................................................. 29

Figura 2 - Áreas de reflorestamento de Eucalyptus spp. vistoriadas no estudo. ..................... 30

Figura 3 - Etapas do isolamento, inoculação e purificação dos basidiomicetos macroscópicos


provenientes de tocos de eucalipto e da serrapilheira de áreas de reflorestamento. ................ 33

Figura 4 - Gêneros e espécies de fungos basidiomicetos macroscópicos coletados em tocos de


eucalipto em áreas de reflorestamento (tocos pós-colheita e com um e dois anos após a
colheita) localizados nos municípios de Borebi-SP e Lençóis Paulista-SP. ........................... 36

Figura 5 - Gêneros e espécies de fungos basidiomicetos macroscópicos coletados na


serrapilheira de áreas de reflorestamento de eucalipto (serrapilheira da área pós-colheita e
com um e dois anos após a colheita), localizadas nos municípios de Borebi-SP e Lençóis
Paulista-SP........................................................................................................................... 42

Figura 6 - Modelo de regressão linear simples adotado na área 2 (tocos com um ano após a
colheita) para a densidade acumulada de indivíduos no tempo (dias). ................................... 50

Figura 7 - Modelo de regressão não linear logístico adotado na área 3 (tocos com dois anos
após a colheita) para a densidade acumulada de indivíduos no tempo (dias após a colheita de
eucalipto). ............................................................................................................................ 50

Figura 8 - Fungos basidiomicetos macroscópicos em condições de campo provenientes de


tocos e da serrapilheira de áreas de reflorestamento de eucalipto que foram isolados
posteriormente em laboratório. ............................................................................................. 52

Figura 9 - Fungos basidiomicetos macroscópicos provenientes de tocos e da serrapilheira de


áreas de reflorestamento de eucalipto e isolados em placas de Petri. ..................................... 53
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Áreas de coleta dos fungos basidiomicetos macroscópicos em tocos e na


serrapilheira de áreas de reflorestamento de eucalipto em relação a espécie, espaçamento e
municípios de localização dos talhões. ................................................................................. 31

Tabela 2 - Data das coletas realizadas em áreas de reflorestamento de Eucalyptus spp. e suas
respectivas estações do ano. ................................................................................................. 32

Tabela 3 - Gêneros e espécies de fungos basidiomicetos macroscópicos coletados em tocos de


eucalipto provenientes de áreas de reflorestamento............................................................... 36

Tabela 4 - Ocorrência de gêneros e espécies de fungos basidiomicetos macroscópicos


coletados de tocos em áreas de reflorestamento de Eucalyptus spp. em diferentes estações do
ano. ...................................................................................................................................... 37

Tabela 5 - Frequência dos gêneros/espécies de fungos basidiomicetos macroscópicos


provenientes de tocos de eucalipto das áreas de estudo (área 1 (tocos pós-colheita); área 2
(tocos com um ano após a colheita) e área 3 (tocos com dois anos após a colheita)) por coletas
realizadas nas áreas de estudo. ............................................................................................. 37

Tabela 6A - Frequência dos gêneros/espécies de fungos basidiomicetos macroscópicos


provenientes de tocos de eucalipto pós-colheita (área 1 do estudo) ao decorrer do tempo (dias)
após a colheita. .................................................................................................................... 39

Tabela 6B - Frequência dos gêneros/espécies de fungos basidiomicetos macroscópicos


provenientes de tocos de eucalipto com um ano após a colheita (área 2 do estudo) ao decorrer
do tempo (dias) após a colheita. ........................................................................................... 39

Tabela 6C - Frequência dos gêneros/espécies de fungos basidiomicetos macroscópicos


provenientes de tocos de eucalipto com dois anos após a colheita (área 3 do estudo) ao
decorrer do tempo (dias) após a colheita. .............................................................................. 40
Tabela 7 - Ocorrência de gêneros e espécies de fungos basidiomicetos macroscópicos
coletados da serrapilheira de áreas de reflorestamento de Eucalyptus spp. com tocos pós-
colheita e com um e dois anos após a colheita, de diferentes estações do ano. ...................... 41

Tabela 8 - Frequência dos gêneros/espécies de fungos basidiomicetos macroscópicos


provenientes da serrapilheira de áreas de reflorestamento de eucalipto das áreas de estudo
(serrapilheira da área 1 (tocos pós-colheita); área 2 (tocos com um ano após a colheita) e área
3 (tocos com dois anos após a colheita)) por coleta realizada. ............................................... 43

Tabela 9 - Espécies de fungos basidiomicetos macroscópicos coletados da serrapilheira de


áreas de reflorestamento de eucalipto. .................................................................................. 44

Tabela 10A - Frequência dos gêneros/espécies de fungos basidiomicetos macroscópicos


provenientes da serrapilheira de áreas de reflorestamento de eucalipto com tocos pós-colheita
(área 1 do estudo) ao decorrer do tempo (dias) após a colheita. ............................................ 45

Tabela 10B - Frequência dos gêneros/espécies de fungos basidiomicetos macroscópicos


provenientes da serrapilheira de áreas de reflorestamento de eucalipto com tocos com um ano
após a colheita (área 2 do estudo) ao decorrer do tempo (dias) após a colheita...................... 46

Tabela 10C - Frequência dos gêneros/espécies de fungos basidiomicetos macroscópicos


provenientes da serrapilheira de áreas de reflorestamento de eucalipto com tocos com dois
anos após a colheita (área 3 do estudo) ao decorrer do tempo (dias) após a colheita. ............. 47

Tabela 11 - Condições climáticas (temperatura do ar (ºC), umidade relativa do ar (UR (%)) e


luminosidade (lx)) obtidas por meio das coletas realizadas em três áreas de reflorestamento de
eucalipto. ............................................................................................................................. 49

Tabela 12 - Fungos basidiomicetos macroscópicos isolados a partir de coletas realizadas de


setembro de 2016 a agosto de 2017 em tocos de eucalipto com um e dois anos após a colheita
(áreas 2 e 3 respectivamente) e a serrapilheira das mesmas, em áreas de reflorestamento. .... 51
A Deus, aos meus pais Roberto e Cecília
e a minha irmã gêmea Caroline.
Dedico!
AGRADECIMENTOS

Primeiramente e acima de todas as coisas, agradeço a Deus, por sempre ter cuidado de
mim e me dado forças para a realização deste trabalho.
Aos meus pais Roberto e Cecília por me apoiarem e sempre terem uma palavra me
encorajando a nunca desistir de meus sonhos.
A minha irmã gêmea Caroline, pela amizade, companheirismo, por sempre me
encorajar e pela ajuda para que este trabalho pudesse ser realizado.
Ao meu orientador, Tadeu Antônio Fernandes da Silva Júnior, pela amizade e pelos
conhecimentos compartilhados.
Ao Prof. José Raimundo de Souza Passos, pela amizade, ajuda com a estatística, pelas
correções do trabalho, e pelas horas agradáveis durante as análises estatísticas.
Às Profas. Meire Cristina Nogueira de Andrade e Geisiany Maria de Queiroz
Fernandes, por terem contribuído com as correções deste trabalho.
Ao Departamento de Proteção Vegetal da UNESP de Botucatu em especial ao Prof.
Edson Luiz Furtado, pelas contribuições para esta dissertação, e à Paula Leite dos Santos, pelo
auxílio com o isolamento e obtenção dos isolados fúngicos.
À LWARCEL Celulose, em especial à Marcela, pela oportunidade em realizar as
coletas dos fungos.
À CAPES, pela concessão da bolsa de estudos.
À Universidade do Sagrado Coração, pela oportunidade de realização deste curso.
“Por isso não tema, pois estou com você; não tenha medo, pois sou o seu Deus. Eu o
fortalecerei e o ajudarei; Eu o segurarei com a minha mão direita vitoriosa.”

Isaías 41:10
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 14

2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................. 16

2.1 IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DO GÊNERO Eucalyptus........................................ 16

2.2 CARACTERÍSTICAS DA MADEIRA DE Eucalyptus spp. ........................................ 18

2.3 PRÁTICAS SILVICULTURAIS NO CULTIVO DE Eucalyptus spp. ......................... 20

2.4 DIVERSIDADE DE FUNGOS BASIDIOMICETOS EM ÁREAS DE


REFLORESTAMENTO DE Eucalyptus spp. ....................................................................... 21

2.5 FUNGOS DEGRADADORES DA MADEIRA ........................................................... 22

2.5.1 Fungos de podridão branca ...................................................................................... 24

2.5.2 Fungos de podridão marrom ou parda..................................................................... 25

2.5.3 Fungos de podridão macia, mole ou branda ............................................................ 25

2.6 USO DE FUNGOS NA DESTOCA BIOLÓGICA ...................................................... 26

3 OBJETIVOS .............................................................................................................. 28

4 MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................... 29

4.1 ÁREA DE ESTUDO ................................................................................................... 29

4.2 COLETA DOS FUNGOS BASIDIOMICETOS .......................................................... 31

4.3 ISOLAMENTO, PRESERVAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DOS FUNGOS .................. 32

4.4 METODOLOGIA ESTATÍSTICA .............................................................................. 33

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................... 35

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 54

REFERÊNCIAS........................................................................................................ 55
14

1 INTRODUÇÃO

O eucalipto (Eucalyptus spp.) compõe a maior parte das florestas plantadas no Brasil,
cuja importância econômica e social contribuem para a qualidade de vida da população.
Inúmeros são os benefícios da silvicultura, tais como a conservação do solo, volume e
qualidade de água, atenuação de efeitos climáticos negativos e manutenção da biodiversidade
(EMBRAPA, 2014).
A área total plantada com eucalipto no Brasil em 2016 foi de 5,7 milhões de hectares,
destacando-se principalmente os estados de Minas Gerais (24%), São Paulo (17%) e Mato
Grosso do Sul (15%) (IBÁ, 2017).
Após o corte do eucalipto, galhos, folhas, casca e tocos permanecem no campo. Os
resíduos de menor tamanho são benéficos para a sustentabilidade do solo, entretanto, a
biodegradação dos tocos é lenta e é um dos principais problemas a serem resolvidos pelos
silvicultores. A destoca mecanizada ou o rebaixamento dos tocos por maquinários são as
principais práticas empregadas para contornar o problema, embora o custo econômico seja
elevado (FOELKEL, 2014).
Dentre os problemas causados pelo rebaixamento de tocos, destacam-se a
compactação do solo e a perturbação da microbiota ali existente. A remoção completa dos
tocos também causa consequências negativas no solo, tais como a remoção de matéria
orgânica, impactos no armazenamento do carbono e emissão de gases de efeito estufa,
aumento na erosão e alteração da ciclagem de nutrientes, além da redução da biodiversidade
(CASSELLI, 2013).
A utilização de fungos degradadores de madeira pré-selecionados é uma alternativa
para acelerar a degradação natural de tocos, e consequentemente, diminuir os impactos
ambientais negativos causados pelo rebaixamento desses tocos e contribuir para a
sustentabilidade das florestas plantadas (ALONSO et al., 2007).
O primeiro passo para a utilização de fungos na degradação natural de tocos é
conhecer a biodiversidade dos fungos ali existentes. Quando há um conhecimento prévio das
condições climáticas, como luminosidade (incidência solar), temperatura e umidade relativa
do ar das espécies e/ou gêneros que ocorrem naturalmente no local de implementação da
destoca biológica é possível entender a dinâmica que ocorre nas condições de campo.
O conhecimento da diversidade biológica de fungos em locais ainda não explorados é
de fundamental importância para práticas que promovam a manutenção de espécies. Os
fungos podem ser influenciados por uma série de fatores físicos, químicos e biológicos que
15

podem favorecer ou não a biodegradação da madeira (SCHMIDT, 2006). Contudo, o fator


biológico, ou seja, a diversidade de espécies de uma determinada região ou habitat é de
elevada importância, pois os fungos são os principais responsáveis pela maior proporção da
biodegradação da madeira e reciclagem de nutrientes (RAYNER; BODDY, 1988).
Com a identificação das principais espécies de basidiomicetos que ocorrem durante as
diferentes épocas do ano, é possível entender a dinâmica das espécies que melhor se adaptam
às variações climáticas que ocorrem nos campos de reflorestamento. Durante as coletas, os
exemplares de fungos macroscópicos foram isolados em laboratório com a finalidade de
construir uma micoteca.
Pelo exposto, este trabalho se destaca por realizar o levantamento da diversidade de
fungos basidiomicetos macroscópicos que ocorrem naturalmente em tocos e na serrapilheira
de eucalipto, em áreas de reflorestamento no estado de São Paulo, de diferentes idades (áreas
com tocos pós-colheita e com um e dois anos após a colheita), com potencial para utilização
na destoca biológica.
16

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DO GÊNERO Eucalyptus

O francês Charles-Louis L’ Héritier de Brutelle foi o primeiro botânico a descrever o


gênero Eucalyptus em 1788 (SCHUMACHER; CALIL; VOGEL, 2005). O eucalipto
(Eucalyptus spp.) é uma espécie nativa da Austrália (MORA; GARCIA, 2000) e pertence à
família botânica Myrtaceae ou Mirtaceae (mirtáceas) (RIBEIRO, 2010) e subfamília
Leptospermoidae (SCHUMACHER; CALIL; VOGEL, 2005). As plantas dessa família
apresentam folhas simples e opostas. Porém, o eucalipto, assim como outras plantas exóticas,
são exceções, apresentando folhas alternas. As mirtáceas reúnem cerca de 2.500 espécies,
sendo que o gênero Eucalyptus apresenta cerca de 600 espécies (RIBEIRO, 2010) adaptadas a
diferentes condições de solo e clima (MORA; GARCIA, 2000). O eucalipto é considerado um
dos raros gêneros florestais que pode ser empregado em diversos setores e possui ampla
diversidade de espécies (WILCKEN et al., 2008).
Existem evidências de que as primeiras árvores de eucalipto foram introduzidas no
Brasil, em 1825, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro (PEREIRA et al., 2000), e as
primeiras mudas foram plantadas em 1868 no Rio Grande do Sul e na Quinta da Boa Vista, no
Rio de Janeiro (MORA; GARCIA, 2000).
Entre 1904 a 1909, o silvicultor Edmundo Navarro de Andrade desenvolveu no Brasil
trabalhos experimentais no Horto de Jundiaí-SP comparando o eucalipto (com sementes
trazidas de Coimbra – Portugal) com várias espécies florestais nativas, como Peroba,
Cabreúva, Jequitibá, Jacarandá Paulista e Pinheiro-do-Paraná. Nos ensaios realizados o
eucalipto se destacou em relação às outras espécies. Sendo assim, Navarro de Andrade
cultivou até 1911, no estado de São Paulo, 75 espécies do gênero Eucalyptus, merecendo
destaque E. camaldulensis, E. tereticornis, E. citriodora, E. saligna, E. diversicolor, E.
corinocalyx, E. triantha, E. botryoides, E. oblíqua, E. globulus, E. maculata, E. longifolia e E.
robusta (MORA; GARCIA, 2000; WILCKEN et al., 2008). Ao final de seu trabalho, Navarro
de Andrade introduziu em todo o país 144 espécies, das quais 110 permaneceram. Porém,
poucas são empregadas em plantios comerciais de larga escala (SCHUMACHER; CALIL;
VOGEL, 2005).
Devido aos estudos realizados com eucalipto no Brasil por Edmundo Navarro de
Andrade, em 1909 a Cia. Paulista de Estradas de Ferro começou a plantar eucalipto em escala
comercial (MORA; GARCIA, 2000; WILCKEN et al., 2008), sendo utilizadas inicialmente
17

para a construção das estradas de ferro paulistas e para a produção de lenha para as
locomotivas (WILCKEN et al., 2008).
A madeira de eucalipto produzida pode ser empregada para a geração de energia,
através da lenha e do carvão vegetal; postes e mourões; na construção civil (pontaletes e
madeiramento para telhados e pisos); chapas de fibras; na indústria de papel e celulose e de
móveis finos; utilizar como quebra-ventos, dentre outros. Também é possível extrair óleos
essenciais das folhas e produzir mel (WILCKEN et al., 2008).
Em todo o mundo, o eucalipto está amplamente distribuído. No Brasil, destacam-se as
espécies Eucalyptus alba, E. botryoides, E. camaldulensis, E. citriodora, E. grandis, E.
maculata, E. longifolia, E. robusta, E. saligna, E. umbellata, E. tereticornis, E. globulus, E.
microcorys, E. pilularis e E. trabuti e E. viminalis (SCHUMACHER; CALIL; VOGEL, 2005)
e as espécies mais utilizadas para a produção de celulose são E. grandis, E. urophylla e E.
urograndis (MAGATON et al., 2006).
No Brasil, foram plantados até 1966, 470 mil hectares de eucalipto, sendo 80%
localizados no estado de São Paulo (MORA; GARCIA, 2000). A Lei de Incentivos Fiscais ao
Reflorestamento (Lei nº 5.106/66), impulsionou os plantios florestais no país. O eucalipto
compõe a maior parte das florestas plantadas no país, cuja importância econômica e social
contribuem para a qualidade de vida da população (EMBRAPA, 2014; IBÁ, 2015). Em 2015,
a área total plantada com eucalipto no município de Lençóis Paulista foi de 21.105 ha,
ocupando o 7º lugar no ranking de área plantada com eucalipto no estado de São Paulo
(IBGE, 2016).
Em pequenas e médias propriedades rurais o plantio de eucalipto contribui para a
diversificação da produção e renda, evitando o êxodo rural e o desemprego, pois garante uma
nova fonte de renda aos produtores (EMBRAPA, 2014). Existem diversas finalidades para
utilização da madeira de eucalipto, desde usos tradicionais (indústria de papel e celulose) até
para usos mais nobres (fabricação de casas, móveis e estruturas), principalmente nas regiões
Sudeste e Sul do país carentes de florestas nativas (PEREIRA et al., 2000).
O Brasil conquistou na primeira metade do século passado importantes posições no
ranking mundial de exportações de produtos provenientes de eucalipto, o 4º lugar como país
exportador de papel e o 1º lugar como produtor de celulose, além de deter plantios clonais
(FREITAS JUNIOR, 2011).
Existem diversas espécies de eucalipto (Eucalyptus spp.) com madeiras de
características físico-mecânicas e estéticas distintas. A espécie Eucalyptus grandis é a mais
utilizada em áreas tropicais e de transição para subtropicais, tanto na forma pura, quanto em
18

cruzamentos, por possuir rápido crescimento em condições ambientais adequadas; insuperável


incremento volumétrico; boa forma de fuste e boa desrama natural; pequena quantidade de
casca; elevado porcentual de cerne e madeira apropriada para múltiplos usos
(PALUDZYSZYN FILHO; SANTOS; FERREIRA, 2006; PEREIRA et al., 2000).
As plantações florestais oferecem inúmeros benefícios, dentre eles se destacam a
geração de empregos no país; inserção de produtos competitivos na economia global;
proteção de florestas nativas; retenção de CO2 da atmosfera; regulagem do ciclo hídrico, e se
destacam por serem o principal instrumento na recuperação das áreas desmatadas, pois as
madeiras de reflorestamento reduzem a utilização de madeiras de florestas nativas (MORA;
GARCIA, 2000).

2.2 CARACTERÍSTICAS DA MADEIRA DE Eucalyptus spp.

As árvores possuem elevada complexidade anatômica e fisiológica e pertencem à


Divisão das Fanerógamas e se subdividem em Gimnospermas e Angiospermas (BOM, 2011).
As madeiras de um modo geral são divididas em: “moles” (softwoods), ou coníferas
pertencentes ao grupo das gimnospermas e “duras” (hardwoods), ou folhosas pertencentes ao
grupo das angiospermas dicotiledôneas (ROWELL, 2005).
A madeira é um biopolímero tridimensional, e os seus principais constituintes são
celulose, hemicelulose e lignina formando a parede celular e a maioria de suas propriedades.
Os extrativos atuam como componentes complementares e possuem ampla variabilidade em
sua quantidade e constituição (LEPAGE, 1986). Não existem diferenças significativas na
composição química da madeira das diferentes espécies florestais, tanto coníferas quanto
folhosas, sendo o Carbono, Hidrogênio, Oxigênio e Nitrogênio os principais elementos,
representando de 49 a 50%; 6%; 44 a 45% e 0,1 a 1% do peso seco da madeira
respectivamente (BOM, 2011). A fórmula química empírica da madeira pode ser expressa
por: C3,3 - 4,9 H5,1 - 7,2 O2,0 - 3,1 (RENDEIRO et al., 2008).
A estrutura da madeira de espécies florestais folhosas são complexas e apresentam
maior diversidade nos padrões de organização celular. Existem três tipos básicos de células:
as que compõem os vasos, com 0,2 a 0,5 mm de; as fibras, que são encontradas em maior
quantidade com comprimento aproximado de 1,0 a 2,0 mm, e as células do raio, que
constituem o parênquima radial (DESCH; DINWOODIE, 1996; ROWELL, 2005).
A parede celular vegetal é composta por compostos fenólicos, sais minerais
(BUCKERIDGE; SANTOS; SOUZA, 2010), proteínas, uma mistura de polissacarídeos
19

(BUCKERIDGE; SANTOS; SOUZA, 2010; TAIZ; ZIEGER, 2002), e lignina (FARINAS,


2011; TAIZ; ZIEGER, 2002). Cerca de 90% do peso seco da parede celular é formada por
polissacarídeos, sendo representados por celulose (20 a 40%) (BUCKERIDGE; SANTOS;
SOUZA, 2010), que é o principal constituinte da estrutura das células vegetais (LYND et al.,
2002); hemiceluloses (15 a 25%), e pectinas (~30%). De acordo com as necessidades da
planta, essa matriz, que é ordenada e dinâmica, pode tornar-se mais rígida ou mais frouxa
(BUCKERIDGE; SANTOS; SOUZA, 2010).
A parede celular vegetal é dividida em dois tipos: primária e secundária. A primária é
formada durante o crescimento celular, sendo constituída principalmente por celulose,
hemiceluloses e pectinas. A secundária é formada após cessar o crescimento celular, sendo
constituída por lignina, além de celulose e hemicelulose (TAIZ; ZIEGER, 2002). O teor de
cada constituinte do material lenhoso sofre influência do ambiente, enquanto que a sua
composição química influencia no processo de beneficiamento da madeira (ZANUNCIO et
al., 2013).
Em madeira dura, como o eucalipto, os teores de celulose variam entre 34 a 48%;
hemicelulose entre 20 a 25% e lignina entre 20 a 29% (CASTRO, 2009; DESCH, 1996;
ROWELL, 2005). As fórmulas empíricas desses compostos podem ser expressas por: C5 H8
O4; C6 H10 O5, e C9 H10 (OCH3)0,9 – 1,7 respectivamente (RENDEIRO et al., 2008). Existem
outros componentes não pertencentes à parede celular, sendo classificados como materiais
solúveis em água (não extrativos), que são os compostos inorgânicos (teores inferiores a 1%)
e pectinas; materiais solúveis em solventes orgânicos (extrativos), tais como, terpenos e seus
derivados; graxas, ceras e seus componentes e fenóis (CASTRO, 2009).
Na natureza a celulose ocorre sempre associada a outros materiais (lignina e
hemicelulose) (KUBICEK, 1992). A função da celulose é apenas estrutural, proporcionando
à célula proteção osmótica e resistência mecânica (BAYER; LAMED, 1992). As regiões
amorfas, as irregularidades, as falhas e os microporos que as fibras de celulose apresentam,
aumentam a superfície de contato da celulose com água e enzimas (LYND et al., 2002).
Na parede das células vegetais a hemicelulose está associada com a celulose
(TIMELL, 1967). A hemicelulose é composta por heteropolissacarídeos e diferentes resíduos
de carboidratos: D-xilose, D-manose, D-glicose, L-arabinose, D-galactose, L-raminose ácido
D-galacturônico e ácido D-glicurônico e geralmente é formada por 2 a 6 açúcares diferentes e
unidos por ligações do tipo β-1,4 (JANES, 1969). A identidade dos principais açúcares
presentes nas hemiceluloses (glicanas, xilanas, mananas, galactanas e galacturanas)
20

classificam esse polissacarídeo (BASTAWDE, 1992; THOMPSON, 1983), sendo a xilana o


principal constituinte da hemicelulose (KULKARNI; SHENDYE; RAO, 1999).
A lignina é um complexo de polímeros que são construídos em blocos por compostos
fenólicos, é um importante constituinte de plantas lenhosas. Nunca ocorre sozinha, mas
sempre em associação. Quando associada com a celulose, confere rigidez a elas (CARLILE;
WATKINSON, 1996; MADIGAN et al., 2016), e constitui a parede celular de todas as
plantas vasculares, como gimnospermas e angiospermas. Esse constituinte é uma
macromolécula amorfa, podendo ser encontrada geralmente no xilema, nas paredes primárias
e secundárias das células e nos espaços intercelulares. Possui dentre as suas funções proteger
a planta da degradação de suas paredes por micro-organismos devido a suas características
recalcitrantes (CARLILE; WATKINSON, 1996; FENGEL; WEGENER, 1989; SOUZA;
ROSADO, 2009), sendo também altamente resistente à degradação química (CARLILE;
WATKINSON, 1996). Nas folhosas geralmente as ligninas são formadas por unidades
siringila e guaiacila (lignina S-G) (BARBOSA et al., 2008).
Magaton et al. (2006) avaliaram a composição química de seis espécies de eucalipto
(E. dunni; E. globulus; E. nitens; E. grandis; E. urograndis e E. urophylla) e encontraram
variações nos teores de celulose, hemicelulose e lignina. A celulose variou de 43,8% a 54,4%;
hemicelulose de 19,4% a 30,9% e lignina de 24,5% a 28,6%.
Silva et al. (2005) estudaram a variação da composição química na madeira de
Eucalyptus grandis de quatro diferentes idades, proveniente de talhões comerciais. Os valores
médios dos teores de holocelulose (celulose e hemicelulose), lignina e extrativos foram de
69%, 27% e 4%, respectivamente. Verificou-se que os teores de extrativos e lignina
aumentaram com a idade, com maiores concentrações nos discos próximos da base; verificou-
se, também, que o teor de holocelulose diminuiu com a idade, com maiores concentrações nos
discos retirados nas regiões superiores do tronco.

2.3 PRÁTICAS SILVICULTURAIS NO CULTIVO DE Eucalyptus spp.

O eucalipto é a espécie arbórea cultivada com maior disponibilidade de indicações e


orientações técnicas para o cultivo. Dentre os fatores que a cultura depende para se
desenvolver estão clima, solo e dimensão da área. Para o manejo da cultura, o preparo do solo
pode ser manual ou mecanizado, dependendo da topografia e das condições técnicas do
produtor (EMBRAPA, 2014). As principais práticas silviculturais são adubação, controle de
pragas e plantas daninhas, desrama e desbaste das árvores (EMBRAPA, 2015).
21

O corte do eucalipto, assim como na maioria dos plantios florestais comerciais, ocorre
em torno dos sete anos de idade (EMBRAPA, 2014; MORA; GARCIA, 2000). Após o corte
do eucalipto, muitos resíduos da própria cultura permanecem no local, principalmente os
tocos (ou cepas), sendo um dos principais problemas enfrentados pelos agricultores. O toco
ou a cepa é um resíduo do tronco que fica ligeiramente acima do solo e abaixo da terra com
suas raízes. Se uma floresta de eucalipto possui um bom manejo e é colhida de acordo com
especificações de altura de toco, as cepas ficam na área com elevações entre 5 a 15 cm acima
do solo (FOELKEL, 2014).
A destoca mecanizada através do rebaixamento ou extração dos tocos e raízes por
maquinários é uma opção para solucionar o problema (CASSELLI, 2013; FOELKEL, 2014).
Porém, essas práticas não são economicamente viáveis devido ao seu alto investimento e
tempo para o processo (CASSELLI, 2013).
Em média, o rebaixamento de tocos pode custar entre 300 a 700 reais por hectare de
uma floresta de eucalipto. Porém, o valor e o tempo empregados para a realização dessa
técnica podem aumentar conforme a qualidade e a quantidade de tocos na área (FOELKEL,
2014).
A extração dos tocos e raízes causa inúmeros impactos ambientais negativos em
relação à sustentabilidade florestal. No solo, ocorre a remoção de matéria orgânica, impactos
no armazenamento do carbono e emissão de gases de efeito estufa, aumento na erosão,
alteração da ciclagem de nutrientes, além da redução da microbiota, sendo a compactação o
principal problema para o solo (CASSELLI, 2013).
Podem também se destacar a remoção de carbono orgânico que se incorporaria como
húmus ao solo (o que contribuiria para o aumento de sua qualidade biológica e nutricional);
erosão e desagregação em função do revolvimento; os solos arenosos e as regiões declivosas
sofrem maior impacto; exportação de nutrientes do solo (cálcio, magnésio, potássio, fósforo,
nitrogênio, entre outros); alterações na qualidade dos recursos hídricos; perda de habitat para
fungos apodrecedores, líquenes, musgos, insetos, entre outros; perda de proteção da superfície
do solo, que será descoberta e sofrerá insolação direta; dentre outros impactos (FOELKEL,
2014).

2.4 DIVERSIDADE DE FUNGOS BASIDIOMICETOS EM ÁREAS DE


REFLORESTAMENTO DE Eucalyptus spp.
22

Poucos estudos têm sido dedicados a realização do conhecimento da diversidade de


fungos basidiomicetos macroscópicos residentes em campos de reflorestamento de Eucalyptus
spp. Andrade (2003) relatou a ocorrência dos fungos Polyporus guianensis, Pycnoporus
sanguineus e Ganoderma applanatum encontrados em troncos de Eucalyptus spp. em um
povoamento localizado no estado de São Paulo. Costa et al. (2011) realizaram coletas de
fungos macroscópicos em campos de plantio de eucalipto, com idades entre 1 e 7 anos,
durante a primavera e o inverno no estado da Bahia. Durante o inverno, foram coletados 39
exemplares de basidiomicetos, sendo as principais espécies Phellinus gilvus, Phellinus
contiguus, Trametes villosa, Lenzites stereoides, Pycnoporus sanguineus e Schyzophyllum
commune. Na primavera, foram coletados 31 exemplares, sendo as principais espécies
Schizopora spp., Lentinus crinitus, Lentinus velutinis, Trametes villosa, Pycnoporus spp.,
Phellinus gilvus, Phylloporia spp. e Inonotus spp.
Diversas pesquisas foram realizadas com o intuito de isolar fungos de cepas de
eucalipto em estágios de decomposição provenientes de plantios comerciais. Alonso et al.
(2007) isolaram 292 fungos basidiomicetos provenientes de amostras de tocos de eucalipto
em decomposição e amostras de basidiocarpos coletadas em plantios comerciais de eucalipto
localizados nos estados da Bahia, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas
Gerais. Destes, 144 foram classificados como responsáveis por causarem podridão branca na
madeira. Nove fungos foram isolados de cepas de eucalipto em decomposição por Silva
(2011), sendo três fungos pertencentes à Classe Basidiomycetes, porém fungos do gênero
Trichoderma spp. foram o que apresentaram a maior ocorrência e maior diversidade de
espécies. Costa (2014) isolou 66 fungos e alguns exemplares foram identificados como
Trametes versicolor, Gloeophyllum trabeum e Poria placenta.

2.5 FUNGOS DEGRADADORES DA MADEIRA

A degradação de materiais de origem renovável é imprescindível, pois através deste


processo, o dióxido de carbono (CO2) retorna para a atmosfera e a água, os sais minerais e os
outros elementos retornam para o solo, ficando disponíveis para as plantas e animais que
necessitam de carbono, oxigênio e hidrogênio para o seu surgimento/desenvolvimento
(MORESCHI, 2013).
O resultado do processo de degradação é a formação de moléculas com grau de
polimerização menor, afetando a viscosidade e a resistência mecânica, sendo que estas
propriedades dependem do comprimento da cadeia molecular da celulose (CASTRO, 2009).
23

Ocorrem mudanças físicas, químicas e morfológicas na madeira dependendo do tipo de


degradação (SCHWARZE, 2007).
As bactérias, insetos, brocas marinhas e fungos são os principais degradadores da
madeira (MORESCHI, 2013), sendo os fungos e as bactérias também responsáveis pela
degradação das raízes (ABREU et al., 2007). Os micro-organismos mais eficientes no
processo de degradação da madeira são fungos degradadores, pois destroem em maiores
proporções os componentes desta se comparado a agentes degradadores físicos, químicos e
biológicos (FENGEL; WEGENER, 1989; MORESCHI, 2013).
Os fungos degradadores de madeira podem ser divididos em três grupos: fungos de
podridão branca; podridão parda ou marrom e podridão macia, mole ou branda
(BLANCHETTE, 1991, 1995; CASTRO, 2009; FENGEL; WEGENER, 1989; MORESCHI,
2013; SCHWARZE, 2007; SOARES, 1998). Essa classificação ocorre de acordo com as
diferenças nos padrões de degradação e nas características macroscópicas da madeira após a
ação dos fungos basidiomicetos (SOARES, 1998).
Os principais fungos causadores de podridão branca e parda na madeira são os
pertencentes à Classe Basidiomycetes, e os causadores de podridão mole são os fungos
ascomicetos e schizomicetos (MORESCHI, 2013). Os fungos basidiomicetos possuem
propriedades bioquímicas, enzimáticas e fisiológicas que os tornam capazes de se
desenvolverem em substratos lignocelulósicos (SOUZA, 2012).
Basidiomycota é o filo fúngico mais evoluído no Reino, dada a complexidade de
estruturas que pode formar. Os fungos basidiomicetos representam o maior grupo de
organismos decompositores de madeira (HUDSON, 1986).
Algumas condições básicas são essenciais para que os fungos possam se instalar na
madeira, se desenvolver e utilizar seus constituintes, como fonte de alimento, teor de umidade
da madeira, temperatura, teor de oxigênio livre e pH (MORESCHI, 2013).
Os fungos são primordialmente decompositores e fundamentais nos ecossistemas
aquáticos e terrestres. Como sapróbios, são encontrados onde há matéria orgânica a ser
decomposta, sendo extremamente eficazes nesse aspecto. Os fungos podem atuar em
praticamente todos os substratos, devido a sua capacidade de produção enzimática (MAIA et
al., 2005), sendo importantes em diversos ambientes, atuando principalmente na ciclagem de
nutrientes, sobretudo nos ecossistemas florestais (HYDE, 1997).
O teor de umidade ideal da madeira se diferencia de acordo com os fungos que a
degradam. Para os fungos de podridão branca ou parda, o teor de umidade ideal é de 40 a 60%
e para os fungos de podridão mole entre 40 a 80% de umidade (MORESCHI, 2013).
24

Embora muitos estudos sobre fungos apodrecedores da madeira sejam realizados


visando o controle de processos de deterioração da madeira, estes micro-organismos são
extremamente importantes para a reciclagem de nutrientes das florestas (RAYNER; BODDY,
1988). A manutenção da biodiversidade contribui para a sustentabilidade dos solos,
principalmente em florestas nativas e também para plantadas com Eucalyptus spp.
(FERNANDES et al., 2005).
Os fungos do gênero Gloeoporus pertencem à família Meruliaceae e os do gênero
Lentinus pertencem à família Polyporaceae. Ambos os gêneros pertencem à ordem
Polyporales. Os fungos Hymenochaetales e Polyporales representam a maior parte dos
fungos que se desenvolvem em madeira em decomposição (GILBERTSON, 1980), mas
também podem ser encontrados na serrapilheira e no solo (RYVARDEN, 1991).

2.5.1 Fungos de podridão branca

Muitos fungos durante a degradação da célula vegetal degradam celulose,


hemicelulose e lignina em intensidades similares, porém algumas espécies consomem
seletivamente a lignina nos estágios iniciais da biodegradação, sendo denominados de fungos
ligninolíticos e também conhecidos como fungos de podridão branca. Esse grupo de fungos,
deixa a madeira com aspecto esbranquiçado e quebradiço no sentido das fibras
(BLANCHETTE, 1984; CASTRO, 2009; FERRAZ, 2004; MARTÍNEZ et al., 2005;
NEGRÃO, 2011; RYVARDEN, 1991).
Os únicos organismos capazes de degradar todos os componentes da biomassa
lignocelulósica, inclusive a lignina são os fungos causadores da podridão branca (LEVIN;
HERRMANN; PAPINUTTI, 2008). Os principais agentes causadores de podridão branca na
madeira são os fungos basidiomicetos (MORESCHI, 2013).
Os fungos de podridão branca consomem todos os constituintes da célula vegetal da
madeira, e possuem elevada capacidade de consumir a lignina (BLANCHETTE, 2000), que é
o componente mais abundante presente na matéria orgânica do solo e de difícil
biodegradação. Após a degradação fúngica, a madeira possui aspecto esbranquiçado e fibroso,
característica que classifica as espécies com essa habilidade. Dentre os fungos de podridão
branca mais conhecidos os basidiomicetos do gênero Pleurotus (fungos comestíveis da ordem
Agaricales) são relatados como eficientes decompositores da celulose e lignina (EIRA;
MINHONI, 1997; ZADRAZIL; DUBE, 1992). As espécies Pycnoporus sanguineus,
25

Schizophyllum commune e Trametes villosa se destacam na ordem Poliporales, sendo no


Brasil sua ocorrência cosmopolita (GIBERTONI, 2004).
Abreu et al. (2007) avaliaram a degradação do eucalipto causada pelos basidiomicetos
Pleurotus ostreatus, Pycnoporus cinnabarinus e Schizophyllum commune causadores de
podridão branca na madeira. Após a degradação dos discos de eucalipto in vitro e em
condições de campo, o isolado Pycnoporus cinnabarinus apresentou a perda de massa e o
micélio mais vigoroso em relação aos isolados Pleurotus ostreatus e Schizophyllum commune.

2.5.2 Fungos de podridão marrom ou parda

Os fungos de podridão marrom ou parda não degradam com eficiência a lignina,


porém há intensa degradação da celulose e hemicelulose (CASTRO, 2009; MORESCHI,
2013; SCHMIDT, 2006). Os principais agentes causadores de podridão parda na madeira são
os fungos basidiomicetos (MORESCHI, 2013).
A podridão parda é causada principalmente por fungos que habitam a madeira de
coníferas e, em algumas exceções a madeira de folhosas. As madeiras que sofrem degradação
de fungos de podridão parda permanecem com cor escura, e aspecto quebradiço devido à
presença de lignina e à ausência de celulose respectivamente (SCHMIDT, 2006).

2.5.3 Fungos de podridão macia, mole ou branda

Os fungos deste grupo degradam todos os componentes da madeira em baixa


velocidade (CASTRO, 2009). Os principais agentes causadores de podridão mole são os
fungos Ascomicetos e Schizomicetos (MORESCHI, 2013).
Calonego et al. (2013) observaram que em Eucalyptus grandis tratado termicamente, a
degradação causada pelo fungo Gloeophyllum trabeum causador de podridão parda foi maior
que a causada pelo fungo Pycnoporus sanguineus causador de podridão branca.
Ao avaliarem a degradação das espécies florestais de Eucalyptus spp. e Hovenia dulcis
causada pelos fungos Gloeophyllum trabeum causador de podridão parda e Trametes
versicolor causador de podridão branca, Carvalho et al. (2015) observaram que o fungo G.
trabeum conseguiu degradar as diferentes espécies de eucalipto em maior proporção do que o
fungo T. versicolor.
26

Na podridão mole, ocorre a degradação de compostos solúveis, como açúcares simples


e carboidratos. Os fungos se adaptam melhor com teores de umidade em torno de 60%, mas
suportam variações de umidade acima desta faixa (SCHMIDT, 2006).

2.6 USO DE FUNGOS NA DESTOCA BIOLÓGICA

Os fungos, principalmente os basidiomicetos exercem uma importante atividade


ecológica na decomposição de madeira e outros materiais derivados de fontes naturais
(MADIGAN et al., 2016). Nas florestas, os fungos basidiomicetos são importantes no
processo de destoca de eucalipto (MAGALHÃES; MILAGRES, 2008).
Alonso et al. (2007) isolaram fungos causadores de podridão branca a partir de
basidiocarpos e de fragmentos de madeira de Eucalyptus saligna e testaram seu potencial de
degradação em cepas e raízes mortas em plantios comerciais de eucalipto. Os fungos mais
eficientes em causarem perda de massa foram os fungos pertencentes à espécie Pycnoporus
sanguineus, e aos gêneros Peniophora, Pestalotiopsis e Ganoderma.
Negrão (2011) avaliou as características fisiológicas e funcionais dos basidiomicetos
Pycnoporus sanguineus, Lentinus bertieri, Lentinula edodes, Stereum ostrea, Xylaria sp., e
um não identificado. O fungo P. sanguineus foi coletado de uma planta viva Liquidambar sp.
e da madeira apodrecida de eucalipto; os fungos S. ostrea e Xylaria sp. foram coletados da
madeira de eucalipto; o fungo L. bertieri foi coletado em campo de reflorestamento de
eucalipto e o fungo L. edodes foi obtido da coleção de fungos de uma micoteca. Todos os
fungos produziram lacases e celulases; P. sanguineus foi o único a produzir proteases;
somente Xylaria sp. produziu lipases e não foi possível detectar a produção de pectinases
somente por Xylaria sp.
Os ensaios realizados por Silva (2011) com fungos coletados de fragmentos de cepas
de eucalipto apodrecidas, mostrou que os fungos da Classe Basidiomycetes foram os mais
eficientes na deterioração da madeira de eucalipto.
A fim de se desenvolver uma alternativa para o processo convencional da retirada de
tocos em povoamentos de Eucalyptus spp., Costa (2014) avaliou a degradação da madeira de
eucalipto causada pelos fungos Resinicium confertum, Phanerochaete chrysosporium e
Trichoderma citrinoviride. A análise química determinou, de maneira geral, a maior
preferência pela lignina na posição da madeira mais consumida.
27

Silva (2014) avaliou a capacidade de apodrecimento de troncos e toras de madeira


causada pelos basidiomicetos dos gêneros Ganoderma, Perenniporia e Rigidoporus, isolados
de madeiras de eucalipto. Nos ensaios realizados, se destacaram os fungos Pycnoporus
sanguineus, Lentinus critinus, Schizophyllum commune, Ganoderma spp., Gymnopilus
lepidotus e Ganoderma subamboinense.
Andrade (2003), ao avaliar a biodegradação de tocos de eucalipto pelos fungos
Lentinula edodes, Pleurotus sajor caju, Polyporus guiannensis, Pycnoporus sanguineus e
Ganoderma applanatum, observou que os fungos G. applanatum e P. sanguineus foram as
espécies que apresentaram maior eficiência na degradação dos tocos no campo. Os fungos
testados não demonstraram ser patogênicos para plantas jovens e adultas.
Oliveira, Tomasello e Silva (2005) ao determinarem a resistência natural da madeira
de sete espécies de eucalipto ao fungo Gloeophyllum trabeum causador de podridão parda,
todas as espécies de eucalipto foram consideradas resistentes ao fungo.
Abreu et al., (2007) inocularam discos de eucalipto in vitro com os fungos Pycnoporus
cinnabarinus, Pleurotus ostreatus e Schizophyllum commune, os discos inoculados com o
fungo P. cinnabarinus apresentaram perda de massa média em torno de 25,33% em relação
aos demais fungos. Em condições de campo, o fungo P. cinnabarinus também foi o fungo que
causou a maior perda de massa dos corpos de prova.
No teste realizado por Silva et al. (2010) com o intuito de avaliar a degradação de
eucalipto in vitro pelos fungos Pycnoporus sanguineus, Phellinus gilvus e Schizophyllum
commune causadores de podridão branca, os fungos P. sanguineus e P. gilvus foram os mais
eficientes na degradação.
28

3 OBJETIVOS

 Identificar a diversidade de fungos basidiomicetos macroscópicos em tocos e na


serrapilheira de Eucalyptus spp. de diferentes idades (áreas com tocos pós-colheita e
com um e dois anos após a colheita) em áreas de reflorestamento.

 Avaliar a influência climática sobre a ocorrência de fungos basidomicetos


macroscópicos em áreas de reflorestamento de Eucalyptus spp.
29

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 ÁREA DE ESTUDO

O estudo foi realizado entre os municípios de Lençóis Paulista e Borebi, localizados na


região Centro-Oeste do Estado de São Paulo em áreas de reflorestamento de eucalipto da
empresa LWARCEL Celulose (Figura 1).
O município de Lençóis Paulista está localizado sobre as coordenadas 22º 35’ 55” de
latitude Sul e 48º 48’ 01” de longitude Oeste e altitude de 560 metros. Borebi encontra-se a
22° 33’ 52” de latitude Sul e 48° 58’ 5” de longitude Oeste e altitude de 590 metros.

Figura 1 - Mapa de localização das áreas de estudo.

Nota: Sendo A, a área dos talhões de eucalipto com tocos pós-colheita (área 1); B
área dos talhões de eucalipto com tocos com um ano após a colheita (área 2); e C
é a área dos talhões de eucalipto com tocos com dois anos após a colheita (área 3).
Fonte: Elaborado pela autora.
30

Os fungos basidiomicetos foram obtidos através de coletas em talhões com tocos pós-
colheita, e com um e dois anos após a colheita, totalizando-se três áreas: área 1 (tocos pós-
colheita) (Figuras 1A e 2A) (Tabela 1); área 2 (tocos com um ano após a colheita) (Figuras 1B
e 2B) e área 3 (tocos com dois anos após a colheita) (Figuras 1C e 2C). Cada área foi dividida
em três subáreas: 1A, 1B e 1C (subáreas da área 1); 2A, 2B e 2C (subáreas da área 2) e 3A,
3B e 3C (subáreas da área 3). Foram vistoriados em cada subárea 20 tocos nas linhas x 5 tocos
nas entrelinhas, totalizando 100 tocos. A dimensão de cada subárea foi de 798 m2. Cada
subárea foi espaçada em 200 metros entre si. Além dos tocos, também foi vistoriada a
serrapilheira das mesmas áreas dos tocos.

Figura 2 - Áreas de reflorestamento de Eucalyptus spp.


vistoriadas no estudo.

Nota: Sendo A, a área dos tocos pós-colheita (área um do estudo) B, a


área com tocos com um ano após a colheita (área dois do estudo); e C
a área com tocos com dois anos após a colheita (área três do estudo).
Fonte: Elaborado pela autora.
31

Tabela 1 - Espécies florestais, espaçamento e localização dos talhões de eucalipto


referentes às áreas de coleta dos fungos basidiomicetos macroscópicos em tocos
e na serrapilheira em áreas de reflorestamento.
Área de Coleta Espécie Florestal Espaçamento (metros) Município
1 Eucalyptus urograndis 3,8 X 2,1 Lençóis Paulista - SP
2 Eucalyptus urophylla 3,8 X 2,1 Borebi - SP
3 Eucalyptus urophylla 3,8 X 2,1 Lençóis Paulista - SP
Nota: Área de coleta 1 (tocos pós-colheita), área 2 (tocos com dois anos após a colheita) e área 3
(tocos com dois anos após a colheita).
Fonte: Elaborado pela autora.

4.2 COLETA DOS FUNGOS BASIDIOMICETOS

Os fungos foram coletados entre os meses de setembro de 2016 a agosto de 2017


totalizando-se 16 coletas, abrangendo desta forma todas as estações do ano (Tabela 2).
Durante as coletas foram medidas a temperatura (ºC), umidade relativa do ar (UR (%))
e luminosidade (Lux (lx)) para cada subárea de coleta dos fungos, e para cada fungo
encontrado esses parâmetros foram medidos no local de sua ocorrência.
Cada fungo coletado foi fotografado no local de ocorrência e acondicionado em sacos
de papel de 500 g em uma caixa de isopor para transporte até o Laboratório de Ciência e
Tecnologia Ambiental da Universidade do Sagrado Coração.
32

Tabela 2 - Data das coletas realizadas em áreas de


reflorestamento de Eucalyptus spp.
localizadas nos municípios de Borebi-SP
e Lençóis Paulista-SP e suas respectivas
estações do ano.
Coleta Data da Coleta Estação do ano
1 08∕09∕2016 Inverno
2 28∕09∕2016 Primavera
3 27∕10∕2016 Primavera
4 27∕11∕2017 Primavera
5 14∕12∕2016 Primavera
6 24∕01∕2017 Verão
7 15∕02∕2017 Verão
8 08/03/2017 Verão
9 22∕03∕2017 Outono
10 19∕04∕2017 Outono
11 10∕05∕2017 Outono
12 12∕06∕2017 Outono
13 28∕06∕2017 Inverno
14 17∕07∕2017 Inverno
15 07∕08∕2017 Inverno
16 24∕08∕2017 Inverno
Fonte: Elaborado pela autora.

4.3 ISOLAMENTO, PRESERVAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DOS FUNGOS

O isolamento e a preservação dos fungos coletados foram realizados no Departamento


de Proteção Vegetal da Universidade Estadual “Júlio de Mesquita Filho”, campus de
Botucatu-SP.
Os fungos foram isolados a partir de seus basidiomas, removendo-se um fragmento do
seu pseudo-tecido interno (estipe e píleo). A assepsia dos fragmentos dos basidiomas foi feita
em solução alcoólica (70 %), por 60 segundos, seguida de banho em solução de hipoclorito de
sódio (2 %), por 60 segundos, lavagem em água destilada esterilizada, e secagem em papel
filtro autoclavado (Figura 3A) (ALFENAS; MAFRA, 2007).
Para a inoculação, três fragmentos foram colocados na superfície do meio de cultura,
preparado com batata-dextrose-ágar (BDA) em placas de Petri (96x15mm), seguido de
incubação a 25ºC, no escuro (Figura 3B). Após três dias de crescimento, o próximo passo foi
a purificação do micélio, removendo-se o micélio que cresceu ao redor do fragmento e
transferindo-o para uma nova placa de Petri contendo meio BDA (Figura 3C) (ALFENAS;
MAFRA, 2007).
33

A preservação dos isolados foi feita pelo método de Castellani. Para tanto, cinco
discos de micélio (ϕ 0,5 cm, sete dias de idade) foram colocados em frascos de vidro (tipo
penicilina) contendo água destilada esterilizada e armazenados em temperatura ambiente, no
escuro (CASTELLANI, 1964).
Os fungos basidiomicetos coletados foram identificados morfologicamente no
Laboratório de Pesquisa em Ciência e Tecnologia Ambiental da Universidade do Sagrado
Coração de modo presuntivo segundo Largent (1986) e Lincoff (1982).

Figura 3 - Etapas do isolamento, inoculação e purificação


dos basidiomicetos macroscópicos provenientes
de tocos de eucalipto e da serrapilheira de áreas
de reflorestamento.

Nota: A consiste no procedimento de isolamento, B inoculação


e C purificação.
Fonte: Elaborado pela autora.

4.4 METODOLOGIA ESTATÍSTICA

4.4.1 Análise descritiva

Foram feitas análises de frequência de identificação (gêneros ou espécies) de fungos


basidiomicetos macroscópicos com a quantidade de indivíduos. Foram obtidas as correlações de
Spearman entre as quantidades acumuladas de espécies ou gêneros de basidiomicetos macroscópicos
com as variáveis climáticas: temperatura do ar (oC), umidade relativa do ar (%) e luminosidade (lx).
34

4.4.2 Modelos de regressão da densidade acumulada de fungos basidiomicetos macroscópicos


no tempo

Para a área 2 (tocos com um ano após a colheita), foi ajustado um modelo de regressão linear
simples para a densidade acumulada de indivíduos no tempo (dias após a colheita do eucalipto),
expresso pela Equação 1:

= + + (1)

em que,
y é a densidade acumulada de indivíduos na i-ésima observação; t é o tempo em dias;
α e β são parâmetros a serem estimados. O parâmetro β representa a velocidade de
crescimento da densidade acumulada; u é o componente aleatório com distribuição normal e variância
constante.

Para a área 3 (tocos com dois anos após a colheita), foi ajustado um modelo de regressão não
linear logístico (SEBER; WILD, 2003) para a densidade acumulada de indivíduos no tempo, expresso
pela Equação 2:

= ( )
+ (2)

em que,
y é a densidade acumulada de indivíduos na i-ésima observação; e é a base dos
logaritmos Neperianos; t é o tempo em dias;
α, β e γ são parâmetros a serem estimados. O parâmetro α representa a assíntota da
curva; u é o componente aleatório com distribuição normal e variância constante.

Para ajuste do modelo, foi utilizado o procedimento nlin do programa estatístico SAS
– Free Statistical Statistical Software, SAS University Edition.
35

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em todas as coletas realizadas e em todas as áreas avaliadas foram obtidos 70


basidiomicetos macroscópicos, sendo 51 deles (72,9%) provenientes dos tocos e 19 (27,1%)
da serrapilheira.
Na área 1 não foram encontrados basidiomicetos tanto nos tocos, quanto na
serrapilheira (Tabela 4). O fato de não ter sido encontrados fungos basidiomicetos nessa área,
pode ser consequência de maior incidência da luz solar na área em relação às duas outras
áreas, que possuíam maior sombreamento, e pela espécie de eucalipto ser diferente nessa área
em relação às outras duas áreas.
Os fungos que ocorreram nos tocos foram Pycnoporus sanguineus e os pertencentes
aos gêneros Coprinus, Coriolopsis, Fuscoporia, Galerina e Ganoderma (Tabela 3 e Figura 4).
Sobre a ocorrência dos fungos basidiomicetos encontrados nos tocos, na área 2 foram
coletados 10 indivíduos (19,6% do total dos tocos), sendo Coprinus e Galerina de maior
ocorrência nessa área (Tabela 3). Na área 3 foram coletados 41 indivíduos (80,4% do total dos
tocos), sendo o gênero Ganoderma de maior ocorrência (Tabela 3). O gênero Ganoderma
pertence à família Ganodermataceae, e os fungos desta família são causadores de podridão
branca na madeira ou estão associados a raízes de árvores vivas ou mortas (FURTADO, 1981;
RYVARDEN, 2004), ou seja, degradam todos os componentes primários da madeira,
inclusive a lignina (BLANCHETTE, 2000). Portanto, o fungo Ganoderma spp. possui
potencial para ser empregado na destoca microbiológica, devido ao seu potencial em degradar
os principais constituintes da madeira.
Os fungos dos gêneros Coprinus, Coriolopsis e Galerina ocorreram tanto nos tocos
com um ano após a colheita (área 2), quanto nos tocos com dois anos após a colheita (área 3).
O fungo Pycnoporus sanguineus e os pertencentes aos gêneros Fuscoporia e Ganoderma,
ocorreram apenas nos tocos com dois anos após a colheita (área 3) (Tabela 3 e Figura 4).
36

Tabela 3 - Frequência de ocorrência dos gêneros e


espécies de fungos basidiomicetos
macroscópicos coletados em tocos de
eucalipto provenientes de áreas de
reflorestamento.
Áreas
Gênero/Espécie
1 2 3
Coprinus spp. 0 5 13
Coriolopsis spp. 0 1 1
Fuscoporia sp. 0 0 1
Galerina spp. 0 4 2
Ganoderma spp. 0 0 15
Pycnoporus sanguineus 0 0 9
Total 0 10 41
Nota: Área 1 refere-se a serrapilheira dos tocos pós-
colheita; área 2 à serrapilheira dos tocos com um ano após
a colheita e área 3 à serrapilheira dos tocos com dois anos
após a colheita.
Fonte: Elaborado pela autora.

Figura 4 - Gêneros e espécies de fungos basidiomicetos macroscópicos coletados em


tocos de eucalipto em áreas de reflorestamento (tocos pós-colheita e com
um e dois anos após a colheita) localizados nos municípios de Borebi-SP
e Lençóis Paulista-SP.

Nota: A pertence ao gênero Coprinus, B Galerina, C Coriolopsis, D Ganoderma, E


Fuscoporia e F à espécie Pycnoporus sanguineus.
Fonte: Elaborado pela autora.

Na área 2 o maior número de fungos coletados foi na terceira coleta (primavera) com 8
indivíduos (80% do total da área). Na área 3, a primeira coleta (inverno) apresentou a maior
ocorrência de fungos basidiomicetos nos tocos, com 26 indivíduos (63,4% do total da área)
(Tabelas 4 e 5). Resultados semelhantes foram encontrados por Costa et al. (2011), onde a
37

maior quantidade e diversidade de basidiomicetos macroscópicos foi no inverno (período


chuvoso) em relação à primavera. Segundo os autores, esse fato pode ser explicado pelas
condições de umidade e temperatura serem distintas em cada época do ano. O maior número
de indivíduos de basidiomicetos macroscópicos coletados nos tocos de eucalipto em áreas de
reflorestamento foram nas coletas 1 (inverno) e 3 (primavera) (Tabelas 4 e 5).

Tabela 4 - Frequência dos gêneros e espécies de fungos


basidiomicetos macroscópicos coletados de tocos em
áreas de reflorestamento de Eucalyptus spp. em
diferentes estações do ano.
Estações do ano
Gênero/Espécie
Primavera Verão Outono Inverno
Coprinus spp. 8 0 0 10
Coriolopsis spp. 0 1 1 0
Fuscoporia sp. 1 0 0 0
Galerina spp. 6 0 0 0
Ganoderma spp. 1 1 0 13
Pycnoporus sanguineus 4 0 0 5
Total 20 2 1 28
Nota: A estação da primavera se refere às coletas 2, 3, 4 e 5; o verão às
coletas 6, 7 e 8; o outono às coletas 9, 10, 11 e 12 e o inverno às coletas 1,
13, 14, 15 e 16.
Fonte: Elaborado pela autora.

Tabela 5 - Frequência dos gêneros/espécies de fungos basidiomicetos macroscópicos provenientes


de tocos de eucalipto das áreas de estudo (área 1 (tocos pós-colheita); área 2 (tocos com
um ano após a colheita) e área 3 (tocos com dois anos após a colheita)) por coletas
realizadas nas áreas de estudo.
Coletas
Gênero/espécie
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Coprinus spp. 10 0 5 0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Coriolopsis spp. 0 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0
Fuscoporia spp. 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Galerina spp. 0 0 5 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Ganoderma spp. 12 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0
Pycnoporus sanguineus 5 2 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Total 27 3 13 0 4 0 2 0 1 0 0 0 1 0 0 0
Fonte: Elaborado pela autora.

As tabelas 6A, 6B e 6C apresentam no tempo (dias após a colheita do eucalipto) a


ocorrência dos basidiomicetos macroscópicos nos tocos, ou seja, quanto tempo (em dias)
levou até a primeira ocorrência de basidiomicetos macroscópicos nos tocos de eucalipto.
38

Neste estudo, pôde-se notar que a primeira ocorrência de fungos basidiomicetos


macroscópicos nos tocos de eucalipto foi aos 365 dias após a colheita, e a maior ocorrência de
fungos foi aos 736 dias após a colheita de eucalipto.
39

Tabela 6A - Frequência dos gêneros/espécies de fungos basidiomicetos macroscópicos provenientes de


tocos de eucalipto pós-colheita (área 1 do estudo) ao decorrer do tempo (dias) após a
colheita.
Dias após a colheita de Eucalyptus spp.
Gênero/espécie
0 20 49 80 97 138 160 181 195 223 244 277 293 312 333 350
Coprinus spp. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Coriolopsis spp. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Fuscoporia spp. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Galerina spp. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Ganoderma spp. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Pycnoporus sanguineus 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Total 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Fonte: Elaborado pela autora.

Tabela 6B - Frequência dos gêneros/espécies de fungos basidiomicetos macroscópicos provenientes de


tocos de eucalipto com um ano após a colheita (área 2 do estudo) ao decorrer do tempo (dias)
após a colheita.
Dias após a colheita de Eucalyptus spp.
Gênero/espécie
365 385 414 445 462 503 525 546 560 588 609 642 664 683 704 721
Coprinus spp. 1 0 4 0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Coriolopsis spp. 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0
Fuscoporia spp. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Galerina spp. 0 0 4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Ganoderma spp. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Pycnoporus sanguineus 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Total 1 0 8 0 3 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0
Fonte: Elaborado pela autora.
40

Tabela 6C - Frequência dos gêneros/espécies de fungos basidiomicetos macroscópicos provenientes de tocos de


eucalipto com dois anos após a colheita (área 3 do estudo) ao decorrer do tempo (dias) após a
colheita.
Dias após a colheita de Eucalyptus spp.
Gênero/espécie
736 756 785 816 833 874 896 917 931 959 980 1013 1035 1054 1075 1092
Coprinus spp. 9 0 1 0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Coriolopsis spp. 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Fuscoporia spp. 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Galerina spp. 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Ganoderma spp. 12 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0
Pycnoporus sanguineus 5 2 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Total 27 3 5 0 4 0 2 0 0 0 0 0 1 0 0 0
Fonte: Elaborado pela autora.

Sobre a ocorrência dos fungos basidiomicetos encontrados na serrapilheira, a área 2 apresentou a ocorrência de apenas 7 indivíduos, que
foram observados em apenas uma das coletas realizadas (coleta 9, no outono) com predomínio do gênero Gloeoporus. Esse gênero também foi
relatado em troncos caídos em fragmentos florestais do noroeste paulista (ABRAHÃO, 2009), e do parque estadual da Cantareira em São Paulo
(VÁSQUEZ, 2013). Na Mata Atlântica do nordeste brasileiro, foram encontrados dois exemplares desse gênero em angiospermas em
decomposição (GIBERTONI, 2004). Pelo exposto, o fungo Gloeoporus spp. ocorre na madeira de diferentes espécies florestais, podendo assim
ser empregado na destoca biológica.
Na serrapilheira foram encontrados fungos dos gêneros Coriolopsis, Galerina, Ganoderma, Gloeoporus, Lentinus, Microporellus,
Phellinus, Polyporus, Scleroderma, Trametes, e da espécie Lentinus bertieri (Tabela 7 e Figura 5). Os fungos ocorrem em substratos específicos,
sendo estes, determinantes na diversidade das espécies. A riqueza e a abundância das espécies de fungos estão diretamente relacionadas com a
disponibilidade desses substratos (HONÓRIO; PASIN, 2016). A serrapilheira foi o substrato que apresentou a maior riqueza de gêneros/espécies,
e os tocos a maior abundância.
41

Tabela 7 - Frequência dos gêneros e espécies de fungos


basidiomicetos macroscópicos coletados da serrapilheira
de áreas de reflorestamento de Eucalyptus spp. com tocos
pós-colheita e com um e dois anos após a colheita, de
diferentes estações do ano.
Estações do ano
Gênero/Espécie
Primavera Verão Outono Inverno
Coriolopsis spp. 0 1 0 0
Galerina spp. 0 1 0 0
Ganoderma spp. 0 1 0 0
Gloeoporus spp. 0 0 3 0
Lentinus spp. 0 1 0 0
Lentinus bertieri 0 0 0 3
Microporellus spp. 0 0 2 0
Phellinus spp. 0 0 1 0
Polyporus spp. 0 2 1 0
Scleroderma spp. 0 2 0 0
Trametes spp. 0 1 0 0
Total 0 9 7 3
Nota: A estação da primavera se refere às coletas 2, 3, 4 e 5; o verão às
coletas 6, 7 e 8; o outono às coletas 9, 10, 11 e 12 e o inverno às coletas 1,
13, 14, 15 e 16.
Fonte: Elaborado pela autora.
42

Figura 5 - Gêneros e espécies de fungos basidiomicetos macroscópicos coletados


na serrapilheira de áreas de reflorestamento de eucalipto (serrapilheira
da área pós-colheita e com um e dois anos após a colheita), localizadas
nos municípios de Borebi-SP e Lençóis Paulista-SP.

Nota: A é um exemplar do gênero Gloeoporus; B Phellinus; C Microporellus; D


Polyporus; E Scleroderma; F Trametes; G Ganoderma; H Galerina; I Coriolopsis; J
Lentinus; e K um exemplar da espécie Lentinus bertieri.
Fonte: Elaborado pela autora.

Os gêneros Scleroderma, Phellinus, Trametes, Microporellus, Polyporus, Lentinus e o


fungo Pycnoporus sanguineus já foram relatados em povoamentos de eucalipto na Bahia por
Costa et al. (2011), enquanto Pycnoporus sanguineus e Lentinus bertieri em campos de
reflorestamento de eucalipto no estado de São Paulo por Negrão (2011) e Alonso et al. (2007)
coletaram fungos dos gêneros Peniophora, Pestalotiopsis, Ganoderma e da espécie
Pycnoporus sanguineus em plantios comerciais de eucalipto localizados em diversos estados
do Brasil. Os fungos Scleroderma spp., Phellinus spp., Trametes spp., Microporellus spp.,
Polyporus spp., Lentinus spp., Ganoderma spp., Peniophora, spp., Pestalotiopsis spp.,
Pycnoporus sanguineus e Lentinus bertieri ocorrem naturalmente em plantios de eucalipto, o
que podem ser considerados fungos potenciais para utilização na destoca biológica desta
espécie florestal.
43

Na serrapilheira da área 3 foram encontrados 12 basidiomicetos macroscópicos


(63,1% do total da serrapilheira), sendo o fungo Lentinus bertieri de maior ocorrência (na
oitava coleta no verão) com 5 indivíduos (26,3% do total da área) (Tabela 8).

Tabela 8 - Frequência dos gêneros/espécies de fungos basidiomicetos macroscópicos


provenientes da serrapilheira de áreas de reflorestamento de eucalipto das áreas de
estudo (serrapilheira da área 1 (tocos pós-colheita); área 2 (tocos com um ano após a
colheita) e área 3 (tocos com dois anos após a colheita)) por coleta realizada.
Coletas
Gênero/espécie
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Coriolopsis sp. 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0
Galerina sp. 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0
Ganoderma sp. 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0
Gloeoporus spp. 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0 0 0 0 0 0 0
Lentinus sp. 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0
Lentinus bertieri 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0 0 0
Microporellus spp. 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0
Phellinus sp. 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0
Polyporus spp. 0 0 0 0 0 0 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0
Scleroderma spp. 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Trametes sp. 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Total 0 0 0 0 0 0 4 5 7 0 0 0 3 0 0 0
Fonte: Elaborado pela autora.

O fungo pertencente ao gênero Polyporus, foi o único basidiomiceto macroscópico a


ocorrer tanto na serrapilheira da área 2 (tocos com um ano após a colheita), quanto da área 3
(tocos com dois anos após a colheita) (Tabela 9).
44

Tabela 9 - Frequência de ocorrência de espécies e gêneros de


fungos basidiomicetos macroscópicos coletados na
serrapilheira em áreas de reflorestamento de Eucalyptus
spp. localizadas nos municípios de Borebi-SP e Lençóis
Paulista-SP.
Áreas
Gênero/Espécie
1 2 3
Coriolopsis sp. 0 0 1
Galerina sp. 0 0 1
Ganoderma sp. 0 0 1
Gloeoporus spp. 0 3 0
Lentinus sp. 0 0 1
Lentinus bertieri 0 0 3
Microporellus spp. 0 2 0
Phellinus sp. 0 1 0
Polyporus spp. 0 1 2
Scleroderma spp. 0 0 2
Trametes sp. 0 0 1
Total 0 7 12
Nota: A área 1 refere-se a serrapilheira dos tocos pós-colheita; área 2 a
serrapilheira dos tocos com um ano após a colheita, e área 3 a
serrapilheira dos tocos com dois anos após a colheita.
Fonte: Elaborado pela autora.

As tabelas 10A, 10B e 10C apresentam no tempo (dias após a colheita) a ocorrência
dos basidiomicetos macroscópicos da serrapilheira nas áreas de reflorestamento de eucalipto,
ou seja, quanto tempo (em dias) levou até a primeira ocorrência de basidiomicetos
macroscópicos na serrapilheira. Neste estudo pôde-se notar que a primeira ocorrência de
fungos basidiomicetos macroscópicos na serrapilheira foi aos 560 dias após a colheita do
eucalipto.
45

Tabela 10A - Frequência de ocorrência dos gêneros/espécies de fungos basidiomicetos macroscópicos


provenientes da serrapilheira de áreas de reflorestamento de Eucalyptus spp. com tocos
pós-colheita (área 1 do estudo) localizadas nos municípios de Borebi-SP e Lençóis
Paulista-SP ao decorrer do tempo (dias) após a colheita.
Dias após a colheita de Eucalyptus spp.
Gênero/espécie
0 20 49 80 97 138 160 181 195 223 244 277 293 312 333 350
Coriolopsis sp. * * * * * * 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Galerina sp. * * * * * * 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Ganoderma sp. * * * * * * 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Gloeoporus sp. * * * * * * 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Lentinus sp. * * * * * * 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Lentinus bertieri * * * * * * 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Microporellus sp. * * * * * * 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Phellinus sp. * * * * * * 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Polyporus sp. * * * * * * 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Scleroderma sp. * * * * * * 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Trametes sp. * * * * * * 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Nota: (*) Dados não coletados.
Fonte: Elaborado pela autora.
46

Tabela 10B - Frequência de ocorrência dos gêneros/espécies de fungos basidiomicetos macroscópicos


provenientes da serrapilheira de áreas de reflorestamento de Eucalyptus spp. com tocos com
um ano após a colheita (área 2 do estudo) localizadas nos municípios de Borebi-SP e
Lençóis Paulista-SP ao decorrer do tempo (dias) após a colheita.
Dias após a colheita de Eucalyptus spp.
Gênero/espécie
365 385 414 445 462 503 525 546 560 588 609 642 664 683 704 721
Coriolopsis sp. * * * * * * 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Galerina sp. * * * * * * 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Ganoderma sp. * * * * * * 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Gloeoporus spp. * * * * * * 0 0 3 0 0 0 0 0 0 0
Lentinus sp. * * * * * * 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Lentinus bertieri * * * * * * 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Microporellus spp. * * * * * * 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0
Phellinus sp. * * * * * * 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0
Polyporus sp. * * * * * * 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0
Scleroderma sp. * * * * * * 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Trametes sp. * * * * * * 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Nota: (*) Dados não coletados.
Fonte: Elaborado pela autora.
47

Tabela 10C - Frequência de ocorrência dos gêneros/espécies de fungos basidiomicetos macroscópicos


provenientes da serrapilheira de áreas de reflorestamento de Eucalyptus spp. com tocos com dois
anos após a colheita (área 3 do estudo) localizadas nos municípios de Borebi-SP e Lençóis Paulista-
SP ao decorrer do tempo (dias) após a colheita.
Dias após a colheita de Eucalyptus spp.
Gênero/espécie
736 756 785 816 833 874 896 917 931 959 980 1013 1035 1054 1075 1092
Coriolopsis sp. * * * * * * 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0
Galerina sp. * * * * * * 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0
Ganoderma sp. * * * * * * 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0
Gloeoporus sp. * * * * * * 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Lentinus sp. * * * * * * 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0
Lentinus bertieri * * * * * * 0 0 0 0 0 0 3 0 0 0
Microporellus sp. * * * * * * 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Phellinus sp. * * * * * * 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Polyporus spp. * * * * * * 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0
Scleroderma spp. * * * * * * 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Trametes sp. * * * * * * 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Nota: (*) Dados não coletados.
Fonte: Elaborado pela autora.

Ao comparar a ocorrência de fungos basidiomicetos macroscópicos nos dois substratos (tocos e serrapilheira), os fungos Coprinus spp.,
Fuscoporia sp. e Pycnoporus sanguineus foram os que ocorreram somente nos tocos. E os fungos Gloeoporus spp., Lentinus sp., Lentinus
bertieri, Microporellus sp., Phellinus sp., Polyporus spp., Scleroderma spp. e Trametes sp. ocorreram apenas na serrapilheira.
Em relação aos parâmetros climáticos obtidos nas coletas de maior ocorrência de fungos basidiomicetos dos tocos, a área 3 (primeira
coleta) apresentou as seguintes médias: temperatura de 26ºC, umidade relativa do ar de 33% e luminosidade de 1682 lux e a área 2 (terceira
48

coleta) temperatura de 26ºC, umidade relativa do ar de 60% e luminosidade de 38333 lux (Tabela 11). Segundo Moreschi (2013), os fungos se
desenvolvem
49

de forma seletiva na madeira entre a variação e a interação de diversas condições ambientais,


entre elas estão temperatura e teor de umidade. A temperatura ideal para o desenvolvimento
de fungos xilófagos é de 24ºC a 32ºC, e os teores de umidade variam de 20% a 80%.
Analisando os parâmetros ideais (temperatura e teor de umidade) para o desenvolvimento de
fungos xilófagos e os resultados obtidos, pôde-se observar que os valores de temperatura e
umidade do ar estavam dentro do esperado para esse grupo de fungos, portanto, esses
parâmetros podem ter sido fundamentais para a ocorrência desses fungos nas áreas onde
houveram o maior número de indivíduos.

Tabela 11 - Condições climáticas (temperatura do ar (ºC), umidade relativa do ar (UR (%)) e


luminosidade (lx)) obtidas por meio das coletas realizadas em três áreas de
reflorestamento de eucalipto.
Condições Climáticas
Coletas Temp. (ºC) UR (%) Luminosidade (lx)
Área 1 Área 2 Área 3 Área 1 Área 2 Área 3 Área 1 Área 2 Área 3
1 * 21,3 26 * 35 33 * 232733 1682
2 * 27,3 22 * 36 38 * 72500 47033
3 * 26,0 25 * 60 55 * 38333 1583
4 * 28 22 * 59 38 * 620 47033
5 33 33,8 31 56 64 70 3863 441 891
6 28 27,6 28 68 74 74 18293 17067 25033
7 36 33,9 33 44 57 56 98702 83300 128833
8 34 29,1 31 61 69 67 65800 43867 27567
9 30 27,8 28 58 64 59 73733 47720 12487
10 34 29,1 31 45 50 46 54700 55233 15510
11 31 31,8 31 56 55 59 34933 634 8829
12 22 21,6 22 64 62 65 16833 11833 6030
13 23 18,7 20 74 73 73 4183 1330 2353
14 34 31 30 45 46 45 54700 23000 30433
15 26 26,8 28 56 47 49 39133 15767 43233
16 22 22,7 23 64 70 67 16833 17930 19663
Nota: A área 1 se refere a serrapilheira dos tocos pós-colheita, a área 2 a serrapilheira dos tocos com
um ano após a colheita e a área 3 a serrapilheira dos tocos com dois anos após a colheita.
(*)
Dados não coletados
Fonte: Elaborado pela autora.

Por meio do modelo de regressão linear simples foi possível notar que o número de
indivíduos aumentou com o passar do tempo (dias após a colheita de eucalipto). A variável
densidade acumulada (número de indivíduos) de fungos basidiomicetos macroscópicos está
diretamente relacionada com o passar do tempo (dias após a colheita de eucalipto), ou seja,
conforme aumentam os dias após a colheita, aumenta a ocorrência dos fungos (Figura 6).
50

Figura 6 - Modelo de regressão linear simples adotado na área 2 (tocos com um ano
após a colheita) para a densidade acumulada de indivíduos no tempo
(dias).

Fonte: Elaborado pela autora.

Por meio do modelo de regressão não linear logístico foi possível observar que há
uma tendência de estabilização da densidade acumulada dos fungos basidiomicetos
macroscópicos em relação à ocorrência desses fungos nas áreas de reflorestamento de
eucalipto em torno de 836 dias após a colheita do eucalipto (Figura 7).

Figura 7 - Modelo de regressão não linear logístico adotado na área 3 (tocos com dois
anos após a colheita) para a densidade acumulada de indivíduos no tempo
(dias após a colheita de eucalipto).

Fonte: Elaborado pela autora.


51

Dos 70 fungos basidiomicetos macroscópicos coletados nas áreas de estudo, 23 deles


foram isolados. Os demais fungos não foram isolados, pois apresentaram contaminação com o
fungo Trichoderma sp. Os gêneros isolados foram Scleroderma, Ganoderma, Galerina,
Lentinus, Gloeoporus, Phelinus, Microporellus e Ganoderma e da espécie Lentinus bertieri
(Tabela 12 e Figuras 8 e 9).

Tabela 12 - Fungos basidiomicetos macroscópicos isolados a partir


de coletas realizadas de setembro de 2016 a agosto de
2017 em tocos de eucalipto com um e dois anos após a
colheita (áreas 2 e 3 respectivamente) e a serrapilheira
das mesmas, em áreas de reflorestamento.
Gênero/Espécie Coleta Substrato Área Isolamento
Scleroderma spp. 7 Serrapilheira 3 +
Ganoderma spp. 7 Toco 3 -
Coriolopsis spp. 7 Toco 3 -
Scleroderma spp. 7 Serrapilheira 3 -
Trametes spp. 7 Serrapilheira 3 -
Polyporus spp. 7 Serrapilheira 3 -
Ganoderma spp. 8 Serrapilheira 3 +
Galerina spp. 8 Serrapilheira 3 +
Coriolopsis spp. 8 Serrapilheira 3 -
Polyporus spp. 8 Serrapilheira 3 -
Lentinus spp. 8 Serrapilheira 3 +
Gloeropurus spp. 9 Serrapilheira 2 +
Phellinus spp. 9 Serrapilheira 2 +
Gloeropurus spp. 9 Serrapilheira 2 +
Coriolopsis spp. 9 Toco 2 -
Gloeropurus spp. 9 Serrapilheira 2 -
Microporellusspp. 9 Serrapilheira 2 +
Polyporus spp. 9 Serrapilheira 2 -
Microporellusspp. 9 Serrapilheira 2 -
Lentinus bertieri 13 Serrapilheira 3 +
Ganoderma spp. 13 Toco 3 +
Lentinus bertieri 13 Serrapilheira 3 +
Lentinus bertieri 13 Serrapilheira 3 +
Nota: (+) Fungo isolado.
(-)
Fungo não isolado decorrente da contaminação com o fungo Trichoderma
spp.
Fonte: Elaborado pela autora.
52

Figura 8 - Fungos basidiomicetos macroscópicos em condições de campo provenientes de


tocos e da serrapilheira de áreas de reflorestamento de eucalipto que foram isolados
posteriormente em laboratório.

Nota: A pertence ao gênero Scleroderma; B Ganoderma; C Galerina; D Lentinus; E Gloeoporus; F


Phellinus; G Gloeoporus; H Microporellus; I Lentinus; J Ganoderma; K e L Lentinus. O fungo A é
proveniente de tocos de eucalipto, e os fungos B, C, D, E, F, G, H, I, J, K e L foram coletados da
serrapilheira de áreas de reflorestamento de eucalipto.
Fonte: Elaborado pela autora.
53

Figura 9 - Fungos basidiomicetos macroscópicos provenientes de tocos e da serrapilheira de


áreas de reflorestamento de eucalipto e isolados em placas de Petri.

Nota: A pertence ao gênero Scleroderma; B Ganoderma; C Galerina; D Lentinus; E Gloeoporus; F


Phellinus; G Gloeoporus; H Microporellus; I Lentinus; J Ganoderma; K e L Lentinus. O fungo A é
proveniente de tocos de eucalipto, e os fungos B, C, D, E, F, G, H, I, J, K e L foram coletados da
serrapilheira de áreas de reflorestamento de eucalipto.
Fonte: Elaborado pela autora.
54

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A idade dos tocos de eucalipto influenciou na ocorrência de fungos basidiomicetos


macroscópicos em áreas de reflorestamento.
Os fungos do gênero Coprinus ocorreram apenas nas áreas com tocos com um ano
após a colheita e os fungos Fuscoporia spp. e Pycnoporus sanguineus apenas na área com os
tocos com dois anos após a colheita.
Na serrapilheira da área com os tocos com um ano após a colheita, ocorreram apenas
os fungos Gloeoporus spp., Microporellus spp. e Phelinus spp. e os fungos Lentinus spp.,
Scleroderma spp., Tramets spp., e Lentinus. bertieri apenas na serrapilheira da área com os
tocos com dois anos após a colheita. O único fungo encontrado em ambas as áreas foi
Polyporus spp.
Os fungos mais encontrados nas áreas de reflorestamento de eucalipto durante as
coletas realizadas foram Coprinus spp. e Ganoderma spp.
55

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