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CENTRO UNIVERSITÁRIO FUNDAÇÃO SANTO ANDRÉ

BRUNO GUILHERME GOUVEIA NUNES


MARCIO VINICIUS PEREIRA

UTILIZAÇÃO DE Blaberus giganteus (LINNAEUS, 1758) NA


DECOMPOSIÇÃO DE MATÉRIA ORGÂNICA COM FOCO NA
SUSTENTABILIDADE

SANTO ANDRÉ
2020
BRUNO GUILHERME GOUVEIA NUNES
MARCIO VINICIUS PEREIRA

UTILIZAÇÃO DE Blaberus giganteus (LINNAEUS, 1758) NA


DECOMPOSIÇÃO DE MATÉRIA ORGÂNICA COM FOCO NA
SUSTENTABILIDADE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


como exigência parcial para obtenção do grau
de Licenciatura e Bacharelado em Ciências
Biológicas, à Faculdade de Filosofia, Ciências e
Letras do Centro Universitário Fundação Santo
André.

Orientadora: Prof. Dra. Carmen Beatriz Taipe


Lagos Costa

Coorientador: Prof. Arthur Pinatti Varani

SANTO ANDRÉ
2020
Nunes, Bruno Guilherme Gouveia; Pereira, Marcio Vinicius

Utilização de Blaberus giganteus (LINNAEUS, 1758) na decomposição de


matéria orgânica com foco na sustentabilidade/ Bruno Guilherme Gouveia Nunes,
Marcio Vinicius Pereira, 2020. -30 f.

Trabalho de Conclusão de Curso – Centro Universitário Fundação Santo André.


Curso de Ciências Biológicas.

Orientador: Carmen Beatriz Taipe Lagos Costa

Coorientador: Arthur Pinatti Varani

1. Blaberus giganteus. 2. Aterros sanitários. 3. Decomposição. 4. Lixo


orgânico.

Candidatos: Marcio Vinicius Pereira; Bruno Guilherme Gouveia Nunes.


Título: Utilização de Blaberus giganteus (LINNAEUS,1758) na decomposição de
matéria orgânica com foco na sustentabilidade, Santo André, SP, Trabalho de
Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para obtenção do grau de
Bacharel e Licenciatura, à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras do Centro
Universitário Fundação Santo André, Curso de Ciências Biológicas.

Data: _____/_____/______

Professor:__________________________ _____________________
(assinatura)
Instituição:__________________________

Professor:__________________________ _____________________
(assinatura)
Instituição:__________________________

Professor:__________________________ _____________________
(assinatura)
Instituição:__________________________

Aprovado ( )
Nota:_________
Dedicamos este trabalho a nossas famílias e amigos
que nos incentivaram e apoiaram a escrevê-lo.

AGRADECIMENTOS
Agradecemos, primeiramente, aos nossos familiares por nos acompanharem e nos
incentivarem a escrever esse trabalho. Aos nossos amigos, que nos acompanharam
em nossa jornada. À Profª Drª.Carmen Beatriz Taipe Lagos Costa e ao Biólogo
Arthur Pinatti Varani que nos orientaram e auxiliaram na realização desse trabalho.
Aos demais professores do curso de Ciências Biológicas, que contribuíram para
nossa formação como biólogos. Enfim ao Centro Universitário Fundação Santo
André por ceder o seu espaço e equipamentos para a realização desse trabalho.
“Não são as espécies mais fortes que sobrevivem nem as
mais inteligentes, e sim as mais suscetíveis a mudanças”
Charles Robert Darwin
Resumo
As Baratas são insetos hemimetábolos, pois possuem ninfas no seu
desenvolvimento e muito discriminadas pela sociedade atual, sendo vistos
comummente como animais “sujos”, associados a esgoto e transmissores
mecânicos de doenças e sem muita utilidade. O registro desses animais, é de
aproximadamente 400 milhões de anos, e só no Brasil há cerca de 644 espécies
descritas, onde a maioria habita em ecossistema silvestre, sendo uma dessas
espécies a Blaberus giganteus, conhecida também vulgarmente como “barata
gigante” ou “barata das cavernas”. Essa espécie, habita principalmente nas
Américas e outros países tropicais. Esses pequenos insetos são excelentes
decompositores de matéria orgânica na natureza e possuem uma alta valência
ecológica, pois se adaptam rapidamente às condições mais diversas. O objetivo
deste trabalho foi verificar a decomposição de resíduos orgânicos utilizando-se
espécimes de Blaberus giganteus. Trata-se de uma pesquisa a partir da montagem
de um desenho experimental alocado no Viveiro do Centro Universitário Fundação
Santo André, onde ninfas dessa barata foram alocadas em caixas e alimentadas
com resíduos orgânicos diversos, no meio da estação do inverno e início da
primavera. As qualificações e quantificações dos resíduos bem como; o
monitoramento dos fatores ambientais ao longo do experimento também foram
registrados. Em condições experimentais, as baratas Blaberus giganteus em uma
quantidade de 120 indivíduos podem consumir aproximadamente 1kg de matéria
orgânica gerada por uma única residência em um intervalo de três meses. O que
pode sugerir que, se o experimento fosse repetido em um intervalo maior, as baratas
poderiam consumir mais alimento sob as mesmas condições. Nesse contexto a
degradação dos resíduos orgânicos produzidos em ecossistema urbano, utilizando-
se dessas baratas, poderá contribuir com a diminuição de contaminantes do solo e
saneamento do meio. Não há na literatura publicações sobre o assunto.
Recomenda-se que sejam empreendidos experimentos abrangendo diversas
estações do ano e seus resultados possam contribuir com a sustentabilidade.

Palavras-chave: Blaberus giganteus. Aterros sanitários. Decomposição. Matéria


orgânica.
Sumário

1 INTRODUÇÃO 9
1.1 Justificativa 12
1.2 Hipótese 12
2 OBJETIVOS 12
2.1 Geral 12
2.2 Específicos 12
3 MATERIAL E MÉTODOS 13
3.1 Levantamento bibliográfico 13
3.2 Montagem do Experimento 13
3.2.1 Local de realização do experimento 13
3.2.2 Fases do experimento 14
3.2.2.1 Escolha dos Espécimes14
3.2.2.2 Montagem das Caixas 16
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 21
4.1 Do Levantamento bibliográfico 21
4.2 Do Experimento 23
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 28
REFERÊNCIAS 29
9

1 INTRODUÇÃO

O desmedido crescimento populacional dos nossos dias, junto com a


popularização do modelo consumista gerado nos países do chamado "primeiro
mundo", tem propiciado a explosão industrial que caracteriza as últimas
décadas. Esta atividade industrial é responsável pela produção de inúmeros
produtos de primeira necessidade, razão pela qual tem-se transformado em
verdadeiro símbolo das sociedades desenvolvidas. Além de proporcionar
alimentos, materiais e serviços, a atividade industrial costuma ser
responsabilizada, muitas vezes com justa razão, pelo fenômeno de
contaminação ambiental, tema que deixou de ser preocupação exclusiva de
cientistas e visionários e transformou-se em clamor geral de uma sociedade
que testemunha a deterioração progressiva do planeta. (PERALTA-ZAMORA et
al,.1996).

Embora exista uma preocupação universal por evitar episódios de


contaminação ambiental, estes eventos continuam acontecendo,
principalmente porque grande parte dos processos produtivos são
intrinsecamente poluentes. Muitos estudos, objetivando desenvolver tecnologia
capaz de minimizar o volume e a toxicidade dos efluentes industriais, têm sido
realizados. Atualmente, por exemplo, existe uma forte tendência nas indústrias
de papel e celulose pelo estabelecimento de tecnologias limpas, as quais
poderiam permitir, em princípio, atingir o estado de descarga zero. Infelizmente,
a aplicabilidade deste tipo de sistemas está subordinada ao desenvolvimento
de processos modificados e ao estabelecimento de sistemas de reciclagem de
efluentes, atividades que implicam tecnologias não universalmente disponíveis.
Por este motivo, o estudo de novas alternativas para o tratamento e a
remediação dos inúmeros efluentes industriais atualmente produzidos, continua
sendo uma das principais armas de combate contra a contaminação
antropogênica.(PERALTA-ZAMORA et al., 1996).
10

Dentre todos os resíduos gerados e descartados, a fração da matéria


orgânica é a mais representativa. De acordo com a caracterização nacional de
resíduos do Plano Nacional de Resíduos Sólidos (2012), cerca de 50% do total
de resíduos sólidos urbanos gerados no Brasil é classificado como orgânico. O
resíduo orgânico disposto de forma inadequada traz uma série de transtornos,
como, contaminação do solo e da água superficial e subterrânea, proliferação
de animais transmissores de doenças, acarretando sérios problemas de saúde
pública e ambiental. (MARQUES et al., 2016).

Apesar de serem vistas com repugnância, as baratas têm uma grande


importância para a decomposição de matérias orgânicas e fazer o retorno de
alguns nutrientes para o solo, como a fixação de nitrogênio e produção de
metano. (MACHADO, 2015).

As baratas que pertencem à ordem Blattodea (do latim blatta = barata


que foge da luz), possuem cerca de quatro mil espécies descritas no mundo.
No Brasil atingem 644 espécies descritas. (RAFAEL et al., 2008).

Segundo Neissimian, 2014, apud Bell et al. 2007, p.291, relatam que

A ordem Blattodea tem grande importância no


funcionamento do ecossistema, atuando na
fragmentação e decomposição da matéria
orgânica e na liberação de nutrientes. Em
termos de biomassa, um estudo feito por
Basset (2001) mostrou que baratas
representam aproximadamente ¼ da biomassa
de invertebrados habitantes no dossel de
florestas. Com relação à fauna do solo, a
participação das baratas é bastante variável.
(NESSIMIAN, 2014, p.291, apud BELL et al.
2007).

Esses insetos caracterizam-se por serem de pequeno porte e podem


decompor boa parte da matéria orgânica, sendo uma vantagem sua alta
capacidade de adaptação e seu elevado potencial reprodutivo podendo habitar
lugares pequenos e escuros (MIKOLA, 2010), o seu hábito alimentar é onívoro
11

e limpador se alimentando de frutas, sementes, insetos e animais mortos.


(POSSER, 2013).

As baratas podem crescer gradualmente através de metamorfose


hemimetábola. Há três estágios distintos em seu ciclo de vida, que incluem
ovo, ninfa e adultos passa normalmente por nove estados de ninfas (Figura 1)
que duram 264 dias nos machos e 278 dias nas fêmeas. A fase adulta dura em
média 59 dias (OSCORDADOS,2019), o habitat de preferência destas baratas
são buracos em arvores, cavernas, espaços em rochas, sempre lugares
escuros e úmidos (POSSER, 2013)

Figura 1 - Ciclo Biológico.

Fonte: https://oscordados.blogspot.com/2019/06/baratas-nativas-do-brasil-genero.html
(modificado).
12

1.1 Justificativa

A ideia para a realização desse trabalho surgiu a partir das “fazendas”


de baratas da china, no qual abriga cerca de seis milhões de baratas
(Periplaneta americana) com o objetivo de decompor a maior quantidade de
mátria orgânica possível gerada por uma cidade. (DW BRASIL, 2018)

Tendo em vista que, a população mundial vem crescendo sem controle


nos últimos anos e uma das consequências desse fenômeno será o aumento
de descartes de materiais recicláveis, resíduos diversos e matéria orgânica,
existe o risco de ficarmos sem espaço para despejar todo esse material. Se
olharmos para a natureza podemos encontrar a maioria das soluções dos
problemas causados pelos seres humanos. Nesse olhar, a utilização das
baratas na decomposição de matéria orgânica em grande escala poderá ser
uma das aplicações na biotecnologia e saneamento do meio.

1.2 Hipótese

A barata Blaberus giganteus pode ser utilizada para a decomposição de


resíduos orgânicos a nível residencial.

2 OBJETIVOS

2.1 Geral
 Verificar em condições experimentais a decomposição de resíduos
orgânicos pelos espécimes de Blaberus giganteus.

2.2 Específicos

 Descrever os aspectos gerais das baratas e sua importância ecológica;


13

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Levantamento bibliográfico

 Foi feito um levantamento bibliográfico sobre os aspectos da biologia e


ecologia das baratas a partir das publicações no site do Scielo e no
Google acadêmico. As consultas foram feitas de publicações de 2014 a
2018.

3.2 Montagem do experimento

3.2.1 Local de realização do experimento

O estudo foi realizado no Viveiro do Centro Universitário Fundação


Santo André. (Figuras 2 e 3).

Figura 2- Vista aérea do CUFSA.

Fonte: Google Earth. Acesso em: 27/07/2020(Modificado)


14

Figura 3- Vista externa do espaço onde foi montado o experimento. Viveiro do CUFSA.

3.2.2 Fases do Experimento

3.2.2.1 Escolha dos espécimes

Os espécimes motivo desse experimento, foram formas imaturas da


espécie Blaberus giganteus; correspondentes à ninfa 5. Os adultos variam
de 5,5 cm a 8 cm de comprimento excluindo as antenas. Esta espécie
pertence ao grupo de falsas ovovíparas, por armazenarem internamente a
ooteca em um saco onde os ovos permanecem até a eclosão das ninfas.
(RAFAEL et al., 2008).

A Figura 4, ilustra o tamanho da Ninfa 5; maior em relação à uma moeda


de Um Real.
15

Figura 4 - Posição ventral da Ninfa 5 de Blaberus giganteus

Um total de 120 espécimes (Ninfa 5) fizeram parte do experimento.


Esses espécimes, foram fornecidos em qualidade de empréstimo do Prof.
Biólogo Arthur Pinatti Varani, especialista em artrópodes e dono da “Monarca
Exotic Pet Shop”, localizado em São Bernardo do Campo. Ao fim do
experimento todos os espécimes foram devolvidos para ele.

Figura 5 – Vista Ventral e Dorsal da barata Blaberus giganteus.


16

3.2.2.2 Montagem das caixas

Quatro caixas (Figura 6) com 41 cm de comprimento, 30 cm de largura e


30,5 cm de altura, foram montadas para acondicionar um total de 30 ninfas por
caixa, sendo que, em três caixas foram disponibilizados alimentos orgânicos
descartados tais como: feijão, arroz, frutas, legumes, alimentos assados e fritos
e a caixa 1 é a caixa controle, com alimentação comum que seria dada por
alguém que as criasse como animal pet. Nas demais caixas foram colocados
restos de alimentos orgânicos provenientes do consumo e resíduo domiciliar.

Figura 6 - Caixas organizadoras com as ninfas e os resíduos orgânicos.


17

Dentro das caixas foram inseridas, “caixas de papelão de ovo” (Figura 7)


para abrigar as baratas, já que são comuns em cavernas e de hábitos
noturnos.

Figura 7. Abrigo das baratas.

Em cada caixa, foram colocados 2 potes de plástico contendo; um desses


algodão molhado para que as baratas possam se hidratar e outro com o
alimento (Figura 8).

Figura 8. Espécimes de baratas providas de água e alimento.


18

Em cada caixa foi colocado sempre o mesmo tipo de alimento específico.

Caixa 1: Alimentação de barata pet: Ração de gato, Frutas, verduras e


legumes.

Caixa 2: Sobras de uma residência: Frutas, legumes, verduras, arroz e feijão


cozido, macarrão, alimentos fritos e cozidos, farofa e um pouco de água. Tudo
triturado.

Caixa 3: Restos de legumes e verduras.

Caixa 4: Restos de frutas.

Todos os alimentos foram previamente pesados com o auxílio de uma


balança antes de serem alocados nas caixas e registrado a quantidade de
alimento que as baratas consumiram bem como o alimento que esses insetos
mais se adaptaram a consumir. (Figuras 9 e 10).

Figura 9- Balança utilizada no experimento. Figura 10- Peso do alimento triturado.

Figura 11- Balança com verduras.


19

Inicialmente, foram oferecidos para cada caixa aproximadamente 100


gramas de alimento. Verificamos que essa quantidade era excessiva para o
experimento. Então, foi diminuído para 50 gramas de alimento em cada caixa.
Três vezes por semana os pratos contendo os alimentos eram pesados e a
quantidade sobressalente calculada através da equação seguinte:

Quantidade de comida oferecida (gramas) - quantidade de comida


pesada no último dia (gramas) = quantidade ingerida pelas baratas
(gramas).

Os óbitos e as baratas que nasceram em cada caixa foram também


contabilizados.

Figura 12- Espaço interno do viveiro(casinha) com as caixas e as baratas. CUFSA, 2020.

As caixas foram mantidas a certa distância do chão, evitando que,


formigas e outros insetos tentem entrar.

Foram registrados dados da média da temperatura mensal ao longo do


experimento.

A frequência da coleta dos dados foi semanal. Todos os dados foram


registrados conforme o Quadro 1.
20

Quadro 1- Registro de dados sobre o experimento: “Blaberus giganteus e consumo de


resíduos orgânicos”. CUFSA, 2020.
21

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Do levantamento bibliográfico

Aspectos Gerais sobre as baratas

A origem exata das primeiras baratas é desconhecida pois, os primeiros


fosseis encontrados são de 300 milhões de anos atrás (MACHADO,
2015). Aproximadamente, quatro mil espécies de baratas são conhecidas
no mundo e, só no Brasil foram registradas cerca de 644 espécies, sendo
que a maioria dessas habita em ecossistema urbano. Entretanto, existem
algumas espécies sinantrópicas (RAFAEL et al,. 2008).

As baratas pertencem à ordem Blattodea (do latim blatta = barata que foge


da luz). Possuem atividade diurno e noturno, sendo mais ativas no período
noturno, normalmente “descansam” durante o dia em lugares escuros e
úmidos como tubulação de esgotos, fossas sépticas. (VIANNA et al.,
2001).

Morfologia

As baratas têm um corpo achatado e ovalado, na região cefálica tem um


par de antenas longas quimiorreceptoras, um par de olhos compostos
grandes e as vezes um par de olhos simples (Figura 13). (VARGAS,
1995).

Figura 13 - Vista anterior da cabeça da barata

Fonte: VARGAS, 1995.


22

Esses animais mastigadores, possuem fortes mandíbulas que são


acompanhadas de palpos que se assemelham a dedos usados para
agarrar o alimento. Existem espécies ápteras ou sem asas e nas espécies
que tem asas são encontrados dois pares de asas (do que é feito as asas)
ela só utiliza um par para o voo. As espécies ápteras, possuem patas
velozes para sua locomoção. (Figura 14) .(VARGAS, 1995).

Figura 14- Dimorfismo sexual das baratas.

Fonte: https://fdocumentos.com/document/und-2-roteiro-para-disseccao-de-
baratas.html

Importância ecológica das baratas

Segundo Dias, 2011, as baratas são insetos muito diversos e abundantes


e, por serem onívoras, ou seja, por comerem de tudo, têm papel vital
como decompositoras de restos orgânicos. Além disso, elas fazem parte
da dieta de muitos outros animais, como aves, aranhas, lacraias e
escorpiões. As baratas urbanas, em especial, são totalmente dependentes
da presença dos seres humanos e muito importantes dentro da cadeia
alimentar das cidades. Apesar de representarem apenas uma mínima
porção das espécies existentes de baratas, cerca de 1%, elas são muito
23

numerosas e o seu desaparecimento causaria um forte desequilíbrio nos


ecossistemas urbanos. Por servirem de alimento a muitos predadores que
fazem parte da fauna da cidade – como ratos e morcegos, seu fim
causaria também uma rápida desestabilização das populações animais.
Esses insetos consomem rapidamente toneladas de fezes, cadáveres,
restos alimentares e até papel, cigarros e plásticos. Se sumissem,
sofreríamos com um rápido acúmulo de resíduos humanos nos esgotos e
cemitérios. Seria necessário um longo período de readaptação ecológica
até que outro ser vivo ocupasse o nicho das baratas. Por isso, mesmo que
você não goste delas, é mais sábio deixar que continuem habitando
nossos esgotos, lixeiras e cemitérios. (DIAS, 2011).

4.2 Do experimento

O experimento foi realizado entre 23/07/2020 á 23/10/2020. Durante esse


intervalo de três meses, os resultados obtidos foram como segue:

Caixa 1: ingestão de 252 gramas no total, sendo consumidos em média 19


gramas por semana;

Caixa 2: ingestão de 295 gramas no total, sendo consumido em média 23


gramas por semana;

Caixa 3: ingestão de 282 gramas no total, sendo consumido em média 22


gramas por semana;

Caixa 4: ingestão de 241 gramas no total, sendo consumido em média 18


gramas por semana.

Esses resultados estão sendo ilustrados no Gráfico 1.


24

Gráfico 1– Quantidade de alimento total consumida por caixa segundo tipo de alimento.
Julho – outubro, 2020.

Verifica-se que, ao longo do experimento o consumo médio de resíduos é de


20,5 gramas.

Das 120 baratas usadas no experimento 56 baratas cresceram e se


desenvolveram em adultos(Quadro 2). De todas as Baratas adultas 8
apresentaram deformidade( figura 15).
25

Quadro 2 – Desenvolvimento das baratas no final do experimento. Julho – outubro,2020.

Desenvolvimento das baratas


  Quant. Ninfa Quant. Adulto Quant. Deformidade
Caixa 1 7 19 4
Caixa 2 16 13 1
Caixa 3 14 15 1
Caixa 4 19 9 2

Figura 15- Comparativo da Barata com e sem deformidade

O período de realização do trabalho coincidiu com o meio da estação do


inverno e início da primavera. Apesar da predominância de temperaturas mais
baixas, as observações revelaram que, essa quantidade de baratas se
alimentou de aproximadamente, 1kg de alimento orgânico descartado de uma
residência. (Gráfico 2 e Quadro 3).
26

Gráfico 2- Gráfico de quantidade consumida de acordo com a temperatura x semana.


Julho-outubro,2020.

Quadro 3. Quantidade de alimento consumido segundo a temperatura x semana. Julho-


outubro,2020.

Foram oferecidos 4 tipos de alimentos diferentes para cada caixa, mas a


caixa alimentada com alimentos triturados, apresentou maior consumo de
alimento do que as outras caixas, mas a caixa 3 teve maior desenvolvimento
27

de baratas da fase de ninfa e metamorfose para fase adulta. Das 120 baratas,
47(39%) conseguiram atingir o seu estágio adulto.

Durante o período de realização do experimento não houve nenhum óbito


ou nascimento por caixa, tendo 100% de sobrevivência nas caixas.

Tendo em vista que, o experimento teve apenas três meses de realização,


nas estações mais frias, não houve nascimentos e não pôde ser avaliado se
uma população de baratas adultas da Blaberus giganteus possa consumir a
mesma quantidade de alimento no mesmo intervalo de tempo.

Não consta na literatura cientifica nacional e internacional trabalhos ou


experimentos realizados sobre o assunto. Esse fato nos limita a discutir os
resultados de maneira comparativa.
28

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Devido a atual pandemia do Novo Coronavírus (SARS-2 COVID 19), e


consequentes limitações, esse trabalho se limitou a realizar o experimento
apenas os meses de julho a outubro do ano em curso. Tendo obtido resultados
que nos permitiram inferir, entretanto, não são conclusivos.

Nessa época predomina o inverno, com temperaturas mais baixas,


dessa forma os insetos têm o seu metabolismo reduzido, mas apesar disse
fato, o experimento mostrou que a temperatura não interferiu diretamente no
consumo de alimento por parte das baratas. Ainda, foi possível observar que,
no período de temperatura mais baixa houve maior consumo do que o período
de temperatura mais alta.

Em condições experimentais, as baratas Blaberus giganteus em uma


quantidade de 120 indivíduos podem consumir aproximadamente 1kg de
matéria orgânica gerada por uma única residência em um intervalo de três
meses. O que pode sugerir que, se o experimento fosse repetido em um
intervalo maior, as baratas poderiam consumir mais alimento sob as mesmas
condições.

Esses resultados também nos confirma o hábito alimentar onívoro da


barata, se alimentando de todas as ofertas.

Na literatura nacional e internacional, não foi encontrado publicações


sobre o assunto. Possivelmente, esse trabalho seja inédito, motivo pelo qual
recomendamos que sejam empreendidos experimentos similares abrangendo
diversas estações do ano.
29

REFERÊNCIAS

DIAS, José Antonio. A Importância Ecológica das Baratas. Biorritmo. 2011.


Disponível em: <http://profjabiorritmo.blogspot.com/2011/08/importancia-
ecologica-das-baratas.html>. Acesso em: 31 jul. 2020.

DW BRASIL. Fazendas de baratas abastecem mercado de proteína na China.


2018.Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=Y04cXmlwWe0&t=3s>. Acesso em: 12
nov. 2020.

MACHADO, João Antonio Rangel. Desenvolvimento de Metarhizium anisopliae


em ninfas de Periplaneta americana durante a invasão, Graduação em Biologia
da Relação Parasito-Hospedeiro, Universidade Federal de Goiás, Goiânia,
p.61, 2015, Disponível em: <https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/291/o/Jo
%C3%A3oAnt%C3%B4nio_2015_Vers%C3%A3oFinal.pdf.>. Acesso em: 12
abr. 2020.

MARQUES, Jordana Almeida et al. Biodecompositor: alternativa sustentável


para o tratamento dos resíduos orgânicos. In: Anais Colóquio Estadual de
Pesquisa Multidisciplinar (ISSN-2527-2500) & Congresso Nacional de Pesquisa
Multidisciplinar. 2016. Disponível em: < https://scholar.google.com.br/scholar?
hl=pt-BR&as_sdt=0%2C5&q=Biodecompositor%3A+alternativa+sustent
%C3%A1vel+para+o+tratamento+dos+res%C3%ADduos+org
%C3%A2nicos&btnG=> . Acesso em: 11 abr. 2020.

MIKOLA, T.V.Z. Revisão bibliográfica da ocorrência de baratas em ambiente


urbano no brasil. instituto de biociências, Rio Claro, p. 1-40, 2010. Disponível
em: <https://ib.rc.unesp.br/Home/Pesquisa58/CEIS-
CentrodeEstudosdeInsetosSociais/t5-revisao-bibliografica-da-ocorrencia-de-
baratas-em-ambiente-urbano-no-brasil.pdf.>. Acesso em: 10 out. 2019.
30

NESSIMIAN, Jorge Luiz. Ordem Blattodea: (blatta = inseto lucífugo, barata). In:


Insetos Aquáticos na Amazônia brasileira: taxonomia, biologia e ecologia. Rio
de Janeiro, RJ: Editora do INPA, 2014. v. 1, cap. 16, p. 289 a 295. Disponível
em: <https://bioforum.files.wordpress.com/2018/05/16-blattodea.pdf.>. Acesso
em: 6 abr. 2020.

OSCORDADOS, Baratas Nativas Do Brasil- Gênero Blaberus disponível em:


<https://oscordados.blogspot.com/2019/06/baratas-nativas-do-brasil-
genero.html.> Acesso em: 23 out. 2019.

PERALTA-ZAMORA, P. et al. Remediação de efluentes derivados da indústria


de papel e celulose. Tratamento biológico e fotocatalítico.1996. Instituto de
Química. UNICAMP, Campinas - SP, 1996. Disponível em:
<https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-
40421997000200010&script=sci_arttext.>. Acesso em: 11 abr. 2020.

POSSER, J.G. A Classe Dos Insetos, Disponível em: <http://zoologia-


jisohde.blogspot.com/2013/02/barata-gigante-blaberus-giganteus.html>.
Acesso em: 21 out. 2019.

RAFAEL, J.A et al. Baratas (Insecta, Blattaria) sinantrópicas na cidade de


Manaus, Amazonas, Brasil. Acta Amazonas, Manaus, v. 38, ed. 1, p. 173-178,
2008. DOI http://dx.doi.org/10.1590/S0044-59672008000100020. Disponível
em: <http://www.scielo.br/pdf/aa/v38n1/v38n1a20.pdf.>. Acesso em: 21 out.
2019.

VARGAS (ed.). La cucaracha: un curioso insecto ( dictyotera: blattaria). San


Jose (costa Rica): Editorial de La Universidad de Costa Rica, 1995. 25 p.
Disponível em:<https://books.google.com.br/books?
31

hl=ptR&lr=&id=4VkvKM_qK6QC&oi=fnd&pg=PA7&dq=related:7OljqUMJoyJua
M:scholar.google.com/
&ots=36_KPWfgGO&sig=wpfbZRacqtW02Etf8vTmh7Ex19E&redir_esc=y#v=on
epage&q&f=false.>. Acesso em: 26 abr. 2020.

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