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GORDURAS NA GASTRONOMIA
FUNCIONAL
Professora:
Me. Thanise Pitelli
DIREÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
•• Estudar sobre a recomendação para o consumo de gorduras.
•• Abordar as indicações quanto à ingestão de azeite de oliva.
•• Entender a diferença entre a manteiga e margarina como ingredientes da
gastronomia funcional.
PLANO DE ESTUDO
introdução
6 Pós-Universo
Consumo de Gorduras
saiba mais
Os ácidos graxos essenciais (aqueles que os animais não conseguem sinte-
tizar), encontram-se, principalmente, na composição das células vegetais,
sendo sua presença imprescindível na dieta, especialmente no que diz res-
peito aos ácidos linoléico e o linolênico
São duas famílias de ácidos gordurosos poli-insaturados, cada uma re-
presentada por um ácido essencial: o ácido linoléico (ômega-6) e o ácido
alfa-linolênico (ômega-3).
A família ômega-6 produz eicosanóides inflamatórios e cancerígenos, aumen-
tando o risco de situações como: câncer, morte súbita, doenças cardíacas,
vasoconstrição, aumento da pressão arterial, elevação da taxa de triglice-
rídeos, artrite, depressão entre outras. Já, os ácidos graxos ômega-3 são
antiinflamatórios, antitrombóticos, antiarrítmicos e reduzem os lipídeos do
sangue, tendo propriedades vasodilatadoras. Doenças degenerativas como
diabetes, artrite e câncer estão relacionadas à desproporção dos ácidos
ômega-6 e ômega – 3, que constituem nossa alimentação, ou seja, uma
grande concentração de ômega-6 e uma escassez de ômega-3.
Fonte: Fagundes (2002).
fatos e dados
Segundo o relatório Organização das Nações Unidas para Agricultura e
Alimentação, em 1994, ficou comprovado que a desproporção no consumo
de ômega-3 e ômega-6 é um dos principais fatores inflamatórios da dieta
ocidental, uma vez que o consumo estimado da população é de 25 uni-
dades de ômega-6 para cada unidade de ômega-3, bastante diferentes do
consumo de nossos antepassados e das recomendações atuais que, para
uma dieta saudável, recomenda-se que façamos ingestão na proporção
de, no máximo, 10 unidades de ômega-6 para cada unidade de ômega-3.
Fonte: FAO (1994).
10 Pós-Universo
Azeite de Oliva
Uma boa maneira de utilizar os óleos no dia a dia, de maneira equilibrada e variada,
é preparar os azeites aromatizados, que podem ser adicionados em saladas, pratos
quentes (na hora de servir) ou até mesmo para passar no pão, como substituto da
margarina.
Pesquisadores da Universidade de Leicester (CLAXSON, 1994), na Inglaterra, obser-
varam recentemente que determinados óleos podem produzir diversos compostos
tóxicos durante o aquecimento. Estes pesquisadores demonstraram que o azeite
de oliva é o óleo que produz menos compostos tóxicos, mesmo quando submeti-
do à fritura, o mesmo aconteceu com a manteiga. A dica dos pesquisadores é que
o azeite é a melhor gordura, tanto por gerar menos aldeído, como também devido
às suas alterações serem menos agressivas para nossa saúde quando comparadas a
outras gorduras.
Para dar um toque especial ao azeite, uma das dicas é adicionar ervas aromáticas
naturais, tais como o alecrim, a sálvia, o manjericão e até alho. Essa técnica é conheci-
da como infusão ou aromatização. Pode ser feita a frio ou a quente, sempre pensando
em preservar os benefícios funcionais do alimento (SAVIOLI; CALEFFI, 2013).
Na gastronomia funcional, Tozzo (2016) orienta que, ao aromatizarmos os azeites,
a preferência é pelo método de infusão a frio, uma uma vez que, apesar do aqueci-
mento extrair muitos compostos aromáticos, também pode saturar as boas gorduras
e oxidar as substâncias que queremos extrair. Portanto, para os óleos vegetais que
resistem às temperaturas maiores, podem ser até ser submetidos ao método de
infusão quente, porém, ainda assim, utiliza-se apenas temperaturas amenas (nunca
temperaturas elevadas).
Uma diferença entre a técnica utilizada na gastronomia clássica em relação à
gastronomia funcional é a quantidade de ingredientes utilizados para a aromatiza-
ção. Nas receitas tradicionais, muitas vezes, misturam-se várias ervas e especiarias
visando conferir sabor e aroma. No entanto, quando a intenção é extrair os compos-
tos funcionais do alimento, o número de ingredientes deve ser limitado, pois, como
queremos que esses compostos bioativos passem para o azeite, se usarmos muitas
ervas, o meio ficará saturado e não haverá extração completa (PETRINI; BOTINI, 2009).
Portanto, para aromatizar o azeite e aproveitar, ao máximo, os compostos, utilize no
máximo três componentes (entre ervas e especiarias).
12 Pós-Universo
Infusão a quente
Sugestão de preparo:
•• 40g de ervas secas ou 120g de ervas frescas a cada 200ml de óleo vegetal.
•• Se for feito com ervas frescas, basta peneirar e guardar este óleo. Se for feito
com ervas secas, deixe descansar por um período de uma a duas semanas,
peneirando antes de iniciar o uso.
•• Dica: para esterilizar bem o frasco, ferva por pelo menos 10 a 20 minutos.
Isso é importante para não permitir a contaminação do alimento que será
armazenado. Deixe secar naturalmente.
Pós-Universo 13
Infusão a frio
Para o preparo da infusão a frio, deve-se dar preferência pelas ervas frescas, já que
a extração dos compostos é mais fácil (e não tem a temperatura para auxiliar no
processo).
Sugestão de preparo:
•• Higienizar e secar bem as folhas das ervas frescas que serão utilizadas, mis-
turando todos os ingredientes em um pilão.
saiba mais
Você conhece os diferentes tipos de azeite existentes? A União Européia
classifica da seguinte maneira:
•• Extravirgens: acidez é menor do que 0,8%, são produtos de alta qua-
lidade gastronômica e, no dia a dia, são utilizados para finalização de
pratos ou saladas. Tem 330 mg de vitamina E/kg e 400 compostos an-
tioxidantes diferentes.
•• Virgem: acidez entre 0,8% e 2%, na sua comercialização podem receber
o epíteto fino. – Lampante: acidez maior do que 2% e destinam exclu-
sivamente para uso industrial.
Azeites que superam o grau de acidez de 2% ou que por problemas cli-
máticos ou de processo apresentam defeitos sensoriais são destinado ao
refino (que não modifica a estrutura química, porém elimina os seus defei-
tos, resultando em um produto com acidez não superior a 0,3%). O azeite
refinado não é vendido aos consumidores e está destinado exclusivamen-
te à utilização industrial.
A mistura de azeite refinado com azeite virgem (extra, fino ou lampante)
recebe a denominação genérica “azeite de oliva”. O grau de acidez final não
pode superar a 1%. Ele contém 220 mg de vitamina E/kg e 80 compostos
antioxidantes.
Fonte: Instituto Espanhol de Comércio Exterior (2017).
14 Pós-Universo
Manteiga e
Margarina
Figura 3: Manteiga
Pós-Universo 15
Embora a manteiga seja uma gordura saturada, é muito menos processada do que
qualquer tipo de margarina (ou até mesmo requeijão com baixo teor de gordura)
e, se consumida com moderação, pode fazer parte de uma dieta saudável (TOZZO,
2013). Para isso, a indicação é sempre utilizar a manteiga clarificada, também conhe-
cida como manteiga ghee ou manteiga purificada, que é a purificação da gordura
do leite de vaca, em que são retirados todos os elementos sólidos, como a lactose,
proteínas, toxinas e também a água. Quando preparada adequadamente, a mantei-
ga clarificada não necessita de refrigeração e seu ponto de fusão é alto, podendo
ser utilizada em preparações que necessitam de aquecimento, como no preparo de
legumes refogados, para refogar a cebola do arroz ou até mesmo no pão do café da
manhã (SAVIOLI; CALEFFI, 2013).
A manteiga clarificada serve como base, tanto na Gastronomia Funcional como
em outras cozinhas, por ser uma manteiga pura, seu sabor é mais acentuado e confere
características únicas aos alimentos. Mesmo clarificada, a manteiga é basicamente
uma gordura saturada, com ácidos graxos de cadeia curta, que são facilmente assimi-
lados quando ingeridos pelo nosso organismo. A manteiga é fonte, ainda, de ácido
butírico, uma substância altamente utilizada pelas células intestinais como fonte
energia (ORNELLAS, 2007).
Sugestão de preparo:
saiba mais
Outra fonte bastante importante de gordura são as oleaginosas, como as
amêndoas, nozes e castanhas. A Castanha do Pará, por exemplo, foi rebatiza-
da como Castanha do Brasil e possui um valioso teor proteico (17% quando
desidratada) e, principalmente, de gordura (67% do peso seco). Possui uma
grande quantidade de selênio – podendo suprir as necessidades diárias em
apenas 2 unidades, um importante antioxidante que, quando consumido
moderadamente, atua no sistema imunológico. Além disso, as oleaginosas
também são fonte de uma vitamina antioxidante, a vitamina E.
Com elas, pode-se preparar uma ricota de castanhas, basta hidratá-las por
24h, triturar bem no liquidificador e peneirar, quanto mais espremer, mais
compacta ficará. Como resultado teremos uma massa úmida, que é a base
para a ricota. Basta temperá-la da forma que preferir, servir com torradas!
Fonte: Savioli e Caleffi (2013).
atividades de estudo
a) Saturada.
b) Monoinsaturada.
c) Poliinsaturada.
d) Gordura magra.
e) Gordura gorda.
I) Durante a clarificação, a manteiga deve ferver para que a água evapore e as im-
purezas concentrem, facilitando sua retirada.
II) Após a retirada das impurezas é importante aguardar um pequeno período antes
de peneirá-la ou coá-la.
III) Não indica-se fazer esse processo em banho-maria, pois demora muito.
IV) Quanto mais espuma for retirada, mais impurezas estão sendo retiradas, assim
como, se formar líquido no fundo do recipiente, também deve ser retirado.
Estão corretas:
a) II, III e IV.
b) I, II e IV.
c) I e IV.
d) II e IV.
e) I e III.
resumo
As gorduras podem ser compostas por cadeias saturadas ou apresentar uma ou mais in-
saturações, mono ou poli-insaturada, respectivamente, e mesmo a gordura saturada é
necessária (em menores quantidades quando comparada às outras). Ao adicionar as gor-
duras nas preparações, deve-se evitar o aquecimento, já que, quando aquecidas, podem
gerar compostos químicos prejudiciais, os aldeídos. Além disso, sofrem saturação e oxida-
ção, perdendo sua qualidade.
Quando aquecido a baixas temperaturas, o azeite de oliva é o óleo que sofre menores altera-
ções, gerando compostos menos agressivos à saúde quando comparado a outras gorduras.
Outra gordura que sofre poucas alterações durante o processo é a manteiga que, apesar
de ser saturada, é um produto menos processado do que outros óleos, como a margarina,
o requeijão com baixo teor de gordura e, até mesmo, alguns óleos vegetais.
Assim, se consumida com moderação, pode fazer parte da dieta saudável com a indicação
de utilizá-la após a clarificação, processo no qual as impurezas são retiradas. Para dar um
toque especial ao azeite e à manteiga clarificada, pode-se adicionar outras fontes de gor-
duras, como o óleo de linhaça e até saborizá-los com ervas naturais. Independente do tipo
de gordura, não existe um único alimento a ser consumido no dia a dia, ou até mesmo que
devem ser excluídos definitivamente da alimentação, pois o importante é ter moderação,
equilíbrio e variedade.
material complementar
BAYLEY, C. Culinária Funcional: receitas especiais para pessoas diagnosticadas com câncer.
São Paulo: Publifolha, 2013.
CLAXSON, A. W. D. Generation of lipid peroxidation products in culinary oils and fats during
episodes of thermal stressing: A high field 1H NMR study. FEBS Letters, v. 355, n. 1, p. 81-90,
nov., 1994.
DAMODARAN, S.; PARKIN, K.; FENNEMA, O. R. Fennema’’s food chemistry. 4. ed. Boca Raton:
CRC Press, 2008. 1144 p.
ORNELLAS, L. H. Técnica dietética: seleção e preparo de alimentos. 8. ed. São Paulo: Atheneu,
2007.
PETRINI, C. BOTINI, R. L. Slow food: princípios da nova gastronomia. São Paulo: SENAC, 2009.
TOZZO, C. Cozinha funcional por Cris Tozzo: Receitas e dicas essenciais para uma cozinha
cheia de saúde. E-book, 2016.
resolução de exercícios
1. b) Monoinsaturada.
3. d) II e IV.