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imbatível
Rica em gorduras do bem, ela combate a obesidade, dá um chega pra
lá no diabete e ainda livra o coração de entraves por Thaís Manarini / design
Ana Paula Megda / fotos Alex Silva
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No universo da nutrição, algumas parcerias são conhecidas por sua sinergia. É o caso do
azeite de oliva e do óleo de linhaça, como comprova um novo estudo do Laboratório de
Sinalização Celular da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de
Campinas, a Unicamp, no interior paulista. Segundo o trabalho, pequenas doses desses
alimentos combinados reduzem o risco de obesidade e afastam o diabete do tipo 2.
"Estipulamos que 35% da alimentação total seria formada por gorduras. Então, dividimos
os animais em três grupos e demos a cada um diferentes doses dos ômegas", descreve
Juliana. No final, notou-se uma melhora no estado inflamatório do hipotálamo, permitindo
que os roedores percebessem a sensação de barriga cheia. Como consequência, eles
passaram a comer menos e, viva!, não acumularam quilos extras. Para a história ficar
ainda mais apetitosa, houve diminuição nas taxas de açúcar correndo pelo sangue,
provavelmente por um aumento da sensibilidade à insulina, o que favoreceu o controle do
diabete.
E, para quem acha que é preciso se empanturrar de azeite e óleo de linhaça para obter os
benefícios, um aviso: os melhores efeitos foram registrados na turma que ganhou
pequenas porções, facilmente conquistadas no prato — uma única colher de sopa de cada
óleo estaria de bom tamanho. A colherada, no entanto, escoou pela culatra no grupo que
recebeu uma suplementação bem mais do que caprichada. "Apesar de benéficas, essas
gorduras são bastante calóricas. Portanto, devem ser consumidas com moderação",
informa Louise Saliba, professora de nutrição da Pontifícia Universidade Católica do
Paraná (PUC-PR).
Ainda cabe ressaltar que a farinha da linhaça disponibiliza teores generosos de ômega-3
e, por isso, pode ser uma opção ao óleo da semente. "O correto é comprar os grãos e
triturá-los em casa para garantir o total aproveitamento das gorduras do bem, que podem
se perder durante o processo de industrialização do farelo", informa a nutricionista Camila
Janielle, do Hotel-Escola
Senac, em Campos do Jordão, no interior de São Paulo. Se não conseguir consumir todo
o conteúdo de uma só vez, outro macete para preservar suas propriedades: "Armazene-o
em um recipiente fechado dentro da geladeira", ensina Roberta Thys, professora da
Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS).
Coração blindado
Ninguém precisa esquentar a cabeça caso não seja possível usar os dois óleos juntinhos,
no mesmo dia — o que até seria o ideal, mas... Individualmente, o duo também bate um
bolão. Segundo um estudo recente do grupo EurOlive, formado por instituições de cinco
países europeus, os polifenois do azeite de oliva ajudam a frear a oxidação do colesterol
LDL, considerado perigoso. Quando isso ocorre, reduz-se o risco de placas de gordura na
parede dos vasos, a temida aterosclerose — doença por trás de encrencas como o infarto.
A conclusão veio à tona depois de os cientistas estimularem 200 homens a consumir o
óleo dourado com diferentes concentrações de polifenois ao longo de três semanas.
Segundo Louise Saliba, o óleo da azeitona ainda guarda outros trunfos. "Ele estimula a
dilatação dos vasos sanguíneos e, assim, reduz a pressão arterial. Também resguarda o
DNA contra danos oxidativos, evitando tumores", conta. A dica para usufruir de tanta
benesse é regar saladas, arroz, vegetais cozidos, pães e torradas com 2 a 4 colheres de
sopa do alimento por dia. "O ideal é usá-lo frio, já que o calor degrada, parcial ou
totalmente, os compostos antioxidantes", avisa a nutricionista da PUC do Paraná.
Efeito chapa-barriga
A balança deixou claro que, em dois meses, todo mundo emagreceu. Porém, na turma que
abocanhou o farelo marrom os resultados foram mais expressivos: além de enxugarem
cerca de 4 quilos, as voluntárias viram as taxas de massa gorda, circunferência da cintura,
pressão arterial sistólica, colesterol total e triglicerídeos despencarem. A maior quantidade
de fibras na linhaça escura é, ao que tudo indica, a responsável por tantas proezas. "Esse
nutriente também é importante para acelerar o trânsito intestinal", lembra Claudia Cozer,
endocrinologista e diretora da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da
Síndrome Metabólica.
Mas aqueles que preferem a linhaça dourada não precisam deixá-la no limbo. Afinal, ela
também possui propriedades nutricionais e terapêuticas muito interessantes. Quando o
quesito é a presença do famoso ômega-3, por exemplo, é ela quem sai ganhando. O
mesmo ocorre em relação às lignanas. "Essas substâncias são muito semelhantes ao
estrogênio, tanto por causa da estrutura química como pela função. Dessa forma, podem
ser úteis para minimizar os sintomas da menopausa, período em que os níveis desse
hormônio feminino sofrem uma queda natural", explica Roberta Thys, da UFRGS. Como se
vê, tem benefícios para todos os gostos — e necessidades.
Tipos de azeite:
Extravirgem
É obtido na primeira prensa das azeitonas, sem uso de calor nem produtos químicos.
Portanto, abriga a maior parte dos compostos benéficos. Sem contar que é a versão
menos ácida.
Virgem
Ele é produzido por meio da segunda prensa ou centrifugação. Depois, vem o processo de
refinamento. Pelo caminho, perde parte das substâncias tão desejadas.
Com óleo de soja
A mistura resulta em um produto bem atraente para o bolso, mas nada interessante para a
saúde. Afinal, é pobre nos compostos ativos que fazem a fama do azeite extravirgem.
- Escolha o produto armazenado em lata ou vidro escuro, que evitam perdas nutricionais;
- Guarde-o longe da luz e também do calor;
- Depois de abri-lo, não leve muito tempo para consumir.