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Os seus criadores alegam que a base desta dieta, os alimentos ricos em polifenóis, permitem
uma perda de peso sem sacri car massa muscular, enquanto mantem o humor e o bom estado
de saúde em geral (1). No entanto, alguns especialistas alertam para o facto de esta dieta poder
ser uma má ideia.
Neste artigo que a saber tudo sobre a dieta Sirtfood e os potenciais benefícios (e
desvantagens) que ela pode trazer.
A dieta Sirtfood é publicitada como sendo uma nova e revolucionária abordagem que funciona
através da ativação do nosso gene “magro”.
Esta dieta tem por base o estudo das sirtuinas (SIRTs), um grupo de 7 proteínas corporais que
regulam uma variedade de funções incluindo o metabolismo, a in amação e longevidade (2).
Couve
Vinho tinto
Morangos
Cebolas
Soja
Salsa
Azeite virgem extra
Chocolate negro (≥ 85% cacau)
Chá verde Matcha
Trigo sarraceno
Açafrão
Nozes
Rúcula
Pimenta chili “olho de pássaro”
Levístico
Tâmaras Medjool
Chicória vermelha
Amoras
Alcaparras
Café
A dieta combina os alimentos SIRT com a restrição energética, ambos fatores que podem estar
envolvidos na produção de mais proteínas SIRT.
SERÁ EFICAZ?
Por onde começar? Os autores desta dieta, dois nutricionistas britânicos (Aidan Goggins e Glen
Matten), fazem sérias alegações quanto aos seus benefícios, incluindo que pode potenciar a
perda de peso acima do que é normal, ativando o gene “magro” enquanto mantem a massa
muscular e previne o aparecimento de doenças crónicas.
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O problema é que não existem muitas provas quanto a estas alegações. Até ao momento, nada
aponta para que esta dieta em especí co seja mais vantajosa para a perda de peso como
qualquer outra dieta que envolva a restrição energética.
Alias, no fundo, esta é mais uma dieta de nome rebuscado cuja real premissa é a restrição
energética. E mesmo que os alimentos incluídos nesta dieta tenham efeitos comprovados na
saúde humana, não existem ainda ensaios clínicos a longo prazo para determinar se consumir
alimentos ricos em SIRT produz resultados tangíveis na saúde humana.
Com efeito, o único “estudo” com resultados está incluído no livro da própria dieta, tendo sido
realizado em 39 voluntários do ginásio onde os criadores da dieta trabalham. Durante 1 semana,
os participantes seguiram a dieta e praticaram exercício físico diariamente, tendo perdido uma
média de 3.2 kg mantendo ou mesmo ganhando massa muscular.
Embora aparentemente surpreendentes, estes mesmos resultados não são exclusivos da dieta
Sirtfood, podendo ser atingidos com qualquer outro tipo de restrição energética.
O segundo ponto a destacar é a perda de seguimento dos participantes. Sim, estes resultados
foram obtidos em apenas uma semana, mas ninguém sabe o que aconteceu depois. De uma
forma simples, quando há privação energética, o organismo desvia o consumo de calorias para
as reservas de glicogénio dos músculos e fígado.
Ora, por cada molécula de glicogénio utilizada, são libertadas entre 3 e 4 moléculas de água, ou
seja, a perda de peso inicial de qualquer abordagem hipocalórica deve-se maioritariamente à
perda de água e não massa gorda.
Na verdade, na primeira semana de qualquer restrição energética extrema, apenas 1/3 do peso
perdido corresponde a massa gorda (4, 5). A partir do momento que são incorporadas mais
calorias na dieta, o organismo ressintetiza o glicogénio gasto e o peso volta.
No entanto, as mazelas deixadas na taxa de metabolismo são uma realidade e, aos poucos, o
organismo vai perdendo a capacidade para gastar energia por si só (4, 6).
Por isso, é bem provável que esta dieta ajude a perder peso no início, mas, como qualquer
abordagem de restrição energética, esse peso volta a partir do momento que as 3 semanas de
intervenção terminam.
Quanto à prevenção de doença crónica, não é de todo razoável a rmar que 3 semanas sejam
su cientes para produzir resultados tangíveis a longo prazo. Se por um lado os alimentos ricos
em SIRT são bené cos para a saúde e se o seu objetivo é mesmo esse, mais vale incluí-los no
padrão que já tem e deixar a dieta Sirtfood em si de lado.
Se mesmo após toda a explicação quiser seguir esta dieta, deve saber que ela tem duas fases
distintas. Após 3 semanas, é suposto continuar a consumir alimentos ricos em SIRT bem como o
batido característico da dieta.
Embora sejam relativamente fáceis de encontrar, dois dos ingredientes destaque desta dieta
podem ser mais difíceis de adquirir, quer pelo preço, quer pela disponibilidade, sendo eles o pó
de chá verde matcha e a ligústica.
O sumo verde é uma parte essencial da dieta, devendo ser consumido várias vezes ao dia e
preparado com recurso a uma balança porque sim, para atingir a restrição energética os
alimentos devem ser pesados. A receita é a que segue:
75 gramas de couve
30 gramas de rúcula
5 gramas de salsa
2 aipos
1 cm de gengibre
Meia maça verde média
Meio limão
Meia colher de chá de pó de chá verde matcha
Nos primeiros 3 dias a ingestão ronda as 1000 calorias por dia, que envolvem o consumo do
sumo verde 3 vezes ao dia mais uma refeição baseada nas receitas do livro fornecido.
Nos restantes dias da primeira fase, o consumo energético aumenta para as 1500 calorias, que
incluem 2 sumos verdes e 2 refeições baseadas no livro da dieta.
A segunda fase dura 2 semana, sendo uma fase de manutenção de peso. Não há limite de
calorias nesta fase. Em vez disso, os participantes devem consumir 3 refeições ricas em SIRT e
um sumo por dia.
Depois da dieta
As duas fases da dieta podem ser repetidas conforme a preferência e os objetivos a alcançar. No
entanto, após voltar ao padrão de alimentação “normal”, os participantes são encorajados a
incluir os alimentos ricos em SIRT bem como os sumos na alimentação diária. Neste sentido, a
dieta Sirtfood torna-se mais um estilo de vida do que uma dieta em si.
A dieta Sirtfood é desnecessariamente restritiva e não oferece qualquer vantagem exclusiva que
a destaque das restantes dietas. Para além disso, ingerir apenas 1000 calorias não é
recomendado sem supervisão de um pro ssional habilitado.
A dieta envolve ainda o consumo do sumo verde que, embora extremamente rico em vitaminas
e minerais, também é uma fonte de açúcar simples e é pobre em bra, componente com
importância comprovada na perda de peso e promoção da saúde em geral (7).
Já para não falar das prováveis carências proteicas, especialmente na primeira fase da dieta, a
disponibilidade muito reduzida de alimentos pode in uenciar ainda na capacidade de manter a
dieta durante 3 semanas.
Por m e não menos importante, alguns dos ingredientes chave desta dieta são caros e
francamente difíceis de encontrar, para além dos gastos associados a ter de adquirir o livro de
receitas e um liquidi cador, e esta dieta pode deixá-lo não só mais leve no peso como no bolso.
Embora a primeira fase seja nutricionalmente pobre, não existem quaisquer preocupações
quanto á segurança da dieta Sirtfood para a maioria das pessoas.
No entanto, diabéticos que ingiram poucas calorias e que consumam sumos verdes podem ver
os seus valores de açúcar no sangue perigosamente alterados (8).
Mesmo para pessoas saudáveis, o maior constrangimento associado a esta dieta pode ser a
fome. Ingerir 1000 a 1500 calorias por dia, sendo uma parte signi cativa sob a forma de sumos
pobres em proteínas, gorduras e bras vão di cultar muito a tarefa de gerir o apetite (9).
Durante a fase 1 alguns possíveis sintomas são fadiga, irritabilidade e tonturas associados à
restrição energética severa. Para além destes, partindo do princípio que se trata de adultos
saudáveis, não se esperam consequências para a saúde de maior se a dieta durar 3 semanas.
CONCLUSÃO
A dieta Sirtfood é rica em alimentos saudáveis, mas não em padrões de alimentação saudáveis.
Para além de promover uma perda de peso rápida sem elucidar o que é que está a ser perdido,
são feitas alegações de saúde bastante sérias sem qualquer base cientí ca que as comprove.
Acrescentar os alimentos ricos em SIRT ao dia alimentar não é de todo má ideia e pode trazer
benefícios para a saúde, mas esta não passa de mais uma dieta restritiva como tantas outras,
sem nada de especial que valha o burburinho criado em torno dela.
Fontes
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