Ensina-me, Senhor, a valorizar o dom que sustenta a minha vida e a manifestar em
cada dia uma atitude de acolhimento e gratidão. Para quem quiser ver, a própria existência é amparada por uma rede de gratuitade, que em grande parte permanece invisível, mas sem a qual não conseguiríamos viver do mesmo modo. Ensina-me, Senhor, a reconhecer o dom, pois mesmo quando parece minúsculo não deixa de ser uma expressão do Teu amor. Ensina-me a agradecer as pequenas coisas, sentindo que elas habitaram primeiro o Teu regaço e transportam até mim esse conhecimento. Ensina-me a sublinhar os gestos de bem que parecem simplesmente ordinários, mas que para um coração agradecido nunca o são. Ensina-me a encorajar aquela verdade, bondade e beleza que se diriam apenas residuais e ínfimas, mas que como as sementes nos podem ainda surpreender. Ensina-me a não declarar inútil o sol e a chuva, o calor e o frio, o canto dos pássaros e o repentino silêncio. Ensina-me a não considerar sem préstimo o sorriso ou a lágrima, a palavra ou a escuta, a quietude ou a dança. Ensina-me a compor quotidianamente uma roda, onde tudo o que existe se dá as mãos. E seja essa roda a minha oração incessante.