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A ARTE DE LOUVAR

Ensina-nos, Senhor, a arte de louvar, pois ela conecta a nossa pequena vida
com o vasto, o ilimitado dom que, de tantas direcções diferentes, nos alcança.

Não permitas que o nosso coração se endureça na contabilidade de cada dia,


desatento ao prodígio que está mais próximo de nós do que pensamos.

Não nos deixes a folhear o léxico das lamúrias, fiscalizando as linhas da vida de
modo contrariado, mortiço e ressentido, mais inclinados a nos fixarmos
naquilo que considerámos um dano, em vez de saudar com generosidade o
bem que incessantemente nos visita.

Ensina-nos, em vez disso, a louvar: e não só quando com sucesso atingimos as


metas, mas também nas travessias demoradas, nas passagens ásperas e
trémulas, nas viagens que de repente se tornam mais longas ou mais incertas
do que aquilo que previmos.

Ensina-nos a louvar o incompleto, o vulnerável e o imperfeito, pois sem eles


não entraríamos em confidência connosco mesmos, nem com o amor ou com
a incondicional esperança que nos dedicas.

Ensina-nos a louvar não só porque vimos, mas também porque desejámos sem
ver; não só porque encontrámos, mas porque nos desafias neste momento
com mais intensidade a buscar; não só porque descobrimos finalmente a fonte,
mas porque no caminho tomámos consciência da nossa sede.

Ensina-nos, Senhor, que o louvor nos torna artesãos da transparência, da


leveza e da alegria que vêm de Ti.

P. Tolentino

23.05.2022

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