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REZAR DE NOVO A MANSIDÃO

Ensina-nos, Senhor, a mansidão das palavras. Que saibamos escolher as


palavras que lançam pontes, que deixam portas abertas ao que virá
depois, que continuam a favorecer a esperança. E que fujamos das
palavras marteladas que julgam, das palavras que pesam como
condenações sumárias, das palavras demasiado emotivas, das palavras que
estabelecem ruturas e nada mais.

Ensina-nos, Senhor, a mansidão dos gestos. Que saibamos habitar os


gestos que expressam ainda o desejo de dialogar, os gestos inequívocos de
estima pelo outro mesmo quando não estamos de acordo, os gestos que
não se afastam jamais da gentileza. E que evitemos os gestos implacáveis,
as descargas de ira, o tom agressivo que nos faz perder imediatamente a
razão, a armadilha que as diversas formas de violência representam.

Ensina-nos, Senhor, a mansidão do olhar. Que saibamos devolver ao


outro um olhar à altura daquilo que profundamente deve ser a relação
humana, um olhar que aprende a esperar, um olhar que não se
desencoraja com o que vê (mesmo se pode ser tão difícil aquilo que se
vê), um olhar capaz de avistar mais além. E que forjemos o nosso olhar
imitando, Senhor, a Tua delicadeza, a Tua arte de perdoar não só uma
vez, mas 70x7, a Tua inesgotável e fecunda compaixão.

Ensina-nos, Senhor, a mansidão que faz transformar o fardo pesado em


leve, que faz das crises etapas de discernimento e maturação, que permite
ao nosso frágil amor recomeçar.

P. Tolentino
24.04.2023

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