Ensina-nos, Senhor, a mansidão das palavras. Que saibamos escolher as
palavras que lançam pontes, que deixam portas abertas ao que virá depois, que continuam a favorecer a esperança. E que fujamos das palavras marteladas que julgam, das palavras que pesam como condenações sumárias, das palavras demasiado emotivas, das palavras que estabelecem ruturas e nada mais.
Ensina-nos, Senhor, a mansidão dos gestos. Que saibamos habitar os
gestos que expressam ainda o desejo de dialogar, os gestos inequívocos de estima pelo outro mesmo quando não estamos de acordo, os gestos que não se afastam jamais da gentileza. E que evitemos os gestos implacáveis, as descargas de ira, o tom agressivo que nos faz perder imediatamente a razão, a armadilha que as diversas formas de violência representam.
Ensina-nos, Senhor, a mansidão do olhar. Que saibamos devolver ao
outro um olhar à altura daquilo que profundamente deve ser a relação humana, um olhar que aprende a esperar, um olhar que não se desencoraja com o que vê (mesmo se pode ser tão difícil aquilo que se vê), um olhar capaz de avistar mais além. E que forjemos o nosso olhar imitando, Senhor, a Tua delicadeza, a Tua arte de perdoar não só uma vez, mas 70x7, a Tua inesgotável e fecunda compaixão.
Ensina-nos, Senhor, a mansidão que faz transformar o fardo pesado em
leve, que faz das crises etapas de discernimento e maturação, que permite ao nosso frágil amor recomeçar.