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1- Coletânea quebrando correntes

QUEBRANDO CORRENTES: O PRIMEIRO ELO

O conceito do consciente coletivo sobre estar acorrentado se resume a um


animal ou cidadão preso, contido a um espaço onde sua corrente alcance. Ao
transferir essa visão sucinta a ampla gama do emocional passamos a entender que
são inúmeros os elos desta corrente. Então vamos iniciar quebrando o primeiro elo,
o elo da cegueira.
A cegueira se instala em qualquer pessoa que se submete a uma situação ou
ambiente desconfortável, desagradavel ou tóxico e permanecer no mesmo para
mendigar algo que neste momento o “cego emocional”, por assim dizer, chama de
amor, porém não passam de comportamento de controle.
Esses pequenos fragmentos esmigalhados recebidos em um espaço de
tempo indeterminado, só tem a função de fazer com que cego emocional
permaneça acomodado na escuridão. Pois diante do breu que os fragmentos
emocionais instalam jamais conseguirá perceber que existe sim um amor completo
e maciço.
Ao receber a visão, mesmo que essa seja de um pequenino feixe de luz em
meio ao breu, iniciamos o processo de abertura para o novo mundo. Mundo este
onde as migalhas ainda existem, mas elas não alimentam mais a escuridão,
deixando assim que o brilho da insatisfação e a ânsia da mudança tome conta de
quem recém começou a enxergar.

QUEBRANDO CORRENTES: O SEGUNDO ELO

Uma vez rompido o primeiro elo da corrente e restaurada a visão do


indivíduo, a ânsia da mudança nos leva a busca do rompimento de elos mais
complexos. Iniciamos então o processo de ver o outro com olhos ambiciosos,
acerca do que podemos receber em troca.
E como todo ser humano, inundamos o relacionamento promissor com
expectativas, expectativas espelhadas no mito da sociedade perfeita, nos seus
próprios atos e relatos de pessoas que inusitadamente contam histórias felizes e de
sucesso nas redes sociais e rodas de conversa.
Ao não atingir as expectativas já que o outro só pode nos dar aquilo e
somente o que lhe tem na bagagem. Desesperançosos, quase a retroceder ao elo
da cegueira, que tenta se fechar com um emaranhado de justificativas e
pensamentos catastróficos, pegamos a marreta da verdade e arrebentamos o
segundo elo, o elo da expectativa.
E mais uma vez na ainda frágil estrutura emocional que se constrói,
desistimos do outro e voltamos as expectativas em metas inalcançáveis, como se
inconscientemente fizéssemos um jogo de derrota, uma comprovação do fracasso.
Ecoa então um grito do passado, que pergunta: - Está certo que merece a
felicidade?

QUEBRANDO CORRENTES: O TERCEIRO ELO

Ainda com o eco do passado a vibrar em nossos pensamentos entramos no


jogo da vida, onde o EU da mudança batalha com as comprovações fiéis dos ecos,
que em alguns momentos são tão convincentes, que desejamos jogar a toalha e
desistir de tudo. Eis que surge a luz e dessa luz a lembrança de que quando
crianças papai e mamãe elogiavam e enchiam de presentes o filho perfeito que por
coincidência sempre é o filho do vizinho, o primo ou o irmão e nunca somos nós.
Com o máximo esforço para vencer a batalha que foi travada em meio ao
nosso inconsciente nos tornamos perfecionistas. Pois o perfeito é digno e
merecedor da felicidade. Mas como nada é perfeito, desta forma só trocamos uma
luta pela outra entrando em um cansativo jogo de máscaras da pessoa que como
diz bem o dicionário está no mais alto grau ou nível de excelência.
É aí que a trama se complica, pois em cada nicho de convivência temos uma
régua diferente para nos medir o grau de excelência. Para nos vejam como imagem
de excelência, para que realmente funcione, precisamos produzir diversas máscaras
de perfeição, tornando nossas vidas um poço de cansaço e deveres a se cumprir.
Tudo isso para que tenhamos mais uma vez migalhas de atenção, que nunca
nos suprirão, pq na realidade a atenção que mais precisamos é a deveria ter vindo
de nossos pais. E hoje como adultos não sabemos como alcançá-lo. Embriagados
de cansaço e angústia, rompe-se mais um elo o elo do perfeccionismo.

QUEBRANDO CORRENTES: O ÚLTIMO ELO

Começo dizendo que para quebrar o último elo é necessário ter força, mas,
se percorremos o caminho até aqui, porque não insistir mais um pouco. A força que
preciso que vocês tenham é a força de vontade de ressignificar uma palavra muito
usada por todos nós, o NÃO.
Até agora falamos sobre comportamentos e pensamentos entranhados no
mais profundo, dores que talvez vocês nem soubessem que sentiam até ler essa
série de textos.
Isso não quer dizer que não devemos criar expectativas,elas são a base da
esperança. Não quer dizer que não devemos nos relacionar mas que é preciso
basear as expectativas de relacionamento pautadas na bagagem do outro. Assim
como não devemos ser como camaleão buscando se camuflar e ser aceitos.
Quebrar as correntes é sobre libertar-se do comodismo que lhes foi
determinado como o perfeito, o caminho da alegria, o padrão. E nós só vamos nos
libertar da corrente quando aprendermos a dizer N Ã O sem culpa, sem jugo.
Apenas NÃO porque me conheço, porque NÃO me agrada, porque NÃO me
convém e até mesmo porque NÃO quero.
É necessário entendermos que dizer NÃO, não está equiparado a cometer
um crime, é correto eu termos nossos desejos, nossas vontades. Dizer não ao outro
é me validar como pessoa única. Quando aprendemos a mudar o significado de
NÃO (se eu disser não e não fizer não serei mais amado), para NÃO (está tudo bem
nada mudou, só não é a minha vontade no momento), a incrível sensação de estar
livre tomará conta de cada um de vocês.

QUEBRANDO CORRENTES: RECONSTRUINDO SONHOS

Entrego, confio e agradeço! Entrego a mim o poder de decidir a minha vida,


confio em mim para tomar as melhores decisões e agradeço a briga do meu
inconsciente, ao meu cansaço e ao outro por ter me mostrado que eu me basto. Sou
Gerente da minha vida, gestor da minha felicidade, guia dos meus passos.
O tempo todo era EU e só EU quem atrapalhava, quem não enxergava. Eu
que buscava em lugares errados, os sonhos errados, com os planos errados. Hoje
sei quem EU sou, do que gosto e principalmente do que não gosto. Aprendi a dizer
não e sou feliz pela minha dor, porque sem ela não teria encontrado o pote de ouro
no fim do arco íris, a felicidade.
Já entendi que o outro pode me dar somente o que lhe tem na bagagem.
Que preciso basear minhas expectativas de relacionamento pautadas na bagagem
do outro. Conhecer o outro leva tempo, para me relacionar com o outro preciso
primeiro aprender a me relacionar comigo e com o meu silêncio.
É meu caro leitor, a vida não é feita de dor, medo e angústia, a vida não é
uma busca sem sentido. A vida é um trem que vaga de estação em estação, rápida
e continuamente, sem tempo para arrependimentos. Ela é uma só e nessa vida
devemos aproveitar ao máximo os momentos de felicidade, os passageiros e as
construções de lembranças, porque no final as recordações são o que nos restam.
Mas se vocês quiserem saber mais sobre isso, vão ter que acompanhar a
próxima série ”o trem da vida”. Hoje eu arrumo minhas malas, desço do seu trem e
me despeço com muita gratidão por ter feito parte da sua viagem mesmo que por
alguns minutos. Espero que ainda possamos nos cruzar em alguma parada, até lá
não se esqueça de ser feliz.

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