Você está na página 1de 216

Título: Lições de Amor

Autor: Rickdionis

Todos os direitos para a publicação desta obra reservados por:


Ricardo Dionis Pedro

Capa Verga Lopez Delgado


Fotógrafo António Manuel Loureiro
Coordenação Editorial TopBooks
Revisão TopBooks
Pré-impressão Helena Nunes
Impressão e acabamentos: Guide

Depósito Legal: 6355/14


1.ª Edição: Maio de 2015

Reservados todos os direitos. É proibida a reprodução desta obra por qualquer


meio, sem o consentimento expresso do editor. A violação destas regras será
passível de procedimento judicial, de acordo com o estipulado no Código do
Direito de Autor e dos Direitos Conexos.
RICKDIONIS

AS PALAVRAS QUE VOCÊ AINDA NÃO DISSE


AS PALAVRAS QUE VOCÊ PRECISA DIZER
7
Agradeço a Deus por tudo o que sou e por tudo o que não
sou, sem esquecer a minha família que apoiou este projecto deste
o início, assim como aqueles que participaram de forma directa
e indirecta com o melhor de si. Quero ainda agradecer o
Adelino João Mavinga, Ndakayenga Yopili e Alfredo Kitumba
Correia, pela colaboração prestada. Finalmente e
antecipadamente, quero também estender os meus
agradecimentos a todos os que lerem e ajudarem na divulgação
desta obra literária.

9
Dedico esta obra a todos os que amam
e dão oportunidade ao amor.

11
T
enho quase certeza que este não é o primeiro
livro que fala de amor que lê, mas se o tem na
mão é porque acredita que o pode ajudar a dissi-
par algumas nuances em volta do sentimento mais profundo
do ser humano - o Amor. O livro esta disponível para todos os
que pretendam aprender o que já sabem, mas que por motivos
de várias índoles foram forçados inocentemente a recuar,
chegando ao ponto de deixarem ruir um castelo que tinha sido
concebido para suportar as avalanches desmedidas da vida.
Não devemos ter medo de amar, é uma das frases mais patentes
nesta obra, tentando despertar aqueles que por alguma razão
não conhecem o amor, para que se libertem e conheçam este
doce desconhecido. Todavia, quem já foi tocado por esse
sentimento puro sabe que o mais difícil não é amar e, sim, não
encontrar a pessoa certa para amar. Muitos ainda carregam esta
dificuldade em assumir que amam alguém com medo das feridas
que nunca tiveram. Com esta obra poderemos entender que o
amor não se deve acovardar diante de sentimentos que em nada
ajudam a manter acesa a verdadeira chama do amor. Quero, de
forma neutra, interagir sobre a maneira correcta de tratar a
pessoa amada, no sentido de manter a conquista, pois sabemos
que o amor deve preocupar-se em controlar e vigiar, mas,mais do que isso,
deve aprender a partilhar e a conviver. É sabido que só se pode recuperar
aquilo que ainda não está perdido. Então, não perca este amor.

13
RICKDIONIS

Amor é sempre um tema complexo, difícil e existe bastante


beleza na sua abordagem, mas pelo que a prática nos revela, é
ainda mais difícil não o abordar. Ouvimos cenas amorosas nos
táxis, no trabalho ou na sala de aulas numa conversa entre
colegas, nas “fofocas”na rua, na voz de um desconhecido
carente, no canto de um bar onde todos são amigos depois de
uns copos, no balcão de uma loja... Enfim, é um tema que não
tem fronteiras, que chega mesmo até a roubar a atenção dos
mais sérios, daqueles que ao falarem duma questão tão doce e
descontraída o fazem de forma tão séria que assusta aqueles que
estão ao seu lado, embora o façam sem intenção, como é óbvio,
de magoar.
Há momentos em que queremos pensar somente em nós,
levar a vida ao nosso jeito, sem carregar este doce sentimento
por alguém, caminhar, dormir, comer e beber sós, ou seja, levar a
vida a um, porque deixámos de acreditar naquilo em que um dia
acreditámos. A vida parece ter perdido o sentido e achamos que
viver e amar já não existe. Passamos a ter dificuldade em acre-
ditar nas coisas, mesmo tendo vontade de acreditar, motivados
pela necessidade da verdade, pelo desejo que se tornou ausente
depois de tanto esperar ou, ainda, pelos sonhos adiados que não
conhecem o dia da sua concretização. Sentimos necessidade de
ter um motivo forte que preencha as lacunas e alimente as razões
para voltar a crer no amor que ainda vive na esperança de realizar
o desejo inconsciente que habita nas paredes desgastadas de um
coração outrora amado e ofendido.

Quando menos se espera, o toque da chamada amorosa


invade a intimidade do coração sem pedir licença para dar espa-
ço ao amor. Assim, mais uma vez, quebramos o juramento
em que dizíamos, -“Apaixonar-me, eu, nunca mais!” O
coração traiçoeiro e, por vezes, enganador deixa-se encantar,
mais uma vez, na esperança de ser correspondido. Tudo
acontece quando menos se espera, o dia de aceitar este alguém
na nossa vida, um desconhecido que precisa de ganhar espaço e
ser conhecido para despertar este sentimento bonito que se
14
LIÇÕES DE AMOR

chama amor e afugentar o pensamento egoista de caminhar e


viver só. Uma verdade que não dá espaço às noites amargas em
que nos abraçamos por não ter quem abraçar, dos momentos
em que colocamos as mãos nas partes íntimas do corpo em
forma de carícia confessando à solidão toda a vontade de
amar, perante um silêncio completo no quarto, sobre à cama,
quase nu, com as luzes meio apagadas e um som romântico ao
fundo, onde as mãos carregadas de desejo expressam palavras
que não se ouvem, mas tocam sem cessar nos lugares íntimos do
corpo, onde gostaríamos de ser tocados, sem respeito pela
pessoa amada que não está presente. Momentos presenciados
apenas pelo travesseiro que é um amigo fiel que não conhece o
ciúme e não nos cobra as noites em que o deixamos
desamparado porque estamos no bem bom com a pessoa
amada, apertadinhos e sem espaço para mais alguém, é um
amigo sem igual que atende a necessidade de um abraço sincero
a qualquer hora sem objecão.

Por vezes, o sentimento fundamentado numa mera


desilusão leva-nos a ser uma pessoa isolada e descrente no amor,
fruto de um passado recente ou antigo mal vivido, ou quem
sabe, mal finalizado, que leva duas pessoas, que um dia juraram
amor eterno, a olhar-se como dois desconhecidos, reduzidos à
irracionalidade por tudo o que tentaram viver juntos e não
conseguiram tornar realidade. O tempo, o justo juiz, por vezes,
leva aquilo que não deve e oferece um leque reduzido de
opções, outras vezes ensina despropositadamente a apegar-se
àquilo que não queremos viver nunca mais, mas, ainda assim,
vivemos agarrados a más lembranças. O dia em que fomos
traídos e que leva ao receio de firmar um compromisso
novamente, o momento em que fomos abandonados na porta
da igreja, na noite de núpcias ou no dia em que pessoa amada
disse não querer continuar com a relação. Essa e tantas outras
expressões ajudam a esconder o desejo de amar que se afunda
na desilusão das coisas amargas.

15
RICKDIONIS

Nesta hora de reflexão, cada um conhece o quanto valeu cada


passo que deu e as palavras que disse, embora o receio pelo
futuro permaneça porque se sabe que tudo o que se passou
não foi simplesmente um sonho. Por esta razão, muitos
mudam de táctica como se faz numa partida de futebol, deixam
de curar as feridas e passam a prevenir ou procurar não as ter,
vão direitos ao refúgio da solidão que a todos acolhe.

A solidão é como um bolso roto que nunca enche, tem


sempre espaço para aqueles que desistem do amor. O que será
de nós se não aprendermos a conviver com as amarguras da vida!
Então, diga ao mundo que quer ser feliz, amar e ser amado, es-
queça os dias em que alguém ficou em falta para consigo.

É verdade que não temos condições para mudar o curso


da história, mas enquanto seres humanos temos a grande opor-
tunidade de fazer história, pois o amor dá-nos esta oportunidade
de ser alguém na vida de outrem, de escrever o nosso nome
de forma especial, nas mãos, nos olhos, nos lábios e no
coração dessa pessoa sem usar uma esferográfica.

Pensar em fazer história, faz com que muitos pensem ime-


diatamente em ser uma pessoa famosa e bem-sucedida na vida,
que viaja pelo mundo sem necessidade de fazer contas, revestido
de poder e dinheiro, tudo bem, não é mau pensar alto, pensar em
ter muito dinheiro, em ser uma pessoa poderosa e de bem com a
vida, mas as coisas não acontecem somente porque queremos e
sim porque as fizemos acontecer, pagando um preço justo. Con-
fesso que nos meus sonhos nunca perdi, sou um verdadeiro cam-
peão sem opositores, eh! Não sei desejar mal aos outros, quanto
mais a mim, que tenho a oportunidade de ser feliz em todos eles
que me servem como uma lufada de ar fresco para enfrentar de
forma optimista a realidade totalmente adversa dos sonhos onde
sou um campeão incontestável. Acredito que nos seus sonhos
não és um perdedor. Mas não quero falar de histórias como essas,

16
LIÇÕES DE AMOR

quero sim, falar de fazer história, aí no seu doce lar, juntinho


dessa pessoa amada, histórias feitas por si, contadas na primeira
pessoa, de coisas que não se esgotam nos desejos das suas mãos,
no bate lábios da sua boca ou no olhar atento dos seus olhos,
quero falar de momentos que farão com que nunca se esqueça
que o amor se funde no ser e não no ter, em ser um homem
ou uma mulher carinhosa e íntegra, entregue à realidade deste
sentimento que leva a um mundo que só o amor sabe
proporcionar.
Fazer a grande história de amor, da qual se possa orgulhar,
para que no dia em que decidir olhar para trás seja sustentado pela
certeza de que tudo o que viveu foi bom. E, quando sentir sauda-
des destes momentos poderá recordá-los sem ressentimento e se
tiver que chorar, então chore pelos bons momentos que ainda lhe
queimam os lábios. Chore pelo desejo de beijar a mesma
pessoa de sempre que mexe com o tesouro das lembranças que
carrega em todos os cantos de si e que jamais saberá apagar,
nem poderá vender, pois não há quem tenha dinheiro suficiente
para pagar o valor de estar ao lado de quem se ama. Amar não
envergonha. Poderás saber muitas coisas sobre si e sobre os
outros, farás tantas outras, como pintar o seu nome num quadro
ou marcar um golo numa partida de futebol, caminharás por
vários caminhos, mas só se lembrará eternamente do caminho
do amor verdadeiro.
Quero falar de uma história de amor onde a sua importância
não depende da sua condição física, falar trémulo, da sua
posição desfavorável ou dos seus acessórios de luxo. Um amor
em que não precisa de ser o príncipe ou princesa das telas do
cinema. Quero falar de um amor em que é o porto seguro e o
tudo que aquela outra pessoa tem para viver, para quem se
transforma num pedreiro, num carpinteiro, num poeta, numa
bailarina, numa actriz ou mesmo num músico. Que em todas as
manhãs de sol ardente, nas noites frias ou num dia de chuva canta
aos ouvidos deste amor que é a sua única plateia, como um cantor
doméstico movido por amor e prazer.
17
RICKDIONIS

O amor é o único que nos proporciona a intimidade ínti-


ma de caminhar de braços dados com alguém, de beijar a boca,
abraçar o corpo de outrem como se fosse o nosso sem receio,
sem medo de se entregar; ser escravo de uma escravidão que não
escraviza, ser feliz ao lado dessa pessoa e saber que o coração
pertence finalmente a alguém, com quem faremos a história de
que tanto vos falo. Assinalando num papel especial, cada
momento como se fosse o único, sem necessidade de olhar para
os cantos para dizer bem alto ao mundo o quanto ama, mas se
para si esse amor for o mundo, então fale baixinho somente
para que essa pessoa amada saiba que é a única habitante do seu
coração.
Há momentos em que queremos entregar-nos perdida-
mente nos braços da pessoa amada, o sentimento sufoca lenta-
mente cortando a respiração em busca de uma resposta que o
faça lançar-se no corpo deste amor, porque precisa de viver
o desejo inadiável de amar e ser amada. Mas, mesmo querendo
tanto desta pessoa, sentimo-nos confusos na decisão a tomar
para alcançar tudo isto que queremos desfrutar juntinho dessa
pessoa, caímos numa onda de receio, porque não temos a
certeza de sermos desejados da mesma forma que desejamos ou
se essa pessoa está disposta a levar a relação com essa mesma
vontade de viver um amor sem fim. Essa sensação de incerteza
faz marcar passos tímidos com medo de se exceder e ser mal
entendido tornando difícil saber se chegou a hora de ser feliz,
em nome de um passo para a frente que traz mudanças e pode
valer mais do que todos os passos dados durante a vida. Cada
um desses momentos serão inesquecíveis se deixarmos de viver
a relação como meros figurantes desinteressados e passarmos a
fazer parte da história de amor de duas pessoas que decidem
ser artistas e dão o corpo à relação onde os segredos não
existem e, caso existam, não serão revelados a estranhos,
porque cada gesto do companheiro transmite a certeza de um
amor sem igual, pois no amor, o coração é quem fala.

18
LIÇÕES DE AMOR

O amor é um sentimento que não escraviza, ou seja, é uma


doce escravidão em que os corpos escravizados não promovem
a liberdade, por isso, entregam-se com prazer sem preocupação
com as horas ou os lugares para viverem momentos que não vi-
veriam senão no amor. Os dias, o brilho, o ar, o andamento e a
disposição de quem ama serão sempre diferentes dos de quem
não conhece o amor. Os momentos amorosos são únicos, po-
dem ouvir-se ofensas, gritos, coisas que em situações normais
seriam casos de polícia, enquanto que para o amor são casos de
prazer. Na hora de apertos e abraços, quase ou mesmo ninguém
se sente ofendido quando ouve do parceiro “Vai seu burro, não
pares continua assim mesmo, faz assim desse jeito” ou “Sua burra
gostosa” - por mais nomes que chamar nunca serão uma ofensa
e não haverá mal entendidos. Ouvirá ainda “Ofende-me mesmo
meu cachorro, diz-me disparates, chama-me nomes.” Por isso
e tantas outras coisas é que eu digo que o amor é magico, só
não sabe quem nunca viveu um. Concordo plenamente com
quem diz: “Por favor deixem-me! Se estar perdido é assim quero perder-
me sempre, se estar lavado é assim então serei um eterno lavado, se tudo for
mentira prefiro viver nesta mentira agradável do que conhecer a verdade
cruel.” Só não façam como a “outra” que não gostava nada da
sogra e aproveitava o acto sexual para ofender a mesma. Um
dia,o marido perguntou-lhe:

– Porque é que no momento do acto sexual ofendes a mi-


nha mãe em vez de ofenderes a mim?

– Ofendo-a porque ela é a culpada de ter dado à luz um


homem que me deixa desajeitada, louca e me faz dizer disparates-
respondeu a mulher.

Dias difíceis toda a gente passa, dar um grito, derramar


uma lágrima miúda é comum e já não assusta ninguém, nem mes-
mo os que nunca conheceram a tristeza, embora elas também
caiam por felicidade. Há quem diga que a mentira repetida muitas

19
RICKDIONIS

vezes sabe a verdade, mas aqui ela não precisa ser dita muitas
vezes para ser verdade. O amor não se afunda no fracasso das
horas instáveis da falta de sono ou do medo de perder o amor
conquistado; o amor fortalece-se no amor e levanta-se após qual-
quer fracasso, ou seja, quem ama nunca está fraco.

Os momentos menos bons não escolhem os que pouco


ou muito amam. O amor é uma doença cuja cura não está nos
comprimidos, ou nas injecções , mas sim na pessoa amada que é
o remédio santo. Veja como amar é tão bonito. Quero falar-vos
daqueles dias em que sente saudades de reviver aquele momento
de amor que o deixou com água na boca e o parceiro diz:

– Toca-me da forma que me tocaste naquela tarde de sol


ardente em que os nossos corpos juntos ardiam mais do que o
sol e não nos importávamos com o calor que banhava o nosso
corpo sem piedade do desejo que corria nas nossas veias, que
contaminava as paredes, os lençóis, e tudo à nossa volta aplaudia
efusivamente cada movimento nosso.

São coisas tão próprias que, por mais que se tente fazer a
mesma forma agradável, jamais será igual, porque cada segundo
de amor é um momento novo onde paira no ar a vontade infinita
do mais. O amor sente-se e não se pensa. Por essa razão, nunca
ouvi alguém dizer “Vou pensar se amo ou não”, é um sentimen-
to que não tem lugar para “mandões” nem “mandonas”, pois o
coração chefe manda e os outros órgãos do corpo cumprem as
ordens sem hesitar. A mente pensa nesta pessoa o dia todo e não
se cansa de tanto pensar, os olhos reparam várias vezes na mesma
pessoa sem dizer chega. Perante a atracção eterna, as mãos tocam,
agarram, amassam carinhosamente o corpo da pessoa amada e
não sabem dizer fico por aqui. A relação não é um lugar de sábios
ou de estrelas que procuram dar um espectáculo, é antes um lugar
de partilha onde todos ensinam e todos aprendem. Por isso, não
faça como muitas mulheres que guardam a experiência que têm,

20
LIÇÕES DE AMOR

com receio de serem mal compreendidas no amor. Numa relação


aprende-se até mesmo a conviver com coisas que eventualmente
não gostemos, mas precisamos de dar a oportunidade de apren-
der a gostar ou, pelo menos, a conviver com a diferença, tal como
na teoria das espécies onde os mais fortes são os que facilmente
se adaptam às mudanças e não os que lutam contra factos impera-
tivos. Só não consigo compreender como é que uma pessoa pode
não gostar de algo que mal conhece, em vez de aceitar que precisa
de uma oportunidade para conhecer tanto quem precisa de ser
conhecido como a si que precisa de se descobrir.

Não deixe que o amor de casal se perca no amor da ami-


zade na relação, não se esqueça que a mulher que está ao seu lado
precisa de se sentir amada e realizada, e o homem não fica nada
a dever às suas necessidades biológicas de mulher. O
esquecimento dos deveres de casal pode ser um verdadeiro sinal
de fracasso na relação causado, muitas vezes, pelo tempo de
convivência onde muitos pensam que estão a ficar parecidos e
acham que devem deixar de se tocar no lado íntimo da relação e,
por isso, dizem“Eu já não lhe toco mais, parecemos bons amigos, somos
como irmãos”. Ainda bem que as coisas que parecem ser iguais,
não o são, assim como algo as aproxima, algo as distancia.
Cuidado, não deixe que o tempo o engane. Esqueça-se de tudo,
mas não se esqueça de cumprir os deveres que existem na
relação, não deixe de tocar bem lá na profundidade da relação,
para desse modo enganar o tempo e manter vivo o primeiro
amor.
Como lida com os seus sentimentos?

Numa relação é preciso transmitir segurança ao parceiro


para que a cumplicidade, a liberdade de se expressar e a vontade
de se entregar estejam presentes. A pessoa amada tem de saber o
quanto é amada e que invade os seus sonhos sem pedir licença

21
RICKDIONIS

e não incomoda; é preciso dizer-lhe o quanto o deseja fazer feliz


e do valor que dá a esse amor impossível de ser calculado. Não
fique num canto, à beira da hipertensão, a sofrer no vibrador, a
falar apenas aos amigos da grandeza do seu amor, enquanto a
falta de coragem de se declarar sufoca e dilacera o pouco que
ainda resta de si.

Nesta hora muitos preferem fazer o mais difícil, fugir do


amor que carregam em vez de assumir e dizer a esta pessoa que
já foi infiel, uma pessoa de muitas caras, mas que promete não o
ser com ela, a musa dos seus sonhos, cuja beleza transcende à
retina. Diz, frequentemente, no seu círculo de amizades o quanto
ama essa pessoa, mas à pessoa que tanto precisa de o ouvir
parece um corpo inerte, sem vida nem expressão. Saiba que: "um
dos grandes sinais de fraqueza é apresentar a reclamação à pessoa errada".
Este sinal de fracasso também é muito frequente na relação
laboral quando o patrão se atrasa no pagamento do salário e os
trabalhadores normalmente fazem queixa a um colega que se
encontra na mesma posição e não ao patrão devedor que tem a
obrigação de pagar o salário. Contudo, ainda que recorramos
aos amigos e lhes contemos todos os nossos desaires amoroso e
derramemos lágrimas sob um coração sôfrego, a situação
permanecerá. As coisas do coração não carecem de intermediário
e há espaços em nós que são difíceis de ser preenchidos, em que o
abraço sincero do amigo se torna insuficiente porque não abraça
com desejo de ir mais longe e o seu toque não toca o coração da
forma que toca o toque da pessoa amada. Amar alguém não
envergonha e não é uma questão de piedade, por isso, não
conquista a pessoa amada para ganhar piedade ou seja, por outras
palavras, não espere que esta pessoa diga “Ah, este coitadinho
está a sofrer demais, vou fazer o favor de o aceitar para aliviar a
dor do pobrezinho que me ama tanto.”

22
LIÇÕES DE AMOR

Tenha ânimo e pare de coçar a cabeça que não tem piolhos nem
qualquer dor. Chega de pegar constantemente no nariz que está
tão bem onde está, porque o criador é perfeito. Pare de mudar
constantemente de posição enquanto fala, lembre-se que não
está a desfilar, por isso, diga aquilo que se calhar a pessoa já
ouviu, mas espera ouvir novamente apenas as palavras
trilharem a sua boca tímida que se mostra incapaz de satisfazer
as ordens do chefe coração. Não mendigue amor, pois não
conheço ninguém que goste de ter um mendigo ao seu lado seja
por que razão for. Então, conquiste e plante amor e espere
pacientemente colher os frutos na época certa.

Lembro-me de que quando era criança a minha mãe guar-


dava sempre as coisas em lugar inalcançável e por muito que pro-
curássemos, o engraçado é que no final, ela tirava a coisa
procurada do mesmo sítio onde tínhamos vasculhado o tempo
todo. No amor também é assim, há pessoas que nunca deixam
transparecer os sentimentos, enquanto estão mortos de paixão,
aguardam apenas por um toque ou um sinal, que venha da pessoa
em quem têm os olhos depositados, rezam, jejuam para que diga
apenas metade das palavras que necessitam ouvir para que
possam apanhar a brecha e dizer que também querem viver
aquele amor. Há quem seja um autêntico gago naquele
momento, sem uma ajudinha não conseguem, se calhar há
muito tempo que aquela pessoa está preparada para saltar
para o seu colo e aguarda incansavelmente por aquele dia. Até
então, viu-se privada de o fazer tendo como fundamento a sua
condição de mulher que deseja ser conquistada. Muitas mulheres
privam-se de manifestar amor de forma soante, preferem
aguardar pelo passo masculino, embora não deixem de
demonstrar alguns actos de carinho de forma mais discreta, pelo
olhar cego que no meio de muitos todos vêem, mas somente um
sabe que há palavras não ditas. Aquele olhar que expressa um
desejo selvagem de amar, pelos gestos que todos vêem, mas
apenas um entende que chegou o momento da verdade.
23
RICKDIONIS

Dê vida ao amor.

A falta de criatividade pode não ser boa para a relação que,


todos os dias, enfrenta um dia novo. Pode parecer um amor su-
bordinado que não conhece as palavras certas e a que faltam as
emoções próprias do amor. Por isso, vive como um parasita, agar-
rado às palavras ditas pelo companheiro e, assim, não se liberta
e cria as palavras que alimentam uma convivência amorosa. O
parceiro diz:

– Eu amo-te! - e ouve a resposta.

– Eu também te amo.

– Um beijo para ti.

– Um beijo para ti também – responde novamente, –quan-


do te vi pela primeira vez o meu coração palpitou de amor por ti.

– O meu também – responde como de costume.

Há momentos em que a pessoa amada está cansada do


“também” e quer ouvir aquelas palavras que nunca lhe disse, algu-
ma coisa nova que ajude a suavizar o querer, algo que
demonstre que o seu amor não é dependente do dele, algo que
possa soar como uma surpresa agradável aos ouvidos carentes
das palavras que somente podem vir de si despertando este
desejo íntimo. A pessoa quer ouvir de si que é aquela com
quem sempre sonhou e que nunca amou ninguém senão a ela;
esta mulher precisa de saber que é a escolhida do seu coração,
aquela com quem deseja viver para além da morte, precisa
acreditar que tudo não passa de um simples momento, e o seu
amor não é condicionado pelo dela.

O amor não precisa ser vidente para entender o desejo


calado da pessoa amada, pois o pouco que se conhece dessa
pessoa é o suficiente para fazer o muito que lhe agrada, porque
mesmo silenciosa a química do amor transmite uma
comunicação forte que permite entender as palavras que o silên-
24
LIÇÕES DE AMOR

cio daquela pessoa expressa. Tudo acontece quando as pessoas


se conhecem devidamente e assim cada um compreende a
linguagem do outro e o significado de cada gesto. Se ficar calado
saberá que a pessoa está insatisfeita ou apenas surpreendida com
o que vê, se abrir ou fechar os olhos mais de uma vez, perceberá
que está com dúvidas ou coisa parecida, se mexer a cabeça, de
certeza que também saberá o significado deste gesto. Quando o
amor governa, a vontade de se entender é vizinha da primeira
esquina, porque nenhum dos dois quer passar as noites em
claro, sozinho abraçado ao desprezo, em nome de justificações
duvidosas que afastam os bons momentos. É preciso não ser
um fabricante de desculpas, mas antes um inventor de soluções
que curam as dores do coração, alivia o stress e mata os desejos
da carne do companheiro sem compaixão, proporcionando
prazer e satisfação. A presença da pessoa amada não cansa, o
seu jeito peculiar não aborrece, pura e simplesmente, porque o
sentimento dominante não o permite. É um sentimento que
ultrapassa os desejos da pele. Por isso, a saudade chega antes
mesmo da companheira se levantar para trabalhar e do beijo que
antecede o “Até logo”, a saudade aperta porque sabe que esta
pessoa vai ficar distante durante horas ou dias, por isso, grita,
chora e lamenta antes do momento ausente chegar. O amor
aceita o convívio oscilante da distância provido pela
necessidade, mas uma coisa é verdade, o amor não se acostuma
à distância porque é desconfortável para o relacionamento.

Não deixe que a sua relação se torne numa dívida em


que cada pessoa tem dia para dar e um dia para receber amor.
Há quem diga, “Ontem entreguei-me por completo, hoje é a
vez dele, se não me tocar primeiro, também não lhe toco.”
Uma relação baseada numa dívida amorosa é uma relação falida,
é outra coisa que não amor. Talvez seja a famosa relação de
amigos com benefícios ou caridade amorosa.

25
RICKDIONIS

Muitas pessoas fingem serem fortes porque acham que os


fortes não amam, que não têm uma paixão e não se perdem
numa noite de amor preenchida por gemidos que incomodam
o vizinho do outro lado da parede. Assim, procuram tornar-se
mais homens ou mais mulheres de cada vez que demonstram a
insensibilidade diante dos outros e dos factos, enquanto que, na
realidade, estão a morrer por dentro sem deixar transparecer o
sentimento de amor que vive afogado na aparência insensível. Jul-
gam que amar é coisa dos fracos, enquanto a vida nos ensina que
amor e humildade andam juntos e é coisa dos fortes, carregado
de emoção, acompanhado de um bater forte do coração que um
frouxo, com certeza, não aguentaria. O amor transforma o fraco
em forte porque este perde o medo de enfrentar o perigo em
nome da pessoa amada; não é um simples sentimento capaz de
se cortar com uma faca, assim como se corta a carne ou o peixe.
Ninguém se torna mais forte quando se esquece de si próprio e
adia a verdade. Fingir não é a melhor maneira de se enfrentarem
as coisas, pois o amor ultrapassa todas as barreiras e não se perde
nas palavras camufladas que saem da boca para fora sem apoio
do coração. Como já disse, gostar de alguém não nos envergonha,
é algo muito bonito. Muitas são as vezes em que saímos para
trabalhar, para a escola, para a discoteca, para as praias, vamos a
festas e até atravessamos o oceano para conhecer outras culturas.
E, ainda assim, acabamos por não nos interessar por ninguém.
Vamos fisicamente onde quer que seja, mas o coração fica onde
estiver a pessoa amada.

A pessoa amada é sempre especial e merece ser valorizada,


pois há quem nunca tenha tido a oportunidade de amar e vive na
ânsia de encontrar o amor. Por isso, namoram ou até vivem com
quem nunca amaram, fazendo-o por desespero, precipitação, ou
por não dar ouvidos à voz que vem de dentro. Outros talvez até
preferiram viver o amor objectificado, sustentando assim uma
relação onde há filhos, uma vida de luxo, bons momentos de
sexo, tudo, mas não amor. Escrevem falsas mensagens de amor

26
LIÇÕES DE AMOR

acompanhadas de promessas que nunca serão cumpridas e os


poucos segundos de prazer não são considerados porque são me-
ros instrumentos para manter o relacionamento e atingir o fim.
Deste modo, uns aprendem a amar a pessoa com quem casam,
enquanto outros aguardam por ver realizada a ânsia amorosa no
mundo da traição.

Por mais caloroso que seja, há quem tenha uma forma es-
tranha de amar: Um casal fazia amor como dois famintos sempre
depois do marido morder o corpo todo da mulher. O homem
resolveu mudar de atitude até ao dia que ouviu da mulher:

– Amor por favor morde-me da maneira que fazias


antes.

– Agora já não te dói? – perguntou o marido.

– Faz o trabalho e deixa-te de perguntas – respondeu


a mulher engolindo saliva.

Os desejos não realizados do coração apaixonado maltra-


tam o próprio coração, por isso, fale do seu amor sem se preocu-
par com as pessoas à sua volta, com a luz do dia ou a escuridão da
noite. Cada um de nós, individualmente, é incompleto do ponto
de vista afectivo, por isso, um dos maiores desejos de uma relação
verdadeira é encontrar no parceiro aquilo que falta em si mesmo.
O parceiro tem de ser aquilo que não tem em si, para que possa
viver uma relação com cheiro a eternidade e um sabor sem fim
Por esse, e outros motivos, sempre que houver uma insatisfação
por não ser tocado onde mais deseja, não se escandalize.
Segura na mão da pessoa amada devagarinho sem receio e
ponha justamente naquele lugar secreto que lhe traz prazer
incomensurável, ou seja, não crie barreiras, deixe que a pessoa
escolhida o conheça.
A palavra amor é composta apenas por quatro letras, que
se fazem representar no bater forte de cada coração e atinge a
cada um de forma muito própria, deixando sinais que para o

27
RICKDIONIS

mundo comum podem ser insignificante , mas para o mundo pri-


vado especial do amor valem muito. O mundo do amor é distante
do comum, é só olhar para uma mulher vestida de noiva no altar
duma igreja e presume-se logo que as lágrimas derramadas sejam
de felicidade mesmo que não o sejam.

Amor não é ciência, muito menos uma profissão para ga-


nhar o pão, mas é um desejo que não tem travão e ainda estão
para inventar a máquina capaz medir a sua pressão. Ninguém vai
para a faculdade para aprender a amar, somente a bondade e a be-
nevolência divina nos proporcionam um sentimento tão caloroso.
Se amar fosse uma ciência seria uma ciência reprovada, porque
para além de ser um sentimento indisciplinado por não obedecer
à lógica do pensamento, também é um sentimento ignorante que
enfrenta o perigo até mesmo quando tem poucas possibilidades
de sobreviver, capaz de dizer não aos seus desejos individuais,
para dizer sim aos desejos da pessoa amada. Confesso que, se
houvesse uma universidade do amor não me matricularia, faltar-
me-ia coragem para expor o coração impotente a tamanho risco,
o de sofrer fortes emoções em que as palavras se tornam insufi-
cientes para descrever tal sentimento.

O amor não pensa, o amor sente-se. Quero falar de


algumas fases no amor que julgo serem importantes. A 1ªfase,
aquela que chamo de amor desinteressado. O amor
desinteressado é aquele que nada mais lhe interessa senão a
pessoa amada, mesmo olhando para várias direcções apenas vê a
pessoa amada e quando não encontra respostas para as
suas inquietações, aguarda confiantemente ouvir o que deseja
a partir da pessoa amada. Tudo o que não for dito pela pessoa
amada não tem valor. É um amor que não tem medo de
nada, pois não conhece a dor, nem vive no ressentimento
daquilo que não gostaria de viver, é um amor que se entrega
cegamente e não conhece o sabor da desilusão. Chamo-lhe
desinteressado porque para este amor o mundo resume-se à
28
LIÇÕES DE AMOR

relação, nada mais lhe interessa e pouco ou nada o convence se


não vier da pessoa amada.

Quero também falar daquela que julgo ser a fase mais di-
fícil, a fase em que sentir o bater amoroso do coração e os ver-
sos lindos de amor se tornam insuficientes para avançar com a
relação. A 2ª fase é aquela em que o amor pensa. É a fase
em que o amor não passa apenas pelo sentimento ou pelo
incessante palpitar do coração, mas também passa pelo
pensamento. É um amor que está constantemente em conflito
entre a mente e o coração, um amor dividido. Esta fase ocorre
normalmente quando um dia já fomos enganados, iludidos e
desiludidos, em que vivemos várias promessas não cumpridas,
assim como também já enganámos, traímos e fizemos até
aquilo que nunca pensámos vir a fazer. Para esta fase, carregar
apenas o sentimento torna-se insuficiente perante as emoções
sofridas, que fazem parte de um currículo cheio de experiências
onde as falsas promessas lideram. É um amor que ouviu muito,
já usou e foi usado e agora não precisa de mais nada senão
abraçar uma causa sólida que vislumbra um futuro. É um amor
que não quer carregar as mesmas feridas do passado.

Depois, chega aquela fase em que sabemos onde tudo vai


dar, nada mais é novidade, conhecemos cada passo que marca-
mos e as prováveis lágrimas que derramaremos.Uma fase em que
não queremos viver novamente o passado amargo. Onde muitos
se perguntam será que vai ser como anteriormente? Assim, vivem
e procuram as respostas para satisfazer todas as suas inquietações,
fruto de alguma experiência do passado. Pois o momento que se
quer é colocar os pés num lugar que garanta melhores dias. É uma
fase em que o amor não quer correr riscos e assim chamo-lhe a 3º
fase, a do amor conformado. Esta é aquela fase em que o amor
já não espera pelo príncipe encantado com quem sempre sonhou
um dia. Para este amor, quase tudo está explícito, conhece as res-
postas para cada inquietação outrora sem respostas. Neste mo-

29
RICKDIONIS

mento todas as perguntas são respondidas sabiamente, olha para


o passado com uma vasta experiência e vê as coisas que nunca
podiam ser feitas e as palavras que jamais deviam ser ditas. É um
amor que vive as emoções de culpa, dos erros, de certezas e in-
certezas e, ao mesmo tempo, o sentimento de inocência. Mesmo
assim, ainda acredita e espera encontrar alguém com quem possa
partilhar o que sobrou de uma longa caminhada, de um coração
que tem certeza que nem tudo foi mau.

O amor é uma coisa mágica, não é lógica. Basta ver como


os apaixonados se olham a pestanejar, se desejam sem cessar e ga-
nham novos nomes na conservatória do amor, que vão dos mais
lindos aos mais absurdos: “minha fofa”, “minha mais que tudo”,
“meu pão”, “meu gato”, “minha xuxu”, “meu cabritinho” e ainda
“meu cãozinho de quarto”.

Por mais que o amor fale de várias maneiras, você deve


encontrar a sua maneira de o transmitir. Não procure conhecer
o outro sem antes se conhecer a si devidamente, conhecer os
seus reais desejos, as suas fraquezas e defeitos, saber o que tem
no coração para oferecer a esta pessoa amada, sem se preocupar
com o que receber, tem de conhecer os seus limites e amadurecer
o seu querer.

Um dia, alguém perguntou à oportunidade de onde vinha.


E ela respondeu que vinha de todos os lugares e na vida de todas
as pessoas, mas existia uma coisa, - é que às vezes passava e nunca
mais voltava. Não seja necessariamente um oportunista dos mo-
mentos de fraqueza do seu parceiro, mas faça dos momentos em
comum uma oportunidade para exercitar a felicidade. Se a opor-
tunidade exigir um pouco de loucura, pare o trânsito se necessá-
rio for, mas não deixe a oportunidade ir embora, pois a pessoa
amada não chega à nossa vida da mesma forma para todos, por
isso, não deixe a oportunidade esperar por tempo indeterminado

30
LIÇÕES DE AMOR

ou seja, não confie na chamada sorte que actua como mãe para
uns e madrasta para outros.

Quando a oportunidade passa, somos preenchidos com


um sentimento de culpa de um ser arrependido, que procura con-
vincentemente justificar o seu momento de fraqueza. A falta de
sentido de oportunidade pode levar a voltar a ver a mesma pessoa
já velhinha. Olhe que há gente arrependida a sofrer à procura
de um amor antigo difícil de recuperar. Não se prenda ao sabor
amargo da esperança que a todos acolhe, o futuro constrói-se no
presente, assente numa viva experiência do passado.

Só Deus todo-poderoso tem condições de nos amar de


forma imaculada, sem ressentimento, mágoa, malícia e sem des-
confiança. Como herança da imperfeição amamos sempre com
mácula, mas, ainda assim, podemos aprender a fazê-lo de forma
agradável se colocarmos o ressentimento de lado e passarmos
uma borracha em tudo o que não correu bem, virando uma nova
página para viver momentos de amor, livres e especiais onde os
corpos não se poupam. Para alcançarem o estado necessário de
satisfação, despidos de qualquer preconceito de superioridade ou
o inverso, não importa a fama, se é o chefe malvado ou bonzinho,
assassino ou vilão, doméstica ou cantoneiro, negro ou branco. No
amor, a vaidade e a arrogância não encontram espaço.

31
Difícil é manter a conquista e não conquistar.
P
erante a ansiedade e o desespero, muitas são as ve-
zes em que somos tentados por nós mesmos, fruto
da ambição desmedida ou do órfão querer que nos
leva inocentemente para caminhos indesejados na esperança de
realizar o forte desejo de amar .Pensamos ter tudo aos nossos pés
e ver todos os desejos realizados, conquistar o mundo, gritar e
chorar de felicidade assim como faz um recordista mundial após
a vitória que lhe leva a fama e o nome no mundo dos eternos
mortais.
Por vezes, o difícil não é conquistar o coração da pessoa
desejada, porque a conquista gira sempre em volta de palavras e in-
tenções repletas de suavidade, ainda que expressas de outra
maneira como: “Sua feia”, “burra” ou “seu parvo, não sei porque
te amo tanto”. Mesmo que as palavras sejam duras, o seu tom não
deixará de transmitir a suavidade encantadora peculiar do amor.
Difícil é manter a conquista, alimentar o fogo de amor
inicialmente aceso, fazer a pessoa amada sentir-se infinitamente
encantada. Já me fiz esta pergunta várias vezes e neste momento
quero fazê-la a si:
O que tem feito para manter a conquista?

Desse homem, a quem prometeu ser fiel, que várias


vezes afirmou ter sido com ele que se tornou uma mulher

35
RICKDIONIS

madura e jurou dar o melhor de si. Dessa mulher, a quem disse


que o sol podia brilhar o dia todo por ser um astro natural, mas
jamais um dia o sol brilharia na sua vida como ela brilha e
prometeu que a vida dela ao seu lado seria preenchida de alegria.

Só não me pergunte o porquê de manter a conquista, pois


a resposta é óbvia, porque ama essa pessoa.

Um dos grandes caminhos para manter a conquista é cum-


prir as promessas por mais pequenas que sejam. Se prometeu
amor e felicidade não ofereça desamor nem infelicidade. Nin-
guém gosta de receber menos do que o prometido.

Será que ainda trata bem desse amor?

Ainda o trata pelo mesmo nome carinhoso do passado que


deixava os que ouviam com inveja por nunca terem sido tratados
com tanto carinho. Será que ainda vê na sua escolha aquilo
que sempre procurou ou se tornou o assassino do seu próprio
desejo?

Não deixe adormecer um amor que transmita calor no


tempo frio e frio no tempo quente. Será que ainda agarra nas
mãos dela sem preconceito, repara como são lindas as suas unhas,
a enche de beijos e abraços sem cessar e sem o desejo imediato
de ir para cama! Lembra-se do seu primeiro beijo e procura na
imensidão do seu querer o pouco que nunca irá desaparecer de
si e o transforma num bem cada vez maior que contamina o
sangue que circula nas suas veias para que tudo em si
testemunhe que essa pessoa é uma parte de si que não pode ser
descartada.
Não sei se ainda é aquela pessoa que não olha a meios e
faz tudo pelo seu grande amor, o bom jardineiro do passado que
rega as flores todos os dias pela manhã, sussurra aos ouvidos
deste amor e ainda canta aquela música bonita da vossa primeira
noite que ajuda a tornar esse amor intemporal. Tudo passa, mas o

36
LIÇÕES DE AMOR

amor permanece. Há coisas que só podemos esperar


firmemente do parceiro, porque não sabemos esperar de outra
pessoa, aquele beijo ao acordar, o bom dia ao levantar, o abraço
forte gestos que dizem mais do que as palavras. Não deixe que
os outros façam por si aquilo que este amor espera de si, pois
assim como é difícil ganhar de novo a amizade de um amigo
ofendido, também é difícil reconquistar um amor perdido,
principalmente se já estiver nos braços de outro. Não deixe que
as coisas se estraguem para começar tudo novamente, pois da
coisa criada é mais fácil recriar.
A relação de amor vive o presente, normalmente, amarra-
da a um passado, que nunca passa, que alimenta de coração cheio
os mesmos prazeres de sempre. Pode ser que esta pessoa esteja
do seu lado por tudo o que já viveu consigo um dia e não por
tudo aquilo que vive consigo neste momento cheio de coisas to-
talmente contrárias ao plano inicial e ainda assim acredita e aguar-
da pacientemente por dias melhores. No amor há coisas que não
diferem em nada daquilo que é comum, ou seja sempre que não
for possível usar novos métodos, usa os métodos antigos, aqueles
que não têm data de validade e que um dia encantaram o coração
da pessoa amada e te consagraram como o príncipe ou a princesa
do coração desse amor. Falo daqueles métodos que a levaram a ser
a mulher que este homem nunca recusou. Use-os sempre que for
possível, pois pode ser que a sua companheira ainda viva
amarrada ao passado bom que não passa e o seu homem oiça até
hoje e guarda agradavelmente aquelas dicas antigas de uma
mulher doce e ingénua que deixava ser guiada sem desconfiança.

Cuidado com o conformismo temporal que leva a deixar a


pessoa amada carente de uma palavra de conforto e carinho, não
permita que o tempo seja inimigo da sua felicidade, pois muitos,
pelo facto de estarem juntos há dez, vinte ou trinta anos, deixam
de prestar a devida atenção e dizem “Oh, já estamos juntos
há muito tempo para ter de continuar a dizer estas palavras!” O
resultado do seu desleixo traz efeitos negativos para a relação.

37
RICKDIONIS

Podes desempenhar vários papéis na vida da pessoa amada; o


de um irmão querido, um pai atento, amigo conselheiro, de uma
mãe prestativa, tia ou irmã, mas não se esqueça de cumprir o seu
papel exclusivo de companheiro amado, de bom marido ou boa
mulher, não se deixe enganar, evite correr o risco de perder a
direcção da relação. Esta pessoa não está ao seu lado porque
precisa de um bom pai ou uma boa mãe. Por isso, peço-lhe
que não me diga que os versos se esgotaram, que da sua boca
sai tudo aquilo que não presta, disparates, cobras e lagartos,
menos aquilo que o seu parceiro precisa de ouvir de si e dizer
que não é romântico é uma falsa desculpa, porque o amor já é
por si só romântico e encontra razões onde elas não existem.

38
L
utar contra os desejos do coração é uma luta em
vão que não aconselho a ninguém, porque as
feridas que vêm de lá não curam. As palavras
não ditas e os momentos não aproveitados são irrecuperáveis e
ferem mais do que o ferro. Nesta guerra há uma probabilidade
iminente de perder amor para ganhar tristeza e lamentação, ver
o tempo a passar sem condições de o travar, sinceramente
não conheço ninguém que goste de se sentir inútil. O coração
conhece os nossos pontos fracos, o pestanejar do querer, sabe
quando estamos a tremer de amor, a suar de vontades e vive
agonizantemente as emoções de cada momento em que o
aceitamos negando e negamos aceitando os seus próprios
desejos.
A relação de duas pessoas que se amam reflecte-se dentre
outros coisas no prazer de caminhar, aproveitar e viver juntos a
cada segundo mergulhando no único desejo especial para amar.
Uma relação assim não pode deixar dúvidas que possam abrir a
porta da desconfiança, nem alimentar o sentimento de ir e ficar
ao mesmo tempo, ou seja, não pode viver na indecisão das deci-
sões que carecem de ser tomadas, pois pelo que a experiência me
mostra, o coração dificilmente entende o significado da palavra
esperar. A relação de amor não pode ser construída pelo domí-
nio de uma só vontade, onde apenas uma parte quer ver os seus

41
RICKDIONIS

desejos realizados e a outra se sujeita a obedecer mesmo sem se


rever nela, pois não se esqueça que a vontade de um nem sempre
pressupõe a grandeza do colectivo, a natureza não é homogénea,
saber ouvir também é uma arte e dificilmente falará bem quem
mal ouve. Aprender a não fazer somente a nossa vontade
pode ser bom, pois "quem não ouve conselho, ouve
coitado". O amor está acima do machismo e do feminismo.
As pessoas que se amam encontram-se sempre na mesma
posição de dominados pelo sentimento dominante, ouvem e
praticam aquilo que ouvem da pessoa amada para o bem
comum.
Há coisas que mesmo que sejam ditas para o nosso bem,
ainda assim irritam, causam nervosismo e nos levam a fazer contas.
Naquele tempo não era assim, nunca se falou sobre estas coisas,
sempre gostou de tudo; adorava aquele vestido verde que deixava
as costas de fora, gostava das minhas roupas sexy, era adepta das
minhas calças a cair e não reclamava das camisas meio desapertadas
que deixavam o peito à mostra. Agora... Será que não gosta mais
de mim? Engordei ou emagreci? Assim, surgem inúmeros “se”,
acompanhados de perguntas, que embora já respondidas, por não
satisfazerem as expectativas, são tidas como insuficientes, porque
em determinados momentos os nossos ouvidos estão formatados
para ouvir somente aquilo que nos agrada.
Quando digo que não seja um amor surdo, quero dizer-lhe
para estar mais atento aos detalhes, pois é aí que se faz a diferen-
ça. Reconheça as virtudes desta pessoa cujas palavras terapêuticas
alimentam a sua alma e dão vida à relação e os seus feitos são
maravilhosos. É necessário dar ouvidos e entender as vontades
do companheiro que quer olhar para si como fim do seu único
desejo que não conhece outra “dona”. Quando o homem ques-
tiona as saias e as blusa que veste ou a maquilhagem que usa,
não pressupõe uma obrigatoriedade com intensão de a reduzir a
uma coisa sem valor, mas antes a um bem, ao ouvir pode pare-
cer melhor aos olhos deste homem que não consegue olhar para
mais ninguém senão a sua pessoa. Acredito que seríamos menos

42
LIÇÕES DE AMOR

felizes se vivêssemos só para nós, trancados num quarto diante


do espelho a comtemplar a beleza ou a fealdade próprias; sem dar
oportunidade a opiniões. Então, tente compreender que durante
este período de convivência não ensinou a este homem a olhar
para outra mulher senão você mesma.
Se a companheira disser que não gosta de o ver assim ves-
tido ou que não gosta quando corta o cabelo deste modo, não
precisa ser desagradável na resposta. Já vi pessoas responderem:
A roupa custou muito dinheiro ou ainda o cabelo é meu. Saiba
que nem sempre o caro é agradável e o barato o padrão do desa-
grado, provavelmente tudo se torna mais agradável quando a sua
cabeça rapada se arrasta carinhosamente pelo corpo dela como
uma tentação inegável de amar ou quando os seus cabelos macios
se arrastam pelos seios dela e o levam facilmente a comunicar-se
com Deus, pode ser que ela ainda não lhe tenha falado desta boa
sensação ou quem sabe, falou, e você não percebeu. Muitas
mulheres naquela hora falam menos do que desejam, o que
pode ser uma questão de ADN. Por isso, torna-se mais fácil
compreender as palavras expressas no amor quando as
analisamos para além do seu sentido literal.
O amor surdo tira o encanto da paixão e leva sem
perceber a chama do amor. É um amor perdedor que chora por
uma nova oportunidade e procura constantemente pela
compreensão, vive de desentendimentos e marca passos largos a
caminho da solidão, por não conseguir equilibrar duas vontades
numa só. Há quem já tenha passado por momentos difíceis e
resistiu, mas acaba por se perder por coisas aparentemente mais
simples.
Para quê ser um amor surdo, se se ganha mais quando se
entende com a pessoa amada. Ganha noites prazerosas , almoços
aprimorados, sonhos recheados e um sorriso alegre que vence
com uma facilidade surpreendente os inimigos que atacam por

43
RICKDIONIS

vários caminhos e esperam encontrá-lo de rosto franzido sorriso


fechado, semblante caído e mente vazia.

Há um provérbio Alemão que diz: mais vale bem enfor-


cado do que mal casado. Talvez isso queira dizer que é mais
fácil descansar na morte do que num casamento perturbado. Faça
bem a sua escolha e ame a vida inteira sem medo de envelhecer
no amor, pois o amor chega a velho, mas não envelhece, apenas
amadurece e colhe bons frutos.

Lembre-se que o amor nem sempre toca os dois corações


ao mesmo tempo, mas se este for o seu caso, dê-se por feliz,
pois é comum que o amor nasça num e desperte no outro. Por
isso, deixe o amor despertá-lo com as palavras e as boas
actitudes da pessoa amada.

44
P
ara muitos, franzir o rosto pode significar um sinal
de seriedade na relação. Confesso que apesar de al-
gumas pessoas se sentirem atraídas por um rosto
franzido e gostarem de um lado selvagem no amor, nunca vi nin-
guém dizer que adora quando o companheiro chega
carrancudo, cumprimentando como se a voz saísse pelo nariz
e olha de forma desinteressada. O rosto franzido no amor
pode ser uma táctica de pouco sucesso, embora muitos daqueles
que o praticam se façam passar por chateados e finjam que não
tiveram um bom dia laboral só para fugir dos erros, dos
pedidos de desculpas e da conversa há muito tempo engavetada,
ou seja, há pessoas que planeiam discussões no relacionamento
para se verem livres de uma situação que não estão dispostas a
enfrentar. Não use este método nem a do pai avarento, que só
fica chateado no final de cada mês depois de receber o salário.

Acredito que o rosto franzido tem maior sucesso dentro


de um ringue que se parece a um jango regrado, onde a conquista
passa pelos socos e pontapés sangrentos, de punhos fechados
como se enfrenta um combate, de modo a intimidar o
adversário na disputa desenfreada de um cinturão. Enquanto
isso, a relação de amor vive distante dos ringues, não há
adversários e sim dois companheiros que não conhecem o lado
47
RICKDIONIS

oposto e não se abraçam apenas no fim, depois da dor e do


resultado da luta. No amor não há luta e sim conquista e o
prazer não surge necessariamente depois da dor, aqui importa
um coração alegre e acordado que transmite a seriedade
necessária para uma partilha sem desconfiança.

Quero falar de uma seriedade que não se confunde com


o rosto que intimida, pois tenho a convicção de que não vale a
pena tentar intimidar a pessoa amada com este rosto que um dia
serviu de cartão-de-visita e o passaporte da relação, até porque,
ninguém entra numa relação com intenção de fazer cara feia ao
parceiro. A não ser que o seu caso seja particular e tenha dito;

– Serei um bom companheiro(a), vou chamar-te de amor


e vou beijar-te nas costas, só que todos os dias vou mostrar-te
cara feia.

Segundo a ciência, para franzir o rosto são necessários


contrair mais de cinquenta músculos, enquanto que para sorrir
são apenas necessários cerca de vinte. Ainda assim há sempre
alguém que insiste em fazer o mais difícil e sacrificar mais mús-
culos para proporcionar mau estar, do que sacrificar menos para
transmitir um sorriso.

Faça o mais fácil, sorria e transmita alegria.

Julgo que franzir constantemente o rosto pode originar ru-


gas e consequentemente velhice antecipada, ajuda a dificultar o
entendimento dando uma maior volta para resolver aquilo que a
relação precisa, mesmo que ambos saibam que o necessário está
tão perto capaz de ser alcançado apenas com uma palavra sincera.

Muitas vezes, esta pessoa amada não está a cobrar a serie-


dade que tanto queremos mostrar com os olhos meios fechados,
as bochechas cheias de ar e o nariz mais aberto do que o habi-
tual. Na realidade, o que quer é que tenhamos apenas a noção de

48
LIÇÕES DE AMOR

responsabilidade, o mínimo possível. O amor não precisa de ser


construído sobre um rosto franzido, amargo e intimidador e nem
sobre um eterno palhaço sorridente.

Todos anseiam encontrar a felicidade, embora o caminho


nem sempre seja direito e quando o encontramos esquecemo-nos
do quanto a caminhada foi espinhosa, porque maior é o resultado
do que os meios.

Normalmente, a mulher nessa hora, para além de querer


amar e ser amada, quer sentir-se segura e dona do coração da pes-
soa amada. Ela procura dominar no amor e entrega-se sem receio
quando se sente protegida, porque tem plena confiança do solo
amoroso que pisa, não tem medo da queda porque conhece as
armaduras do amparo que terá, não quer apenas ser amada para
depois ser depositada no velho museu das esquecidas. Ela quer
ser eterna, aquela em que o tempo não desgasta a sua imagem
no coração da pessoa amada. E, muitos são os homens que
num momento como este querem ter a certeza que são o tal,
com quem esta mulher sempre sonhou.

Como as coisas são engraçadas, muitos passam o tempo


todo na casa de estética, gastam fortunas à procura de um rosto
angelical e, ainda assim, desperdiçam todo este trabalho usando
mal o rosto e a fazer cara feia para a pessoa para quem tanto se
arranjam. O rosto que anteriormente ajudou a conquista deve
ter uma nova missão, a de ajudar a manter a relação mais do que
nunca, porque o seu parceiro já conhece quando fala com o rosto,
entende os seus desejos só de olhar para ele. Portanto, não faça de
modo diferente para não correr o risco de voltar a ser o mesmo
desconhecido do princípio, que passa pelo mesmo interrogatório
para explicar quem é, onde vive e o que deseja. Porque agora
esta pessoa já sabe quem és e o que desejas.

49
RICKDIONIS

Quando falo sobre seriedade, por outras palavras, quero


dizer que não precisamos de ter dois rostos, ou seja, à frente da
pessoa amada somos o santo ou a santa que vive a pedir por um
lugar nos céus e por detrás somos o promotor de todo o mal,
fazendo o papel da porca (o) sujo no curral limpo, que quando o
dono sai, a primeira coisa que faz é banhar-se na água suja e voltar
imediatamente para o curral limpo como se nada tivesse aconteci-
do. O dono cuida do animal com carinho, pensa que vale alguma
coisa, enquanto que os que o conhecem não estão dispostos a
pagar nenhum tostão. Talvez um inocente feliz o faça.

50
O
ser humano é, por excelência, apreciador de si
mesmo e obrigado a conviver, fruto da sua na-
tureza social. Quero falar do amor polícia que, à
primeira vista, pode parecer ridículo e peca por excesso das suas
acções. Um amor que caiu na desilusão de se tornar um fiscal da
relação que anota as falhas, vigia os passos do companheiro e
acaba por se esquecer da parte principal; do amor, da partilha e do
convívio do casal por se tornar um polícia desassalariado que per-
de tempo com as coisas menos importantes da relação. O lugar
do polícia é na esquadra e o do fiscal na fiscalização. Mas, ainda
assim, pode ser aquele amor que o tempo não apaga e a tecnolo-
gia não tira de moda com o surgimento de uma nova invenção.

É triste ver duas pessoas que se amam, que partilham as


coisas mais íntimas, que falam de coisas profundas e por vezes ab-
surdas, acabarem por entregar o futuro a um sujeito indeterminado.

Por mais que a relação seja boa, é preciso sempre lembrar,


que todos temos limites e é bom conhecê-los sem que os mesmos
nos sejam impostos para não se tornar num acto desagradável.
Muitos querem sentir-se livres para cantar, dançar, recordar os
tempos que ainda vivem na memória, dar um beijo ao namorado
de infância. Querem ser livres para caminhar descalços e sem ca-

53
RICKDIONIS

misa pelas ruas, sem compromisso nem hora de regresso, ou seja,


têm saudade do tempo que o tempo levou, mas o coração traidor
não os liberta do fruto do seu forte querer. Manter uma relação
pressupõe perder um pouco de si mesmo para ganhar um pouco
do outro, sem precisar ser o outro, pois se se tornar
igualzinho ao parceiro, é óbvio que não vai precisar de si. Por
isso, não precisa levar a pessoa amada no bolso e tente não ser a
cópia dessa pessoa, seja autêntico.

Quando amamos alguém, desejamos que essa pessoa ve-


nha a ser o nosso tudo, alguém a quem possamos dizer, “Desco-
bri que a minha vida começou agora contigo e tudo o que vivi foi
um engodo”. Mas há momentos em que queremos sair e voltar
sem dizer nada, sem dar nenhuma justificação e ainda assim, te-
mos a ousadia de cobrar ao parceiro aquilo que não queremos
que nos cobrem. Somos invadidos por pensamentos egoístas e
esquecemo-nos de que a fila andou e já não somos os mesmos
solitários de antes.

Se a liberdade é uma utopia, para quê é que se quer ser


livre se não se pode voar? Mais vale ser a prisioneira amada de
um coração sincero e se tiver que voar que seja em direcção a este
coração que sempre a esperará.

Ao perder um pouco desta liberdade individual utópica ga-


nha-se amor e intimidade, ganha-se um lugar importante na vida
de outrem, em que as ondas do mar não apagam assim como
apagam as palavras escritas à beira-mar e nem se desgasta no tem-
po. O selo do amor verdadeiro é de todos os tempos, resiste às
tempestades que arrastam os mares e os barcos, sobrevive à seca
que mata a fauna e a flora e aguenta a chuva que abala os campos
de cultivo.

Neste exercício amoroso de perder um pouco de nós para


ganhar um pouco do outro, algumas coisas vão-se perder natu-

54
LIÇÕES DE AMOR

ralmente sem nos apercebermos. Mas pode acreditar que o amor


leva menos do que traz, pois as coisas que leva podem ser con-
tabilizadas, mas as que traz são memoráveis e prevalecem sobre
todas as coisas. Pode lavar a boca que beijou, limpar as mãos que
abraçou, pode apagar as tatuagens com o nome da pessoa ama-
da, deitar as roupas fora e até mesmo assinar a viagem do amor
esquecido,“Eu contigo nunca mais”. Mas o amor, esse, pre-
valecerá, sobre os juramentos envergonhados não cumpridos.
Apenas o vento amigo pode levar as palavras e trazê-las de volta
sem cobrar nada, batendo no seu rosto para despertar a saudade
adormecida que chama baixinho pelo nome daquela pessoa e sa-
berá, assim, que o amor transforma e nunca mais será a mesma
pessoa. Sentir-se-á mais sensível aos risos ou às lágrimas sortudas.
Mas, não poderá ser mais a mesma pessoa porque haverá em si
um toque de felicidade.

Sem me esquecer do que tinha em mente, vi aproximar-se


uma amiga com um rosto de poucos amigos e ouvi-a dizer:

– Estou muito chateada já não aguento mais, não é possível!


Este homem não muda! Quando liga mal me cumprimenta e a pri-
meira coisa que faz é perguntar onde estou? Mesmo sabendo onde
estou e com quem estou. Há dias em que me sinto como um ob-
jecto, uma propriedade. Esperava que ele dissesse pelo menos uma
palavra de carinho, dizer-me “Filha onde estás”, já que não
consegue dizer, “Mulher que despertou a paixão em mim,onde
estás”!
Muitas vezes, deixamos de fazer alguma coisa por
colocar na cabeça, “Oh! O meu amor sabe o quanto o amo,
conhece tão bem os meus sentimentos.” Esta palavra, por
vezes, é bastante cómoda e perigosa. Aceitar que alguém já sabe
determinada coisa e que carece de confirmação ou de um
exercício contínuo, leva ao conformismo e, por vezes, ao
abismo da cedência fácil.

55
RICKDIONIS

Quando Satanás, o Diabo, enganou a Eva, no Jardim do


Éden, disse:
– Deus sabe que se comeres do fruto da árvore que está no
meio do jardim certamente serás como ele.

Então, cuidado com esta expressão, ele sabe ou ela sabe,


que nem sempre é conveniente e prima pelo seguro que morreu
de velho. Não se esqueça que as pessoas mudam e hoje está
claro que se tornou apenas num amor polícia que controla tudo
e até fareja o que não existe.
Não tenha medo nem vergonha de mudar, somos feitos
de carne e osso, por isso, mude quantas vezes for necessário para
melhorar a sua relação. Se conseguir deixar de ser um amor ca-
rinhoso, cuidadoso e seguro para se tornar num amor polícia,
descuidado e inseguro, mude para o seu próprio bem. Lembre-se
de que apenas Jesus Cristo não precisou mudar, ele é o mesmo
de ontem, de hoje, de amanhã e para todo o sempre. Deixe-se de
histórias e faça o melhor em nome do amor.

56
O
que queres para si, um realizador de sonhos ou
um amor para a vida toda? Sonhar com um dia
bonito de sol ardente sem se importar com a
época de Verão, Inverno, Outono ou Primavera deve ser bom,
independentemente das circunstâncias. Ao lado de uma princesa
lindíssima vestida de branco ou um príncipe que vem a cavalo
tal como nos filmes e nas novelas, melhor ainda.

A relação amorosa constrói-se numa posição onde todos


são iguais e ambos querem infinitamente a mesma coisa. Não
precisa perguntar, “Sabes quem eu sou?”, porque se sabe
sempre o mínimo de quem está ao nosso lado, as suas
intenções visíveis e os desejos expressos ainda que na calada
madrugada. De certo modo, tudo isto nos ajuda a entender que
duas pessoas em nome do amor se tornaram um e caminham
numa única direcção que permite preterir todas as intenções
invasoras. Numa relação onde o amor é soberano, ninguém quer
mais do que o outro e tudo que fazem é pouco perante o querer
que ambos carregam, cada um conhece as suas devidas tarefas e
não se sentem prejudicados ao cumprir o papel da pessoa
amada, porque o prazer deste amor está em tudo aquilo que esta
pessoa imperfeita tem, aceitando os seus defeitos adquiridos ou
de fábrica. Assim como o paciente ao aceitar a doença que tem
facilita o trabalho do médico e mais facilmente se cura, no amor
59
RICKDIONIS

felizes são aqueles que aceitam que a pessoa amada é imperfeita


e traz consigo lágrimas escondidas por detrás dos olhos, sorrisos
não sorridos e precisa de um ombro amigo, a qualquer
instante, que os ajude a caminhar juntos.

Duas pessoas que se amam têm ouvidos refinados para


filtrar as impurezas que lhe chegam aos ouvidos, mente segura e
coração puro. Por isso, não têm ouvidos para ouvir determinadas
coisas que os afastam do amor e nem se permitem a ousadia de
o fazer para não correr o risco de ensurdecer e muito menos de
dizer alguma coisa que possa levar ao arrependimento, porque
este chega sempre tarde. Saberá que era feliz antes de tudo isto
que o tornou, numa pessoa carente, amarga e arrependida. Mui-
tos dos problemas de hoje são os mesmos de antes, que passaram
de geração em geração. O que muda na maior parte dos casos é
apenas o contexto, as circunstâncias e os seus protagonistas. Faça
coisas que vão ajudar a avivar a relação e levantar os sentimentos
caídos, pois de nada adianta ganhar tudo no mundo e perder a
única pessoa que tem para partilhar tudo.

Algumas vezes, os sonhos reflectem os desejos do sub-


consciente, as ilusões que vagueiam e preenchem o interior com
coisas que queremos ter e a pessoa que pretendemos ser e, quan-
do olhamos para a realidade que para muitos passa a ser uma
vergonha, aí começam os problemas de identidade e aceitação
pessoal. Muitos deixam, neste momento, de ser eles para serem
outros com um tom mais refinado e uma língua aguçada que pica
seleccionadamente, e aceitam ser o papel higiénico da ilusão do
mundo coisificado onde nem todos são gente.

A impaciência acaba com muitas pessoas que querem ver


o tempo a ser recompensado em poucos minutos, quando
olhamos para todas as desvantagens que nos encontramos em
relação à outros e de tudo que não aproveitamos, imaginamos
as oportunidades desperdiçadas e as que gostaríamos de ter
novamente.
60
LIÇÕES DE AMOR

Então, começamos a entrar num conflito individual e muitas


ideias surgem no vago pensamento concentrado no eterno desejo
de se ter um nome respeitado no mundo dos senhores doutores
com um canudo duvidoso cujo nome na universidade não
importa, desde que sirva de livre-trânsito e ajude a vislumbrar um
futuro melhor. No final, queremos apenas alguma coisa que
justifique dignamente o pouco proveito em muito tempo.

Todos têm um momento de fraqueza, onde pensam o que


nunca pensaram, falam o que não queriam e andam mesmo com
quem nunca desejaram...
Não exija da pessoa amada aquilo que não tem para se
dar a si mesmo, por amor fazem-se sacrifícios, mas o amor não é
ilusionista ou desnorteado.
Há um ditado antigo que diz, quem não dá não exige.

Exija da pessoa amada somente aquilo que for estritamen-


te necessário, aquilo de que tem plena consciência que o seu amor
pode fazer por si. Não o transforme no fazedor de todas as suas
ilusões, o realizador dos sonhos caducos que nunca teve mãos
para carregar e a que faltam pernas para andar. Todos têm um
sonho individual que carregam desde pequeninos que no calor do
abraço e na vivência da relação, passam para uma outra dimensão
e os sonhos deixam de ser individuais para serem colectivos e
abundam em dois corações. O amor ajuda-nos a entender deter-
minadas coisas que sozinhos não teríamos condições para fazer,
ensina-nos facilmente a sermos felizes desde que encaixemos os
sonhos individuais nos colectivos, sem que a outra pessoa se tor-
ne num realizador dos seus nobres sonhos, mas ajude a compa-
nheira ou o companheiro a alcançar o sonho antes sonhado.

Como seria tão fácil se tudo aquilo que não conseguimos


realizar exigíssemos que uma outra pessoa fizesse por nós, em
nome de promessas de amor, por um momento de desilusão ou

61
RICKDIONIS

por uma lágrima carente que procura no vazio a solução para


muitas respostas. Muitos são os que procuram ver os seus sonhos
realizados através do parceiro, aquilo que por algum motivo não
conseguiram fazer, vêem na pessoa amada o super herói, o que
tudo pode, capaz de transformar os desejos com a maior faci-
lidade. Não é mau que o façam, mas as pessoas que se amam
enfrentam juntas os desafios porque estão prontas para caminhar
no deserto, deixar-se molhar à chuva e levantar da lama.

Você pode sonhar ser o dono do mundo e caminhar sem


tocar no chão, mas amar não pode ser um sonho, senão a infeli-
cidade vai habitar em si.

Não exija da pessoa amada o que não tem para oferecer,


não a torne a culpada de tudo o que correu mal, mas antes, culpe-
-a por tudo o que já deu certo.

62
P
or vezes, somos verdadeiros sábios, temos sem-
pre uma solução para os problemas que não são
nossos, vendemos conselhos gratuitos, prestamos
tudo o que temos para segurar as lágrimas alheias e deixamos cair
as nossas sem hesitar, em forma de chuva que molha o coração
comovido de dor perante os factos notórios que dispensam ser
provados.
Muitas pessoas esquecem-se delas mesmas, por opção para
fugir à realidade ou através das circunstâncias. Pensam que já vi-
veram tudo, já ouviram e viram o suficiente, andam esgotadas
nas suas experiências, para elas tudo se resume àquilo que
viveram e não àquilo que ainda têm por viver. Conhecem até
mesmo o que a outra pessoa tem a dizer antes de terminar a
conversa. São génios que superam problemas alheios e tolos na
resolução dos seus próprios problemas que adiam em tempo
recorde.
Para muita gente nesta situação, o mundo é escuro e cruel
e tem muito pouco para oferecer. Para eles quase nada é surpresa,
porque acham que conhecem a dor como ninguém, nada mais os
espanta e para já, as oportunidades acabaram-se, afastam-se da
lista voluntariamente porque acham que não merecem nada mais
e assim fecham as portas para eles mesmos. Esquecem-se que
há coisas boas que chegam em forma de más e más que chegam

65
RICKDIONIS

em forma de boas. Perderam a noção de como pode ser bom dar


oportunidade para que os ouvidos oiçam alguma coisa nova e que
o coração sinta um toque bom e se envolva na paixão.

Então porque diz não a si mesmo?

Não tenha medo do sim ou do não, só não deixe que ne-


nhuma destas palavras atravesse a sua boca sem espelhar o seu
desejo real, não seja injusto para consigo mesmo, pois todos co-
metemos erros.

Por vezes, no amor devemos aprender a fechar os ouvidos,


os olhos, a trancar a cabeça e a ouvir somente o coração, que tem
alguma semente produtiva para semear em terreno fértil.

Porque se prende àquilo que não traz boas recorda-


ções mesmo sabendo que não gostaria de viver as mesmas
coisas nunca mais?

Um novo amor baterá à porta do seu coração, para preen-


cher o vazio destas paredes desabitadas, alguém que lhe dirá que é
a pessoa que despertou a paixão nela, que mexeu com o esqueleto
dela. Mas, muitas são as que respondem “Já me falaram sobre isso,
inclusive, cantaram uma música para mim e ainda escreveram um
poema em meu nome, já me juraram amor eterno, e disseram
que não me trocariam por nada, também já me disseram que sou
linda.” Para quê mais, se nada mudou! Desta forma limitamos a
relação e a oportunidade que tanto precisamos para encontrar o
amor, pois o pensamento negativo ajuda a distanciá-lo para de-
pois sair perdido à procura de uma felicidade que nunca saiu de
nós. É necessário reconhecer que a mudança deve começar
bem dentro de nós, não somente quando sentimos a
necessidade dela, mas sim a satisfação ao aprender a cuidar de
nós e não cair na armadilha das nossas próprias palavras.

O facto de um dia ser enganado, deixar-se enganar ou ain-


da ter ouvido muitas “cantadas”, não deve servir de motivo para

66
LIÇÕES DE AMOR

limitar o querer do coração. Supostamente, ouvir as maiores de-


clarações de amor ou declarações inesquecíveis não pressupõe
que tenhamos ouvido a coisa certa. De que vale ouvir muitas coi-
sas quando, na verdade, precisamos apenas de uma só! Pois aquilo
que tanto se nega a ouvir hoje, em nome de tudo o que já ouviu,
pode ser ao mesmo tempo o que mais precisa saber para inverter
uma longa história de amor.

Dê oportunidade a si mesmo, reconheça que precisa de


ouvir as suas próprias palavras bebendo do seu veneno bom para
que possa rejuvenescer e deixar-se ficar numa condição mais con-
fortável para entender o amor. Deixe de ser o patinho feio incré-
dulo que só não acredita em si mesmo. O amor é um sentimento
lindo, quase perfeito, cujo maior defeito é ser um ouvinte fiel do
coração.

Neste mundo do amor, o mais importante é saber cuidar e


valorizar a pessoa amada.Toda a experiência será insuficiente para
cortar o amor com uma faca, assim como se corta a carne ou o
peixe. Não fique preso ao passado, agarrado às palavras que para
si o vento nunca levou, enquanto lá fora se festeja um ano novo e
você continua no anterior, cantando e chorando as coisas antigas
valorizadas somente por si que se nega a aceitar a realidade. “Oh,
disse que nunca ninguém o tinha feito tão feliz como eu e o beijo
daquela noite tinha sabor a nós dois e um cheiro a eternidade.”
Lembre-se que pode ser você quem tanto precisa desta oportuni-
dade para despertar o bicho do amor que anda escondido já
algum tempo e sem querer desvias para outros.

O segredo não está na pré-limitação da relação em criar


um paradigma defensivo que garanta melhores resultados.
É preciso soltar-se do pensamento pessimista que o leva a
dizer, “Daqui já não avanço, porque das vezes em que avancei
não fui bem-sucedido. Isto eu já não faço, porque sempre que o
fiz não deu certo”. Quem foi que disse que quem já chorou uma
vez por amor perdido chorará a vida inteira e o amor ser-lhe-á
67
RICKDIONIS

ingrato para sempre? Não pré-limite a relação enquanto há


um longo caminho para percorrer, aquilo que para si pode ser o
fim, poderá ser o começo para a pessoa amada que o ajudará a
recomeçar sem espinhos o que tanto deseja, no medo que
esconde.

Não aceite ser o “coitadinho” que tanto procura e nunca


encontra, pois não precisa de procurar o que lhe pertence.

68
Q ue tipo de construtor és? Aquele que edifica
obras duradouras ou que vive a destruir tudo
o que edificou? Na realidade, lá bem no fundo
sabes quem és. Se é um pequeno “Diabinho” de quem a
companheira se queixa diariamente ou se és uma “Deusa”
adorada mais fora de casa do que dentro. Os alicerces que
construímos ditam quem somos mesmo se fingirmos ser outra
pessoa e que tipo de relação temos.

Se queremos conquistar títulos temos de seguir à risca o


caminho que nos leva à conquista sem fraude para não correr o
risco de ser um gigante com pernas de pau. Certifique-se de que
o material do seu alicerce não é de barro que se desgasta com a
chuva miúda e sim de betão que resiste a uma forte tempestade.

Uma relação não pode basear-se numa cópia mal feita da


vida amorosa e bem-sucedida de outros. Muitos gastam tempo à
procura de uma forma de se livrar continuamente dos seus deve-
res, são génios a fugir da pessoa que prometeram nunca sair do
seu lado, esquecem-se do essencial que não pode deixar de ser
feito, teriam obviamente menos desgaste mental e consumiriam
menos tempo se pensassem em fazer aquilo que lhes compete,
em vez de fugirem sem que ninguém os siga, ao fugir têm de

71
RICKDIONIS

percorrer o mundo para encontrar uma desculpa sábia que


satisfaça a outra pessoa para não ser compreendido como
um inventor mal-amado.

Como tem construído os alicerces da sua relação?

Vivemos a dizer que a vida é para frente, mas para a frente


onde? Caminhar para a frente não pressupõe que estejamos na
direcção certa, que sejamos eficazes na edificação dos alicerces
da nossa relação e não o façamos sobre a mentira que conforta e
a verdade que magoa, fazemo-lo sim, com sustentabilidade,
plantando uma semente boa que dê fruto e perdure no tempo e
não morra antes de germinar no coração da pessoa amada.
Há vezes em que tento dizer muito mais do que digo, mas
as palavras não surgem e paira em mim uma pobreza lexical que
não me permite exprimir fielmente os desejos da alma por
inteiro. Não sou capaz de dizer como é grande o amor em mim
e ainda assim não aceito construir a minha relação sobre um
falso alicerce que não espelha este amor. Portanto, não seja o
mentiroso e, ao mesmo tempo, a vítima que chora e lamenta no
seu próprio ombro quando a mentira deixar de vigorar como
verdade.
O amor é um desejo que nasce e cresce por dentro. É inex-
plicável e, às vezes, cresce em momentos impróprios e onde não
tem condições, de baixo de tiroteios com a barriga vazia e calças
na mão, na paragem de autocarro, ao discar o número errado, na
procura de emprego, ou ao bater à porta errada, o amor é assim
um bem em que só não confia quem nunca teve um.
Enquanto seres humanos estamos expostos a várias emo-
ções; De vingança, amor, ódio, vergonha e não só. Estaremos
constantemente na busca de nós mesmos, por vezes, confusos
e verdadeiramente perdidos por um sentimento que é o
princípio e o fim da relação. Ouvir que não somos a pessoa
certa e desejada por quem tanto desejamos é difícil mesmo que
as palavras sejam ditas de forma silenciosa. Mas ainda assim, não
72
LIÇÕES DE AMOR

se deixe vencer pelo sentimento de impotência que procura


compensar os momentos difíceis em apenas uma noite de prazer,
tornando-a na maior noite da vida de um desesperado que se
deita no colo de uma desconhecida que ganha a força de uma
heroína, de um encantador nocturno que se aproveita de um
espaço que nunca lhe pertenceu ou quem sabe abraçar; o álcool,
um mal que chega em forma de amigo com intenção de aliviar a
dor que não sabe curar. Um sentimento perdedor que nada mais
procura senão compensar todos as amarguras que a falta de
acolhimento lhe causou, habituado ao péssimo costume de ouvir
apenas aquilo que deseja e, quando não acontece, muitos optam
em ser cegos para dizer que não viram e surdos para dizer que
não ouviram. Contudo, sempre estiveram a par de tudo,
permanecem na sombra de uma mentira amorosa com o fim
adiado cuja sentença continua guardada com poucas chances de
ser alterada porque nada foi feito para mudar o desfecho e
sentem-se mais felizes deste modo enganador do que com a
verdade que magoa.

Será que és um bom construtor?

Embora os santos de casa não façam milagres, conhece-se


a qualidade da árvore pelo fruto que dá. Então, mostre à pessoa
amada os seus frutos e saberá a qualidade da sua árvore.

A relação que se alicerça na mentira que conforta é obriga-


da a dizer que está certo mesmo quando tem a plena convicção de
que está errado. É aquele que vê na verdade o perigo de ruptura,
e na mentira a continuidade da relação e diz que passa bem, mes-
mo quando está mal, finge que gosta e adora quando na verdade
está farto, se magoa e quebra por dentro, mas se mantém de pé
e satisfaz os prazeres do companheiro mesmo quando não tem
prazer, demonstra que quer ficar enquanto morre de vontade de
ir embora. A relação que se forja na mentira que conforta, conta
estórias bonitas de mentira, chama todos os nomes amorosos e
na rua abraça com força, mas tudo não passa de uma falsidade,
73
RICKDIONIS

a relação que se forja na mentira dói, queima por inteiro e sofre


em silêncio porque não expressa a vontade da alma.

A relação que se forja na verdade que magoa, por vezes, é


a sua própria frontalidade que magoa, cria mau estar e parece-se
com falta de amor que mais quer distância do parceiro do que
aproximação e desagradar é a sua marca. Mas, no fundo, é um
amor real, é protector e sincero, é um amor que não se deixa
enganar porque não aposta na mentira, e deposita na verdade a
continuidade da relação.

74
Q ue a sua boca seja uma fonte de benefícios e não
um poço de prejuízos. Imagine como seria a nos-
sa vida se tivéssemos duas bocas em vez de duas
orelhas! Muitos ainda não cultivaram em si mesmos o hábito de
ouvir tanto o que querem como o que não querem, para poste-
riomente imitirem uma opinião dado estarmos condenados a não
viver sozinhos.Vêem na linguagem a arma mortífera para se de-
fender da razão e da falta da mesma. Procuram usá-la até quando
não estão a ser atacados, porque querem livrar-se de uma crítica
bem feita, dum puxão de orelhas bem dado, ou ainda de um con-
selho atrevido que não pediram, esquecendo-se que pode ser útil
se for bem aplicado.

Há ocasiões em que só reconhecemos quanto custa o ou-


tro lado da moeda quando nos encontramos num momento de
aflição em que clamamos por socorro, que alguém nos estenda a
mão para sair do buraco, desatar a corda do pescoço; alguma coi-
sa que nos mostre como devemos amealhar cada minuto do saber
e damos valor ao ditado que diz, quem não ouve conselho ouve coitado.

Como tem gerido a sua boca?

Não há como se desfazer da boca por mais prejuízo que


ela cause, mas tente não exceder. Será que é conhecida como a

77
RICKDIONIS

“dona da boca sem travão”, a“fofoqueira sem limites” que todos


odeiam, que fala sempre mais do que o desejado, extravasa e não
vê obstáculos, fala o que não quer e, por vezes, tem raiva da pró-
pria boca. Será que a sua boca é sempre a única culpada de ser o
que é ou ainda não aprendeu a usá-la devidamente?

Será que é por causa da sua boca que o seu amor se


foi embora?

Se a sua boca estragou tudo, o seu silêncio por amor pode


recuperar tudo da maneira que foi, pois o amor não se resume a
meras palavras e a pessoa não o amará somente porque diz que a
ama, é necessário que essas palavras sejam justificadas com boas
atitudes. O silêncio preocupa e, algumas vezes, chama a atenção
até mesmo dos menos atentos, então use-o para falar sobre coisas
maiores do que aquelas que a boca estragou.

Uma pergunta mal feita facilita uma resposta inde-


sejada.

Ao resolver determinadas questões devemos evitar fazer


perguntas que não ajudam em nada, como por exemplo, pergun-
tar ao companheiro:

– Porque que és assim? - Esta pergunta facilita uma


resposta indesejada do meu ponto de vista, pois o companheiro
irá procurar uma escapatória e responderá:

– Sou assim porque saí ao meu pai ou à minha mãe e eles são
assim e toda família já sabe, até os vizinhos já estão habituados,
por isso, não reclamam. Ou então porque saí ao meu avô que já
morreu, isto é uma herança de família. – A pergunta oferece
inúmeras formas de fugir da razão, ou seja, facilita a justificação,
mesmo que não satisfaça. Ao se ouvirem estas desculpas, parece
aceitável.
78
LIÇÕES DE AMOR

A pergunta mal feita normalmente recebe uma resposta


pior. Portanto, evite perguntar, “Porque é que esta pessoa é as-
sim?” Se o seu real interesse é chegar a uma solução, então, passe
a perguntar da seguinte forma:

– O que vou fazer para resolver esta questão? – COMO –


será a palavra-chave para encontrar a solução que tanto precisa.
Esta mudança de atitude vai ajudá-lo a encontrar o caminho
da pergunta bem-sucedida porque ela será feita em busca de
uma solução e não a favor de inúmeras desculpas. Assim,
perguntará como fazer esta pessoa feliz? Como se tornar uma
pessoa melhor? Como… Como…

79
S erá que já algum dia disse: “Solidão, entra na minha
vida porque te amo muito.” Se não o disse, então
porque é que nunca o disse? Dificilmente a solidão é
bem-vinda na vida de alguém, senão naqueles momentos em que
mais vale a pena estar só do que mal acompanhado. Embora em
alguns casos a solidão se torne o companheiro indesejável de
muitos, ela não tem piedade, bate, magoa, maltrata. A solidão
pode ser péssima para escolher como companheira, parte-se por
dentro, rói as paredes vivas de um coração que ainda tem a
oportunidade de acreditar no amanhã.

Quem um dia já foi dominado pela solidão que diga quão


horrendo é votar nela enquanto tiver outras opções de escolha.
A solidão pode ser uma aposta falida carregada de lembranças
amargas que nunca foram entregues ao baú do esquecimento.

Em determinados momentos da vida, estamos bem con-


nosco mesmo, porque temos a pessoa amada ao nosso lado, o
emprego desejado e... todavia, fruto da insatisfação, achamos que
só isso não basta. Chateamo-nos em vão porque queremos algo
que nem nós mesmos sabemos devidamente o que é e lá vamos,
mais uma vez, à procura do desejado na imensidão da insatisfa-
ção, que nos desperta somente do paraíso em que vivíamos de-
pois de encontrar o indesejado inferno.

83
RICKDIONIS

Em que momento sentimos a falta de nós mesmos?

Sentimos a falta de nós mesmos naqueles momentos em


que reconhecemos que fomos impotentes ou insuficientes para
cuidar do que de melhor tínhamos e aceitamos que nos compor-
támos como uma figura distante para resolver algo que estava tão
próximo. E, chegamos à conclusão infeliz de que fizemos menos
do que devíamos ou seja fizemos muito pouco por aquilo que
estava ao nosso alcance.

Quando, por alguma razão, andamos de mãos dadas com a


solidão, muitas são as vezes em que diante dos outros queremos
fingir que não sentimos a falta de alguém, queremos mostrar
que estamos bem, que somos fortes e vivemos no sorriso que
encanta. Em pouco tempo esquecemo-nos totalmente da
amargura, tentamos apagar o passado que foi bom assim como
se apagam as letras no quadro da sala de aula. Mas este mesmo
passado irrefutável transporta-nos para um mundo de
lembranças, de cenas que nunca mais vamos viver, algo que
jamais recuperaremos, porque o que outrora era nosso e de que
podíamos usufruir, hoje ganhou novos donos, novas senhoras,
conhecem novas ilusões e dão ouvidos a outras experiências.

Quem está na solidão, por vezes, é sensível, quer acreditar


mais do que não acreditou antes, quer que um simples olhar signi-
fique alguma coisa real, pensa que um sinal ainda que involuntário
leva o desejo presente a realizar o sonho adiado que vive adorme-
cido na esperança de se concretizar. A solidão, sempre que pode,
baralha a mente dos seus aprisionados, acarreta consigo várias
emoções que nem sempre lhes permite entender as circunstâncias
expostas numa viagem curta entre o desejo de ontem, de hoje e
do amanhã. Há momentos em que o desejo fala alto, grita, mas
ninguém ouve esses gritos que derrubam muralhas senão a alma
84
LIÇÕES DE AMOR

sofrida, que luta para afogar a tristeza e o coração desprotegido


vagueia timidamente à procura de consolo numa nova opor-
tunidade.

Quem ama na solidão vive na oscilação do desejo que ha-


bita em si e, às vezes, tem medo dos novos tempos, o coração
bate forte, mais rápido, porque quer libertar-se do companheiro
indesejável, ao mesmo tempo que pensa em não cometer os erros
do passado. Quem está na solidão sem ser vencido pela mesma
dá tudo que tem no amor, porque conhece o amigo malvado e
não quer nunca mais caminhar no vazio, carente de um abraço
sincero, doce e carinhoso ou de uma palavra bonita que se ouve
somente no amor. Quem ama na solidão, por vezes, ama de ver-
dade e faz tudo para expulsar este governante impiedoso.

85
V
ocê ama essa pessoa o suficiente para lhe oferecer
o que resta de si? Se os restos não servem para si,
também não servem para satisfazer a pessoa ama-
da que é uma parte de si. Somos donos e senhores dos caminhos
que trilhamos, dos sonhos que sonhamos e do medo que
ganhamos ao saber das coisas. Isto leva-nos a conhecer-se um
pouco mais para trilhar seguramente em frente aos desafios não
declarados com que nos deparamos, que chega a abalar os mais
seguros, pois é importante não perder a direcção para reconhecer
o caminho de regresso sempre que necessário.

Quando nos percebemos que esta pessoa que nunca


valorizámos é, afinal, o tudo que temos e que agora está a ir
embora, isso mexe com a estrutura, abana o esqueleto de
qualquer um, mas se calhar pode ser bom deixarmos que alguém
que esteja verdadeiramente interessado cuide devidamente
daquilo que nunca tivemos tempo para cuidar. Pois quem ama
não é egoísta e quer ver o bem da pessoa amada até mesmo
quando não estão juntos.
Por que é que fazes tudo errado somente para
conhecer a agonia de perder o que tens de melhor?
Por não cuidar o necessário vemos o que supostamente
não era nada para nós, ser o tudo para o outro que abraça forte e

89
RICKDIONIS

se mostra disponível a dar aquilo que nunca demos à pessoa, um


amor de verdade e uma aliança como significado do amor sincero.
Muitos não deram nada, não porque não tinham nada para dar,
mas sim porque nunca valorizaram a pessoa. E, se deram alguma
coisa foi aquilo que sobrou do cansaço de uma jornada laboral,
do stress de um trânsito infernal, do grito do patrão ou de tudo o
que restou de um dia mal terminado, enfim alguma coisa assim...
Permitam-me, por favor, recorrer à Bíblia, quando o Senhor Jesus
Cristo disse que aquela mulher viúva deu mais do que todos - não
foi em termos quantitativos e sim valorativos, porque ela tinha
dado tudo o que tinha de melhor.

Porque insiste em dar os trocos e não uma parte de si?


“Não se constrói um exército forte com generais fracos”, se
a pessoa amada nunca está saciada porque vive da abundância
dos ossos e da escassez da carne, onde vai encontrar forças
suficiente para construir uma relação forte. Se continuar com esta
oferta barata nunca terá uma relação forte, porque ela não se
constrói com atitudes fracas.
Não leve a sua relação como um hábito, não case porque
acha lindo vestir-se de noiva ou de noivo ou porque quer estar
rodeado pela multidão com o padre a celebrar a cerimónia de
casamento na igreja, ou ainda porque na família todos se casam
e você não quer ser o último. Não se case por desespero só para
não ficar sozinha, pois quem se casa por desespero continua so-
zinha na mesma, só que desta vez casada com o desespero.

O melhor de si ou o que sobra de si?

Chega de oferecer a melhor parte da carne aos cães e dar


os ossos à pessoa amada.

As pessoas que se amam não podem viver uma relação


baseada naquilo que sobra e naquilo que mais ninguém quer, dei-

90
LIÇÕES DE AMOR

xando tudo de bom de fora e oferecer os restos a este amor. O


companheiro não pode ser o último da fila, aquele que tem as
suas necessidades atendidas quando todas as outras já o foram e
não pode ser o último da lista, aquele que ocupa o espaço de nin-
guém e todos ocupam o seu espaço . Por outras palavras, quero
dizer que no amor deve-se ter tempo para agradar e dar o lugar
de destaque à pessoa amada.

Quando falo em dar uma parte de si, quero dizer na reali-


dade, que deve dar o melhor que tem, aquilo que vos fará a ambos
felizes, algo que o seu coração deseja e a sua mente não contraria
porque vivem numa combinação perfeita, coisas que quanto mais
faz mais tem prazer em continuar, não se cansa de fazer. Estou a
falar em dar uma parte de si para conquistar o amor de alguém.

Dar uma parte de si, levá-lo-á a realizar um sonho comum,


esquecer-se um pouco do eu, para se concentrar no nós, até por-
que fazer muitas vezes um discurso baseado no Eu é bastante
perigoso se se pretende levar avante um projecto onde não pode-
mos caminhar sozinhos.

Ninguém ama de verdade se não conseguir dar uma parte


de si.

91
S
e você não merece qualquer coisa, então tenha
a certeza de que o que preparou é o melhor. Os
desafios são amigos que se parecem com inimigos,
e nos ajudam a crescer, obrigando-nos a ver as coisas numa
outra dimensão e a esforçarmo-nos mais para chegar à satisfação
necessária, numa tentativa de deixar a nossa marca, o selo que
significa que estamos presentes sem a necessidade de assinar o
nome ou estampar o carimbo.
Ao nos depararmos com situações que exigem muito de
nós, nasce no seio da maioria uma enorme satisfação ao saber
que tem a oportunidade de dar o melhor e, ao mesmo tempo,
surge o desejo de fuga, de inventar uma desculpa consensual
por receio de enfrentar um novo desafio que pode ser um suicídio
profissional. Paira no íntimo aquela pergunta mágica:“Porque é
que me escolheram com tanta gente em melhores condições, com
classe e perfil para assumir esta posição?” Começamos a procurar
sintomas inexistentes,“Ah, acho que sou doente, não sei se terei
tempo.” Assim, o nosso orgulho pecaminoso impede-nos por
vezes de fazer o que tanto queremos.

Será que se importa com o querer da pessoa amada?

O melhor não é fruto de uma satisfação individual que


deve ser colectiva por obrigação. Será que tem tido o cuidado
de saber da pessoa amada se o seu melhor a conduz ao
95
RICKDIONIS

melhor ou para si basta a sua realização? Muitos não fazem a


pergunta em voz alta para não estranharem a resposta que lhes
tira o sono, por isso, optam por perguntar baixinho para eles
mesmos porque têm receio de ouvir um não. Preferem fazer-se
passar por inocentes e, no final, deitados na cama viram as
costas como quem quer dizer, “Por favor, fica tudo por aqui,
assunto encerrado.”

Quem dá o melhor não espera receber o pior mas, por fa-


vor, lembre-se que se o amor se tornar numa moeda de troca não
é amor, é dívida, em que cada um tem um dia para dar e um dia
para receber. Assim, apercebamo-nos de que é preciso entender
que o melhor não é aquilo que não temos para dar e sim o pouco
com valor de muito, porque tudo que é dado com amor nunca é
pouco. De nada adianta queimar o tempo todo, preso aos
desejos ilimitados que não se concretizam, esquecendo-se de dar
o melhor sem se importar com a quantidade, não se preocupa
com o tamanho que chama a atenção. No amor mais vale o gesto,
então valorize o pouco que é responsável por manter a relação de
pé sem pôr em causa a esperança em dias melhores.

Dar o melhor de si é dedicar-se a algo que a vós pertence


e arranjar o tempo, que o tempo não tem, para ficar ao lado desta
pessoa e fazer as coisas sempre com um sorriso alegre e, acima
de tudo, descobrir em si aquilo que não sabia. Olhe para mim,
que não entendia nada de romantismo. Quando senti o bicho da
paixão, descobri que era romântico e não sabia, escrevi versos
inimagináveis, mandei flores e não me importava com o preço. As
noites tornaram-se mais longas, o sono mais curto e, ainda assim,
eram agradáveis.

Para dar o melhor, temos que aceitar a nossa realidade e


falar apenas a língua do amor.

Não seja um inventor da falta de tempo, que tem


tempo para tudo menos para a pessoa amada.

96
LIÇÕES DE AMOR

97
É
comum sermos abalados pelo vento da saudade
que nos leva a uma longa viagem no
tempo, recordações pelas quais daríamos tudo
para voltar a viver novamente as mesmas emoções que o
tempo levou, mas não apagou. Por isso, permanecem vivas e
podem ser vistas de olhos fechados ou abertos. A saudade de
que falo não é a falsa saudade, como aquelas palavras que um
dia escrevi na areia, veio a chuva e apagou; escrevi novamente à
beira-mar, veio a onda e arrastou, ou aquela que passei a lápis
no caderno que depois da primeira discussão apaguei com a
borracha. Não é dessa saudade que falo, e sim da saudade
eterna que escrevi nas profundezas do meu coração, onde
nem a chuva, nem as ondas do mar e a borracha apagarão.

Uma saudade que arranca algumas lágrimas grossas de


quem reconhece o quanto foi bom e procura fazer sempre o me-
lhor e sabe que o tempo nunca mais será o mesmo, mas pode ser
sempre melhor ao lado de quem amamos.

É natural sentirmos saudades de alguém com quem es-


tamos habituados a conviver e a partilhar um pedaço de nós,
os colegas de serviço ou da escola,um amigo desaparecido e do
amor, que se tornou ausente. Sentimos saudades das coisas que
não sabemos esquecer e, por mais ridículo que seja, algumas ve-

101
RICKDIONIS

zes também sentimos saudades das pessoas que nos chateiam o


tempo todo, aqueles de quem não queremos ouvir falar nem
de longe. Mas ninguém sente falta daquilo que nunca teve. Se
nunca amou de verdade, não pode sentir falta de um grande
amor porque nunca teve esse amor que fica amarrado em tudo.

Quero falar de uma saudade incomum, que sente a falta do


calor da pessoa amada mesmo presente, uma saudade que dói de
verdade e abala corações e tem mais saudades do que a saudade
que se sente pelo amor que foi embora.

Esta saudade ocorre normalmente quando a pessoa amada


muda de comportamento, deixa de ser quem era e se torna uma
pessoa estranha. Olhas para o mesmo e já não vê aquela pessoa
por quem um dia se apaixonou. Uma saudade que se sente pela
pessoa amada que nunca foi embora, que dorme e acorda con-
sigo, mas não mata o sentimento de angústia porque tem sauda-
de da pessoa que ela era e não da pessoa que ela é hoje. Parece
mentira, mas é verdade, muitos vivem silenciosamente nesta sau-
dade que maltrata mais do que qualquer outra, porque a pessoa
de quem se sente a falta é alcançável só que não responde
mais às necessidades como antes. Já não abraça, já não
carinha como antes, já não tem a mesma paciência de
antigamente, é um amor que, por mais próximo que esteja,
continua distante e feliz nas lembranças, pelos encantos do
passado que sustenta o fôlego da relação.
Quero falar desta mulher que tem saudade deste
homem, por quem um dia se entregou apaixonadamente e, hoje,
se tornou um estranho que está todos os dias ao seu lado, mas
não mata a saudade, porque já não sabe ser a mesma pessoa
amorosa de antes. Ela tem saudades do jeito desejado como
aquele homem a agarrava, das palavras bonitas que lhe dizia,
dos momentos bons em que ele cantava, dançava, declamava e
era o seu super-homem, prometendo levá-la até à lua; saudades
daquele homem carinhoso, do amor que o vento não abalava e
a distância não separava.
102
LIÇÕES DE AMOR

Quero falar deste homem que tem saudades daquela mu-


lher carinhosa que o aceitava como marido sem vergonha da crí-
tica social e sorria em nome da felicidade. Lutava sem economi-
zar esforços para construir uma relação. Este homem que tem
saudades de tudo aquilo que nunca mais viveu ao lado da mulher
que escolheu e, no seu interior, a tristeza deixou de ser visita e
construiu moradia.

Peça a esta pessoa para fechar os olhos, pegue na sua mão


ao mesmo tempo que vai beijando os seus lábios, que os olhos
fechados sejam o símbolo de todo o passado que deve ser es-
quecido e quando os olhos se abrirem um novo amor nascerá
mais forte, lindo e doce. Que os bons momentos apaguem as más
lembranças.

103
A
té onde sei, aqui na terra não se fazem coisas de
outro mundo e fazer diferente é uma das coisas
que se faz na terra. Não é mau, muito menos im-
possível, ser diferente e ao mesmo tempo agradável, estar pre-
sente constantemente sem criar aborrecimento. Então, porque é
que você espera pelo dia de São Valentim para demostrar amor,
afinal quem ama esta pessoa é você ou o finado São Valentim?
Não é que não seja um dia bom para comemorar, é que não vai
surpreender porque a pessoa já espera por algum presente. Para
fazer a diferença todos dias devem ser aproveitados da melhor
forma, utilizando os meios que estão ao seu alcance.

A vontade de fazer diferente deve nascer do interior de


cada um, na maneira como olhamos para nós, da forma que de-
sejamos fazer as coisas, o modo como nos dirigimos à pessoa
amada, é um acto grandioso que valoriza o companheiro e se
resume em pequenos gestos e toques que evidenciam o respeito
e o amor incondicional.

Muitos passam noites em claro a treinar um discurso de


amor com palavras lindíssimas que encantam o coração de qual-
quer pessoa, na expectativa de serem diferentes. Mas, na reali-
dade, todas essas palavras poderão ser supérflua , pois mesmo

107
RICKDIONIS

sendo um discurso bem elaborado poderá ainda assim ser insufi-


ciente para convencer, por dizer mais do que o devido, enquanto
a pessoa gostaria de ouvir apenas uma palavra curta com vasto
significado que preenchesse o vazio do coração sem entupir os
ouvidos. Esta pessoa já ouviu muitas “cantadas” e discursos de
amor ensaiados com rimas, tons, sopranos e sonetos, mas na hora
derradeira não sai nada, o discursante perde a fala e para dis-
farçar pede um copo com água, para ver se engole cada palavra
do discurso lindamente ensaiado que não encontra caminho para
desafogar.

Este fazer diferente de que tanto falo não é a pensar em


si mesmo e, sim, na pessoa amada, para que se sinta diferente
e valorizada, pois no bairro dizem que ela é a “vizinha ou
vizinho malvada/o”, na escola e no serviço a “colega sínica”.
E agora, você, para fazer diferente vai chamar-lhe o quê? A
maneira boa como vai chamar o seu amor fica por sua conta. A
pessoa amada merece tratamento exclusivo,`` O melhor
indicador do carácter de uma pessoa é como ela trata as
pessoas que não lhe podem trazer benefício algum``. Se trata
bem todas as pessoas à sua volta, deve tratar ainda melhor a
pessoa amada para que o tratamento especial seja visível.

Há coisas comuns que toda a gente sabe e quem não sabe


deveria saber, mas a diferença vê-se nos pormenores que pouca
gente sabe e você precisa experimentar no amor.

108
A
mor não é um produto de exportação perecível
com data de validade, que se não for usado dentro
do prazo apodrece. O amor não se estraga, não se
precisa de colocar no frigorífico para conservar ou num lugar seco
e distante do sol para não perder propriedades. O amor é sangue
e vida, que aquece e nutre. Estamos num mundo moderno, onde
todos os dias são novos e a mudança ocorre bem perto da nossa
porta e dentro de casa. Os conceitos que pareciam devidamente
definidos e incontestáveis sofrem mutações, como se estivéssemos
debaixo de uma guerra convencional incessante com a paz mais
distante de alcançar e a ver pessoas que se encontram na mesma
posição a puxar para lados diferentes. Mas, ainda assim, o comodis-
mo e a falta de espírito desafiador poderão ser os maiores perigos
desta guerra não bélica.

Quantas vezes já se perguntou será que isto é certo?

Algumas vezes é bastante difícil entender o que é certo,


pois o que é bom para um pode não ser para outro. É necessário
encontrar um equilíbrio de vontades sem que ninguém se sinta
um perdedor.

Fazer o que é certo, pressupõe fazer aquilo que expressa a


vontade comum, porque duas pessoas que se amam não pensam

111
RICKDIONIS

no fim, nem em transformar a relação num inferno.

Falar não é a única forma de expressar o amor, se calhar


a mais fácil. Por esta razão, muitos fazem-no da boca para fora
pois se fosse a única forma. Não sei o que seria dos mudos que
conquistam sem soltar palavra alguma.
Para fazer a coisa certa é preciso conhecer a pessoa
amada muito bem, pois não basta conhecer as curvas do seu
corpo, o tamanho do seu cabelo, a sua cor favorita, o número
dos sapatos que calça, o volume do seu peito ou o tamanho
dos seus músculos. Conhecer a pessoa amada é saber sobre os
sonhos que carrega na bagagem, compreender as palavras que
o seu silêncio expressa, aprender a ler o seu íntimo, entender
os batimentos do seu coração, os seus anseios e as suas
ilusões. Conhecer a pessoa amada é construir um amor de
verdade.
Conhecer esta pessoa por fora, muitos conhecem e, até
fazem julgamentos precipitados, mas você não pode ser mais um
insignificante que entra nesta vida, que julga e fala sobre as mes-
mas coisas sem o devido conhecimento. Ficar pelas coisas pal-
páveis, pelas curvas do corpo ou o volume dos seus músculos é
muito pouco pois essa pessoa tem muito mais para lhe oferecer.
Só conhecendo o íntimo da pessoa amada é que vamos aprender
a expulsar a desconfiança e manter a segurança para chorar,
cantar, lamentar nos braços desse amor e enfrentar juntos tudo
o que vier.

112
N
ão seja a primeira pessoa a amar com intenção
de ser infeliz. O que é seu é vosso ou é um meio
privado que defende e serve apenas os seus inte-
resses? Tudo tem limites e entre eles há aqueles que devem ser co-
nhecidos de forma obrigatória, sem que nos sejam impostos em
forma de ultimato e que pode soar a humilhação. Outros, vamos
conhecer no desenrolar do tempo, pelas funções que exercemos,
pelas pessoas com quem convivemos, as ruas em que caminha-
mos e assim sucessivamente.

Quem ama não guarda o sentimento só para si, para não


correr o risco de ser derrotado numa luta onde não combateu,
por isso, diz palavras novas e indispensáveis que nunca disse a
ninguém e que ajudam a edificar o relacionamento e fermentar o
amor. O amor não expresso, corta mais do que uma faca,
queima mais do que fogo, rói mais do que um rato e abana o
íntimo do coração segredista.

Há coisas que convivem connosco há anos, centradas no


individualismo da privacidade que tornam difícil aceitar as coisas
novas de outro modo que não seja o habitual. É um mal que se
não for combatido torna-se familiar e traz lágrimas em vez de sor-

115
RICKDIONIS

risos, por isso, infelizmente vemos pessoas que falam de amor enquan-
to as suas acções falam sobre outra coisa que confirma a aposta no
individualismo, que gera privacidade em vez da partilha da felicidade.
Não dê as boas-vindas a um espírito individualista que cria
discórdia e impede uma vivência sã no amor. Nesse momento,
deve-se maltratar este espírito de separação para que se sinta
desconfortável e fuja da relação. A privacidade não pode ganhar
espaço num lugar onde o amor tem o comando. Ela deve passar-
distante dos corações apaixonados que querem viver arduamente
este momento sem a interferência indesejada que separa as
coisas que fazem melhor figura juntas do que separadas.
Já ouvi tanta coisa, confesso que nunca ouvi alguém dizer
à pessoa amada, “Amo-te muito, não vivo sem ti, mas por favor,
leve a sua vida da maneira que quiseres e eu levo a minha como
bem entendo”; “Se entrares por uma porta eu saio pela outra.”
Na realidade, o amor não dá confiança, não se senta, não come
nem bebe com pensamentos isolados e destrutivos como este,
em que estão juntos, mas cada um vive de acordo com as suas
possibilidades. Esta palavra mágica de que tanto falo, por si só,
expulsa a privacidade e quem ama partilha, quer dar e receber
aquilo que só pode fazer de forma prazerosa com a pessoa
amada.
Para quê tanta privacidade na infelicidade?
O materialismo já cegou o amor de muitos, mas nunca
preencheu o coração de ninguém. A casa é um bem feito de areia,
cimento, ferro e… o carro, um meio feito de plástico, alumínio,
borracha e... o dinheiro é um papel preenchido com números
e rostos dificilmente consensuais, cujo valor lhe foi dado pelo
homem. Tudo bem, tudo isso é seu, esta pessoa sabe-o desde o
início. Só não entendo como deixas o individualismo hospedar-
se na sua relação se só promove a infelicidade?

Não viva a sua relação a pensar no que poderia viver fora


dela, porque se assim for, fará muito pouco para promover a har-

116
LIÇÕES DE AMOR

monia do mesmo, permanecerá em si a intenção de como as coi-


sas seriam melhor fora. Invista na relação, não poupe esforços,
não alimente a ideia de que fora seria melhor, pois já lá esteve.
Na medida em que alimenta ideias como essas, fecha as portas à
oportunidade de fazer melhor na relação porque as suas energias
estarão viradas para saber o que se passa fora e fechadas para
encontrar a coesão que o relacionamento precisa. Por isso, fale da
felicidade que traz sorrisos e ajuda a viajar alegremente no tempo
sem remorsos e não de privacidade que fecha as portas ao amor e
impossibilita conhecer as virtudes da pessoa amada.

Tanta coisa para apostar na relação e você resolve, logo,


apostar na privacidade?

Numa relação onde o amor governa e escraviza dois cora-


ções entregues a este sentimento, que não se cria da noite para o
dia e nem se esgota num abrir e fechar de olhos, a palavra priva-
cidade não pode soar mais alto do que a palavra felicidade, pois
ninguém entra para uma relação na esperança de viver na infelici-
dade. Quem ama entrega-se perdidamente nos braços da pessoa
amada com intenção de ser feliz e nega a privacidade que encolhe
o sentimento que precisa desabrochar em cada milésimo de se-
gundo. Quem ama vive no atrevimento da relação, salta para o
colo, puxa o cabelo, rasga a roupa sem se interessar com o preço,
enquanto que a mão e os seus companheiros aproveitam a doce
nudez, porque sabem que o amor não é como o dinheiro, se não
for bem usado acaba. Por isso, investir na privacidade que arruína
é um erro rude para uma relação que não quer perder felicidade.

117
N
ão encha o coração de sonhos bonitos com a
pessoa errada, ao ponto de afastar o sonho e a
pessoa certa. O grande amor da sua vida pode
ser alguém por quem passas todos os dias sem dar uma oportu-
nidade aos olhos de reparar nela e que não faz parte da sua lista
rigorosa de requisitos necessários para agradar o coração.Viaja
para longe e os seus planos são incalculáveis e, aparentemente,
esta pessoa não desperta um interesse que se encaixe nesta lista
de felicidade aparente.

Alguns depositam confiança na grande lista de requisitos


como o modelo que define a condição afectiva e o futuro amo-
roso feliz. Assim, durante tempo indeterminado, arrastam esta
ilusão do homem e/ou mulher ideal com quem a vida dará certo,
porque se veste, come, anda e fala de acordo com a lista imprete-
rível. Sempre que algo corre mal, preferem encontrar um culpado
do que assumir que fizeram uma má avaliação do candidato ou,
no mínimo, aceitar que a lista esta ultrapassada e o tempo já não é
o mesmo de antes, e talvez devam oferecer uma segunda oportu-
nidade a si mesmos para melhor reparar o erro. Mas, como não o
aceitam, preferem o caminho mais fácil em que não serão acusa-
dos de falsas declarações e dizem que não deu certo porque Deus
não quis, não aconteceu porque Deus não permitiu. O sono é

121
RICKDIONIS

suave quando se tem alguém, principalmente se for desconhecido


para levar a nossa cruz, o grande problema é que nem sempre o
tempo corre ao nosso favor para permitir fazer melhor na segun-
da do que na primeira oportunidade.

O momento especial é aquele em que o coração foge da


lista e, como se ela não existisse, deixa de se submeter a um papel
cheio de fantasias e desperta, pois a pessoa que tem dentro de
si não é a dos sonhos que está na lista perfeita, então começa a
aprender a marcar passos ouvindo a voz que vem de dentro e não
aquilo que está descrito no papel. Reconhece que a lista até é boa,
mas o coração não precisa dela para amar e jamais uma pessoa
imperfeita se encaixaria numa lista individualmente perfeita.

Acontece que, muitas vezes, a pessoa por quem nos en-


cantamos verdadeiramente, não preenche nenhum dos requisitos
idealizados da velha lista e, mesmo sem esses requisitos o coração
entrega-se e faz surgir a pergunta que nem sempre encontra res-
posta, “Como é que posso gostar tanto desta pessoa se não faz
parte da lista que um dia idealizei! Não é gorda e vaidosa como
gosto, estreita e alta como desenhei, não tem o corpo atlético e
barbudo com que sempre sonhei.”

O amor não é uma ideologia composta de paradigmas que


limita a sua circulação, não respeita requisitos, histórias ou contos,
o amor não tem olhos, mas vê e o seu lugar é no coração onde
nada se arranca com facilidade.

Os requisitos são desvalorizados com a presença do amor,


esta coisa de pessoas baixas ou altas, claras ou escuras, são prete-
ridos, nem vai perguntar se fala inglês, francês, se sabe manusear
um computador, se andou na faculdade ou se é analfabeta pois
o amor, quando toca, rompe os obstáculos sem hesitar e não há
requisitos que sobrevivam à temperatura do sentimento. Porque
quem ama ajuda a pessoa amada a reencontrar-se.

122
LIÇÕES DE AMOR

Lembre-se que, Adão foi o único homem a quem Deus


deu mulher e Eva a única mulher a quem o Criador deu marido.
Outros encontraram a pessoa amada através da conquista indivi-
dual, ajuda de uma amiga, por acerto familiar e questões culturais.
Ainda assim, gastaram bastante saliva para aprender a controlar
o impulso do coração e o funcionar da mente para chegar onde
estão hoje. E tu, como pensas encontrar esta pessoa? Na praia
depois de exibir o corpo, ao volante de um carro de luxo ou na
mesa de um bar? Seja onde for o amor nasce sem preconceitos e
não há um lugar fixo para o encontrar.

123
N
um dia difícil, em que os meus lábios secavam, as
mãos tremiam e o coração batia anormalmente,
recebi uma mensagem, de uma amiga, que dizia:

Se encontrares espinhos pelo caminho, não te preocupes, pois o maior


homem do mundo fez de espinhos a sua coroa de vitória.

Confesso que estas palavras ajudaram a suavizar o meu dia.

Atrair o bem é o desejo de muitos, até mesmo dos maus.


Quando se trata de fingir a maldade, entendo que quando se parte
para relação, uma das intenções é levá-la com menos dificuldade
e desfrutar da melhor forma possível um desejo inconfundível e
não podia ser diferente. Embora um grande amor não se construa
somente a partir daquilo que queremos, mas também daquilo que
não queremos, devemos compreender o significado das coisas
que não são nossas, para saber porque é que elas são tão valoriza-
das pela pessoa amada e aprender a incorporar no nosso sonho
os sonhos e desejos deste amor que passa a ser uma parte de nós.

Por mais que nos dediquemos a alguém, há coisas que ja-


mais faremos pelos outros, porque a natureza servirá de empeci-
lho ao nos tornar incapazes de realizar esse facto, como: Chorar

127
RICKDIONIS

pelo olho alheio, caminhar com as pernas da pessoa amada de


forma a aliviar o cansaço que carrega e tantas outras emoções.
Não é possível transferir para outrem coisas deste género. Ainda
assim, o amor compensa sempre dando a oportunidade de ser
alguém na vida de alguém.

Nem tudo é ouro no amor e nem todos os momentos


são preenchidos por comemorações. Há fases menos boas que
suscitam o desejo de saltar do barco e que também fazem parte
da caminhada. Quando as dificuldades apertam requerem uma
maior aproximação e muitos fazem o inverso distanciando-se. É
preciso encurtar a meta da dificuldade para encontrar o caminho
ideal, mesmo quando todas as vias parecem fechadas. Acredite
que existe em si uma saída que não conhece, mas precisa de a
encontrar em cada dificuldade que tiver. Há um caminho que
leva ao equilíbrio e satisfaz o desejo de dois mortais que vivem
na intimidade de casal ao mesmo tempo que são diferentes, onde
nem tudo é bom, mas a vontade de ambos sobrepõe-se aos rios da
separação, o Eu deixa de ser quem é para ganhar a pessoa amada
reencontrada nos versos antigos, que ainda hoje permanecem vivos
num coração que não sabe carregar nada mais, senão os momentos
que simbolizam a relação para justificar que ``Nas grandes batalhas
o primeiro passo para vitória é a vontade de vencer``.

Os momentos difíceis de que falo, são aqueles que nin-


guém gostaria de viver e não colocam nos planos, porque nos
deixam fracos e vulneráveis e levam o sono. Sem ninguém para
ajudar por mais que clamemos por socorro, na realidade, somos
nós mesmos o nosso socorro e o dono da primeira e da última
palavra. As dificuldades existem para todos, mas o seu amor não
é o amor de todos, por isso, não venda dificuldades a esta pessoa
amada que espera coisas maravilhosas de si e decidiu abrir o co-
ração para o amar.

128
LIÇÕES DE AMOR

Não tenha receio de apontar o dedo para si se és a


própria dificuldade que pode ser facilmente combatida com
amor e vontade se se entregar de coração. Aprenda com a dor
que ainda não sofreu, que muitas das decisões que tomamos
hoje só teremos oportunidade de saber se foram bem ou mal
tomadas a longo prazo. ``Porque a verdade é filha do tempo``,
mas nem sempre teremos a oportunidade de as corrigir de
modo a tornar fácil uma situação difícil. Assim, passamos a
correr o risco de viver amargurados ou sorridentes por
caminhos mal pisados ou decisões bem tomadas que mudam a
trajectória da nossa vida para sempre.

129
Q ue a sua imagem de espelho bom não seja uma
miragem que leva multidões a perder-se no de-
serto. Podemos ser experientes, saber a coisa
certa, qual a rua em que virar, a porta para entrar e a janela para
saltar, livrar-nos de uma armadilha e até armadilhar, se necessário
for, mas bem lá no fundo, conhecemos as nossas fragilidades e
limites. Sentimos falta de alguém que nos sirva como modelo que
nos inspire e mostre uma outra dimensão sobre coisas que vão
para além do nosso pensamento, aquilo que os olhos não enxer-
gam, as mãos não tocam e o coração não sente porque vive na
sombra da ignorância.

Foi notório, em 2008, com a chegada do Presidente Barack


Obama à Presidência dos Estados Unidos da América, que mui-
tos povos a nível mundial passaram a acreditar que dias melhores
viriam. Tendo em conta a origem do homem, os africanos não
podiam ficar indiferentes, posso mesmo arriscar que foram os
que mais esperaram por esses dias que nunca chegaram.

Por esta sensação de dias melhores, depositaram grandes


esperanças e os discursos eram feitos em volta do Presidente
Americano, peço desculpa por recorrer a um mundo político
para tentar fazer entender uma situação que mergulha num mar

133
RICKDIONIS

totalmente diferente. Parecia que em África não havia presidentes


e que era um continente desgovernado, acreditavam que seria o
ano das bodas de ouro para África, pelo facto do homem ter
raízes africanas. Depositaram uma confiança maior nele do que
naqueles em quem votaram nas urnas dos seus próprios países.

Na verdade, os africanos precisavam de um homem espe-


lho, que levantasse os caídos, que sarasse as feridas, governasse
sem rancor e desse a devida solução aos inúmeros problemas, al-
guém que mostrasse o caminho, pois o exemplo deve vir sempre
de cima, assim mergulhados na carência passaram a procurar na
América aquilo que gostariam de ter em África.

O espelho de que falo é aquele que serve de guião e onde


todas as suas perguntas, por mais absurdas, aquelas que não fa-
ria a mais ninguém, são respondidas de forma satisfatória e as
inquietações deixam de existir porque conhece o solo em que
coloca a planta dos pés..

Por vezes, o espelho no qual depositamos toda a confiança


e admiração é insignificante para os outros, para a família e os
amigos, é uma desilusão porque esperavam algo aparentemente
melhor. A sua escolha pode até ser, para muitos, um espelho que
não representa nada, fusco e sem valor, mas o importante não é
aquilo que os outros pensam ser bom para nós, mas sim o valor
que damos ao que é nosso. Desta forma, justificamos a frase que
diz: ``Mais vale a voz sincera de um do que o grito falso da mul-
tidão``.

Quero falar deste homem espelho, que serve como exem-


plo de um grande amor que não economiza acções e faz tudo
para dar o melhor de si, um espelho que mesmo quebrado trans-
mite alegria, uma imagem real que não engana e não estipula limi-
tes para conquistar o amor desta mulher.

134
LIÇÕES DE AMOR

Quero falar desta mulher espelho cujo comportamento


não gera desconfiança, desta mulher sábia que sabe fugir da ten-
tação, que ergue e pinta as paredes queimadas de um coração
sofrido que merece ser amado. Este espelho que não ilude, uma
mulher que não é santa para morar no Céu, mas transporta
consigo um sentimento fiel que espalha felicidade.

135
N ão deixe que a verdade seja um prejuízo. Somos
motivados por várias sensações na medida em
que procuramos uma desculpa para cada caso,
embora nem sempre da maneira mais acertada. Porém, somos
confundidos por uma informação mal passada ou mal interpre-
tada e ainda enganados por quem sempre depositamos
confiança, acabando por ficar sem entender se tudo quanto nos
esforçamos para ser e ter é verdade ou então demos corpo
inocentemente a uma mentira bem arquitectada.
Encontre a verdade entre a zanga de duas comadres, pois
o adágio secular diz: zangam-se as comadres, descobrem-se
as verdades.
Será que diz a verdade?
Ao construirmos uma relação vemo-nos confrontados
com a verdade e a mentira como um dos obstáculos para seguir
em frente na mesma, porque estamos divididos entre o eco do
desejo e o facto real da situação em que um grita e o outro chora,
mas a decisão não pode agradar aos dois. Não deixe que a verdade
traga prejuízos e que a mentira tome conta de si, pois qualquer
uma delas, mal utilizada, destrói, num só dia, o que levou muito
tempo a ser construído. A verdade é a única que alimenta todas as
fases, enquanto a mentira satisfaz alguns e vive longe de alimentar
todos os momentos necessários de uma relação amável.

139
RICKDIONIS

Por vezes, o parceiro está disposto a desculpar os erros


vergonhosos, e passar a vê-los como momentos de fracasso que
devem ser superados, desde que em troca receba a verdade sem
rodeios.

Será que o seu amor ainda acredita em si?

Conheço pessoas que já não acreditam em nada, cujos


ouvidos ouviram bastantes mentiras e, hoje, estão cansados para
ouvir a mais pequena que seja, olham para trás e vêem as oportu-
nidades que nunca mais terão. Derramam lágrimas verdadeiras e
não sabem se é o destino ou uma má opção, pessoas que pergun-
tam aos mudos e surdos, para fugir daquilo que não gostariam de
ouvir como resposta, pois deste modo não ouvirão. Olham para o
companheiro com ar de preocupação e incerteza, não entendem
se as noites que passaram em claro e as promessas de amor vale-
ram para alguma coisa, por isso perguntam:

Qual será a mentira de hoje?

Os ouvidos perderam o medo de ensurdecer, por isso, já


não se preocupam com o que vão ouvir e sim com o que será
dito. Ouviram quase tudo, gritos sem medida, promessas infun-
dadas, lamentações ao amanhecer, já ouviram promessas de vin-
gança da boca para fora, inclusive dicas de amor. Quando pensam
em ouvir algo diferente acabam por ouvir novamente aquilo que
menos esperavam.

Tente dizer alguma coisa verdadeira, leve a pessoa amada


a trocar o sonho antigo acabado por um novo sonho, não torne
a sua boca num túmulo difícil de dizer aquilo que o amor precisa
de ouvir. Esta pessoa amada não está a pedir mais do que precisa,
apenas não quer continuar na incerteza. Dê-lhe um motivo que
a incentive a voltar a acreditar em si novamente e encontrar uma
razão que traga sorrisos e lágrimas de alegria . Ofereça conforto
e segurança, agarre nos braços, olhe nos seus olhos e confirme

140
LIÇÕES DE AMOR

que ainda a carrega ao peito e esse amor é o seu porto seguro


para atracar sem medo de encalhar. O seu amor não está a cobrar
balúrdios, apenas pede um motivo para acreditar que nada mudou
entre vós.

141
H á coisas que não merecem justificação, mas sim
um pedido de desculpas. Por força do hábito
ou então da necessidade do quotidiano somos
obrigados a pensar e a olhar distante a procura de solução,
perdendo deste modo a possibilidade de reparar que a solução é
nossa vizinha, está tão perto que até é uma vergonha dizer que
não a vimos. Esticamo-nos e damos passos largos, quando
precisávamos apenas de um passo curto e concreto.

Corrigir o erro não é a mesma coisa que justificá-lo. Tudo


bem, o erro está feito, mas pode nunca mais se cometer nova-
mente. Coloque um ponto final naquilo que não ajuda a
construir a relação. Quando aceitamos corrigir o erro estamos a
demonstrar uma forte vontade de fazer melhor, um acto de
amor e arrependimento que levam a um entendimento perfeito
que não economiza palavras e diz, “Meu bem, largo tudo por ti,
mas não te largo por nada nesta vida.”

Não é fácil apontarmos o dedo para nós e dizer que esta-


mos errados e ninguém merece o que fizemos. Os nossos dedos
estão viciados em apontar os defeitos dos outros, são
verdadeiros ingratos, mesmo estando no nosso corpo passam a
maior parte do tempo a apontar para os outros.

145
RICKDIONIS

Sei que a natureza não nos liberta dos erros, mas ainda
assim procura não cometer propositadamente os mesmos,
nem novos erros com desejos do antigo.

Por enquanto, que justificar o erro é totalmente diferente,


é afastar a possibilidade de reconhecer que o mesmo não devia
ser feito, é um sinal que afugenta a vontade de chegar a um fácil
entendimento, visto que não se reconhece o acto como errado
ou se reconhece com enorme dificuldade, abrindo largamente a
oportunidade de o voltar a cometer, pois a justificação é uma
atitude de quem pensa ter feito a coisa certa.

A que ponto chegámos, somos capazes de pedir desculpas


a um amigo depois de um desentendimento, a um desconhecido
com a maior facilidade depois de uma pisadela ou empurrão in-
voluntário, enquanto que à pessoa amada pedimos desculpa
com bastante dificuldade, pesa-nos dizer: Meu amor desculpa,
comportei-me mal. Desculpa é um palavra que pode apagar
todas as borradas feitas depois de um desentendimento e ainda
assim poucos entre muitos têm o prazer de exprimentar esse
simples gesto que aflora o amor.

Corrigir o erro ajuda a edificar a relação amorosa,


enquanto que justificar mesmo sem justificação gera insegurança
e pode significar falta de carácter.

146
E
stamos habituados a ouvir falar sobre liderança no
campo político, com discursos cheios de promes-
sas que alimentam as esperanças de uns, enquanto
outros não passam de pequenos “Tomés, ver para crer”. A lide-
rança no ramo militar como um líder sábio e corajoso
acompanhado de canções que oferece a sensação de
imortalidade aos soldados. Nos negócios quando as decisões
são bem tomadas e resultam em lucro. Não é sobre esta
liderança política, militar ou empresarial que me proponho falar.

Quando pensei em liderança, senti ao mesmo tempo os


batimentos do meu coração, que me encaminharam para uma li-
derança necessária entre duas pessoas que se amam e resolvem
partilhar esse sentimento bonito, neste mundo moderno onde
o ter tem deixado para trás o ser. É preciso sempre lembrar que
duas pessoas não se podem juntar em nome do amor para
criar um inferno.

Conforme a numeração vai de um a infinito e todos sabem


exactamente o lugar que ocupam sem dar espaço a nenhum outro
número que não seja o seu sucessor ou antecessor, assim deve
ser a relação de duas pessoas que se amam, em que cada uma de-
sempenha o seu papel sem dar oportunidade a energias negativas
e sem precisar de ocupar o lugar do outro para se sentir mais ou
menos importante. Ou seja, não é necessário inverter o papel na-

149
RICKDIONIS

tural de cada um. A relação é criada por duas pessoas


imperfeitas que devem saber devidamente o que querem. Se
pensa em agradar apenas a si mesmo, então não dê trabalho
aquém, procura alguém para dividir o coração, faça-o sozinho e
seja feliz.
Porque é que duas pessoas se unem para estragar as
suas vidas?

De certeza que você, não chegou junto a pessoa amada e


disse “Fica comigo e eu transformo a tua vida num inferno”.
Não o fez porque sabe que duas pessoas que vivem agarradas
ao amor, procuram criar uma relação perfeita onde o
entendimento não pode ser um raro visitante.

Se pode arruinar a sua vida sozinho não há razão de se


unir a alguém para o fazer. Se quer ser o líder da relação, apren-
da a não fazer o desnecessário. Quero falar de um líder que não
arruína a relação, pois dizer somente que ama a outra pessoa, ou
que a quer muito não é suficiente para levar o barco a bom
porto. É preciso saber gerir bem os bons e os maus ventos, co-
nhecer a altura certa para cada coisa e escolher os melhores entre
os maus momentos para dar uma resposta eficaz. Um bom líder
sabe como transformar as horas más em boas. O líder não deixa
a auto-estima cair desesperadamente na falência de ânimo, nem
que o mesmo se torne num produto raro na relação. Por isso,
não dá ouvidos às incertezas.

Seja o líder que a sua relação precisa, não baixe a cara,


aproveite para abusar do problema, torne-o em algo banal e in-
significante, na medida em que levanta o relacionamento dos es-
combros em que se encontra.

Quando a relação é boa com sabor a infinidade, do tipo


que leva a acreditar que morrer é utópico e o quanto a vida não
teria significado sem aquela pessoa, tudo isso traz um frio acom-

150
LIÇÕES DE AMOR

panhado com o medo de pensar no fim. Este pensamento é, por


vezes, involuntário. Maquiavel dizia que “quando se está em paz
deve-se pensar na guerra e quando se está em guerra deve-se pen-
sar em alcançar a paz,” - que grande verdade, mas no amor,
quanto mais doce, mais distante do fim pensamos estar.
Os momentos de carência na relação devem ser
motivos para fazer surgir o líder que há em ti, que encontra
soluções e oferece alegria ao rosto amargo e coração cansado do
companheiro que precisa de ti, e não um fugitivo que só sabe
colher em tempo de fartura. E, quando os problemas entram
pela porta, salta pela janela, aproveita ao máximo, pois o líder é
aquele que sabe colher em todas as épocas. Não morra
facilmente atirado ao desespero e agonia, enquanto a situação
que vive é o passaporte e oportunidade para ser o antídoto
necessário para a relação, pois o líder não colhe onde nunca
plantou. O líder de uma relação é aquele que ``projecta a sua
imagem e acolhe a pessoa amada na sombra da sua fortaleza``,e
mostra o caminho de um amor que muitos gostariam de viver e
poucos sabem construir. Lembre-se sempre, um líder nunca
surge do nada.

151
S
orrateiramente, o tempo de convivência prega-nos a
partida de pensarmos que podemos andar de olhos
vendados ou deixar de olhar cuidadosamente para o
primeiro amor, porque temos a sensação de quem conhece todos
os cantos da relação – tal como a dona de casa não se deixa enga-
nar pela empregada de limpeza, porque conhece todos os cantos
da casa e sabe os lugares onde elas não passam o pano de pó. Por
este facto, passamos a agir como quem já não vê novidades nesta
pessoa, olhamos como uma peça de roupa antiga que se desgasta
na medida em que a lavamos e perde o valor até ao dia em que a
deitamos fora.

Na medida em que o tempo passa e a letargia amorosa se


aproxima, vai parecer que a pessoa amada perdeu o charme, o
encanto e já não mexe com nada em nós, o coração já não dispara
como antes, as mãos já não tremem mais, as palavras já não saem
de forma tímida como no início, vai parecer que o tempo levou
este amor enquanto o sentimento permanece, apenas passou para
uma outra fase mais sólida e enfrenta outros desafios - os do
princípio foram ultrapassados pela confiança e conquistas diárias.

Ao pensarmos que já vimos tudo, não nos damos conta


do pouco que ainda precisamos de ver, o quanto o nosso amor

155
RICKDIONIS

por esta pessoa continua aceso e forte e só descobrimos que,


na realidade, nos deixamos enganar quando o risco de perder se
aproxima e nos damos conta do kimberlito que sempre tivemos
ao nosso lado e nunca explorámos devidamente. É muito impor-
tante olhar para os pormenores, aqueles pequenos toques aparen-
temente sem importância que merecem a maior atenção do que
tem recebido.

Assim como o tempo torna o vinho mais saboroso e me-


lhor, no amor não é diferente, afinal, por mais que se embriague
no amor nunca acordará de ressaca.

O tempo, apesar de tudo, de levar e trazer recordações é


um grande estratega em adormecer corações conformados, tanto
que nos leva algumas vezes a pensar que nada mais sentimos,
dá-nos a sensação de sermos fortes e estarmos preparados para
viver novas emoções e aventuras, porque nos sentimos desgas-
tados por estar ao lado da pessoa de sempre, dando voz a uma
mentira que diz que o tempo apaga tudo. Na realidade, nem
tudo, pois aprender a viver sem determinada coisa, não é o
mesmo que esquecer essa coisa.
Seja detalhista, olhe para as coisas que o seu amor tem de
sobra e que todos admiram, mas você não conhece, porque a con-
vivência diária ofuscou os seus olhos e a sua lista de reclamações
é grande porque já só vê o que não presta. Use os mesmos olhos
do princípio do amor e aproveite para ver as coisas boas que
nunca saíram da pessoa amada e saberá que este amor se
reencontra no seu coração todos os dias, e é a sua única
aventura.

156
A té os problemas se inovam e você esta à
espera de quê para inovar? O amor não precisa
temer a inovação como uma política inerte e
moribunda, que teme as novas ideias.
A rotina habitua-se tal como aborrece, cansa e cria desilusão.
Felizes são aqueles que têm um lugar habitual que serve como
uma marca indelével para a relação, como o lugar do primeiro
encontro, o primeiro beijo ou ainda onde fizeram amor pela
primeira vez, e este encontra-se gravado na memória. Um lugar
fácil de entender, mal se fala do assunto, já sabe que é ali onde o
esperava nas escadas, na porta de casa, onde declarou que o seu co-
ração saltitava de amor e deu um abraço mais forte do que nunca.

Um lugar que pode ser de muitos, mas também é vosso,


onde abria o coração para falar deste amor sem preconceito e cla-
mava que a pessoa passasse pela sua rua para a ver nem que fosse
à distância e os seus olhos brilhavam de amor sem vontade de
dizer não. Quando falamos em inovação, prendemo-nos às gran-
des tecnologias de um mundo moderno que não está disposto a
perder-se no tempo, onde as invenções de ontem perdem espaço
para as de hoje, ora é telefone, depois computador, mais tarde o
tablet, enfim... O bom é que o amor é o mesmo e não muda de
lugar, ora no pé, na barriga, enfim... continua a morar lá no
coração no sítio de sempre. É intemporal e não sai de moda,
não obedece ao tempo porque todo o tempo é tempo de
demonstrar amor.
159
RICKDIONIS

A inovação de que tanto falo não é aquela que envolve


mudança e abala os bons hábitos e costumes , que leva a deixar
a vossa marca e criar outra. Quero apenas dizer que assim como
amamos várias vezes a pessoa amada, e nos sentimos como se
fosse a primeira vez, podemos inovar várias vezes no mesmo sí-
tio, dando apenas mais luz, cor e brilho, fazer o necessário e o
melhor. Criando surpresas agradáveis deixando um bilhetinho
inesperado cheio de palavras amáveis, enviar uma mensagem pi-
cante que alivia os ânimos. Alguma coisa que demonstre que
nada morreu entre vós senão as discussões e as intrigas.

Será que já parou para pensar sobre a inovação no seu


relacionamento?

Não espere que o aborrecimento entre na sua relação


para despertar a necessidade de inovar. Os fundos e mundos
alimentam um prisioneiro material e não o amor que vive do
amor, por isso, esqueça os custos, materiais, físicos ou
financeiros da inovação no relacionamento, porque já sabe que
o seu amor não tem preço. Seja prudente na inovação, faça-o
sem deixar de ser quem é, nem cause falsas expectativas ao
ponto de abandonar as raízes em que está presa a árvore deste
amor.
A inovação no relacionamento não pode ser motivo de
preocupação, desde que a torne mais aconchegante, saudável e
íntima. Pois aqui, as novas ideias que não morrem no papel, rea-
cendem a chama do amor que, de outra forma, corre o risco de
se perder na rotina que cansa, em vez de se renovar na rotina da
saudade que alimenta.

160
S
erá que alguém um dia irá ganhar prémio por amar
tanto o companheiro, um diploma que diga: “O
homem que mais ama a sua mulher no mundo” ou
“A mulher que mais ama o seu marido no universo”.Porque não,
se hoje há concursos para quase tudo? Continuo a aguardar por
esse dia. Sei que algumas vezes, por inocência, trocamos grandes
coisas por pequenas com um valor aquém do esperado ou por
um minuto de prazer onde somente o momento e a satisfação
imediata merecem atenção.

Quando se ouve falar de descobertas é natural viajarmos


para o mundo das grandes invenções e olhar para as pessoas que
escreveram os seus nomes na galeria da fama, por descobrirem
um medicamento que cura uma doença fatal e permite fazer amor
sem medo, por encontrarem a fórmula que tira a barriga da mi-
séria e solta um criminoso da cadeia, outros porque marcaram
um golo num jogo importante, cantaram uma música que vive na
boca do povo e, assim como tantos outros, por descobrirem um
poço de petróleo, para aumentar o conflito lá onde já há conflitos
de sobra, ou por serem os responsáveis pela descoberta de um
afrodisíaco que mantém a erecção a noite toda, que leva a alterar
a condição de um fraco para um vilão, de um debochado para um
homem respeitado que faz feliz uma mulher sexualmente infeliz.

163
RICKDIONIS

Na verdade, quero falar de uma descoberta que não se encai-


xa no campo profissional, e não precisa cravar o nome numa galeria,
ou receber inúmeras visitas para ser reconhecido. Não necessita de
usar o martelo, caderno, enxada ou uma catana como instrumento
de trabalho. Nesta descoberta cada um de nós é a ferramenta indis-
pensável que se entrega para proporcionar uma relação saudável, que
não precisa de dotes especiais para chegar à preciosidade.
Muitos descobriram tudo lá fora, deixaram as melhores im-
pressões, escreveram o nome lá onde mais ninguém escreveu, mas
nunca descobriram as coisas que sempre estiveram ao seu lado - que
a pessoa amada era tudo o que tinham e o melhor que a vida lhes
ofereceu. Hoje, não sabem com quem caminhar nestas conquistas
que se resumem a dívidas de gratidão, certificados, medalhas,
taças e dinheiro, estão orgulhosos de tudo o que fizeram em prol
do mundo, enquanto lá no coração da pessoa amada continuam a
ser um anónimo, o nome lá não soa, não produz eco.
Descobriram tudo para muitos e deixaram fugir a única pessoa
que tinham para partilhar tudo, uma descoberta amorosa que só
você pode fazer.
Podemos descobrir o mundo e nunca a pessoa que sempre
partilhou connosco o mundo.
Uma descoberta onde não inventas nada, mas conheces a
pessoa amada, assim como a mãe que entende os gritos e choro
desesperado do seu bebé e logo sabe que deve dar de mamar ou
de beber ao pequenino. Descubra porque é que esta pessoa nunca
aceitou sair do seu lado, mesmo com vários motivos para tal. No
amor também é preciso ser sábio pois há um provérbio Árabe
que diz; que um dia do sábio vale mais do que a vida toda de um
ignorante.

164
A lgumas vezes, acidentalmente, cometemos falhas
grosseiras que até o desgraçado do Diabo admira
e diz, “Este não é meu filho, como é que fez
isto”. Outras vezes, cometemo-las conscienteme-
nte, mas ainda assim fazemos de tudo para nos colocarmos na
condição de inocentes para sermos chamados de coitados como
se fosse um nome glorioso. Depois, saímos de fininho, com a
cabeça erguida, como se fossemos vitoriosos pelo facto de a
culpa ser imputada a outra pessoa, como se adiantasse alguma
coisa ser o campeão onde não há competição. Lembre-se que
quem compete sozinho ganha sempre.
Às vezes, basta que tenhamos a noção verdadeira de res-
ponsabilidade, assumir o que fizemos e negar o que não fizemos.
De forma distraída e totalmente inofensiva muitos tornam a rela-
ção numa verdadeira caça às bruxas, onde existe um culpado para
tudo - para quem não disse adeus, para o que não chamou de que-
rido ou porque é que não enviou um beijo. Ignoram, totalmente,
o facto de que nem sempre o problema reside no culpado, mas no
modo como esse culpado assume a culpa, e outras vezes, o pro-
blema não está no erro, mas na maneira como pedimos desculpas.
E, assim, gasta-se muita energia na procura de um culpado que
pode deixar de o ser a qualquer momento, enquanto gastariam
menos esforços, poupariam energia e economizariam fôlego su-
ficiente para dar solução aos casos que realmente necessitassem.

167
RICKDIONIS

Saiba que ser um bom negociador na relação ajuda a viver em paz


e afugentar o indevido.
Para alguns, o caminho mais fácil é fugir da verdade em vez
de resolver aquele problema amoroso silencioso que lhe tira o sono
e o leva a caminhar à beira-mar ou na berma da estrada, a monolo-
gar, sem vontade de viver, e acaba por se sentar descontraidamente
nas escadas públicas, a martelar o miolo à procura de uma solução.
Ninguém se veste de noivo, à frente do padre no altar da
igreja, para casar sozinho. Então, seja coerente, não se maltrate,
aceite que não foi o único inocente ou o culpado pelo fracasso,
a responsabilidade de uma relação curta, longa ou duradoura é
sempre dos dois. Cada um faz a sua parte assistindo-se mutua-
mente em nome daquilo que se pretende construir sem cair nas
armadilhas da destruição e muito menos promover a separação.
A grande diferença entre ambos, que não são absolutamen-
te culpados nem inocentes, reside no facto de um ter apresentado
um comportamento inadequado que fere profundamente o par-
ceiro. E, o outro é culpado por não ter feito nada ou o suficiente
para evitar que a mesma se estragasse, em vez de intervir ficou a
assistir o problema, a ler uma revista ou um jornal, supostamente
satisfeito a pensar na sua condição de inocente, como um
cadastro sem mancha, que facilita uma nova oportunidade aos
olhos do mundo amorso ao dizer: “Eu não fiz nada para estragar
a relação”.
Por favor, não tente ser inocente numa causa onde
também é culpado, pois o falso sentimento de inocencia inibe a
vontade de lutar para o bem da relação. A responsabilidade não
deixa de ser colectiva, quer de quem tudo fez para estragar a
relação, como do que nada fez para impedir a sua ruptura.

168
O amor é um bem que triunfa sempre em todas as
batalhas que entra, há determinadas coisas que
não devemos permitir que outros façam por nós,
não porque deixamos de confiar nos bons préstimos, mas sim
porque passamos a dar vida à máxima que diz, o “cavalo só en-
gorda com o olho do dono”. Por esta razão, diante do espelho,
dizemos que somos lindos e apaixonados pelos nossos olhos, ca-
belo ou rosto, e ainda assim, continuamos insatisfeitos pelo insu-
cesso que aspira o testemunho em causa própria.

Não deixe que o seu papel seja desempenhado por outra


pessoa enquanto tem a plena condição de o fazer, não entregue
o seu amor na mão do motorista, do mordomo ou do segurança
ou de qualquer outra pessoa. A mulher é sua, mas os elogios que
ajudam a levantar a auto-estima dela vêm, muitas vezes, do vizi-
nho atrevido, do colega de escola ou de trabalho que não perde
tempo, porque você agora só vê defeitos e é um comandante
cego que só pensa em abandonar o barco.

O homem é seu, mas quem endireita a gravata, estima o cor-


te de cabelo e a vestimenta diária é uma desconhecida que ganha
espaço em cada palavra que solta e gesto que faz. Porque você per-
deu os bons hábitos e quase nada faz para resgatar os bons tempos.
A pessoa amada recebe elogios de todos os cantos, mas
nenhum a convence, pois ouve de muita gente aquilo que gostaria

171
RICKDIONIS

ouvir de uma só. Deseja ouvir de si todas as palavras que escuta


dos outros e que não se cansam de lançar charme, sorri de agra-
decimento, mas continua de coração faminto porque a sua alma
tem sede da voz da pessoa amada, de uma palavra subtil desta
fonte única, incapaz de ser substituída.

Por amor, crê que o seu companheiro não precisa de buscar


palavras profundas, ser romântico e nem mesmo usar metade das pa-
lavras que está habituada a ouvir por onde passa, para si, ele continua
a ser o príncipe e o poeta que encanta mesmo calado. Aos seus olhos
esta companheira é maravilhosa, a mesma de sempre, não importa
em que posição esteja de frente, de trás, de lado, em pé, sentada
ou deitada é linda e preenche o seu coração na clareza ou na
escuridão.
Continua triste porque até então as palavras que mais deseja
ouvir não foram ditas, esta situação está a corroê-lo, causa
desespero, uma sede que tomou o seu corpo e a saliva já não ajuda
a aliviá-la.
O seu coração aflito saltita e pensa ousadamente, “Será
que é hoje que vou ouvir...” Os pedidos do profundo
sentimento aumentam e surgem na sua mente confusa várias
perguntas, que mesmo sendo tantas não afogam o seu nítido
desejo de ouvir as palavras que para si, enquanto não vierem da
pessoa amada é como se nunca tivesse ouvido falar. Não deixe
os seus créditos em mãos alheias, não deixe essa pessoa amada
com sede e fome de ouvir a sua voz enquanto você é a fonte
que alevia o tormento, mate os desejos do faminto coração, que
felizmente só sabe morrer nas palavras que saem da sua boca.

172
C
uidado para não viver aquilo que nunca foi seu e
desistir do sonho individual à custa do fracasso dos
outros. O amor ocupa sempre um lugar especial e
preenche o vazio, ainda que não nos apercebamos ou que o en-
tendimento chegue tarde. O orgulho de pensarmos somente em
nós, deixá-nos cegos para entender este vazio e dificulta admitir-
mos que precisamos de alguém, por acharmos que somos felizes
e está tudo bem. Algumas vezes, é assim tão simples, outras vezes,
é completamente diferente e temos de lutar contra nós e aceitar
que somos infelizes e só reconhecemos a infelicidade no dia em
que o amor bate à porta e ficamos a saber da situação real em
que nos encontrávamos que éramos infelizes e não sabíamos
que o coração batia. Mas, na realidade, estava morto.

A grandeza do amor nem sempre se mede pelo espaço que


a pessoa ocupa no coração, e sim pelo vazio que deixa. O amor
resolve tudo com amor e todas as outras línguas já terão sido fa-
ladas naquele momento. Para quem nunca teve um grande amor,
tudo parece um conto de fadas, algo insignificante, enquanto, na
realidade, é impossível sentir saudades de algo que nunca vivemos
e dar ao outro aquilo que não temos para nós mesmos. Se
não conhecemos o amor não teremos condições para
compreender que aquilo que sentimos pelo outro é amor.

175
RICKDIONIS

Há pessoas que até parecem bastante experientes, conhe-


cem de tudo um pouco, interpretam todos os toques e sinais.
Até parece que já viveram no futuro e conhecem o que há de vir
nos próximos tempos. Carregam experiências de longa data de
coisas que não viveram enquanto continuam no vazio do amor e
admitem, poucas vezes, que agem assim com medo de se
magoarem por ouvirem pela rádio, verem pela televisão e
ouvirem de pessoas próximas relatos chocantes e não porque
tiveram de facto uma decepção. Sofrem por antecipação, por
herdarem problemas que nunca lhes pertenceram. Acabam a
apostar excessivamente na prevenção, vivem nas emoções e nos
prazeres dos outros, contam as experiências que de facto nunca
viveram, os beijos que nunca bejaram e os abraços que nunca
deram. A vida destas pessoas é preenchida de “ouvi dizer” e o
sujeito é quase sempre indeterminado, alguém que não dá a cara
e, consequentemente, não assume as suas palavras. Deixe de
viver as coisas que não lhe pertencem para que possa encontrar
as suas, não faça das desilusões dos outros uma moradia
confortável que alimenta o vazio quando, no fundo, quer
distância e assume isso com dificuldade.
Não se deixe enganar, o amor é prático, não basta sentar-se
numa esquina como um espectador ou figurante e achar que tudo
o que os outros viveram é seu. Liberte-se dos choques, emoções
e das dores que nunca foram suas. Amar é ser o protagonista de
uma acção única, exclusiva e totalmente verdadeira.

Um coração vazio pode ser bom, mas preenchido de amor


certamente que é muito bom.

176
É
bastante comum cansarmo-nos de algo que prati-
camos todos os dias, pela comida que comemos,
a roupa que vestimos e tantas outras coisas fúteis,
facto que cria um certo desconforto. A tendência será procurar
encontrar algo de novo que crie um maior entusiasmo, muito
embora, nem sempre o que é novo é melhor, mesmo que à pri-
meira vista pareça ser.

O incomum seria dizer, que estamos aborrecidos de


manter ralações sexuais, cansados de beijar a mesma boca e
acordar diariamente ao lado da pessoa amada. Uma verdadeira
desilusão ouvir que a pessoa a quem jurámos amar eternamente,
perante muita gente ou em particular, está desgastada de nos abra-
çar, consolar e, por isso, quer uma coisa nova para se sentir actual.

Um dia, numa conversa entre colegas, ouvi alguém dizer que


o marido parecia mais bonito enquanto namorado e que a mulher
era mais encantadora enquanto namorada e tantas outras opiniões.

De preferência bem enforcado do que mal casado.–


Diz o ditado.

Então como amar, várias vezes, a mesma pessoa e


sentir como se fosse a primeira vez?

179
RICKDIONIS

A primeira vez é sempre preenchida de emoção e muita ex-


pectativa, nem sempre se desenrola conforme o planeado - fruto
da ansiedade desmedida que pode deixar um sabor a dúvida no
ar. Mas mesmo que a primeira vez não seja assim tão boa, acaba
sempre por deixar a sua marca enrolada em beijos precipitados,
ejaculação precoce e etc, que a torna relevante nem que seja
apenas para servir de insulto.

Amar várias vezes e sentir esse amor como se fosse a pri-


meira vez, é encontrar, a cada instante, coisas novas no parceiro
que permite afogar todos os aspectos negativos na imensidão de
tudo de bom que esta pessoa única lhe oferece. Olhe para o seu
amor como uma fonte de inspiração diária e encontre nele aquilo
que sempre procurou. Compreenda que este amor é um vivei-
ro onde você não morre. Repare nas pernas e confesse que não
conhece pernas mais lindas, olhe para os lábios e confirme que
nunca recebeu beijos mais saborosos, enfim… Encoste no peito
e aceite que não sabe arrancar a cabecinha daí, onde o sono é
puro e os sonhos são de verdade. Assim, estará a demonstrar o
quanto é eternamente grato e apaixonado.

Encontre no amor uma nova virtude todos os dias, sem-


pre que olhar para a pessoa amada deve ver um amor melhor,
mais lindo, doce e sincero, cheio de atributos inesgotáveis que
satisfazem o coração e ultrapassam os seus sonhos. Não aperte o
coração, deixe que ele se apaixone várias vezes por este amor que
não é perfeito, mas é vosso.

180
A
partida da pessoa amada cria estragos devasta-
dores, desgasta o físico do corpo forte e saudá-
vel, mexe com a mente e abala mais do que um
sismo na escala de Richter. Os danos que deixa são incalculáveis
e de difícil comparação. A ciência evoluiu bastante, mas ainda é
insuficiente para medir todos os estragos causados por um amor
perdido e reparar fielmente as consequências da falta de sono, a
vontade de se alimentar, os desejos insatisfeitos e as lágrimas que
escorrem incessantemente pelo rosto sem ninguém para enxugar
nem para ouvir as lamentações sobre as perdas do negócio ou os
desabafos de um dia cheio de insucesso.

O amor, quando se vai, não leva somente os pertences que


trouxe aquando da sua chegada humilde, inofensiva e carinhosa.
Leva também uma parte significante de nós, arrasta consigo o
silêncio da alma, a paz interior, o cheiro bom da relação e deixa
uma ferida aberta cravada nas lembranças vivas.

Quando olhamos para as recordações, encontramos as coi-


sas que vivemos e aceitamos de bom grado as que nunca mais
gostaríamos de fazer. Assim aprendemos a valorizar cada minuto
não valorizado entre o que valeu e os que deixaram de levar.

183
RICKDIONIS

O amor, quando se vai, deixa sempre um vazio, que não se


preenche com um olhar forte e ar de esperança, um abraço sin-
cero de um amigo de longa data não cobre, o amor perdido deixa
sede que as noites de prazer não substituem, a água não mata, a
cerveja por mais fresca que for não corta a sede, a comida não
sacia e a gota de whisky que escorrega pela garganta não queima
mais do que a saudade que se sente pelo amor que foi embora.

O amor é uma doença que os médicos não detectam, os


comprimidos não curam, as injecções não tratam e a ferida não
sara, pois a cura é a pessoa amada.

O amor, quando se vai, leva tudo a beleza dos olhos, o


significado das palavras, o brilho do sol, as noites de luar, o
desejo de viver e a vontade de se colocar de pé para enfrentar
um novo dia. O amor quando se vai não resta nada se não um
cadáver em movimento.
Certifique-se de que a pessoa amada saiu da sua vida por
um motivo justo e não pela sua incapacidade de conquistar a
mesma pessoa mais de uma vez.

184
P
ara quê dizer trinta ou quarenta palavras, se duas
ou três bastam para ser o número um no coração
desta pessoa. Tudo na vida tem medida e funciona
sempre de algum modo. Difícil é conhecer a quantidade de ve-
neno exacta para enfeitiçar com amor o coração da pessoa que
desejamos atingir, nesta caminhada em que os indecisos também
andam, mesmo sem noção do destino.

Dizer somente o necessário suscita um grande desafio para


qualquer um, seja na escola em frente aos colegas, num discurso
improvisado ou numa mentira necessária, onde é preciso apren-
der a ler o rosto de quem ouve e conhecer milimetricamente as
palavras que a nossa boca solta para não comprometer o que já
esta ganho. Agradar a quem tem fome não é a mesma coisa que
agradar a quem tem sede. Assim, compreendemos o momento
certo para gritar, saltar, pular, ou seja, ajuda-nos a encontrar um
limite entre nós e a pessoa que vive em nós.

Dizer o necessário é aprender a conquistar o parceiro com


as palavras adequadas e levar os seus ouvidos a uma viagem in-
cansável que provoca uma vontade insaciável de ouvir as mes-
mas palavras, mas com um significado melhorado. Acredito que
o segredo para chegar ao necessário está no auto-conhecimento e

187
RICKDIONIS

no conhecimento que se tem da outra pessoa. Do pouco que se


conhece, pode-se fazer o muito que agrada.

Há quem diga constantemente:

– Eu já fiz tudo que o meu companheiro quer e ainda as-


sim não é o necessário!

Na realidade, não é, porque o problema, por vezes, não


está no tudo que faz e sim no tudo que não faz. Deixe-me expli-
car para que possa entender. Comprou o carro e a casa, o
vestido ou a camisa predilecta, diz as palavras certas que
animam o eu da pessoa amada -ok, até aqui nota máxima, foi
aprovado no teste do amor. Só que não faz o que o
companheiro não quer que faça, como por exemplo: A pessoa
amada não quer que coloque mais ninguém no meio da relação,
e você coloca o amante ou a amante e não deixa de fazer tantas
outras coisas que essa pessoa não quer que faças. Dessa forma,
não está a fazer o que o companheiro não quer. Por isso, o
necessário não se limita ao tudo que é feito, nem ao tudo que
não é feito e sim a ambos.
Esta é quase sempre uma tarefa difícil e, principalmente,
quando somos tomados pela timidez e ansiedade que têm como
passageiro favorito: A carga negativa.

188
H
á momentos em que ficamos sem opções e to-
dos os caminhos nos levam a fazer o que menos
desejamos, como se fosse uma praga ou ironia
do destino, que nos leva a pensar que não temos sorte nenhuma.
Sacrifício pode não ser um bem absoluto, mas é necessário para
dar o sentido desejado à relação ou, ainda, porque desta maneira
ajudamos a pessoa amada a reencontrar-se harmoniosamente.

Quantas vezes se sacrificou para ver a sua relação melho-


rar, guardou as lágrimas de tristeza, para não caírem à frente dos
seus familiares e disse que estava bem na esperança de que as
coisas daí para frente melhorassem. Abanou, vezes sem conta, a
cabeça para dizer sim enquanto a sua consciência o martelava a
dizer não, porque nunca se esqueceu que o amor é o vencedor
dos vencedores.

Muitas vezes, perante o sacrifício vemo-nos em conflito


entre a mente e o coração, ou seja, entre a lógica e o sentimento,
discussão que termina quase sempre sem consenso, pois as coisas
do coração não respeitam a lógica e avançam sem a opinião desta.
O sacrifício deve ser encarado como um bem indispensável da
relação sem o qual a mesma não tem suporte, pois vivemos num
lugar onde o mal não conhece o dono e actua como um “cão ma-
luco” que se esqueceu do dono e morde o primeiro que encontra.

191
RICKDIONIS

Dizer “basta”ao sacrifício iniciado é um prejuízo maior.,

Quando falo em sacrifício vêm-me à mente aquelas pes-


soas que prestam um trabalho que nunca desejaram, para sus-
tentarem as suas necessidades e a família que tanto precisa do
pão. Deste modo, não fazem mal a ninguém, senão a eles
mesmos que são obrigados a ver de longe o sonho de criança,
mas ainda assim, acreditam que o mesmo se realize num lugar
onde nunca desejaram.

E, você, porque quer renunciar a tudo e desistir hoje se


sempre acreditou neste amor desde a sua mocidade e o momento
em que os vossos caminhos se cruzaram. Foi assim que aprendeu
a suportar, a rir, a caminhar, a chorar, inclusive, a dar o melhor
para não desagradar. Preferiu ver as lágrimas caírem dos seus
olhos do que vê-la trilhar o rosto do seu companheiro, então,
continue e transforme este amor sem limites em realidade, faça
o sonho acontecer e não deixe o desejo escapar-lhe pelas mãos
em nome de desculpas pouco convincentes que o tempo ja não
aceita mais.

O grande problema não está no sacrifício, mas nos moti-


vos que nos levam a sacrificar, por isso o amor é um bem maior
que não aceita partilhar o mesmo espaço com o mal.

192
F
az parte da natureza do ser humano tentar ser um es-
pecialista nalguma área do saber, seja como ladrão, que
aprende a ser impiedoso e leva o que não lhe pertence,
na prostituição, onde se tenta ser eternamente jovem e incansável,
usando novas técnicas sexuais que permitem atrair o maior número
de clientes; seja na corrupção, como um modelo de vida para atin-
gir os objectivos ou na política, prometendo aquilo que não se tem
condições para cumprir. Nesta tendência ganhamos formação, não
somente por gostar muito de estudar, mas porque queremos ser es-
pecialistas e prestativos no futuro, onde nunca ninguém viveu, até
porque estudar não tem sabor a fruta, peixe ou carne, mas sim a
conhecimento que liberta e pode levar um escravo a tornar-se um rei.
Passamos o tempo à procura de encontrar alguma coisa
que satisfaça a nossa natureza insatisfeita, no nome que ganha-
mos, no respeito que granjeámos ao ver as portas outrora fecha-
das abrirem-se como justificação silenciosa de tudo que fizemos
ou o facto de o mundo de hoje se compadecer mais com o
profissionalismo do que com o sentimentalismo. Quero falar de
um profissional que entende que o amor está acima das
mudanças corporais, dos diplomas ou das medalhas e não
habita na superfície da pele, que facilmente pode ser afogado
com o passar do creme, nos fios de cabelo, que podem ser
arrancados com o passar do pente, ou nos galardões esquecidos
por falta de reconhecimento.
195
RICKDIONIS

Não seja apenas um profissional no seu emprego, onde


julga ser indispensável e dá tudo em nome do salário gordo e das
regalias no final do mês. Faz de tudo para manter um lugar de
destaque e aprende a ser um especialista pronto a responder aos
desafios da empresa. Desperte seja um profissional, faça-o
também no amor onde o salário não é gordo e as regalias não
são atraentes, mas a satisfação é boa e dura para sempre, se se
comprometer a cuidar da pessoa amada.

Ser um profissional na relação é aprender a não tratar uma


questão colectiva de forma unilateral, é tirar o melhor da convi-
vência a dois, sem adiar a felicidade no amor, pois todos conhe-
cem o dia de receber o salário, o canudo na universidade, o dia de
apagar mais uma vela, enfim, há coisas que sabemos previamente,
mas ninguém conhece o dia nem a hora em que vai encontrar a
sua cara-metade. Se agir como um profissional saberá não dei-
xar o coração amargurado à espera pela oportunidade que não se
agarrou e jamais o parceiro irá reclamar de falta de cuidado.
Ser um profissional na relação é chamar os problemas de
amadores e insuficientes para abalar um especialista, é preencher
todos os espaços da relação sem deixar uma fuga que esvazie o
fulgor do amor. É aprender a ler os sinais que a relação
transmite. O profissional no amor é aquele que sabe ganhar o
mundo sem se esquecer da única pessoa que tem para
partilhar o mundo, pois amar é acreditar, entregar-se e viver
intensamente a relação.

196
A
ntes de tomar a posição como juiz, que sentencia
o parceiro com pena máxima, certifique-se de que
não tem culpa no cartório e não o faz contra a sua
consciência, aconselhe-se vezes sem conta e coloque-se em pele
alheia antes de bater o martelo. Se cobrar a si mesmo da mesma
maneira que faz com esta pessoa, provavelmente, encontrará em
si o mínimo das respostas que espera ouvir do parceiro.

Se esta pessoa soubesse que você entrou na relação para


ser um cobrador, acha que o aceitaria? Confesso que esse objecti-
vo não produz lucros no amor. Pode cobrar ao devedor que não
cumpre com os prazos ou ao subordinado que não satisfaz as or-
dens no tempo certo, mas por favor, não seja o único especialista
que cobra amor à face da terra, pois esta especialidade poderá
não oferecer tantas vantagens.

Não faça cobranças a ferro e fogo ao seu parceiro, não use


gritos e discussões vergonhosas que leva os desconhecidos a tomar
conhecimento de coisas que nunca deviam saber, faça diferente,
aprenda a conquistar a pessoa amada com palavras e gestos cari-
nhosos com as mãos carregadas de flores ou seja use o soft power.

O amor é a conquista contínua das coisas feitas e das que


aguardam para ser feitas e não se constrói com cobranças. Ima-

199
RICKDIONIS

gine que o seu parceiro passa o dia a ser cobrado pelo chefe que
precisa de ter as coisas feitas a tempo e horas e cobra mais do que
deve porque vive a pensar na sua promoção e não no bem-estar
dos subordinados; pelo patrão ganancioso que não dá espaço e
cobra até mesmo o que não deu para fazer porque deseja enri-
quecer o mais rápido possível e, por isso, só pensa no lucro; para
não falar do cliente chato e oportunista que quer ser bem servido
a qualquer custo porque ouviu dizer que o cliente tem sempre
razão.

E, você, também pensa em cobrar do seu parceiro! Tal


como faz o patrão ganancioso, o chefe malvado e o cliente con-
vencido! Creio que esta pessoa não terá condições de o satisfa-
zer, pois ninguém casa para ter o chefe na sala, o patrão no quarto
e o cliente na cozinha. A relação deve ser um lugar acolhedor de
sossego paz e harmonia onde ninguém quer distância do outro.
Então, faça diferente e evite ser um poço de cobranças para que o
seu amor não fuja de si, evitando encontros ao chegar de madru-
gada quando já estás a dormir e se levanta antes de acordares.
Seja, antes de tudo, um campo de conquistas onde cada sorriso é
um sorriso mais feliz do que o outro.

A distância entre a conquista e a cobrança.

A conquista torna tanto o conquistador como o conquis-


tado mais interessantes e cheios de novidades, porque quem con-
quista procura aprimorar a todo custo novas técnicas para tomar
de assalto o coração desejado e, assim, tocar o conquistado que
amolece de amor e passa a fazer as coisas com vontade e prazer.

A conquista eleva o conquistador a um nível importante


na vida do conquistado que se sente valorizado pela importância
que lhe é dada.

A cobrança cansa a mente e não toca o coração. Torna


o cobrador num chato pouco interessante e pouco atraente e,

200
LIÇÕES DE AMOR

consequentemente, em crise de novidade. A cobrança diminui o


cobrador que perde espaço aos olhos do cobrado porque não en-
contra o caminho curto para chegar ao coração da pessoa amada.
O cobrado vê-se obrigado a fazer as coisas no âmbito do com-
promisso e não da vontade prazerosa.

201
Q uem se lembra de alguma coisa é porque um dia
se esqueceu, então quem és? O inesquecível ou o
recordado? Reconhecer a pessoa amada à distân-
cia ou no meio da multidão não é difícil, ainda que esteja suja ou
empoeirada indubitavelmente será alvo de fácil reconhecimento.

Não deixar o seu amor aprender a viver sem si, pode pa-
recer uma missão impossível, mas, na realidade, não depende de
milagre, é uma questão de dedicação, é fazer com que esta pessoa
cheire, respire e coma amor e, se tiver que chorar, que seja por
amor. Também é não deixar que o seu comportamento facilite
recordar as lembranças que devem ser esquecidas ou dar motivo
para que a pessoa sinta falta do passado acabado que leva a
pensar que tudo era melhor antes de si.

Não deixar que a pessoa amada aprenda a viver sem si signi-


fica não usar palavras que o coloquem distante, como por exemplo:

–Preciso da tua ajuda – diz o parceiro e você responde:

–Não tem problema, podes fazer tudo como se eu não


estivesse aqui. - Será que é invisível no momento que o seu
amor precisa de si? Se o parceiro lhe diz:

205
RICKDIONIS

– Quero a tua opinião antes de tomar qualquer decisão – E


você responde:

– Não tenho tempo agora, faz à tua maneira que eu con-


cordo na mesma. – Essas e outras decisões não muito diferentes
em que se auto-exclui mesmo sem o perceber, pode ofuscar a sua
importância na relação e levar a outra pessoa a aprender a viver
sem si, aos poucos, porque começa a fazer sozinha as coisas que
faziam juntos e aprende por si mesma ou com um terceiro aquilo
que devia aprender consigo. Não ofereça este gosto à relação que
pode ter um sabor amargo, pois ainda existem outros sabores
como o doce, azedo, o salgado e não só. Então, faça uma boa
escolha entre as opções que tem, esperando que esta não lhe
traga arrependimento.

Se quer ser inesquecível no coração da pessoa amada, não


use as palavras, nem pratique os actos que o levam a ser o
lembrado, recordado no estaleiro da recordação enquanto é
parte indispensável da relação que quer viver eternamente na
vida da pessoa amada.

206
Introdução..................................................................................................13
Lição - 2 .....................................................................................................33
O que tem feito para manter a conquista
Difícil é manter a conquista e não conquistar.

Lição - 3.......................................................................................................39
Não seja um amor surdo
A teimosia não é uma virtude.

Lição - 4.......................................................................................................45
Leve a relação a sério
Para franzir o rosto é necessário contrair mais de cinquenta músculos,
enquanto que para sorrir menos de vinte.

Lição - 5.......................................................................................................51
Amor polícia
Aprenda a amar mais e a policiar menos.
Lição - 6.......................................................................................................57
Exija somente o necessário
Não transforme a pessoa amada no realizar dos sonhos que nunca
tiveram pernas para andar.

Lição - 7.......................................................................................................63
Não pré-limite a sua relação
Não feche as portas do coração enquanto a felicidade estiver a um
passo de si.

Lição - 8.......................................................................................................69
Qual é o alicerce da sua relação?
A mentira que conforta ou a verdade que machuca.

Lição -9........................................................................................................75
O silêncio pode ser bom
Não é em vão que o criador nos deu uma boca e duas orelhas.

Lição - 10.....................................................................................................81
Solidão, a companheira indesejável
A pior solidão não é sentir a falta do outro e sim, sentir a falta de nós
mesmos.

Lição - 11.....................................................................................................87
Dê uma parte de si
Ofereça à sua relação o que há de melhor em si e não o que sobra de
si.
Lição - 12 ...................................................................................................93
Dê o melhor de si
O melhor vem sempre das profundezas do coração, por isso, o grande
mestre disse que há mais felicidade em dar do que receber.

Lição -13......................................................................................................99
Saudades de um amor que nunca saiu do seu lado
Uma saudade que dói e magoa mais do que a saudade que se sente
pelo amor que foi embora.

Lição -14.....................................................................................................105
Faça diferente
Em cada gesto, olhar e oportunidade.

Lição -15.....................................................................................................109
Faça a coisa certa
A pessoa amada deve ser compreendida não somente pelas palavras
que saem da sua boca, mas também pelas palavras que o seu silêncio
transmite.

Lição -16.....................................................................................................113
Privacidade
Uma aposta errada no relacionamento, onde o amor é o fiel
governante.

Lição - 17....................................................................................................119
Quem é o seu companheiro (a)
Adão foi o único homem a quem Deus deu uma mulher, assim como
Eva foi a única mulher a quem Deus deu um marido.

Lição -18.....................................................................................................125
Momentos difíceis
As boas e más decisões podem mudar a trajectória da vida.

Lição - 19....................................................................................................131
Seja o espelho
Seja aquele espelho que mesmo quebrado transmite uma imagem real.

Lição - 20...................................................................................................137
Diga a verdade
Sinta-se livre para dar e receber o melhor da relação

Lições -21...................................................................................................143
Corrija os erros
Justificar o erro, por vezes, distancia, enquanto que a
correcção aproxima.

Lição - 22...................................................................................................147
Seja o líder da relação
Sirva a pessoa amada e encontrará em si a liderança de que precisa.

Lição -23.....................................................................................................153
Olhe para os detalhes
Faça da pessoa amada a sua única ilusão.
Lição - 24...................................................................................................157
Inove na relação
Seja novo no relacionamento, sem deixar de ser o que é.

Lição -25.....................................................................................................161
Seja um descobridor no relacionamento
As palavras que cruzam a sua boca devem ser a testemunha fiel do seu
coração.

Lição - 26...................................................................................................165
A responsabilidade é colectiva
Não tente ser inocente numa causa onde também é culpado.

Lição - 27...................................................................................................169
Há coisas que ouve de muita gente, mas que gostaria de ouvir de uma
só.
Quem sonha em silêncio, acaba por carregar o sonho sozinho.

Lição - 28...................................................................................................173
O amor preenche sempre um vazio
O coração preenchido de amor nunca se torna antigo.

Lição - 29...................................................................................................177
Como amar várias vezes e sentir como se fosse a primeira
Aprenda a enterrar os defeitos e ressuscitar as virtudes.

Lição - 30 ..................................................................................................181
Amor perdido deixa sempre um vazio
Perder a pessoa amada, por vezes, é sinal de incapacidade de a
conquistar várias vezes.

Lição -31.....................................................................................................185
Para quê dizer mais do que o necessário
O necessário não se revela na quantidade de palavras e sim
na dimensão significativa de cada palavra.

Lição -32.....................................................................................................189
Sacrifício - um bem indispensável na relação
Dê o que tem e encontre o que não tem na força deste amor.

Lição -33.....................................................................................................193
Seja um profissional na relação
O profissional sabe o que quer e transmite confiança

Lição -34.....................................................................................................197
Não faça cobranças, faça conquistas
Umas das maiores conquistas é conquistar o coração da pessoa amada.

Lição -35.....................................................................................................203
Não deixe o seu amor aprender a viver sem si seja
inesquecível e não uma recordação.

Você também pode gostar