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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Acórdão

Vistos, relatados e discutidos estes autos da Apelação cível da senhora ANA DOS SANTOS, portadora
do R.G de n° 123.456.789.01, da Comarca de São Paulo, com fundamento nas Leis Federais 6015/73, 9708/98,
12.100/09, artigo 126 do Código de Processo Civil – CPC, inciso XXXV, artigo 5o, da Carta Magna.

ACORDAM, em sessão permanente e virtual da Câmara Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo,
proferir a seguinte decisão: "Deram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que
integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores: Gabrielly Almeida Borges Letícia
Silva Weishaupt Domingues, Thayna Siqueira Teles, Ronald de Almeida da Silva.

São Paulo, 25 de abril de 2022

Retificações de registros de nascimento. Alteração do


sobrenome para inclusão do matronimico Silva em relação a
coautora Ana estão em condições de prevalecer. Atributo à
origem materna, que fora do interesse dos autores, deve ser
levado em consideração. Ausência de prejuízo para terceiros.
Regular exercício de direitos. Retificações devem sobressair.
Formalismo exacerbado é insuficiente para obstar a pretensão.
Apelo provido.

1.
Trata-se de apelação interposta tempestivamente, com
base na r. sentença que julgou improcedente ação de retificação de nomes.

Na ação foram apresentadas as seguintes razões, a requerente


relata que no ato do registro civil seu pai não informou ao Sr. Oficial do cartório a vontade de incluir o sobrenome
materno em seu nome apenas o sobrenome paterno. Retirando assim a oportunidade da mesma de seguir a
linhagem e ancestralidade materna pois não recebeu apelidos avoengos maternos, apenas paternos.

A seguir ressaltam justos motivos para a alteração de sobrenome, bem como a ausência de prejuízos a terceiros,
reportando-se a ementas de acórdãos. Pleiteiam, assim, o provimento do recurso para que possa se chamar ANA
SILVA DOS SANTOS.

2. A retificação dos documentos da requerente nos baseamos


no art. 16, do código civil “Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome.” Na
CRFB/88, Art. 5º “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade” PARÁGRAFO I - “homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos
desta Constituição;” resguardando os direitos igualitários tanto maternos quanto paterno. E no art. 57, Lei
6.015/73, “A alteração posterior de nome, somente por exceção e motivadamente, após audiência do Ministério
Público, será permitida por sentença do juiz a que estiver sujeito o registro, arquivando-se o mandado e
publicando-se a alteração pela imprensa, ressalvada a hipótese do art. 110 desta Lei.”

Em casos análogos, este E. Tribunal assim se posicionou: “Nome. Alteração para incluir sobrenome materno.
Reforço do vínculo familiar. Questão ligada à dignidade pessoal da autora. Procedência. Recurso provido.”

3. Assim, a inclusão do sobrenome materno deve prevalecer,

haja vista que não afrontam o ordenamento jurídico vigente e não


prejudicam terceiros, além do que, proporcionam acolhimento da
pretensão dos apelantes, que foram em busca da entrega da prestação
jurisdicional exercendo regular direito.

Por fim, as retificações estão em condições de sobressair,


providenciando-se o necessário.

Com base em tais fundamentos, dá-se provimento ao apelo.

Gabrielly Almeida Borges, R.A: 1750214


Letícia Silva Weishaupt Domingues, R.A: 1370877
Thayna Siqueira Teles, R.A: 1778957
Ronald de Almeida da Silva, R.A: 1749018

São Paulo, 25 de abril de 2022

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