O documento descreve um caso judicial sobre uma disputa de herança entre a Prefeitura Municipal de São Paulo e a Universidade de São Paulo. O relator concluiu que a sentença de primeira instância é nula por ser "extra petita", ou seja, julgar o caso de forma diferente do pedido original. Assim, o recurso da prefeitura não foi conhecido e a sentença foi anulada.
Descrição original:
julgado TJSP herança herdeiro encontrado
Título original
Julgado que envolve herança jacente e foi encontrado herdeiro
O documento descreve um caso judicial sobre uma disputa de herança entre a Prefeitura Municipal de São Paulo e a Universidade de São Paulo. O relator concluiu que a sentença de primeira instância é nula por ser "extra petita", ou seja, julgar o caso de forma diferente do pedido original. Assim, o recurso da prefeitura não foi conhecido e a sentença foi anulada.
O documento descreve um caso judicial sobre uma disputa de herança entre a Prefeitura Municipal de São Paulo e a Universidade de São Paulo. O relator concluiu que a sentença de primeira instância é nula por ser "extra petita", ou seja, julgar o caso de forma diferente do pedido original. Assim, o recurso da prefeitura não foi conhecido e a sentença foi anulada.
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº
0420503-08.1985.8.26.0000, da Comarca de São Paulo, em que é apelante PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO, é apelado UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO USP.
ACORDAM, em 2ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de
Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Não Conheceram do recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.
O julgamento teve a participação dos Exmos.
Desembargadores JOSÉ CARLOS FERREIRA ALVES (Presidente), JOSÉ JOAQUIM DOS SANTOS E ALVARO PASSOS.
São Paulo, 20 de maio de 2014.
José Carlos Ferreira Alves
RELATOR Assinatura Eletrônica PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Apelação Cível n° 0420503-08.1985.8.26.000
Apelante: Prefeitura Municipal de São Paulo
Apelado: Universidade de São Paulo
Comarca: São Paulo
MM. Juiz de 1ª Instância: Homero Maion
VOTO nº 17912
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL Ação originalmente
proposta como arrecadação de bens de herança jacente Herdeiro localizado durante o trâmite do processo Processo alterado para arrolamento de bens Sentença proferida como se se tratasse da demanda original Sentença “extra petita”- Anulação de ofício Recurso não conhecido.
RELATÓRIO.
1. Trata-se de recurso de apelação de fls. 424/427
interposto pela Municipalidade de São Paulo contra a r.
sentença de fls. 417/419, cujo relatório se adota, que declarou
“vacante para todos os devidos fins a herança deixada por
Júlio Augusto” (falecido aos 04.8.1972) e adjudicou à
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Universidade de São Paulo a metade dos direitos sobre o
“terreno designado D-3 com frente para a Passagem B, atual
Rua Henock Gawendo nº 107, Jardim Sandra Regina, nesta
Capital”.
2. Irresignada, insurge-se a apelante alegando
sumariamente em suas razões recursais que a r. decisão
desacata o disposto no artigo 1.822 do Código Civil e
contradiz precedente do STJ. Aduz que os bens jacentes se
incorporam ao patrimônio público somente após o decurso
de cinco anos da sucessão, declarada a vacância. Sustenta,
ainda, a inaplicabilidade do princípio da saisine nos casos em
que o sucessor é o Poder Público. Nesse sentido, requer a
procedência do recurso para que lhe seja atribuída a metade
ideal do imóvel.
3. O recurso foi recebido no duplo efeito às fls. 435.
4. Contrarrazões não apresentadas.
5. O parecer da D. Procuradoria Geral de Justiça é pelo
desprovimento do recurso da Municipalidade, às fls.446/452.
FUNDAMENTOS.
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6. O recurso não pode ser conhecido, tendo em vista que
a r. sentença é nula, pelos motivos que passo a expor.
7. Para melhor compreensão de todo o processado,
relato, a seguir, as principais ocorrências do processo.
8. Trata-se de ação inicialmente ajuizada aos 10.8.1972
como arrecadação de bens da herança jacente deixada por
Júlio Augusto, falecido aos 4.8.1972 (fls. 9).
9. Durante o trâmite do processo, descobriu-se a
existência de um irmão do de cujus, Antônio Manoel Lopes,
que passou a integrar a lide, inclusive outorgando procuração
a advogado e prestando depoimento nos autos (fls. 99 e 109).
10. Diante disso, determinou-se a retificação de
distribuição, autuação e registro do processo, a fim de alterar-
se a demanda para arrolamento de bens (fls. 116vº e 117).
11. Intimado o herdeiro a comparecer em Juízo para assinar
o termo de compromisso do cargo de inventariante, apenas
peticionou nos autos, juntando procuração (fls. 127), sem mais
se manifestar. Em decorrência, o processo foi arquivado.
12. Passados seis anos, a Universidade de São Paulo
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requereu o desarquivamento dos autos e o prosseguimento
do processo, para arrecadação de bens da companheira do
de cujus.
13. Aos 3.2.1989, foi declarada vacante a herança deixada
por Gracinda Rosa Cristina (fls. 335vº) e, aos 17.8.1990, foi
homologada a adjudicação da metade ideal dos direitos
referentes ao imóvel situado na rua Henock Gawendo nº 107,
Jardim Sandra Regina, Sapopemba, nesta Capital, em favor
da Universidade de São Paulo (fls. 348).
14. Na sequência, tentou-se localizar o herdeiro, Antonio
Manoel Lopes, para que desse regular andamento ao
processo de arrolamento dos bens deixados por Julio Augusto,
porém, sem sucesso.
15. Em razão da não localização do herdeiro, o processo
voltou a tramitar, contudo, como se se tratasse de
arrecadação de bens de herança jacente e assim foi
sentenciado.
16. Ocorre que, como visto, não se trata de demanda de
arrecadação de bens de herança jacente, como
originalmente proposta, mas, sim, de arrolamento de bens,
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tendo em vista a existência de herdeiro do falecido Julio
Augusto.
17. Tem-se, pois, que a r. sentença é extra petita, pois
distanciou-se do pedido e da causa de pedir.
18. Friso que, originalmente, o pedido era de arrecadação
de bens de herança jacente e a causa de pedir a ausência
de herdeiros do de cujus Julio Augusto. Porém, com a
descoberta do herdeiro Antonio Manoel Lopes, passou a ter
como pedido o arrolamento de bens deixados por Julio
Augusto e como causa de pedir o seu falecimento.
19. Nesse sentido, Daniel Amorim Assunção Neves discorre
que “A sentença 'extra petita' é tradicionalmente considerada
como a sentença que concede algo diferente do que foi
pedido pelo autor. O art. 286, 'caput', do CPC exige do autor
que o pedido formulado seja certo, regra aplicável ao pedido
imediato e mediato, sendo que a sentença que não respeita
a certeza do pedido gera vício que a torna nula, sendo 'extra
petita' sempre que conceder ao autor algo estranho à
certeza do pedido. Sentença 'extra petita' é, portanto,
sentença que concede tutela jurisdicional diferente da
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pleiteada pelo autor, como também a que concede bem da
vida de diferente gênero daquele pedido pelo autor” (in
“Manual de Direito Processual Civil”, volume único, 3ª edição,
2011, Editora Método, pág. 518).
20. pelo meu voto, pois, NÃO CONHEÇO do recurso e, de
ofício, ANULO A R. SENTENÇA, nos termos da fundamentação
supra.
JOSÉ CARLOS FERREIRA ALVES
RELATOR
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