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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

FACULDADE DE DIREITO
LICENCIATURA EM DIREITO

Os Pressupostos Processuais

Manuelinho De Sousa Laquimane

Quelimane, Setembro de 2022


Indice

1. Introdução ........................................................................................................................ 3
1.1. Objectivos .................................................................................................................... 4
1.1.1. Objectivo Geral ........................................................................................................ 4
1.1.2. Objectivos Específicos ............................................................................................. 4
1.2. Metodologia ................................................................................................................. 4
2. REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................................... 5
2.1. Conceito ....................................................................................................................... 5
2.2. Pressupostos Processuais e Condições da Acção......................................................... 7
2.3. Tomada de posição a respeito da pertinência em se falar em pressupostos processuais
de existência ............................................................................................................................ 7
2.4. Os Pressupostos Processuais ........................................................................................ 8
2.5. Os Pressupostos Processuais de Validade: .................................................................. 9
2.5.1. Os pressupostos de Validade são: ............................................................................ 9
2.5.2. Pressupostos Subjetivos. ........................................................................................ 10
2.5.3. Pressupostos Objetivos........................................................................................... 10
2.6. Função do pressuposto processual segundo bülow .................................................... 12
3. Conclusão ...................................................................................................................... 13
4. Bibliografia .................................................................................................................... 14

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1. Introdução

O presente trabalho do campo com o tema os pressupostos processuais, subordina se a careira


do Direito Processual Civil declarativo, lecionado no curso de Licenciatura em Direito, tendo
como objectivos de doctar ao estudante deste curso de conhecimentos necessários sobre a
instrução de um processo civil, dos passos bem como dos elementos que podem fazer com que
um processo seja considerado valido sem culminar com a nulidade da decisão tomada pelo Juiz
do caso.

Com este trabalho o estudante explorou várias outras e tese de vários actores, com vista ao
aprofundamento da matéria e enriquecimento do trabalho, servindo este como condição
indispensável na preparação, desenvolvimento e conclusão de um processo civil.

Ainda sub ponto de vista do mesmo autor ele defende que a relação jurídica processual, à
semelhança do que ocorre na relação de direito material, deve preencher requisitos para
validamente se constituir, aos quais denominou pressupostos processuais. Ele vai mais longe
defendendo que sem os pressupostos não existiria processo, tese esta que foi revista mais tarde,
afirmou que havendo juiz com jurisdição já existiria processo e que os pressupostos viriam a
ser requisitos ao julgamento do mérito da demanda. o processo deve ser visto como um
instrumento e não como um fim em si mesmo, e a técnica processual precisa ser utilizada como
meio de concretização, através da tutela jurisdicional, dos direitos garantidos pela ordem
constitucional.

Com base nessas premissas, da instrumentalidade, o presente trabalho do campo objetiva


discutir a possibilidade de compatibilização de um processo válido sem a citação do réu e a
técnica dos pressupostos processuais, como elementos indispensáveis no processo da
constituição de uma relação jurídica, do qual intervém um autor, um juiz e os respectivos
participantes.

O presente trabalho está estruturado com um índice para facilitar a localização página, uma
introdução, onde consta o prevê resumo sobre o que vai ser o trabalho, um desenvolvimento
onde constam vários articulados e teses defendidos pelos vários autores sobre a matéria,
começando pelos vários conceitos a respeito dos pressupostos, a classificação de pressupostos
assim como a respectiva função.

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1.1.Objectivos

1.1.1. Objectivo Geral

 Analisar os pressupostos processuais

1.1.2. Objectivos Específicos

 Identificar os principais pressupostos processuais


 Conceituar os pressupostos processuais
 Falar Pressupostos Processuais e as suas condições da acção

1.2.Metodologia

Tendo em conta o objectivo da pesquisa a abordagem é qualitativa, tem como objecto de estudo
“as intenções e situações, ou seja, trata-se de investigar ideias, de descobrir significados nas
acções individuais e nas interacções sociais a partir da perspectiva dos atores intervenientes no
processo”. (Coutinho 2018, p.28).

No que diz respeito aos objectivos a pesquisa é descritiva uma vez que busca descrever um
fenómeno ou situação em detalhe, especialmente o que está ocorrendo, permitindo abranger,
com exactidão, as características de um indivíduo, uma situação, ou um grupo, bem como
desvendar a relação entre os eventos (Severino, 2016).

Quanto aos procedimentos técnicos é um estudo de caso como defende Coutinho (2018, p.335)
que neste tipo de estudo, aborda-se de forma exaustiva factos objectos de investigação, envolve
o estudo intensivo e detalhado de uma entidade bem definida: indivíduos, atributos dos
indivíduos; acções e interacções; actos de comportamentos; ambientes, acidentes, incidentes e
acontecimentos; e ainda colectividades.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1.Conceito

A idéia de pressupostos processuais, como requisitos internos ao processo e a relação


processual, surgiu primeiramente procurou demonstrar a distinção entre relação jurídica
processual e a relação jurídica material, o que acabou por conferir ao direito processual o caráter
de cientificidade que até então não possuía

Para o jurista, o processo civil tem a natureza de uma relação processual, de caráter público,
“que avança gradualmente e não apenas, da maneira que se via à época, de um mero
procedimento, uma variedade de atos realizados pelo juiz e partes.
Segundo o mesmo autor, para que o juiz pudesse julgar o mérito da causa deveria, primeiro,
verificar se estavam presentes os pressupostos processuais, os quais seriam necessários para a
existência do processo.
O autor justificava essa dualidade de exame - processual e mérito – no processo romano, o qual,
segundo ele, era dividido em duas fases: in jure e in judicio. Assim se examinava a existência
dos pressupostos processuais – a existência de relação processual - e neste, restando positiva a
primeira análise, analisava-se a questão de “fundo”, de direito material. A primeira fase, in jure,
era posta à análise do pretor e a segunda, do iudex. (Bulow, 1998).
Portanto, os pressupostos processuais, como questões afeitas ao processo e à relação jurídica
processual, deveriam ser verificados antes e como condição ao julgamento do mérito, pois
pressupostos processuais são requisitos para a própria existência do processo. Nesta esteira, não
há julgamento1 pois não há processo.

Pois, apenas estando presente o pressuposto processual do órgão revestido de jurisdição já


haveria processo, relação jurídica processual e, consequentemente, exercício de jurisdição. Este
exercício se traduz, na necessidade de o órgão jurisdicional declarar a razão pela qual não
julgará o mérito da causa. Ressaltando que os pressupostos processuais, deveriam denominar-
se, com mais exatidão, “pressupostos do conhecimento do mérito” (Calamandrei, 2012).

A doutrina italiana deu um passo à frente quanto ao engendrados da teoria dos pressupostos
processuais. Isto porque entende que estes, embora constituam requisitos para o julgamento do
mérito, não são, sempre, pressupostos para a existência do processo e da relação jurídica

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Na sua obra processuais, (Hélio Tornaghi, A relação processual, págs. 66 e $5,; AJa P; G;-mover, As condIções,
págs. 15 e 55.; Dinamarco, Fundamentos, págs. 12 e 55. e )
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processual. Havendo órgão jurisdicional e uma demanda a ele direcionada já há processo e
relação jurídica processual – mesmo que mais restrita. O que lecionam os mestres italianos é
que esses pressupostos, por si só, não ensejariam a obrigação do juiz em apreciar o mérito da
demanda.
Para Jorge Luís Dall’agnol, pressupostos Processuais, são os "requisitos necessários para a
existência jurídica e o desenvolvimento do processo.

Da análise das posições desses dois renomados juristas alemães, infere-se que os pressupostos
processuais, para a doutrina tedesca, designam tão-somente os requisitos mínimos para a
existência do processo, não abarcando os impropriamente denominados "pressupostos de
validade do processo".

Na visão de Celso Neves o termo "pressupostos processuais" refere-se aos requisitos sem os
quais "não pode ter existência a relação jurídica processual dispositiva", reservando para os
requisitos de validade do processo o vocábulo "supostos processuais".
Assim como o reconhecimento da relação jurídica deduzida (a cujo respeito discutem os
litigantes)' pressupõe a verificação de certos fatos, "também o surgimento da relação jurídica
processual, analogamente, depende da presença de determinados elementos, que condicionam,
em termos globais, a existência. Tais elementos designam-se polo pressupostos processuais.

Pressupostos processuais são todos os elementos de existência, os requisitos de validade e as


condições de eficácia do procedimento, que é ato-complexo de formação sucessiva. A
terminologia merece uma correção técnica. Pressuposto é aquilo que precede ao ato e se coloca
como elemento indispensável para a sua existência jurídica; requisito é tudo quanto integra a
estrutura do ato e diz respeito à sua validade, como já foi visto no primeiro capítulo. Assim, é
mais técnico falar em requisitos de validade, em vez de pressupostos de validade.
"Pressupostos processuais" é denominação que se deveria reservar apenas aos pressupostos de
existência. Sucede que "pressupostos processuais" é expressão consagrada na doutrina, na lei e
na jurisprudência. Há pressupostos do procedimento principal, do procedimento incidental e do
procedimento recursal. Normalmente, a doutrina costuma referir aos pressupostos de existência
e aos requisitos de validade, não tratando dos fatores de eficácia. Toda relação jurídica
processual exige a presença de certos pressupostos que permitam o desenvolvimento válido,
regular e eficaz da atividade processual.

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2.2.Pressupostos Processuais e Condições da Acção

O atual Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/2015) não mais faz referência expressa à
categoria processual denominada “condição da ação”. A doutrina se divide entre os que
defendem a permanência das condições da ação e aqueles que asseveram que foram extirpadas
da atual codificação processual civil, passando a integrar uma única categoria: a dos
pressupostos processuais ou dos pressupostos de admissibilidade do mérito.

Ensina serem pressupostos de existência, além da demanda e do órgão investido de jurisdição,


a citação do réu e capacidade postulatória, sendo que, quanto a este último pressuposto, sua
exigência à constituição do processo refere-se apenas à parte autora. Isto porque, para este autor,
possuindo autor mandatário judicial, (exceto, por óbvio, quando a lei a dispensa) já estaria
formada relação processual entre autor e juiz.

A composição da lide somente se verifica mediante a existência de determinados pressupostos,


que se denominam pressupostos processuais.”. Assim o autor conclui: “Não se tratar, porém,
de pressupostos necessários para a existência do processo, mas sim, para a composição da lide
e entrega da prestação jurisdicional, visto que, ainda que faltem alguns desses pressupostos,
nem por isso deixa o processo de caminhar para diante, ainda que sem atingir, muitas vezes, a
sua fase final (Frederico, 2006, p. 114)

2.3.Tomada de posição a respeito da pertinência em se falar em pressupostos processuais


de existência

E necessário se fazer adotar uma das várias posições retratadas acima pelos vários autores.
Delas uma apenas antevê como efeito à ausência dos pressupostos a impossibilidade de
apreciação do mérito. A outra, além de considerar alguns requisitos de ordem processual como
condições para o julgamento do mérito, ainda entende haverem alguns sem os quais o processo
não nasce.
No ponto de vista jurídico, a primeira corrente, ao atribuir apenas efeito de validade aos
pressupostos, sem os colocar em uma classificação dicotômica, é a mais adequada do ponto de
vista científico processual. Isso porque não há, a nosso ver, como negar a existência do
processo, mesmo constata a ausência de um pressuposto processual.
Concluindo a respeito da inexatidão em se falar de pressupostos processuais de existência por
BÜLOW, tem-se que a norma processual parece também corroborar com a posição ora
defendida.

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Isso porque, traz como consequência à falta de pressupostos processuais a extinção do processo
sem julgamento do mérito. E, como é intuitivo, só pode ser extinto algo que, em algum
momento, existiu.

2.4.Os Pressupostos Processuais


a) Existência de demanda, traduzida numa petição inicial, mesmo que inepta. Nesse
primeiro momento não há necessidade de a petição ser formalmente perfeita, basta que
o Poder Judiciário seja provocado, pelo autor, por meio da petição inicial. Ocorre que,
de acordo com o princípio dispositivo, a Jurisdição é inerte, não agindo se não for
provocada. O Poder Judiciário é fomentador da paz social e não da discórdia. Assim, se
a jurisdição não pode atuar se não for provocada, inexistirá processo sem petição inicial
do autor.

b) Existência de jurisdição, ou seja, a parte deve formular pedido a alguém investido de


jurisdição, ainda que incompetente. Nesse primeiro momento, não há necessidade de se
averiguar se o juiz seria absolutamente competente. Para o processo se constituir basta
que tenha sido cumprido o princípio do juiz natural, endereçando-se a inicial a um dos
órgãos do Poder Judiciário, ou seja, o juiz investido no cargo por concurso de provas e
títulos, vedando-se, ainda, os tribunais de exceção.

c) Existência de citação, ainda que inválida. É preciso ressaltar que, mesmo no regime do
CPC/73, em razão do advento do art.º. 285-A e também nos casos de reconhecimento
de prescrição ou decadência prima fácies, já se constatava a possibilidade de existir
processo sem a citação do réu. Com o advento do CPC/15, essa constatação se
intensificou ante a previsão do rol da improcedência liminar, constante do art.º. 332, que
inclui a hipótese de decretação de improcedência liminar, nos casos de reconhecimento
de prescrição ou de decadência.

É evidente que o processo se forma primeiro entre autor e juiz, havendo a constituição de uma
relação jurídica processual linear, mas a relação jurídica processual somente se completa com
a citação do réu. Podemos afirmar que, para o réu o processo somente existe depois de citado.
Assim, é possível existir processo sem citação, por exceção permitida pelo sistema, porque
favorável ao demandado, como se dá nos casos de improcedência liminar (art. 332) e
indeferimento da inicial (art. 330).

d) No entanto, tais dispositivos não impedem que se considere a citação como pressuposto
processual de existência em relação ao réu. Se este não for chamado a integrar a lide,
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não se pode dizer que exista relação jurídica processual. Haverá apenas uma relação
linear formada entre autor e juiz. O réu não poderá ser atingido, nem poderá sofrer as
consequências da sentença que lhe seja desfavorável, proferida em processo do qual não
participou. Assim, para a arguição da falta de citação, após o processo findo, basta a
propositura de ação declaratória de inexistência, não havendo necessidade de ação
rescisória (Oliveira, Olavo & Medeiros, 2015)

Capacidade postulatória. É a necessidade de a parte vir a juízo acompanhada de advogado, para


tanto habilitado, nos termos da lei. Esse requisito se refere ao autor, porquanto se o réu vier a
juízo desacompanhado de advogado, a consequência será considerar a contestação ineficaz,
com a consequente aplicação dos efeitos da revelia.

2.5.Os Pressupostos Processuais de Validade:


Entre a relação jurídica processual e a relação de direito material, a relação processual é regida
por normas diversas daquelas que tratam da relação jurídica material.
Assim sendo, conclui-se, com fulcro no já exposto, que o processo, uma vez iniciado com o
ajuizamento da ação, desenvolva-se de acordo com requisitos e sob regramentos específicos.
Esse é o fundamento base dos pressupostos processuais como condições de validade do
processo e da relação processual.

Todavia foi eleita a teoria trazida pelo processualista Lacerda (2012), por se dividir de forma
bastante didática e subdividir os pressupostos processuais em subjetivos e objetivos. Aqueles
se referem aos sujeitos da relação processual, considerados em si mesmo, e estes à relação
processual considerada em sua “objetividade” nas palavras deste autor.

2.5.1. Os pressupostos de Validade são:


 Petição inicial apta. Num primeiro momento é preciso que a inicial exista. É preciso
mais, é necessário que a inicial contenha os requisitos mínimos necessários para ser
válida. Assim, é preciso que, além dos requisitos, também sejam cumpridas aquelas
constantes do art. 330, principalmente quanto aos seus parágrafos primeiro e segundo.
Inépcia da inicial: não há novidades no que tange à alegação de inépcia da inicial,
perempção, litispendência e coisa julgada, salvo uma adequada realocação dos institutos
em parágrafos diversos para facilitar o entendimento. Da mesma forma, não há
novidades quanto a alegação de falta de caução ou de outra prestação que a lei exige
como preliminar; de incapacidade processual, defeito na representação.

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 Competência absoluta e imparcialidade do juiz. O art. 64 do CPC/15 determina
expressamente que o processo será nulo no caso de incompetência absoluta, sendo,
inclusive, fundamento para ação rescisória do julgado, conforme determina o art. 966,
II, do CPC. Entretanto, somente a competência absoluta é pressuposto processual,
porquanto a competência relativa pode ser prorrogada.

2.5.2. Pressupostos Subjetivos.


Os pressupostos subjetivos se referem às partes e ao juiz.
Quanto as partes, os pressupostos são: capacidade de ser parte, a qual, de certa forma, coincide
com a capacidade de ser titular de direitos e obrigações na vida civil. Que são, as pessoas e,
também, certos patrimônios autônomos, e, ainda, todos os demais entes aos quais a lei atribui
essa capacidade, suprindo a falta de personalidade.
Só para citar alguns exemplos de pressupostos subjetivos: sociedades irregulares, nascituro,
massa falida.
A capacidade processual, identifica-se com a capacidade civil, onde as partes devem ser
dotadas de capacidade para exercer, por si mesmas, os atos da vida civil.
No caso de incapacidade, suprir-se-á através da assistência (incapacidade relativa) ou
representação (incapacidade absoluta); e por último, no que se refere às partes, capacidade
postulatória, necessidade de a parte, salvo exceções legais, ser representada por profissional
habilitado a postular em juízo

No que tange aos pressupostos processuais subjetivos, Lacerda (2001a), com respaldo na
maioria da doutrina, elenca aqueles referentes ao juiz. Competência (o juiz deve ser competente
para julgar a causa) e insuspeição (lato sensu), também chamada competência subjectiva.
Este tem sua razão de ser no sentido de que o juiz não pode estar eivado de circunstâncias que
possam resultar em seu pessoal interesse na causa, ensejando as hipóteses de suspeição ou
impedimento.

2.5.3. Pressupostos Objetivos


Comparando-se este com os pressupostos subjectivos, nota-se uma larga diferença uma vês que
os pressupostos objectivos referem às pessoas do processo, mas à própria relação jurídica,
objetivamente.

Os pressupostos objetivos podem ser extrínsecos e intrínsecos. Os pressupostos extrínsecos à


relação processual, são aqueles que estão relacionados a circunstâncias alheias à relação
processual formada. Assim, não devem existir fatos externos que impeçam a válida formação
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da relação processual. Os exemplos dessa categoria são: a litispendência e a coisa julgada, além
do compromisso arbitral.

Segundo Amaral (2004), os pressupostos objetivos intrínsecos à relação processual, estes dizem
às normas legais as quais deverá o procedimento se subordinar, elenca, ao adotar a classificação,
os seguintes pressupostos: petição inicial conforme os requisitos legais; citação do réu e
instrumento do mandato.

A opção em se utilizar, no presente estudo, o elenco engendrado por Lacerda (2012), na sua
classificação dos pressupostos processuais, não há muita dissonância dentre a doutrina pátria
quanto aos requisitos para validade do processo, nos quais, ao nosso entender, resume-se a
teoria dos pressupostos processuais.

Frise-se ainda que, parte da doutrina subdivide os pressupostos elencados acima em de validade
e existência o que, como explicitado anteriormente, não se mostra adequado, uma vez que não
se sustenta a ideia de pressupostos de dariam ensejo à inexistência do próprio processo.

Antes de analisar tal questão, lembre-se que a doutrina e a própria lei colocam como requisitos
a apreciação do mérito, além dos pressupostos processuais, as condições da ação. Ora, se ambos
devem estar presentes para o julgamento do mérito, faz-se mister, ainda que de forma sumária,
a procura de distinção entre os pressupostos processuais e as condições da ação.

Na perspectiva de Junior (2015), ainda elencam os chamados pressupostos processuais


negativos (em contraposição aos pressupostos processuais positivos, acima arrolados), que
definem como “circunstâncias que, se verificadas no processo, ensejam sua extinção sem
resolução do mérito”

a) litispendência;
b) perempção;
c) coisa julgada;
d) convenção de arbitragem.
Os pressupostos processuais também podem ser classificados em:
a) objetivos: as que referem à regularidade da relação processual, podendo ser:
a.1) intrínsecos: as que dizem respeito à regularidade dos atos praticados no curso da relação
processual. Referem-se à subordinação do procedimento ao regramento legal. Exemplo:
citação válida;

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a.2) extrínsecos: referem-se à inexistência de óbices externos à validade da relação
processual. Exemplos: ausência de litispendência, de coisa julgada ou de perempção. São os
pressupostos processuais negativos;

a) subjectivos: referem-se ao juiz (como investido de jurisdição, competente e imparcial


– ausência de impedimento ou suspeição) e às partes.

2.6.Função do Pressuposto Processual segundo bülow

Na concepção deste autor, Bülow & Prozes (2001), os pressupostos processuais, entendidos
como elementos constituintes da relação processual, condicionam uma posição de
exterioridade, a existência do processo ou iudicium na orientação da doutrina posterior os
pressupostos, que já não são configurados como os elementos constitutivos, condicionam o
proferimento de uma decisão de mérito. Comparativamente a construção originaria deste autor,
que concebe os pressupostos processuais como exteriores ao indiciam e que por isso reserva
um procedimento preparatório a apreciação. Já na doutrina moderna que aceita a atribuição de
um valor de existência no qual faltam os correspondentes pressupostos processuais, desloca-os
para o interior do processo e mundifica-lhes a função condicionante, que deixa de incidir sobre
a existência do processo e passa a recais sobre a suscetibilidade do proferimento de uma decisão
de mérito nesse processo.

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3. Conclusão

Com este trabalho do campo conclui-se que os pressupostos a processuais são requisitos de
constituição da relação jurídica processual. Na acepção dos pressupostos processuais, como
técnica do instrumento processo, meio de concretização dos direitos garantidos pela nossa
ordem constitucional, devem ser tidos como requisitos com vistas ao interesse que protegem
dentro do processo. Outro não pode ser outro o entendimento do processualista.
O processualista italiano Chiovenda, acrescentou algo de novo ao tema, na teoria do Bülow,
dizendo que, os pressupostos são necessários para que surja a “obrigação, para o juiz, de
pronunciar-se sobre o mérito as alterações legislativas emergentes ao momento, com objectivo
de tornar o processo mais célere, prevêem, sob as condições explicadas neste estudo, a
possibilidade de sentença de mérito de improcedência dispensando a citação do réu.

Essas reformas legislativas propiciam, no âmbito da ciência processual e da consequente prática


jurídica, uma tomada de consciência da natureza de instrumento que possui o processo, o qual,
em que pese possuir natureza autônoma serve a um fim, que a de concretização de direitos.
Assim conclui-se que os pressupostos processuais devem ser observados muito antes que se
inicie um processo, com vista a garantir que o percurso que se deve ser vai conduzir aos
intervenientes a uma finalidade jurídica e legalmente estabelecida na nossa jurisdição.

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4. Bibliografia

Beling, E. (1943). Derecho Procesal Penal. Barcelona: Labor.


Florian, E. (1934). Elementos de Derecho Procesal Penal. Barcelona: Bosch.
Goldschmidt, J. (1936). Teoría General del Proceso. Barcelona: Labor
Grinover, A. P. (1978). O Processo em Sua Unidade. São Paulo: Saraiva.
Grinover, A. P.; Fernandes, A. S. & Gomes Filho, A. M. (1992) As nulidades no Processo
Penal.São Paulo: Malheiros.
Marques, J. F. (1965). Elementos de Direito Processual Penal. (2ª ed.). RioSão Paulo: Forense
Tornaghi, H. (1987). A Relação Processual Penal (2ª ed.). São Paulo: Saraiva.

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