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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Registro: 2015.0000838186

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1004218-07.2014.8.26.0053 e código 1F72AE2.
ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº


1004218-07.2014.8.26.0053, da Comarca de São Paulo, em que é apelante
LUCIMARA APARECIDA DE SOUZA ALCOBAÇA, são apelados ISMAEL
PEREIRA MAURIZ e PREFEITURA DO MUNICIPIO DE SÃO PAULO.

ACORDAM, em 9ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por OSWALDO LUIZ PALU, liberado nos autos em 11/11/2015 às 11:25 .
Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento ao recurso. V. U.", de
conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores CARLOS


EDUARDO PACHI (Presidente) e MOREIRA DE CARVALHO.

São Paulo, 11 de novembro de 2015.

Oswaldo Luiz Palu


RELATOR
Assinatura Eletrônica
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

VOTO Nº 17131
APELAÇÃO Nº 1004218-07.2014.8.26.0053
COMARCA : SÃO PAULO

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APELANTE : LUCIMARA APARECIDA ALCOBAÇA
APELADOS : ISMAEL PEREIRA MAURIZ E OUTRO
1 MM. Juiz de 1ª instância: Claudio Campos da Silva

APELAÇÃO CÍVEL. Responsabilidade Civil. Erro


médico. Ilegitimidade de parte. Passiva. Afastamento.
Paciente atendida em hospital da Rede Municipal de Saúde.

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Prestação do atendimento médico-hospitalar pelo Município,
ainda que por meio de hospital público pertencente a autarquia
municipal. Responsabilidade objetiva do Estado.
Descentralização que não afasta a responsabilidade, ao menos,
subsidiária. Preliminar afastada.

APELAÇÃO CÍVEL. Responsabilidade Civil. Erro


médico. Ilegitimidade de parte. Passiva. Médico. Intelecção
do art. 37, § 6.º, da CF. Responsabilidade objetiva do Estado,
que tem direito de regresso perante seu agente para apuração
de eventual ação ou omissão ensejadora do dano.
Possibilidade, por outro lado, de ser escolhida pela parte a
inclusão do médico, suposto causador do dano, no polo
passivo. Busca de Justiça além da indenização. Decisão
cassada.

APELAÇÃO CÍVEL. Responsabilidade Civil. Erro


médico. Instrução probatória insuficiente. Julgamento
prematuro da ação. Hipótese do art. 515, § 3.º, do CPC não
verificada. Sentença cassada para dilação probatória. Recurso
provido.

I. RELATÓRIO

Cuida-se de recurso de apelação

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interpostos contra r. sentença de fls. 254/255 (Emb.


Decl. desacolhidos f. 264) que, nos autos da ação
de rito ordinário ajuizada por LUCIMARA APARECIDA

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ALCOBAÇA em face do HOSPITAL MUNICIPAL DR. ALÍPIO
CORREA NETTO e ISMAEL PEREIRA MAURIZ, julgou-a
extinta sem resolução do mérito, nos termos do art.
267, inc. VI, do CPC, carreando à autora o pagamento
das custas, despesas processuais, além de honorários
advocatícios fixados em R$500,00, para cada
requerido, observando-se os benefícios da gratuidade

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processual. Apela a autora (fls. 266/272), alegando
que, atendendo à determinação de emenda à inicial,
deduziu sua pretensão contra o MUNICÍPIO DE SÃO
PAULO SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE, ato acolhido
pelo d. sentenciante que, no entanto, extinguiu o
processo sem resolução do mérito pelo reconhecimento
da ilegitimidade passiva dos requeridos, ao
fundamento de que a AUTARQUIA HOSPITALAR MUNICIPAL
REGIONAL DE ERMELINO MATARAZZO possui personalidade
jurídica própria, podendo responder por seus
próprios atos, motivo por que o Município seria
parte ilegítima para figurar no polo passivo da
ação. E tal circunstância é contraditória, tendo em
vista a determinação de emenda à inicial, e macula
de nulidade o “decisum”. O d. sentenciante poderia
ter se retratado, mas rejeitou os embargos de
declaração opostos. Ademais, o médico indicado
possui, igualmente, legitimidade para figurar no
polo passivo da ação, eis que praticou inúmeras

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irregularidades que ensejaram o indigitado prejuízo.


Por tais razões, pugna pelo acolhimento integral do
recurso, que foi recebido em seus regulares efeitos

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(f. 282), a ele sobrevindo contrarrazões (fls.
284/286; 287/292). É o relatório.

II. FUNDAMENTO E VOTO

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1. O recurso comporta acolhimento.

2. A autora aforou a presente ação


em face do “HOSPITAL MUNICIPAL PROFESSOR DR. ALÍPIO
CORREA NETTO” e ISMAEL PEREIRA MAURIZ, pois, segundo
alegado, sua mãe, Justina da Silva Alves, faleceu
nas dependências do apontado nosocômio em virtude de
erro médico, perpetuado pelo correquerido ISMAEL
PEREIRA MAURIZ, seu preposto. Requereu o pagamento
de indenização por danos morais, retificação da
“causa mortis” em questão no correspondente
atestado de óbito, além da exumação dos restos
mortais de sua falecida genitora. O magistrado,
açodadamente, alegou que o nosocômio, réu, não
teria personalidade jurídica, determinando a

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inclusão do Município de São Paulo no polo passivo;


feito isso, julgou extinto o processo por ser o
Município de São Paulo parte ilegítima, mas que a

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ação deveria ter sido proposta em face do nosocômio!
Há que se indagar como pode um cidadão que
procura o Poder Judiciário, buscando o que entende
ser seu direito, confiar e respeitar os agentes
públicos que nele trabalham, à vista de decisões
como a dos autos.

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3. A preliminar de ilegitimidade
passiva do MUNICÍPIO DE SÃO PAULO deve ser
completamente afastada. É que inolvidável que os
fatos ensejadores da pretendida indenização por
danos morais ocorreu nas dependências do “HOSPITAL
MUNICIPAL PROFESSOR DR. ALÍPIO CORREA NETTO” e,
portanto, a pretensão deduzida decorre de falha na
prestação de serviços médicos do MUNICÍPIO DE SÃO
PAULO, ainda que prestados pelo aludido hospital
que, à sua vez, integra a “AUTARQUIA HOSPITALAR
MUNICIPAL REGIONAL DE ERMELINO MATARAZZO. O que se
verifica na verdade, é típica descentralização
administrativa, com a finalidade de assegurar
universalidade e integralidade do acesso à saúde, a
todos os cidadãos, sem distinção, atendendo, dessa
forma a preceito constitucional, dispostos nos
artigo 197 e 198, e à legislação de regência,
especialmente, à Lei n.º 8.080/90. Logo,

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indiscutível a legitimidade passiva do MUNICÍPIO DE


SÃO PAULO para figurar no polo passivo da ação. O
Município responde subsidiariamente. Sobre a

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questão:

“PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO - RESPONSABILIDADE


CIVIL DO ESTADO DANOS MORAIS - HOSPITAL INTEGRANTE DA
REDE MUNICIPAL DE SAÚDE - LEGITIMIDADE DO MUNICÍPIO
OMISSÃO E DANOS MORAIS NÃO COMPROVADOS - DEVER DE

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INDENIZAR INEXISTENTE.
1. Para propor ou contestar ação é necessário ter
interesse e legitimidade (art. 3º CPC). Pretensão à
condenação da Municipalidade no pagamento de indenização
por danos morais decorrentes de atendimento negligente
em hospital integrante da rede municipal de saúde.
Ilegitimidade da Prefeitura Municipal.
Inadmissibilidade. Precedentes.
2. A responsabilidade civil do Estado é objetiva baseada
na teoria do risco administrativo no caso de
comportamento danoso comissivo (art. 37, § 6º, CF) e
subjetiva por culpa do serviço ou 'falta de serviço'
quando este não funciona, devendo funcionar, funciona
mal ou funciona atrasado.
3. Ausência de prova de falha do serviço. Ficha médica
que indica que foi feito diagnóstico e tratamento
recomendados pelo hospital particular que atendeu
posteriormente o autor.
4. Somente o dano moral razoavelmente grave deve ser

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indenizado. Mero dissabor, aborrecimento e mágoa estão


fora da órbita do dano moral. Ausência de abalo físico
ou psíquico. Transtornos decorrentes da agressão física

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que vitimou a parte e não do tratamento hospitalar.
Dever de indenizar inexistente. Extinção do processo,
sem resolução de mérito, afastada. Pedido improcedente.
Recurso provido” (AC n.º 1014672-46.2014.8.26.0053, São
Paulo, 9.ª Câmara de Dir. Público, rel. Des. Décio
Notarangeli, j. 08.10.2014);

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“RECURSOS DE APELAÇÃO. RESPONSABILIDADE CIVIL. CIRURGIA
QUE LEVOU À PIORA NA CONDIÇÃO DE SAÚDE DO AUTOR. NEXO DE
CAUSALIDADE ENTRE A FALHA NO SERVIÇO E O DANO.
Legitimidade passiva do Município de São Paulo, que
presta os serviços de saúde por meio dos Hospitais
Municipais. Extinção da ação, decorrente do
reconhecimento da ilegitimidade, afastada. Possibilidade
de julgamento imediato da lide, em virtude da instrução
completa do processo, com produção de prova pericial,
inclusive. Mérito - A prova documental coligida aos
autos é farta e idônea para comprovar a ocorrência da
falha do serviço prestado pela Administração Pública
Municipal e o dano moral experimentado pelo autor, que
passou a conviver com estado pior de saúde. Sequelas do
procedimento cirúrgico que acarretaram incapacidade
parcial e permanente, no trato urinário, além de dor
crônica. Fixação do “quantum debeatur” em R$ 50.000,00,
montante apto a recompor o dano sofrido, punindo a

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Administração Pública, sem ensejar o enriquecimento sem


causa do ofendido. Ausência de comprovação, entretanto,
dos danos materiais, porque o autor é servidor público e

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a incapacidade parcial e permanente não lhe acarretará
prejuízos de ordem financeira. Sentença de extinção da
ação reformada, para reconhecer em parte o pedido
vestibular. Recurso de apelação parcialmente provido,
prejudicado o apelo da Municipalidade” (AC n.º
1008927-22.2013.8.26.0053, São Paulo, 13.ª Câm. de Dir.
Público, rel. Des. Djalma Lofrano Filho, j. 22.7.2015);

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“Agravo de Instrumento - Responsabilidade civil.
Exclusão da Municipalidade do polo passivo da demanda
Inadmissibilidade. Município que, ao transferir a
titularidade de um serviço público que lhe compete a uma
autarquia, permanece responsável, ainda que
subsidiariamente, pela sua regular execução, bem como
pelos danos que forem causados a seus usuários, nos
termos da legislação vigente. Municipalidade que deve
ser mantida no polo passivo - Recurso provido” (AI n.º
207815-72.2013.8.26.0000, São Paulo, 4.ª Câm. de Dir.
Público, rel.ª Des.ª Ana Liarte, j. 28.4.2014).

3.1. Obviamente o nosocômio, HOSPITAL


MUNICIPAL DR. ALÍPIO CORREA NETTO -- autarquia
municipal que é --, e por conseguinte, com

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personalidade jurídica, deve ser novamente inserido


no polo passivo, providenciando o autor sua citação,
eis que o responsável direto por eventual dano.

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3.2. Quanto à reconhecida ilegitimidade
passiva de ISMAEL PEREIRA MAURIZ, médico que atendeu
à falecida paciente, o decreto de extinção não deve
persistir. Ainda que o grau de responsabilidade seja

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outro, responsabilidade objetiva no caso do Estado
nos termos do art. 37, § 6.º, da Constituição, que
responde integralmente por eventual dano perpetuado
por seus agentes, e responsabilidade subjetiva de
seu agente, o médico, a parte pode pretender que o
facultativo responda pelo ato que cometeu, sendo,
eventualmente, condenado solidariamente com o ente
público, o que para este facilitaria a questão de
eventual regresso ou execução do jugado. A questão
coloca-se como medida de Justiça e não apenas de
indenização e a escolha é da parte.

3.3. Somente a prova poderá comprovar


se a responsabilidade foi individual, do
profissional, ou se houve a chamada 'falta do
serviço'. A doutrina, por exemplo LAUBADÈRE,
VENEZIA & GAUDENET ('Droit Administratif', PP. 145

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e ss., L.G.D.J. 16. ed. Paris), afirma que a falta


do serviço pode consistir em uma 'falta anônima',
da qual o autor não aparece de modo preciso, ou

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seja, o serviço é que funcionou mal, ou não foi
aquele que normalmente se poderia esperar. A falta
do serviço consistirá notadamente: no caso em que o
serviço não funcionou (acidente na via pública
causado por falta de sinalização de uma obra
pública) ou em que ele funcionou mal ou muito
tarde. (...) A teoria da falta do serviço público é

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ainda original por sua característica de graduação:
em certas matérias, a jurisprudência, em face das
dificuldades do funcionamento do serviço público,
exige, para que a responsabilidade da administração
seja presente, que tenha havido uma falta grave.
A mesma doutrina não deixa de remarcar,
entretanto, ser necessário a prova do nexo causal
ou que o dano seja 'imputable au service public'.

4. Dirimidas as questões
preliminares, não se verifica, contudo, a hipótese
descrita no artigo 515, § 3.º, do Código de Processo
Civil, tendo em vista que a prova carreada cinge-se
ao prontuário médico da falecida paciente,
prolatada sentença extintiva sem que fosse produzida
qualquer outra prova, oral ou pericial, ainda que a
autora tenha protestado pela produção, indicando,

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inclusive, quesitos (f. 139 e seguintes).

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4.1. Com efeito, sabe-se apenas que em
04 de abril de 2013, a mãe da autora Justina da
Silva Alves, sofreu uma queda doméstica, encaminhada
para o HOSPITAL MUNICIPAL DR. ALÍPIO CORREIA NETO.
Medicada, e persistindo os sintomas, foi liberada
para retorno ao lar, voltando ao nosocômio no dia 10

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de abril de 2013, com quadro agudo de dor e vômito,
inclusive de substância escura, sendo prontamente
internada, e no dia seguinte, encaminhada para a
Unidade de Terapia Intensiva, vindo a falecer em 13
de abril de 2013, em virtude de choque séptico,
infecção intra-abdominal, hipertensão arterial
sistêmica, diabetes mellitus, insuficiência
coronariana, segundo respectivo atestado de óbito
(f. 23).

5. Logo, diante da instrução


deficiente do processo, circunstância que não pode
ser reconhecida em detrimento da autora, que a ela
não deu causa, a r. sentença recorrida é afastada,
para reabrir-se a fase citatória e instrutória e
consequente dilação probatória com regular
seguimento da ação face ao MUNICÍPIO DE SÃO PAULO,

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do médico ISMAEL PEREIRA MAURIZ e com a citação


da autarquia “HOSPITAL MUNICIPAL PROFESSOR DR.
ALÍPIO CORREA NETTO”.

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6. Ante o exposto, pelo meu voto, dou
provimento ao recurso.

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OSWALDO LUIZ PALU
Relator

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