Tribunal de Justiça Do Estado de São Paulo: Processo Digital Nº: Classe - Assunto Requerente: Requerido

fls.
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

COMARCA DE SÃO PAULO
FORO CENTRAL CÍVEL
17ª VARA CÍVEL
Praça João Mendes s/nº, 8º andar - salas nº 827/829, Centro - CEP 01501-
900, Fone: 21716145, São Paulo-SP - E-mail: sp17cv@tjsp.jus.br
Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min
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DECISÃO
Processo Digital nº: 1121202-20.2020.8.26.0100

Classe - Assunto Procedimento Comum Cível - Defeito, nulidade ou anulação
Requerente: Lizandra Beatriz dos Santos Pereira
Requerido: André Toshiaki Toda Nishimura e outro
Justiça Gratuita
Juiz(a) de Direito: Dr(a). LUCIANA BIAGIO LAQUIMIA
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LUCIANA BIAGIO LAQUIMIA, liberado nos autos em 10/02/2021 às 15:50 .
Vistos.
1) Fls. 126/127: recebo como emenda à petição inicial. Providencie a serventia a

retificação do polo passivo (com a exclusão de Lizanda Beatriz dos Santos Pereira e a inclusão de
Gustavo Henrique dos Santos e Giovana Raphaela Teixeira Santos da Silva), bem como a
alteração do valor dado à causa (R$ 1.009.215,82), junto ao sistema informatizado SAJ/PG5.
2) Defiro aos autores os benefícios da justiça gratuita, mantendo a anotação de

gratuidade processual junto ao sistema informatizado SAJ/PG5.
3) Deixo para momento oportuno a análise da conveniência da audiência de

conciliação (CPC, art.139, VI e Enunciado nº 35 da ENFAM: "Além das situações em que a
flexibilização do procedimento é autorizada pelo art. 139, VI, do CPC/2015, pode o juiz, de
ofício, preservada a previsibilidade do rito, adaptá-lo às especificidades da causa, observadas as
garantias fundamentais do processo").
4) Cite-se e intime-se a parte ré para contestar o feito no prazo de 15 (quinze) dias

úteis. A ausência de contestação implicará revelia e presunção de veracidade da matéria fática
apresentada na petição inicial. Tratando-se de processo eletrônico, em prestígio às regras
fundamentais dos artigos 4º e 6º do CPC fica vedado o exercício da faculdade prevista no artigo
340 do CPC.
Carta de citação segue vinculada automaticamente à esta decisão. O art. 248,

§ 4º, do CPC prevê que "nos condomínios edilícios ou nos loteamentos com controle de acesso,
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FORO CENTRAL CÍVEL
17ª VARA CÍVEL
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será válida a entrega do mandado a funcionário da portaria responsável pelo recebimento de
correspondência, que, entretanto, poderá recusar o recebimento, se declarar, por escrito, sob as
penas da lei, que o destinatário da correspondência está ausente." Em decorrência, poderá ser
considerada válida a citação se o AR for assinado pela pessoa responsável pelo recebimento da
correspondência.
Nos próximos peticionamentos, atente-se o advogado para a UTILIZAÇÃO
DAS NOMENCLATURAS E CÓDIGOS CORRETOS, para garantia de maior celeridade
na tramitação e apreciação prioritária de pedidos urgentes.
Intime-se.
São Paulo, 10 de fevereiro de 2021.
DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI 11.419/2006, CONFORME IMPRESSÃO À MARGEM DIREITA
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por FABIANA MANCUSO ATTIE GELK e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 11/03/2021 às 21:08 , sob o número WJMJ21403761639
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COLENDO JUÍZO DA 17ª VARA CÍVEL, DO FORO CENTRAL CÍVEL,

DACOMARCA DE SÃO PAULO– SP.
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1121202-20.2020.8.26.0100 e código 942TEfyn.
Processo nº: 1121202-20.2020.8.26.0100
ANDRÉ TOSHIAKI TODA NISHIMURA, brasileiro, médico,

casado, inscrito no CRM/SP sob no133.930 e no CPF/MF sob
no226.321.848-35, com domicílio na Rua Maria Figueiredo, nº369, Ap. 31,
Paraíso, CEP 04.002-002, São Paulo – SP, vem, à presença deste Juízo,
por meio de seus advogados habilitados, nos autos da AÇÃO
INDENIZATÓRIAque lhe move LIZANDRA BEATRIZ DOS SANTOS
PEREIRA, GUSTAVO HENRIQUE DOS SANTOS e GIOVANA RAPHAELA
TEIXEIRA SANTOS DA SILVA, apresentar:
CONTESTAÇÃO
pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:

.
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1- PRELIMINARMENTE
1.1. DA TEMPESTIVIDADE DA CONTESTAÇÃO. AUSÊNCIA DE
REALIZAÇÃO DE AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO.
De acordo com o art. 231, inc. I, do CPC, o termo inicial para a
apresentação da contestação será o da juntada aos autos do aviso de
recebimento, quando a citação se der pelos Correios. Havendo pluralidade
de requeridos, determina o §1º que a contagem é feita a partir da juntada do
último dos avisos cumpridos e juntado aos autos.
Tendo sido juntado aos autos o aviso de recebimento de

citação por meio dos Correios (f. 148) em 19/02/2021, o prazo para a
juntada de defesa se esgota no dia 12/03/2021.
1.2 INÉPCIA DA INICIAL: AUSÊNCIA DE FUNDAMENTOS E

VALORES ESPECÍFICOS AO DANO MATERIAL, QUE NÃO SE
CONFUNDE COM OS DANOS MORAIS. LUCROS CESSANTES.
De acordo com Sergio Cavalieri Filho (Programa de

Responsabilidade Civil, 11ª ed., 2014, p. 93-4):
“O dano patrimonial, como o próprio nome diz, também chamado

de dano material, atinge os bens integrantes do patrimônio da
vítima, entendendo-se como tal o conjunto de relações jurídicas
de uma pessoa apreciáveis economicamente.
[...]
O dano patrimonial, como assina Antunes Varela com
propriedade, é susceptível de avaliação pecuniária, podendo ser
reparado, senão diretamente – mediante restauração natural ou
reconstituição específica da situação anterior à lesão -, pelo
menos indiretamente – por meio de equivalente ou indenização
pecuniária (Das obrigações em geral, 8ª ed., Almedina, p. 611)”.
Os Requerentes não formulam pedido específico na sua inicial,

misturando os danos materiais com os morais, sequer trazendo documentos
que possam embasar o pedido. O mesmo raciocínio se verifica no pedido de
lucros cessantes, que sequer indicam a base de cálculo para o pedido,
tampouco o seu fundamento.
.
fls. 211
A regra é a apresentação de pedido específico, e como

exceção o pedido genérico, desde que não seja possível estima-lo, senão
apenas por liquidação. Não é o caso em tela.
Portanto, o pedido de indenização por danos materiais deve
ser extinto sem resolução de mérito, por violação ao art. 322 e 324, caput,
do CPC, devendo ser extinto o feito sem resolução de mérito, forte no art.
330, inc. I c/c §, inc. II e art. 485, inc. I, todos do CPC.
1.3 INÉPCIA DA INICIAL: AUSÊNCIA DE FUNDAMENTOS QUE

INDIQUEM QUAL A CONDUTA ADOTADA PELO 2º REQUERIDO, DR.
ANDRÉ.
Em relação ao ponto em questão, na doutrina, podemos extrair

o seguinte entendimento, a partir do art. 319, alínea c, do CPC, Nelson Nery
Junior, Rosa Maria de Andrade Nery (Código de processo civil comentado
[livro eletrônico] - 5. ed. - São Paulo, 2020):
“10. Fundamentos de fato. Compõem a causa de pedir próxima.

É o inadimplemento, a ameaça ou a violação do direito (fatos) que
caracteriza o interesse processual imediato, quer dizer, aquele
que autoriza o autor a deduzir pedido em juízo. Daí por que a
causa de pedir próxima, imediata, é a violação do direito que se
pretende proteger em juízo, isto é, os fundamentos de fato do
pedido. O direito em si, em tese e abstratamente considerado,
não pode ser o fundamento imediato do pedido: afirmar-se ser
titular de um direito não é suficiente para justificar o ingresso em
juízo, pois é necessário que se diga o motivo pelo qual
(fundamentos de fato) o direito está ameaçado ou foi violado. Por
isso é que a causa de pedir imediata (próxima) são os
fundamentos de fato, vale dizer, o que imediatamente motivou o
autor, pela lesão a direito seu, a deduzir sua pretensão em juízo.
11. Fundamentos jurídicos. Compõem a causa de pedir remota.

É o que, mediatamente, autoriza o pedido. O direito, o título, não
podem ser a causa de pedir próxima porque, enquanto não
ameaçados ou violados, não ensejam ao seu titular a necessidade
do ingresso em juízo, ou seja, não caracterizam per se o interesse
processual primário e imediato, aquele que motiva o pedido.
Fundamento jurídico é a autorização e a base que o ordenamento
dá ao autor para que possa deduzir pretensão junto ao Poder
Judiciário. É o título do pedido (a que “título” você pede?), que
tanto pode ser a lei como o direito, o contrato etc. Não há
necessidade de o autor indicar a lei ou o artigo de lei em que se
encontra baseado o pedido, pois o juiz conhece o direito
(iuranovitcuria). Basta que o autor dê concretamente os
.
fls. 212
fundamentos de fato, para que o juiz possa dar-lhe o direito (da

mihifactum, dabotibiius)”.
No caso em tela, os Requerentes não apresentaram os

fundamentos de fato e jurídicos que consubstanciam a responsabilidade civil
do 2º Requerido, Dr. André. Não há, em nenhuma linha, qual a conduta ou
participação direta dele para ensejar a sua responsabilidade civil.
Essa forma de litigar é extremamente temerária ao

contraditório e à ampla defesa (art. 5º, inc. LV, CRFB), prejudicando o
devido processo legal como um todo (art. 5º, inc. LIV, CRFB), sem contar
que prejudica a atividade cooperativa para se atingir, em tempo razoável, a
justa decisão (art. 6º, CPC).
Portanto, o pedido de indenização por danos materiais deve

ser extinto sem resolução de mérito, por violação ao art. 322, do CPC,
devendo ser extinto o feito sem resolução de mérito, forte no art. 330, inc. I
c/c §, inc. I e art. 485, inc. I, todos do CPC.
1.4 DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. DAS CUSTAS DA PROVA

PERICIAL
De início, cumpre salientar que a responsabilidade civil do

médico deve ser analisada sob a ótica da responsabilidade civil subjetiva, a
teor do art. 14, §4º, do CDC, isto é, depende da existência de culpa.
Com isso, não há como ser invertido o ônus da prova em favor

dosRequerentes, pois a hipossuficiência deve ser analisada no caso
concreto, pelas regras de experiências ordinárias do Juiz, conforme dispõe o
art. 6º, inc. VIII, do CDC.
A hipossuficiência poderá ser reconhecida somente em

situações que o Juiz verificar a extrema desvantagem do consumidor frente
.
fls. 213
ao fornecedor, devendo esta ser analisada no campo jurídico, econômico,

técnico e informacional.
No caso em análise, não trouxeramosRequerentes
comprovação de que estariam nessa situação desvantajosa em relação
ao2º Requerido, Dr. André. Portanto, não há como ser reconhecida a
aludida condição de hipossuficiência aosRequerentes.
Nessa toada, deve ser seguida a regra do encargo processual,

consagrada no art. 373, do CPC/15, merecendo ser afastada inversão do
encargo probatório, seja pela inexistência de hipossuficiência por parte
dosRequerentes, seja pela inexistência de fatos impeditivos, modificativos
ou extintivos dos seus direitos.
Com relação à produção de prova pericial, quem a requer deve

com ela arcar, sendo o pedido feito pelosRequerentes cabe a eleso
seucusteio. Não sendo possível, não se deve repassar o encargo ao 2º
Requerido, Dr. André.
É possível, ainda, a realização de perícia particular pelo

IMESC (Instituto de Medicina Social e Criminologia de São Paulo),
entidade autárquica deste Estado, regulamentado pelo Decreto nº
42.110/97, cujo art. 39 dispõe que caberá ao Núcleo de Perícias Clínicas a
realização do exame pericial de natureza “Clínica Médico-Legal”. Para tanto,
são devidos R$ 735,46 ao IMESC, conforme Portaria S, IMESC nº 05/2015,
de 23/04/2015.
Essa forma de perícia atende ao disposto no art. 478, CPC

(Quando o exame [...] for de natureza médico-legal, o perito será
escolhido, de preferência, entre os técnicos dos estabelecimentos
oficiais especializados, a cujos diretores o juiz autorizará a remessa dos
autos, bem como do material sujeito a exame– destaque nosso).
.
fls. 214
Sem contar, ainda, no quesito economicidade que pode gerar,

pois as perícias particulares costumam ter um custo quase dez vezes maior
do que aquele praticado no IMESC.
1.5 DO SEGREDO DE JUSTIÇA
O Conselho Federal de Medicina editou a Resolução nº

1.605/2000 regulamentando a questão do sigilo médico, que em seu artigo
7º prevê a possibilidade do médico utilizar o prontuário como meio de defesa
judicial.
Ademais, de acordo com a Circular CFM nº 16/2018 – COJUR,

há expressa menção de que o prontuário deverá ser disponibilizado nos
processos, quando houver decisão judicial determinando sua juntada. Nesse
sentido está o art. 89, do Código de Ética Médica (Resolução CFM nº
2.217/18):
Art. 89. Liberar cópias do prontuário sob sua guarda exceto para
atender a ordem judicial ou para sua própria defesa, assim como
quando autorizado por escrito pelo paciente.
§ Quando requisitado judicialmente, o prontuário será

encaminhado ao juízo requisitante.
§2º Quando o prontuário for apresentado em sua própria

defesa, o médico deverá solicitar que seja observado o sigilo
profissional. (destacamos)
Notadamente, se torna imprescindível a juntada do prontuário

médico da Requerente das fotografias do pré e pós-operatório como meio de
prova de defesa, haja vista que certamente tal demanda exigirá a produção
de prova pericial, motivo pelo qual imprescindível a sua presença aos autos.
A jurisprudência pátria tem entendido que o sigilo processual

evita, ainda, exposição e julgamento popular antecipado, prévio e precário a
respeito do profissional que figura no polo passivo da presente demanda.
Vejamos:
.
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DIREITO CONSTITUCIONAL. DIREITO ECONÔMICO. DIREITO

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE
RESOLUÇÃO CONTRATUAL. SEGREDO DE JUSTIÇA. ROL
EXEMPLIFICATIVO. LIVRE CONCORRÊNCIA. PROTEÇÃO
CONTRATUAL DE SEGREDOS INDUSTRIAIS. POSSIBILIDADE.
DENUNCIAÇÃO DA LIDE. CABIMENTO. OBRIGAÇÃO
CONTRATUAL DE REPARAR DANOS EM AÇÃO REGRESSIVA.
ERRO MATERIAL NA FORMULAÇÃO DO PEDIDO.
FUNDAMENTAÇÃO CONTIDA NA CONSTESTAÇÃO.
NECESSIDADE DE ASSEGURAR O EXERCÍCIO DO
CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA. AGRAVO PROVIDO.
1. “O art. 155 do Código de Processo Civil, em sintonia com a
Constituição Federal, impõe, como regra, a publicidade dos atos
processuais, admitindo, no entanto, hipóteses em que o feito se
processará mediante segredo de justiça. Essas hipóteses
constituem rol exemplificativo, não exaustivo, sendo
autorizado o segredo de justiça em outras situações também
merecedoras de tutela jurisdicional, por envolverem a
preservação de outras garantias, valores e interesses
fundamentais, como o direito à intimidade da parte (CF, art. 5º,
X), ao sigilo de dados (CF, art. 5º, XII), o resguardo de
informações necessário ao exercício profissional (CF, art. 5º,
XIV) ou para atender a interesse público, relacionado à
segurança da sociedade e do Estado (CF, art. 5º, XXXIII)” (STJ,
REsp 1082951/PR, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA
TURMA, julgado em 06/08/2015, DJe 17/08/2015).[...] 6. Agravo
conhecido e provido. (TJ-DF - AGI: 20150020317013, Relator:
MARIA IVATÔNIA, Data de Julgamento: 02/03/2016, 5ª Turma
Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE: 07/03/2016. Pág.:
467) (Grifamos)
Assim, visando proteger as informações contidas no prontuário

da Requerente, bem como a intimidade e o sigilo profissional do 2º
Requerido, requer que o presente feito tramite em SEGREDO DE JUSTIÇA.
2- VASTA QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL DO REQUERIDO, DR.

ANDRE.
Há de ser destacado o vasto conhecimento profissional do

Médico-Requerido em que se funda a presente ação, destacando-se que tal
experiência se presta a confirmar os argumentos que serão alegados em
sua defesa.
O 2º Requerido, Dr. Andre, é formado em Medicina pela

Fundação Lusíada, Centro Universitário Lusíada (2008), tendo se ativado na
.
fls. 216
especialidade de Cirurgia Plástica, entre 01/02/2009 e 31/01/2011, junto ao

Conjunto Hospitalar do Mandaqui, título de especialista reconhecido pela
Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica – SBCP, (2014).
Para sua atualização científica participa dos congressos da
especialidade, possuindo diversos títulos e certificados que servem pra
demonstrar seu conhecimento e propriedade em cirurgia plástica,
observando-se que o mesmo se mantém atualizado com as mais modernas
técnicas e procedimentos, restando demonstrado que utilizou sua vasta
experiência para prestar o melhor atendimento à genitora dos Requerentes,
assim como contrapondo a leviandade das acusações de negligência,
imprudência e imperícia atribuídas à sua conduta.
3- SÍNTESE DA INICIAL
Os Requerentes alegam que a sua genitora, Sra. Valquíria, no

dia 29/09/2020, se submeteria ao procedimento de lipoaspiração em
abdômen, flancos e dorso, associado a lipoenxertia glútea, que houve
demora na prestação de informações, sendo que ao final do dia um
enfermeiro lhes informou a necessidade de intubação da genitora,
encaminhamento a outro nosocômio e, por fim, óbito.
Formula os pedidos a seguir: i) compensação por danos

morais; iv) indenização pelos danos materiais e lucros cessantes.
4- MÉRITO
4.1. DOS FATOS
De fato, a Sra. Valquíria, foi submetida ao procedimento de

lipoescultura, no dia 29/09/2020, e apesar do histórico de hipertensão arterial
sistêmica (HAS), hipotireoidismo e fazer uso de medicamentos (Levotiroxina,
Valsartana, Hidroclorotiazida e Anlodipino, os exames pré-operatórios não
apresentaram nenhuma alteração que contraindicasse o procedimento.
.
fls. 217
O procedimento teve início às 15h25. Normalmente, os

pacientes são orientados a chegar antes, justamente para tomar ciência dos
termos do contrato hospitalar, termo de consentimento, marcações e
orientações com o médico assistente. A Requerente foi orientada a realizar
exame para constatar a ausência de Covid-19.
O procedimento foi iniciado pela região do tronco anterior, em

decúbito dorsal horizontal (DDH), sendo injetada solução vasoconstritora fria
para reduzir vasos que irrigam gordura, com vistas a evitar a complicação de
embolia. A Sra. Valquíria fazia uso, durante o procedimento, de compressor
pneumático em membros inferiores, como profilaxia ao tromboembolismo. O
2º Requerido, Dr. André, conseguiu realizar o procedimento na região, sem
nenhuma intercorrência.
O segundo momento, a Sra. Valquíria foi mudada para a

posição de decúbito lateral direito (DLD), para que o 2º Requerido, Dr.
André, pudesse proceder com a lipoaspiração da região esquerda do corpo.
Ao ser estabilizada na posição, a Sra. Valquíria começou a apresentar
queda na saturação, e de pronto a equipe a colocou em decúbito dorsal
horizontal e forneceu oxigênio complementar. Como não houve melhora na
saturação, o médico anestesista procedeu à intubação e iniciadas as
manobras de suporte de vida avançado, para que se pudesse removê-la ao
hospital com atendimento especializado.
Antes dessa remoção, o 2º Requerido, Dr. André, se reuniu

com a Requerente Lizandra, explicando a necessidade de remoção para o
Hospital Bartira, na presença do técnico de enfermagem Charles. A
Requerente Lizandra, contrariando orientações, adentrou ao centro cirúrgico
com roupas não esterilizadas adequadamente.
Durante o transporte da Sra. Valquíria, ela apresentou uma

parada cardiorrespiratória, e ao chegar no Hospital, foi imediatamente
encaminhada à emergência, sendo identificado ritmo cardíaco de fibrilação
.
fls. 218
ventricular (choque), sendo mantidas as manobras de ressuscitação

cardiopulmonar (RCP) pelo 2º Requerido, Dr. André, e a equipe de plantão
por cerca de uma hora. Infelizmente, a Sra. Valquíria não resistiu e evoluiu
para o óbito.
São os fatos.
4.2. DA INEXISTÊNCIA DE CULPA DO2º REQUERIDO, DR. ANDRE.

AUSÊNCIA DE CONDUTA CULPOSA E RESULTADO ATINGIDO.
OBRIGAÇÃO DE MEIO
Da análise da inicial, não é possível estabelecer qual a medida

da conduta do 2º Requerido, Dr. André, para que o infausto viesse a ocorrer
e ensejar a sua responsabilidade civil, bem como falta indicação de nexo
causal e o dano.
Com relação à conduta do 2º Requerido, Dr. André, estão

todas dentro do que recomenda a boa prática médica, eis que, avaliados os
exames pré-operatórios, não havia nenhuma contraindicação.
No perioperatório, o 2º Requerido, Dr. André, estava

acompanhado de médico anestesista, equipe que o assistia, além de utilizar
medidas profiláticas para evitar complicações à Sra. Valquíria. Conforme se
pode denotar do Inquérito Policial autuado no E-SAJ sob no1502486-
36.2021.8.26.0554, há o laudo do Instituto Médico Legal (IML), indicando
que a causa mortis foi embolia gordurosa.
Abaixo, se transcreve trechos de obras da literatura médica,

sobre a embolia gordurosa, Nogueira FVM, Coelho GVBF, Silveira Junior
VF, Andrade CZN, Hetem CMC, Farina Junior JA. Lipoaspiração e embolia
gordurosa: revisão de literatura. Rev. Bras. Cir. Plást.2015;30(2):291-
294ReviewArticle - Year2015 - Volume30 - Issue 2:
.
fls. 219
As complicações mais comuns são menos mórbidas, como

irregularidades, hematoma, seroma, edema, flacidez cutânea e
hiperpigmentação, sem grandes repercussões4,8. Porém, existem
complicações graves, menos frequentes, como infecção e fasceíte
necrotizante, necrose de pele, perfuração da cavidade abdominal,
trombose venosa profunda, tromboembolismo pulmonar,
toxicidade da lidocaína e epinefrina, choque hipovolêmico e
embolia gordurosa2,4-7. As incidências de óbitos são variáveis
nas publicações sobre o tema5,7,9-12, mas é consenso de que
um único caso já se torna uma situação dramática por se tratar de
cirurgia eletiva e estética, muitas vezes realizada
ambulatorialmente.
[...]
Não há tratamento específico para a SEG, sendo apenas tomadas

medidas de suporte clínico, estabilização hemodinâmica e
oxigenioterapia ou ventilação mecânica com recrutamento alveolar
em casos mais graves.
Portanto, falta a demonstração de culpa, isto é, o afastamento

da técnica adequada ao caso. Cabe aqui pela pertinência temática a
doutrina de Arnaldo Rizzardo:
“Mesmo que de resultado, sempre que o procedimento se revele

desconforme com a diligência ou pericia, transparecendo a desídia
ou negligência, impõe-se a indenização. Ou seja, não basta o
enquadramento como obrigação de resultado para incidir a
responsabilidade. É imprescindível detectar a presença de culpa,
em uma de suas modalidades” (Responsabilidade Civil, 3ª Edição,
Editora Forense, p 339).
Se o médico trilhou o procedimento adequado e havendo

comprovação de que as complicações eram inerentes ao procedimento,
nenhum reclamo poderá ser acolhido, pois na lição de Arnaldo Rizzardo:
“Seguindo o médico todas as ações, passos e métodos científicos

indicados pela prática e literatura médica, agindo com toda
prudência, diligência, perícia, zelo, atenção e com o correto
emprego do conhecimento cientifico disponível, zeloso de sua
obrigação, amparado pela experiência, exclui-se a imputação
culposa” (Obra citada, pagina 331).
Assim, não há como se imputar ao2º Requerido, Dr. André, a

existência de obrigação pelo resultado, mas sim de meio, onde empregou
todos os seus esforços e técnicas possíveis, exigindo-se, ainda, a
verificação de culpa na condução do caso, competindo aos
.
fls. 220
Requerentescomprovarem que não foram empregadas as técnicas

adequadas ou que não houve adequada prestação do serviço. Nesse
sentido:
APELAÇÃO – RESPONSABILIDADE CIVIL – INDENIZATÓRIA –
DANO MORAL – ALEGAÇÃO DE ERRO EM RELATÓRIO DE
EXAME DE ULTRASSOM – SUPOSTO ERRO QUE INDUZIU A
DIAGNÓSTICO DE MORTE DE FETO – NEXO DE
CAUSALIDADE NÃO CONFIGURADO. A análise das provas dos
autos, consubstanciando, inclusive, com prova pericial produzida,
indicam a ausência de elementos aptos a firmar incisivamente a
pertinência da acusação endereçada à caracterização da
imprudência do agente e ente público. Assim, na impossibilidade
de configurar-se o nexo causal, está excluída a responsabilidade
do suposto agente e, consequentemente, a de indenizar. Decisão
mantida. Recurso negado. (TJSP; Apelação Cível 0028846-
70.2013.8.26.0002; Relator (a): Danilo Panizza; Órgão Julgador:
1ª Câmara de Direito Público; Foro Regional II - Santo Amaro - 6ª
Vara Cível; Data do Julgamento: 02/04/2018; Data de Registro:
02/04/2018)
Não verificada a conduta culposa do2º Requerido, Dr. André,

em qualquer de suas modalidades, bem como inexistente o nexo de
causalidade, a improcedência do pedido compensatório por danos morais
formulados nada será senão uma consequência lógica dos fatos articulados
e da justiça que a causa reclama, em função do que se destaca que no caso
vertente a atuação médica foi IRREPREENSÍVEL!!!
4.3. DA RESPONSABILIDADE SUBJETIVA DOREQUERIDO, DR.

ANDRE.
A responsabilidade civil do profissional liberal é apreciada, nos

termos do art. 14, §4º, do CDC, mediante a análise da culpa, ou seja,
subjetivamente (art. 186, 187 c/c art. 927, CC). Nesse sentido:
Ação de indenização por danos materiais e morais –

Responsabilidade subjetiva dos médicos como profissionais
liberais – Artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor - Prova
pericial que afasta a caracterização de vício na prestação de
serviços – Inexistência de conduta dolosa ou culposa capaz de
causar danos à paciente – Reação particular da requerente ao
medicamento utilizado - Atendimento pós-operatório – Ausência
de demonstração de que tenha havido negligência – Prontuário
médico que demonstra atendimento e orientação satisfatórios –
.
fls. 221
Ausência de dever do médico em fornecer medicamentos à autora

– Dever de informação – Matéria que não sustentou o pleito inicial
– Fundamento por inovação – Infração ao contraditório – Não
preenchimento dos requisitos caracterizadores da
responsabilidade civil - Afastamento do dever de indenizar -
Sentença de improcedência confirmada - Recurso não provido.
(TJSP; Apelação 1010493-10.2014.8.26.0590; Relator (a): Marcia
Dalla Déa Barone; Órgão Julgador: 3ª Câmara de Direito Privado;
Foro de São Vicente - 1ª Vara Cível; Data do Julgamento:
12/09/2017; Data de Registro: 12/09/2017)
Além dos elementos caracterizadores da culpa (imprudência,

imperícia ou negligência), é necessário ainda que haja um NEXO DE
CAUSALIDADE entre a conduta do médico e o hipotético dano, o qual não
restou provado, eis que o Médico indicou o melhor e mais adequado
tratamento para o quadro clínico apresentado pela Paciente.
Sabe-se que na seara das relações de consumo para que

exista o dever de reparar faz-se premente que sejam demonstrados três
requisitos basilares (CDC, art. 12 e ss.), quais sejam: o vício na prestação do
serviço e/ou do produto, o dano e o nexo de causalidade entre ambos.
E nesse particular é importante deixar claro que a regra da

responsabilidade é subjetiva com relação ao prestador de serviços médicos
que é liberal (art. 14, §4º, CDC) e não tem o condão de alterar o ônus da
prova no que se refere ao dever do consumidor de provar a conduta, o dano
e o nexo de causalidade com o serviço prestado.
Os Requerentes não trazem aos autos nenhuma informação de

que tenha havido erro médico por parte do2º Requerido, Dr. André, que
houve desídia no cumprimento das suas funções ou outra conduta que
expusesse a riscos indevidos a Sra. Valquíria.
Deste modo, ante a falta de comprovação de conduta culposa

do2º Requerido, Dr. André, não há que se falar em vício na prestação de
serviços, nexo de causalidade e/ou qualquer dever de reparação, pelo que
.
fls. 222
desde já se pleiteia seja reconhecida a absoluta improcedência dos pedidos

formulados.
4.4. DA INEXISTÊNCIA DE CULPA DO2º REQUERIDO, DR. ANDRÉ –
DA SUPOSTA NEGLIGÊNCIA, IMPRUDÊNCIA E IMPERÍCIA.
É imperioso salientar a este Juízo que não houve nenhuma

conduta imprudente, negligente ou imperita que possa ser imputada ao2º
Requerido, Dr. André, pois atuou dentro das margens técnicas adequadas
ao caso da genitora dos Requerentes. Note este Juízo que o serviço foi
adequadamente prestado.
Mais do que adequado e devidamente prestado o serviço, o

Requerido cumpriu com dever primordial das relações de consumo, o
DEVER DE INFORMAÇÃO ADEQUADA E CLARA sobre os serviços que
seriam prestados (art. 6º, inc. III, CDC), e assim o foram. Não houve falta de
informação.
Agora, mister se faz que sejam analisados seguintes requisitos

que orientam a determinação da responsabilidade civil: (i) conduta humana;
(ii) culpa genérica ou lato sensu; (iii) nexo de causalidade; e (iv) dano ou
prejuízo.
De acordo com as lições de Bruno Miragem (Revista dos

Tribunais, 2016, p. 575) o vício do produto ou serviço decorre da violação
“de um dever de adequação, qual seja, o dever dos fornecedores de
oferecer produtos ou serviços no mercado de consumo que sirvam aos fins
que legitimamente deles se esperam”.
No caso sub examen não estamos diante de violação do dever

de adequação, tampouco de responsabilidade por fato de serviço, porque
não ocorreu nenhum dano decorrente da conduta do2º Requerido, Dr.
André.
.
fls. 223
Portanto, ausente a conduta e rompido o nexo causal, não há

que se falar em responsabilidade civil.
4.5. DA AUSÊNCIA DE DANO MORAL EMATERIAL EM FACE DA
INEXISTÊNCIA DE CULPA.
Merece destaque o fato de que as técnicas utilizadas pelo2º

Requerido, Dr. André, são aplicadas há vários anos no Brasil e no Mundo,
amplamente aprovadas e compatíveis com a atual evolução da medicina,
razão pela qual não há que se conceber qualquer erro. Logo, não há razão
que justifique a sua condenação ao pagamento de indenização, conforme
entendimento abaixo posto:
Responsabilidade civil – Indenização por danos morais – Erro

médico – Inocorrência - Amputação de parte do pé do autor –
Acidente doméstico com ferimento ocorrido três meses antes –
Alegação de atendimento inadequado – Inocorrência - Ausência
de nexo causal entre os fatos e o evento danoso – Falta de provas
aptas a ensejar a responsabilização – O procedimento médico
adotado encontra-se em conformidade com as técnicas da
medicina, não se vislumbrando qualquer irregularidade na conduta
da ré – Pedido julgado improcedente – Sentença mantida –
Recurso improvido. (TJSP; Apelação 1000176-26.2016.8.26.0543;
Relator (a): Leme de Campos; Órgão Julgador: 6ª Câmara de
Direito Público; Foro de Santa Isabel - 1ª Vara; Data do
Julgamento: 30/07/2018; Data de Registro: 06/08/2018)
O dever indenizatório resulta de culpa do agente que, por

negligência, imprudência ou imperícia, tenha com sua ação ou omissão,
causado prejuízo a outrem. Indenizar significa reparar, restabelecer, nunca
enriquecer o indenizado, e nem provocar de forma injustificada a redução
patrimonial de quem é condenado.
A indenização significa restabelecer, restituir uma situação

jurídica determinada, que por obra da culpa do agente, causou dano àquele
que a postula. Sem prova disso, dano não há e indenização não se deve
fixar. Deste modo, totalmente improcedente a alegação autoral de que teria
.
fls. 224
sofrido abalo material e moral em decorrência da conduta culposa do

Requerido.
É de se notar que não há, à toda evidência, dano moral ou
material a ser compensado aos Requerentes, porque o infausto não ocorreu
por conta de conduta culposa do 2º Requerido, Dr. André.
4.6. AD ARGUMENTANDUM TANTUM: DA NECESSIDADE DE

FIXAÇÃO DE EVENTUAL INDENIZAÇÃO À LUZ DOS PRINCÍPIOS DA
RAZOABILIDADE.
Admitindo-se, apenas por amor ao argumento, que o2º

Requerido, Dr. André, seja condenado, face ao princípio da eventualidade e
da concentração, é necessário observar que a compensação deverá ser
arbitrada com razoabilidade.
Para evitar qualquer locupletamento ilícito deve prevalecer no

processo, qualquer que seja seu resultado, o bom senso e o equilíbrio, de
sorte a impedir que uma condenação seja desproporcional entre o dano e
sua indenização.
Qualquer compensação deve atender a um critério de absoluta

razoabilidade, segundo os parâmetros e contornos da lei civil. Sua fixação,
contudo, deve ser feita com moderação posto que não pode se constituir em
fonte de exagerado proveito material em favor dos Requerentes.
Desta feita, caso este Juízo – no que não se acredita – entenda

pela ocorrência de danos aosRequerentes, a compensação deverá ser
arbitrada com bastante prudência e razoabilidade, cuja decisão deverá
sempre ser balizada no grau de relevância do dano – na absurda hipótese
de provada a sua ocorrência – e na repercussão da indenização na situação
econômica do ofendido, repudiando, sempre, o enriquecimento sem causa.
Nesse sentido:
.
fls. 225
CIVIL E PROCESSO CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. COBRANÇA.

DESPESAS HOSPITALARES. PRESCRIÇÃO ÂNUA. INJUSTA
RECUSA. DANO MORAL. RAZOABILIDADE E
PROPORCIONALIDADE. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. […] 3. O valor indenizatório deve
obedecer aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade,
haja vista a extensão do prejuízo, a conduta e o caráter
pedagógico da medida, bem como a capacidade econômica das
partes. 4. Não se modificam os honorários advocatícios arbitrados
de acordo com as balizas legais, sobretudo em face da
sucumbência recíproca. 5. Recursos desprovidos. (Processo: APC
20130110178780, Órgão Julgador: 2ª Turma Cível, Relator: Mario-
Zam Belmiro, Julgamento: 21/01/2015, Publicação: DJE:
06/02/2015, p. 177)
Com relação à fixação de eventual compensação por danos

morais e estético, deve-se seguir o critério bifásico: 1ª fase: valor inicial ou
básico, arbitrado de acordo com o valor lesado; 2ª fase: ajustamento do
valor às peculiaridades do caso, devendo ser feito arbitramento equitativo
pelo juiz (REsp 1.332.366-MS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 10/11/2016).
Com relação aos danos materiais, estes devem ser

adequadamente comprovados, com comprovação documental dos eventuais
danos e lucros cessantes a serem indenizados.
5- CONCLUSÃO.
Nestas condições, requer a esse Juízo:
1) Acolher a preliminar de inépcia da inicial, segredo de justiça e

da não inversão do ônus da prova;
2) Julgar IMPROCEDENTES os pedidos formulados no bojo da

inicial, haja vista a inexistência de qualquer dever de
reparação, uma vez que o2º Requerido, Dr. André, jamais
praticou ato ilícito ou prestou qualquer serviço defeituoso;
Provas: todas em direito admitidas, inquirição das testemunhas

oportunamente arroladas; juntada posterior de documentos, sua exibição
.
fls. 226
e/ou requisição judicial; perícia a ser realizada por um ESPECIALISTA EM

CIRURGIA PLÁSTICA DO IMESC, e tudo mais que se fizer necessário ao
esclarecimento da lide.
Oportunidade na qual se requer que seja anotado no sistema
ESAJ exclusivamente o nome da advogada FABIANA MANCUSO ATTIÉ
GELK, OAB/SP 250.630, e-mail fabiana@attielucidos.adv.br e
apoio@attielucidos.adv.br, bem como todas as publicações e intimações
inerentes ao feito epígrafe sejam confeccionadas em seu nome, sob pena de
nulidade.
Nesses termos,
Pede deferimento.
São Paulo (SP), 11 de março de 2021.
FABIANA MANCUSO ATTIÉ GELK HELDER FERREIRA LUCIDOS

OAB/SP 250.630 OAB/SP 297.571
GABRIEL TADEU BRIENZA VIEIRA

OAB/SP 322.781
fls. 299

COMARCA de SÃO PAULO
FORO CENTRAL CÍVEL
17ª VARA CÍVEL
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1121202-20.2020.8.26.0100 e código 5jJGoZOq.
DECISÃO

Requerido: Clinica de Ginecologia Obstetricia e Mastologia Luiz Anchieta Ltda e
outro
Justiça Gratuita
Vistos em saneador.
1) Cuida-se de ação de procedimento comum ajuizada por

LIZANDRA BEATRIZ DOS SANTOS PEREIRA, GUSTAVO HENRIQUE DOS
SANTOS E GIOVANA RAPHAELA TEIXEIRA SANTOS DA SILVA em face de
CLÍNICA DE GINECOLOGIA OBSTETRÍCIA E MASTOLOGIA ANCHIETA
LTDA e ANDRÉ TOSHIAKI TODA NISHIMURA, visando a obter a condenação dos
réus ao pagamento de indenização a título de danos materiais-danos emergentes de
R$873,00, pensão vitalícia mensal de R$8.342,82 e indenização de R$1.000.000,00 a título
de danos morais suportados.
Essa, a objetiva intelecção dos pedidos constantes da truncada

postulação final, às fls. 17/18, tendo em vista que na interpretação dos pedidos deverá ser
considerado o conjunto da postulação e a boa-fé objetiva (CPC, art. 322, §2º).
Argumentam os autores, em síntese, ser filhos de Valquiria

Teixeira Santos da Silva, contratante de serviços médico-hospitalares dos réus, condizente
como procedimento de cirurgia plástica. Pagamentos de R$700,00 (consulta) e de
R$5.200,00 (cirurgia), devidamente quitados.
Então, em 29/09/20, por volta das 14h40min, Valquíria

submeteu-se a tal cirurgia nas dependências da corré CLÍNICA, sob os cuidados médicos
do corréu ANDRÉ.
fls. 300

FORO CENTRAL CÍVEL
17ª VARA CÍVEL
Entretanto, por volta das 17h45min, os autores foram
informados por enfermeiro que Valquíria estava entubada. Sem maiores justificativas, mas
apenas compromisso de ulteriores esclarecimentos pelos médicos responsáveis.
Instantes depois, os autores foram informados que Valquíria

seria transferida para o Hospital Bartira, subsistente mesma dinâmica anterior, ou seja,
qualquer tipo de informação a respeito do quadro clínico da Valquiria.
Ocorre que, já nas dependências do Hospital Bartira, os
autores foram informados que Valquiria havia falecido. Sem qualquer tipo de informação
dos médicos envolvidos.
Após os fatos, ainda, os autores e respectivo causídico

tentaram, por inúmeras vezes, obter o prontuário médico de Valquiria, deliberadamente
negado pelos prepostos da corré CLÍNICA.
Sublinhando a ofensa a direitos da personalidade e a

qualidade da falecida de arrimo de família, movem os autores a presente demanda.
Com esta peça, os documentos às fls. 19/112,

complementados às fls. 130/140.
Emenda à exordial às fls. 126/127.
Citados, os réus apresentaram contestações às fls. 151/164 e

209/226.
CLÍNICA DE GINECOLOGIA OBSTETRÍCIA E

MASTOLOGIA ANCHIETA LTDA destaca preliminar de inépcia da petição inicial
porquanto da narrativa dos fatos não decorre logicamente o pedido. No mérito, bate-se pela
improcedência da ação sob argumento, em resumo, de força maior, decorrente de embolia
gordurosa, “fatalidade” imprevisível que os profissionais da demandada conseguiram
reverter mediante reanimação, insubsistente após a transferência de Valquíria para o
Hospital Bartira. Os serviços foram prestados com adequação e todos os profissionais
envolvidos atuaram com a diligência que se espera, não havendo vício de qualquer tipo.
fls. 301

FORO CENTRAL CÍVEL
17ª VARA CÍVEL
Inexistem danos indenizáveis, bem como razão fática para a aventada negativa de
fornecimento de prontuário, já que feito através de nome errado da paciente. Em caráter
subsidiário, requer a fixação do “quantum” indenizatório de acordo com a razoabilidade.
Com esta peça, os documentos às fls. 164/208.
ANDRÉ TOSHIAKI TODA NISHIMURA, por sua vez,

destaca preliminar de inépcia da petição inicial uma vez deduzidos pedidos sem
fundamentação tampouco especificidade, além da ausência de individualização de conduta
do corréu André. No mérito, bate-se pela improcedência da ação sob argumento, em
resumo, de intercorrência em segundo momento do procedimento cirúrgico em liça,
determinante de intubação e procedimentos de suporte de vida. Tudo imediatamente
informado à coautora Lizandra pelo corréu André, médico especialista, tanto que Lizandra,
inclusive, adentrou às dependências do centro cirúrgico sem autorização nem roupas
esterilizadas. Durante a transferência para o Hospital Bartira, Valquiria apresentou parada
cardiorrespiratória, não revertida pelo corréu André e demais profissionais ali presentes
depois de hora de infrutíferas tentativas, resultando óbito. Valquíria faleceu em virtude de
embolia gordurosa, força maior. O corréu André atuou com diligência durante os serviços
em tela, sem culpa pelo falecimento. Não é aplicável a inversão do ônus da prova na
espécie, razão por que a produção da prova pericial deverá ocorrer mediante profissional do
IMESC. Impositiva a decretação de segredo de justiça. Em caráter subsidiário, requer a
fixação do “quantum” indenizatório de acordo com a razoabilidade. Com esta peça, os
documentos às fls. 227/275.
Réplica às fls. 278/290, rechaçando os termos das

contestações e reiterando o conteúdo da preambular.
Prejudicada a designação de audiência de tentativa de

conciliação em face do desinteresse das partes, vieram-me os autos conclusos.
É relatório.
2) Rejeito a preliminar de inépcia da petição inicial deduzida

por ambos os réus, já que da narrativa dos fatos (falecimento de Valquíria durante prestação
fls. 302

FORO CENTRAL CÍVEL
17ª VARA CÍVEL
de serviços a cargo dos réus) decorre logicamente os pedidos (pretensões indenizatórias).
Rejeito, por igual, a preliminar de inépcia. arguida tão

somente pelo corréu André, já que sua conduta está devidamente delineada nos autos
médico responsável pela cirurgia sob enfoque.
De resto, não se está na seara penal, motivo por que

despicienda pormenorizada e individualizada descrição das condutas, típica daquele ramo
jurisdicional.
Rechaçadas as preliminares, cumpre passar sem mais

delongas ao saneamento do feito.
3) Presentes as condições da ação e os pressupostos

processuais de existência e validade para o desenvolvimento regular do processo, declaro o
presente feito saneado.
Fixo por pontos controvertidos: a) a eventual ocorrência de

culpa dos réus (negligência, imprudência ou imperícia) antes, durante e depois do
procedimento cirúrgico em liça existência, extensão, concorrência, responsabilidade
profissional, b) a caracterização de embolia gordurosa como evento imprevisível,
juridicamente configurador de força maior.
Em ambos os casos, deverão ser consideradas as

especificidades do caso vertente (quadro clínico de Valquiria e circunstâncias fáticas
concretas), e não possibilidades em tese, eventualmente retratadas na literatura.
4) Para prová-los, defiro a produção de prova documental,

desde que nova, e pericial.
Para tanto, nomeio perito o médico cirurgião plástico FÁBIO

HIDEKI JÚLIO OSHIRO (fabiohideki@hotmail.com), o qual deverá ser intimado a estimar
seus honorários no prazo de 10 (dez) dias.
5) Após, digam as partes. Sem oposição, deverão os réus ser

intimados ao depósito de 100% dos honorários periciais, em 15 (quinze) dias, uma vez
fls. 303

FORO CENTRAL CÍVEL
17ª VARA CÍVEL
requerentes da prova às fls. 293 e 294 (CPC, art. 95, “caput”).
Por conseguinte, resta indeferido o pleito do corréu André de

produção de prova através do IMESC. Aliás, admiravelmente insistido na defesa, em duas
oportunidades.
Caso essa não existisse tal dinâmica processual posta (pleito

de produção de perícia tão somente pelos réus às fls. 293 e 294), seria imperativo
considerar a aplicabilidade do CDC (Enunciado 408 das Súmulas do E. Superior Tribunal
de Justiça) e a inversão do ônus da prova na espécie. Dada a verossimilhança da alegação e
a palmar vulnerabilidade técnica da parte autora perante os réus, do métier (CDC, art. 6°,
VIII).
Se fosse a hipótese, portanto, também mereceria total

indeferimento o pleito do corréu André, no sentido de inaplicabilidade da legislação do
consumo na espécie.
6) Depositados os honorários, intime-se o Sr. Perito Judicial

para que apresente o laudo em 30 (trinta) dias.
Faculto às partes a apresentação de quesitos e a indicação de

assistentes técnicos, no prazo de 15 (quinze) dias (artigo 465, §1º, do CPC).
Com a vinda do laudo, intimem-se as partes a se

manifestarem sobre ele em 15 (quinze) dias. Os assistentes técnicos oferecerão seus
pareceres no prazo comum de 15 (quinze) dias após intimadas as partes da apresentação do
laudo (CPC, artigo 477, §1º).
7) Indefiro, ainda, o pedido do corréu André de produção de

prova vocal, uma vez que não seria nem será mediante testemunhos possível aquilatar
eventual ocorrência de erro médico (CPC, art. 370, PU).
8) Finalmente, indefiro o pleito do corréu André de

decretação de segredo de justiça.
Afinal, sigilo profissional não se confunde com interesse

fls. 304

FORO CENTRAL CÍVEL
17ª VARA CÍVEL
público ou social, estes sim (CPC, art. 189, I), possíveis causas de excepcionar-se a regra
constitucional da publicidade dos atos processuais (CF, art. 93, IX).
Intimem-se.
São Paulo, 06 de junho de 2021.
DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI 11.419/2006,
CONFORME IMPRESSÃO À MARGEM DIREITA
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MARCELO PENNA TORINI e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 16/06/2021 às 10:35 , sob o número WJMJ21409664520
fls. 307
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 17ª

VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE SÃO PAULO/SP.
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1121202-20.2020.8.26.0100 e código ucaMMAj9.
Processo № 11212022020208260100

MASTOLOGIA LUIZ ANCHIETA LTDA já qualificada anteriormente,
vem respeitosamente perante Vossa Excelência por intermédio de seu
advogado que assina ao final, indicar como assistente o Dr. ANDRÉ LUIS
PELLEGRIN, inscrito no Conselho Regional de Medicina sob o № 70.450,
residente na Rua Argentina, № 98, Parque das Nações, Santo André/SP, CEP
– 09210-100.
Visto isso, requer também a juntada aos autos dos

quesitos a serem respondidos pelo “expert”, conforme anexado neste ato.
Termos em que.
Pede deferimento.
São Paulo, 16 de junho de 2021.

1 Página
Avenida Luis Stamatis, nº 362 – Cj 43 – São Paulo/SP – CEP: 02260-000

(11) 3227-9371
www.agtadv.com
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MARCELO PENNA TORINI e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 16/06/2021 às 10:35 , sob o número WJMJ21409664520
fls. 308
QUESITOS
1 – Quais eram as queixas pregressas da paciente?
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1121202-20.2020.8.26.0100 e código ucaMMAj9.
2 – Quais eram hipoteticamente os objetivos da paciente que a levou a
realizar os procedimentos ?
3 – Queira o senhor perito descrever os procedimentos realizados pela

paciente.
4 – Havia indicação do referido procedimento ao se observar o quadro clínico

prévio da paciente ?
5 – É possível a ocorrência de intercorrências em casos como o da

Requerente ? Quais as complicações principais previstas em literatura ?
6 – Sabendo pelo exame necroscópico que a paciente deteve um quadro de

embolia gordurosa, há como se afirmar que tal condição é uma das
complicações pós cirúrgicas para a cirurgia realizada ?
7 – Há como evitar em absoluto a ocorrência de embolia gordurosa ?
8 – Quais são as medidas profiláticas de prevenção de embolia gordurosa ?

Há 100 % de eficácia em tais medidas ?
9 – Qual a porcentagem em média, prevista em literatura, para a ocorrência

de embolia gordurosa em cirurgias análogas à realizada ?
2 Página
10 – Há algum ponto que o senhor perito queira acrescentar ?
Avenida Luis Stamatis, nº 362 – Cj 43 – São Paulo/SP – CEP: 02260-000

(11) 3227-9371
www.agtadv.com
.
fls. 309
COLENDO JUÍZO DA 17ª VARA CÍVEL, DO FORO CENTRAL CÍVEL, DA

COMARCA DE SÃO PAULO – SP.
Processo nº: 1121202-20.2020.8.26.0100
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1121202-20.2020.8.26.0100 e código UAptDzeE.
ANDRÉ TOSHIAKI TODA NISHIMURA, já qualificada nos
autos da AÇÃO INDENIZATÓRIA que lhe move LIZANDRA BEATRIZ DOS
SANTOS PEREIRA, GUSTAVO HENRIQUE DOS SANTOS e GIOVANA
RAPHAELA TEIXEIRA SANTOS DA SILVA, vem, por seus advogados,
fazer a indicação de ASSISTENTE TÉCNICO e apresentar QUESITOS.
O 2º Requerido, Dr. André, indica como Assistentes Técnicos

os profissionais abaixo:
DR. ANDERSON BARBOSA DE QUEIROZ

CRM/SP 159.235
E-mail: ab_queiroz@hotmail.com
DR. MARIO WARDE

CRM/SP 81.741
E-mail: mario@warde-aranha.com.br
Abaixo, apresentam os quesitos:
1. Quais as características físicas da Sra. Valquíria no período

pré-operatório? Apesar de portadora de comorbidades, havia exame que
contraindicasse a realização da cirurgia?
.
fls. 310
2. É comum, na realização de cirurgia plástica, a injeção de

solução vasoconstritora fria para evitar complicações embólicas? O 2º
Requerido, Dr. André, fez uso dessa solução vasoconstritora?
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1121202-20.2020.8.26.0100 e código UAptDzeE.
3. É adequada a utilização de compressor pneumático em
membros inferiores?
4. A equipe que assistia ao 2º Requerido, Dr. André, era em

número suficiente e adequada ao tipo de procedimento? Havia
monitorização da Sra. Valquíria?
5. Diante da intercorrência, houve adequado atendimento pela

equipe médica e de enfermagem? Depois de quanto tempo cirúrgico a Sra.
Valquíria apresentou a intercorrência? É possível a este i. Perito indica se
foram utilizadas as técnicas recomendadas para a tentativa de manutenção
de vida da Sra. Valquíria?
6. Foi adequada a remoção da Sra. Valquíria para o pronto-

socorro mais próximo?
7. O volume lipoaspirado do corpo da Sra. Valquíria foi adequado

ao que prescreve a Resolução nº 1.711, do Conselho Federal de Medicina?
Nesses termos,
Pede deferimento.
São Paulo (SP), 22 de junho de 2021.
FABIANA MANCUSO ATTIÉ GELK HELDER FERREIRA LUCIDOS

OAB/SP 250.630 OAB/SP 297.571
GABRIEL TADEU BRIENZA VIEIRA

OAB/SP 322.781
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por VALDEMAR MARCOS RODRIGUES e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 24/06/2021 às 11:58 , sob o número WJMJ21410206840
fls. 311
VALDEMAR MARCOS RODRIGUES
ADVOGADO: celular (11) 9 7795-3711
valdemarmr@gmail.com

VARA CÍVEL DA COMARCA DA CAPITAL – SÃO PAULO – SP
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1121202-20.2020.8.26.0100 e código A6xH44MV.
PROCESSO NÚMERO: 1121202-20.2020.8.26.0100
LIZANDRA BEATRIZ DOS SANTOS PEREIRA, GUSTAVO HENRIQUE

DOS SANTOS e GIOVANA RAPHAELA TEIXEIRA SANTOS DA SILVA, todos
já qualificados nos autos do processo em epigrafe, vêm a presença de Vossa
Excelência, por intermédio de seu advogado, apresentar os quesitos como
seguem:
1. Encontram-se nos autos e no Prontuário da paciente em questão os

Termos de Consetimento Informado, elaborados:
a) pelo Médico assistente;
b) pelo Anesteologista e
c) pela equipe de enfermagem que atuaram no procedimento? Caso
afirmativo, encontram -se de acordo com a portaria MS/SAS/40 de
30/12/1992 e Orientação n. 01/2016? Justifique.
2. Consta nos devidos TCIs informações claras a respeito dos

procediemetos a serem efetuados, suas complicações e possível
evento morte inclusive? Justifique.
3. Nos exames pré operatórios foi detectado algum tipo de alteração
Rua Nossa Senhora da Lapa n. 184, sala 11

Cep.: 05050-000 – Lapa – São Paulo - SP
.
fls. 312
no quadro de saúde ou anomalia por parte da paciente? Justifique.
4. O procedimento pretendido pela paciente era de cunho ESTÉTICO

ou REPARADOR? Justifique.
5. O que ocasiona a EMBOLIA GORDUROSA? Justifique.
6. Se não fosse feito o procedimento cirurgico em discussão na

paciente, qual a probabilidade de ocorrencia de embolia gordurosa?
Justifique.
7. É comum que ocorra embolia gordurosa em pacientes que passam

pelas cirurgias plásticas em geral? Justifique.
8. É possível detectar a embolia gordurosa em exames pré

operatórios? Justifique.
9. A ocorrência de embolia gordurosa era previsível? Justifique.
10. A embolia gordurosa se deu em virtude de algum procedimento feito

nas manobras da cirurgia? Justifique.
11. O evento morte foi em decorrecia do ato cirurgico? Justifique.
12. Foram aplicados todos os meios cientificos para a preservação da

vida da paciente? Justfique.
13. È possivel dizer se a preparação para a cirurgia foi prestada

adequademente? Justifique.
14. Existem circunstancias que rompem o nexo causal (caso fortuíto,

força maior, fato de terceiro ou culpa exclusive da vitima) no caso
analisado? Justifique.
15. Ouve violação ao dever de cautela? Justifique.
16. Ouve falha na execução do serviço? Justifique.

.
fls. 313
17. Ouve falha na aplicação da técnica do procedimento? Justifique
18. A paciente foi socorrida de imediato para Unidade de Terapia

Intensiva do hospital que fez o procedimento cirurgico na “de
cujus”? Justifique.
19. Consta nas anotações de aferição da enfermagem (ssvv 00) o que

significam esses resultados? Justifique.
20. Ouve perfuração da pleura pulmonar? Justifique.
21. Ouve perfuração em qualquer outro membro ou orgão do corpo da

paciente, em virtude das manobras efetuadas no ato da cirurgia em
questão? Justifique.
Termos que
Pede deferimento.
São Paulo, 19 de junho de 2021

ADVOGADO
OAB/SP 380183

.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por RODRIGO COSTA ALOE e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 29/08/2022 às 11:49 , sob o número WJMJ22415068284
fls. 328
DR. RODRIGO COSTA ALOE

Especialista em Medicina Legal e Perícia Médica pela ABMLPM
Especialista em Cirurgia Plástica pela SBCP
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUÍZ DE DIREITO DA 17ª VARA CÍVEL - FORO

CENTRAL CÍVEL– COMARCA DE SÃO PAULO/SP
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1121202-20.2020.8.26.0100 e código dc1lxlj5.
Processo Digital n°: 1121202-20.2020.8.26.0100
Classe – Assunto: Procedimento Comum Cível - Defeito, nulidade ou anulação
Requerente: LIZANDRA BEATRIZ DOS SANTOS PEREIRA
Requeridos: CLÍNICA DE GINECOLOGIA OBSTETRICIA E MASTOLOGIA LUIZ
ANCHIETA LTDA E OUTRO
1
RODRIGO COSTA ALOE , CRE ME S P n º 1 00 . 6 00 , Médico, Cirurgião Geral e
Cirurgião Plástico pela EPM/UNIFESP, Bacharel em Direito pela

Universidade Paulista, Especialista em Medicina Legal e Perícias Médicas
pela ABMLPM, com Especialização na Avaliação do Dano Corporal Pós -
Traumático pela Universidade de Coimbra, Membro Titular da Associação
Portuguesa de Avaliação do Dano Corporal (APADAC), Membro da Câmara
Técnica de Medicina Legal e Perícias Médicas do CREMESP, Membro da
Câmara Técnica de Cirurgia Plástica do CREMESP, Membro da Câmara
Técnica de Cirurgia Plástica do CFM, Membro Efetivo da Comissão Especial
de Direito Médico e da Saúde da OAB/SP, Coordenador da Comissão de
Revisão de Óbitos do Hospital São Paulo -Hospital Universitário da UNIFESP ,
ex-Perito Oficial do IMESC/SP, ex-Médico-Legista do Instituto Médico-Legal
de São Paulo, CI E NT E da NO ME A ÇÃO nos Autos pa ra a tua r c omo
P E RI TO J UDI CI AL MÉ DI CO (Fls. 3 2 4 ), vem re spe ito sa me n te ,
d e cla ra r qu e ACE IT A a h on ro sa in cum b ên cia .
Avenida Iraí 300, Cj. 601 – Moema - SP

CEP: 04082-002 – Tel: (11) 5093-3921 / (11) 96445-1045
e-mail: rodrigoaloe@terra.com.br
.
fls. 329

Nessa baila, após a ciência da intimação, e realizada a análise do conteúdo

dos Autos, este JURISPERITO considera o quanto segue;
1. Para o ideal deslinde do presente caso, considerando a NATUREZA
INDIRETA da presente avaliação pericial, haverá necessidade de:
• Agendamento de REUNIÃO MÉDICO PERICIAL INDIRETA, com

a participação das partes, em data oportunamente
disponibilizada, nos termos do Art.474 do CPC;
• Estudo pormenorizado peça processual;
• Estudo do prontuário médico-hospitalar e demais exames

complementares de diagnóstico e tratamento;
• Levantamento da literatura médica especializada, nacional e

internacional;
• Eventual c onsulta à experts em Especialidades Médicas;
• Elaboração do LAUDO PERICIAL;

2
• Resposta aos Quesitos formulados pelas partes;
• Eventual apresentação de quesitos suplementares e resposta a

contestações;
• Eventual intimação para prestar esclarecimentos em audiência.
Nessa esteira, com as considerações cabíveis em face à extensão e

complexidade da produção da presente prova, estimamos os nossos
HONORÁRIOS DEFINITIVOS em R$ 14.000,00 (catorze mil reais),
correspondendo a 40 (quarenta) horas de trabalho, com base no valor/hora
de R$ 350,00.
Por oportuno, em face às particularidades do caso em comento ,

necessitamos:
• CÓPIA INTEGRAL DO PRONTUÁRIO MÉDICO DA PERICIANDA,

referente ao SEGUIMENTO AMBULATORIAL PRÉ OPERATÓRIO,

CEP: 04082-002 – Tel: (11) 5093-3921 / (11) 96445-1045
.
fls. 330

realizado pelo Médico ANDRÉ TOSHIAKI TODA NISHIMURA,

brasileiro, médico inscrito no CRM/SP sob no133.930;
• CÓPIA INTEGRAL DO PRONTUÁRIO MÉDICO DA PERICIANDA DA
CLÍNICA DE GINECOLOGIA OBSTETRÍCIA E MASTOLOGIA LUIZ
ANCHIETA LTDA, referente à INTERNAÇÃO realizada em
29/09/2020;
• CÓPIA INTEGRAL DO PRONTUÁRIO MÉDICO DA PERICIANDA DO

HOSPITAL BARTIRA, referente ao ATENDIMENTO MÉDICO
realizado em 29/09/2020;
Em face ao exposto, este JURISPERITO coloca-se à disposição de Vossa

Excelência para designação da data e local de início dos trabalhos , após a
confirmação do DEPÓSITO JUDICIAL referente aos HONORÁRIOS
PERICIAIS DETERMINADOS PELO JUÍZO .
3
RESPEITOSAMENTE
AGUARDANDO DETERMINAÇÕES DE V. EXA.;
São Paulo, 29 de agosto de 2022.

C R E MES P 100 .6 00
PE R ITO MÉ D IC O JUD IC IAL

CEP: 04082-002 – Tel: (11) 5093-3921 / (11) 96445-1045
.
fls. 351

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUÍZ DE DIREITO DA 17ª VARA CÍVEL - FORO

CENTRAL CÍVEL– COMARCA DE SÃO PAULO/SP
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1121202-20.2020.8.26.0100 e código ypqMs0Sa.
Processo Digital n°: 1121202-20.2020.8.26.0100
Classe – Assunto: Procedimento Comum Cível - Defeito, nulidade ou anulação
Requerente: LIZANDRA BEATRIZ DOS SANTOS PEREIRA
Requeridos: CLÍNICA DE GINECOLOGIA OBSTETRICIA E MASTOLOGIA LUIZ
ANCHIETA LTDA E OUTRO
RODRIGO COSTA ALOE , CRE ME S P n º 1 00 . 6 00 , Médico, Cirurgião Geral e
Cirurgião Plástico pela EPM/UNIFESP, Bacharel em Direito pela

Universidade Paulista, Especialista em Medicina Legal e Perícias Médicas
pela ABMLPM, com Especialização na Avaliação do Dano Corporal Pós -
Traumático pela Universidade de Coimbra, Membro Titular da Associação
Portuguesa de Avaliação do Dano Corporal (APADAC), Membro da Câmara
Técnica de Medicina Legal e Perícias Médicas do CREMESP, Membro da
Câmara Técnica de Cirurgia Plástica do CREMESP, Membro da Câmara
Técnica de Cirurgia Plástica do CFM, Membro Efetivo da Comissão Especial
de Direito Médico e da Saúde da OAB/SP, Coordenador da Comissão de
Revisão de Óbitos do Hospital São Paulo -Hospital Universitário da UNIFESP ,
ex-Perito Oficial do IMESC/SP, ex-Médico-Legista do Instituto Médico-Legal
de São Paulo, v em i nfor ma r o AG E NDAME NT O DO E X AME
P E RI CI AL .

CEP: 04082-002 – Tel: (11) 5093-3921 / (11) 96445-1045
.
fls. 352

➢ DO AGENDAMENTO DO EXAME PERICIAL

Em face ao exposto, nos termos dos Artigos 466 em seu parágrafo 2º e 474
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1121202-20.2020.8.26.0100 e código ypqMs0Sa.
do CPC, DISPONIBILIZO a da ta de 13 / 1 2/ 2 02 2 , as 10 :0 0 h p a r a o
EXAME PERICIAL nas dependências do meu consultório, sito à Av. Iraí, 300
-Cj. 601 – Moema - São Paulo/SP – CEP 04082-000, Telefones: (11) 5093-
3921 / (11) 96445-1045.
No ensejo, solicitamos a INTIMAÇÃO PESSOAL da PERICIANDA, bem como

a INTIMAÇÃO dos ASSISTENTES TÉCNICOS nomeados pelas partes para a
realização do referido feito.
➢ DOCUMENTAÇÕES MÉDICAS COMPLEMENTARES :

Para o regular desenvolvimento das nossas atividades, reiteramos a
necessidade de disponibilização nos Autos, até a data aludida do EXAME
PERICIAL, das seguintes documentações:
• CÓPIA INTEGRAL DO PRONTUÁRIO MÉDICO DA PERICIANDA,

2
referente ao SEGUIMENTO AMBULATORIAL PRÉ OPERATÓRIO,
realizado pelo Médico ANDRÉ TOSHIAKI TODA NISHIMURA,
brasileiro, médico inscrito no CRM/SP sob no133.930;
• CÓPIA INTEGRAL DO PRONTUÁRIO MÉDICO DA PERICIANDA DA

CLÍNICA DE GINECOLOGIA OBSTETRÍCIA E MASTOLOGIA LUIZ
ANCHIETA LTDA, referente à INTERNAÇÃO realizada em
29/09/2020;
• CÓPIA INTEGRAL DO PRONTUÁRIO MÉDICO DA PERICIANDA DO

HOSPITAL BARTIRA, referente ao ATENDIMENTO MÉDICO
realizado em 29/09/2020;
AGUARDANDO DETERMINAÇÕES DE V. EXA.;
São Paulo, 03 de novembro de 2022.

CREMESP 100.600
PE R ITO MÉ D IC O JUD IC IAL

CEP: 04082-002 – Tel: (11) 5093-3921 / (11) 96445-1045
.
fls. 364
RODRIGO COSTA ALOE

Especialista em Medicina Legal e Perícias Médicas pela ABMLPM
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 17ª VARA CÍVEL DO FORO

CENTRAL CÍVEL DA COMARCA DE SÃO PAULO/SP
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1121202-20.2020.8.26.0100 e código U5AeIrvj.
Processo nº: 1121202-20.2020.8.26.0100
Classe: Procedimento Comum Cível – Erro Médico

Req t e: L IZAN D R A BE ATR IZ D OS SAN TO S PE R EIR A ( PERICIANDA: VALQUIRIA TEIXEIRA SANTOS DA
SILVA )
Req d o : C L ÍN IC A D E GIN EC OL O GIA O B S TE TR ÍC IA E MAS TO L OGIA L UIZ ANC HIE TA L TD A. E O UTRO
1
RODRIGO COSTA ALOE , CRE ME S P nº 1 0 0. 6 00 , Médico, Cirurgião Geral e Cirurgião
Plástico formado pela EPM/UNIFESP, Especialista em Medicina Legal e Perícia Médica pela
ABMLPM (RQE 37.014), Especialista em Cirurgia Plástica pela SBCP, com Especialização na
Avaliação do Dano Corporal Pós-Traumático pela Universidade de Coimbra, Bacharel em Direito
pela Universidade Paulista, Membro Efetivo da Comissão Especial de Direito Médico e de Saúde da
OAB/SP, Membro da Associação Brasileira de Telemedicina e Telessaúde (ABTMS), Membro Titular
da Associação Portuguesa de Avaliação do Dano Corporal (APADAC), Membro da Câmara Técnica
de Medicina Legal e Perícia Médica do CREMESP, Membro da Câmara Técnica de Cirurgia Plástica
do CFM, Membro da Comissão de Revisão de Prontuário e Óbito do Hospital São Paulo-Hospital
Universitário da UNIFESP, ex-Coordenador da Câmara Técnica de Cirurgia Plástica do CREMESP,
ex Perito Oficial do IMESC/SP, ex Médico-Legista do Instituto Médico-Legal de São Paulo, vem,
re s pe i tosa me nte , di a nte de V os sa E x c el ê nci a a pre se nta r o se u
LAUDO PERICIAL INDIRETO

Av. Iraí, 300 -Cj. 601 – Moema - São Paulo/SP – CEP 04082-000
Telefone: (11) 5093-3921 – rodrigoaloe@gmail.com
.
fls. 365
RODRIGO COSTA ALOE

I - AUTORIDADE REQUISITANTE E DADOS DO PROCESSO
Exma. Sra. Dra. Juíza 17ª VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL CÍVEL DA
de Direito COMARCA DE SÃO PAULO/SP
Processo 1121202-20.2020.8.26.0100
Natureza da Ação Procedimento Comum | Erro Médico
Perito DR. RODRIGO COSTA ALOE
Data do agendamento 13/12/2022
pericial
Assistentes Técnicos DR. NELIO WATANABE AGUILERA (CRM/SP
97.075) e DR. MARIO JORGE WARDE FILHO
(CRM/SP 81.741)
2
II - IDENTIFICAÇÃO DA PERICIANDA
Nome: VALQUIRIA TEIXEIRA SANTOS DA SILVA

Documento: RG nº 23.051.184-3 | CPF n° 23.051.184-3
Data de Nascimento: 19/02/1974
Sexo: Feminino
Filiação: Jose Francisco dos Santos e Odete Teixeira dos
Santos
Estado Civil: Viúva
Profissão: Policial Militar
Idade: 46 anos
Data do óbito: 29/09/2020
.
fls. 366
RODRIGO COSTA ALOE

III – SINOPSE DOS FATOS CONSTANTES NOS AUTOS
SINOPSE DA INICIAL
Extrai-se da INICIAL que, no dia 29/09/2020, por volta das 11h32 a PERICIANDA, SRA.
VALQUIRIA TEIXEIRA SANTOS DA SILVA, se apresentou nas dependências do HOSPITAL
LUIZ ANCHIETA, para a realização de procedimentos cirúrgicos estéticos, a saber,
LIPOASPIRAÇÃO EM ABDOME, DORSO, COSTAS e ENXERTIA GLÚTEA.
Narra a Autora (filha da Pericianda), que a PERICIANDA teria realizado exames laboratoriais
pré-operatórios, com resultados dentro da normalidade.
Às 14h40, a PERICIANDA teria sido encaminhada para o centro cirúrgico, sendo atendida
pelo MÉDICO CORREQUERIDO, Dr. ANDRE TOSHIAKI TODA NISHIMURA (CRM/SP
133.930).
3
A Autora referiu que solicitou informações sobre a PERICIANDA de hora em hora, sendo
que, às 17h45, recebeu a orientação por parte da recepcionista para se dirigir até o centro
cirúrgico.
Nesta ocasião, teria recebido a informação de que a PERICIANDA havia sido entubada.
Posteriormente, foi informada por um enfermeiro que a PERICIANDA teria sido transferida
para o HOSPITAL BARTIRA.
A Autora se deslocou até o referido nosocômio, sendo que, passado algum tempo, recebera
a notícia que a PERICIANDA teria evoluído a óbito.
.
fls. 367
RODRIGO COSTA ALOE

SINOPSE DA CONTESTAÇÃO DA CORREQUERIDA CLÍNICA DE GINECOLOGIA

OBSTETRÍCIA E MASTOLOGIA LUIZ ANCHIETA
Em sede de contestação, a CORREQUERIDA alega que, na data dos fatos, o procedimento
teria iniciado sem intercorrências.
Não obstante, após 3h30 de cirurgia, a PERICIANDA teria apresentado queda significativa
dos sinais vitais.
Refere que a equipe médica teria iniciado imediatamente os procedimentos de reanimação

cardiopulmonar, para que em seguida, fosse realizada a transferência hospitalar da
PERICIANDA.
Refere que a PERICIANDA foi encaminhada ao HOSPITAL BARTIRA por ser a unidade
hospitalar mais próxima.
4
Narra que, já sob os cuidados da equipe médica do HOSPITAL BARTIRA, apesar dos
esforços na tentativa de reverter o quadro clínico, a PERICIANDA evoluiu a óbito.
A CORREQUERIDA alega, em suma, que a ocorrência de EMBOLIA GORDUROSA é uma

complicação imprevisível e de difícil reversão, não derivando de qualquer erro médico.
SINOPSE DA CONTESTAÇÃO DO CORREQUERIDO DR. ANDRÉ TOSHIAKI TODA

NISHIMURA
Alega o CORREQUERIDO que a PERICIANDA foi submetida ao procedimento de
LIPOESCULTURA, em 29/09/2020.
Refere que, apesar da PERICIANDA apresentar quadro de HIPERTENSÃO ARTERIAL

SISTÊMICA, HIPOTIREOIDISMO e fazer uso de medicamentos, tais como,
.
fls. 368
RODRIGO COSTA ALOE

LEVOTIROXINA, VALSARTANA, HIDROCLOROTIAZIDA E ANLODIPINO, os exames pré-

operatórios realizados não apontaram para qualquer alteração que contraindicasse o aludido
procedimento cirúrgico.
Narra que, no período transoperatório, durante a realização de lipoaspiração da região

esquerda do corpo, a PERICIANDA apresentou QUEDA NA SATURAÇÃO, fora colocada
em decúbito dorsal, bem como, recebeu oxigênio complementar.
Alega que, diante do quadro narrado, o MÉDICO ANESTESISTA teria realizado a

INTUBAÇÃO da PERICIANDA, bem como, iniciado manobras de suporte de vida avançado,
para posterior encaminhamento à unidade hospitalar especializada.
Refere o CORREQUERIDO que teria informado à AUTORA sobre a necessidade de

remoção da PERICIANDA ao HOSPITAL BARTIRA.
Durante o transporte da PERICIANDA, cursou com parada cardiorrespiratória.

5
Fora encaminhada à emergência do HOSPITAL BARTIRA, sendo identificado “ritmo

cardíaco de fibrilação ventricular (choque)”, e realizadas manobras de ressuscitação
cardiopulmonar, por cerca de uma hora.
Em que pese as medidas instituídas, a PERICIANDA evoluiu a óbito.
VI – DESCRIÇÃO
AVALIAÇÃO PERICIAL INDIRETA, estabelecida como data do início dos trabalhos dia
13/12/2022,10h, nas dependências do consultório deste PERITO, sito à AV. IRAÍ, Nº 300,
CJ. 601 – BAIRRO MOEMA – CEP 04082-000 – SÃO PAULO/SP. Presentes o Assistentes
Técnicos da Correquerida Clínica de Ginecologia e Mastologia Luiz Anchieta - DR. NELIO
WATANABE AGUILERA (CRM/SP 97.075) e do Correquerido Dr. André Toshiaki Toda Nishimura -
DR. MARIO JORGE WARDE FILHO (CRM/SP 81.741).
.
fls. 369
RODRIGO COSTA ALOE

V - DOCUMENTOS MÉDICO LEGAIS DE INTERESSE PARA PERÍCIA
Foram analisados os documentos constantes nos Autos do processo, sendo abaixo
descritos, sumariamente, aqueles com interesse pericial:
• PRONTUÁRIO MÉDICO RELATIVO AO ATENDIMENTO DA PERICIANDA NA

CLÍNICA LUIZ ANCHIETA (Fls. 171/200 e 236/267), do qual extraímos:
o DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA PRÉ OPERATÓRIA, sem

data (Fls. 266/267);
o ORÇAMENTO (sem data) (Fls. 189 e 254);
o LAUDO DO EXAME DE ELETROCARDIOGRAMA DE

REPOUSO, datado de 27/06/2020 (Fls. 35/36, 191 e 256).
Destacamos: “(...) Conclusão: Traçado compatível com a normalidade.” 6
o LAUDO DO EXAME DE ECOCARDIOGRAMA
BIDIMENSIONAL COM DOPPLER COLORIDO, datado de 27/06/2020
(Fls. 44/46, 192/193 e 257/258). Destacamos: “(...) Conclusão: Função
global dos ventrículos preservada.”
o HEMOGRAMA COM CONTAGEM DE PLAQUETAS, datado de

22/08/2020 (Fls. 37, 194 e 259);
o COAGULOGRAMA e TTPA, datados de 22/08/2020 (Fls. 38,

195 e 260)
o SOROLOGIA PARA COVID-19 (IgM/IgG), datado de

22/09/2020 (Fls. 55/56, 200 e 265);
o CHECK IN INTERNAÇÃO, datado de 29/09/2020 (Fls. 171 e

236);
.
fls. 370
RODRIGO COSTA ALOE

o TERMO DE CIÊNCIA E AUTORIZAÇÃO PARA REALIZAÇÃO

DO PROCEDIMENTO DE LIPOASPIRAÇÃO (COSTAS, CINTURA,
ABDOMEN E ENXERTIA), datado de 29/09/2020, assinado pela
PERICIANDA (Fls. 69/70, 185/186 e 250/251). Destacamos: “(...)Estou
ciente que toda cirurgia envolve risco, que estão divididos em riscos
durante a cirurgia e/ou após a cirurgia, bem como há riscos no
procedimento anestésico, os quais são impossíveis de se extirpar em
absoluto, apesar de atualmente serem extremamente seguros. Também
me declaro totalmente ciente que existem riscos como: queloide de cicatriz,
retração da cicatriz, dificuldade de cicatrização, redução da circulação
sanguínea da pele, inchaço, escurecimento da pele, acúmulo de líquido,
sangue ou secreção, dor, perda de sensibilidade na área operada, sobra de
pele ou gordura, entre outros. Reconheço que durante o ato cirúrgico poderão
surgir situações ou elementos novos e imprevisíveis, e em decorrência deste
fato, outros procedimentos adicionais e/ou diferentes daqueles previamente
programados possam ser necessários para que se alcance o melhor resultado
possível.” G.N.
7
o TERMO DE CONSENTIMENTO, datado de 29/09/2020,
assinado pela PERICIANDA (Fls. 179/180 e 244/245), destacamos: “(...)
Declaro que fui informado(a) quanto aos principais aspectos relacionados ao
procedimento anestésico ao qual serei submetido nesta clínica. Autorizo o
médico anestesiologista abaixo identificado, ou qualquer outro membro de sua
equipe, todos devidamente cadastrados por esta instituição a realizar o
seguinte procedimento anestésico: (x) sedação (x) peridural para a realização
do(a) seguinte cirurgia/procedimento proposta(a) lipoaspiração. Declaro ainda
que: 1. Estou ciente de que para realizar os procedimentos propostos será
necessário o emprego de anestesia, cujos métodos, as técnicas e os fármacos
serão indicados pelo médico anestesiologista. As alternativas de procedimento
anestésico indicadas para possibilitar o procedimento a ser realizado, seus
benefícios, riscos e complicações me foram explicadas satisfatoriamente. 2.
Fui esclarecido de que a anestesia envolve procedimentos invasivos e quem
pode ocorrer lesões que na maioria das vezes são temporárias. Raramente
ocorrem lesões permanentes, mas podem ocorrer, mesmo que o procedimento
tenha sido realizado sob o mais rigoroso padrão técnico. Assim como fui
esclarecido, também, de que a resposta à administração de medicamentos é
individual e que a ocorrência de efeitos colaterais ou indesejados é
.
fls. 371
RODRIGO COSTA ALOE

imprevisível. 3. Entendo que não existe garantia absoluta sobre os resultados

a serem obtidos, mas que serão utilizados todos os recursos, medicamentos e
equipamentos disponíveis nesta instituição. 4. Principais riscos associados a
sedação e anestesia geral: náuseas/vômitos, aspiração de conteúdo,
depressão respiratória, intubação difícil, hipertermia maligna, reação
alérgica/choque anafilático, cefaléia pós punção da dura-mater, injeção
subaracnóide inadvertida durante durante peridural, sintomas neurológicos
transitórios, hematoma peridural ou subdural, abscesso peridural ou subdural,
meningite, síndrome da cauda equina, incluindo risco de óbito. 6. Autorizo
qualquer outro procedimento, exame, tratamento e/ou cirurgia, incluindo
transfusão sanguínea, caso ocorram situações imprevistas que demandem
cuidados diferentes daqueles inicialmente propostos. 7. Por ocasião deste
consentimento, informei ao médico anestesiologista sobre doenças pré-
existentes, os medicamentos em uso, cirurgias realizadas, complicações
anestésicas e reações alérgicas anteriormente apresentadas e, também, sobre
o tempo decorrido de jejum (desde a última refeição/ingestão de líquidos). 8.
Fui informado(a) pela equipe médica de que o tabagismo, o uso de drogas
entorpecentes, tais como cocaína, maconha, anfetaminas, e outras como o
álcool são fatores que podem trazer prejuízo ao procedimento e/ou tratamento.
8
Fui informado, também das complicações que podem advir do uso destas
substâncias.”
o QUESTIONÁRIO, preenchido pela PERICIANDA (Fls. 187 e

252). Destacamos: “(...) Faz uso de algum medicamento diário? Euthyrox
137 e Exforge HCT 320 mg/25 mg/10 mg (...) Tem/Teve algum problema de
pressão? Faço acompanhamento. (...) Cite as cirurgias e a que tipo de
anestesia que já foi submetido(a) anteriormente: Abdominoplastia (geral),
braço e mão direita (geral) retirada submandibular direita (geral).”
o ANAMNESE, subscrita pelo médico Dr. André T. T.

Nishimura (CRM/SP 133.930) (Fls. 172 e 237). Destacamos: “(...)
Diagnóstico: Lipodistrofia. Moléstias secundárias: HAS + hipotireoidismo.
Queixa e duração (ilegível). História da moléstia atual: (ilegível) lipoescultura.
Interrogatório sobre aparelhos: HAS + hipotireoidismo em uso de (ilegível).
Exame físico: (ilegível).”
.
fls. 372
RODRIGO COSTA ALOE

o EVOLUÇÃO ENFERMAGEM (Fls. 174 e 239). Destacamos:

“(...) 14h40 Admito paciente no CC para cirurgia de lipoaspiração + enxerto de
glúteo pelo Dr. Andre Nishimura. Encaminhado com meia compressiva,
havendo (ilegível).” G.N.
o RELATÓRIO DE ANESTESIA, datada de 29/09/2020,

subscrita pelo médico anestesista, Dr. Gelci Valdemar Vedana
(CRM 81.370) (Fls. 188 e 253). Destacamos: “(...) Procedimento:
lipoaspiração (...) Exame físico: PA 130x80 mmHg; FR 20 mpm FC 28 bpm T:
afebril.”
o EVOLUÇÃO MÉDICA, subscrita pelo médico Dr. André T. T.

Nishimura (CRM/SP 133.930) (Fls. 175 e 240). Destacamos: “(...) Pré
op. OK. Termos OK. Negando sintomas gripais. Internação eletivamente para
lipoescultura. Paciente apresentou dessaturação durante procedimento. Vide
Ambulatório Geral de Operações.” G.N.
o HISTÓRICO, datado de 29/09/2020 (Fls. 176 e 241).

9
Destacamos: “(...) Antecedentes Pessoais: (...) Antecedentes Obstétricos:
Gesta: 03 P. Normal: 02. P. Cesárea: 01 (...) Exame físico: Geral: PA: 130 x 20
mmHg. FC: 71 bpm. T: 36ºC. Peso: 79 kg. Altura: 1,63 cm. Estado geral: BEG.
Nível de consciência: Orientada. Avaliação Pulmonar: Eupneica. Avaliação
Cardiovascular: F. Cardíaca: Normocárdica. Perfusão Periférica: Boa. Pulso:
Rítmico. Avaliação gastrointestinal: Indolor, plano, RHA-. Avaliação
Geniturinário: sem alteração. Avaliação Tegumentar: Corada, hidratada.
Avaliação Músculo – Esquelética: Sem alteração.”
o ANOTAÇÕES ENFERMAGEM (Fls. 177 e 242). Destacamos:

“(...) 12h15 Paciente admitida em ala pelo técnico Charles, orientada,
contactante, deambulando. Negando alergias. 14h35 encaminhado para o CC
deambulando. 14h40 Paciente deu entrada em SO, nº 1, para procedimento
de lipo: F, cint., costa e enxerto glúteo (Dr. Andre Nishimura). Às 15h20
assumo sala nº 1 da téc. enfª Daniela Campos, com paciente em mesa
cirúrgica; sob efeito de anestesia de peridural c/ sedação (Dr. ilegível), com
soroterapia c/ medicamento; às 15h25 tem início procedimento de lipo c/
enxerto glúteo (Dr. Andre Nishimura), com previsão de término. Às (18:50?)
Paciente apresentou depressão respiratória, recebendo assistência do
.
fls. 373
RODRIGO COSTA ALOE

anestesista (ilegível e Dr. Leonardo), sendo necessário entubação, com

ventilação mecânica; inicio de massagem cardíaca, com infusão de
medicação p/ parada, sob orientação médica. Solicitada remoção c/
ambulância, com suporte enfermagem e médica.” G.N.
o RELATÓRIO GERAL DE OPERAÇÕES (Fls. 178 e 243).

Destacamos: “(...) Diagnóstico pré-operatório: Lipodistrofia. Pulso antes: 78.
Pressão antes: 132x68. Início: 15:25. Operador: Dr. André. Anestesista:
peridural e sedação. Descrição cirurgia: 1. Paciente em DDH 2. Manobra de
assepsia e antissepsia. 3. Infiltração de sol. vasoconstritora 4. Lipo aspirado
1.000ml de trocanter?. 5. sutura de incisão. 6. Troca de decúbito para DLE. 7.
Manobra de antissepsia + assepsia. 8. Infiltração de solução vasoconstritora
9. Lipo aspirado 500 ml de (ilegível) 10. Enxerto de 300ml em glúteo direito.
11. Sutura de incisão. 12. Troca de decúbito por DLD 13. Manobra de
antissepsia + sepsia. 14. (ilegível). 15. Enxerto de glúteo 300 ml. Obs.:
Paciente apresenta queda de saturação. Troca de decúbito para DDH.
Iniciado suporte de vida cardio(ilegível) (sem melhoras de ilegível).
Paciente é entubada. Iniciado manobra de ressuscitação cardiopulmonar. 10
Paciente estabilizada sendo solicitado remoção. Realizado volume.
Paciente mantem PA sem necessidade de DVA. Realizado (bicarbonato?).
Mantenho saturação PA. Dissecado acesso em MIE devido a dificuldade
(ilegível). Optado por Hospital Bartira devido proximidade. Paciente
apresentou PCR durante transporte. Quando iniciado RCP conforme
ACLS. Paciente em ritmo de choque. (ilegível) HAS e (ilegível) investido
em reanimação em conjunto com equipe do PS, por cerca de 1h. Paciente
evolui para AESP, apesar de manobras e medicação. Conversado com
familiares em conjunto com (ilegível). Devido a protocolo do Hospital,
coletado SWAB (RT-PCR) e encaminhado ao IML." G.N.
o FICHA DE ANESTESIA, subscrito pelo médico anestesista,

Dr. Gelci Valdemir Vedana (CRM 81.370) (Fls. 182/183 e 247/248).
Destacamos: “(...) Início da cirurgia: 15h:20. Tipo de anestesia: sedação +
peridural (...) Anotações: PCR. Início de manobras de RCP, de acordo com o
protocolo do ACLS, com sucesso (transferida). Técnica: bloqueio peridural +
sedação. Obs: Antes do início dos procedimentos anestésicos a paciente foi
manitorizada: - ECG, - PANI, - Oximetria. Paciente deu entrada em sala de
cirurgia de cadeia de rodas consciente, foi monitorizada com (cardioscópico,
.
fls. 374
RODRIGO COSTA ALOE

PANI, oximetria), mantendo sinais vitais estáveis feito (ilegível) em MSE com
jelco 20. Após sedação com Midazolan 3mg – Fentanil 100mcg foi realizada
anestesia peridural torácica sem intercorrência. Anestésicos utilizados na
peridural: xilocaína = para botão anestésico 5 ml (100 mcg). Neocaína 0,5 %
C/V = 20 ml. Fentanil = 100 mcg. Obs: sem intercorrências no procedimento
anestésico peridural. Paciente manteve-se estável durante 3h e 30 min. No
procedimento cirúrgico, apresentando somente queda de pressão
corrigidas com hidratação e medicamento (efedrina). Após esse período
apresentou queda dos sinais vitais e perda de consciência, sendo
imediatamente assistida com ventilação manual de O2, iniciando
manobras de reanimação cardio pulmonar com entubação oro traqueal,
em sequência foi transferida para unidade hospitalar.” G.N.
• PRONTUÁRIO MÉDICO RELATIVO AO ATENDIMENTO DA PERICIANDA NAS

DEPENDÊNCIAS DO HOSPITAL BARTIRA, datado de 29/09/2020 (Fls. 71/75):
o ANAMNESE, datada de 29/09/2020 às 19:37, subscrito pela

11
médica Dra. Fernanda de Souza (CRM/SP 117.312) (Fls. 71 e 81).
Destacamos: “(...) Paciente foi submetida a lipoaspiração abdominal (Clinica
Luiz Anchieta) no período da tarde de hoje onde evoluiu com mal estar + falta
de ar e rebaixamento de nível de consciência. Foi intubada e transferida de
Ambulância para ambiente hospitalar (equipe composta por médico e
enfermeiros), durante percurso médico relata que a paciente apresentou uma
PCR, no qual iniciou medida de RCP há 5 mins da admissão na sala de
emergência.
Ex. Físico: Recebo paciente em MEG, em manobras de RCP, com

extremidades frias, TEC>3SEGS, inconsciente, sob IOT + ambu. Com SVD
débito < 100 ml. Presença de curativos em região abdominal em picos e
de suturas ~ 5 cm em ambos tornozelos. CID 10 I469 – Parada cardíaca
não especificada.
Conduta: Realizado manobras de RCP durante 1 hora conforme ACLS

sem sucesso. Convocado familiares. Encaminhado corpo para IML. Hora
do óbito 20:35.” G.N.
.
fls. 375
RODRIGO COSTA ALOE

o ANOTAÇÃO DE ENFERMAGEM, datada de 29/09/2020 às

20:47, subscrito pelos enfermeiros Julio Cezar Vieira do Espírito
Santo (COREN 1235527) e Sabrina Caitano dos Santos Leoncio
(COREN 475334) (Fls. 74 e 84). Destacamos: “(...) 19:37 HS paciente
admitida em sala de emergência, proveniente da (Clinica Luiz Anchieta),
paciente encontra-se em PCR com manobras de RCP em andamento,
paciente entubada em ventilação manual por ambu, mantem AVP prévio em
MMSS, ambos jelco nº 20, recebendo em ambos acesso SF 0,9 500 ML,
mantém curativo em região abdominal em picos e sonda vesical de demora
débito menor que 100 ml, paciente apresenta sutura em região de tornozelos
bilateral, monitorizada SSVV inaudível. 19:39 HS administrado 1 ampola de
Adrenalina EV conforme PM verbal da Dra. Fernanda. 19:43 HS administrado
1 ampola de Adrenalina EV conforme PM verbal da Dra. Fernanda. 19:46 HS
administrado 1 ampola de Adrenalina EV conforme PM verbal da Dra.
Fernanda. 19:51 HS administrado 1 ampola de Adrenalina EV conforme PM
verbal da Dra. Fernanda. Realizado desfibrilação pela Dra. Fernanda. 19:57
HS administrado 1 ampola de Adrenalina EV conforme PM verbal da Dra.
Fernanda. Instalado SF 0,9% 500 ml conforme PM. 20:00 HS administrado 1 12
ampola de Adrenalina EV conforme PM verbal da Dra. Fernanda.20:07 HS
verbal da Dra. Fernanda, alternando a partir de agora os ciclos. 20:17 HS
verbal da Dra. Fernanda. Instalado SF 0,9% 500 ML conforme PM. 20:25 HS
verbal da Dra. Fernanda. 20:35 HS declarado óbito pela Dra. Fernanda,
desmonitorizada, sacado dispositivos. 20:45 HS realizado eletrocardiograma
conforme PM. 20:55 HS coletado exame qualitativo de detecção de COVID-
19. 21:30 HS Iniciado preparação do corpo pelo técnico André, utilizado 02
mortalhas + 02 ataduras crepe de 20 cm. Encaminhado o corpo ao necrotério
pelo mesmo para ser encaminhado ao IML. Obs: Aspirado em seringa 14
ampolas de adrenalina, utilizado apenas 12 ampolas, desprezado 02
restantes. Aspirado 300 mg de amioradona conforme PM verbal da Dra.
Fernanda, desprezado as mesmas a pedido da Dra. Fernanda. Obs: Utilizado
02 polifix + 01 Tegaderm IV + 01 equipo macrogotas.”
.
fls. 376
RODRIGO COSTA ALOE

o ANOTAÇÃO DE ENFERMAGEM, datada de 30/09/2020 às

00:13, subscrito pela enfermeira Sabrina Caitano dos Santos
Leoncio (COREN 475334) (Fls. 75 e 85). Destacamos: “(...) 19:37 HS
Paciente dá entrada na sala de emergência, proveniente Clinica Luiz Anchieta,
por ambulância, junto com equipe médica cirúrgica, em PCR, entubada,
recebendo manobras cardíacas após apresentar PCR quando submetida a
lipoaspiração abdominal no período da tarde de hoje onde evoluiu com mal
estar + falta de ar e rebaixamento de nível de consciência, monitorizada,
realizado 1º choque e dado sequência a recuperação cardiopulmonar, mantém
AVP prévio em MMSS, ambos jelco nº 20, recebendo em ambos acesso SF
0,9 500 ML, curativo em região abdominal em picos e sonda vesical de demora
débito menor que 100 ML, apresenta sutura em região de tornozelos bilateral,
monitorizada SSVV inaudível. 20:05 HS paciente mantem quadro de assistolia,
permanecendo massagem cardíaca e alternando com Adrenalina. 20:35 HS
declarado óbito pela Dra. Fernanda, desmonitorizada, sacado dispositivos.
20:45 HS realizado eletrocardiograma conforme PM. 20:55 HS coletado exame
qualitativo de detecção de COVID-19. 21:30 HS iniciado preparação do corpo
pelo técnico André, utilizado 02 mortalhas + 02 ataduras crepe de 20 cm.
Encaminhado o corpo ao necrotério pelo mesmo para ser encaminhado ao
13
IML.”
• BOLETIM DE OCORRÊNCIA, lavrado aos 29/09/2020, 23h53 (Fls. 79/80), do qual

extraímos:
“(...) Histórico: (...) Consta que nesta data, a vítima, VALQUIRIA TEIXEIRA
SANTOS DA SILVA, submeteu-se a um procedimento de lipoaspiração
abdominal na Clínica Luiz Anchieta, situada a R. Argentina, 98 – Parque das
Nações, neste município, com o Dr. Luiz Osório Anchieta Neto – CRM: 67473.
Ocorre que após referido procedimento a paciente teria evoluído com mal estar
RNC + falta de ar), o que suscitou o seu encaminhamento para o Hospital
Bartira – local onde evoluiu à óbito às 20h35min, conforme declarado pela Dra.
Fernanda Aquino – CRM-SP 166547. Consta também que em diligências até
a Clínica outrora referida, os militares constataram que a Unidade encontra-se
fechada – não se tendo, por hora, quaisquer informações acerca dos
responsáveis respectivos. Requisitado exame necroscópico, assim como carro
de cadáver. Nada mais.”
.
fls. 377
RODRIGO COSTA ALOE

• LAUDO PERICIAL, EMITIDO PELO INSTITUTO MÉDICO-LEGAL DA EPML

SANTO ANDRÉ/SP, SUBSCRITO PELA MÉDICA LEGISTA Dra. LIVIA
FERNANDES WERNER CESAR (CRM 133.218), datado de 30/09/2020 (Fls.
268/272), do qual extraímos:
“(...) Exame externo: Presença de marcação com caneta preta em região de

abdome, costas e glúteos. Cicatriz incisa com pontos de sutura em região
anterior distal de perna direita e esquerda. Cicatriz antiga de abdome,
compatível com cicatriz de abdominoplastia. Cicatriz incisa com pontos de
sutura em região de abdome inferior à direita e à esquerda. Hematoma em
flancos e dorso. Abertura das cavidades * Exame interno: No tórax e
abdome através de incisão esterno-púbica afastando os retalhos de pele e
retirando o plastrão condro-esternal, notamos: Tórax com pulmão com
presença de coágulos gordurosos em pulmão, e edema pulmonar.
Demais órgãos sem interesse médico legal. Abdome com útero vazio. Demais
órgãos sem interesse médico legal. Abertura da cavidade craniana não
realizada segundo determinação da resolução SSP-27 de 20/03/2020. (...)
Discussão e conclusão: Diante do exposto podemos concluir que faleceu
14
de EMBOLIA GORDUROSA. Baseado nos fenômenos cadavéricos
consecutivos e/ou transformativos descritos anteriormente, estima-se que o
tempo de morte é de 8-12 horas ao momento em que se iniciou a necropsia.
Assim sendo, examinamos um cadáver que nos foi apresentado como sendo
VALQUIRIA TEIXEIRA SANTOS DA SILVA cuja causa mortis, baseando-se
nos achados, ocorreu em decorrência de causa patológica sem indícios de
violência.” G.N.
• CERTIDÃO DE ÓBITO (Fls. 33).
.
fls. 378
RODRIGO COSTA ALOE

VI – DISCUSSÃO
“(...)Digo: o real não está na saída nem na chegada;
ele se dispõe para a gente é no meio da travessia(...)”
João Guimarães Rosa
(Grande Sertão: Veredas, Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira)
A presente avaliação pericial se presta a instruir AÇÃO INDENIZATÓRIA PARA

REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS C/C DANOS MORAIS POR PRÁTICA DE ERRO
MÉDICO E INEXIGIBILIDADE DE PAGAMENTO DE CUSTAS HOSPITALARES que
LIZANDRA BEATRIZ DOS SANTOS PEREIRA (ora REQUERENTE) propõe em face de
HOSPITAL LUIZ ANCHIETA E ANDRE TOSHIAKI TODA NISHIMURA (REQUERIDOS).
Em apertada síntese, a REQUERENTE propôs o presente feito buscando indenização pelos 15

danos materiais e morais, alegadamente suportados, por acreditar ter havido falha na
condução do procedimento de LIPOASPIRAÇÃO, contratado pela sra. VALQUIRIA
TEIXEIRA SANTOS DA SILVA (ora PERICIANDA) com os REQUERIDOS em 29/09/2020.
Entende a REQUERENTE que o CIRURGIÃO PLÁSTICO REQUERIDO, ao propor a cirurgia

de LIPOASPIRAÇÃO na PERICIANDA, “assumiu o risco de produzir o resultado adverso”
(fls. 05).
Por sua vez, A Correquerida defende-se afirmando que o procedimento cirúrgico foi
corretamente indicado e conduzido, dentro das balizas técnicas preconizadas pela literatura
médica.
Adicionalmente, refere que o procedimento cirúrgico de LIPOASPIRAÇÃO envolve riscos, e

não obstante a intercorrência no transoperatório, a equipe médica imediatamente realizou
os procedimentos de reanimação cardiopulmonar, com estabilização da PERICIANDA para
a devida transferência à unidade hospitalar.
.
fls. 379
RODRIGO COSTA ALOE

O Correquerido (DR. ANDRÉ), por sua vez, refere que realizou o procedimento cirúrgico
adequadamente, e que a complicação descrita é inerente à cirurgia proposta, devendo ser
afastada a culpa na condução do caso.
Diante da contenda, Vossa Excelência determinou a realizou da presente avaliação pericial

para aferir se houve erro médico no procedimento realizado pelo Requerido – Fls. 299/304,
cujo trecho transcrevemos:
“(...) 3) Presentes as condições da ação e os pressupostos

processuais de existência e validade para o desenvolvimento
regular do processo, declaro o presente feito saneado.
Fixo por pontos controvertidos:

a) a eventual ocorrência de culpa dos réus (negligência,
imprudência ou imperícia) antes, durante e depois do
procedimento cirúrgico em liça existência, extensão, 16
concorrência, responsabilidade profissional,
b) a caracterização de embolia gordurosa como evento
imprevisível, juridicamente configurador de força maior.
Em ambos os casos, deverão ser consideradas as especificidades
do caso vertente (quadro clínico de Valquiria e circunstâncias
fáticas concretas), e não possibilidades em tese, eventualmente
retratadas na literatura.
4) Para prová-los, defiro a produção de prova documental, desde
que nova, e pericial.”
Realizamos a análise de documentos médico-legais constantes aos

Autos. Teceremos as nossas considerações técnicas in casu.
Prossigamos;
.
fls. 380
RODRIGO COSTA ALOE

➢ DA AVALIAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA DA PERICIANDA E DA INDICAÇÃO

CIRÚRGICA
Consoante a escassa DOCUMENTAÇÃO MÉDICA disposta aos autos, depreendemos que
a PERICIANDA teria buscado atendimento nas dependências da CLÍNICA
CORREQUERIDA em meados de 2020.
Na ocasião, teria sido proposto o planejamento cirúrgico de LIPOASPIRAÇÃO EM FRENTE,

CINTURA, COSTAS + ENXERTO, consoante a cópia do ORÇAMENTO, sem data (Fls. 189
e 254):
17
Em que pese os nossos reiterados requerimentos pelo prontuário médico integral do

acompanhamento pré-operatório, NÃO foram apresentadas as cópias do PRONTUÁRIO
MÉDICO referentes às consultas realizadas pelo CIRURGIÃO PLÁSTICO na época,
inexistindo informações sobre as constatações advindas do exame físico e outros
dados do quadro clínico.
Destacamos a documentação fotográfica do status pré-cirúrgico da PERICIANDA (Fls.

266/267):
RODRIGO COSTA ALOE

fls. 381
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por RODRIGO COSTA ALOE e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 31/01/2023 às 15:13 , sob o número WJMJ23401314904 .
18
.
fls. 382
RODRIGO COSTA ALOE

Oportunamente, identificamos as cópias de EXAMES LABORATORIAIS PRÉ
OPERATÓRIOS, cujos resultados estão dentro dos parâmetros de normalidade (Fls.
191/200 e 259/265):
19
(...)
(...)
(...)
RODRIGO COSTA ALOE

fls. 383
20
.
fls. 384
RODRIGO COSTA ALOE

➢ DO PROCEDIMENTO CIRÚRGICO REALIZADO EM 29/09/2020, DA SUA

EVOLUÇÃO E INTERCORRÊNCIAS
Consoante extraímos da cópia do PRONTUÁRIO MÉDICO da INTERNAÇÃO
HOSPITALAR, no dia 29/09/2020, a PERICIANDA foi admitida nas dependências do
HOSPITAL LUIZ ANCHIETA para a realização dos procedimentos cirúrgicos de
LIPOASPIRAÇÃO EM COSTAS, CINTURA, ABDOME + ENXERTIA (Fls. 171/200 e
236/267).
Nos termos do QUESTIONÁRIO, depreendemos que a PERICIANDA referiu ser portadora

de HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA e HIPOTIREOIDISMO, fazendo uso das
medicações Euthyrorx® e de Exforge® (Fls. 187 e 252):
21
Previamente, teria realizado outros procedimentos cirúrgicos, entre eles,
ABDOMINOPLASTIA:
Figura na referida documentação, o TERMO DE CIÊNCIA E AUTORIZAÇÃO PARA

REALIZAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS, datado de 29/09/2020 e assinado pela
PERICIANDA, com referência, ainda que genérica, a possíveis complicações
evolutivas do procedimento (Fls. 69/70, 185/186 e 250/251):
(...)
.
fls. 385
RODRIGO COSTA ALOE

Igualmente, o TERMO DE CONSENTIMENTO PARA PROCEDIMENTO ANESTÉSICO,
datado de 29/09/2020, dispõe sobre os possíveis riscos do procedimento anestésico (Fls.
179/80 e 244/245):
Depreendemos a ADMISSÃO por parte do Cirurgião Plástico Assistente, nos termos da 22

EVOLUÇÃO MÉDICA, subscrita pelo médico Dr. André T. T. Nishimura (CRM/SP
133.930) (Fls. 175 e 240). Destacamos: “(...) Pré op. OK. Termos OK. Negando sintomas
gripais. Internação eletivamente para lipoescultura.
.
fls. 386
RODRIGO COSTA ALOE

Identificamos nas ANOTAÇÕES DE ENFERMAGEM que a PERICIANDA deu entrada às

14h40 no Centro Cirúrgico, bem como, a informação (ainda que com dificultosa legibilidade),
que nos permite inferir pela utilização de MEIAS COMPRESSIVAS, demonstrando que
foram adotadas medidas de cuidado visando a profilaxia de fenômenos
tromboembólicos (Fls. 174 e 239):
Nos termos da FICHA ANESTESIA, subscrita pelo ANESTESIOLOGISTA, Dr. GELCI

VALDEMIR VEDANA (CRM 81.370), a PERICIANDA teria dado entrada em sala de cirurgia
consciente, sendo monitorizada com CARDIOSCÓPICO, PANI E OXIMETRIA (Fls.
183/184):
23
Após sedação com Midazolan 3mg + Fentanil 100mcg, fora realizada a ANESTESIA
PERIDURAL TORÁCICA, com Xilocaina, Neocaina e Fentanil, sem intercorrências no
procedimento anestésico peridural:
.
fls. 387
RODRIGO COSTA ALOE

Consoante a cópia do RELATÓRIO GERAL DE OPERAÇÕES, denota-se que o
procedimento cirúrgico se iniciou às 15h25, sob a égide do CIRURGIÃO PLÁSTICO
24
CORREQUERIDO, Dr. ANDRE TOSHAKI TODA NISHIMURA (Fls. 178):
Segundo o narrado, após realizar a LIPOENXERTIA em REGIÃO GLUTEA, após o

posicionamento da PERICIANDA estava em decúbito lateral direito (DLD) e a realização de
LIPOENXERTIA, teria cursado com queda da saturação, sendo neste momento
posicionada em decúbito dorsal horizontal, com início das manobras de suporte:
.
fls. 388
RODRIGO COSTA ALOE

Dos termos descritos pelo Cirurgião Plástico Assistente, depreendemos elementos
condizentes com os cuidados avançados preconizados de suporte à vida, cabendo
destacar a garantia de via aérea e acesso venoso (entubação orotraqueal e a garantia de
acesso venoso em MIE):
“Obs.: Paciente apresenta queda de saturação. Troca de decúbito
para DDH. Iniciado suporte de vida cardio(ilegível) (sem melhoras 25
de ilegível). Paciente é entubada. Iniciado manobra de
ressuscitação cardiopulmonar. Paciente estabilizada sendo
solicitado remoção. Realizado volume. Paciente mantem PA sem
necessidade de DVA. Realizado (bicarbonato?). Mantenho
saturação PA. Dissecado acesso em MIE devido a dificuldade
(ilegível).”
Consoante as ANOTAÇÕES ENFERMAGEM (Fls. 177 e 242). Destacamos:
“(...) 12h15 Paciente admitida em ala pelo técnico Charles, orientada,

contactante, deambulando. Negando alergias. 14h35 encaminhado
para o CC deambulando. 14h40 Paciente deu entrada em SO, nº 1,
para procedimento de lipo: F, cint., costa e enxerto glúteo (Dr. Andre
Nishimura). Às 15h20 assumo sala nº 1 da téc. enfª Daniela Campos,
com paciente em mesa cirúrgica; sob efeito de anestesia de peridural
c/ sedação (Dr. ilegível), com soroterapia c/ medicamento; às 15h25
tem início procedimento de lipo c/ enxerto glúteo (Dr. Andre Nishimura),
.
fls. 389
RODRIGO COSTA ALOE

com previsão de término. Às (18:50?) Paciente apresentou

depressão respiratória, recebendo assistência do anestesista
(ilegível e Dr. Leonardo), sendo necessário entubação, com
ventilação mecânica; inicio de massagem cardíaca, com infusão
de medicação p/ parada, sob orientação médica. Solicitada
remoção c/ ambulância, com suporte enfermagem e médica.” G.N.
Após a estabilização do quadro clínico, relatou o CIRURGIÃO PLÁSTICO ASSISTENTE que

procederia à sua remoção para o HOSPITAL BARTIRA, devido à proximidade:
Em uníssono, o relato do MÉDICO ANESTESISTA (Fls. 183):

26
.
fls. 390
RODRIGO COSTA ALOE

➢ DO SUPORTE MÉDICO NO TRANSPORTE AO HOSPITAL BARTIRA E DO LAUDO

NECROSCÓPICO
O CIRURGIÃO PLÁSTICO Correquerido descreveu que a paciente apresentou PARADA
CARDIORRESPIRATÓRIA DURANTE O TRANSPORTE AO HOSPITAL BARTIRA, com
a realização de REANIMAÇÃO consoante SUPORTE AVANÇADO DE VIDA
CARDIOVASCULAR (ACLS):
Nesse diapasão, os termos expostos em sua CONTESTAÇÃO (Fls. 217/218):
“Durante o transporte da Sra. Valquíria, ela apresentou uma parada

cardiorrespiratória, e ao chegar no Hospital, foi imediatamente 27
encaminhada à emergência, sendo identificado ritmo cardíaco de
fibrilação ventricular (choque), sendo mantidas as manobras de
ressuscitação cardiopulmonar (RCP) pelo 2º Requerido, Dr. André,
e a equipe de plantão por cerca de uma hora. Infelizmente, a Sra.
Valquíria não resistiu e evoluiu para o óbito.” G.N.
Cabe consignarmos que os aludidos elementos nos demonstram a diligência do

Cirurgião Plástico nos cuidados de suporte e acompanhamento da PERICIANDA.
Consoante a cópia do PRONTUÁRIO MÉDICO relativo ao atendimento nas dependências

do HOSPITAL BARTIRA, verifica-se que a PERICIANDA foi admitida às 19h37 em SALA
DE EMERGÊNCIA:
.
fls. 391
RODRIGO COSTA ALOE

Diante do quadro de PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA, a PERICIANDA foi entubada

sob ventilação manual por AMBU e foram iniciadas medidas de REANIMAÇÃO
CARDIOPULMONAR.
ANAMNESE, datada de 29/09/2020 às 19:37, subscrito pela médica

Dra. Fernanda de Souza (CRM/SP 117.312) (Fls. 71 e 81).
Destacamos: “(...) Paciente foi submetida a lipoaspiração abdominal (Clinica
Luiz Anchieta) no período da tarde de hoje onde evoluiu com mal estar + falta
de ar e rebaixamento de nível de consciência. Foi intubada e transferida de
Ambulância para ambiente hospitalar (equipe composta por médico e
enfermeiros), durante percurso médico relata que a paciente apresentou uma
PCR, no qual iniciou medida de RCP há 5 mins da admissão na sala de
emergência.
Ex. Físico: Recebo paciente em MEG, em manobras de RCP, com

extremidades frias, TEC>3SEGS, inconsciente, sob IOT + ambu. Com SVD
débito < 100 ml. Presença de curativos em região abdominal em picos e
de suturas ~ 5 cm em ambos tornozelos. CID 10 I469 – Parada cardíaca
28
não especificada.
Conduta: Realizado manobras de RCP durante 1 hora conforme ACLS

sem sucesso. Convocado familiares. Encaminhado corpo para IML. Hora
do óbito 20:35.” G.N.
Nesse sentido, destacamos a ANOTAÇÃO DE ENFERMAGEM (Fls. 74):
.
fls. 392
RODRIGO COSTA ALOE

29
Em que pese as medidas instituídas, às 20h35 a PERICIANDA evoluiu a óbito (Fls. 71):
Posteriormente, o corpo da PERICIANDA foi submetido à EXAME NECROSCÓPICO,

realizado pelo INSTITUTO MÉDICO-LEGAL – EPML Santo André/SP, cujo laudo, datado de
30/09/2020, atestou OBJETIVAMENTE como causa mortis, EMBOLIA GORDUROSA (Fls.
268/271):
.
fls. 393
RODRIGO COSTA ALOE

(...)
➢ DA EMBOLIA GORDUROSA: BASES FISIOPATOLOGICAS, ASPECTOS CLINICOS, 30

MORBIMORTALIDADE
A EMBOLIA GORDUROSA é definida como o bloqueio de um vaso sanguíneo por depósitos
de gordura na circulação. Trata-se de uma complicação observada após fraturas de ossos
grandes ou em procedimentos estéticos como a LIPOASPIRAÇÃO E/OU LIPOENXERTIA.
No que diz respeito ao procedimento de LIPOASPIRAÇÃO, em que pese estar entre as

cirurgias plásticas mais realizadas no mundo, não é isenta de complicações, sendo
descrita como uma das complicações mais graves deste procedimento, a EMBOLIA
GORDUROSA:
“A lipoaspiração está entre as cirurgias plásticas mais realizadas em

todo o mundo. Principalmente nos últimos 30 anos, vem se tornando
um procedimento cada vez mais seguro, porém, não isento de sérios
riscos de complicações, incluindo óbitos algumas vezes mal
esclarecidos, o que a torna ainda uma cirurgia temida por muitos
pacientes.
.
fls. 394
RODRIGO COSTA ALOE


irregularidades, hematoma, seroma, edema, flacidez cutânea e
hiperpigmentação, sem grandes repercussões. Porém, existem
trombose venosa profunda, tromboembolismo pulmonar, toxicidade da
lidocaína e epinefrina, choque hipovolêmico e embolia gordurosa. As
incidências de óbitos são variáveis nas publicações sobre o tema,
mas é consenso de que um único caso já se torna uma situação
dramática por se tratar de cirurgia eletiva e estética, muitas vezes
realizada ambulatorialmente.”1 G.N.
Em um artigo publicado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica:
“(...) Trata-se de risco frequente no intraoperatório e pós-

operatório. A embolia gordurosa ocorre devido a mecanismo de
oclusão do lúmen vascular pela circulação de gotículas de gordura, 31
principalmente como resultado de fraturas ortopédicas em ossos longos
e secundário a politrauma para procedimentos estéticos envolvendo
lipectomia e enxerto de gordura.”2 G.N.
Em outra publicação:
“(...) A presença de êmbolos de gordura ou ácidos graxos livres na

circulação pulmonar ou sistêmica pode desencadear a síndrome
de embolia gordurosa (SEG), originada, em sua maioria, de fratura de
ossos longos de membros inferiores e pelve. Em menor escala, pode
advir de cirurgias estéticas de lipoaspiração e/ou lipoenxertia,
circulação extracorpórea, pancreatites, reconstruções articulares,
1
Nogueira FVM, Coelho GVBF, Silveira Junior VF, Andrade CZN, Hetem CMC, Farina Junior JA. Lipoaspiração e embolia
gordurosa: revisão de literatura. Rev. Bras. Cir. Plást.2015;30(2):291-294
2
Freitas RS, Graf R, Ono MCC, Maluf Junior I, Nasser I, Balbinot P, et al. Profilaxia da síndrome de embolia gordurosa:
uma análise atual. Rev. Bras. Cir. Plást.2016;31(3):436-441
.
fls. 395
RODRIGO COSTA ALOE

queimaduras graves, anemia falciforme, diabetes melito e infusão

parenteral lipídica.
“(...) A lipoenxertia é potencialmente perigosa por aumentar o risco
de SEG, devido à injeção intravascular acidental de êmbolos de
gordura. O comprometimento neurológico e o maior número de
órgãos acometidos indicam pior prognóstico da SEG.”3 G.N.
Em relação à sua incidência, trata-se de complicação rara, porém de extrema gravidade:
“(...) A SEG é uma afecção relativamente rara (0,3% a 5,0%), porém

de extrema gravidade, apresentando índices de mortalidade que
variam entre 10% e 36%.”4
A literatura médica especializada observou que em um estudo com 24 pacientes, 13 deles

(58,3%) cursaram com sintomas da EMBOLIA GORDUROSA no transoperatório, ou
seja, durante a cirurgia.
32
Os principais sintomas envolvem o sistema respiratório e o sistema nervoso central,

constituindo a tríade clássica: INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA PROGRESSIVA, NÍVEL
DE CONSCIÊNCIA ALTERADO e PETÉQUIA.
Não há exame padrão ouro para confirmação da SÍNDROME DA EMBOLIA GORDUROSA.
Diante dos sintomas acima descritos, deve-se proceder ao tratamento de suporte, que
inclui o manejo da função respiratória e hemodinâmica:
(...) Não há tratamento específico para a SEG, sendo apenas

tomadas medidas de suporte clínico, estabilização hemodinâmica
e oxigenioterapia ou ventilação mecânica com recrutamento
3
SOUZA, Rodrigo de Lima. APGAUA, Bruno Tavares, et. Al. Embolia gordurosa grave no peroperatório de lipoaspiração
abdominal e lipoenxertia. Revista Brasileira Anestesiologia. 2016;66(3):324-328
4
SOUZA, Rodrigo de Lima. APGAUA, Bruno Tavares, et. Al, op. cit.
.
fls. 396
RODRIGO COSTA ALOE

alveolar em casos mais graves. Alguns estudos mostram algum

benefício do uso profilático de corticoides em traumas com fratura de
ossos longos, não sendo padronizado ainda seu uso terapêutico, mas
em alguns serviços já é feita a corticoterapia de rotina no intuito de
diminuir a resposta inflamatória. O implante de filtro de veia cava tem
sido citado como uma ferramenta em casos de grande risco em traumas
graves, mas ainda não há estudos suficientes sobre seu uso, e
dificilmente isso se enquadraria na realidade de uma cirurgia de
lipoaspiração para estética do contorno corporal.”5
VII – CONCLUSÃO
Por todo o exposto e amplamente discorrido no corpo do presente LAUDO
PERICIAL, considerando o conjunto constituído pela DOCUMENTAÇÕES
MÉDICAS constantes nos Autos, bem como, a LITERATURA MÉDICA 33
ESPECIALIZADA, concluímos:
• A PERICIANDA foi submetida aos procedimentos cirúrgicos de

LIPOASPIRAÇÃO E ENXERTIA, em 29/09/2020, sob a égide do
CIRURGIÃO PLÁSTICO CORREQUERIDO, nas dependências do
HOSPITAL LUIZ ANCHIETA.
• Os elementos dispostos nos Autos, demonstram que a AVALIAÇÃO

PRÉ-OPERATÓRIA realizada, demonstrou EXAMES compatíveis
com a normalidade na PERICIANDA.
5
Nogueira FVM, Coelho GVBF, Silveira Junior VF, Andrade CZN, Hetem CMC, Farina Junior JA, op. cit.
.
fls. 397
RODRIGO COSTA ALOE

• No transoperatório do aludido procedimento, a PERICIANDA evoluiu com

INSTABILIDADE CLÍNICA, sendo submetida a MEDIDAS DE
SUPORTE.
• Ao ser transferida para unidade hospitalar, cursou com o quadro de

PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA e, em que pese as medidas de
REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR, evoluiu a óbito às 20h35 da
referida data.
• O LAUDO NECROSCÓPICO do IML evidenciou OBJETIVAMENTE

como causa mortis a EMBOLIA GORDUROSA.
• Consoante já explicitado, o procedimento cirúrgico de LIPOENXERTIA

não é isento de complicação, sendo explicitamente mencionada a
34
ocorrência da EMBOLIA GORDUROSA nos estudos científicos afeitos
ao tema.
• Nos termos da literatura médica especializada, “a SÍNDROME DA

EMBOLIA GORDUROSA (SEG) é uma afecção relativamente rara
(0,3% a 5,0%), porém de extrema gravidade, apresentando índices
de mortalidade que variam entre 10% e 36%”.
• Considerando a DOCUMENTAÇÃO MÉDICA disposta aos autos, não

identificamos elementos com o condão de DEMONSTRAR
INOBSERVÂNCIA DE NORMA TÉCNICA, por parte do CIRURGIÃO
PLÁSTICO REQUERIDO.
.
fls. 398
RODRIGO COSTA ALOE

VIII – RESPOSTA AOS QUESITOS
Da Correquerida CLÍNICA DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA E MASTOLOGIA LUIZ
ANCHIETA LTDA – Fls. 307/308:
1. Quais eram as queixas pregressas da paciente?
QUESTIONÁRIO, preenchido pela PERICIANDA (Fls. 187 e 252). Destacamos: “(...)
Faz uso de algum medicamento diário? Euthyrox 137 e Exforge HCT 320 mg/25 mg/10
mg (...) Tem/Teve algum problema de pressão? Faço acompanhamento. (...) Cite as
cirurgias e a que tipo de anestesia que já foi submetido(a) anteriormente:
Abdominoplastia (geral), braço e mão direita (geral) retirada submandibular direita
(geral).”
ANAMNESE, subscrita pelo médico Dr. André T. T. Nishimura (CRM/SP 133.930)

(Fls. 172 e 237). Destacamos: “(...) Diagnóstico: Lipodistrofia. Moléstias secundárias:
HAS + hipotireoidismo. Queixa e duração (ilegível). História da moléstia atual: (ilegível)
35
lipoescultura. Interrogatório sobre aparelhos: HAS + hipotireoidismo em uso de
(ilegível). Exame físico: (ilegível).”
2. Quais eram hipoteticamente os objetivos da paciente que a levou a realizar os

procedimentos?
Nos termos expostos na INICIAL “procedimento chamado de lipoaspiração (lipo-
frente, cintura, costas), e preenchimento na região do glúteo denominado enxerto” (Fls.
02).
3. A Queira o senhor perito descrever os procedimentos realizados pela paciente.

Lipoescultura. Vide RELATÓRIO GERAL DE OPERAÇÕES (Fls. 178).
4. Havia indicação do referido procedimento ao se observar o quadro clínico prévio da

paciente?
Entendemos que a INDICAÇÃO CIRURGICA foi pautada pela razoabilidade in casu.
.
fls. 399
RODRIGO COSTA ALOE

5. É possível a ocorrência de intercorrências em casos como o da Requerente? Quais

as complicações principais previstas em literatura?
Vide Corpo do Laudo Pericial.
6. Sabendo pelo exame necroscópico que a paciente deteve um quadro de embolia

gordurosa, há como se afirmar que tal condição é uma das complicações pós
cirúrgicas para a cirurgia realizada?
Consoante já explicitado, o procedimento cirúrgico de LIPOENXERTIA não é isento
de complicação, sendo explicitamente mencionada a ocorrência da EMBOLIA
GORDUROSA nos estudos científicos afeitos ao tema.
Nos termos da literatura médica especializada, “a SÍNDROME DA EMBOLIA

GORDUROSA (SEG) é uma afecção relativamente rara (0,3% a 5,0%), porém de
extrema gravidade, apresentando índices de mortalidade que variam entre 10%
e 36%”.
36
7. Há como evitar em absoluto a ocorrência de embolia gordurosa?
Vide quesito anterior.
8. Quais são as medidas profiláticas de prevenção de embolia gordurosa? Há 100 % de

eficácia em tais medidas?
Como dispusemos anteriormente:
A literatura médica especializada observou que em um estudo com 24 pacientes, 13
deles (58,3%) cursaram com sintomas da EMBOLIA GORDUROSA no
transoperatório, ou seja, durante a cirurgia.

constituindo a tríade clássica: INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA PROGRESSIVA,
NÍVEL DE CONSCIÊNCIA ALTERADO e PETÉQUIA.
.
fls. 400
RODRIGO COSTA ALOE

Não há exame padrão ouro para confirmação da SÍNDROME DA EMBOLIA

GORDUROSA.
Diante dos sintomas acima descritos, deve-se proceder ao tratamento de suporte,
que inclui o manejo da função respiratória e hemodinâmica:
(...) Não há tratamento específico para a SEG, sendo apenas tomadas medidas de
suporte clínico, estabilização hemodinâmica e oxigenioterapia ou ventilação mecânica
com recrutamento alveolar em casos mais graves. Alguns estudos mostram algum
benefício do uso profilático de corticoides em traumas com fratura de ossos longos, não sendo
padronizado ainda seu uso terapêutico, mas em alguns serviços já é feita a corticoterapia de
rotina no intuito de diminuir a resposta inflamatória. O implante de filtro de veia cava tem sido
citado como uma ferramenta em casos de grande risco em traumas graves, mas ainda não há
estudos suficientes sobre seu uso, e dificilmente isso se enquadraria na realidade de uma
cirurgia de lipoaspiração para estética do contorno corporal.”6
37
9. Qual a porcentagem em média, prevista em literatura, para a ocorrência de embolia
gordurosa em cirurgias análogas à realizada?
Vide Quesito 6.
10. Há algum ponto que o senhor perito queira acrescentar?

Vide Corpo do Laudo Pericial
Do Correquerido DR. ANDRÉ TOSHIAKI TODA NISHIMURA – Fls. 309/310:

1. Quais as características físicas da Sra. Valquíria no período pré-operatório? Apesar
de portadora de comorbidades, havia exame que contraindicasse a realização da
cirurgia?
QUESTIONÁRIO, preenchido pela PERICIANDA (Fls. 187 e 252). Destacamos: “(...)
Faz uso de algum medicamento diário? Euthyrox 137 e Exforge HCT 320 mg/25
mg/10 mg (...) Tem/Teve algum problema de pressão? Faço acompanhamento. (...)
6
.
fls. 401
RODRIGO COSTA ALOE

Cite as cirurgias e a que tipo de anestesia que já foi submetido(a) anteriormente:

Abdominoplastia (geral), braço e mão direita (geral) retirada submandibular direita
(geral).”
ANAMNESE, subscrita pelo médico Dr. André T. T. Nishimura (CRM/SP 133.930)

(Fls. 172 e 237). Destacamos: “(...) Diagnóstico: Lipodistrofia. Moléstias secundárias:
HAS + hipotireoidismo. Queixa e duração (ilegível). História da moléstia atual:
(ilegível) lipoescultura. Interrogatório sobre aparelhos: HAS + hipotireoidismo em uso
de (ilegível). Exame físico: (ilegível).”
Consoante os elementos dispostos nos Autos, não logramos identificar

contraindicação ao procedimento.
2. É comum, na realização de cirurgia plástica, a injeção de solução vasoconstritora fria

para evitar complicações embólicas? O 2º Requerido, Dr. André, fez uso dessa
solução vasoconstritora?
38
Se trata de estratégia técnica amplamente adotada pelos Cirurgiões Plásticos na
realização do procedimento cirúrgico em comento. Sim, vide Corpo do Laudo Pericial.
3. É adequada a utilização de compressor pneumático em membros inferiores?

Sim, se trata de medida aditada visando reduzir a incidência de fenômenos
tromboembólicos no intraoperatório.
4. A equipe que assistia ao 2º Requerido, Dr. André, era em número suficiente e

adequada ao tipo de procedimento? Havia monitorização da Sra. Valquíria?
Consoante o RELATÓRIO GERAL DE OPERAÇÕES, não a especificação de auxiliar
cirúrgico. Consta na FICHA ANESTÉSICA a descrição da monitorização da
PERICIANDA.
5. Diante da intercorrência, houve adequado atendimento pela equipe médica e de

enfermagem? Depois de quanto tempo cirúrgico a Sra. Valquíria apresentou a
.
fls. 402
RODRIGO COSTA ALOE

intercorrência? É possível a este i. Perito indica se foram utilizadas as técnicas

recomendadas para a tentativa de manutenção de vida da Sra. Valquíria?
Entendemos que o suporte à intercorrência foi pautado dentro dos parâmetros
técnicos preconizados. Vide Corpo do Laudo Pericial.
6. Foi adequada a remoção da Sra. Valquíria para o pronto-socorro mais próximo?

Entendemos a medida como plausível e razoável.
7. O volume lipoaspirado do corpo da Sra. Valquíria foi adequado ao que prescreve a

Resolução nº 1.711, do Conselho Federal de Medicina?
Em que pese a dificuldade na legibilidade do RELATÓRIO GERAL DE OPERAÇÕES,
há a menção de volume aspirado de 1000ml + 500ml, considerando o Peso da
Pericianda descrito como 79Kg (Fls. 176), entendemos por respeitados os parâmetros
da Resolução CFM 1711/203:
39
“(...)Art. 9º-Que os volumes aspirados não devem ultrapassar 7% do peso corporal quando se
usar a técnica infiltrativa; ou 5% quando se usar a técnica não-infiltrativa. Da mesma forma,
não deve ultrapassar 40% da área corporal, seja qual for a técnica usada.
Parágrafo 1º -Casos que ultrapassem os parâmetros previstos no caput deste artigo e que
possuam indicação médica de exceção têm sua execução restrita a ambientes de estrutura
material hospitalar completa,sendo especificamente documentados e com nomeação explícita
do cirurgião responsável pela indicação e execução do tratamento.
Parágrafo 2º -Deve ser evitada, no mesmo ato cirúrgico, a coincidência dos parâmetros máximos
acima citados;
Parágrafo 3º -Considera-se volume aspirado o material coletado sobrenadante(...)”. G.N.
Da Autora – Fls. 311/313:
1. Encontram-se nos autos e no Prontuário da paciente em questão os Termos de

Consentimento Informado, elaborados:
a) Pelo Médico Assistente;
b) Pelo Anestesiologista e
.
fls. 403
RODRIGO COSTA ALOE

c) Pela equipe de enfermagem que atuaram no procedimento? Caso afirmativo,

encontram -se de acordo com a portaria MS/SAS/40 de 30/12/1992 e
Orientação n. 01/2016? Justifique.
Vide Discussão no Corpo do Laudo Pericial. Destacamos, por oportuno:
TERMO DE CIÊNCIA E AUTORIZAÇÃO PARA REALIZAÇÃO DO

PROCEDIMENTO DE LIPOASPIRAÇÃO (COSTAS, CINTURA,
ABDOMEN E ENXERTIA), datado de 29/09/2020, assinado pela
PERICIANDA (Fls. 69/70, 185/186 e 250/251). Destacamos: “(...)Estou
ciente que toda cirurgia envolve risco, que estão divididos em riscos
durante a cirurgia e/ou após a cirurgia, bem como há riscos no
procedimento anestésico, os quais são impossíveis de se extirpar em
absoluto, apesar de atualmente serem extremamente seguros. Também
me declaro totalmente ciente que existem riscos como: queloide de cicatriz,
retração da cicatriz, dificuldade de cicatrização, redução da circulação
sanguínea da pele, inchaço, escurecimento da pele, acúmulo de líquido,
sangue ou secreção, dor, perda de sensibilidade na área operada, sobra de 40
pele ou gordura, entre outros. Reconheço que durante o ato cirúrgico poderão
surgir situações ou elementos novos e imprevisíveis, e em decorrência deste
fato, outros procedimentos adicionais e/ou diferentes daqueles previamente
programados possam ser necessários para que se alcance o melhor resultado
possível.” G.N.
TERMO DE CONSENTIMENTO, datado de 29/09/2020, assinado pela

PERICIANDA (Fls. 179/180 e 244/245), destacamos: “(...) Declaro que fui
informado(a) quanto aos principais aspectos relacionados ao procedimento
anestésico ao qual serei submetido nesta clínica. Autorizo o médico
anestesiologista abaixo identificado, ou qualquer outro membro de sua equipe,
todos devidamente cadastrados por esta instituição a realizar o seguinte
procedimento anestésico: (x) sedação (x) peridural para a realização do(a)
seguinte cirurgia/procedimento proposta(a) lipoaspiração. Declaro ainda que:
1. Estou ciente de que para realizar os procedimentos propostos será
necessário o emprego de anestesia, cujos métodos, as técnicas e os fármacos
serão indicados pelo médico anestesiologista. As alternativas de procedimento
anestésico indicadas para possibilitar o procedimento a ser realizado, seus
benefícios, riscos e complicações me foram explicadas satisfatoriamente. 2.
.
fls. 404
RODRIGO COSTA ALOE

Fui esclarecido de que a anestesia envolve procedimentos invasivos e quem

pode ocorrer lesões que na maioria das vezes são temporárias. Raramente
ocorrem lesões permanentes, mas podem ocorrer, mesmo que o procedimento
tenha sido realizado sob o mais rigoroso padrão técnico. Assim como fui
esclarecido, também, de que a resposta à administração de medicamentos é
individual e que a ocorrência de efeitos colaterais ou indesejados é
imprevisível. 3. Entendo que não existe garantia absoluta sobre os resultados
a serem obtidos, mas que serão utilizados todos os recursos, medicamentos e
equipamentos disponíveis nesta instituição. 4. Principais riscos associados a
sedação e anestesia geral: náuseas/vômitos, aspiração de conteúdo,
depressão respiratória, intubação difícil, hipertermia maligna, reação
alérgica/choque anafilático, cefaléia pós punção da dura-mater, injeção
subaracnóide inadvertida durante durante peridural, sintomas neurológicos
transitórios, hematoma peridural ou subdural, abscesso peridural ou subdural,
meningite, síndrome da cauda equina, incluindo risco de óbito. 6. Autorizo
qualquer outro procedimento, exame, tratamento e/ou cirurgia, incluindo
transfusão sanguínea, caso ocorram situações imprevistas que demandem
cuidados diferentes daqueles inicialmente propostos. 7. Por ocasião deste
consentimento, informei ao médico anestesiologista sobre doenças pré-
41
existentes, os medicamentos em uso, cirurgias realizadas, complicações
anestésicas e reações alérgicas anteriormente apresentadas e, também, sobre
o tempo decorrido de jejum (desde a última refeição/ingestão de líquidos). 8.
Fui informado(a) pela equipe médica de que o tabagismo, o uso de drogas
entorpecentes, tais como cocaína, maconha, anfetaminas, e outras como o
álcool são fatores que podem trazer prejuízo ao procedimento e/ou tratamento.
Fui informado, também das complicações que podem advir do uso destas
substâncias.”
2. Consta nos devidos TCIs informações claras a respeito dos procedimentos a

serem efetuados, suas complicações e possível evento morte inclusive?
Justifique.
Vide Quesito anterior.
3. Nos exames pré-operatórios foi detectado algum tipo de alteração no quadro de

saúde ou anomalia por parte da paciente? Justifique.
.
fls. 405
RODRIGO COSTA ALOE

Os Exames pré-operatórios apensos estão dentro da normalidade, consoante os

respectivos Laudos. Destacamos:
LAUDO DO EXAME DE ELETROCARDIOGRAMA DE REPOUSO,
datado de 27/06/2020 (Fls. 35/36, 191 e 256). Destacamos: “(...)
Conclusão: Traçado compatível com a normalidade.”
LAUDO DO EXAME DE ECOCARDIOGRAMA BIDIMENSIONAL

COM DOPPLER COLORIDO, datado de 27/06/2020 (Fls. 44/46,
192/193 e 257/258). Destacamos: “(...) Conclusão: Função global dos
ventrículos preservada.”
HEMOGRAMA COM CONTAGEM DE PLAQUETAS, datado de

22/08/2020 (Fls. 37, 194 e 259);
COAGULOGRAMA e TTPA, datados de 22/08/2020 (Fls. 38, 195 e

260)
SOROLOGIA PARA COVID-19 (IgM/IgG), datado de 22/09/2020 (Fls.

42
55/56, 200 e 265);
4. O procedimento pretendido pela paciente era de cunho ESTÉTICO ou

REPARADOR? Justifique.
Preliminarmente, cabe destacar o disposto na Resolução CFM 1621/2001: “Art.
1º -A Cirurgia Plástica é especialidade única, indivisível e como tal deve ser
exercida por médicos devidamente qualificados, utilizando técnicas habituais
reconhecidas cientificamente”. Não obstante, considerando os objetivos
habitualmente propostos no procedimento de LIPOESCULTURA, há de se
ressaltar o seu cunho primordialmente estético.
5. O que ocasiona a EMBOLIA GORDUROSA? Justifique.

Destacamos o já exposto no Corpo do Laudo Pericial:
A EMBOLIA GORDUROSA é definida como o bloqueio de um vaso sanguíneo
por depósitos de gordura na circulação. Trata-se de uma complicação observada
.
fls. 406
RODRIGO COSTA ALOE

após fraturas de ossos grandes ou em procedimentos estéticos como a

LIPOASPIRAÇÃO E/OU LIPOENXERTIA.
No que diz respeito ao procedimento de LIPOASPIRAÇÃO, em que pese estar
entre as cirurgias plásticas mais realizadas no mundo, não é isenta de
complicações, sendo descrita como uma das complicações mais graves deste
procedimento, a EMBOLIA GORDUROSA:
“A lipoaspiração está entre as cirurgias plásticas mais realizadas em

todo o mundo. Principalmente nos últimos 30 anos, vem se tornando
um procedimento cada vez mais seguro, porém, não isento de sérios
riscos de complicações, incluindo óbitos algumas vezes mal
esclarecidos, o que a torna ainda uma cirurgia temida por muitos
pacientes.
irregularidades, hematoma, seroma, edema, flacidez cutânea e 43
hiperpigmentação, sem grandes repercussões. Porém, existem
trombose venosa profunda, tromboembolismo pulmonar, toxicidade da
lidocaína e epinefrina, choque hipovolêmico e embolia gordurosa. As
incidências de óbitos são variáveis nas publicações sobre o tema,
mas é consenso de que um único caso já se torna uma situação
dramática por se tratar de cirurgia eletiva e estética, muitas vezes
realizada ambulatorialmente.”7 G.N.
Em um artigo publicado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica:
“(...) Trata-se de risco frequente no intraoperatório e pós-

operatório. A embolia gordurosa ocorre devido a mecanismo de
7
Nogueira FVM, Coelho GVBF, Silveira Junior VF, Andrade CZN, Hetem CMC, Farina Junior JA. Lipoaspiração e embolia
gordurosa: revisão de literatura. Rev. Bras. Cir. Plást.2015;30(2):291-294
.
fls. 407
RODRIGO COSTA ALOE

oclusão do lúmen vascular pela circulação de gotículas de gordura,

principalmente como resultado de fraturas ortopédicas em ossos longos
e secundário a politrauma para procedimentos estéticos envolvendo
lipectomia e enxerto de gordura.”8 G.N.
Em outra publicação:
“(...) A presença de êmbolos de gordura ou ácidos graxos livres na

circulação pulmonar ou sistêmica pode desencadear a síndrome
de embolia gordurosa (SEG), originada, em sua maioria, de fratura de
ossos longos de membros inferiores e pelve. Em menor escala, pode
advir de cirurgias estéticas de lipoaspiração e/ou lipoenxertia,
circulação extracorpórea, pancreatites, reconstruções articulares,
queimaduras graves, anemia falciforme, diabetes melito e infusão
parenteral lipídica.
“(...) A lipoenxertia é potencialmente perigosa por aumentar o risco

44
de SEG, devido à injeção intravascular acidental de êmbolos de
gordura. O comprometimento neurológico e o maior número de
órgãos acometidos indicam pior prognóstico da SEG.”9 G.N.
Em relação à sua incidência, trata-se de complicação rara, porém de extrema

gravidade:
“(...) A SEG é uma afecção relativamente rara (0,3% a 5,0%), porém

de extrema gravidade, apresentando índices de mortalidade que
variam entre 10% e 36%.”10
8
Freitas RS, Graf R, Ono MCC, Maluf Junior I, Nasser I, Balbinot P, et al. Profilaxia da síndrome de embolia gordurosa:
uma análise atual. Rev. Bras. Cir. Plást.2016;31(3):436-441
9
SOUZA, Rodrigo de Lima. APGAUA, Bruno Tavares, et. Al. Embolia gordurosa grave no peroperatório de lipoaspiração
abdominal e lipoenxertia. Revista Brasileira Anestesiologia. 2016;66(3):324-328
10
SOUZA, Rodrigo de Lima. APGAUA, Bruno Tavares, et. Al, op. cit.
.
fls. 408
RODRIGO COSTA ALOE

A literatura médica especializada observou que em um estudo com 24 pacientes, 13

deles (58,3%) cursaram com sintomas da EMBOLIA GORDUROSA no
transoperatório, ou seja, durante a cirurgia.

constituindo a tríade clássica: INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA PROGRESSIVA,
NÍVEL DE CONSCIÊNCIA ALTERADO e PETÉQUIA.
Não há exame padrão ouro para confirmação da SÍNDROME DA EMBOLIA

GORDUROSA.
Diante dos sintomas acima descritos, deve-se proceder ao tratamento de suporte,

que inclui o manejo da função respiratória e hemodinâmica:
(...) Não há tratamento específico para a SEG, sendo apenas

tomadas medidas de suporte clínico, estabilização hemodinâmica
45
e oxigenioterapia ou ventilação mecânica com recrutamento
alveolar em casos mais graves. Alguns estudos mostram algum
benefício do uso profilático de corticoides em traumas com fratura de
ossos longos, não sendo padronizado ainda seu uso terapêutico, mas
em alguns serviços já é feita a corticoterapia de rotina no intuito de
diminuir a resposta inflamatória. O implante de filtro de veia cava tem
sido citado como uma ferramenta em casos de grande risco em traumas
graves, mas ainda não há estudos suficientes sobre seu uso, e
dificilmente isso se enquadraria na realidade de uma cirurgia de
lipoaspiração para estética do contorno corporal.”11
6. Se não fosse feito o procedimento cirúrgico em discussão na paciente, qual a

probabilidade de ocorrência de embolia gordurosa? Justifique.
Quesito hipotético.
11
.
fls. 409
RODRIGO COSTA ALOE

7. É comum que ocorra embolia gordurosa em pacientes que passam pelas cirurgias
plásticas em geral? Justifique.
Vide Quesito 05.
8. É possível detectar a embolia gordurosa em exames pré-operatórios? Justifique.

De forma geral, é condição que se apresenta no período perioperatório.
Particularmente, considerando a realização de LIPOASPIRAÇÃO, não há
elementos fisiopatológicos do aludido quadro, previamente ao procedimento.
9. A ocorrência de embolia gordurosa era previsível? Justifique.

Vide Quesito 05.
10. A embolia gordurosa se deu em virtude de algum procedimento feito nas

manobras da cirurgia? Justifique.
Vide Quesito 05. 46
11. O evento morte foi em decorrência do ato cirúrgico? Justifique.
O EXAME NECROSCÓPICO, realizado pelo INSTITUTO MÉDICO-LEGAL –
EPML Santo André/SP, cujo laudo, é datado de 30/09/2020, atestou
OBJETIVAMENTE como causa mortis, EMBOLIA GORDUROSA (Fls. 268/271):
12. Foram aplicados todos os meios científicos para a preservação da vida da

paciente? Justifique.
Como dispusemos no Corpo do Laudo Pericial, entendemos como tecnicamente
adequadas a medidas descritas no suporte à intercorrência apresentada pela
PERICIANDA.
13. É possível dizer se a preparação para a cirurgia foi prestada adequadamente?

Vide Quesito 03.
.
.
fls. 410
RODRIGO COSTA ALOE

14. Existem circunstâncias que rompem o nexo causal (caso fortuito, força maior, fato
de terceiro ou culpa exclusiva da vítima) no caso analisado? Justifique.
Considerando a DOCUMENTAÇÃO MÉDICA disposta aos autos, não
identificamos elementos com o condão de DEMONSTRAR INOBSERVÂNCIA
DE NORMA TÉCNICA, por parte do CIRURGIÃO PLÁSTICO REQUERIDO.
15. Houve violação ao dever de cautela? Justifique

Vide Quesito 14.
16. Houve falha na execução do serviço? Justifique.

Vide Quesito 14.
17. Houve falha na aplicação da técnica do procedimento? Justifique.

Vide Quesito 14.
47
18. A paciente foi socorrida de imediato para Unidade de Terapia Intensiva do hospital
que fez o procedimento cirurgico na “de cujus”? Justifique.
Consoante o demonstrado no Corpo do Laudo Pericial, foram realizadas medidas
de suporte avançado à vida, e transporte à Unidade Hospitalar. Não obstante, em
que pesem os esforços empreendidos pela equipe médica assistente, a
PERICIANDA evoluiu ao óbito.
19. Consta nas anotações de aferição da enfermagem (ssvv 00) o que significam
esses resultados? Justifique.
O quesito não especifica o seu objeto, não permitindo reflexões por parte deste
Jurisperito.
20. Houve perfuração da pleura pulmonar? Justifique.

Não identificamos elementos neste sentido.
.
fls. 411
RODRIGO COSTA ALOE

21. Houve perfuração em qualquer outro membro ou órgão do corpo da paciente, em

virtude das manobras efetuadas no ato da cirurgia em questão? Justifique.
Não identificamos elementos neste sentido.
OBSERVAÇÃO FINAL
Este Jurisperito reserva-se o direito de rever e eventualmente modificar (em parte ou no todo), este documento
médico-legal, em caso de lhe ser apresentado qualquer novo documento (ou fato) capaz de influir no raciocínio
pericial.
S ã o P a ul o, 31 de j a ne i ro de 20 2 3 .
48
RODRIGO COSTA ALOE
CREMESP 100.600
PERITO MÉDICO JUDICIAL
.
fls. 423

VARA CÍVEL DA COMARCA DA CAPITAL – SÃO PAULO – SP
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1121202-20.2020.8.26.0100 e código HiX87ilF.
PROCESSO NÚMERO: 1121202-20.2020.8.26.0100
LIZANDRA BEATRIZ DOS SANTOS PEREIRA, já qualificada nos autos

do processo em epigrafe, vem a presença de Vossa Excelência, por intermédio
de seu advogado, se manifestar a respeito do LAUDO PERICIAL como segue:
1. Em que pese o notório conhecimento do expert na área da saúde, haja

vista ser ele médico especializado na área, é também bacharel em direito,
contudo, não respondeu de maneira objetiva algumas questões trazidas por
parte da autora restando dúvidas, dessa forma tendenciou o parecer de forma a
beneficiar as partes rés, porque ao responder os quesitos feitos pelos réus
respondeu de maneira pormenorizada trazendo exemplos que os beneficiassem,
porém ao responder os quesitos trazidos pela autora se limitou a responder de
maneira simples respondendo : vide quesito anterior. Na realidade deveria o
nobre perito responder SIM ou NÃO e dar os motivos da resposta, ou seja, o
PORQUÊ, de forma simples, direta e sucinta, sem imbróglios.

.
fls. 424
2. DAS RESPOSTAS AOS QUESITOS:
2.1. As fls. 398, perguntado “Quais eram as queixas pregressas da paciente”, o

expert não respondeu, deveria constar da resposta, por exemplo, “ gordura localizada,
baixo auto estima, dores na coluna etc.
2.2. Perguntado: “Quais eram hipoteticamente os objetivos da paciente ...”
Respondeu- ... Fls. 02;
2.3. Colocado: “Queira o senhor perito descrever os procedimentos realizados
pela paciente” Resposta: Vide relatório Geral ás fls. 178, ou seja, não respondeu;
2.4. Perguntado: “ Havia indicação do referido procedimento ao se observar o
quadro clinico prévio da paciente? ” Respondeu: Entendemos que a indicação ...,
quando deveria responder SIM, NÃO e PORQUÊ;
2.5. Perguntado: “É possível a ocorrência de intercorrência em casos como o da
requerente (ENTENDEMOS QUE RESPOSTA A ESSA PERGUNTA É
IMPORTANTÍSSIMA) porém foi respondida de maneira bem simplória “ VIDE CORPO
DO LAUDO PERICIAL” merecia aqui uma resposta técnica, profissional e impessoal.
2.6. Perguntado: “Há como evitar em absoluto a ocorrência da embolia
gordurosa? ” Respondeu: Vide quesito anterior, ou seja, mais uma vez não respondeu,
a resposta plausível seria: SIM, NÃO e o PORQUÊ.
2.7. Ás fls 400, ao responder os quesitos trazidos pelo Corréu Dr. André, da
mesma forma não responde às perguntas diretamente, dando a entender que o uso dos
remédios que a paciente fazia uso (Euthyrox 137 e Exforge HCT 320 mg/25 mg/10)
levaram a paciente a ter o quadro de Embolia Gordurosa, quando na realidade o que
ocasionou a Embolia Gordurosa foi a perfuração de um órgão do corpo (pulmão) da “de
cujus” e que consequentemente ocasionou a parada respiratória;
2.8. Perguntado “A equipe que assistia ao 2º Requerido, Dr. André, era em
número suficiente e adequada aso tipo de procedimento? Havia monitoração da Srª
Valquíria? ” O nobre Perito deveria responder de forma objetiva, porém, mais uma vez
não responde e não cita qual seria o número de pessoas suficientes para o apoio e
auxílio de tal procedimento;
2.9. As fls. 402, na pergunta de n. 6 quando foi perguntado se a remoção da
paciente para o pronto socorro mais próximo foi adequada, o expert limitou-se a
responder que entendeu como plausível e razoável, mas em que pese o nobre perito
achar que a medida foi acertada, NÃO DEVERIA A CLINICA ONDE ESTAVA
OCORRENDO O PROCEDIMENTO ESTAR MUNIDA DE UTI?

.
fls. 425
3. DAS PERGUTAS FEITAS PELA AUTORA
3.1. Ás fls. 402/403, perguntado se nos autos se encontravam os Termos de

Consentimentos Informados, respondeu: “Vide Discussão no Corpo do Laudo
Pericial, ou seja, reproduziu o que continha nos autos, porem não respondeu e
nem explanou o que foi perguntado (SIM, NÃO, PORQUÊ);
3.2. Ás fls. 404, perguntado se constava nos devidos Termos de
Consentimentos informações claras a respeito dos procedimentos efetuados e
suas complicações, o expert limitou a responder – “vide quesito anterior”;
3.3. Ás fls. 409, no item 11, quando perguntado se o evento morte foi em
decorrência do ato cirúrgico, o Nobre Perito desvia o assunto apontando a causa
mortis como descrita no Laudo do Exame Necroscópico e não responde;
3.4. No item 14, o nobre perito não responde a questão, porém faz a defesa
do réu, assim sendo: PERGUNTA: Existem circunstâncias que rompem o nexo
causal ... Justifique. RESPOSTA: Não identificamos elementos com o condão de
DEMONSTRAR INOBSERVÂNCIA DE NORMA TÉCNICA, por parte do
CIRURGIÃO PLASTICO REQUERIDO;
3.4.1. No item 18, fica explicito que o perito está comprometido com a parte
ré, uma vez que a resposta deveria ser imparcial e direta, SIM, NÃO e PORQUÊ,
porém mais uma vez faz toma o lugar da defesa dos réus;
3.4.2. No item 19 foi feito uma pergunta simples e técnica, mas o expert se
recusou a responder sob o argumento de que o quesito não especifica o seu
objeto, e acrescenta que não permite reflexões, o que se corrermos ao longo da
pesquisa veremos que o faz continuamente quando se trata em benefício da
parte ré, alias o que o nobre perito não quis responder foi que os SINAIS VITAIS
da vítima estavam zerados (SSVV 00).
Dessa forma pelo que ficou demonstrado fica prejudicada a defesa em
busca da verdade real, fica difícil em demonstrar que houve falha na prestação
de serviço, porém acreditamos nos olhos e capacidade do nobre juiz para trazer
a baila a melhor solução como medida de justiça.

Termos que
Pede deferimento.
ADVOGADO
OAB/SP 380183
São Paulo, 21 de março de 2023


fls. 426
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por VALDEMAR MARCOS RODRIGUES e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 23/03/2023 às 00:31 , sob o número WJMJ23405217679 .
.
fls. 432
RODRIGO COSTA ALOE

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 17ª VARA CÍVEL DO FORO

CENTRAL CÍVEL DA COMARCA DE SÃO PAULO/SP
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1121202-20.2020.8.26.0100 e código bgRxiXtY.
Processo nº: 1121202-20.2020.8.26.0100
Classe: Procedimento Comum Cível – Erro Médico

Req t e: L IZAND R A BE ATRIZ DO S S AN TO S PE R E IRA ( PERICIANDA: VALQUIRIA TEIXEIRA
SANTOS DA SILVA )
Req d o : C L ÍN IC A DE GIN EC O LO GIA OB S TE TR ÍC IA E MAS TO L O GIA LU IZ ANC HIE TA L TD A. E
O UTR O
RODRIGO COSTA ALOE , CRE ME S P nº 1 0 0. 6 00 , Médico, Cirurgião Geral e Cirurgião

Plástico formado pela EPM/UNIFESP, Especialista em Medicina Legal e Perícia Médica pela
ABMLPM (RQE 37.014), Especialista em Cirurgia Plástica pela SBCP, com Especialização na
Avaliação do Dano Corporal Pós-Traumático pela Universidade de Coimbra, Bacharel em Direito
pela Universidade Paulista, Membro Efetivo da Comissão Especial de Direito Médico e de Saúde da
OAB/SP, Membro da Associação Brasileira de Telemedicina e Telessaúde (ABTMS), Membro Titular
da Associação Portuguesa de Avaliação do Dano Corporal (APADAC), Membro da Câmara Técnica
de Medicina Legal e Perícia Médica do CREMESP, Membro da Câmara Técnica de Cirurgia Plástica
do CFM, Membro da Comissão de Revisão de Prontuário e Óbito do Hospital São Paulo-Hospital
Universitário da UNIFESP, ex-Coordenador da Câmara Técnica de Cirurgia Plástica do CREMESP,
ex Perito Oficial do IMESC/SP, ex Médico-Legista do Instituto Médico-Legal de São Paulo, vem,
re s pe i tosa me nte , di a nte de V os sa E x c el ê nci a a pre se nta r o s s e us;
ESCLARECIMENTOS AO LAUDO PERICIAL INDIRETO
.
fls. 433
RODRIGO COSTA ALOE

I - AUTORIDADE REQUISITANTE E DADOS DO PROCESSO
Exma. Sra. Dra. Juíza 17ª VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL CÍVEL DA
de Direito COMARCA DE SÃO PAULO/SP
Processo 1121202-20.2020.8.26.0100
Natureza da Ação Procedimento Comum | Erro Médico
Perito DR. RODRIGO COSTA ALOE
Data do agendamento 13/12/2022
pericial
Assistentes Técnicos DR. NELIO WATANABE AGUILERA (CRM/SP
97.075) e DR. MARIO JORGE WARDE FILHO
(CRM/SP 81.741)
2
II - IDENTIFICAÇÃO DA PERICIANDA
Nome: VALQUIRIA TEIXEIRA SANTOS DA SILVA

Documento: RG nº 23.051.184-3 | CPF n° 23.051.184-3
Data de Nascimento: 19/02/1974
Sexo: Feminino
Filiação: Jose Francisco dos Santos e Odete Teixeira dos
Santos
Estado Civil: Viúva
Profissão: Policial Militar
Idade: 46 anos
Data do óbito: 29/09/2020
.
fls. 434
RODRIGO COSTA ALOE

Preliminarmente, cumpre a este Jurisperito consignar que reitera in totum os

termos de nosso LAUDO PERICIAL apresentado aos Autos.
Aparentemente, o nobre Patrono da Autora, irresignado com as cuidadosas,
extensas e fundamentadas CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS, objeto da lavra
deste expert (em exatas 48 Laudas), passa a emanar infundadas críticas à
nossa peça.
Insta consignarmos, que os QUESITOS ofertados pela parte Autora, restam

absolutamente contemplados às Fls. 402/411.
Destaque-se, que em toda a narrativa construída pelo causídico em suas

CRÍTICAS AO LAUDO PERICIAL (Fls. 423/426), não identificamos nenhum 3
contraponto escorado em matéria de ordem técnica, tão somente a sua
“opinião” de como deveríamos ter contemplado as questões apresentadas.
Com a devida vênia, S.M.J., nos transpareceu que houve a intenção de

lecionar e este Perito como deveria realizar o seu labor (atividade que
honrosamente exercemos, de maneira técnica, imparcial e diligente, há mais
de 15 anos).
Por derradeiro, com o fito de novamente clarificar os pontos técnicos fulcrais

do presente feito, repisamos as nossas CONCLUSÕES:
• A PERICIANDA foi submetida aos procedimentos cirúrgicos de LIPOASPIRAÇÃO E

ENXERTIA, em 29/09/2020, sob a égide do CIRURGIÃO PLÁSTICO
CORREQUERIDO, nas dependências do HOSPITAL LUIZ ANCHIETA.
.
fls. 435
RODRIGO COSTA ALOE

• Os elementos dispostos nos Autos, demonstram que a AVALIAÇÃO PRÉ-

OPERATÓRIA realizada, demonstrou EXAMES compatíveis com a normalidade
na PERICIANDA.
• No transoperatório do aludido procedimento, a PERICIANDA evoluiu com

INSTABILIDADE CLÍNICA, sendo submetida a MEDIDAS DE SUPORTE.
• Ao ser transferida para unidade hospitalar, cursou com o quadro de PARADA

CARDIORRESPIRATÓRIA e, em que pese as medidas de REANIMAÇÃO
CARDIOPULMONAR, evoluiu a óbito às 20h35 da referida data.
• O LAUDO NECROSCÓPICO do IML evidenciou OBJETIVAMENTE como causa

mortis a EMBOLIA GORDUROSA.
• Consoante já explicitado, o procedimento cirúrgico de LIPOENXERTIA não é isento

de complicação, sendo explicitamente mencionada a ocorrência da EMBOLIA
4
GORDUROSA nos estudos científicos afeitos ao tema.
• Nos termos da literatura médica especializada, “a SÍNDROME DA EMBOLIA

GORDUROSA (SEG) é uma afecção relativamente rara (0,3% a 5,0%), porém de
extrema gravidade, apresentando índices de mortalidade que variam entre 10%
e 36%”.
• Considerando a DOCUMENTAÇÃO MÉDICA disposta aos autos, não identificamos

elementos com o condão de DEMONSTRAR INOBSERVÂNCIA DE NORMA
TÉCNICA, por parte do CIRURGIÃO PLÁSTICO REQUERIDO.
OBSERVAÇÃO FINAL
Este Jurisperito reserva-se o direito de rever e eventualmente modificar (em parte ou no todo), este documento
médico-legal, em caso de lhe ser apresentado qualquer novo documento (ou fato) capaz de influir no raciocínio
pericial.
S ã o P a ul o, 28 de ma rç o de 2 02 3 .
CREMESP 100.600
RODRIGO COSTA ALOE

RODRIGO COSTA ALOE
PERITO MÉDICO JUDICIAL

fls. 436
fls. 447

FORO CENTRAL CÍVEL
17ª VARA CÍVEL
PRAÇA JOÃO MENDES S/Nº 8º ANDAR, São Paulo - SP - CEP 01501-
900
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1121202-20.2020.8.26.0100 e código p4GgvBhb.
SENTENÇA

Requerido: Clinica de Ginecologia Obstetricia e Mastologia Luiz Anchieta Ltda e outro
Justiça Gratuita
V I S T O S.
Cuida-se de ação de procedimento comum ajuizada por

LIZANDRA BEATRIZ DOS SANTOS PEREIRA, GUSTAVO HENRIQUE DOS
SANTOS E GIOVANA RAPHAELA TEIXEIRA SANTOS DA SILVA em face de
CLÍNICA DE GINECOLOGIA OBSTETRÍCIA E MASTOLOGIA ANCHIETA
LTDA e ANDRÉ TOSHIAKI TODA NISHIMURA, visando a obter a condenação dos
réus ao pagamento de indenização a título de danos materiais-danos emergentes de
Com esta peça, os documentos às fls. 19/112, complementados às

fls. 130/140.
Emenda à exordial recebida por decisão às fls. 143/144. Na mesma

oportunidade, concedidos os benefícios da gratuidade da justiça aos autores.
Citados, os réus apresentaram contestações às fls. 151/164 e

209/226.

MASTOLOGIA ANCHIETA LTDA destaca preliminar de inépcia da petição inicial
porquanto da narrativa dos fatos não decorre logicamente o pedido. No mérito, bate-se pela
1121202-20.2020.8.26.0100 - lauda 1
fls. 448

FORO CENTRAL CÍVEL
17ª VARA CÍVEL
900
improcedência da ação sob argumento, em resumo, de força maior, decorrente de embolia
gordurosa, “fatalidade” imprevisível que os profissionais da demandada conseguiram
reverter mediante reanimação, insubsistente após a transferência de Valquíria para o
Hospital Bartira. Os serviços foram prestados com adequação e todos os profissionais
envolvidos atuaram com a diligência que se espera, não havendo vício de qualquer tipo.
Inexistem danos indenizáveis, bem como razão fática para a aventada negativa de
fornecimento de prontuário, já que feito através de nome errado da paciente. Em caráter
subsidiário, requer a fixação do “quantum” indenizatório de acordo com a razoabilidade.
Com esta peça, os documentos às fls. 164/208.
ANDRÉ TOSHIAKI TODA NISHIMURA, por sua vez, destaca

preliminar de inépcia da petição inicial uma vez deduzidos pedidos sem fundamentação,
tampouco especificidade, além da ausência de individualização de conduta do corréu
André. No mérito, bate-se pela improcedência da ação sob argumento, em resumo, de
intercorrência em segundo momento do procedimento cirúrgico em liça, determinante de
intubação e procedimentos de suporte de vida. Tudo imediatamente informado à coautora
Lizandra pelo corréu André, médico especialista, tanto que Lizandra, inclusive, adentrou às
dependências do centro cirúrgico sem autorização nem roupas esterilizadas. Durante a
transferência para o Hospital Bartira, Valquiria apresentou parada cardiorrespiratória, não
revertida pelo corréu André e demais profissionais ali presentes depois de hora de
infrutíferas tentativas, resultando óbito. Valquíria faleceu em virtude de embolia gordurosa,
força maior. O corréu André atuou com diligência durante os serviços em tela, sem culpa
pelo falecimento. Não é aplicável a inversão do ônus da prova na espécie, razão por que a
produção da prova pericial deverá ocorrer mediante profissional do IMESC. Impositiva a
decretação de segredo de justiça. Em caráter subsidiário, requer a fixação do “quantum”
indenizatório de acordo com a razoabilidade. Com esta peça, os documentos às fls.
227/275.
Réplica às fls. 278/290, rechaçando os termos das contestações e

reiterando o conteúdo da preambular.
O feito foi saneado às fls. 299/304, oportunidade em que rejeitadas
1121202-20.2020.8.26.0100 - lauda 2
fls. 449

FORO CENTRAL CÍVEL
17ª VARA CÍVEL
900
as preliminares, fixados os pontos controvertidos e determinada a produção de prova
documental nova e pericial médica.
Laudo pericial e esclarecimentos acostados às fls. 364/411 e

432/436, sobre os quais as partes se manifestaram às fls. 416, 418/421, 423/426, 440/441,
442/444 e 445/446.
Encerrada a dilação probatória, vieram-me, a seguir, conclusos os
autos para prolação de sentença.
É o relatório do necessário.
Passo a decidir.
Buscam os autores, com a presente demanda, obter a condenação

dos réus ao pagamento de indenização a título de danos materiais-danos emergentes de
Essa, a objetiva intelecção dos pedidos constantes da truncada

postulação final, às fls. 17/18, tendo em vista que na interpretação dos pedidos deverá ser
considerado o conjunto da postulação e a boa-fé objetiva (CPC, art. 322, §2º).
Argumentam os autores, em síntese, ser filhos de Valquiria

Teixeira Santos da Silva, contratante de serviços médico-hospitalares dos réus, condizente
com procedimento de cirurgia plástica, especificamente lipoaspiração e preenchimento
enxerto na região do glúteo. Pagamentos de R$700,00 (consulta) e de R$5.200,00
(cirurgia), devidamente quitados.
Então, em 29/09/20, por volta das 14h40min, Valquíria submeteu-

se a tal cirurgia nas dependências da corré CLÍNICA, sob os cuidados médicos do corréu
ANDRÉ.
Entretanto, por volta das 17h45min, os autores foram informados

por enfermeiro que Valquíria estava entubada. Sem maiores justificativas, mas apenas
compromisso de ulteriores esclarecimentos pelos médicos responsáveis.
1121202-20.2020.8.26.0100 - lauda 3
fls. 450

FORO CENTRAL CÍVEL
17ª VARA CÍVEL
900
Instantes depois, os autores foram informados que Valquíria seria
transferida para o Hospital Bartira, sem qualquer autorização da família ou informação a
respeito do quadro clínico da Valquiria.
Ocorre que, já nas dependências do Hospital Bartira, os autores

foram informados que Valquiria havia falecido. Sem qualquer tipo de informação dos
médicos envolvidos.
Após os fatos, ainda, os autores e respectivo causídico tentaram,
por inúmeras vezes, obter o prontuário médico de Valquiria, deliberadamente negado pelos
prepostos da corré CLÍNICA.
Sublinhando a ofensa a direitos da personalidade e a qualidade da

falecida de arrimo de família, movem os autores a presente demanda.
A corré CLÍNICA DE GINECOLOGIA OBSTETRÍCIA E

MASTOLOGIA ANCHIETA LTDA, por sua vez, defende-se sob alegação de força maior,
decorrente de embolia gordurosa, “fatalidade” imprevisível que os profissionais da
demandada conseguiram reverter mediante reanimação, insubsistente após a transferência
de Valquíria para o Hospital Bartira. Os serviços foram prestados com adequação e todos
os profissionais envolvidos atuaram com a diligência que se espera, não havendo vício de
qualquer tipo. Inexistem danos indenizáveis, bem como razão fática para a aventada
negativa de fornecimento de prontuário, já que feito através de nome errado da paciente.
Em caráter subsidiário, requer a fixação do “quantum” indenizatório de acordo com a
razoabilidade.
ANDRÉ TOSHIAKI TODA NISHIMURA, por seu turno, rebate a

pretensão sob pretexto de intercorrência em segundo momento do procedimento cirúrgico
em liça, determinante de intubação e procedimentos de suporte de vida. Tudo
imediatamente informado à coautora Lizandra pelo corréu André, médico especialista,
tanto que Lizandra, inclusive, adentrou às dependências do centro cirúrgico sem
autorização nem roupas esterilizadas. Durante a transferência para o Hospital Bartira,
Valquiria apresentou parada cardiorrespiratória, não revertida pelo corréu André e demais
1121202-20.2020.8.26.0100 - lauda 4
fls. 451

FORO CENTRAL CÍVEL
17ª VARA CÍVEL
900
profissionais ali presentes depois de hora de infrutíferas tentativas, resultando óbito.
Valquíria faleceu em virtude de embolia gordurosa, força maior. O corréu André atuou
com diligência durante os serviços em tela, sem culpa pelo falecimento. Não é aplicável a
inversão do ônus da prova na espécie, razão por que a produção da prova pericial deverá
ocorrer mediante profissional do IMESC. Impositiva a decretação de segredo de justiça.
Em caráter subsidiário, requer a fixação do “quantum” indenizatório de acordo com a
razoabilidade.
A hipótese é de improcedência do pedido inicial.
Com efeito.
De partida, cabe registrar a natureza consumerista da relação havida

entre hospitais, médico e paciente, fazendo com que as partes se enquadrem perfeitamente
nos conceitos de consumidor e fornecedor previstos no Código de Defesa do Consumidor.
Contudo, a responsabilidade dos hospitais fornecedores-, é
objetiva, sendo deles o ônus de demonstrar a inexistência de defeito na prestação dos
serviços. A responsabilidade do médico, de outra banda, subjetiva, sendo imprescindível a
comprovação de que tenha agido com imprudência, imperícia ou negligência.
Pois bem.
Consoante se depreende dos autos, a paciente Valquiria Teixeira
Santos da Silva, genitora dos autores, foi submetida a cirurgia plástica - lipoaspiração e
preenchimento-, junto às dependências da corré Clínica Anchieta, sob os cuidados médicos
do codemandado André Toshiaki, vindo a óbito durante os procedimentos em razão de
embolia gordurosa pulmonar, a teor do atestado de óbito às fls. 33.
Em decorrência da assertiva divergência entre as partes quanto à

ocorrência ou não de erro médico, foi deferida a produção de prova pericial médica
pelo Juízo visando à análise de: “a) eventual ocorrência de culpa dos réus (negligência,
imprudência ou imperícia) antes, durante e depois do procedimento cirúrgico em liça
existência, extensão, concorrência, responsabilidade profissional; b) a caracterização de
embolia gordurosa como evento imprevisível, juridicamente configurador de força maior”.
1121202-20.2020.8.26.0100 - lauda 5
fls. 452

FORO CENTRAL CÍVEL
17ª VARA CÍVEL
900
O laudo pericial às fls. 362 ss., Capítulo VII dá conta de que “A
PERICIANDA foi submetida aos procedimentos cirúrgicos de LIPOASPIRAÇÃO E
ENXERTIA, em 29/09/2020, sob a égide do CIRURGIÃO PLÁSTICO CORREQUERIDO,
nas dependências do HOSPITAL LUIZ ANCHIETA. Os elementos dispostos nos Autos,
demonstram que a AVALIAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA realizada, demonstrou EXAMES
compatíveis com a normalidade na PERICIANDA.
Prossegue o expert a relatar que “No transoperatório do aludido
procedimento, a PERICIANDA evoluiu com INSTABILIDADE CLÍNICA, sendo submetida
a MEDIDAS DE SUPORTE. Ao ser transferida para unidade hospitalar, cursou com o
quadro de PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA e, em que pese as medidas de
REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR, evoluiu a óbito às 20h35 da referida data. O
LAUDO NECROSCÓPICO do IML evidenciou OBJETIVAMENTE como causa mortis a
EMBOLIA GORDUROSA.
Esclarece às fls. 397 que “o procedimento cirúrgico de

LIPOENXERTIA não é isento de complicação, sendo explicitamente mencionada a
ocorrência da EMBOLIA GORDUROSA nos estudos científicos afeitos ao tema”.
Acrescenta que de acordo com “(...) a literatura médica especializada, a Síndrome da
Embolia Gordurosa (SEG) é uma afecção relativamente rara (0,3% a 5,0%), porém de
extrema gravidade, apresentando índices de mortalidade que variam entre 10% e 36%”.
Em arremate, conclui às fls. 397, “Considerando a

DOCUMENTAÇÃO MÉDICA disposta aos autos, não identificamos elementos com o
condão de DEMONSTRAR INOBSERVÂNCIA DE NORMA TÉCNICA, por parte do
CIRURGIÃO PLÁSTICO REQUERIDO”.
Deveras.
A perícia foi diligentemente realizada, não havendo

elementos aptos a infirmar as conclusões do laudo pericial médico apresentado, o qual,
portanto, deve prevalecer in casu.
Em conformidade com detalhada análise pericial, portanto, os
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17ª VARA CÍVEL
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procedimentos de lipoaspiração e lipoenxertia, conquanto frequentes, não estão isentos de
complicações, notadamente embolia gordurosa, como no caso em apreço.
Nessa esteira, a intercorrência de extrema gravidade padecida pela

paciente, ao que tudo indica, não decorreu de qualquer inobservância técnica por parte do
cirurgião plástico corréu, mas de uma fatalidade desencadeada durante o transoperatório,
em nada, portanto, relacionada com a conduta da equipe médica.
Sequer restou demonstrado, ademais, qualquer vestígio de
imperícia ou omissão de socorro durante os primeiros atendimentos prestados à paciente
após a queda de saturação noticiada pelo médico assistente (fls. 387).
Nesse tocante, assevera o perito às fls. 388 que “Dos termos

descritos pelo Cirurgião Plástico Assistente, depreendemos elementos condizentes com os
cuidados avançados preconizados de suporte à vida, cabendo destacar a garantia de via
aérea e acesso venoso”.
A parada cardiorrespiratória ocorrida durante o percurso para o

hospital, por seu turno, foi revertida pelo médico corréu, tudo a demonstrar o cuidado
dispensado à Valquíria e os esforços visando à preservação de sua vida.
Nada obstante, a parte autora fomenta a ocorrência de imperícia,

em especial por suspeitar de perfuração do pulmão durante a realização dos procedimentos.
Contudo, não bastasse o acurado parecer do perito judicial, o laudo

necroscópico elaborado pelo Instituto Médico Legal às fls. 268/271, definiu como causa da
morte, tão-somente, a “presença de coágulos gordurosos em pulmão e edema pulmonar”,
sem qualquer indicativo de perfuração ou quaisquer outras variantes.
Nessa vertente, por todo o conjunto probatório amealhado aos
autos, forçoso concluir pela inexistência de falha na prestação dos serviços médicos,
porquanto não evidenciada inaptidão do médico assistente tampouco qualquer conduta
omissiva aptas a provocar o triste infortúnio suportado pela paciente e pelos demandantes.
À vista de todo o ponderado, pois, de rigor a improcedência da
ação, ausente solução diversa.
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17ª VARA CÍVEL
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Por tudo quanto exposto, JULGO IMPROCEDENTE a ação
movida por LIZANDRA BEATRIZ DOS SANTOS PEREIRA, GUSTAVO
HENRIQUE DOS SANTOS E GIOVANA RAPHAELA TEIXEIRA SANTOS DA
SILVA em face de CLÍNICA DE GINECOLOGIA OBSTETRÍCIA E
MASTOLOGIA ANCHIETA LTDA e ANDRÉ TOSHIAKI TODA NISHIMURA.
Em consequência, JULGO EXTINTO o feito com resolução de
mérito, fazendo-o nos termos do art. 487, I, do Código de Processo Civil.
Em face do resultado ora alcançado, fica à parte autora carreada a
responsabilidade pelo pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, os
quais arbitro em 10% sobre o valor dado à causa.
Sendo, no entanto, beneficiária da Justiça Gratuita, a execução das

verbas sucumbenciais fica condicionada à alteração de sua capacidade econômica,
observado o disposto no artigo 98, § 3º do CPC.
Em caso de recurso de apelação, intime-se a parte contrária para,

querendo, apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias úteis (art. 1.010, §1º, do
CPC).
Após, subam os autos ao Egrégio Tribunal de Justiça de São Paulo,

com as homenagens e cautelas de estilo.
Com o advento da Lei nº 13.105/2015, o juízo de admissibilidade é

efetuado pelo juízo ad quem, na forma do artigo 1.010, § 3º, a seguir transcrito: “Após as
formalidades previstas nos §§ 1º e 2º, os autos serão remetidos ao tribunal pelo juiz,
independentemente de juízo de admissibilidade.”.
Conforme Comunicado CG nº 916/2016, em conformidade com o

disposto no artigo 1.010, §3º do NCPC e com a revogação do artigo 1.096 das NSCGJ
(Provimento CG nº 17/2016), estão as unidades judiciárias dispensadas do cálculo e da
indicação do valor do preparo recursal.
Oportunamente, com o trânsito em julgado, aguarde-se por cinco
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17ª VARA CÍVEL
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dias manifestações das partes. No silêncio, remetam-se os autos ao arquivo provisório, com
as cautelas de praxe e as formalidades legais.
P.I.C.
São Paulo, 28 de setembro de 2023.
DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI 11.419/2006,

CONFORME IMPRESSÃO À MARGEM DIREITA
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Tribunal de Justiça Do Estado de São Paulo: Processo Digital Nº: Classe - Assunto Requerente: Requerido

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Tribunal de Justiça Do Estado de São Paulo: Processo Digital Nº: Classe - Assunto Requerente: Requerido

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fls.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Processo Digital nº: 1121202-20.2020.8.26.0100

Juiz(a) de Direito: Dr(a). LUCIANA BIAGIO LAQUIMIA

1) Fls. 126/127: recebo como emenda à petição inicial. Providencie a serventia a

2) Defiro aos autores os benefícios da justiça gratuita, mantendo a anotação de

3) Deixo para momento oportuno a análise da conveniência da audiência de

4) Cite-se e intime-se a parte ré para contestar o feito no prazo de 15 (quinze) dias

Carta de citação segue vinculada automaticamente à esta decisão. O art. 248,

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Nos próximos peticionamentos, atente-se o advogado para a UTILIZAÇÃO

São Paulo, 10 de fevereiro de 2021.

COLENDO JUÍZO DA 17ª VARA CÍVEL, DO FORO CENTRAL CÍVEL,

ANDRÉ TOSHIAKI TODA NISHIMURA, brasileiro, médico,

pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:

De acordo com o art. 231, inc. I, do CPC, o termo inicial para a

Tendo sido juntado aos autos o aviso de recebimento de

1.2 INÉPCIA DA INICIAL: AUSÊNCIA DE FUNDAMENTOS E

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1.3 INÉPCIA DA INICIAL: AUSÊNCIA DE FUNDAMENTOS QUE

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4.2. DA INEXISTÊNCIA DE CULPA DO2º REQUERIDO, DR. ANDRE.