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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por KLEBER DE NICOLA BISSOLATTI e Tribunal de Justica de Sao Paulo, protocolado em 13/12/2016 às 10:07 , sob o número WJMJ16412222219
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EXECELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA DE FALÊNCIAS E


RECUPERAÇÕES JUDICIAIS DO FORO CENTRAL CÍVEL DO ESTADO DE SÃO PAULO

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1003745-84.2016.8.26.0462 e código 2A33321.
PROCESSO Nº 1003745-84.2016.8.26.0462

TRUST SERVIÇOS ADMINISTRATIVOS – EIRELI, na qualidade de administradora


judicial nomeada no processo de recuperação judicial das empresas LIDER TELECOM
COMÉRCIO E SERVIÇOS EM TELECOMUNICAÇÕES LTDA. e PRIME NET INFORMÁTICA
LTDA., vem respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, em cumprimento ao r.
despacho de fls., apresentar a seguinte manifestação:

1. Aos 02/12/2016, este D. Juízo proferiu o seguinte despacho:

“Vistos. Última decisão às fls. 1493.Fls. 1495/1509, 1668/1674,


1787/1794, 1881/1895, 1912/1917, 1918/1951, 2006/2014,
2015/2019, 2020/2037, 2052/2064, 2103/2115, 2116/2138,
2161/2192, 2185/2193 e 2194/2201: nada a deliberar. Anotem-se,
para fins de publicação. Fls. 1585/1667: comprovem as
recuperandas o encaminhamento dos ofícios e cartas de
cientificação expedidos, no prazo de 5 dias. Fls. 1675/1737 e
1795/1822: desconsiderem-se as petições, conforme requerido às
fls. 2139 e 2140. Fls. 1738/1774: publicação do edital do art. 52, §
1º, da Lei n. 11.101/05. Certifique-se o decurso de prazo. Fls.
1776/1777: comprovação da publicação do edital do art. 52, § 1º,
da Lei n. 11.101/05, em jornal de grande circulação. Fls.
1778/1786, 1846/1895 e 1896/1911: se o credor já apresentou sua
habilitação e/ou divergência administrativa, deve aguardar a
relação de credores a ser apresentada pelo administrador judicial.
Portanto, nada a deliberar. Fls. 1823/1845: ciência aos

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interessados. Fls. 1866/1880, 1952/1959, 1960/2005, 2038/2048,


2049/2051, 2065/2097, 2098/2012 e 2204/2212: a habilitação de
crédito deve ser promovida como incidente processual, nos termos

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da Lei n. 11.101/05. Portanto, providenciem o interessados o
correto protocolo. Fls. 2141/2160: manifeste-se o administrador
judicial acerca da essencialidade desses ativos. Com a
manifestação, tornem conclusos com urgência. Fls. 2202/2203:
anote-se e observe-se os novos patronos da recuperanda. Intime-
se.. (Grifo nosso)

A) DA IMPOSSIBILIDADE DE SE PRATICAR ATOS DE CONSTRIÇÃO SOBRE O


PATRIMONIO DAS RECUPERANDAS

2. É indubitável que os recursos financeiros a serem recebidos pelas


Recuperandas não podem ser objeto da penhora de faturamento por ser seu principal
ativo. A essencialidade de recursos financeiros para o custeio e manutenção de sua
atividade empresarial é bastante clara e óbvia, vez que, caso não tenha acesso à
integralidade dos valores projetados e esperados, não será possível promover a
manutenção da fonte produtora de empregos, renda, receitas, tributos e etc., nos exatos
termos do artigo 47, da Lei 11.101/2005.

3. Contudo, a superação da crise econômico-financeira das


Recuperandas poderá ser prejudicada, caso mantenha-se efetivada a penhora mensal sobre
seu faturamento ou sobre seus recebíveis, eis que sem o seu dinheiro em caixa lhe faltará
capital de giro para manter sua atividade e se reestruturar durante o processamento da
recuperação judicial.

4. Com efeito, a Lei 11.101/2005 deve ser interpretada à luz da


Constituição Federal de 1988 e do art. 5º da Lei de Introdução às normas do Direito
Brasileiro para que, assim, a empresa economicamente viável seja preservada, pois,
embora esteja enfrentando dificuldades financeiras transitórias, a empresa
economicamente viável gera empregos, circula riquezas, produz serviços/ bens e contribui
para o crescimento do país com recolhimento de tributos.

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5. Caso seja realizada a penhora sobre seu faturamento ou


recebíveis, por conseqüência, suas atividades empresais se paralisarão, pois as

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Recuperandas não terão capital de giro para se manter.

6. Importante destacar que quando se cogita a “penhora sobre o


faturamento ou sobre seus recebíveis” apenas se olha o quanto a empresa “ganhou”,
não se leva em consideração o quanto a atividade custa e quanto do seu faturamento
é necessário para “custear” essa atividade, situação esta que leva à realizações de
penhora pautando-se em valores “fictícios” por não corresponder ao verdadeiro
lucro da empresa e, por conseqüência, lesiona gravemente a manutenção da
atividade empresarial.

7. Ademais, as Recuperandas empregam mão-de-obra e caso o exercício


de suas atividades sejam interrompidos, os contratos com seus clientes serão, fatalmente,
rescindidos e, por consequência lógica, ocorrerá sua falência e todas essas pessoas ficarão
sem emprego, sem condições de sustentar suas respectivas famílias, o que não é objetivo
da Lei 11.101/2005.

8. Ressalta-se que não se pode impedir a manutenção da fonte


produtora para satisfazer o interesse de um único Credor, razão pela qual não se pode
permitir a penhora sobre o faturamento ou recebíveis das Recuperandas, sob pena de lhe
causar a falência.

B) DA COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL PARA DECIDIR


ACERCA DO PATRIMONIO DA RECUPERANDA

9. Importante destacar que a constrição pretendida na presente


demanda não comporta amparo legal, eis que não compete ao Juízo da ação autônoma
dispor sobre o ativo das Recuperandas, quer seja o seu faturamento ou recebíveis, sob pena
de inviabilizar a manutenção da atividade econômica, romper com o cumprimento do
plano e levar as Recuperandas à falência.

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10. Nesta esteira, é sabido que as questões pertinentes ao patrimônio da


empresa em recuperação judicial devem ser decididas, exclusivamente, pelo Juízo que

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processa a Recuperação Judicial, excluindo-se qualquer outro, como bem ensina a doutrina:

O juízo da falência ou da recuperação judicial passa então a ser o juízo


universal e indivisível, único competente para conhecer e decidir sobre
ações referentes a bens e interesses do devedor (art. 76)” 1.
“O princípio da indivisibilidade do juízo concursal est| consagrado na lei,
quando preceitua (art. 76) que o juízo da falência e da recuperação é
indivisível e competente para todas as ações e reclamações sobre bens,
interesses e negócios do devedor” 2.

11. Torna-se incompatível a prática de atos executórios contra as


Recuperandas, por outros juízos de processos singulares, simultaneamente à recuperação
judicial, justamente sob pena de inviabilizar a efetiva recuperação da empresa, sendo,
também, neste sentido o entendimento jurisprudencial:

EMENTA: “RECUPERAÇÃO JUDICIAL. JUÍZO UNIVERSAL.


DEMANDAS TRABALHISTAS. PROSSEGUIMENTO.
IMPOSSIBILIDADE.
1 - Há de prevalecer, na recuperação judicial, a universalidade, sob
pena de frustração do plano aprovado pela assembléia de credores,
ainda que o crédito seja trabalhista.
2 - Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo de
Direito da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo
– SP”. (STJ. Conflito de Competência nº 90.504/SP. Relator Ministro
Fernando Gonçalves. Julgado em 25.06.2008).

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO CONFLITO DE POSITIVO DE


COMPETÊNCIA- RECUPERAÇÃO JUDICIAL – EXECUÇÃO FISCAL –
COMPETÊNCIA DO JUÍZO FALIMENTAR – PRECEDENTES DO STJ –
AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.
1. O Juízo universal é o competente para execução dos créditos
apurados nas ações trabalhistas propostas em face da Varig S/A e da
VRG Linhas Aéreas S/A (arrematante da UPV), sobretudo porque, no
que se refere à arrematação judicial da UPV, ficou consignado em
edital, nos termos da Lei 11.101/05, que sua transmissão não
acarretaria a assunção de seu passivo.

1FÜHRER, Maximilianus Cláudio Américo. Roteiro das Recuperações e falências: Lei 11.101/2005- Dec.-lei
7.661/1945. 21ª Ed. Ver. E Atual. São Paulo: Editora Revista dos tribunais, 2008. Pág. 35.

2 FAZZIO JUNIOR, Waldo. Lei de falência e recuperação de empresas. 5ª Ed. São Paulo: Atlas, 2010. Pág. 58.

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2. Embora a execução fiscal, em si, não se suspenda, devem ser


obstados os atos judiciais que reduzam o patrimônio da empresa em
recuperação judicial, enquanto mantida essa condição. Precedente:

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CC 119.970/rs, Rel. Min. Nancy Andrigh (DJe de 20/11/2012); CC
107.448/DF, 2ª Seção, Rel. Min. Luis Felipe Salamão.DJe de
27/10/2009.
3. É vedado a este Tribunal apreciar violação de dispositivo
constitucional, ainda que para fins de prequestionamento.
4. Agravo regimental desprovido. (STJ – AgRg no CC: 87.263 RJ
2007/0155500-2, Relator: Ministro MARCO BUZZI, Data do
Julgamento: 13/08/2014, 2 SEGUNDA SEÇÃO).

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO CONFLITO POSITIVO DE


COMPETÊNCIA. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. DEFERIMENTO. EXECUÇÃO
FISCAL. COMPETÊNCIA DO JUÍZO UNIVERSAL PARA TODOS OS ATOS
QUE ACARRETEM CONSTRIÇÃO PATRIMONIAL. PRECEDENTES.
AGRAVO DESPROVIDO. 1. Nos termos da pacífica jurisprudência da
Segunda Seção desta Corte Superior, embora a execução fiscal não se
suspenda em virtude do deferimento da recuperação judicial, os atos
que importem em constrição do patrimônio da sociedade empresarial
devem ser analisados pelo Juízo Universal, a fim de garantir o princípio
da preservação da empresa. 2. Agravo regimental desprovido.
(STJ - AgRg no CC: 132239 SP 2014/0016499-7, Relator: Ministro
MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Data de Julgamento: 10/09/2014, 2 -
SEGUNDA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 16/09/2014).

EMENTA: CONFLITO DE COMPETÊNCIA. 1. CONFLITO E RECURSO.


A regra mais elementar em matéria de competência recursal é a
de que as decisões de um juiz de 1º grau só podem ser
reformadas pelo tribunal a que está vinculado; o conflito de
competência não pode ser provocado com a finalidade de
produzir, per saltum, o efeito que só o recurso próprio
alcançaria, porque a jurisdição sobre o mérito é prestada por
instâncias (ordinárias: juiz e tribunal; extraordinárias: Superior
Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal). 2. LEI DE
RECUPERAÇÃO JUDICIAL (Lei nº 11.101, de 2005). A Lei nº
11.101, de 2005, não teria operacionalidade alguma se sua aplicação
pudesse ser partilhada por juízes de direito e juízes do trabalho;
competência constitucional (CF, art. 114, incs. I a VIII) e competência
legal (CF, art. 114, inc. IX) da Justiça do Trabalho. Conflito conhecido
e provido para declarar competente o MM. Juiz de Direito da 1ª Vara
Empresarial do Rio de Janeiro. (STJ. Conflito de Competência nº
61.272/ RJ. Relator Ministro Ari Pargendler. Julgado em 25.04.2007).
Grifo nosso.

EMENTA: AGRAVO NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA. JUÍZO DA


EXECUÇÃO FISCAL E JUÍZO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL.
COMPETÊNCIA DO JUÍZO FALIMENTAR PARA TODOS OS ATOS QUE
IMPLIQUEM RESTRIÇÃO PATRIMONIAL. 1. As execuções fiscais
ajuizadas em face da empresa em recuperação judicial não se
suspenderão em virtude do deferimento do processamento da

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recuperação judicial, ou seja, a concessão da recuperação judicial


para a empresa em crise econômico-financeira não tem qualquer
influência na cobrança judicial dos tributos por ela devidos. 2.

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Embora a execução fiscal, em si, não se suspenda, são vedados atos
judiciais que reduzam o patrimônio da empresa em recuperação
judicial, enquanto for mantida essa condição. Isso porque a
interpretação literal do art. 6º, § 7º, da Lei 11.101/05 inibiria o
cumprimento do plano de recuperação judicial previamente
aprovado e homologado, tendo em vista o prosseguimento dos atos
de constrição do patrimônio da empresa em dificuldades financeiras.
3. Agravo não provido.
(STj – AgRg no CC 119.970/RS , Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI,
Data de Julgamento: 28/08/2013, 2 - SEGUNDA SEÇÃO)

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA.


EXECUÇÃO FISCAL E RECUPERAÇÃO JUDICIAL. COMPETÊNCIA DO
JUÍZO UNIVERSAL. 1. O juízo onde se processa a recuperação judicial
é o competente para julgar as causas em que estejam envolvidos
interesses e bens de empresas recuperanda. 2. O deferimento da
recuperação judicial não suspende a execução fiscal, mas os atos de
execução devem-se submeter ao juízo universal. 3. A Lei n.
11.101/2005 visa a preservação da empresa, sua função social e o
estímulo à atividade econômica, a teor de seu art. 47. 4. Agravo
regimental a que se nega provimento.
(STJ - AgRg no CC: 119203 SP 2011/0235354-1, Relator: Ministro
ANTONIO CARLOS FERREIRA, Data de Julgamento: 26/03/2014, S2 -
SEGUNDA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 03/04/2014).

EMENTA: “AGRAVO DE INSTRUMENTO - RECUPERAÇÃO JUDICIAL


- SUSPENSÃO DAS AÇÕES E EXECUÇÕES CONTRA A EMPRESA
RECUPERANDA - LIBERAÇÃO DE VALORES PENHORADOS NAS
EXECUÇÕES - UNIVERSALIDADE DO JUÍZO FALIMENTAR -
IMPOSSIBILIDADE DE SE PRIVILIGIAR CRÉDITOS INDIVIDUAIS –
DECISÃO. MANTIDA.
A suspensão prevista no art. 6º da Lei de Falências e Recuperação de
Empresas é consectário do princípio da universalidade do Juízo
falimentar e se justifica, assim como a liberação de valores
bloqueados nas ações individuais, porque o exercício da
execução singular é incompatível com os objetivos da
recuperação judicial das empresas”. (TJMG. Agravo de
Instrumento nº 0137122-67.2013.8.13.0000. Relator
Desembargador Fernando Caldeira Brant. 5ª Câmara Cível. Julgado
em 20/06/2013). Grifo Nosso.

EMENTA: “CONFLITO DE COMPETÊNCIA – RECUPERAÇÃO


JUDICIAL - SUSPENSÃO DAS AÇÕES E EXECUÇÕES CONTRA O
DEVEDOR - COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA RECUPERAÇÃO -
PRINCÍPIO DA PRESERVAÇÃO DA EMPRESA - CONFLITO
CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.

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1 - A competência para processar e julgar as ações e execuções


suspensas por força do art. 6º, caput, da Lei 11.101/05 é do juízo da
recuperação judicial, ainda que iniciadas antes do deferimento

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daquele pedido, ressalvadas as hipóteses legais, que não se verificam
no caso concreto.
2 - O princípio da preservação da empresa, insculpido no art. 47 da
Lei de Recuperação e Falências, preconiza que "A recuperação
judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise
econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da
fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos
credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função
social e o estímulo à atividade econômica". Motivo pelo qual, sempre
que possível, deve-se manter o ativo da empresa livre de constrição
judicial em processos individuais.
3 - O destino do patrimônio da empresa-ré em processo de
recuperação judicial não pode ser atingido por decisões prolatadas
por juízo diverso daquele da Recuperação, sob pena de prejudicar o
funcionamento do estabelecimento, comprometendo o sucesso de
seu plano de recuperação.
4. A questão jurídica aventada no Agravo Regimental assemelha-se
ao mérito do Conflito de Competência, razão porque o julgamento
deste, implica na prejudicialidade daquele.
5. Precedentes: CC 90.075/SP, Rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa, DJ de
04.08.08; CC 88661/SP, Rel. Min, Fernando Gonçalves, DJ 03.06.08.
(STJ - CC 79170 / SP - Rel. Ministro CASTRO MEIRA - DJe
19/09/2008).
6. Conflito de Competência conhecido e parcialmente provido.
Agravo Regimental Prejudicado”. (STJ. Conflito de Competência nº
101.552/ AL. Relator Ministro Honildo Amaral de Mello Castro.
Julgado em 23.09.2009).

EMENTA: “PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO POSITIVO DE


COMPETÊNCIA. JUÍZO DE DIREITO DE VARA DE FALÊNCIAS E
RECUPERAÇÕES JUDICIAIS E JUÍZO DE DIREITO DE VARA CÍVEL.
RECUPERAÇÃO JUDICIAL. AÇÃO DE EXECUÇÃO. MONTANTE
APURADO. HABILITAÇÃO NO JUÍZO DA RECUPERAÇÃO. ART. 6º,
§ 2º, DA LEI N. 11.101/2005. ATOS DE NATUREZA EXECUTIVA.
ALIENAÇÃO DE ATIVOS E PAGAMENTOS DE CREDORES.
COMPETÊNCIA DO JUÍZO DE DIREITO DA VARA DE FALÊNCIAS E
RECUPERAÇÕES JUDICIAIS. PRECEDENTES DO STJ”. (STJ. Conflito
de Competência nº 104.536-SP. Relator Ministro João Otávio de
Noronha. Julgado em 16.05.2011).

EMENTA: “PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA.


AGRAVO REGIMENTAL. JUÍZO DE DIREITO E JUÍZO DO
TRABALHO. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. RECLAMAÇÃO
TRABALHISTA. ATOS DE EXECUÇÃO. MONTANTE APURADO.
SUJEIÇÃO AO JUÍZO RECUPERAÇÃO JUDICIAL. ART. 6º, § 4º, DA
LEI N. 11.101/05. RETOMADA DAS EXECUÇÕES INDIVIDUAIS.

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AUSÊNCIA DE RAZOABILIDADE. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA


ESTADUAL. DECISÃO AGRAVADA MANTIDA.
1. Com a edição da Lei n. 11.101, de 2005, respeitadas as

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especificidades da falência e da recuperação judicial, é competente o
respectivo Juízo para prosseguimento dos atos de execução, tais
como alienação de ativos e pagamento de credores, que envolvam
créditos apurados em outros órgãos judiciais, inclusive trabalhistas,
ainda que tenha ocorrido a constrição de bens do devedor.
2. Se, de um lado, há de se respeitar a exclusiva competência da
Justiça laboral para solucionar questões atinentes à relação do
trabalho (art. 114 da CF); por outro, não se pode perder de vista que,
após a apuração do montante devido ao reclamante, processar-se-á
no juízo da recuperação judicial a correspondente habilitação, ex vi
dos princípios e normas legais que regem o plano de reorganização
da empresa recuperanda.
3. A Segunda Seção do STJ tem entendimento jurisprudencial firmado
no sentido de que, no estágio de recuperação judicial, não é razoável
a retomada das execuções individuais após o simples decurso do
prazo legal de 180 dias de que trata o art. 6º, § 4º, da Lei n.
11.101/05.
4. Decisão agravada mantida por seus próprios fundamentos.
5. Agravo regimental desprovido”. (STJ. AgRg no Conflito de
Competência nº 110/287/SP. Relator Ministro João Otávio de
Noronha. Julgado em 24.03.2010).

12. Inclusive, destaca-se que o Egrégio Tribunal de Justiça do Estado


de São Paulo, constantemente, tem afastado “penhoras sobre faturamento” feitas em
desfavor de empresas em recuperação judicial, especialmente em razão da
competência para dispor sobre o patrimônio das Recuperandas ser do Juízo da
Recuperação Judicial:

Ementa: “AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO FISCAL.


EXECUTADA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. Decisão
agravada que determinou a penhora de 5% sobre o
faturamento líquido da devedora. Inadmissibilidade. Ato
constritivo que pode inviabilizar a recuperação judicial da
executada e, por isso, deve ser submetido à análise do
Juízo Universal, em homenagem ao princípio da
preservação da empresa e manutenção da atividade
econômica. Precedentes do STJ e desta Corte. Recurso
provido”. (TJSP. Agravo de Instrumento nº 2084007-
32.2016.8.26.0000. Relator Desembargador Osvaldo de
Oliveira. Comarca: Limeira. Órgão julgador: 12ª Câmara de
Direito Público. Data do julgamento: 10/08/2016).

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Ementa: “AGRAVO DE INSTRUMENTO – Execução fiscal – Empresa


em recuperação judicial – Atos constritivos na execução fiscal que
podem inviabilizar a recuperação judicial da executada –

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1003745-84.2016.8.26.0462 e código 2A33321.
Competência do Juízo falimentar – Precedentes do STJ e desta Corte.
RECURSO NÃO PROVIDO. As execuções fiscais ajuizadas em face da
empresa em recuperação judicial não se suspenderão em virtude do
deferimento do processamento da recuperação judicial, ou seja, a
concessão da recuperação judicial para a empresa em crise
econômico-financeira não tem qualquer influência na cobrança
judicial dos tributos por ela devidos. Embora a execução fiscal, em si,
não se suspenda, são vedados atos judiciais que reduzam o
patrimônio da empresa em recuperação judicial, enquanto for
mantida essa condição. Isso porque a interpretação literal do art. 6º,
§ 7º, da Lei 11.101/05 inibiria o cumprimento do plano de
recuperação judicial previamente aprovado e homologado, tendo em
vista o prosseguimento dos atos de constrição do patrimônio da
empresa em dificuldades financeiras (STJ, CC 116213/DF, rel. Min.
Nancy Andrighi, j. 28/09/2011, DJe 05/10/2011)”. (TJSP. Agravo de
Instrumento nº 2170645-68.2016.8.26.0000. Relator
Desembargador Vicente de Abreu Amadei. Comarca: Porto
Feliz. Órgão julgador: 1ª Câmara de Direito Público. Julgado em
13/09/2016).

Ementa: “Agravo de Instrumento. Decisão que, em Execução


Fiscal movida pela Fazenda Estadual contra a ora agravante,
deferiu penhora sobre 10% (dez por cento) de seu faturamento
mensal. Muito embora prossiga a execução contra empresa sob
recuperação judicial, caso da executada, não se haverão em
princípio de praticar atos que "comprometam o patrimônio do
devedor ou excluam parte dele do processo de recuperação
judicial", resultado ao qual parece tender a penhora ordenada
em primeiro grau. Recurso provido para cassar a r. decisão,
confirmada a liminar. (TJSP. Agravo de Instrumento nº
2063254-54.2016.8.26.0000. Relator Desembargador Aroldo
Viotti. Comarca: Americana. Órgão julgador: 11ª Câmara de
Direito Público.. Julgado em 26/07/2016).

Ementa: “Penhora de faturamento – Indeferimento – Empresa


executada em recuperação judicial - Inconformismo insistindo
na pretensão deduzida – Hipótese em que não se divisa a
existência de crédito extraconcursal - Competência do Juízo da
recuperação para a prática de atos que interfiram no
cumprimento do plano – Precedentes jurisprudenciais –
Decisão mantida – Recurso improvido”. (TJSP. Agravo de
Instrumento nº 2225835-50.2015.8.26.0000. Relator
Praça Dom José Gaspar, 134, 14º andar, conjunto 142, Rep ública
CEP.: 01047-010, São Paulo/SP - PABX. (011) 3120 2093
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Desembargador Mario de Oliveira. Comarca: Itapecerica da


Serra. Órgão julgador: 19ª Câmara de Direito Privado. Julgado
em 16/05/2016).

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Ementa: “AGRAVO DE INSTRUMENTO – EXECUÇÃO FISCAL -
Insurgência contra r. decisão proferida nos autos de execução
fiscal, que determinou o leilão de bens penhorados da empresa
executada, que está em recuperação judicial. Plano de
recuperação judicial da empresa executada não suspende as
execuções fiscais em curso, mas impede atos de alienação do
patrimônio do devedor, sem prévia decisão sobre o assunto
pelo Juízo da Recuperação Judicial. Precedentes do Colendo STJ
e desta 13ª. Câmara de Direito Público. R. Decisão reformada.
RECURSO PROVIDO, com observação. (TJSP. Agravo de
Instrumento nº 2081964-25.2016. Relatora Desembargadora:
Flora Maria Nesi Tossi Silva. Comarca: Mogi-Guaçu. Órgão
julgador: 13ª Câmara de Direito Público. Julgado em
27/07/2016).

Ementa: “PENHORA – Constrição de 10% da renda da


empresa executada – Descabimento - Executada em
recuperação judicial – Crédito formado posteriormente à
distribuição do pedido de recuperação não está sujeito aos seus
efeitos – Inteligência do art. 49 da Lei 11.101-2005 –
Restrição, porém, quanto aos atos de constrição e alienação no
sentido de preservação da empresa – Precedente do STJ –
Penhora de 10% do faturamento da executada –
Inadmissibilidade – Ausência de diligências da exequente no
sentido de localizar bens passíveis de penhora, sendo
injustificada a medida mais gravosa - Recurso provido”. (TJSP.
Agravo de Instrumento nº 2174306-89.2015.8.26.0000. Relator
Desembargador Álvaro Torres Júnior. Comarca: Jundiaí. Órgão
julgador: 20ª Câmara de Direito Privado. Julgado em
01/02/2016).

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13. A respeito do tema, o Doutrinador Arnoldo Wald organizou o livro


“Doutrina Essenciais - Direito Empresarial, Vol. VI, Recuperação Empresarial e Falência,

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Editora Revista dos Tribunais”, e incluiu na obra um parecer proferido pela renomada
jurista Teresa Arruda Alvim Wambier3, a qual explicou que os atos para a satisfação de
créditos contra empresas em Recuperação Judicial não são de competência do Juízo da ação
autônoma, mas sim do Juízo da Recuperação Judicial:

“As questões atinentes { realização do crédito frente { empresa em


recuperação judicial, por sua vez, não são de competência da Justiça
Trabalhista, mas da Justiça estadual especializada em falências e
recuperação judicial”.

14. Insta ressaltar que as Recuperandas acumularão um grave


prejuízo, pois, no atual momento, além das suas despesas do dia-a-dia, a Recuperanda
está se reestruturando para apresentar um plano de pagamento apto a lhe retirar da
crise em que se encontra, sendo que, se efetivada a penhora determinada, lhe faltará
fluxo de caixa e lhe impossibilitará a manutenção da atividade, bem como a
apresentação de um efetivo plano recuperacional.

15. Assim, diante do entendimento majoritário da doutrina e


jurisprudência, qualquer Juízo que não seja o competente para tratar da própria
Recuperação Judicial, não pode realizar a penhora efetivada por se tratar do
principal ativo das Recuperandas, motivo pelo qual se faz necessário a abstenção de
práticas de atos de constrição sob o patrimônio das Recuperandas, eis que o destino
de tal patrimônio cabe ser analisado pelo Juízo da recuperação judicial, permitindo
que as Recuperandas permaneçam operando e exercendo suas atividades
empresariais.

3
WAMBIER, Teresa Arruda Alvim. Direito Empresarial: falimentar e recuperação empresarial. Vol. 6. Arnaldo
Wald, organizador. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011. Pág. 873/893.
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C) DA FUNÇÃO SOCIAL DA EMPRESA, DO PRINCÍPIO DA PRESERVAÇÃO DA


EMPRESA E DOS PRINCÍPIOS PROCESSUAIS

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16. A respeito da dimensão social e dos interesses que uma empresa
envolve, explica o ilustre jurista Fábio Konder Comparato:

“Se se quiser indicar uma instituição social que, pela sua influência,
dinamismo e poder de transformação, sirva como elemento
explicativo e definidor da civilização contemporânea, a escolha é
indubitável: essa instituição é a empresa. É dela que depende,
diretamente, a subsistência da maior parte da população ativa deste
país, pela organização do trabalho assalariado. É das empresas que
provém a grande maioria dos bens e serviços consumidos pelo povo,
e é delas que o estado retira a parcela maior de suas receitas fiscais”4.

17. No presente caso, as Recuperandas cumprem a função social da


empresa, por empregar mão-de-obra, por desenvolver sua atividade empresarial na área
da telecomunicação e tecnologia da informação, por manter relações empresarias com
fornecedores e com investidores financeiros, gerando renda a terceiros, ao mercado
econômico e ao Fisco, devendo ser afastada a adoção de medida gravosa que prejudicará a
efetiva superação da crise econômico-financeira da empresa.

18. É cediço que o objetivo da Recuperação Judicial é recuperar a empresa


viável que se encontra momentaneamente em crise econômico-financeira, como é o
presente caso.

19. Por outro lado, na medida em que a penhora é um ato de natureza


processual, referido ato deve ser realizado de acordo com os ditames legais, pautando-se
nos princípios orientadores do sistema jurídico brasileiro.

4A Reforma da Empresa. Revista de Direito Mercantil. São Paulo: Revista dos Tribunais. Nº 50. Pág. 57.
Abr/Jun. 1983.
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20. Assim, é fundamental que a realização da penhora seja norteada pelo


Princípio da Preservação da Empresa a fim de que o ato de constrição não impeça a

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continuidade da atividade empresarial, nesta esteira explicam os doutrinadores Bruno
Garcia Redondo e Mário Vitor Suarez Lojo:

“Cabe ao magistrado, portanto, ponderar os valores envolvidos,


evitando medidas constritivas que possam redundar no desencontro
econômico-financeiro da atividade empresarial e no prejuízo
demasiado do executado, o que, certamente, ofende o princípio da
menor onerosidade da execução (art. 620 do CPC)” 5.

21. No caso em comento, as Recuperandas sofrerão a constrição de seu


principal ativo, qual seja seu faturamento e recebíveis, que arruinará suas atividades
empresariais.

22. Importante destacar que a penhora pretendida violará o artigo 805 do


Novo Código de Processo Civil, pois será realizada de forma mais gravosa às Recuperandas
Executadas.

23. Para as atividades da empresa se faz imprescindível a utilização de


recursos financeiros em caixa, bem como se organizar para reestruturar suas atividades e
apresentar um plano de recuperação judicial eficiente.

24. O professor Daniel Carnio Costa6, em sua obra Execução no Processo


Civil Brasileiro, ensina que a ação de execução deve ser aplicada com cautela e
razoabilidade, tendo-se em vista os malsinados efeitos provenientes dos excessos de
execução e constrição, pois um dos arquétipos fundamentais do processo de execução é a
satisfação do direito do credor, limitada à forma menos gravosa ao devedor, in verbis:

"A execução se faz no interesse do credor, mas, quando por vários meios puder
ser obtida a satisfação do credor, o juiz mandará que a execução se faça pelo
modo menos gravoso ao devedor (art. 620)."

5 GARCIA, Bruno Redondo. LOJO, Mário Vitor Suarez. Penhora: exposição sistemática do proedimento, de
acordo com as Leis 11.232/05 e 11.382/06, bens passíveis de penhora, impenhorabilidade absoluta, relativa
e o bem de residência. Coleção Professor Arruda Alvim. São Paulo: Método, 2007. Pág. 43.
6 Carnio Costa, Daniel, in Execução no Processo Civil Brasileiro, Editora Juruá, 3ª edição, 2010, Paraná, página

35.
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25. Em sintonia com as lições acima transcritas, também é o


entendimento de Humberto Theodoro Júnior7 que, por sua vez, entende que toda execução

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deve ser econômica, operando-se pela forma que menos prejudicar o executado:

"Toda execução deve ser econômica, isto é, deve realizar-se da forma que
satisfazendo o direito do credor, seja menos prejudicial possível ao devedor.
Assim, quando por vários meios o credor puder promover a execução, o juiz
mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o devedor."

26. Não destoa dos demais, o pensamento de Araken de Assis8, pois o


executado (Recuperanda) deve cumprir com suas obrigações, porém, para tanto não pode
ser levado a sacrificio:

"Estatuindo que a execução é econômica, evitando maiores sacrificios ao


devedor que os exigidos pelo resultado, o art. 620 apenas enuncia princípio
que governa a intimidade dos meios executórios."

27. Ora Excelência, conforme as lições trazidas à baila, não restam duvidas
de que os atos executórios devem respeitar os Princípios da Menor Onerosidade e da
Razoabilidade, pois acometer a devedora (Recuperanda) a medidas que lhe sacrificarão,
causando-lhe prejuízos, é ato ilegal e abusivo que deve ser escorraçado do ordenamento
jurídico.
28. O caso em tela deve ser tratado com maior delicadeza, vez que as
Devedoras são empresas que se encontram em Recuperação Judicial, protegidas, portanto,
pelo princípio da preservação da atividade empresarial, previsto no artigo 47, da Lei nº
11.101/2005.

7 Theodoro Júnio, Humberto in Processo de Execução e Cumprimento de Sentença, Editora Leud, 25ª edição,
São Paulo, 2008, página 65.
8 Assis, Araken, in Manoal da Execução, Editora Revista dos Tribunais, 11ª edição, São Paulo, 2007, página

102.
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29. A corroborar a assertiva de que não deve subsistir a ordem de


penhora sobre o faturamento, oportuno fazer a ressalva do entendimento do Egrégio

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Superior Tribunal de Justiça de que o Estado-juiz tem o dever de analisar, interpretar,
temperar e aplicar todas as regras jurídicas previstas em tese, com vista ao alcance da
finalidade e tutela jurisdicional, que no caso é a preservação da empresa com sua função
social, restabelecendo sua reestrutura econômico financeira, ainda que para isso tenha-se a
suspensão indireta da pretensão executiva do crédito fiscal, nestes termos:

RECURSO ESPECIAL. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. TRANSFERÊNCIA


DEVALORES LEVANTADOS EM CUMPRIMENTO DE PLANO
HOMOLGADO.GARANTIA DE JUÍZO DE EXCUÇÃO FISCAL EM
TRÂMITESIMULTÂNEO. INVIABILIZAÇÃO DO PLANO DE
RECUPERAÇÃOJUDICIAL.
1. As execuções fiscais ajuizadas em face da empresa em recuperação
judicial não se suspenderão em virtude do deferimento do processamento
da recuperação judicial ou da homologação do plano aprovado, ou seja, a
concessão da recuperação judicial para a empresa em crise econômico-
financeira não tem qualquer influência na cobrança judicial dos tributos por
ela devidos.
2. EMBORA A EXECUÇÃO FISCAL, EM SI, NÃO SE SUSPENDA,
SÃO VEDADOS ATOS JUDICIAIS QUE INVIABILIZEM A
RECUPERAÇÃO JUDICIAL, AINDA QUE INDIRETAMENTE
RESULTE EM EFETIVA SUSPENSÃO DO PROCEDIMENTO
EXECUTIVO FISCAL POR AUSÊNCIA DE GARANTIA DE JUÍZO.
3. Recurso especial não provido.
(STJ - Recurso Especial nº 1.166.600, Relator Ministra Nancy Andrighi,
DJ 04.12.2012)(destaque nosso)

53. No mesmo sentido foi o voto proferido em sede de Conflito de


Competência nº 132.797/PE, Relator Raul Araújo, julgado em 17.11.2014:

“Dessa forma, em razão das decisões do Superior Tribunal de Justiça,


a execução fiscal fica paralisada, ainda que
na prática,
indiretamente, pela recuperação judicial até que o
respectivo plano chegue a seu termo, sem a resolução
dos débitos tributários. Com isso, terá ocorrido uma inversão
na ordem de pagamento estabelecida pela Lei de Recuperação e
Falências e pelo Código Tributário Nacional, pois os credores
quirografários terão recebido antes da Fazenda Pública. Vale dizer, a
satisfação do crédito tributário, res publica em essência, terá ficado à
mercê da vontade dos credores privados da empresa em recuperação.”
(destaque nosso).

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fls. 2323

54. E, também:
RECURSO ESPECIAL. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. SUSPENSÃO INDIRETA
DA EXECUÇÃO FISCAL. INTERESSE DA UNIÃO. CONDIÇÃO EXCEPCIONAL

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DE TERCEIRO INTERESSADO.
1. As execuções fiscais ajuizadas em face da empresa em crise econômico-
financeira não sofrem interferência em virtude do processamento da
recuperação judicial.
2. Existente, contudo, interesse da Fazenda Nacional em sustentar a
imprescindibilidade de juntada de certidões de regularidade tributária para
a homologação do Plano de Recuperação, admite-se o Recurso de Terceiro
prejudicado por parte da Fazenda Nacional, devendo ser provido o recurso
especial para que a necessidade, ou não, da juntada de aludida certidão seja
enfrentada pelo Tribunal de origem. 3. Recurso especial provido.
(STJ – RESP 1.053.883, Relator Ministra Nancy Andrighi, 3ª Turma, DJ
11.06.2013)

55. Da ementa supracitada, válido destacar parte das razões do voto:

é que se deve analisar, interpretar, temperar e


“(...) –
aplicar todas as regras jurídicas previstas em tese
para as empresas em recuperação judicial, conforme
se depreende da leitura do art. 47 da Lei nº 11.101/05.
Embora as regras e princípios agasalhados pela Lei de
Recuperação de Empresas não conflitem, em abstrato,
com as regras e princípios de direito tributário, é
inegável o estado de tensão constante entre eles.
Dessa tensão eclodem conflitos de normas e princípios
emergentes a partir de circunstâncias concretas.
Nessas situações, exige-se da atuação judicial mais do
que a aplicação automática de regras, devendo-se
ponderar, a partir dos resultados vislumbrados, por
sua aplicação ou afastamento excepcional.
(...)
Entretanto, há oportunidades em que as circunstâncias concretas
impõem o contato e a interferência mútua entre essas duas vias.
Nessas hipóteses o julgador deve ter a sensibilidade e
a razoabilidade para reconhecer a excepcionalidade
da situação, que também deverá ser decidida, ainda que com o
afastamento temporário de regras, como decidido no acórdão do REsp
nº 1.166.600/RJ.
(...)
Vale ainda ressaltar que o juízo competente não é
mero chancelador de decisões dos credores. Ao
contrário, sua autuação deve ser efetiva, prevenindo
desequilíbrios decorrentes do poderio econômico
envolvido”.

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fls. 2324

56. Depreende-se que a função do Magistrado é muito além de


observância da norma prescrita, mas diante da norma prescrita alcançar a finalidade da

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mesma. No caso em apreço não atende à finalidade de alcance da recuperação e superação
da crise financeira das Recuperandas a determinação de penhora sobre seu faturamento e
de seus recebíveis, visto que compromete a efetiva recuperação judicial.

57. Ademais, conforme denota-se do teor da uníssona jurisprudência


da Corte Especial, para que não haja dissonância do alcance da finalidade de
recuperação e de permanência da função social da empresa, a exigência da rês
pública poderá ser suspensa indiretamente pela recuperação judicial até que o
respectivo plano chegue a seu termo.

58. Assim, pautado no fundamento da menor onerosidade e em


consonância com a jurisprudência da Corte Especial, é importante o afastamento da ordem
de penhora sobre o faturamento e recebíveis das Recuperandas:

AGRAVO REGIMENTAL NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA.EXECUÇÃO


FISCAL E RECUPERAÇÃO JUDICIAL. COMPETÊNCIADO JUÍZO
UNIVERSAL.
1. O juízo onde se processa a recuperação judicial é o competente
para julgar as causas em que estejam envolvidos interesses e
bens de empresas recuperandas.
2. O deferimento da recuperação judicial não suspende a execução
fiscal, mas os atos de execução devem-se submeter ao juízo
universal.
3. A Lei n. 11.101/2005 visa a preservação da empresa, sua função
social e o estímulo à atividade econômica, a teor de seu art. 47.4.
Agravo regimental a que se nega provimento.
(STJ - AgRg no CC 119.203/SP, Rel. Ministro Antônio Carlos
Ferreira, 2ªSeção, DJe de 03.04.2014)

59. Dessa forma, em observância à função social que a Recuperanda


exerce na sociedade, em atendimento ao artigo 805 do Novo Código de Processo Civil, e em
observância aos Princípios da Preservação da Empresa e da Menor Onerosidade, se faz
necessário o afastamento da penhora sobre o faturamento e recebíveis das
Executadas em recuperação judicial.

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D) DA VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE E DA EFICIÊNCIA

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30. Os princípios que devem nortear os atos administrativos estão
previstos na Carta Magna, em seu artigo 37, de cuja redação destaca-se:

“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes


da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte: (...)”.

31. Dentre os princípios elencados, oportuno ressaltar o da eficiência,


traduzido pela doutrina como o princípio da boa administração9, pois, a medida pode
parecer para a Administração ser eficiente, já que condiciona o pagamento dos demais
credores, ou seja, o plano de recuperação ao adimplemento da obrigação tributária,
entretanto, os efeitos causados serão de forma negativa.

32. O saudoso Hely Lopes Meireles10, citando as palavras de Vladimir da


Rocha França discorre que:
“O princípio da eficiência exige que a atividade administrativa seja
exercida com presteza, perfeição e rendimento funcional. É o mais
moderno princípio da função administrativa, qual já não se contenta em
ser desempenhada apenas com legalidade, exigindo resultados
positivos para o serviço público e satisfatório rendimento das
necessidades da comunidade e de seus membros”.

33. Oportuno também citar a lição do Ministro Gilmar Ferreira Mendes


em sua obra “Moreira Alves e o controle de Constitucionalidade no Brasil” (Ed. Celso Bastos,
2.000, pg. 107) e as considerações de Helenilson Cunha Pontes (in O Princípio da
Proporcionalidade e o Direito Tributário, Ed. Dialética, pg. 40/41):

“Um juízo definitivo sobre a sobre a proporcionalidade ou


razoabilidade da medida há de resultar da rigorosa ponderação entre
o significado da intervenção para o atingido e os objetivos perseguidos
pelo legislador (proporcionalidade ou razoabilidade em sentido
estrito).”

9
MELLO, Celso Antonio Bandeira de, Curso de Direito Administrativo, editora Malheiros, 23ª edição, 2007, p. 118.
10
MEIRELES, Hely Lopes, Direito Administrativo Brasileiro, editora Malheiros, 34ª edição, 2008, p.98.
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fls. 2326

“Necess|rio que se afirme contra o Estado, e a favor dos indivíduos, a


positividade do princípio da proporcionalidade, como garantia ontológica ao
próprio Estado Democrático, a funcionar como permanente obstáculo

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contra o arbítrio estatal, sobretudo quando o Estado avança sobre as
liberdades individuais a pretexto de realizar objetivos aparentemente
constitucionais.
Neste sentido, é que se pode reconhecer no princípio da proporcionalidade
um princípio em sentido estrito por consubstanciar a garantia
constitucional maior dos cidadãos contra o arbítrio estatal no exercício do
poder, mesmo quando este exercício possa revestir a aparência de
legalidade. A regra jurídica para ser constitucional deve, antes de mais
nada, ser proporcional aos fins que objetiva alcançar, os quais
necessariamente devem estar em sintonia com os objetivos
constitucionalmente almejados.”

34. Sábias as palavras da renomada doutrina, pois a Administração


Pública deve prezar pelos princípios norteadores de seus atos, imperiosa é a sua aplicação
consoante se depreende da assertiva de que os atos de eficiência exigem resultados
positivos para o serviço público e satisfatório rendimento das necessidades da
comunidade e de seus membros.

35. Denota-se que não há nada de eficiência nas contrições realizadas e


nas que se buscam fazer, isso se verifica pelas consequências negativas que se pode
vislumbrar diante da eventualidade do deferimento, ou seja, tal ato não irá contribuir para
que a sociedade possa se reerguer economicamente, muito pelo contrário, poderá reduzi-la
à falência.

36. Pretender o cumprimento da obrigação tributária (não sujeita à


recuperação judicial) juntamente com a recuperação judicial), sem a criação do
parcelamento fiscal específico, além de não prezar pela eficiência, também deixa de
prezar pela razoabilidade, esculpido, à título de ilustração ao caso, no artigo 805 do
Novo Código de Processo Civil.

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37. Em que pese a Fazenda Pública fundamentar o seu requerimento em


dispositivo de lei, esta não é suficiente para que o pleito seja alcançado, eis que é contrário

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aos princípios pelos quais se busca alcançar objetivos, que é a recuperação da empresa, o
que no caso sub examine é muito maior do que a pretensão fazendária em receber o
adimplemento de seu crédito.

38. Vale mencionar decisão da Corte Especial que fora firmada sob os
princípios da razoabilidade e proporcionalidade, in verbis:

PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. OMISSÃO. ALEGAÇÃO GENÉRICA.


SÚMULA 284/STF. PROGRAMA DE PARCELAMENTO. EXCLUSÃO.
OBSERVÂNCIA DA FINALIDADE DA NORMA. PRINCÍPIO DA
RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. CABIMENTO.
PRECEDENTES. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO. BOA-FÉ DO CONTRIBUINTE.
SÚMULA 7/STJ. RECURSO ESPECIAL NÃO CONHECIDO.
(STJ - Recurso Especial nº 1.489.490, Relator Ministro Humberto Martins, DJ
17.12.2014)

39. Para melhor elucidação, destaca-se parte do teor do voto:

“Com efeito, cabe destacar, a priori, que o STJ reconhece a viabilidade de


incidir os princípios da razoabilidade e proporcionalidade no âmbito dos
parcelamentos tributários, quando tal procedência visa evitar práticas
contrárias à própria teleologia da norma instituidora do benefício fiscal,
mormente se verificada a boa-fé do contribuinte e a ausência de prejuízo do
erário.
(...)
A Corte de origem, com base na análise dos autos, concluiu que a exclusão
do contribuinte do programa de parcelamento mostra-se desarrazoada e
desproporcional, porquanto contrária à finalidade do programa
arrecadatório, pois quem deu causa à dificuldade no adimplemento das
parcelas no prazo legal foi a Fazenda Pública, estando comprovada a boa-fé
da empresa e a ausência de prejuízo ao Fisco. Assim, não pode esta Corte
modificar tal entendimento, por esbarrar no óbice da Súmula 7/STJ”.

40. A r. decisão pautou-se pela teleologia da norma, bem como pelos


princípios da razoabilidade e proporcionalidade, os quais, aplicando-se ao caso em apreço,
não se mostra eficiente a pretensão Fazendária, pois o adimplemento do crédito tributário
por meio de constrição de dinheiro das Recuperandas, além de infringir dispositivo legal,
acarretará a falência das empresas e inviabilizará futura arrecadação.

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41. Dessa forma, nas condições de dificuldade financeira que lhe


acarretaram no ingresso da ação de recuperação judicial, desarrazoada e desproporcional é

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pretender o recebimento de seus créditos por meio da constrição de dinheiro, principal
ativo das Recuperandas e fundamental para o soerguimento das Recuperandas, devendo
ser afastados os atos de constrição sobre o faturamento e recebíveis das Executadas em
Recuperação Judicial.

E) CONSIDERAÇÕES FINAIS

42. Diante do exposto, os ativos financeiros, quais quer sejam são, sem
sombra de dúvidas, essenciais para o pleno desenvolvimento das atividades empresariais.

43. Impende destacar que, caso mantenha-se a absurda penhora de


faturamento/recebíveis, determinada pelas malsinadas decisões proferidas nos autos dos
processos de execução fiscal em trâmite perante o Fórum da Comarca de Poá/SP, restará
prejudicada a presente recuperação judicial.

44. Outrossim, esta Administradora Judicial sugere que seja desfeita a


penhora sobre o faturamento e recebíveis das Recuperandas, eis que obtiveram o
deferimento do processamento da recuperação judicial há pouco tempo, estando o
processo no período de “180 dias” destinados { reestruturação da empresa e suspensão do
pagamento de todas as dívidas para que as empresas ganhem “fôlego” para se reorganizar
a apresentar um plano de recuperação judicial efetivo, bem como, a competência para
dispor sobre o patrimônio das Recuperandas é do Juízo da Recuperação Judicial, aos
Princípios da Preservação da Empresa, da Menor Onerosidade, da Razoabilidade e
Eficiência.

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45. Por fim, esta Administradora Judicial permanece à disposição para


demais esclarecimentos que se façam necessários.

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São Paulo, 13 de Dezembro de 2016

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