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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MARA IZA PEREIRA PISANI e Tribunal de Justica do Estado de Sao

Paulo, protocolado em 16/02/2021 às 12:39 , sob o número 10023535520218260003.


(e-STJ Fl.1)
fls. 1

ADVOGADOS

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ª VARA CÍVEL DO FORO


REGIONAL DO JABAQUARA DA COMARCA DE SÃO PAULO - SP.

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1002353-55.2021.8.26.0003 e código D3887E1.
PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA
PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO
AUTOR ESTÁ COM 75 (SETENTA E CINCO) ANOS DE IDADE

CARLOS MATIAS KOLB, brasileiro, casado, aposentado, portador da


cédula de identidade RG nº 3.320.706-9 SSP/SP, inscrito no CPF/MF sob o nº 048.292.808-59,
residente e domiciliado na Avenida General Leite de Castro, 549, Jardim Santa Cruz, São Paulo - SP,
CEP: 04182-020, por seus advogados que esta subscrevem (doc. 01), vem, respeitosamente, à
presença de Vossa Excelência propor a presente ação de

PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL

em face de BANCO PAN S/A, instituição financeira de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob o nº
59.285.411/0001-13, com sede na Avenida Paulista, 1.374, 12º andar, Bela Vista, São Paulo - SP,
CEP: 01310-000, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos.

I. DA JUSTIÇA GRATUITA.

O Autor está aposentado, sobrevivendo de módicos valores mensais oriundos de seus


proventos da aposentadoria, conforme pode-se constar em seu demonstrativo de crédito de
benefícios do INSS anexo (doc. 02), motivo pelo qual não possui condições de arcar com o
pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios sem que isto implique em prejuízo
de seu próprio sustento e de toda a sua família.

Dessa forma, de acordo com o que dispõe o artigo 99, § 3º, do Código de
Processo Civil, basta a afirmação de que não possui condições de arcar com as custas e
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honorários sem que isto implique em prejuízo de seu próprio sustento e de sua família,
que se presumirá verdadeira a alegação, assim a teor do que dispõe o artigo 4º da Lei 1.060/50,
o Autor assinou declaração de hipossuficiência (doc. 03), para que lhe seja deferido o benefício da
gratuidade processual, sujeitando-se, dessa forma, às penas da Lei.

Dalcin e Pisani Advogados


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São Paulo - SP, CEP: 01419-002
Telefone: (11) 3112-2376
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(e-STJ Fl.2)
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ADVOGADOS

Corroborando o quanto alegado, o Autor anexa o seu último holerite referente ao


recebimento de sua aposentadoria proporcional como servidor estadual (doc. 04), o qual
demonstra a necessidade de obtenção da justiça gratuita.

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Portanto, ante as circunstâncias apresentadas, necessária se faz a concessão dos
benefícios da Justiça Gratuita ao Autor, com fulcro no artigo 5º, LXXIV da Constituição Federal
c/c artigo 2º, parágrafo único, da Lei n.º 1.060/50, o que desde já requer.

II. DOS FATOS.

Em 09.05.2012 as partes celebraram o contrato bancário para compra de imóvel


residencial nº 00000.010875.1-6, por meio do qual foi concedido ao Autor crédito no valor de R$
150.308,90 (cento e cinquenta mil, trezentos e oito reais e noventa centavos), para a aquisição de
imóvel localizado na Rua Benedito Cardoso Adriano Filho, 245, apto. 43, Enseada, Guarujá – SP,
CEP: 11440-410, de matrícula número 14.295, registrada no Ofício Imobiliário da Comarca do
Guarujá - SP, conforme descrito às fls. 05/06 do contrato firmado entre as partes (doc. 05).

Restou estabelecido o pagamento de 161 (cento e sessenta e uma) prestações, das


quais, o Autor adimpliu 102 (cento e duas), ou seja, pagou as parcelas compreendidas entre
09.06.2012 e 09.11.2020.

No entanto, após orientação jurídica, analisando-se o referido contrato, foram


constatadas diversas irregularidades praticadas pelo banco Réu, quais sejam:

1. Cobrança de juros compostos no decorrer dos pagamentos do contrato,


verificando-se assim, a ocorrência de anatocismo. No mais, em relação ao mesmo
tema, verifica-se que o contrato firmado entre as partes, define como indexador
monetário o IGP-M (FGV), MUITO SUPERIOR AO ÍNDICE INFLACIONÁRIO
OFICIAL IPCA (IBGE), motivo pelo qual deverá a dívida ser recalculada aplicando-se
os juros simples;

2. Houve a cobrança de juros remuneratórios em percentual de 13,97%


a.a., o qual é superior à taxa máxima permitida pelo BACEN para o período em
que o contrato fora firmado, de 7,72% a.a.;
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3. A financeira Ré impõe ao Autor o pagamento de Seguro Proteção


Financeira, em flagrante venda casada, prática esta vedada por lei, uma vez que
impõe referida contratação como condição para concessão do financiamento, única e
exclusivamente com empresa do grupo Réu, sem sequer estipular seu valor, cobrando-
o com o acréscimo de juros sobre juros.

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(e-STJ Fl.3)
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ADVOGADOS

4. Cobrança unilateral de Taxa de Serviço no absurdo valor de R$ 980,00


(novecentos e oitenta reais) mensais, bem como a genérica Taxa Mensal no valor
de R$ 23,04 (vinte e três reais e quatro centavos), tarifas estas, sem quaisquer

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destinações específicas estabelecidas em contrato.

Assim Excelência, imperiosa se faz a intervenção jurisdicional ao presente caso para que
sejam sanadas todas as irregularidades apontadas, com a declaração de nulidade das cláusulas
ilegais previstas no contrato e o recálculo da dívida com juros simples, uma vez que contrariam
cabalmente o Código de Defesa do Consumidor e os entendimentos das cortes superiores.

III. DO DIREITO.

III.1. DA RELAÇÃO DE CONSUMO E DO DIREITO À REVISÃO.

Inicialmente, cumpre destacar que o Código de Defesa do Consumidor disciplina


comando constitucional de ordem pública e interesse social previsto no artigo 5º, XXXII e artigo 170,
V da Constituição Federal.

Ao contrário do que vem sendo repetido e erroneamente alegado pelas instituições


financeiras, a relação estabelecida entre as partes consiste em relação de consumo. Assim,
evidentemente, o Código de Defesa do Consumidor se aplica ao contrato de financiamento
objeto do litígio, conforme entendimento da Súmula 297 do Superior Tribunal de Justiça e
da ADIN 2591-1, julgada em 07.06.2006 pelo pleno do Superior Tribunal Federal.

Acerca da proteção contratual contra disposições abusivas de contrato o Código de


Defesa do Consumidor dispõe em seu artigo 6º o seguinte:

Art. 6º. São direitos básicos do consumidor: (...)

V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam


prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos
supervenientes que as tornem excessivamente onerosas (...).

Destaque-se que a norma supracitada consagra o direito imprescritível ao dirigismo


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contratual, incidente sobre pactos maculados de nulidades, conforme artigo 51 da Lei 8.078/90,
transcrito abaixo:
Art. 51 - São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas
contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que

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IV - Estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que


coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam
incompatíveis com a boa-fé ou a equidade (...)

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§ 1º - Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que:

III - Se mostra excessivamente onerosa para o consumidor,


considerando-se a natureza e conteúdo do contrato, o interesse das
partes e outras circunstâncias peculiares ao caso.

Assim, no caso em questão, dada a existência de obrigação desproporcional verificada


no contrato de financiamento objeto do litígio, com disposição de cláusulas nulas de pleno direito,
sobressai a necessidade do dirigismo contratual estatal previsto no Código de Defesa do Consumidor,
que relativizou o princípio pacta sunt servanda, inclusive por força do regramento da teoria geral dos
contratos disciplinados nos artigos 113 e 422 do Código Civil.

Portanto, pacificado o entendimento de aplicação do Código de Defesa do


Consumidor às instituições financeiras e da relativização do pacta sunt servanda, patente
a necessidade do dirigismo estatal para tornar as obrigações do contrato (ora discutido)
proporcionais, de modo a declarar nulas as cláusulas que estipulam a cobrança de tarifas indevidas
para limitar a cobrança dos juros remuneratórios ao máximo estabelecido pelo BACEN, revisar o
valor das prestações pagas pelo Autor e restituir o excesso eventualmente pago, direito este que
será demonstrado a seguir.

III.2. CONTRATO PREVÊ COMO INDEXADOR MONETÁRIO O IGP-M (FGV), MUITO


SUPERIOR AO ÍNDICE INFLACIONÁRIO OFICIAL IPCA (IBGE). NECESSÁRIO RECÁLCULO
DA DÍVIDA COM APLICAÇÃO DE JUROS SIMPLES. ILEGALIDADE DA COBRANÇA DE JUROS
COMPOSTOS NO SFH. PRÁTICA DE ANATOCISMO CONFIGURADA.

Em relação ao tema, importante destacar inicialmente que as parcelas do contrato em


questão foram reajustadas com a utilização da Tabela PRICE, conforme previsto no item E
do contrato, abaixo colacionado:
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Apenas de maneira a elucidar o tema, a Tabela Price se utiliza de amortização em


que as prestações são calculadas pelo regime de capitalização composta, sendo os juros
distribuídos uniformemente para todo o período, evidenciando assim, a prática de anatocismo.

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Quanto ao tema, importante destacar que a ilegalidade da cobrança de juros sobre juros,
ou seja, os chamados juros compostos, já está pacificada pelo Supremo Tribunal Federal, através de
sua Súmula 121, que diz:

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SÚMULA 121 – STF: É vedada a capitalização de juros, ainda
que expressamente convencionada.

No mais, zelando pelo princípio da não prejudicialidade ao consumidor, deve-se apontar


que a capitalização simples constitui modalidade menos gravosa. Contudo, no caso em tela,
fácil a constatação dos juros sobre juros.

Vejamos:

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA – DIREITO PRIVADO. JUROS.


ANATOCISMO. VEDAÇÃO INCIDENTE TAMBÉM SOBRE
INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS, EXEGESE DO ENUNCIADO
N.121, EM FACE DO N.596, AMBOS DA SÚMULA STF.
PRECEDENTES DA EXCELSA CORTE. A CAPITALIZAÇÃO DE
JUROS (JUROS SOBRE JUROS) É VEDADA PELO NOSSO
DIREITO, MESMO QUANDO EXPRESSAMENTE
CONVENCIONADA, NÃO TENDO SIDO REVOGADA A REGRA DO
ART. 4º DO DECRETO N.22.626/33 PELA LEI 4.595/64. O
ANATOCISMO, REPUDIADO PELO VERBETE N.121 DA SÚMULA
DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, NÃO GUARDA RELAÇÃO
COM O ENUNCIADO N.596 DA MESMA SÚMULA. (RELATOR:
MINISTRO SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA. RECORRENTES:
BANCO ITAÚ S/A. RECURSO ESPECIAL N.1.285. QUARTA CÂMARA)

Destaque-se que a aplicação de juros simples (método linear), não traria


onerosidade excessiva para o Autor, estabelecendo assim o equilíbrio entre as partes.

Neste método, o recálculo dos juros é realizado sobre o saldo diário, introduzindo assim,
uma simplificação nos cálculos de juros simples, configurando uma capitalização simples sobre
cálculo linear de juros.

“Capitalização simples é aquela em que a taxa de juros incide


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somente sobre o capital inicial; não incide, pois, sobre os juros


acumulados. Neste regime de capitalização, a taxa varia linearmente
em função do tempo (...)”. (SOBRINHO, José Dutra V. Matemática
Financeira. São Paulo: Atlas, 1997. 6º ed.; p.21).

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Em se tratando de operações financeiras dessa natureza, os juros calculados devem


ser incorporados (capitalizados) ao saldo devedor de ano a ano.

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“Na prática, os problemas de juros simples implicam sempre em
alguma fração do ano, pois os capitais colocados sob regime de
capitalização estão a prazo(n<1) que é o característico das operações
comerciais (...). Para os prazos maiores que um ano, os problemas
já passam para o domínio dos juros compostos, que caracterizam as
operações financeiras”. (MORAES, Euclides M. de Matemática
Financeira. São Paulo: Sulina, 1996. 8º ed.; p. 14).

Desse modo, nos contratos de empréstimos e financiamentos, em geral, as


irregularidades praticadas pelos bancos se encontram “camufladas” nas cláusulas que regem os
compromissos entre as partes.

Porém, conforme já informado, não há qualquer previsão contratual quanto à


forma de capitalização praticada pelo banco Réu.

Isto porquê, existem 02 regimes de capitalização, o simples (linear) e o


composto (exponencial). Contudo, EM NENHUMA PARTE DO CONTRATO EM QUESTÃO, HÁ
QUALQUER INDICAÇÃO QUANTO À QUAL É UTILIZADO PELO BANCO, ao menos no contrato
que ora está sendo revisado.

Isto porque, não se pode esperar que o consumidor, lado mais frágil da relação
jurídica, entenda que a Tabela Price trata-se de um sistema de juros compostos. Não se
pode exigir do consumidor ordinário, ou seja, sem qualificações técnicas na área financeira, que este
saiba que irá pagar “juros sobre juros”.

Diante do desconhecimento, pela maioria dos mutuários, das disposições legais que
orientam as operações no Sistema Financeiro Nacional e da “deficiência” no acompanhamento dos
procedimentos dessas operações, atitudes abusivas e viciosas dessas entidades são, erroneamente,
aceitas como “operações de praxe” ou ainda “práticas de mercado financeiro”.

Ademais, a aplicação da Tabela Price é amplamente combatida, tendo em vista


a existência da capitalização de juros, oriunda do emprego de sua formula com função
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exponencial, o que é vedado em contratos da natureza do âmbito do Sistema Financeiro


da Habitação, vejamos:

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(e-STJ Fl.7)
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ADVOGADOS

“AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO – Contrato de


financiamento de imóvel - Sistema Financeiro da Habitação
(SFH) - Pedido de declaração da ilegalidade do Plano de
Comprometimento de Renda (PCR) e da utilização da TR como

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indexador do financiamento - Não conhecimento – Pedido não
deduzido na inicial – Princípio da correlação/congruência – Recurso
não conhecido. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO – Contrato de
financiamento de imóvel - Sistema Financeiro da Habitação (SFH) –
Incidência do Código de Defesa do Consumidor – Súmula 297, do
Superior Tribunal de Justiça – Possibilidade do prévio reajuste e
posterior amortização do saldo devedor - Incidência da Súmula 450
do C. STJ - Juros não excessivos – Ausência de limitação a 10% ao
ano, como imposto pelo art. 6º, da Lei nº 4.380/64 – Súmula 422 do
Superior Tribunal de Justiça - Tabela Price como sistema de
amortização – Ocorrência de capitalização –
Inadmissibilidade, em se tratando de contrato vinculado ao
Sistema Financeiro da Habitação (Lei nº 4.380/64) e anterior à
alteração dada pela Lei nº 11.977/09, como na hipótese – Incidência
do método Gauss - Constitucionalidade do Decreto-lei nº 70/66,
permitindo-se a execução extrajudicial – Precedentes
jurisprudenciais – Recurso parcialmente provido.” (TJSP; Apelação
Cível 0002220-55.2011.8.26.0011; Relator (a): Mario de Oliveira;
Órgão Julgador: 19ª Câmara de Direito Privado; Foro Regional XI -
Pinheiros - 5ª Vara Cível; Data do Julgamento: 21/03/2016; Data de
Registro: 30/03/2016). (g.n.)

“Execução de sentença – Financiamento imobiliário – Exclusão


da Tabela Price e adoção do Sistema de Amortização
Constante (SAC) – Irrazoabilidade – Hipótese em que os
cálculos devem ser refeitos, desde a origem, valendo-se do
Método Gauss – Precedentes desta Colenda Câmara – Decisão
homologatória reformada – Recurso parcialmente provido.” (TJSP;
Agravo de Instrumento 2006585-78.2016.8.26.0000; Relator
(a): Maurício Pessoa; Órgão Julgador: 14ª Câmara de Direito
Privado; Foro Central Cível - 7ª Vara Cível; Data do Julgamento:
22/03/2016; Data de Registro: 22/03/2016). (g.n.)
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Ademais, conforme se verifica no item F da cédula de financiamento, ficou


estipulado que seria cobrado o indexador IGP-M (FGV) como índice de reajuste do saldo
devedor e das prestações para fins de recompor a perda do poder aquisitivo da moeda (inflação).

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(e-STJ Fl.8)
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Ocorre que referido índice, tem como objetivo suprir a perda do poder aquisitivo da
moeda em virtude da inflação, compensando a desvalorização da moeda corrente de acordo com a
alteração de preços dos bens, serviços e outras moedas, ou seja, referido mecanismo não
compreende o retorno do capital emprestado ao Réu e sim, a equivalência para com a inflação

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mensurada.

Importante ressaltar que o indexador monetário utilizado em contrato,


representou no período contratual (09/05/12 a 09/11/2020) o acumulado de 92,86%, o
que, diga-se, é MUITO ACIMA DO APRESENTADO PELO ÍNDICE OFICIAL DE INFLAÇÃO
BRASILEIRA IPCA (IBGE) que no período representou o acumulado de 58,22%. Vejamos
dados retirados do laudo pericial (doc. 06):

Ora Excelência, o abuso é visível! O índice utilizado pelo banco Réu é muito
superior ao índice oficial de inflação brasileira IPCA (IBGE), sendo aplicável, ao caso, o
artigo 51, IV, do Código de Defesa do Consumidor, que é expresso ao dispor que “são nulas
de pleno direito as cláusulas contratuais que “estabeleçam obrigações consideradas iníquas,
abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a
boa-fé ou a equidade”.

Em Ação Direta De Constitucionalidade 2591 julgada improcedente em 07.06.2006 pelo


pleno, o Superior Tribunal Federal pacificou o entendimento no sentido de que, demonstrado no caso
concreto, flagrante excesso na prática de encargos financeiros é necessária a intervenção do Estado.
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Em referida ADIN, o Superior Tribunal Federal deixou expresso que o Código de Defesa
do Consumidor não deve ser aplicado de forma direta e literal na limitação de encargos financeiros,
cabendo ao magistrado verificar no caso concreto se o pacto é nulo, para então aplicar o comando
do artigo 6º, V, do Código de Defesa do Consumidor, que garante a modificação das cláusulas
contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou excessivamente onerosas.

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(e-STJ Fl.9)
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ADVOGADOS

Assim, é certo que, quando da alegação do acumulado de 92,86% apresentado pelo


indexador monetário presente no contrato, compreendendo o período contratual, estar MUITO
ACIMA DO APRESENTADO PELO ÍNDICE OFICIAL DE INFLAÇÃO BRASILEIRA IPCA (IBGE)
que no mesmo período representou o acumulado de 58,22%, faz-se importante a

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demonstração da citada ilegalidade, como realizado nesta peça exordial através dos documentos
anexados e das teses invocadas, facilitando assim o acolhimento da tese apresentada. Neste sentido
entende o professor Cândido Rangel Dinamarco:

“O mais notório e ilustrativo dos ônus processuais é o da prova. Ao


demonstrar a ocorrência dos fatos de seu interesse, a parte está
favorecendo o acolhimento de sua própria pretensão (...)”
(Instituições de Direito Processual Civil - CÂNDIDO RANGEL
DINAMARCO - Vol. II, p. 205).

Assim, mesmo sob a ótica do Código Civil a existência de obrigação desproporcional


reclama a necessidade do dirigismo contratual pelo Poder Judiciário, uma vez que se tornou
relativo o arcaico princípio do pacta sunt servanda, por força do princípio da boa-fé que norteia a
teoria geral dos contratos insculpido nos artigos 113 e 422 do Código Civil.

Enfim, sem necessidade de maiores considerações, necessária se faz a exclusão dos


juros compostos presentes em todo o período contratado, bem como, o consequente recálculo
da dívida, substituindo-os pelos juros simples, que traduz a capitalização de juros de maneira
linear.

III.3. DA NULIDADE DE PLENO DIREITO DA TAXA DE JUROS REMUNERATÓRIOS DE


13,97% A.A. MÉDIA DE MERCADO INFORMADA PELO BACEN PARA O PERÍODO EM
PORCENTAGEM INFERIOR. ENTENDIMENTO PACÍFICO DA 2ª SEÇÃO DO STJ.

Primeiramente, cabe destacar que O PRESENTE TÓPICO NÃO VISA LIMITAR OS


JUROS REMUNERATÓRIOS À 12% AO ANO. Os patronos que ora subscrevem entendem, assim
como de maneira uníssona a jurisprudência, que o pedido de limitação à 12% ao ano não merece
prosperar.

Deixando-se claro o ponto acima apresentado, passemos a análise do direito do Autor.


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O dirigismo atribuído ao Conselho Monetário Nacional para “limitar, sempre que


necessário, as taxas de juros, descontos, comissões e qualquer outra forma de remuneração de
operações e serviços bancários ou financeiros1” não significa a liberação dos juros a quaisquer níveis,
entendimento este compactuado por Arnaldo Rizzardo e Luiz Antônio Scavone Junior.

1
Lei 4.595/1.964, artigo 4, IX
Dalcin e Pisani Advogados
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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MARA IZA PEREIRA PISANI e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 16/02/2021 às 12:39 , sob o número 10023535520218260003.
(e-STJ Fl.10)
fls. 10

ADVOGADOS

Desde 12.03.2003, a 2ª Seção do STJ se reuniu para uniformização de jurisprudência,


pacificando-se a favor da liberação dos juros remuneratórios, desde que observadas as taxas de
mercado (Recurso Especial nº 407.097/RS).

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1002353-55.2021.8.26.0003 e código D3887E1.
Com isso, restou pacificado que a abusividade da taxa de juros remuneratórios
deve ser verificada no caso concreto. Para tanto, observe a taxa média divulgada pelo Banco
Central para o período em que fora pactuado o contrato em questão (doc. 08):

Fonte: https://www3.bcb.gov.br/sgspub/consultarvalores/consultarValoresSeries.do?method=consultarValores

Contudo, observe-se a absurda diferença entre o percentual aplicado no


contrato ora discutido e o percentual máximo previsto pelo BACEN para o período da
contratação:

TAXA PREVISTA PELO BACEN


PARA O PERÍODO DE MAIO TAXA PREVISTA NO
DE 2012 CONTRATO

7,72% AO ANO 13,97% AO ANO

Ora, o abuso é visível! A taxa praticada pelo banco Réu é muito superior à média
de mercado informada pelo Banco Central, sendo aplicável, ao caso, o artigo 51, IV, do Código
de Defesa do Consumidor, que é expresso ao dispor que “são nulas de pleno direito as
cláusulas contratuais que estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o
consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade”.
Documento recebido eletronicamente da origem

Em Ação Direta De Constitucionalidade julgada 2591 julgada improcedente em


07.06.2006 pelo pleno, o Superior Tribunal Federal pacificou o entendimento no sentido de que,
demonstrado no caso concreto flagrante excesso na prática de encargos financeiros, é necessária a
intervenção do Estado.

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(e-STJ Fl.11)
fls. 11

ADVOGADOS

Em referida ADIN, o Superior Tribunal Federal deixou expresso que o Código de Defesa
do Consumidor não deve ser aplicado de forma direta e literal na limitação de encargos financeiros,
cabendo ao magistrado verificar no caso concreto se o pacto é nulo, para então aplicar o comando
do artigo 6º, V, do Código de Defesa do Consumidor que garante a modificação das cláusulas

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1002353-55.2021.8.26.0003 e código D3887E1.
contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou excessivamente onerosas.

Assim, é certo que quando da alegação de cobrança de juros abusivos, no caso, acima
da média do mercado estabelecida pelo BACEN, faz-se importante a demonstração da citada
ilegalidade, como realizado nesta peça exordial através dos documentos anexados e das teses
invocadas, facilitando assim o acolhimento da tese apresentada. Neste sentido entende o professor
Cândido Rangel Dinamarco:

“O mais notório e ilustrativo dos ônus processuais é o da prova. Ao


demonstrar a ocorrência dos fatos de seu interesse, a parte está
favorecendo o acolhimento de sua própria pretensão (...)”
(Instituições de Direito Processual Civil - CÂNDIDO RANGEL
DINAMARCO - Vol. II, p. 205).

No mais, importante ressaltar que independente de as instituições bancárias brasileiras


não estarem sujeitas a limitações ordinárias quanto aos juros remuneratórios, houve decisão por
parte do C. Superior Tribunal de Justiça, através de orientação nº 1 (incidente de processo
repetitivo), que decide pela limitação dos juros remuneratórios à taxa média estabelecida
pelo BACEN em casos onde o abuso for constatado e coloque o consumidor em desvantagem
exagerada, nos termos do artigo 51, § 1º do Código de Defesa do Consumidor, abaixo transcrito.

Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas


contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:

§ 1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que:

I - ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico a que


pertence;

II - restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à


natureza do contrato, de tal modo a ameaçar seu objeto ou equilíbrio
contratual;
Documento recebido eletronicamente da origem

III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor,


considerando-se a natureza e conteúdo do contrato, o interesse das
partes e outras circunstâncias peculiares ao caso.

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(e-STJ Fl.12)
fls. 12

ADVOGADOS

Segue abaixo a citada orientação nº 1 do Superior Tribunal de Justiça que


autoriza a limitação dos juros remuneratórios em situações excepcionais, ou seja, quando
houver um desequilíbrio contratual que coloque o consumidor em risco:

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Pois bem. Verifica-se no caso em deslinde que a simples limitação dos juros
remuneratórios à taxa estipulada pelo BACEN de 13,97% a.a. para 7,72% a.a., gera uma
redução significativa.

Desse modo, foram atendidos os dois requisitos impostos pelo Enunciado nº 1


do C. Superior Tribunal de Justiça para que seja possível a revisão da taxa de juros
remuneratória, quais sejam:

1º) A relação de consumo entre Autor e Réu, que é certa, conforme


artigo 3º, § 2º do Código de Defesa do Consumidor;

2º) A abusividade está cabalmente demonstrada pelos documentos


anexos.

Neste sentido:

“AÇÃO REVISIONAL – CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO – JUROS


Documento recebido eletronicamente da origem

REMUNERATÓRIOS – TARIFA DE CADASTRO. 1. CONSOANTE


RECENTE POSICIONAMENTO DO STJ, A COBRANÇA DE TARIFAS POR
SERVIÇOS BANCÁRIOS PARA PESSOAS FÍSICAS FICOU LIMITADA ÀS
HIPÓTESES TAXATIVAMENTE PREVISTAS EM NORMA
PADRONIZADORA EXPEDIDA PELA AUTORIDADE MONETÁRIA (RESP.

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(e-STJ Fl.13)
fls. 13

ADVOGADOS

Nº 1.251.331/RS E Nº 1.255.573/RS). 2. NOS CONTRATOS


BANCÁRIOS FIRMADOS APÓS A ENTRADA EM VIGOR DA RESOLUÇÃO
CMN 3.518/2007, É LÍCITA A COBRANÇA DA TARIFA DE CADASTRO
NO INÍCIO DO RELACIONAMENTO ENTRE CONSUMIDOR E

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INSTITUIÇÃO FINANCEIRA (SÚMULA 566 DO SUPERIOR TRIBUNAL
DE JUSTIÇA), RESSALVADA A OCORRÊNCIA DE AFRONTA ÀS
DISPOSIÇÕES DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. 3.
SEGUNDO A ORIENTAÇÃO N° 1 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA, DECORRENTE DE JULGAMENTO DE PROCESSO
REPETITIVO, AS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS NÃO ESTÃO
SUJEITAS A LIMITAÇÃO DE JUROS REMUNERATÓRIOS, MAS
NÃO PODEM PRATICAR TAXAS ABUSIVAS, SUPERIORES À
MÉDIA DE MERCADO, SEGUNDO TABELA DIVULGADA PELO
BACEN. AÇÃO PARCIALMENTE PROCEDENTE. RECURSO
PARCIALMENTE PROVIDO.” (TJSP; APELAÇÃO 1012795-
79.2017.8.26.0566; RELATOR (A): ITAMAR GAINO; ÓRGÃO
JULGADOR: 21ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO; FORO DE SÃO
CARLOS - 2ª VARA CÍVEL; DATA DO JULGAMENTO: 23/08/2018;
DATA DE REGISTRO: 23/08/2018). (g.n.)

“CERCEAMENTO DE DEFESA – PRETENSÃO DE PRODUÇÃO DE PROVA


INÓCUA À PLENA COGNIÇÃO DA CONTROVÉRSIA – PARTE
INTERESSADA QUE NÃO DEMONSTRA A NECESSIDADE DA DILAÇÃO
PROBATÓRIA – JULGAMENTO ANTECIPADO – POSSIBILIDADE: –
NÃO HÁ CERCEAMENTO DE DEFESA NO JULGAMENTO ANTECIPADO
DA LIDE QUANDO AS PROVAS PLEITEADAS SE MOSTRAM INÓCUAS
PARA A PLENA COGNIÇÃO DA CONTROVÉRSIA. JUROS –
INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS – LIMITAÇÃO A 12% –
IMPOSSIBILIDADE – INTELIGÊNCIA DA SÚMULA VINCULANTE N. 7 E
DA SÚMULA N. 596, AMBAS DO STF: – NÃO SE APLICA ÀS
INSTITUIÇÕES QUE INTEGRAM O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
A LIMITAÇÃO DE JUROS A 12% AO ANO, À LUZ DO QUE DISPÕEM A
SÚMULA VINCULANTE N. 7 E A SÚMULA N. 596, AMBAS DO STF.
JUROS – CONTRATO BANCÁRIO – DECLARAÇÃO DE
ABUSIVIDADE – DEMONSTRAÇÃO DE QUE SÃO
CONSIDERAVELMENTE SUPERIORES À TAXA MÉDIA DO
MERCADO PARA O PERÍODO – EXISTÊNCIA, NO CASO
Documento recebido eletronicamente da origem

CONCRETO: – A DECLARAÇÃO DE ABUSIVIDADE DE JUROS


REMUNERATÓRIOS PREVISTOS EM CONTRATO BANCÁRIO
DEPENDE DA COMPROVAÇÃO DE QUE OS ENCARGOS SUPERAM
CONSIDERAVELMENTE A TAXA MÉDIA DO MERCADO PARA O
PERÍODO, O QUE OCORREU NO CASO CONCRETO. (...) EM SE

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(e-STJ Fl.14)
fls. 14

ADVOGADOS

TRATANDO DE SENTENÇA PROFERIDA SOB A ÉGIDE DO CPC/2015,


MOSTRA-SE NECESSÁRIA A MAJORAÇÃO DE HONORÁRIOS DEVIDOS
AO PATRONO DO APELADO, EM VIRTUDE DO NÃO PROVIMENTO DO
RECURSO, COM FULCRO NO §11 DO MESMO ARTIGO. RECURSO NÃO

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PROVIDO.” (TJSP; APELAÇÃO 1006443-31.2016.8.26.0020;
RELATOR (A): NELSON JORGE JÚNIOR; ÓRGÃO JULGADOR: 13ª
CÂMARA DE DIREITO PRIVADO; FORO REGIONAL XII - NOSSA
SENHORA DO Ó - 1ª VARA CÍVEL; DATA DO JULGAMENTO:
20/08/2018; DATA DE REGISTRO: 20/08/2018). (g.n.)

“REVISIONAL. CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO. CERCEAMENTO DE


DEFESA. INOCORRÊNCIA. PROVA PERICIAL DESNECESSÁRIA.
QUESTÕES DE DIREITO. PRELIMINAR AFASTADA. CAPITALIZAÇÃO
MENSAL DE JUROS. POSSIBILIDADE POR EXPRESSA DISPOSIÇÃO
LEGAL. ART. 28, §1º, I, DA LEI Nº 10.931/2004. PREVISÃO
CONTRATUAL EXPRESSA DE CAPITALIZAÇÃO. INTELIGÊNCIA DA
SÚMULA Nº 541 DO STJ. PRETENSÃO À APLICAÇÃO DO MÉTODO DE
GAUSS COMO FORMA DE AMORTIZAÇÃO DO DÉBITO PREJUDICADA.
TAXA DE JUROS REMUNERATÓRIOS. A TAXA SE CONFIGURA
ABUSIVA SE E QUANDO SUPERIOR À MÉDIA DE MERCADO,
CONSIDERADAS AS CIRCUNSTÂNCIAS DA CONTRATAÇÃO.
STJ, RECURSOS REPETITIVOS, RESP 1.060.530/RS.
ABUSIVIDADE NÃO PROVADA NA ESPÉCIE. SENTENÇA MANTIDA.
RECURSO NÃO PROVIDO.” (TJSP; APELAÇÃO 1017087-
43.2017.8.26.0361; RELATOR (A): TASSO DUARTE DE MELO;
ÓRGÃO JULGADOR: 12ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO; FORO DE
MOGI DAS CRUZES - 1ª VARA DA FAMÍLIA E DAS SUCESSÕES; DATA
DO JULGAMENTO: 17/08/2018; DATA DE REGISTRO:
17/08/2018). (g.n.)

Mesmo sob a ótica do Código Civil a existência de obrigação desproporcional


reclama a necessidade do dirigismo contratual pelo Poder Judiciário, uma vez que se tornou
relativo o arcaico princípio do pacta sunt servanda, por força do princípio da boa-fé que norteia a
teoria geral dos contratos insculpido nos artigos 113 e 422 do Código Civil.

Enfim, sem necessidade de maiores considerações, necessária se faz a limitação dos


juros remuneratórios do contrato à taxa média de mercado informada pelo BACEN para o dia
Documento recebido eletronicamente da origem

09 de maio de 2012 (data em que fora firmado o contrato), qual seja, de 7,72% a.a., sendo
imperiosa a procedência do presente pedido.

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(e-STJ Fl.15)
fls. 15

ADVOGADOS

III.4. DA NULIDADE DO VALOR EXIGIDO A TÍTULO DE SEGURO. IMPOSIÇÃO DO RÉU PARA


CONTRATAÇÃO DE EMPRESA DO MESMO GRUPO ECONÔMICO. VENDA CASADA
CONFIGURADA. CLÁUSULA NULA.

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1002353-55.2021.8.26.0003 e código D3887E1.
Conforme se verifica no contrato em questão, o Réu impõe ao Autor a contratação
de Seguro Proteção Financeira, como condição para concessão de financiamento, única e
exclusivamente com empresa pertencente ao mesmo grupo econômico da financeira Ré,
sem sequer estipular o valor total da referida cobrança, descrevendo tão somente, o valor
a ser pago mensalmente, o que sofre com a capitalização de sua cobrança cumulada com
os juros compostos.

Ora Excelência, tal prática é abusiva e lesa o direito do consumidor por não lhe dar a
opção de escolha de contratação ou não de referido seguro, ou até mesmo por não o deixar optar
pela seguradora pertencente ao grupo do Réu ou qualquer outra oferecida no mercado.

Com tal prática, demonstrada está a chamada “venda casada”, uma vez que o
Autor não teve a real opção de contratar ou não referido seguro e, caso optasse por contratar,
escolher entre a seguradora do Réu ou qualquer outra disponível no mercado. Vejamos o trecho do
contrato já preenchido pelo Réu que claramente obriga o consumidor, ora Autor:

Assim, para que o contrato de financiamento fosse entabulado entre as partes,


o Autor foi compelido a assinar um documento, frise-se, já preenchido pelo Réu, com a
contratação do seguro já assinalada, subtraindo seu direito de consumidor à livre escolha no
mercado.

Com isso Excelência, confere-se outra abusividade praticada pelo Réu no contrato em
questão, além das tarifas ilegais praticados no contrato firmado entre as partes.

Isso porque a prática de “venda casada” é PROIBIDA POR LEI, conforme disciplina
o Código de Defesa do Consumidor em seu artigo 39, inciso I, que assim preceitua:
Documento recebido eletronicamente da origem

Art. 39 “É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre


outras práticas abusivas:

I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao


fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa
causa, a limites quantitativos”.
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(e-STJ Fl.16)
fls. 16

ADVOGADOS

Corroborando o entendimento no sentido de ilegalidade da cobrança de seguro,


reconhecendo-se a prática de venda casada vedada por lei, uníssono o entendimento dos tribunais
pátrios, conforme se verifica nos julgados colacionados abaixo:

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“APELAÇÃO – Ação revisional de contrato bancário de financiamento
de veículo (motocicleta) – Sentença de parcial procedência – Relação
de consumo – Súmula 297 do STJ; SEGURO DE PROTEÇÃO
FINANCEIRA - Ausência dos termos da suposta contratação e
comprovação da possibilidade de pactuar com instituição
diversa - Informações sucintas, no pacto de financiamento, que não
fazem prova da efetiva negociação do seguro, tampouco da natureza
do mesmo Hipótese de venda casada configurada - Inteligência do
artigo 39, I, do CDC; SENTENÇA MANTIDA - RECURSO NÃO
PROVIDO.” (Recurso de Apelação nº 0002606-44.2013.8.26.0196,
de relatoria da desembargadora Claudia Greco Tabosa Pessoa,
integrante da 19ª Câmara de Direito Privado do TJSP, julgado em
21/03/2016). (g.n.)

“(...) SEGURO DE PROTEÇÃO FINANCEIRA Conforme o próprio


nome indica, a Instituição Financeira é a única beneficiária
Impossibilidade de imposição de tal cobrança ao mutuário
Cobrança abusiva RECURSO PROVIDO. SUCUMBÊNCIA
RECÍPROCA. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.” (Recurso de
Apelação nº 0002378-79.2013.8.26.0322, de relatoria do
desembargador Roberto Mac Cracken, integrante da 22ª Câmara de
Direito Privado do TJSP, julgado em 12/03/2015). (g.n.)

“CONTRATO BANCÁRIO. Revisional. JUROS. Inaplicabilidade das


limitações da Lei de Usura às instituições financeiras. Ausência de
ilegalidades na operação bancária. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA.
Impossibilidade de cumulação da cobrança de comissão de
permanência com outros encargos. Admitida sua exigência desde que
não ultrapasse a soma dos encargos remuneratórios e moratórios.
Inteligência da Súmula 472 do STJ. REGISTRO DE CONTRATO.
TARIFA DE AVALIAÇÃO DO BEM. SERVIÇOS DE TERCEIROS.
Abusividade reconhecida. Cobranças afastadas. Ofensa aos artigos 46
e 51, IV, do CDC. SEGURO DE PROTEÇÃO FINANCEIRA.
Documento recebido eletronicamente da origem

Condição para a concessão de empréstimo. Venda casada.


Prática abusiva. REGISTRO DE GRAVAME/INCLUSÃO DE GRAVAME
ELETRÔNICO. Despesa que decorre do fiel cumprimento das normas
insertas na legislação de trânsito (Resolução CONTRAN n. 124/01 e
Portaria DETRAN n. 1070/01). Todavia, inexistindo prova da efetiva

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(e-STJ Fl.17)
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ADVOGADOS

contraprestação do serviço ao consumidor, inadmissível a cobrança


da despesa por ofensa ao art. 51, IV do CDC (...).” (Recurso de
apelação nº 0000766-98.2013.8.26.0648, de relatoria do
desembargador Flávio Cunha da Silva, integrante da 38ª Câmara de

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Direito Privado do TJSP, julgado em 12/09/2014). (g.n.)

Portanto, indiscutível a ilegalidade na cobrança do Seguro Proteção Financeira,


imposto de forma unilateral pela financeira Ré como condição para concessão de financiamento ao
Autor, caracterizando-se venda casada, vedada por lei, devendo, assim, ser declarada nula de
pleno direito, bem como, seja restituído ao Autor os valores cobrados à maior pelo banco Réu, o
que desde já requer.

III.5. DA NULIDADE DAS TARIFAS IMPOSTAS UNILATERALMENTE PELO BANCO RÉU.


MAJORAÇÃO EXCESSIVA DO VALOR DA PARCELA. AUSÊNCIA DE CONTRAPRESTAÇÃO DE
SERVIÇOS AO AUTOR. NULIDADE. APLICAÇÃO DOS ARTIGOS 46 E 51 DO CDC.

Neste tópico, o Autor demonstrará a abusividade e ilegalidade das tarifas estabelecidas


e cobradas unilateralmente pela Ré no contrato de financiamento firmado entre as partes, sem que
haja qualquer contraprestação efetiva de serviços ao Autor, senão vejamos.

Em momento algum a Ré informou ao Autor sobre as tarifas pactuadas no


contrato em questão, salientando que o Autor sequer recebeu uma via do referido
instrumento no momento da contratação, tampouco comprovou sua contraprestação e
finalidade, violando, assim, o direito básico do consumidor à informação, conforme determina o artigo
6º, III c/c 46, ambos do Código de Defesa do Consumidor. In verbis:

Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:

III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e


serviços, com especificação correta de quantidade, características,
composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que
apresentem;

Art. 46. Os contratos que regulam as relações de consumo não


obrigarão os consumidores, se não lhes for dada a oportunidade de
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tomar conhecimento prévio, de seu conteúdo ou se os respectivos


instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de
seu sentido e alcance.

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As cláusulas contratuais que impõem o pagamento de tarifas e demais serviços ilegais


no contrato de financiamento em questão se enquadram nas situações previstas no artigo 51, IV, do
CDC, que dispõe sobre a nulidade de pleno direito das cláusulas contratuais que:

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IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que
coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam
incompatíveis com a boa-fé ou a equidade.

Ainda, o § 1º, inciso III, do citado artigo 51 estabelece ser nula a cláusula que:

se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-


se a natureza e conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras
circunstâncias peculiares ao caso.

Como já é de praxe nas práticas bancárias, no contrato de financiamento em questão o


Réu tão somente impôs ao Autor o pagamento de tarifas sem quaisquer informações
adicionais. Vejamos:

Ora, Excelência, tais valores foram embutidos no contrato de financiamento sem


qualquer especificação de sua incidência e finalidade, sendo, portanto, ilegais e indevidos, nos termos
do artigo 46 do Código de Defesa do Consumidor, retro transcrito.

Ademais, verifica-se flagrante abusividade e ilegalidade na cobrança de tais


tarifas, uma vez que inexistem provas da natureza, do efetivo alcance dessas obrigações
e da efetiva prestação desses serviços, ficando o consumidor incerto quanto à existência de
contraprestação resultante dos valores pagos.

Desta forma, certo é que referidas cláusulas não obrigam o consumidor e violam os
princípios de probidade e boa-fé que deveriam ser inerentes aos contratos, na medida em que não
está claro o que se contrata!
Documento recebido eletronicamente da origem

A única hipótese imaginável de tais cobranças é a de cobertura de custos administrativos


da instituição financeira da Ré. Entretanto, por se tratarem de custos operacionais da instituição
financeira, tais valores já deveriam estar incluídos na taxa remuneratória do contrato, sendo
descabida sua cobrança de forma isolada e majorando excessivamente o valor da operação e do
custo efetivo total do valor financiado.
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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MARA IZA PEREIRA PISANI e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 16/02/2021 às 12:39 , sob o número 10023535520218260003.
(e-STJ Fl.19)
fls. 19

ADVOGADOS

Verifica-se que, não obstante a cobrança de altíssimos juros comumente aplicados, as


instituições financeiras acabam sendo remuneradas pelos inúmeros encargos exigidos de forma
abusiva dos consumidores.

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1002353-55.2021.8.26.0003 e código D3887E1.
Autorizá-las a repassar ao consumidor todas as despesas quando já se extrai
lucro da atividade, causaria um desequilíbrio nas relações com o consumidor e
possibilitaria dupla remuneração, pois já embutidas no custo da operação, de forma mascarada,
a transferência dos custos administrativos do Banco à parte hipossuficiente da relação.

No sentido de serem indevidas as tarifas incluídas pelo banco Réu no contrato de


financiamento em questão, configurando vantagem exagerada da instituição financeira, abaixo
recentes julgados do Tribunal de Justiça de São Paulo sobre o assunto:

“REVISIONAL DE CONTRATO DE FINANCIAMENTO


IMOBILIÁRIO CUMULADA COM REPETIÇÃO DE INDÉBITO –
SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA PARA O FIM DE CONDENAR
O RÉU A RESTITUIR À AUTORA AS QUANTIAS PAGAS A TÍTULO
DE TAXA DE ADMINISTRAÇÃO (TSA) – INSURGÊNCIA DO RÉU
– DESCABIMENTO. TAXA DE ADMINISTRAÇÃO MENSAL –
ILEGALIDADE – PRÁTICA QUE CONSISTE EM COBRAR DO
CLIENTE TAXA SEM A DEVIDA CONTRAPRESTAÇÃO –
RESTITUIÇÃO DEVIDA – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO NÃO
PROVIDO.” (TJ-SP - APL: 10167560520168260100 SP 1016756-
05.2016.8.26.0100, RELATOR: HELIO FARIA, DATA DE
JULGAMENTO: 07/03/2017, 18ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO,
DATA DE PUBLICAÇÃO: 13/03/2017). (g.n.)

“RECURSO - AGRAVO RETIDO – (...) MÚTUO - FINANCIAMENTO


IMOBILIÁRIO - CDC - INCIDÊNCIA - ADMISSIBILIDADE. MÚTUO -
FINANCIAMENTO IMOBILIÁRIO - JUROS CONVENCIONAIS - LIMITE
DE 10% PREVISTO NO ARTIGO 6O, LETRA E, DA LEI N"4.380/64 -
INADMISSIBILIDADE -APLICAÇÃO DA SÚMULA 422 DO STJ - TAXA
COBRADA FEZ REFERÊNCIA A DOIS PERCENTUAIS DIFERENTES NO
MESMO RÓTULO, SOMOU-OS COM OUTRO ÍNDICE ALUSIVO À
COMISSÃO DE CONCESSÃO DE CRÉDITO - INADMISSIBILIDADE -
PREVISÃO CONFUSA, QUE DEVE SER INTERPRETADA DE MANEIRA
MAIS FAVORÁVEL AO CONSUMIDOR - ART. 47 DO CDC -
Documento recebido eletronicamente da origem

CONSUMIDOR TEM O DIREITO, EM SE TRATANDO DE CONCESSÃO


DE FINANCIAMENTO, DE SER INFORMADO PRÉVIA E
ADEQUADAMENTE SOBRE O "MONTANTE DOS JUROS DE MORA E DA
TAXA EFETIVA ANUAL DE JUROS" - ART. 52, INCISO II, DO CDC-
PREVALÊNCIA DA TAXA MENOR, A DE 10% AO ANO. MÚTUO -

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(e-STJ Fl.20)
fls. 20

ADVOGADOS

FINANCIAMENTO IMOBILIÁRIO - TAXA DE ADMINISTRAÇÃO -


INCLUSÃO NA PRESTAÇÃO MENSAL - INADMISSIBILIDADE -
INEXISTÊNCIA DE QUALQUER SERVIÇO QUE JUSTIFIQUE A
SUA COBRANÇA - FORMA DISFARÇADA DE ELEVAÇÃO DOS

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1002353-55.2021.8.26.0003 e código D3887E1.
JUROS CONTRATUAIS - VERBA EXCLUÍDA. MÚTUO -
FINANCIAMENTO IMOBILIÁRIO - JUROS - TABELA PRICE -
INADMISSIBILIDADE- MÉTODO QUE CONTEMPLA CAPITALIZAÇÃO
DE JUROS - EXCLUSÃO - CABIMENTO. (...) HONORÁRIOS DE
ADVOGADO - SUCUMBÊNCIA - RECIPROCIDADE - OCORRÊNCIA.
AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS
PARCIALMENTE PROCEDENTE. AGRAVO RETIDO DO BANCO-RÉU
DESPROVIDO. APELAÇÃO DOS AUTORES PROVIDA EM PARTE.”
(TJ-SP - APL: 9172707112006826 SP 9172707-11.2006.8.26.0000,
RELATOR: ÁLVARO TORRES JÚNIOR, DATA DE JULGAMENTO:
15/08/2011, 20ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO, DATA DE
PUBLICAÇÃO: 13/09/2011). (g.n.)

“CONTRATO BANCÁRIO. SFH. CONTRATO LIQUIDADO OU EXTINTO.


ADMISSIBILIDADE DA REPETIÇÃO DE INDÉBITO, ASSIM COMO DA
REVISÃO DO CONTRATO ART. 367 DO ATUAL CC, CORRESPONDENTE
AO ART. 1.007 DO ANTERIOR CC - PRECEDENTES
JURISPRUDENCIAIS. JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE ABERTURA
DE DILAÇÃO PROBATÓRIA DESNECESSIDADE - PROVA PERICIAL
CONTÁBIL QUE É DESNECESSÁRIA. CASO EM QUE O ASPECTO
RELEVANTE É O RELATIVO À INTERPRETAÇÃO DO QUE FOI
AVENÇADO. (...). FINANCIAMENTO IMOBILIÁRIO. POSTULADO DO
PACTA SUNT SERVANDA QUE NÃO É APLICÁVEL DE FORMA
ABSOLUTA. HIPÓTESE EM QUE, NAS CONTRATAÇÕES DE
CONSUMO, NÃO SE PRESSUPÕE AUTONOMIA PLENA DE
VONTADE. CAPITALIZAÇÃO DOS JUROS. CONTRATO DE
EMPRÉSTIMO BANCÁRIO VINCULADO AO SFH QUE, DADA A
AUSÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO LEGISLATIVA, NÃO ADMITE, EM
QUALQUER PERIODICIDADE, O PACTO DE CAPITALIZAÇÃO DE
JUROS. PRECEDENTES DO STJ. APLICAÇÃO DA TAXA EFETIVA DE
JUROS CONFIRMADA PELO BANCO RÉU NA CONTESTAÇÃO POR ELE
APRESENTADA - CASO EM QUE OS JUROS REMUNERATÓRIOS DEVEM
SER CALCULADOS, DE FORMA SIMPLES, À TAXA NOMINAL DE 8,90%
Documento recebido eletronicamente da origem

AO ANO. FINANCIAMENTO IMOBILIÁRIO TABELA PRICE.


EXCLUSÃO. SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO QUE INCORPORA OS
JUROS COMPOSTOS (JUROS SOBRE JUROS, JUROS
CAPITALIZADOS DE FORMA COMPOSTA OU JUROS
EXPONENCIAIS). EXISTÊNCIA DE CONTROVÉRSIA EM TORNO

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(e-STJ Fl.21)
fls. 21

ADVOGADOS

DE ELEMENTOS LIGADOS À MATEMÁTICA FINANCEIRA E AO


PRÓPRIO DIREITO. FATO QUE SOMENTE REFORÇA A
INCERTEZA, A FALTA DE TRANSPARÊNCIA E A AMBIGÜIDADE
NO USO DA TABELA PRICE SISTEMA QUE É INACESSÍVEL AO

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1002353-55.2021.8.26.0003 e código D3887E1.
HOMEM MÉDIO. CÁLCULO DAS PRESTAÇÕES QUE DEVE SER
FEITO SEM O USO DA TABELA PRICE, UTILIZANDO-SE O
MÉTODO LINEAR. (...) FINANCIAMENTO IMOBILIÁRIO. TAXA DE
ADMINISTRAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE FUNDAMENTO LEGAL
PARA A COBRANÇA DE TAL ENCARGO. COBRANÇA DA TAXA DE
ADMINISTRAÇÃO DE MANEIRA PERMANENTE QUE, ADEMAIS,
IMPLICA NA ELEVAÇÃO DO VALOR DA PRESTAÇÃO MENSAL DO
FINANCIAMENTO. AÇÃO DE RESTITUIÇÃO PARCIALMENTE
PROCEDENTE - APELO PROVIDO EM PARTE.” (TJ-SP - APL:
9207301172007826 SP 9207301-17.2007.8.26.0000, RELATOR:
JOSÉ MARCOS MARRONE, DATA DE JULGAMENTO: 16/05/2012, 23ª
CÂMARA DE DIREITO PRIVADO, DATA DE PUBLICAÇÃO:
18/05/2012). (g.n.)

“AÇÃO REVISIONAL – CONTRATO DE FINANCIAMENTO


IMOBILIÁRIO – TAXA DE ADMINISTRAÇÃO – ABUSIVIDADE
CONFIGURADA – R. SENTENÇA MANTIDA – RECURSO NÃO
PROVIDO.” (TJ-SP 10012061220178260010 SP 1001206-
12.2017.8.26.0010, Relator: Roberto Mac Cracken, Data de
Julgamento: 23/11/2017, 22ª Câmara de Direito Privado, Data de
Publicação: 29/11/2017). (g.n.)

Assim, Excelência, indiscutível que as tarifas exigidas pelo Réu são abusivas e
ilegais, por flagrante ofensa aos artigos 46 e 51, IV, do Código de Defesa do Consumidor,
pelo que deverão ser declaradas nulas de pleno direito as cláusulas do contrato que preveem os
seguintes pagamentos: (a) Taxa de Serviço no absurdo valor de R$ 980,00 (novecentos e
oitenta reais), e da (b) Taxa Mensal no valor de R$ 23,04 (vinte e três reais e quatro centavos).

III.6. VALOR CORRETO DA DÍVIDA. APLICAÇÃO DE JUROS SIMPLES E EXCLUSÃO DOS


VALORES COBRADOS ILEGALMENTE. AUTOR PASSA A SER CREDOR DO RÉU.

Diante das flagrantes abusividades praticadas pelo banco Réu, que incluiu no contrato
Documento recebido eletronicamente da origem

firmado, taxa e juros indevidos, bem como, se utilizou da Tabela Price para realizar o cálculo da
dívida, novos cálculos foram realizados através do laudo pericial que instrui essa exordial,
oportunidade em que se constatou que o valor das prestações pagas pelo Autor sempre foram muito
superiores às realmente devidas.

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(e-STJ Fl.22)
fls. 22

ADVOGADOS

Assim, conforme pode se constatar às fls. 18/20 do anexo de cálculos do laudo pericial
(doc. 07), considerando-se o valor financiado de R$ 150.308,90 (cento e cinquenta mil, trezentos
e oito reais e noventa centavos), excluindo-se as tarifas indevidas e considerando-se o cálculo
com os juros simples, o Autor passa a ser CREDOR do valor correspondente à R$ 1.085,89

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1002353-55.2021.8.26.0003 e código D3887E1.
(um mil e oitenta e cinco reais e oitenta e nove centavos), uma disparidade enorme, se
considerarmos a cobrança ilegal das tarifas e dos juros compostos, onde o Autor permanece devendo
ao Réu o valor de R$ 176.290,52 (cento e setenta e seis mil, duzentos e noventa reais e cinquenta
e dois centavos). Vejamos o trecho retirado do próprio anexo de cálculos do laudo pericial:
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(e-STJ Fl.23)
fls. 23

ADVOGADOS

Desta forma, imperiosa se faz a revisão dos valores das parcelas nos exatos
termos apontados no laudo pericial declarando-se como corretos os valores apontados às
fls. 20/25 do laudo, tornando equilibrada a relação contratual firmada entre as partes, devendo,
ao final, ser restituído o valor pago a maior pelo Autor, mesmo que sob a forma de compensação.

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1002353-55.2021.8.26.0003 e código D3887E1.
III.7. NECESSÁRIA CONCESSÃO DE TUTELA ANTECIPADA EM CARÁTER LIMINAR PARA
DECLARAÇÃO DE INEXIGIBILIDADE DA DÍVIDA.

Em relação ao tema, importante mais uma vez ressaltar que o banco Réu está
cobrando do Autor, parcelas excessivamente mais onerosas do que a dívida correta,
calculadas com juros sobre juros, lesando o consumidor, ora Autor, o que não se pode
admitir.

Desse modo Excelência, é certo o direito do Autor em ter a sua dívida calculada
de forma correta, a qual, se assim concretizada, o torna credor do Réu, conforme
amplamente demonstrado no tópico anterior, e que, pode se constatar às fls. 18/20 do anexo de
cálculos do laudo pericial (doc. 07), demonstrado através do quadro abaixo:

Neste sentido, tem-se o entendimento dos artigos 300 e 301 do Código de Processo
Civil, que tratam da possibilidade de concessão a tutela de urgência. Vejamos:
Documento recebido eletronicamente da origem

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver


elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de
dano ou o risco ao resultado útil do processo.

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(e-STJ Fl.24)
fls. 24

ADVOGADOS

Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente


da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do
processo, quando:

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I – ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto
propósito protelatório da parte;

II – as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas


documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos
repetitivos ou em súmula vinculante;

III – se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova


documental adequada do contrato de depósito, caso em que será
decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação
de multa;

IV – a petição inicial for instruída com prova documental suficiente


dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha
prova capaz de gerar dúvida razoável.

Assim, diante de todo o exposto e das provas trazidas, resta caracterizada à prova
inequívoca, bem como a verossimilhança das alegações.

Ainda, a lesão causada pela instituição bancária Ré resta comprovada na cobrança


onerosa da dívida, que no caso em tela, feito o recálculo da mesma, o Autor passa a ser
credor do Réu, restando comprovada a fumaça do bom direito.

Ademais, o princípio do pacta sunt servanda não é absoluto em casos como o


dos autos, devendo ser relativizado. Trata-se de aplicar a máxima constante da cláusula rebus
sic stantibus a permitir a compatibilização das cláusulas contratuais com os ditames legais.

Já o periculum in mora está demonstrado pelo risco de o Autor continuar pagando


uma dívida que já está quitada.

Desse modo, ante a gravidade da questão, não há dúvida de que a tutela pode ser
ineficaz se concedida apenas ao final da demanda, vez que o Autor continuará despendendo
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de valores para saldar uma dívida que fora quitada, o que de fato tornará uma posterior resolução
ineficaz.

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(e-STJ Fl.25)
fls. 25

ADVOGADOS

A reversibilidade da medida, por sua vez, se encontra totalmente assegurada, uma


vez que, caso não comprovadas as alegações do Autor, poderá o mesmo novamente ser cobrado
pelo contrato objeto da lide.

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Portanto, diante dos fatos articulados e de toda a documentação anexada à essa
exordial, resta evidenciado o direito do Autor em ter a concessão da tutela pleiteada, para
que seja suspendida a cobrança ilegal das parcelas do contrato bancário para compra de
imóvel residencial nº 00000.010875.1-6, o qual, diga-se, foi absurdamente onerado pelo
Réu, sob pena de multa diária de R$ 1.000,00 (mil reais), à ser arbitrada por Vossa Excelência,
de modo a garantir o cumprimento da medida.

Subsidiariamente, caso Vossa Excelência não entenda pela concessão da tutela de


urgência nos moldes acima apresentados, foram realizados novos cálculos (doc. 09), considerando
a Tabela Price, porém, excluindo-se as tarifas e seguros cobrados indevidamente pelo Réu, pelo que
requer seja autorizado o depósito dos valores de acordo com as taxas estipuladas pelo BACEN,
através de depósito judicial mensal, oportunidade em que deverá igualmente ser o banco Réu
intimado à não realizar a venda extrajudicial do imóvel em questão até o final da demanda, sob pena
de multa a ser prudentemente arbitrada por Vossa Excelência.

IV. DOS PEDIDOS E DOS REQUERIMENTOS.

Diante do exposto, requer o processamento do feito pelo rito do procedimento


comum, nos termos do artigo 282 e seguintes do Código de Processo Civil, determinando-se a
citação postal da parte Ré para contestar o feito, sob pena de revelia e confissão quanto à matéria
de fato.

Ademais, requer o deferimento dos benefícios da assistência judiciária gratuita


ao Autor, nos termos da Lei nº 1.060/50 e do artigo 98 e seguintes do Código de Processo Civil,
por tratar-se de pessoa, hoje, carente de recursos financeiros para arcar com todas as custas
e despesas processuais, além de honorários advocatícios, conforme documentação anexa.

Desse modo, requer, inicialmente:

1) Seja acolhido o pedido de TUTELA DE URGÊNCIA, determinando a suspensão da


cobrança das parcelas referentes ao contrato objeto da lide, tendo em vista, o Autor se
Documento recebido eletronicamente da origem

tornar credor do Réu, considerando o recálculo realizado aplicando-se os juros simples.

Acolhido o pedido acima, requer seja determinado ao banco Réu a não promover
a venda do imóvel em questão através de leilão extrajudicial ou qualquer outro
meio, até sentença meritória.

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(e-STJ Fl.26)
fls. 26

ADVOGADOS

Subsidiariamente, caso Vossa Excelência não entenda pela concessão da tutela


de urgência nos moldes acima apresentados, requer seja autorizado ao Autor
depositar judicialmente o valor mensal das prestações vincendas, adotando-se

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como corretos os valores mensais apontados no cálculos anexos (doc. 09), até
a sentença de mérito, a qual decidirá quanto a pertinência das matérias elencadas nesta
inicial.

Acolhido o pedido subsidiário acima, requer seja determinado ao banco Réu a não
promover a venda do imóvel em questão através de leilão extrajudicial ou
qualquer outro meio, até sentença meritória.

Requer, ainda, ao final, seja julgada PROCEDENTE a pretensão do Autor para:

2) Ante a comprovada prática de capitalização composta de juros (conforme laudo


pericial apresentado junto à esta exordial), verificando-se assim a ocorrência de
anatocismo, bem como a definição no contrato do indexador monetário através
do IGP-M (FGV), este, MUITO SUPERIOR AO ÍNDICE INFLACIONÁRIO OFICIAL
que é o IPCA (IBGE), requer seja reconhecida a abusividade das referidas
práticas, e consequentemente, seja determinado o recálculo da dívida,
substituindo os juros compostos por juros simples (lineares);

3) Declarar a nulidade de pleno direito da taxa de juros de 13,97% a.a. praticada


pelo banco Réu, substituindo-a pela taxa média de mercado de 7,72% a.a.
informada pelo BACEN para contratos de financiamento imobiliários firmados
em maio de 2012;

4) Declarar a nulidade da cobrança do Seguro Proteção Financeira, cobrado em


flagrante venda casada, prática esta vedada por lei, uma vez que impõe referida
contratação como condição para concessão do financiamento, única e exclusivamente
com empresa do grupo Réu, sem sequer estipular seu valor total, cobrando-o com o
acréscimo de juros sobre juros.

5) Declarar a nulidade das cobranças realizadas à título de Taxa de Serviço no


absurdo valor de R$ 980,00 (novecentos e oitenta reais) mensais, bem como a
genérica Taxa Mensal no valor de R$ 23,04 (vinte e três reais e quatro centavos),
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uma vez que inexistem provas da natureza, do efetivo alcance das referidas obrigações
e da efetiva prestação de qualquer serviço de administração;

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(e-STJ Fl.27)
fls. 27

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6) Em consequência do acatamento dos pedidos anteriores, requer sejam validados os


cálculos periciais apresentados (docs. 06 e 07) e seja o Autor restituído, de
forma simples, dos valores pagos em excesso, mediante recálculo a ser
realizado em fase de liquidação;

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7) Tornar definitiva a tutela de urgência, declarando inexigível a cobrança
excessivamente onerada pelo banco Réu, ou, caso tenha sido concedido o
pedido subsidiário da tutela de urgência, requer seja definitiva a autorização para que
o Autor continue a efetuar os pagamentos mensais através de depósitos
judiciais, até a efetiva quitação do contrato, adotando-se por base a r. sentença à ser
proferida por Vossa Excelência, oportunidade em que, após a efetiva quitação, o banco
Réu deverá emitir a respectiva carta de quitação da dívida.

8) Seja o banco Réu condenado ao pagamento de custas processuais e de


honorários advocatícios, os quais deverão ser arbitrados em 20% (vinte por
cento) sob o valor da causa, ou em percentual condigno de acordo com o
entendimento de Vossa Excelência.

V. DAS PROVAS.

Protesta o Autor provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos,
especialmente prova pericial técnica contábil, requerendo, desde já, a INVERSÃO DO ÔNUS
DA PROVA (artigo 6º, VIII, do CDC), porquanto indiscutível a relação de consumo no presente caso.

VI. DO DESINTERESSE NA DESIGNAÇÃO DE AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO.

Por fim, tendo em vista o objeto da presente ação, o Autor entende ser desnecessário
o comprometimento da pauta de audiências para tentativa de conciliação ou mediação, motivo pelo
qual, manifesta seu desinteresse, nos termos do artigo 334, § 5º do Código de Processo Civil.

VII. DA PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO.

O Autor está hoje com 75 (setenta e cinco) anos de idade, conforme pode-se
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constatar na sua Carteira Nacional de Habilitação (CNH) (doc. 10), a qual comprova que o Autor
nasceu em 03/11/1945. Desse modo, com base no artigo 1.048, I, do Código de Processo Civil,
requer a concessão da prioridade de tramitação ao Autor.

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ADVOGADOS

VIII. DO VALOR DA CAUSA.

Atribui-se à causa o valor de R$ 176.290,52 (cento e setenta e seis mil, duzentos e

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1002353-55.2021.8.26.0003 e código D3887E1.
noventa reais e cinquenta e dois centavos), correspondente ao proveito econômico da causa.

Termos em que,
pede deferimento.
São Paulo, 16 de fevereiro de 2021.

DEMÉTRIUS DALCIN AFFONSO DO RÊGO MARA PISANI


OAB/SP 320.600 OAB/SP 322.194
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