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TRIBUNAL DE JUSTIÇA
PODER JUDICIÁRIO
São Paulo
Registro: 2016.0000534070
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1007672-94.2014.8.26.0602 e código 7bJM933j.
ACÓRDÃO
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por FERNANDO ANTONIO MAIA DA CUNHA, liberado nos autos em 02/08/2016 às 12:52 .
FORTPET INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ALIMENTOS LTDA e FORT PET COMÉRCIO DE
NUTRIÇÃO ANIMAL LTDA, é apelado/apelante LUPUS DESENVOLVIMENTO EM
ALIMENTOS LTDA.
Maia da Cunha
Relator
Assinatura Eletrônica
fls. 453
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São Paulo
APELAÇÃO Nº : 1007672-94.2014.8.26.0602
APTES/APDOS : Fort-Pet Comércio de Nutrição Animal Ltda. EPP.
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e outro
APTES/APDOS : Lupus Desenvolvimento Em Alimentos Ltda.
COMARCA : Sorocaba
JUIZ : Alexandre Dartanhan de Mello Guerra
VOTO Nº : 37.045
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por FERNANDO ANTONIO MAIA DA CUNHA, liberado nos autos em 02/08/2016 às 12:52 .
Consignação em pagamento. Contrato de
compra e venda de equipamentos.
Inadimplemento das parcelas de agosto de
2013 a fevereiro de 2014. Requisitos
autorizadores da compensação não
demonstrados. Recusa da ré no recebimento
das prestações seguintes que é justa.
Depósitos que não têm eficácia de pagamento.
Ação que é improcedente. Valores depositados
que devem ser levantados pela autora após
deduzida a verba de sucumbência. Honorários
advocatícios que merecem majoração.
Recursos parcialmente providos.
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defesa.
É que o Código de Processo Civil admite o
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julgamento antecipado da lide sempre que o Juiz, destinatário das provas,
entender que as questões fáticas se encontram suficientemente
demonstradas e só resta a aplicação do direito. E, no caso, entendendo o
digno Magistrado sentenciante que a prova existente era suficiente para a
solução da lide, bem agiu ao julgar o feito com base no art. 330, I, do
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Código de Processo Civil de 1973, incidente à época da prolação da
sentença, em atendimento aos princípios da economia e celeridade
processuais.
E a verdade é que, diante da prova documental
existente, não havia mesmo necessidade da produção de outras para a
solução da lide, pois é a análise de contratos, recibos de pagamentos e
outras provas documentais que permite a constatação de que houve ou não
compensação, sendo desnecessária a realização de perícia, de colheita de
depoimento pessoal ou de produção de prova testemunhal.
Quanto ao mérito, correta a r. sentença ao
julgar improcedente a ação.
A autora ajuizou esta ação por ser devedora da
ré em virtude do contrato de compra e venda de equipamentos firmado
entre as partes em 20.11.2012. Afirma, no entanto, que efetuou a
compensação de algumas parcelas com os valores dos quais era credora,
por força da aquisição pela ré dos seus produtos. Não obstante, recebeu
notificação extrajudicial da consignatária informando que estaria em mora e
que o contrato estava rescindido, não mais permitindo qualquer depósito a
título de pagamento. Entendendo que inexiste débito e diante da recusa da
credora de receber as prestações do mês de março de 2014 e seguintes,
requereu a consignação dos seus valores.
Pois bem.
Analisa-se, inicialmente, se houve a alegada
compensação, indispensável para a verificação da justiça da recusa do réu
de receber as prestações e, por conseguinte, da hipótese de cabimento da
consignação.
Para que haja compensação são necessários a
reciprocidade dos créditos (art. 368, CC), bem como que as dívidas sejam
líquidas, vencidas e de coisas fungíveis (art. 369, CC).
E para comprovar esses requisitos o autor junta
Apelação nº 1007672-94.2014.8.26.0602 - Sorocaba - Voto nº 37.045- N 3
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uma carta que teria sido escrita pelo sócio administrador da ré, Sr. Adriano,
em que afirma ser devedor da autora da quantia aproximada de
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R$700.00,00 (fls. 253/258), conteúdo este que foi impugnado pela ré.
Mas ainda que se considere verdadeiro, não é
possível constatar pela leitura deste documento a reciprocidade dos
créditos, já que o Sr. Adriano é sócio administrador de duas sociedades, a
Fortpet Indústria e Comércio de Alimentos Ltda. e a Fort-Pet Comércio de
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Nutrição Animal Ltda. EPP, ora ré, e não há especificação na carta sobre
quem seria a devedora, o que, por si só, já afasta a compensação.
Irrelevante o fato de se tratar de grupo econômico, já que as pessoas
jurídicas são completamente distintas.
Não bastasse isso, conforme consta na
correspondência, os valores elencados como devidos são aproximados, por
conseguinte, não se trata de valor certo e determinado e tampouco de
dívida vencida, já que, com exceção de uma delas, as demais são descritas
como “a vencer”.
Nem mesmo o e-mail de 13.09.2013 (fl. 260)
comprova a existência de dívida de R$300.000,00 que permitiria a
compensação, pois apenas informa a data da entrega de alguns valores
para terceiros sem ser possível saber quem é o devedor e tampouco a que
se refere.
Destarte, não estando demonstrados os
requisitos autorizadores da compensação e não tendo a autora efetuado o
pagamento das parcelas de agosto de 2013 a fevereiro de 2014 a que
estava obrigada, tem-se como justa a recusa da ré em receber as
prestações posteriores.
Não têm eficácia de pagamento os depósitos
realizados a partir de março de 2014, quando o contrato já havia sido
considerado rescindido pela ré por notificação extrajudicial, em razão de
cláusula resolutiva expressa (cláusula 3.5), e tampouco afasta a mora da
autora, já que as parcelas de agosto de 2013 a fevereiro de 2014 ainda
permanecem em aberto.
Repise-se que o vínculo contratual entre as
partes não mais subsistia quando do ajuizamento desta consignação, não
sendo mais possível o pagamento de uma obrigação já extinta.
Daí porque acertada a improcedência da ação.
O pequeno e parcial provimento ao recurso diz
Apelação nº 1007672-94.2014.8.26.0602 - Sorocaba - Voto nº 37.045- N 4
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É que tendo a ação sido julgada improcedente,
os depósitos não tiveram força de pagamento e, portanto, devem ser
devolvidos à autora depositante após deduzida a verba de sucumbência.
Em relação ao apelo da ré, conhece-se do
recurso.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por FERNANDO ANTONIO MAIA DA CUNHA, liberado nos autos em 02/08/2016 às 12:52 .
Com efeito, houve determinação para que
complementasse o valor do preparo que deveria corresponder a 2% do
valor da causa, que é de R$335.000,04. No entanto, a complementação
não era mesmo necessária, já que o recurso visa apenas a majoração dos
honorários advocatícios arbitrados em R$7.000,00, devendo o valor do
preparo incidir sobre este montante, nos termos do art. 4º, § 2º, da Lei
11.608/03, devidamente recolhido.
O recurso, com a devida vênia, merece
provimento.
Considerando a complexidade da causa, a
atuação zelosa do patrono da ré, os princípios da proporcionalidade e
razoabilidade, bem como valor da causa, tem-se que R$7.000,000 são
insuficientes para remunerar com dignidade o patrono da requerida,
revelando-se mais adequada a sua majoração para R$15.000,00.
Para tanto é o parcial provimento do recurso da
ré.
MAIA DA CUNHA
RELATOR