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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) DESEMBARGADOR(A) PRESIDENTE DO

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

CONDOMÍNIO SHOPPING CENTER D, inscrito no CNPJ sob o nº.


00.087.900/0001-18, com sede na Avenida Cruzeiro do Sul, nº. 1.100, Canindé, na
cidade de São Paulo, estado de São Paulo, CEP 03033-020, por seus advogados
regularmente constituídos, endereço eletrônico contencioso@ksalaw.com.br, vem,
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento no art. 1.015,
parágrafo único, do Código de Processo Civil, interpor o presente

AGRAVO DE INSTRUMENTO

em face da r. decisão de fls. 228/229, proferida pelo MM. Juízo da 14ª Vara Cível do
Foro Central da Comarca de São Paulo/SP, nos autos da Ação de Execução de Título
Extrajudicial nº. 1013829-27.2020.8.26.0100 proposta em face de DARCI RODRIGUES
LOPEZ – ME, DARCI RODRIGUES LOPEZ, EDINA FERREIRA DA SILVA e JANAINA DA
SILVA LIMA, pelas razões a seguir expostas.

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O AGRAVANTE informa que realizou o pagamento da taxa judiciária
referente ao preparo recursal, conforme comprovante anexo (documento 1).

Desde já, requer que todas as intimações relativas ao presente recurso


sejam publicadas exclusivamente em nome de Matheus Garrido de O. Kabbach, inscrito
na OAB/SP sob o nº. 274.361, sob pena de nulidade.

Termos em que,
Pede deferimento.
São Paulo, 23 de novembro de 2023.

MATHEUS GARRIDO DE O. KABBACH


OAB/SP Nº. 274.361

MARIANA MORAES GARCIA


OAB/SP Nº. 401.370

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PEÇAS QUE INSTRUEM O PRESENTE AGRAVO DE INSTRUMENTO

Este recurso é instruído com cópia integral da ação de execução de título extrajudicial
nº. 1013829-27.2020.8.26.0100, em trâmite perante a 14ª Vara Cível do Foro Central
da Comarca de São Paulo/SP (“Ação de Execução”) (documento 2), e daquelas
obrigatórias previstas no art. 1.017, I, do Código de Processo Civil, abaixo
discriminadas:

- Procuração outorgada aos patronos do AGRAVANTE (fls. 10/11 do documento 2);

- Procuração outorgada ao patrono das AGRAVADAS (sem advogado constituído nos


autos, razão pela qual requer sejam intimadas pessoalmente, por carta, nos seguintes
endereços: (i.1) Darci Rodrigues Lopez – ME,, (i.2) na pessoa de sua representante legal,
Darci Rodrigues Lopez: e (i.3) Janaina da Silva Lima: Estrada Itaquera Guaianazes, nº.
527, bl.oco 1, apto. 73, Parada XV de Novembro, na cidade de São Paulo/SP, CEP
08246-000; Darci Rodrigues Lopez: Estrada Itaquera Guaianazes, nº. 527, bl. 1, apto.
73, Parada XV de Novembro, na cidade de São Paulo/SP, CEP 08246-000; (ii) Edna
Ferreira da Silva: Rua José Giordano, nº. 318, casa 02, Parque Paineiras, na cidade de
São Paulo/SP, CEP 03694-010; e Janaina da Silva Lima: Estrada Itaquera Guaianazes, nº.
527, bl. 1, apto. 73, Parada XV de Novembro, na cidade de São Paulo/SP, CEP 08246-
000 (documento 3).

- Decisão agravada (fls. 228/229 do documento 2); e

- Certidão de publicação da r. decisão agravada (fl. 231 do documento 2).

ART. 1.016, IV, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

PELO AGRAVANTE: Matheus Garrido de O. Kabbach, inscrito na OAB/SP sob o nº.


274.361, com escritório na Rua FunchalAv. das Nações Unidas, nº. 12914.401, 10º
andarTorre C2, 29º andar, Vila OlímpiaChácara Santo Antonio, na cidade de São
Paulo/SP, CEP 04551-060.04794-000.

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PELAS AGRAVADAS: sem procurador constituído nos autos.

ART. 425, IV, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Atesta o ora signatário que as cópias juntadas ao presente recurso são autênticas e
correspondem aos originais, nos termos do art. 425, inciso IV, do Código de Processo
Civil.

RAZÕES RECURSAIS

AGRAVANTE: CONDOMÍNIO SHOPPING CENTER D


AGRAVADAOS: DARCI RODRIGUES LOPEZ – ME, DARCI RODRIGUES LOPEZ, EDINA
FERREIRA DA SILVA e JANAINA DA SILVA LIMA
D. JUÍZO A QUO: 14ª Vara Cível do Foro Central da Comarca de São Paulo/SP
Nº. DO PROCESSO DE ORIGEM: 1013829-27.2020.8.26.0100

Egrégio Tribunal,
Colenda Câmara,
Ínclitos Desembargadores

I. SÍNTESE DA DEMANDA

A r. decisão agravada foi tirada da aAção de eExecução de título


extrajudicial proposta pelo AGRAVANTE em face das AGRAVADAS, em razão do
inadimplemento voluntário da obrigação de pagar a quantia de R$ 242.222,79 (duzentos
e quarenta e dois mil, duzentos e vinte e dois reais e setenta e nove centavos),
atualizada até– maio/22, conforme fls. 225/227 do documento 2), oriunda do
“Instrumento Particular de Contrato de Cessão e Transferência de Direitos e de
Obrigações Decorrentes de Contrato Atípico de Locação de Local de Uso Comercial (LUC)
Shopping Center “D” e Outras Avenças” firmado entre as partes para exploração da loja
denominada “CAFETERIA 1001” (fls. 86/89 do documento 2).

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O AGRAVANTE vem sendo diligente na condução do feito executivo desde
a sua distribuição, porém, até o momento, não foi possível satisfazer o seu crédito por
meio de medidas restritivas típicas de constrição de bens das AGRAVADAS.

Recentemente, o AGRAVANTE logrou êxito em verificar que as


AGRAVADAS, JANAINA DA SILVA LIMA, EDINA FERREIRA DA SILVA e DARCI RODRIGUEZ
LOPEZ, possuem meios de satisfazer a execução, motivo pelo qual requereu a penhora
de 30% dos seus recebimentos mensais.

Na análise do pedido do AGRAVANTE, o MM. Juízo a quo indeferiu o


pleito por ele deduzido, nos seguintes termos (cf. fls. 228/229 do documento 2):

“DESTE MODO, A LEGISLAÇÃO É CLARA AO TORNAR


IMPENHORÁVEIS OS VALORES RECEBIDOS A TÍTULO DE
PROVENTOS, SALÁRIOS OU QUAISQUER RENDAS PROVENIENTES
DE ATIVIDADE LABORAL, EXCETO PARA PAGAMENTO DE
PRESTAÇÃO ALIMENTÍCIA E AS QUANTIAS EXCEDENTES A 50
(CINQUENTA) SALÁRIOS-MÍNIMOS MENSAIS. ASSIM, INDEFIRO O
PEDIDO DE PENHORA DOS RENDIMENTOS AUFERIDOS PELAS
EXECUTADAS PESSOAS NATURAIS.” (GRIFAMOS)

É essa a matéria devolvida a esse E. Tribunal de Justiça.

II. DAS RAZÕES RECURSAIS

Com o devido respeito ao entendimento do D. Juízo singular, é cabível a


constrição do importe correspondente a 30% dos rendimentos obtidos pelas
AGRAVADAS JANAINA DA SILVA LIMA, EDINA FERREIRA DA SILVA e DARCI RODRIGUEZ
LOPEZ.

Conforme ensina Cândido Rangel Dinamarco: “Em casos concretos, não


havendo um modo de tratar o devedor de modo mais ameno, deve prevalecer o
interesse daquele que tem um crédito a receber e não pode contar senão com as

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providências do Poder Judiciário” (DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito
Processual Civil. 4ª ed. São Paulo: Malheiros, 2019, p. 51).

Observado o princípio da menor onerosidade, mas, sempre levando-se


em consideração que a execução deve acontecer de maneira efetiva e de acordo com os
interesses do credor, tal como preconiza o art. 797 do Código de Processo Civil, o
devedor também responde pela dívida contraída com parte de seus recebíveis mensais.

A disposição prevista no art. 833, IV, do Código de Processo Civil deve ser
relativizada. Deve impedir a penhora de vencimentos, contudo, apenas em relação às
práticas excessivas e desarrazoadas, que possam comprometer a própria subsistência e
dignidade do devedor, o que definitivamente não se verifica na espécie.

Ao longo desses mais de 2 (dois) anos de tramitação do feito, a despeito


das diversas tentativas envidadas pelo AGRAVANTE, não foram encontrados outros bens
das devedoras que pudessem satisfazer minimamente a execução.

Por tal razão, tem-se que é cabível o desconto razoável e proporcional de


parte dos salários e benefícios percebidos pelas AGRAVADAS.

Sobre a possibilidade de constrição da receita fixa mensal, já decidiu o C.


Superior Tribunal de Justiça no sentido de que o desconto de tal percentual, em certas
ocasiões, como no caso concreto, é razoável ao sustento do devedor e respeita o
preceito da menor onerosidade. Confira-se:

“PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL.


PENHORA. RENDIMENTOS. POSSIBILIDADE. SÚMULA N. 83 DO
STJ. REEXAME DE CONTEÚDO FÁTICO-PROBATÓRIO.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA N. 7/STJ. DECISÃO MANTIDA. 1.
Segundo a jurisprudência desta Corte, a regra geral da
impenhorabilidade de salários, vencimentos, proventos etc.
(art. 649, IV, do CPC/73; art. 833, IV, do CPC/2015), pode ser
excepcionada quando for preservado percentual de tais verbas

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capaz de dar guarida à dignidade do devedor e de sua família
(EREsp n. 1.582.475/MG, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES,
CORTE ESPECIAL, julgado em 03/10/2018, DJe 16/10/2018). 2.
Inadmissível o recurso especial quando o entendimento adotado
pelo Tribunal de origem coincide com a jurisprudência do STJ
(Súmula n. 83/STJ). 3. O recurso especial não comporta exame de
questões que impliquem revolvimento do contexto fático-
probatório dos autos (Súmula n. 7 do STJ). 4. No caso concreto, o
Tribunal de origem analisou as provas contidas no processo para
concluir que a penhora é necessária à satisfação do crédito da
execução e não afeta a dignidade do devedor. Alterar esse
entendimento demandaria reexame do conjunto probatório do
feito, vedado em recurso especial. 5. Agravo interno a que se
nega provimento.” (AgInt no REsp n. 1.916.216/DF, relator
Ministro Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, julgado em
16/5/2022, DJe de 19/5/2022.) (grifamos)

Da mesma forma, esse E. Tribunal de Justiça de São Paulo assim já


decidiu:

“AGRAVO DE INSTRUMENTO – LOCAÇÃO DE VEÍCULO


AUTOMOTOR – AÇÃO DE COBRANÇA – APÓS DEFERIDA A
PENHORA DE CONTA BANCÁRIA, FOI DETERMINADO O SEU
DESBLOQUEIO – QUANTIA INFERIOR A 40 SALÁRIOS
MÍNIMOSSALÁRIOS-MÍNIMOS – DESCABIMENTO – INTELECÇÃO
DO ART. 833, INC. IV, DO CPC – MITIGAÇÃO - POSSIBILIDADE. A
jurisprudência do STJ tem admitido a mitigação do regramento
insculpido no art. 833, inc. IV, do CPC. Os precedentes desta
Corte de Justiça enveredam no mesmo sentido. Ademais, tendo
o valor entrado ou na esfera de disponibilidade da executada,
sem que fosse consumido integralmente para suas
necessidades básicas, perde seu caráter alimentar, tornando-se
penhorável respeitada a alçada legal. Possibilidade de penhora

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sobre 30% dos rendimentos líquidos da executada. Justiça
gratuita. Manutenção. PREJUDICADO O AGRAVO INTERNO.
PARCIALMENTE PROVIDO O AGRAVO DE INSTRUMENTO.” (TJSP;
Agravo Interno Cível 2282491-17.2021.8.26.0000; Relator (a):
Antonio Nascimento; Órgão Julgador: 26ª Câmara de Direito
Privado; Foro de Americana - 3ª Vara Cível; Data do Julgamento:
12/07/2022; Data de Registro: 12/07/2022) (grifamos)

De outro lado, permitir a absoluta impenhorabilidade da verba salarial


das AGRAVADAS, mesmo diante da inexistência de outros meios para a satisfação do
crédito do AGRAVANTE, vai de encontro ao princípio da efetividade da execução, além
de representar verdadeiro enriquecimento ilícito das AGRAVADAS.

Assim, a penhora no percentual de 30% dos rendimentos das


AGRAVADAS definitivamente não implica onerosidade excessiva, muito menos afronta o
art. 833, inciso IV, do Código de Processo Civil, motivo pelo qual revela-se plenamente
possível na espécie.

III. CONCLUSÃO E PEDIDOS

Por todo o exposto, requer seja o presente agravo de instrumento


admitido e, ao final, integralmente provido, reformando-se a r. decisão agravada, para o
fim de autorizar a penhora de proventos rendimentos das AGRAVADAS JANAINA DA
SILVA LIMA, EDINA FERREIRA DA SILVA e DARCI RODRIGUEZ LOPEZ no montante
equivalente a 30% de seus recebíveis mensais.

Outrossim, reitera o pedido para que todas as intimações relativas ao


presente recurso sejam publicadas exclusivamente em nome de Matheus Garrido de O.
Kabbach, inscrito na OAB/SP sob o nº. 274.361, sob pena de nulidade.

Termos em que,
Pede deferimento.
São Paulo, 23 de novembro de 2023.

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MATHEUS GARRIDO DE O. KABBACH
OAB/SP Nº. 274.361

MARIANA MORAES GARCIA


OAB/SP Nº. 401.370

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