Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
33
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
“Processo:0053345-73.2000.8.19.0001 (2000.001.050827-1)
Classe/Assunto: Cumprimento de sentença - DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO
TRABALHO <Réu (Tipicidade)
Polo Ativo: Autor: BSN COMERCIO E REPRESENTACOES LTDA e outro
Polo Passivo: Réu: BSN VEICULOS LTDA e outros
Decisão
No curso da fase de cumprimento de sentença a credora BSN COMERCIO E
REPRESENTACOES LTDA firmou acordo (index 1468) com Espólio de Elias do
Nascimento (na qualidade de codevedor), homologado por sentença (index 1487).
Na sequência, o escritório Araripe e Advogados Associados (antigos patronos da
demandante) atravessou petição (index 1495) pretendendo a reserva de honorários
contratuais em valor correspondente a 50% do total recebido pelo credor por força
do acordo firmado com o devedor Espólio de Elias do Nascimento. Sustenta, ainda,
Por fim, em junho/2020, a autora constituiu novos patronos nos autos (Fernando
Pires Advogados - index 1388), conforme instrumento de mandato de index 1389.
“Recebo os embargos de index 1696, pois tempestivos (index 1720), mas deixo de
acolhê-los.
Os embargos de declaração se prestam a suprir omissões, eliminar contradições,
afastar obscuridades ou à correção de erro material. Ocorre que a decisão de index
1670 não padece de qualquer vício, conforme invocado pelo embargante. Aliás, da
própria argumentação desenvolvida, percebe-se que compreendeu bem o sentido e
alcance da decisão.
Cumpre ressaltar que, por ora, não há excesso de penhora a ser expurgado. Veja-se
que o crédito dos antigos patronos da parte autora ultrapassam a cifra de R$
21) que em 1999, a sua posição de sócio na empresa foi legitimamente sucedida pelos
dois sócios remanescentes, os quais absorveram igualmente suas quotas e,
consequentemente, suas responsabilidades financeiras com ações pendentes (fls. 736);
22) que reputa-se absolutamente ilícito o redirecionamento ao ex-sócio, diante da sua
retirada regular da sociedade; 23) que não se diga que (i) os sócios são laranjas; ou (ii)
houve “gestão fraudulenta” supostamente caracterizada pela “inexistência de bens para
garantir as dívidas assumidas pela pessoa jurídica” (cf. fls. 682); 24) que fica evidente
que (a) houve retirada regular do sócio antes de o processo se iniciar; (b) a
responsabilidade que se atinge pela desconsideração da personalidade jurídica é do
sócio, não do ex-sócio, nem do administrador; e (c) não houve apreciação da
qualificação da fraude, a autorizar a desconsideração da personalidade jurídica; 25) que
todos esses elementos olvidados na avaliação da ilegitimidade passiva podem ser
conhecidos a qualquer tempo, uma vez que configuram questões de ordem pública, e
impõem a extinção do processo em relação ao agravante; 26) que o acordo celebrado
entre a autora da ação, BSN COMÉRCIO, e o ESPÓLIO DE ELIAS DO NASCIMENTO,
devidamente representados por seus advogados, abrangeu todos os valores em disputa,
inclusive os honorários advocatícios a serem pagos pela parte vencida, os quais foram
objeto de quitação (fls. 1.468/1.471); 27) que o acordo em questão estabeleceu
expressamente que cada parte ficaria responsável pelo pagamento dos honorários
advocatícios de seus respectivos patronos (fls. 1.468/1.471); 28) que a. r. sentença
transitada em julgado condenou a BSN VEÍCULOS ao pagamento de indenização que, a
apurada em fase de liquidação, alcançou o montante total de R$ 2.949.663,75; 29) que
nesse valor foram compreendidos tanto a condenação principal quanto os honorários
de sucumbência, fixados em 20% (cf. fls. 513/517); 30) que ao propor a execução de
seus honorários, a agravada calculou seus honorários, sobre o valor total, obtido em
liquidação, e não sobre a condenação principal; 31) que requer a atribuição do efeito
suspensivo uma vez que a relevância da fundamentação é inequívoca: encontra-se
manifestamente prescrito o direito da agravada de postular o pagamento dos
honorários advocatícios. Não fosse suficiente, a sociedade agravada carece de
legitimidade para reivindicar honorários de sucumbência, os quais são caracterizados
como direito autônomo do advogado, e não da sociedade. Por fim, a obrigação não é
exigível uma vez que a transação celebrada é clara em estabelecer a responsabilidade
da BSN COMÉRCIO ao pagamento dos honorários de seus próprios advogados; 32) que
o periculum in mora também está presente, uma vez que, caso não sejam suspensos os
efeitos da r. decisão agravada, o agravante terá que arcar com o pagamento de
honorários advocatícios flagrantemente indevidos em montante superior a R$ 3
milhões, fato que lhe causaria evidente prejuízo; 33) que caso indeferida a suspensão,
do que se cogita apenas por argumentar, o agravante ficaria imediatamente suscetível
a quaisquer atos constritivos eventualmente deferidos na primeira instância; 34) que
não se verifica o periculum in mora inverso, uma vez que a agravada não será
prejudicada, já que se manteve inerte por mais de uma década até apresentar o
requerimento de pagamento dos honorários advocatícios, que ora se discute, e cujo
direito se encontra manifestamente prescrito.
Finaliza requerendo:
É o relatório.
Por fim, em junho/2020, a autora constituiu novos patronos nos autos (Fernando
Pires Advogados - index 1388), conforme instrumento de mandato de index 1389.
Diante disso foi proferida a decisão ora agravada que, em que pese
ter indeferido a reserva de honorários em favor da
ARARIPE E ADVOGADOS ASSOCIADOS, determinou o
prosseguimento da execução no que concerne aos
honorários sucumbenciais, pelo valor indicado pelo
credor (fl. 1498), em face de todos os devedores (réus).
Manteve as penhoras deferidas à fl. 1415 à fl. 1439. Determinou a lavratura dos termos
e a expedição das necessárias certidões para fins de averbação, caso tais medidas não
tivessem sido adotadas ainda.
No mesmo sentido:
Por esta razão, forçoso concluir que, nos termos do art. 85, § 15 do CPC,
pode a sociedade de advogados requerer que o pagamento dos
honorários que lhe são devidos seja efetuado em favor de advogados que
a integram na qualidade de sócios.
(...)
(...)