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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIO

Proc. 0738006-70.2017.8.07.0001

PAULA REGINA DE OLIVEIRA BRANDÃO SABINO E IGOR DOS SANTOS


SABINO, já qualificados nos autos em epígrafe, por meio de seu
representante legalmente constituído, vem à presença de Vossa Excelência,
interpor

RECURSO ESPECIAL

contra o acórdão em apelação prolatado nestes autos, com base na alínea “a”
do inciso III do art. 105 da Constituição Federal e arts. 1.029 e seguintes do
CPC, haja vista razões de fato e direito expostas, requerendo que o mesmo
seja admitido, na forma da Lei.

Após o regular processamento requer seja remetido o presente ao Superior


Tribunal de Justiça.

Nesses temos, pede deferimento.

Brasília, 22 de maio de 2020

PAULO HENRIQUE FRANCO PALHARES


OAB/DF 19.336.

RENATA LELIS RUFINO DOS SANTOS


OAB/DF 36.086

ISABELA TODD SILVA FREIRE


OAB/DF 54.338
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
COLENDA TURMA
EXCELENTÍSSIMOS SENHORES MINISTROS DA TURMA
DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Autos nº 0738006-70.2017.8.07.0001
Recorrente: PAULA REGINA DE OLIVEIRA BRANDÃO SABINO E IGOR DOS
SANTOS SABINO
Recorrido: Espólio de Mary dos Santos Sabino

DA TEMPESTIVIDADE DO RECURSO

O presente recurso é tempestivo. Da decisão contida no acórdão da


apelação foram interpostos embargos de declaração que foram conhecidos e
no mérito desprovidos, cuja decisão foi disponibilizada em 17.03.2020,
publicado em 18.03.2020, nesse interim foi editada portaria do CNJ
suspendendo os prazos processuais até o dia 30.04.2020, dessa forma, o
prazo para apresentação do presente recurso se deu em 04.05.2020 e
terminando em 22.05.2020.

Assim, em conformidade com o disposto no art. 219 do CPC, que


prevê a contagem dos prazos somente em dias úteis, tem-se que é
tempestivo o presente recurso especial.

EXPOSIÇÃO DOS FATOS E FUNDAMENTOS JURÍDICOS RELEVANTES

No caso, Excelência, trata-se de ação de cobrança na qual foi


requerida a citação da ré Paula Sabino, ora recorrente, para que pagasse o
montante R$ 280.431,11 (duzentos e oitenta mil quatrocentos e trinta reais
e onze centavos), atualizados e acrescidos de juros desde o desembolso.
Posteriormente, após determinação deste Juízo a inclusão do réu Igor dos
Santos Sabino no pólo passivo da presente demanda; requereu ainda a
dispensa da audiência de conciliação, a condenação dos requeridos ao
pagamento de honorários de sucumbência; bem como a expedição de
certidão comprobatória de ajuizamento da presente demanda.

Em síntese arguiu o inventariante que a Sra. Mary dos Santos Sabino,


autora da herança, efetuou empréstimo em favor da requerida Paula no
valor de R$ 142.000,00 (cento e quarenta e dois mil reais) realizado por meio
de transferência bancária realizada no dia 20.09.2013.

Relata o espólio, na pessoa do inventariante, que tomou ciência do


valor do suposto débito na abertura do inventário, em 06.11.2014 e que o
valor fora transferido para a ré no ano de 2013, através da corrente do Sr.
Eustáquio Ferreira Brandão, genitor da ré Paula.

Ocorre que se trata de dívida prescrita e apesar dos fatos aduzidos e


já transcorrido o prazo prescricional para cobrança da dívida os pedidos
carreados a inicial foram julgados procedentes. No caso restou consignado
na fundamentação e dispositivo da sentença recorrida o seguinte:

Emenda substitutiva ID 12735376 1. ESPOLIO DE


MARY DOS SANTOS SABINO ingressou com ação de
cobrança em face de PAULA REGINA DE OLIVEIRA
BRANDAO SABINO e IGOR DOS SANTOS SABINO,
ambos qualificados nos autos, alegando, em suma, que
a primeira ré contraiu empréstimo junto a Sra. Mary
dos Santos Sabino, o qual não foi quitado. Afirmou que
o valor foi transferido da conta da falecida para o Sr.
Eustáquio Ferreira Brandao, tendo ingressado com
ação judicial em seus desfavor, ocasião em que foi
reconhecido que a ré Paula foi a verdadeira beneficiaria
do empréstimo. Requereu a procedência do pedido, com
a condenação da ré e seu marido ao pagamento do
valor atualizado de R$ 280.431,11 (duzentos e oitenta
mil, quatrocentos e trinta e um reais e onze centavos).
Juntou documentos. Devidamente citados, os réus
apresentaram contestação (ID 23012507) arguindo,
preliminarmente, a ilegitimidade passiva do segundo
réu e a prescrição do direito autoral. No mérito, afirmou
que passava por dificuldades financeiras em sua
atividade profissional, tendo a sua sogra emprestado a
quantia em dinheiro. Requereu a improcedência dos
pedidos. A parte autora apresentou replica (ID
24384290). 2. Do saneamento do processo Estão
presentes os requisitos de constituição e
desenvolvimento valido e regular do processo, não se
vislumbra qualquer irregularidade a ser sanada, razão
pela qual dou o processo por saneado. O segundo réu
alega sua ilegitimidade passiva, uma vez que, ao
contrario do alegado pela autora, não foi beneficiário do
empréstimo. Com efeito, a presunção e de que a divida
contraída por um dos cônjuges na constância de
casamento se reverte em beneficio da família. Nesse
sentido, caberia ao segundo ré comprovar que não
obteve proveito do valor emprestado a sua esposa,
todavia, ele se limitou a tecer considerações genéricas.
Ante o exposto, forçoso reconhecer sua
responsabilidade solidaria frente ao pagamento do
debito, razão pela qual rejeito a preliminar de
ilegitimidade passiva. DA PRESCRIÇÃO Os réus
pretendem o reconhecimento da prescrição da divida.
Com efeito, a prescrição e o efeito do decurso do tempo
sobre a possibilidade da parte exigir judicialmente o
cumprimento da obrigação (pretensão), ou seja, a partir
da lesão. Nesse sentido, o Superior Tribunal de Justiça
definiu que o contrato verbal não se submete a regra
prevista no artigo 206, § 3º, inc. V, do Código Civil,
razão pela qual deve ser aplicado o artigo 205 que prevê
o prazo geral de 10 (dez) anos. RECURSO ESPECIAL.
CIVIL. AÇÃO DE COBRANÇA. MUTUO. CONTRATAÇÃO
VERBAL. PRETENSÃO. EXIGÊNCIA DA PRESTAÇÃO
CONTRATADA. PRESCRIÇÃO. PRAZO ORDINÁRIO DE
DEZ ANOS. ART. 205 DO CÓDIGO CIVIL. APLICAÇÃO.
1. A controvérsia dos autos e definir o prazo
prescricional aplicável a pretensão de cobrança de
valores objeto de contrato de mutuo firmado
verbalmente. 2. A pretensão de exigir o adimplemento
do contrato verbal de mutuo não se equipara a de
ressarcimento por dano contratual, circunstancia que
impede a aplicação do prazo prescricional de 3 (três)
anos dedicado as reparações civis (art. 206, § 3º, inc. V,
do Código Civil). 3. A contratação verbal não possui
existência e objeto definidos documentalmente, sendo
impossível classifica-la como divida liquida constante
em instrumento publico ou particular, conforme art.
206, § 5º, inc. I, do CC/02, especialmente porque as
normas pertinentes a prescrição exigem interpretação
restritiva. 4. Não havendo prazo especifico para
manifestar a pretensão de cobrança de valor
inadimplido em contrato de mutuo verbal, e aplicável o
prazo ordinário de 10 (dez) anos, previsto no art. 205 do
Código Civil. 5. Recurso especial não provido. (REsp
1510619/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BOAS
CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 27/04/2017,
DJe 19/06/2017) Do julgamento Antecipado do mérito
Nos termos imperativos do artigo 355 do Código de
Processo Civil, quando não houver a necessidade de
produção de outras provas, o processo deve receber
julgamento antecipado do mérito, na medida em que se
trata de matéria exclusivamente de direito ou que
demanda apenas prova documental, a ser produzida na
forma do artigo 434 do Código de Processo Civil. DO
MÉRITO E incontroverso nos autos que os réus foram
beneficiários da quantia de R$ 142.000,00 (cento e
quarenta e dois mil reais), decorrente de empréstimo
verbal realizado pela Sra. Mary dos Santos Sabino.
Dessa forma, uma vez comprovada existência de um
debito, não pode ser imposta a parte autora a obrigação
de comprovar fato negativo, qual seja, o não pagamento
do debito. Ao contrario, cabia aos réus comparecerem
aos autos e demonstrarem que efetuaram o pagamento
do quantum pretendido, apresentando os respectivos
comprovantes. Desta forma, ante a inercia dos réus,
impõe-se o acolhimento integral do pedido inicial. 3.

Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO, para


condenar os réus ao pagamento da quantia de R$
142.000,00 (cento e quarenta e dois mil reais), corrigida
monetariamente desde a data do empréstimo e
acrescida de juros legais a partir da citação ate a data
do efetivo pagamento. Extingo o processo, com
resolução do mérito, com fundamento no artigo 487,
inciso I, do Código de Processo Civil. Em face da
sucumbência, condeno os réus ao pagamento das
custas processuais, bem como aos honorários
advocatícios, que fixo em 10% (dez por cento) do valor
da condenação, com fundamento no artigo 85, §2º do
Código de Processo Civil. Sentença registrada
eletronicamente. Publique-se. Intimem-se. Thiago de
Moraes Silva Juiz de Direito Substituto

Da sentença proferida foi interposta recurso de apelação, ora


rejeitada, cujo ementa do acórdão foi a seguinte:

EMENTA
Poder Judiciário da União
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS
TERRITÓRIOS
5a Turma Cível
APELAÇÃO CÍVEL 0738006-70.2017.8.07.0001
PAULA REGINA DE OLIVEIRA BRANDAO SABINO e IGOR
DOS SANTOS SABINO
ESPOLIO DE MARY DOS SANTOS SABINO Desembargador
ROBSON BARBOSA DE AZEVEDO
1204114
DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE
COBRANÇA. ILEGITIMIDADE PASSIVA DO CÔNJUGE NÃO
RECONHECIDA. PRESUNÇÃO DE QUE A DÍVIDA SE
REVERTEU EM BENEFÍCIO DA FAMÍLIA. PRESCRIÇÃO.
CONTRATO VERBAL. DEZ ANOS. ARTIGO 205 DO CÓDIGO
CIVIL. PRELIMINAR REJEITADA. DISCUSSÃO ACERCA DA
NATUREZA JURÍDICA DA TRANSFERÊNCIA DE QUANTIA
DETERMINADA. IRRELEVÂNCIA. OBRIGAÇÃO DE
PAGAMENTO. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL.
ARTIGO 544 DO CÓDIGO CIVIL. RECURSO CONHECIDO E
DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.
1. Há presunção de que a dívida contraída por um dos
cônjuges na constância do casamento se reverte em benefício
da família, de maneira que caberia ao réu a comprovação de
que a quantia repassada à sua esposa, também ré no
processo, não beneficiou o casal.
2. Ao contrato verbal deve ser aplicado o artigo 205 do
Código Civil, que prevê o prazo prescricional geral de 10 (dez)
anos, uma vez que não se submete a regra prevista no artigo
206, §3o, inciso V, do Código Civil. Precedentes.
3. A natureza jurídica da transferência (doação ou
empréstimo) não isenta os herdeiros de colacionarem os bens
que lhe foram doados pela autora da herança, uma vez que
são, a teor do artigo 544 do Código Civil, adiantamento de
herança.
4. Embora a transferência tenha sido feita à nora da autora
da herança, a quantia se reverteu em benefício de seu
marido, descendente da doadora. Assim, a obrigação de
pagamento da quantia se mantém independentemente da
natureza jurídica da transferência.
5. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. Sentença
mantida.

Do referido acórdão foi interposto o recurso de embargos de


declaração em virtude de vício identificado quanto a contradição e omissão
na decisão.
O acórdão em sede de embargos de declaração restou assim
ementado:
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM APELAÇÃO CÍVEL.
OMISSÃO, CONTRADIÇÃO, OBSCURIDADE OU ERRO
MATERIAL. OMISSÃO E CONTRADIÇÃO INEXISTENTES.
EMBARGOS CONHECIDOS E DESPROVIDOS.
1. Os embargos de declaração têm por finalidade eliminar
eventual obscuridade, contradição, omissão ou a correção de
erro material existente no julgado, nos termos do art. 1.022
do CPC.
2. Os embargos de declaração não servem para rediscutir o
mérito, nem renovar ou reforçar os fundamentos da decisão,
sendo essa pretensão dos embargantes, o que ultrapassa os
limites do art. 1.022 do CPC, devendo, em verdade, aviar
recurso próprio e apto a amparar sua pretensão.
3. A inexistência dos vícios apontados pelos embargantes
enseja a rejeição do recurso.
4. EMBARGOS CONHECIDOS E DESPROVIDOS.

Diante do esgotamento da jurisdição do Tribunal de Justiça do


Distrito Federal e dos Territórios e da incidência das normas dispostas no
artigo 105, III, a da Constituição Federal é que se interpõe o presente
recurso especial com vistas a ver a correta aplicação da lei federal, conforme
as razões a seguir demonstradas.

DO APONTAMENTO DE ERRO DE JULGAMENTO DA DECISÃO


RECORRIDA.
Excelências, a Turma julgadora decidiu em sob premissas que
violaram lei federal em evidente equívoco que deu azo a interposição de
recurso de embargos de declaração tendo em vista omissão quanto aos
fundamentos jurídicos que fundamentaram a pretensão do recorrente: A
ilegitimidade do requerido Igor para compor o polo passivo da presente
demanda, a operação, da prescrição e a sucumbência recíproca no caso de
manutenção do acórdão recorrido.

DO CABIMENTO DO RECURSO ESPECIAL


Conforme demonstrado nas razões abaixo, o presente Recurso
Especial é cabível pela alínea “a” do inciso III do art. 105 da Constituição
Federal em razão da violação do seguinte dispositivo de lei federal: art. 485,
VI do CPC, art. 206, § 3º, IV do CC e art. 86 do CPC.
Ademais, houve a violação dos arts. 1.022 do Código de Processo Civil
no momento em que o Tribunal de Origem deixou de analisar a omissão e a
contradição. Assim, houve negativa de vigência a este artigo.

Do prequestionamento dos artigos violados


Foi suscitada a questão referente a defeito no recurso de apelação
pelo recorrente, substanciado na natureza petitória da demanda cujo escopo
é de ilegitimidade do requerido Igor para compor o polo passivo da presente
demanda, a operação, da prescrição e a sucumbência recíproca no caso de
manutenção do acórdão recorrido.
Em razão da decisão da Turma Cível do TJDFT de não enfrentar a
questão suscitada, foram opostos embargos de declaração
instrumentalizando prequestionamento da matéria, com o escopo de ter
enfrentada a questão controvertida.
O Tribunal conheceu dos embargos, mas negou-lhes provimento, nos
seguintes termos:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM APELAÇÃO CÍVEL.


OMISSÃO, CONTRADIÇÃO, OBSCURIDADE OU ERRO
MATERIAL. OMISSÃO E CONTRADIÇÃO INEXISTENTES.
EMBARGOS CONHECIDOS E DESPROVIDOS.
1. Os embargos de declaração têm por finalidade eliminar
eventual obscuridade, contradição, omissão ou a correção de
erro material existente no julgado, nos termos do art. 1.022
do CPC.
2. Os embargos de declaração não servem para rediscutir o
mérito, nem renovar ou reforçar os fundamentos da decisão,
sendo essa pretensão dos embargantes, o que ultrapassa os
limites do art. 1.022 do CPC, devendo, em verdade, aviar
recurso próprio e apto a amparar sua pretensão.
3. A inexistência dos vícios apontados pelos embargantes
enseja a rejeição do recurso.
4. EMBARGOS CONHECIDOS E DESPROVIDOS.

Resta, então, devidamente prequestionada a matéria que habilita o


processamento deste pedido contido neste recurso.

DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS PARA REFORMA DA DECISÃO

Da violação ao art. art. 485, VI, do Código de Processo Civil

Excelências, conforme já suscitado em todas as peças até agora


apresentados nos autos o recorrente Igor é parte ilegítima para compor o
pólo passivo da presente demanda.

O CPC prevê que são condições da ação: a) a possibilidade jurídica do pedido;


b) a legitimidade das partes, também chamada de ad causam; e c)- o interesse
processual, denominado por alguns de interesse de agir.

No caso em comento não se verifica a legitimidade passiva do réu Igor dos


Santos Sabino. Veja, Excelências, a legitimidade passiva é condição subjetiva, vez
que analisa os sujeitos da relação processual, exigindo que estejam em determinada
situação jurídica que lhes autorize a conduzir o processo em que se discuta aquela
relação jurídica de direito material deduzida em juízo.

A legitimidade das partes representa conforme disposto no art. 485, inc. VI,
do CPC, uma das condições da ação, sem a qual é inviável a análise do mérito da
demanda. Deve ser declarada a ilegitimidade passiva do réu Igor dos Santos Sabino
em face da ausência de nexo de causalidade entre o direito invocado pelo autor e a
conduta do réu.

Conforme narrado na própria peça vestibular, o Sr. Igor dos Santos Sabino, não
participou das tratativas e sequer tomou ciência das conversas que sua esposa e
sua mãe tiveram sobre as tratativas que acarretaram na propositura da presente
demanda.

Não é possível apontar qualquer ação ou omissão do requerido Igor dos Santos
Sabino que tenha contribuído a realização do negócio jurídico entre sua mãe e sua
esposa. O valor objeto da presente demanda foi transferido para a Sra. Paula Regina
Oliveira Brandão Sabino, através da conta do Sr. Eustáquio Brandão.
Somente após a propositura da ação contra o Sr. Eustáquio é que o Sr. Igor
tomou conhecimento do referido negócio, tornando pessoa alheia ao fazimento do
contrato. O fato de ser casado com a Sra. Paula Sabino não o faz ser réu neste
processo, que deve ser intentado somente contra sua esposa.

Inexistente, portanto, o dever de sujeição do requerido ao direito alegado pelo


requerente na inicial, uma vez que os supostos danos foram causados por terceiros.
Carece o requerido Igor dos Santos Sabino de legitimidade passiva, devendo o feito
ser extinto, sem resolução de mérito, por carência de ação em relação a ele.

A ilegitimidade de parte tratada no art. 485, VI do CPC é ad causam. Aqui a


legitimidade arguida pela Demandada é passiva e corresponde a não haver
coincidência entre a pessoa apontada como ré e o suposto obrigado pelo
cumprimento da obrigação invocada pela Autora.
O nosso sistema processual preza pela boa técnica no manejo dos
instrumentos processuais, que devem ser utilizados corretamente na busca do
provimento jurisdicional reclamado.
Cabe observar que, ao ajuizar uma ação, deve o Autor estrita obediência às
condições da ação, classicamente divididas em possibilidade jurídica do pedido,
interesse de agir e legitimidade ad causam. Torna-se imperioso, portanto,
declarar a reclamante carecedor de ação, já que inexistente a condição da ação
explicitada acima, em razão da ilegitimidade passiva ad causam, demonstrada, de
forma clara, na argumentação acima esposada.
Isto posto, o presente caso deveria ser extinto o presente processo sem
resolução do mérito em relação ao réu/recorrente Igor Sabino, com supedâneo no
artigo 485, VI do CPC.

Dessa forma, deve ser reformado o acórdão recorrido sob pena de


violação ao art. 485, VI do CPC.

Da violação do artigo 206, § 3o IV do Código Civil

Excelências, conforme já suscitado em todas as peças até agora


apresentados nos autos já foi operada a prescrição no caso em comento e a
manutenção da decisão recorrida acarreta na violação do disposto no artigo
206, § 3º, IV do CC.

Excelências, o crédito foi transferido à Sra. Paula Sabino, por intermédio da


conta corrente de seu pai, em 20.09.2013. O espólio requerente propôs ação
declaratória de reconhecimento de dívida em face do Sr. Eustáquio em 11.02.2015.
Citado o referido senhor apresentou nomeação à autoria (id 23012585), em
demonstração de boa-fé indicando a sua filha, Paula Sabino, como beneficiaria do
valor transferido para sua conta.

O espólio, contudo, não aceitou a referida nomeação, assumindo o risco de


propositura de demanda sob parte ilegítima. Ao assumir o risco, a parte deveria ter
atendado para o prazo prescricional, o que inclusive foi objeto de decisão (id
23012591 )nos autos n. 2015.01.1.014635-0 que dispôs:

DECISÃO

À luz do art. 65 do CPC, é prerrogativa do autor aceitar ou


não a nomeação à autoria, assumindo o risco de ver ação
prosseguir contra parte passiva ilegítima.

Diante da recusa do autor manifestada às fls. 68/77,


prossiga-se nos termos do art. 67 do CPC, iniciando-se o
prazo para contestar a partir da publicação desta decisão.

Brasília - DF, segunda-feira, 14/12/2015 às 15h18.

É fato que o espólio requerente assumiu o risco de demandar contra parte


ilegítima e, frise-se, a ação intentada contra parte ilegítima não obsta o a
contagem do prazo prescrição.
No caso em comento, o crédito foi repassado à ré Paula Sabino por operação
bancária datada de 20.09.2013, com suposto vencimento em 30 dias e a propositura
da presente demanda só ocorreu em 06.12.2017, trata-se de dívida prescrita
Excelência.
A finalidade da prescrição é uma aspiração do Direito à estabilidade, à
segurança e à tranquilidade nas relações jurídicas, assim como a conferir
previsibilidade às regras que regulam estas relações. Para Silvio Rodrigues (SILVIO,
Rodrigues. Direito Civil. V. I. 25ª ed. São Paulo: Saraiva 2007, p. 321), o fundamento
da prescrição repousa:
(...) no anseio da sociedade em não permitir que demandas
fiquem indefinidamente em aberto; no interesse social em
estabelecer um clima de segurança e harmonia, pondo termo
a situação litigiosa e evitando que, passado anos e anos,
venham a ser propostas ações, reclamando direitos cuja
prova de constituição perdeu-se no tempo.
O instituto da prescrição é indispensável à estabilidade e consolidação de
todos os direitos, uma vez que existe a fim de proporcionar a segurança jurídica,
sendo tratada pela disponibilidade de um direito em razão do tempo.
Essa necessidade é bem esclarecida por Cristiano Chaves de Farias e Nelson
Rosenvald (FARIAS, Cristiano Chaves de Farias. ROSENVALD, Nelson. Direito Civil.
Teoria Geral. 9 ed. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2011, p.716) que afirmam que:
A manutenção indefinida de situações jurídicas pendentes,
por lapsos temporais prolongados, importaria, sem dúvida,
em total insegurança e constituiria uma fonte inesgotável de
conflitos e de prejuízos diversos. “Consequentemente surge à
necessidade de controlar, temporalmente, o exercício de
direitos, propiciando segurança jurídica e social”.
Então, entende-se por segurança jurídica a preservação de uma situação
fática que vem ocorrendo há tempos, evitando que a aparência de um direito se
interrompa após determinado tempo em que o titular do direito deixou de fazer valer
sua pretensão. Nesse modo, explica Gustavo Tepedino (TEPEDINO, Gustavo.
TEPEDINO, Gustavo. E outros (coordenação). Código Civil Interpretado. volume I e
II, Rio de Janeiro, Editora Renovar, 2007., p. 248) que
O direito é sensível às aparências, de modo que uma situação
fática que se exterioriza reiteradamente ao longo do tempo
pode suscitar para a ordem jurídica o interesse em preservá-
la.
Desse modo, a prescrição, como meio de se estabilizar uma situação
duradoura, pode servir tanto para extinguir um direito, quanto para adquiri-lo. No
caso, Excelência, a ação proposta foi distribuída a este juízo em 06.12.2017
conforme demonstra o andamento de distribuição.
Nos termos do artigo 206, § 3o, inciso IV a pretensão do espólio requerente de
cobrança prescreve em 03 (três) anos, dispôs o referido:
Art. 206. Prescreve:
§ 3o Em três anos:
IV - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem
causa;
No caso, Excelência, a pretensão do espólio requerente é de receber valores
por ele alegados como devidos desde 20.09.2013 em face de alegado enriquecimento
ilícito da ré Paula Sabino.
Ao negar a nomeação à autoria nos autos do processo número
2015.01.1.014635-0 o espólio optou por intentar ação contra réu manifestamente
ilegítimo. Tal fato fez com que o suposto crédito fosse alcançado pela prescrição.
Desta forma resta operada no caso a prescrição. Dessa forma, deve ser
reformado o acórdão recorrido sob pena de violação ao art. 206, § 3o IV do CC.

Da violação ao art. art. 86 do Código de Processo Civil

Caso este tribunal guarde o mesmo entendimento que o juízo da


quinta turma cível do TJDFT quanto à prescrição, o que não se espera, deve
ser reconhecida a sucumbência recíproca. Senão vejamos:
Em seu pedido feito em emenda à inicial, realizado no ID 12249981, o
Espólio requereu, no item o pagamento da quantia de valor de R$280.431,11
(duzentos e oitenta mil, quatrocentos e trinta e um reais e onze centavos),
atualizado monetariamente desde o seu desembolso até a data do
pagamento;

O valor requerido é quase o dobro do supostamente devido, que conforme


estabeleceu a sentença mantida pelo Acórdão recorrido é de R$142.000,00
atualizado desde a data do empréstimo. Assim, houve excesso na cobrança.
Desta feita, o espólio deve ser condenado ao pagamento de honorários
sucumbenciais em razão da sucumbência recíproca e proporcional. Assim, requer-se
que seja reequilibrada a sucumbência de forma a atender o art. 86 do Código de
Processo Civil. (Art. 86. Se cada litigante for, em parte, vencedor e vencido, serão
proporcionalmente distribuídas entre eles as despesas) Dessa forma, deve ser
reformado o acórdão recorrido sob pena de violação ao art. 86 do CPC.
Da violação do artigo 1.022 do Código de Processo Civil
Conforme referido, em que pese a apresentação dos Embargos de
Declaração prequestionadores, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e
Territórios entendeu que não havia contradição ou omissão no acórdão
recorrido, apontando que o acórdão foi devidamente fundamentado.
É a redação do art. 1.022 do Código Processual Civil.
Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer
decisão judicial para:
I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;
II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se
pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento;
III - corrigir erro material.
Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que:
I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de
casos repetitivos ou em incidente de assunção de competência
aplicável ao caso sob julgamento;
II - incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, §
1o.

Neste ponto o Tribunal negou vigência do artigo 1.022 por não sanar
as contradições apontadas. O acórdão deixou de apreciar questões
relevantes trazidas na argumentação do recorrente e que não foram
abordadas no respeitável voto do eminente Relator e que são determinantes
para a solução da controvérsia.
Responder e fundamentar tais argumentos constitui requisito de
validade da decisão judicial e, com todo o respeito, isso não se materializou
na decisão que foi objeto de embargos.

DOS PEDIDOS
Ante o exposto, requer:
a. o conhecimento do presente recurso em razão da violação direta da
Lei Federal, hipótese prevista na alínea “a” do inciso III do art. 105 da
Constituição Federal, e seu provimento para declarar a violação dos
seguintes dispositivos de lei federal: art. 485, VI do CPC, art. 206, §
3º, IV do CC, art. 86 do CPC e art. 1.022 do CPC;
b. Em se declarando a incidência da aplicação supra, que se reforme o
acórdão de origem a fim de que seja dado provimento aos pedidos
carreados na inicial;
c. Alternativamente que, caso este Tribunal, entenda ainda existir
dívida, que seja reconhecida a sucumbência recíproca, de forma a
condenar o Espólio ao pagamento da sucumbência pelo excesso de
cobrança.
d. A condenação da ré em custas e horários recursais, nos termos do
art. 85 do Código Civil.
Nesses Termos, Pede Deferimento.
Brasília, 22 de maio de 2020

PAULO HENRIQUE FRANCO PALHARES


OAB/DF 19.336.

RENATA LELIS RUFINO DOS SANTOS


OAB/DF 36.086

ISABELA TODD SILVA FREIRE


OAB/DF 54.338

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