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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

EJLC
Nº 70059111914 (N° CNJ: 0103754-60.2014.8.21.7000)
2014/CÍVEL

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE


INEXISTÊNCIA DE DÉBITO. PAGAMENTO DA
DÍVIDA COM ATRASO. RESPONSABILIDADE DO
DEVEDOR. INSCRIÇÃO POSSÍVEL. EXISTÊNCIA
DO DÉBITO. DANO MORAL NÃO CONFIGURADO
DANO MORAL: Parcela vencida e não quitada pela
parte autoriza a inscrição da dívida nos órgãos
competentes. Culpa exclusiva do devedor que não
honrou o débito no vencimento. Legítima a inscrição.
Exclusão, após o pagamento, em tempo exíguo e
anterior à propositura da ação. Descabido o dano
moral, no caso em concreto.
PREQUESTIONAMENTO: O prequestionamento de
normas constitucionais e infraconstitucionais fica
atendido nas razões de decidir deste julgado, o que
dispensa manifestação pontual acerca de cada artigo
aventado. Tampouco se negou vigência aos
dispositivos normativos que resolvem a lide.
NEGARAM PROVIMENTO AO APELO. UNÂNIME.

APELAÇÃO CÍVEL DÉCIMA NONA CÂMARA CÍVEL

Nº 70059111914 (N° CNJ: 0103754- COMARCA DE TRAMANDAÍ


60.2014.8.21.7000)

VOLNEI LACERDA BUENO APELANTE

BANCO BRADESCO S. A. APELADO

BANCO FINASA BMC S/A APELADO

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos.


Acordam os Desembargadores integrantes da Décima Nona
Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em negar
provimento ao recurso de apelação.
Custas na forma da lei.

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Participaram do julgamento, além do signatário, os eminentes


Senhores DES. VOLTAIRE DE LIMA MORAES (PRESIDENTE E
REVISOR) E DES. MARCO ANTONIO ANGELO.
Porto Alegre, 22 de maio de 2014.

DES. EDUARDO JOÃO LIMA COSTA,


Relator.

RELATÓRIO
DES. EDUARDO JOÃO LIMA COSTA (RELATOR)
Trata-se de recurso de apelação interposto por VOLNEI
LACERDA BUENO em relação à sentença que julgou improcedente a ação
declaratória de inexistência de débito, cumulada com indenização por dano
moral, processo nº 073/11100109236, que move em face de BANCO
BRADESCO e por BANCO FINASA BMC S/A.
A sentença, na parte dispositiva, está assim lançada (fl. 86 -
verso):

“Em face do exposto, JULGO IMPROCEDENTES os


pedidos deduzidos por VOLNEI LACERDA BUENO
conta o BANCO BRADESCO S/A e BANCO FINASA
BMC S/A.

Sucumbente, condeno o autor ao pagamento das


custas processuais e honorários advocatícios em favor
do procurador da parte contrária, que arbitro em R$
800,00, com base no art. 20, §4º, do CPC. Suspendo a
exigibilidade da verba sucumbencial, porquanto o
requerente é beneficiário da gratuidade de justiça.”

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Volnei Lacerda Bueno, em extensa razão de apelo, requer a


modificação do julgado aduzindo que foi cadastrado por dívida quitada, o
que causa dano moral indenizável.
Colaciona jurisprudência.
Postula por indenização capaz de reparar o dano causado pela
exposição sofrida.
Recurso dispensado do preparo, por litigar a parte ao abrigo da
assistência judiciária gratuita (fl. 54).
Recebido o apelo e intimada a parte contrária, foram juntadas
contrarrazões às fls. 110/111.
Vieram os autos conclusos.
Cumpridas as formalidades do artigo 551, do CPC.
É o relatório.

VOTOS
DES. EDUARDO JOÃO LIMA COSTA (RELATOR)
O recurso preenche os requisitos de admissibilidade.
Rememoro que o núcleo da controvérsia deriva da
circunstância de que o apelante teve o seu nome cadastrado, por um débito
que alega ter quitado.
A sentença julgou improcedente o pedido, tendo o autor
interposto o presente recurso de apelação.
Sem razão.
Incontroverso que as partes firmaram um Contrato de
Financiamento de Bens e/ou Serviços, no valor de R$ 5.100,00, a ser
quitado em 48 parcelas, sendo isso incontroverso nos autos diante dos
documentos de fls. 73/76.

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Segundo narrado pelo autor, mesmo com a parcela com


vencimento para o dia 15 de agosto de 2011 quitada, houve o
cadastramento negativo do seu nome, juntado o documento de fl. 23 para
isso comprovar.
Inicialmente, há de se destacar que a inscrição que dá suporte
ao pedido de indenização por dano moral é aquela que tem como valor
cadastrado a parcela com vencimento em 15 de setembro de 2011, e não
aquela vencida em agosto, segundo se observa no comprovante de registro
de fl. 23.
Malgrado o equívoco, tenho que o fato não causa prejuízo às
partes, vez que o documento de fl. 81 demonstra que a parcela com
vencimento em 15 de agosto de 2011 também foi cadastrada. Assim
possível o enfrentamento da questão embora a divergência.
Nesse contexto, conforme documentos de fls. 81/2, verifica-se
que a parcela com vencimento em 15 de setembro de 2011, no valor de R$
212,40, foi quitada somente em 26 de outubro de 2011. Da mesma forma,
consta na fl. 23 que a parte autora procedeu ao cadastramento do nome do
autor nos órgãos de proteção ao crédito no dia 15 de outubro de 2011, ou
seja, anteriormente a quitação da dívida.
De outro lado, a parcela com vencimento em 15 de agosto de
2011 igualmente foi quitada com atraso, eis que honrada em 09 de
setembro, cadastrada em 05 de setembro de 2011, anteriormente à
quitação, e providenciada sua exclusão no dia 13 de setembro de 2011.
É possível afirmar que o cadastramento foi lícito, eis que
vencida a dívida essa não foi quitada, ao menos até no momento em que
cadastrado os débitos.
O documento de fl. 81 trazido pela parte demandada
demonstra, ainda, que decorridos dois (2) e oito (8) dias, respectivamente,
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do pagamento, as inscrições foram levantadas, o que é considerado prazo


exíguo à exclusão da dívida. Ademais a exclusão se deu em momento
anterior à propositura da demanda, interposta esta em novembro de 2011.
Mais não precisa ser dito para não provimento do apelo.
É, pois, de ser negado provimento ao pedido de declaração de
inexistência de dívida cumulada com condenação das apeladas ao
pagamento de indenização por danos morais, traduzindo a sentença lançada
pela magistrada MILENE KOERIG GESSINGER a solução da querela, cuja
fundamentação passo a transcrever a fim de evitar tautologia:

Trata-se de ação em que a parte autora postula ser


indenizada por danos morais decorrentes da irregular
inscrição do seu nome nos órgãos de restrição ao
crédito.

Inicialmente, analiso a preliminar de inépcia da inicial.

Depreende-se da inicial os fundamentos e a causa de


pedir do demandante. Por outro lado, não cabe agora,
em sede de exame de prefaciais, adentrar no mérito
das questões trazidas a este Juízo, o que será
realizado no momento oportuno.

Assim, desacolho a prefacial nesse sentido deduzida.

Analiso o mérito.

A controvérsia no presente feito cinge-se ao fato de se


a inscrição do nome da parte autora nos órgãos de
restrição ao crédito foi ou não lícita.

À fl. 81 do feito consta informação de que o réu


Bradesco incluiu o nome do demandante nos
cadastros de inadimplentes em duas oportunidades. A
primeira em 05/09/2011 (referente a débito de
15/08/2011), tendo sido excluído em 13/09/2011, e a
segunda em 05/10/2011 (referente a débito de
15/09/2011), tendo sido excluído em 28/10/2011.

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Analisando os comprovantes das fls. 28/29, verifico


que, de fato, as parcelas vencidas em 15/08/2011 e
15/09/2011 relativas ao contrato de financiamento das
fls. 73/76 foram pagas com atraso pelo requerente,
sendo a primeira quitada em 09/09/2011 e a segunda
em 26/10/2011.

Comparando os dados acima expostos, constato que


as negativações ocorreram quando o demandante, de
fato, estava inadimplente, sendo que 48h após o
pagamento foi efetuada a exclusão dos
apontamentos.

Dessa forma, não verifico no caso ora em análise


ocorrência de dano moral indenizável em favor do
requerente, porquanto o réu agiu no exercício regular
de um direito, não tendo praticado, portanto, qualquer
ato ilícito.

Por conseguinte, pelas peculiaridades do caso concreto,


ausente qualquer tipo de ato ilícito por parte do banco demandado bem
como o nexo de causalidade entre sua atitude e o suposto dano sofrido, não
havendo, pois, que se falar em pagamento de indenização.
Portanto, sem fundamento as razões de apelo, já que não
possuem o condão de modificar o julgado, pelas razões já expostas.
É caso, pois, de se negar provimento ao recurso de apelação.

DISPOSITIVO
Ante o exposto, voto por negar provimento do apelo, mantendo
a sentença nos termos em que proferida. Ônus mantidos.
É o voto.

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DES. VOLTAIRE DE LIMA MORAES (PRESIDENTE E REVISOR) - De


acordo com o(a) Relator(a).
DES. MARCO ANTONIO ANGELO - De acordo com o(a) Relator(a).

DES. VOLTAIRE DE LIMA MORAES - Presidente - Apelação Cível nº


70059111914, Comarca de Tramandaí: "NEGARAM PROVIMENTO AO
RECURSO DE APELAÇÃO. UNÂNIME."

Julgador(a) de 1º Grau: MILENE KOERIG GESSINGER

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