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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR-PRESIDENTE DO

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL.

Pedido de AJG

PROCESSO Nº 017/1.05.0000326-3
PEDIDO DE AJG
URGENTE – pedido liminar

JOÃO BATISTA DE SOUZA, brasileiro,


solteiro, pedreiro, portador da CI nº 3036765539 e inscrito no CPF sob o nº
458.092.910/15, residente e domiciliado na Rua Delfino Costa, nº 320, bairro
Conservas na cidade de Lajeado/RS, por sua advogada ao final assinado com
endereço profissional na Rua Júlio May, nº 237, centro, na cidade de Lajeado,
onde recebe intimações, demonstra seu inconformismo com a decisão de fl. 28
e 41, que indeferiu o pedido liminar no presente AGRAVO DE INSTRUMENTO,
fulcro no artigo 522 e seguintes do Código de Processo Civil, para este Egrégio
Tribunal de Justiça, expondo suas razões de fato e de direito que esta
acompanha.

Seguem em anexo à presente os


documentos referidos no artigo 525 do Estatuto Processual Civil.

Noticia-se, ainda, com espeque no artigo


524, inciso III, do mesmo Codex, que o nome e o endereço dos advogados da
parte Demandada – BANCO SANTANDER DO BRASIL –, não constam nos
autos, uma vez que não houve, ainda, qualquer manifestação por sua parte.
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Deu-se à causa o valor de R$ 3.055,40 (três


mil, cinqüenta e cinco reais e quarenta centavos), para fins de cálculo de
custas.

Destarte, sendo tempestivo o agravo, pede


seu recebimento e autuação para que, uma vez conhecido, mereça juízo de
procedência.

Lajeado, 28 de maio de 2007.

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ALICIA CARLA ZAMBIASI CAERO
OAB/RS – 60.817
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EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL.

COMARCA: LAJEADO

VARA: 1º VARA CIVEL

PROCESSO: 017/1.07.0002494-5

AGRAVANTE: JOÃO BATISTA DE SOUZA

AGRAVADO: O JUÍZO

OBJETO: RAZÕES DE AGRAVO COM PEDIDO DE LIMINAR

EMÉRITOS JULGADORES!

I – DA SÍNTESE DOS FATOS

O Banco Requerido ajuizou em face do Agravante ação de


busca e apreensão, requerendo liminarmente a apreensão do veiculo
financiado, tendo em vista que havia prestações em atraso, sendo o pedido
deferido. Após ter o carro apreendido e ser devidamente citado o Agravante
efetuou o pagamento total do contrato firmado com o Banco na data de
10/01/2007, e num ato continuo, conforme as alterações do decreto 911/69 que
possibilita ampla discussão sobre o contrato na própria busca e apreensão,
apresentou contestação requerendo a revisional do contrato.

Na data de 15/01/2007, considerando que o Agravante


purgou a mora no prazo legal efetuando o pagamento total da dívida,
conforme dispõem o artigo 3º, parágrafo 1º e 3º do decreto 911/69, o juízo
liberou a expedição de alvará judicial para liberação do veículo
apreendido.

Em razão do pagamento total da dívida, após a


liberação do Automóvel ao Agravante, na data de 13/02/2007 estava à
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disposição do ora Requerido o alvará judicial autorizando o saque do


valor de R$ 3.055,40 (três mil e cinqüenta e cinco reais e quarenta
centavos), valor total do contrato firmado entre João Batista de Souza e
Banco Santander Brasil SA que deu causa a busca e apreensão.

Ainda em relação a Ação de Busca Apreensão foi proferida


sentença na data de 05/03/2006, sendo que o Agravante inconformado com
a extinção do processo sem julgamento do mérito, interpôs recurso de
apelação, buscando unicamente a revisional do contrato que já havia
pago na integralidade, que foi recebido pelo Juiz determinado a abertura de
prazo para o Banco, querendo apresentar contra razões.

O contrato firmado entre o Agravante e o Banco


Requerido foi firmado com alienação fiduciária como garantia de pagamento do
financiamento, conforme demonstra a cópia do documento do veículo e
certidão do Detran/RS.

Passado dias após a quitação do contrato o Agravante


entrou em contato com o Banco Requerido solicitando a liberação da alienação
fiduciária, sendo na ocasião informado que assim que constasse no sistema
operacional do Banco o pagamento seria providenciado a liberação.

Oportuno se torna dizer que o Agravante por diversas


vezes entrou em contato com o Banco solicitando a liberação da alienação
fiduciária, sendo que este informava que o sistema interno do Banco ainda não
permitia a liberação.

No início do mês de abril do corrente ano, através de


contato telefônico o Agravante informou ao Banco que precisava vender o
veículo, necessitando da liberação da alienação fiduciária com urgência,
quando foi informado que a liberação estava sendo providenciada
imediatamente, sendo orientado a ir providenciando a venda.
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Devido às informações recebidas por telefone do


atendente do Banco Requerido, o Agravante efetuou a venda do automóvel na
data de 12 de abril de 2007, preenchendo a autorização para transferência do
veículo.

Transtornado com a demora do Banco Requerido em


liberar o veículo, o Agravante passou a ligar diariamente solicitando a
liberação, quando era informando que estaria sendo providenciada a
solicitação. Ocorre que a demora da instituição financeira na liberação da
alienação fiduciária do automóvel impediu a transferência da propriedade do
veículo vendido dentro do prazo estabelecido pelo Código Nacional de
Trânsito, e, consequentemente gerou multa em nome do Agravante, conforme
previsto no CNT.

Indignado com a situação o Agravante mais uma vez


entrou em contato com o Banco Requerido na data de 03 de maio do corrente
ano, sendo que foi orientado a solicitar a liberação diretamente com a
acessória jurídica do Banco. Na data de 04 e 07 de maio do corrente ano o
Agravante entrou em contato com a Acessória jurídica do Banco que lhe
informou que só efetuará a liberação do automóvel caso o Agravante firmar um
acordo com o Banco onde uma das clausula seria a desistência do pedido
judicial da revisional do contrato de financiamento, alegando se trata de um
procedimento administrativo, proposta esta que o Agravante não aceitou.

Recebida a inicial o juízo de primeiro grau deferiu o pedido


de AJG por força da declaração acostado, fl.27, indeferindo o pedido liminar
deixando de determinar a liberação da alienação fiduciária entendendo que a
decisão proferida nos autos da Ação de Busca e Apreensão ainda não transitou
em julgado, fl.28.

Protocolado pedido de reconsideração o juízo de primeiro


grau manteve o indeferimento do pedido liminar.
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E é contra esta decisão 1 injurídica e assazmente injusta


que se rebela o Recorrente, traduzindo sua inconformidade no presente
agravo.

II – DAS RAZÕES DO PEDIDO DE REFORMA DA DECISÃO AGRAVADA

O Agravante pretende ver deferido o pedido de liberação


da alienação fiduciária do seu automóvel VW, modelo VOYAGE GL 1.6, ano
1990 cor cinza, chassis 9BWZZZ30ZLT091619, placa IGX 4751 que já foi
integralmente pago.

É de se verificar que as cópias anexadas a presente


comprovam que o Agravante quitou, purgou a mora, efetuando o
pagamento total da divida conforme dispõe o artigo 3º, parágrafo 1º e 3º
do decreto lei 911/69 na data de 10/01/200. O demonstrativo de débito
juntado nos autos de busca e apreensão pelo Banco Réu, demonstram
que a divida total era de R$ 2.795,54 o que foi pago pelo autor acrescido
das custas e honorários determinados pelo juiz conforme calculo judicial.

O Banco credor apresentou na busca e apreensão o valor


do débito, fl.14, o valor foi devidamente atualizado, conforme demonstrativo de
cálculo, fl.18, sendo que o Agravante retirou as guias e efetuou o pagamento
do valor devido na data de 10/01/2007, fl.20.

Efetuado o pagamento total do valor devido, foi deferida a


liberação do veículo apreendido na data de 15/01/2007,fl.21, com expedição de
alvará de autorização para o Banco receber o valor pago, fl.23.

O processo de Busca e Apreensão não foi extinto, já


que as alterações do decreto 911/69 permitem a revisional do contrato. O
Agravante apelou da decisão proferida em primeiro grau buscando ser
revisto o contrato, após ter efetuado o pagamento total do contrato de
1
Decisão agravada anexa – doc.
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financiamento firmado com o Banco Réu, não deve mais nada ao banco.
Busca em sede de apelação a repetição de indébito porque acredita ter
pago valores excessivos no decorrer da contratação, um direito que lhe
foi concedido pela legislação brasileira.

É de se verificar que independente do resultado obtido


com apelação o Agravante não deve mais nada ao banco, o máximo que possa
acontecer em razão da tramitação da ação de busca e apreensão e o Banco
Réu ser condenado a restituir ao Agravante cobranças abusivas.

Note-se que o Agravante está sendo prejudicado, uma


vez que, satisfeita a obrigação, continua com a averbação da restrição junto ao
DETRAN.

O Agravante embora tenha pago a integralidade do débito


esta sendo forçado/coagido pelo Banco Requerido a formalizar um acordo,
fl.34/35 onde para ter a liberação da alienação fiduciária terá que renunciar o
direito de revisar o contrato de financiamento.

A falta de liberação da alienação fiduciária esta lhe


causando prejuízos matérias e morais, já que embora tenha efetuado o
pagamento total do débito apresentado pelo Banco Réu não lhe foi concedida a
liberação da alienação fiduciária para que possa vender o veículo, pois teve o
pedido condicionado a um procedimento administrativo onde o Agravante se
obriga a desistir da revisional do contrato firmando entre as partes e já quitado.

Seque abaixo jurisprudência sobre o assunto:

EMENTA:  ALIENACAO FIDUCIARIA. LIBERACAO DO


BEM. PAGO INTEGRALMENTE O DEBITO, E DEVER
DA CREDORA FORNECER IMEDIATAMENTE
DOCUMENTO DE LIBERACAO DO BEM. FINANCEIRA
QUE CONDICIONA A ENTREGA DO DOCUMETO A UM
PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO NAO PREVISTO
NA LEI. PROVIMENTO DO APELO PARA SER
JULGADA PROCEDENTE A ACAO PARA
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FORNECIMENTO DO DOCUMETO RECLAMADO.


VOTO VENCIDO. (Apelação Cível Nº 586058307, Quinta
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ruy
Rosado de Aguiar Júnior, Julgado em 01/01/1980)

EMENTA:  TITULO EXTRAJUDICIAL. CONSORCIO.


ALIENACAO FIDUCIARIA. LIBERACAO DO VEICULO.
RECIBO DE QUITACAO. EXTINCAO DO PLANO
CONSORCIAL. SENTENCA MANTIDA. APELO
IMPROVIDO. (Apelação Cível Nº 196050991, Oitava
Câmara Cível, Tribunal de Alçada do RS, Relator:
Geraldo César Fregapani, Julgado em 25/06/1996)

EMENTA:  AGRAVO INTERNO. DECISÃO


MONOCRÁTICA EM AGRAVO DE INSTRUMENTO.
ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. LIBERAÇÃO DA
RESTRIÇÃO. Correta a decisão monocrática que
nega provimento ao agravo de instrumento quando a
decisão proferida mostra-se adequada à situação
fática dos autos. Não mais havendo obrigação por
parte do consumidor, impende-se a retirada da
restrição fiduciária constante sobre o bem.
AGRAVO INTERNO IMPROVIDO. (Agravo Nº
70019330091, Décima Quarta Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Judith dos
Santos Mottecy, Julgado em 10/05/2007) (grifo
nosso)

A cópia do contrato ora anexadas aos autos onde o


Banco Réu condiciona a liberação do veiculo a expressa desistência por parte
do Agravante no seguimento do pedido de revisional do contrato é uma afronta
aos direitos constitucionais como, por exemplo, a dignidade da pessoa
humana, bem como, os direitos do consumidor. O Agravante por ser
hiposuficiente na relação contratual esta sendo obrigado e desistir de um direito
garantido para ter seu carro liberado da alienação fiduciária, embora já tenha
efetuado o pagamento do valor total do contrato.

O pagamento total do contrato de financiamento, no


processo de busca e apreensão, demonstra que não há mais obrigação por
parte do consumidor, ora agravante, o que lhe dá o direito de ver seu veiculo
liberado da alienação fiduciária. O prosseguimento da ação de Busca e
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Apreensão em nada prejudica o banco Réu, vez que caso a revisional do


contrato venha a ser julgada procedente o Banco será condenado a restituir
valores ao Agravante, pois este já efetuou o pagamento total do contrato
firmado com o Banco Agravado, e caso a revisional venha ser julgada
improcedente o Agravante já efetuou o pagamento total do débito, ou seja, não
há razão para não ser efetuada a liberação da alienação fiduciária.

O Banco Réu esta condicionando a liberação da


alienação fiduciária a um procedimento administrativo não previsto na lei, ou
seja, esta forçando o Agravante a assinar um acordo onde esta sendo obrigado
a renunciar a revisional do contrato requerida no processo de Busca e
apreensão, sob pena de não ter a liberação que lhe é de direito, já que efetuou
o pagamento total do contrato.

III - CONCLUSÃO

Por tudo o que se expôs, demonstrado ser injusta e


repugnante ao bom direito a decisão atacada, são as presentes razões pela
anulação desta decisão, na conformidade do expendido, já em sede de liminar.

Requer-se ainda que seja concedida assistência


judiciária gratuita ao Agravante diante da falta de recurso para litigar em juízo.

Por indispensável, ainda, afirma-se que as cópias


ora juntadas correspondem integralmente aos originais.

Lajeado/RS, 28 de maio de 2007.

Alicia Carla Zambiasi Caero


OAB-RS 60817

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