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SEMANA 01

PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

Sumário
META 1 ............................................................................................................................................................ 10
DIREITO CONSTITUCIONAL: TEORIA CONSTITUCIONAL .................................................................................. 10
1. CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO ..................................................................................................................... 10
1.1 Concepções do Conceito de Constituição .............................................................................................................. 11
2. CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES ......................................................................................................... 12
3. ELEMENTOS DA CONSTITUIÇÃO .................................................................................................................. 15
4. SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO: CONSTITUCIONALISMO E NEOCONSTITUCIONALISMO ........................ 17
4.1. Constitucionalismo ................................................................................................................................................ 17
4.2 Neoconstitucionalismo ........................................................................................................................................... 19
5. APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS .................................................................................... 20
6. INTERPRETAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS .................................................................................... 23
6.1. Hermenêutica x Interpretação Jurídica ................................................................................................................. 23
6.2 Interpretação Jurídica x Interpretação Constitucional ........................................................................................... 23
6.3 Métodos de interpretação ..................................................................................................................................... 23
6.5 Regras, princípios e postulados normativos ........................................................................................................... 26
6.6 Princípios de interpretação Constitucional ............................................................................................................ 27
6.7 Técnicas de interpretação Constitucional .............................................................................................................. 28
7. PODER CONSTITUINTE ................................................................................................................................. 29
7.1 Espécies de Poder Constituinte Originário ............................................................................................................. 30
7.3 Titularidade do Poder Constituinte Originário ....................................................................................................... 31
7.4 Poder Constituinte Derivado .................................................................................................................................. 32
7.4.1 Reformador ...................................................................................................................................................... 32
7.4.2 Poder Constituinte Derivado Decorrente ........................................................................................................ 36
7.4.3 Poder Constituinte Derivado Revisor ............................................................................................................... 37
7.5 Poder Constituinte Difuso ...................................................................................................................................... 37
7.6 Poder Constituinte Supranacional .......................................................................................................................... 38
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................... 39
DIREITO PENAL: NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS ............................................................................................. 46
1. CONCEITO, CARACTERÍSTICAS, OBJETO, FUNÇÕES E DIVISÕES DO DIREITO PENAL ................................... 46
2. ENCICLOPÉDIA DAS CIÊNCIAS PENAIS ......................................................................................................... 52
2.1 Direito Penal X Criminologia X Política Criminal ..................................................................................................... 53
3. DIREITO PENAL DO AUTOR E DIREITO PENAL DO FATO .............................................................................. 53
4. GARANTISMO PENAL (FERRAJOLI)............................................................................................................... 54
4.1 Conceito ................................................................................................................................................................. 54
4.2. Garantias primárias e secundárias ........................................................................................................................ 54
4.3 Máximas do garantismo ......................................................................................................................................... 54
5. DIREITO PENAL DO INIMIGO ....................................................................................................................... 55
5.1 Velocidades do Direito Penal (Jesús-Maria Silva Sánchez) ..................................................................................... 56
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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

6. FONTES DO DIREITO PENAL ........................................................................................................................ 57


7. PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL: .................................................................................................................. 61
7.1 Princípios Relacionados com a Missão Fundamental do Direito Penal .................................................................. 62
7.1.1 Princípio da Exclusiva Proteção de Bens Jurídicos ........................................................................................... 62
7.1.2 Princípio da Intervenção Mínima ..................................................................................................................... 62
7.1.3 Princípio da Insignificância ou da Bagatela ...................................................................................................... 65
7.2 Princípios Relacionados com o Fato do Agente ..................................................................................................... 69
7.2.1 Princípio da Ofensividade/Lesividade .............................................................................................................. 69
7.2.3 Princípio da Exteriorização ou Materialização do Fato .................................................................................... 70
7.2.4 Princípio Da Legalidade Estrita Ou Reserva Legal ............................................................................................ 70
7.2.5 Princípio da Anterioridade ............................................................................................................................... 73
7.2.6 Princípio da Vedação ao Bis In Idem ................................................................................................................ 73
7.2.7 Princípio da Adequação Social ......................................................................................................................... 73
7.3 Princípios Relacionados com o Agente do Fato ..................................................................................................... 75
7.3.1 Princípio da Responsabilidade Pessoal / Da Pessoalidade / Da Intranscendência Da Pena ............................ 75
7.3.2 Princípio da Responsabilidade Subjetiva ......................................................................................................... 76
7.3.3 Princípio da Culpabilidade ............................................................................................................................... 76
7.3.4 Princípio da Proporcionalidade ........................................................................................................................ 76
7.3.5 Princípio da Limitação das Penas ou da Humanidade ..................................................................................... 76
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................... 78
META 2 ............................................................................................................................................................ 83
DIREITO CONSTITUCIONAL: REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS ............................................................................ 83
1.REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS...................................................................................................................... 84
2. HABEAS CORPUS .......................................................................................................................................... 85
3. MANDADO DE SEGURANÇA ........................................................................................................................ 91
4. MANDADO DE INJUNÇÃO .......................................................................................................................... 103
5. HABEAS DATA ............................................................................................................................................ 114
6. AÇÃO POPULAR (LEI Nº 4.717/65) ............................................................................................................. 118
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................. 124
DIREITO PENAL: APLICAÇÃO DA LEI PENAL ................................................................................................... 132
1. APLICAÇÃO DA LEI PENAL .......................................................................................................................... 132
1.1. Classificação das Leis Penais................................................................................................................................ 132
1.1.1 Leis Penais em Branco ................................................................................................................................... 135
1.2 Características da Lei Penal .................................................................................................................................. 137
1.3. INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL ........................................................................................................................... 138
1.3.1 Espécies de Interpretação.............................................................................................................................. 138
2. LEI PENAL NO TEMPO ................................................................................................................................ 141
3. LEI PENAL NO ESPAÇO ............................................................................................................................... 148
3.1. Extraterritorialidade ............................................................................................................................................ 152
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SEMANA 01/13

4. EFICÁCIA DA LEI PENAL EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS (IMUNIDADES) .......................................................... 159


4.1 Introdução ............................................................................................................................................................ 159
4.2 Imunidades Diplomáticas ..................................................................................................................................... 160
4.3 Imunidades Parlamentares .................................................................................................................................. 162
5. EFICÁCIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA .................................................................................................... 166
6. CONTAGEM DO PRAZO E FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS DA PENA .......................................................... 167
7. CONFLITO APARENTE DE NORMAS ........................................................................................................... 168
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................. 174
META 3 .......................................................................................................................................................... 183
DIREITO CONSTITUCIONAL: DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS ......................................................... 183
1. DIREITO CONSTITUCIONAL – NATUREZA, CONCEITO E OBJETO ............................................................... 184
2. FUNDAMENTOS, OBJETIVOS E PRINCÍPIOS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL EM SUAS RELAÇÕES
INTERNACIONAIS ........................................................................................................................................... 185
3. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS .................................................................................................. 189
3.1 Direitos x Garantias x Remédios Constitucionais: ................................................................................................ 189
3.2 Direitos Fundamentais x Direitos Humanos ......................................................................................................... 190
3.3 Geração dos direitos fundamentais: .................................................................................................................... 191
3.4 Características dos direitos fundamentais ........................................................................................................... 195
3.5 Direitos individuais implícitos e explícitos ............................................................................................................ 197
3.6 Destinatários ........................................................................................................................................................ 198
4. OS DIREITOS FUNDAMENTAIS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 ...................................................... 199
4.1. Não taxatividade dos direitos fundamentais....................................................................................................... 199
4.2 Hierarquia Dos Tratados Internacionais De Direitos Humanos ............................................................................ 200
5. ALGUNS DIREITOS INDIVIDUAIS – ROL DO ART. 5º ................................................................................... 201
5.1 Direito à Vida – Art. 5º, Caput .............................................................................................................................. 201
5.2 Direito À Igualdade ............................................................................................................................................... 205
5.3 Princípio da Legalidade – Art. 5º, II ...................................................................................................................... 208
5.4 Proibição Da Tortura – Art. 5º, III ......................................................................................................................... 209
5.5 Direito Às Liberdades ........................................................................................................................................... 209
5.5.1 Liberdade Da Manifestação De Pensamento – Art. 5º, IV e V ....................................................................... 209
5.5.2 Liberdade De Consciência, Crença E Culto – Art 5º, VI a VIII) ........................................................................ 213
5.5.3 Liberdade De Atividade Intelectual, Artística, Científica Ou De Comunicação – Art. 5º, IX........................... 213
5.5.4 Liberdade De Profissão – Art. 5º, XIII ............................................................................................................. 214
5.5.5 Liberdade de Informação – Art. 5º, XIV e XXXIII ............................................................................................ 215
5.5.6 Liberdade de Locomoção – Art. 5º, XV e LXI .................................................................................................. 215
5.5.7 Liberdade de Reunião – Art. 5º, XVI .............................................................................................................. 216
5.5.8 Liberdade de Associação – Art. 5º, XVII a XXI ................................................................................................ 217
5.6 Direito à privacidade – Art. 5º, X .......................................................................................................................... 218
5.7 Inviolabilidade De Domicílio – Art. 5º, XI.............................................................................................................. 222
5.8 Direito de propriedade – Art. 5º, XXII e Art. 5º, XXIII ........................................................................................... 224
5.8.1 Direito ao silêncio .............................................................................................................................................. 225
5.9 Direito de petição e de obtenção de certidões – Art. 5º, XXXIV, ‘a’, ‘b’ ............................................................... 226
5.10 Inafastabilidade da Jurisdição – Art. 5º, XXXV .................................................................................................... 227
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SEMANA 01/13

5.11 Irretroatividade da Lei – Art. 5º, XXXVI .............................................................................................................. 227


5.12 Princípio da Pessoalidade – Art. 5º, XLV............................................................................................................. 227
5.13 Princípio da individualização da pena – Art. 5º, XLVI ......................................................................................... 228
6. DIREITOS SOCIAIS – ART. 6º a 11 ............................................................................................................... 229
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................. 239
DIREITO CONSTITUCIONAL: DIREITOS DA NACIONALIDADE ......................................................................... 246
1. NACIONALIDADE ........................................................................................................................................ 246
1.1 Espécies de Nacionalidade ................................................................................................................................... 247
1.1.1 Originária ....................................................................................................................................................... 247
1.1.2 Secundária ..................................................................................................................................................... 251
1.2 Perda de Nacionalidade ....................................................................................................................................... 252
1.3 Brasileiros Natos X Naturalizados ......................................................................................................................... 254
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................. 258
META 4 .......................................................................................................................................................... 267
DIREITO CONSTITUCIONAL: DIREITOS POLÍTICOS ......................................................................................... 267
1. DIREITOS POLÍTICOS .................................................................................................................................. 267
1.1 Direitos Políticos Positivos.................................................................................................................................... 268
1.2 Direitos Eleitorais Negativos ................................................................................................................................ 270
1.3 Privação de Direitos Políticos ............................................................................................................................... 273
1.4. Servidor Público e Exercício do Mandato Eletivo: De Acordo com o Art. 38 da CF/88 ....................................... 275
2. PARTIDOS POLÍTICOS ................................................................................................................................. 276
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................. 281
DIREITO PENAL: TEORIA DO CRIME – PARTE I (CONCEITOS GERAIS – CLASSIFICAÇÕES – INÍCIO DOS
ELEMENTOS ESTRUTURAIS DO CRIME) ......................................................................................................... 289
1. CONCEITO DE CRIME ................................................................................................................................. 289
1.1. Crime X Contravenção Penal ......................................................................................................................... 290
1.2. Classificações dos Crimes .................................................................................................................................... 293
1.2.1 Quanto à Qualidade do Sujeito Ativo ............................................................................................................ 293
1.2.2 Quanto à Estrutura do Tipo Penal ................................................................................................................. 294
1.2.3 Quanto à Relação entre a Conduta e o Resultado Naturalístico ................................................................... 295
1.2.4 Quanto ao Momento de Consumação........................................................................................................... 297
1.2.5 Quanto ao Número de Agentes ..................................................................................................................... 298
1.2.6 Quanto ao Número de Vítimas ...................................................................................................................... 298
1.2.7 Quanto ao Grau de Intensidade do Resultado .............................................................................................. 298
1.2.8 Quanto ao Número de Atos Executórios ....................................................................................................... 301
1.2.9 Quanto à Forma pela qual a Conduta é Praticada ......................................................................................... 301
1.2.10 Quanto ao Modo de Execução Admitido ..................................................................................................... 302
1.2.11 Quanto aos Bens Jurídicos Atingidos ........................................................................................................... 302
1.2.12 Quanto À Existência Autônoma Do Crime: .................................................................................................. 302
1.2.13 Quanto À Necessidade De Corpo De Delito Para A Prova Da Existência ..................................................... 302
1.2.14 Quanto ao Local de Produção do Resultado ................................................................................................ 302
1.2.15 Quanto ao Vínculo com outros Crimes ........................................................................................................ 303
1.2.16 Quanto à Liberdade ou não para o Início da Persecução Penal .................................................................. 303
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SEMANA 01/13

1.2.17 Quanto à Violação de Valores Universais .................................................................................................... 303


1.2.18 Quanto ao Potencial Ofensivo ..................................................................................................................... 303
1.2.19 Crime Falho e Quase-Crime ......................................................................................................................... 304
1.2.20 Crimes de Impressão ................................................................................................................................... 304
1.2.21 Crimes de Colarinho Branco e Crimes de Colarinho Azul ............................................................................ 304
1.2.22 Outras Classificações ................................................................................................................................... 305
2. SUJEITOS DO CRIME .................................................................................................................................. 307
3. OBJETO DO CRIME ..................................................................................................................................... 308
4. ELEMENTOS ESTRUTURAIS DO CRIME ...................................................................................................... 308
4.1 Fato Típico ............................................................................................................................................................ 308
4.1.1. Conduta........................................................................................................................................................ 309
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................. 316
META 5 .......................................................................................................................................................... 321
DIREITO PENAL: TEORIA DO CRIME – PARTE II (CONTINUAÇÃO DE “FATO TÍPICO” – TEORIA DO TIPO – ITER
CRIMINIS – CONSUMAÇÃO E TENTATIVA – DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA, ARREPENDIMENTO EFICAZ E
ARREPENDIMENTO POSTERIOR – CRIME IMPOSSÍVEL) ................................................................................ 321
1. CONTINUAÇÃO DOS ELEMENTOS DO FATO TÍPICO .................................................................................. 321
2. CONCAUSAS ............................................................................................................................................... 328
3. TEORIA DO TIPO......................................................................................................................................... 335
3.1 Funções do Tipo Penal.......................................................................................................................................... 335
3.2 Estrutura do Tipo Penal ........................................................................................................................................ 336
3.3 Classificações do Tipo Penal ................................................................................................................................. 337
3.3.1 Tipo Normal X Anormal.................................................................................................................................. 337
1 3.3.2 Tipo Congruente X Tipo Incongruente ................................................................................................. 338
2 3.3.3 Tipo Simples X Tipo Misto .................................................................................................................... 338
3 3.3.4 Tipo Fechado (Cerrado) X Tipo Aberto ................................................................................................. 339
4 3.3.5 Tipo Preventivo .................................................................................................................................... 339
5 3.3.6 Tipo Penal Doloso X Culposo X Preterdoloso ....................................................................................... 339
4. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA..................................................................................................................... 350
4.1 Consumação ......................................................................................................................................................... 350
4.1.2 Iter Criminis.................................................................................................................................................... 350
4.2. Tentativa (= Conatus, Crime Imperfeito, Crime Incompleto) .............................................................................. 353
5. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ ......................................................................... 358
6. ARREPENDIMENTO POSTERIOR ................................................................................................................. 360
7. CRIME IMPOSSÍVEL (ART. 17, CPC) ............................................................................................................ 365
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................. 368
META 6 – REVISÃO SEMANAL........................................................................................................................ 376
DIREITO CONSTITUCIONAL: TEORIA CONSTITUCIONAL ................................................................................ 376
DIREITO PENAL: NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS ........................................................................................... 377
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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

DIREITO CONSTITUCIONAL: REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS .......................................................................... 378


DIREITO PENAL: APLICAÇÃO DA LEI PENAL ................................................................................................... 380
DIREITO CONSTITUCIONAL: DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS ......................................................... 381
DIREITO CONSTITUCIONAL: DIREITOS DA NACIONALIDADE ......................................................................... 383
DIREITO CONSTITUCIONAL: DIREITOS POLÍTICOS ......................................................................................... 384
DIREITO PENAL: TEORIA DO CRIME (PARTE I) ............................................................................................... 385
DIREITO PENAL: TEORIA DO CRIME (PARTE II) .............................................................................................. 386
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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DA SEMANA 01


META DIA ASSUNTO
DIREITO CONSTITUCIONAL: Teoria Constitucional
1 SEG
DIREITO PENAL: Noções Iniciais e Princípios
DIREITO CONSTITUCIONAL: Remédios Constitucionais
2 TER
DIREITO PENAL: Aplicação da Lei Penal
DIREITO CONSTITUCIONAL: Direitos e Garantias Fundamentais
3 QUA
DIREITO CONSTITUCIONAL: Direitos da Nacionalidade
DIREITO CONSTITUCIONAL: Direitos Políticos
4 QUI
DIREITO PENAL: Teoria do Crime – Parte I
5 SEX DIREITO PENAL: Teoria do Crime – Parte II
6 SÁB/DOM [Revisão Semanal]

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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

META 1

DIREITO CONSTITUCIONAL: TEORIA CONSTITUCIONAL

TODOS OS ARTIGOS
⦁ Art. 3º do ADCT
⦁ Arts. 1º a 4º da CF/88 → saber na ponta da língua. Despenca em prova;
⦁ Art. 34, CF/88
⦁ Art. 60, CF/88 → saber na ponta da língua. Despenca em prova;
⦁ Arts. 136 e 137, CF/88
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO PODEM DEIXAR DE LER

⦁ Art. 34, inc. VII, CF/88


⦁ Art. 60, CF/88 (muito importante!)

1. CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO

Embora existam várias acepções, basicamente, os doutrinadores conceituam constituição


como “a lei fundamental e suprema de um Estado, que contém normas referentes: à
estruturação do Estado; à formação dos poderes públicos; forma de governo e aquisição do
poder de governar; distribuição de competências e; direitos, garantias e deveres do cidadão”.
(MORAES. Alexandre de. Direito Constitucional. 8ª Ed. Editora Atlas, 2000, p. 34) e (HOLTHER. Leo Van. Direito
Constitucional. 4ª Ed. Jus Podivm. 2008, p. 34).

DICA: para não esquecer o conceito, lembrem-se dos objetivos das constituições, começando pela
limitação de poderes e estruturação do Estado).

J. J. Canotilho formulou o chamado conceito ideal de constituição, verbis: Este conceito ideal
identifica-se fundamentalmente com os postulados político liberais, considerando-se como elementos
materiais caracterizadores e distintivos os seguintes:

(a) a constituição deve consagrar um sistema de garantias da liberdade (esta essencialmente


concebida no sentido do reconhecimento de direitos individuais e da participação dos cidadãos nos
actos do poder legislativo através dos parlamentos);
(b) a constituição contém o princípio da divisão de poderes, no sentido de garantia orgânica contra os
abusos dos poderes estaduais;
(c) a constituição deve ser escrita (documento escrito). (CANOTILHO. José Joaquim Gomes. Direito
Constitucional. 6ª Edição Revista. Livraria Almedina. Coimbra, 1993, páginas 62 e 63).

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SEMANA 01/13

1.1 Concepções do Conceito de Constituição

Não há conceito único que defina o que é a Constituição. Por isso, cada doutrinador toma por base
um sentido com o fim de definir o termo “Constituição”.
a) Concepção SocioLógica (Ferdinand Lassale): uma Constituição só seria legítima se representasse o efetivo
poder social, refletindo as forças sociais que constituem o poder, do contrário seria uma simples “folha de
papel”. Portanto, a Constituição, segundo Lassale, seria a somatória dos fatores reais do poder
dentro de uma sociedade.

b) Concepção PolíTica (Carl SchimiTt): A Constituição seria a decisão política fundamental, emanada do
titular do poder constituinte, enquanto a lei constitucional representaria os demais dispositivos que estão
inseridos no texto constitucional e que não contém matéria de decisão política fundamental. Faz a distinção
entre Constituição (decisão política fundamental) e lei constitucional (lei formalmente Constitucional).

c) Concepção Jurídica (Hans Kelsen): A Constituição é norma pura, dever-ser, dissociada de qualquer
fundamento sociológico, político ou filosófico. Kelsen dá dois sentidos à palavra Constituição:
● SENTIDO LÓGICO-JURÍDICO – a Constituição é a NORMA HIPOTÉTICA FUNDAMENTAL, responsável
por dar sustentação ao sistema posto, e é o fundamento de validade de todas as outras leis.
● SENTIDO JURÍDICO-POSITIVO - é a Constituição positiva, conjunto de normas que regulam a criação
de outras normas, da qual todas as outras normas infraconstitucionais extraem seu fundamento de
validade. Logo, a Constituição é a lei máxima do direito positivo e encontra-se no topo da pirâmide
normativa.

d) Concepção Culturalista (Meirelles Teixeira e José Afonso da Silva): A Constituição é produto de um FATO
CULTURAL, produzido pela sociedade e que sobre ela pode influir.

Ferdinand Lassale

▪ a Constituição é a somatória dos fatores reais do


Concepção poder dentro de uma sociedade
SocioLógica ▪ uma Constituição só seria legítima se
representasse o efetivo poder social, refletindo
as forças sociais que constituem o poder, do
contrário seria uma simples “folha de papel”.
Carl SchimiTt

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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

▪ Constituição (decisão política fundamental) x lei


constitucional (lei formalmente Constitucional).
▪ Constituição é a decisão política fundamental,
Concepção PolíTica emanada do titular do poder constituinte,
enquanto a lei constitucional representaria os
demais dispositivos que estão inseridos no texto
constitucional e que não contém matéria de
decisão política fundamental.
Hans Kelsen
▪ A Constituição é norma pura, dever-ser,
dissociada de qualquer fundamento sociológico,
político ou filosófico
a) SENTIDO LÓGICO-JURÍDICO – a
Constituição é a NORMA HIPOTÉTICA
FUNDAMENTAL, responsável por dar
sustentação ao sistema posto, e é o
fundamento de validade de todas as
outras leis.

b) SENTIDO JURÍDICO-POSITIVO - é a
Constituição positiva, conjunto de
Concepção Jurídica normas que regulam a criação de outras
normas, da qual todas as outras normas
infraconstitucionais extraem seu
fundamento de validade. Logo, a
Constituição é a lei máxima do direito
positivo e encontra-se no topo da
pirâmide normativa.
Meirelles Teixeira e José Afonso da Silva
Concepção ▪ A Constituição é produto de um FATO CULTURAL,
Culturalista produzido pela sociedade e que sobre ela pode
influir.

2. CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES

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SEMANA 01/13

a) Quanto à origem ou positivação:


● Outorgada, não democrática ou imposta: Impostas pelo detentor do poder de forma
unilateral;
● Promulgada, democrática ou popular: nascem de debates políticos;
● Cesarista ou plebiscitárias: É Constituição imposta, mas que se pretende legitimar por meio da
aprovação popular via plesbicito;
● Pactuada: É a Constituição elaborada em decorrência de pacto realizado entre os vários titulares do
Poder Constituinte que, em conjunto, elaboram a Constituição.

b) Quanto à forma:
● Escritas ou instrumental: É a Constituição sistematizada por procedimento formal;
● Não escritas ou consuetudinária: Resultante das práticas costumeiras.

c) Quanto à mutabilidade:
● Rígidas: O processo de alteração da Constituição mais difícil e solene do que o processo de formação
das leis;
● Flexíveis ou Plásticas: A Constituição é alterada pelo mesmo processo utilizado para as leis ou até
mais simples;
💣 Atenção: NÃO necessariamente as Constituições costumeiras serão plásticas;
● Semirrígida: É a Constituição que exige que apenas uma parte do seu texto seja alterado por processo
legislativo diferenciado e mais dificultoso. Quanto ao restante do texto, é possível a alteração pelo
procedimento ordinário;
● Super-rígidas (Maria Helena Diniz): O processo de alteração da Constituição é mais dificultoso e
solene do que o processo de formação das leis, possuindo pontos imutáveis;
● Imutáveis: A Constituição não admite alteração do seu texto;
● Fixa: Somente o Poder Constituinte Originário pode alterar o texto constitucional.

d) Quanto ao conteúdo:
● Formais: Constituição é tudo aquilo que está inserido no texto elaborado pelo Poder Constituinte,
por meio de um processo legislativo mais dificultoso, diferenciado e mais solene do que o processo
de formação das demais leis que compõem o ordenamento jurídico. Dessa forma, como não importa
o conteúdo da norma, será constitucional tudo que constar do texto da Constituição, mesmo que
não se trate de assunto relevante para o Estado e a sociedade;
● Materiais: leva em consideração o conteúdo da norma para defini-la como constitucional, que será
toda aquela que defina e trate das regras estruturais da sociedade e de seus alicerces fundamentais.
Assim, podem existir normas constitucionais em textos esparsos, fora da Constituição.

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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

Toda constituição escrita é formal? NÃO, porque a constituição formal vai muito além de ser escrita,
exigindo supralegalidade/supremacia e procedimentos especiais para modificação. Logo, é possível uma
constituição escrita (textos constitucionais) que não seja formal (não goza de processo legislativo especial
para sua alteração).

e) Quanto à sistemática (Pinto Ferreira):


● Reduzidas: Materializam-se em um único documento sistemático;
● Variadas: É a Constituição que está espalhada por vários documentos legislativos).

f) Quanto à ideologia:
● Ortodoxas: Elaboradas em uma única linha ideológica;
● Ecléticas: Elaboradas com várias linhas ideológicas, a exemplo da CF/88.

g) Quanto à eficácia (Karl Lowenstein) – Classificação ontológica, pois analisa o MODO DE SER das
Constituições, conforme adequação à realidade social e política:
● Normativas (máxima eficácia, regulando todos os aspectos da vida social): São aquelas em que o
poder estatal está de tal forma disciplinado que as relações políticas e os agentes do poder
subordinam-se as determinações do seu conteúdo e do seu controle procedimental. Se adequa à
realidade, eis que pretende e consegue guiar o processo político. O texto se alinha com a realidade
política;
● Nominalistas: Visa limitar a atuação dos detentores do poder econômico, político e social, mas essa
limitação NÃO se efetiva. Não corresponde à realidade, já que, apesar de pretender regular o
processo político, NÃO consegue fazê-lo. Não conseguem ser implementadas pois em descompasso
com a realidade política;
● Semânticas (existe só no papel, não sendo adequada à realidade social): A Constituição serve de
manutenção do poder pela classe dominante, mas NÃO objetiva alterar coisa alguma. Não tem por
fim regular a vida política do Estado, busca somente formalizar e manter o poder político vigente.

h) Quanto à extensão:
● Constituição Sintética: É Constituição reduzida, sucinta, a exemplo da norteamericana;
● Constituição Analítica: É Constituição extensa e prolixa, a exemplo da CF/88.

i) Quanto às opções políticas


Outra classificação opõe as constituições-garantia (estatutárias ou liberais) às constituições
programáticas (ou dirigentes), conforme a margem de opções políticas que deixam ao alvedrio dos Poderes
Públicos que instituem.
● Constituições-garantia → tendem a concentrar a sua atenção normativa nos aspectos de estrutura
do poder, cercando as atividades políticas das condições necessárias para o seu correto
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desempenho. Aparentemente, não fazem opções de política social ou econômica. Adota uma
concepção liberal da política
● Constituições dirigentes → não se bastam com dispor sobre o estatuto do poder. Elas também
traçam metas, programas de ação e objetivos para as atividades do Estado nos domínios social,
cultural e econômico. Remete-se ao ideário do Estado social de direito
A Constituição brasileira de 1988 tem induvidosa propensão dirigente.

CLASSIFICAÇÃO DA CF
Origem Promulgada (Popular)
Forma Escrita
Extensão Analítica (Prolixa)
Conteúdo Formal
Modo de elaboração Dogmática (Codificada)
Alterabilidade Rígida

CAIU EM PROVA RECENTE:


INSTITUTO AOCP - 2023 - PC-GO - Escrivão de Polícia da 3ª Classe
Assinale a alternativa correta acerca da classificação da Constituição da República Federativa do
Brasil de 1988.
A)-Quanto à origem, é outorgada porque foi eleita diretamente pelo povo, sendo, assim,
democrática.
B)-Quanto à extensão, é sintética, visto que é enxuta e não tece minúcias, motivo pelo qual é
mais duradoura.
C)-Quanto ao modo de elaboração, é dogmática porque se baseia em teorias, planos e sistemas
prévios e foi criada de uma só vez por uma Assembleia Constituinte.
D)-Quanto à alterabilidade, é imutável porque algumas matérias exigem um processo de
alteração mais dificultoso do que aquele exigido para as leis infraconstitucionais.
E)-Quanto à dogmática, é ortodoxa porque é formada por ideologias distintas que se unem em
um mesmo contexto.
R: Letra C.

3. ELEMENTOS DA CONSTITUIÇÃO

Conforme classificação elaborada por José Afonso da Silva, as normas constitucionais podem ser
diferenciadas em elementos, considerando-se estrutura normativa e conteúdo:
● Elementos orgânicos: regulamentam a estrutura do Estado e do Poder;

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● Elementos limitativos: limitam a atuação do poder estatal, a exemplo dos direitos e garantias
fundamentais;
● Elementos sócio- ideológicos: Identificam a ideologia adotada pelo constituinte;
● Elementos de estabilização constitucional: asseguram a vigência das normas constitucionais em
situação de conflito, garantem a defesa da Constituição, do Estado e das instituições democráticas;
● Elementos formais de aplicabilidade: Estabelecem regras de aplicação da Constituição. Ex:
Preâmbulo, ADCT.

são as normas que regulam a Temos como exemplos, na CR/88:


ELEMENTOS estrutura do Estado e do Poder. a) Título III (Da organização do Estado);
ORGÂNICOS b) Título IV (Da organização dos Poderes
e do Sistema de Governo)

são normas que compõem o Temos como exemplos, na CR/88:


catálogo de direitos e garantias Título II (Dos Direitos e Garantias
individuais (direito individuais e Fundamentais, exceto o Capítulo lI dos
ELEMENTOS suas garantias, direitos de Direitos Sociais).
LIMITATIVOS nacionalidade e direitos políticos e
democráticos) e que estabelecem
limitações aos Poderes Públicos.

são normas que guardam relação Temos como exemplos, na CR/88:


com o compromisso da a) Capítulo II do Título II (Dos Direitos
ELEMENTOS Constituição e se situam no limiar Sociais);
SOCIOIDEOLÓGICOS entre o Estado individualista e o b) Título VII (Da ordem Econômica e
Estado intervencionista. financeira);
c) Título VIII (Da Ordem social).
são normas destinadas e Temos como exemplos, na CR/88:
direcionadas a assegurar a a) Da Intervenção Federal nos Estados e
resolução de conflitos no DF e dos Estados nos Municípios nos
constitucionais, a defesa da art. 34/36;
Constituição, do Estado e das b) Processo de Emendas à Constituição no
Instituições democráticas. art.60;
ELEMENTOS DE c) Defesa do Estado e das Instituições
ESTABILIZAÇÃO Democráticas especificamente no
CONSTITUCIONAL Capítulo 1 do Título V (Estado de sítio e
Estado de defesa);

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d) Ação Direta de Inconstitucionalidade


do art. 102, 1, a.

são as normas que estabelecem as Temos como exemplos, na CR/88:


ELEMENTOS regras de aplicação das a) preâmbulo;
FORMAIS DE Constituições b) disposições constitucionais
APLICABILIDADE transitórias, entre outras, além do§ 1° do
art. 5° de nossa atual Constituição

4. SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO: CONSTITUCIONALISMO E NEOCONSTITUCIONALISMO

4.1. Constitucionalismo

O constitucionalismo é o movimento a partir do qual emergem as Constituições. Parte da


noção de que todo Estado deve possuir uma Constituição. A ideia é GARANTIR DIREITOS para
LIMITAR O PODER ESTATAL. Contrapõe-se ao absolutismo.

FASES DO CONSTITUCIONALISMO:

a) CONSTITUCIONALISMO ANTIGO: É o da Antiguidade Clássica, com a ideia de garantir direitos para limitar
o poder, evitar o arbítrio.
● Hebreus: estabelecimento no estado teocrático de limitações ao poder político através da
legitimidade dos profetas para fiscalizar os atos governamentais que extrapolassem os
limites bíblicos.
● Idade Média: Carta Magna de 1215 – estabelece a proteção a direito individuais.

b) CONSTITUCIONALISMO CLÁSSICO (LIBERAL): século XVIII


● Surge a 1ª geração de direito fundamentais (liberdade) → direitos civis e políticos. Exigem abstenção
do Estado.
● Separação de Poderes.
● CF rígida e supremacia da CF
● O Poder Judiciário é o principal encarregado de garantir a supremacia da CF Surgem as primeiras
Constituições escritas.

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Quadro europeu: o reconhecimento do valor jurídico das Constituições tardou na Europa. Os movimentos
liberais (século XVIII) enfatizam o princípio da supremacia da lei e do parlamento. A Constituição NÃO era
norma vinculante, embora esse entendimento já começasse a ser desenvolvido nos EUA.

Nessa fase, há uma diferença entre o quadro europeu e o americano:

QUADRO EUROPEU QUADRO AMERICANO


Supremacia da lei e do parlamento Supremacia da Constituição
O Judiciário NÃO pode controlar a legitimidade Para acentuar a supremacia do Poder
constitucional das leis, limitando-se a ser a “boca Constituinte, adotou-se procedimento mais
da lei” (Supremacia do parlamento) dificultoso e solene de mudança da Constituição.
A primazia da Constituição só ocorreu a partir do Para garantir a efetiva supremacia da
fim da 2ª guerra mundial (redemocratização). Constituição, cresceu o papel do controle judicial:
Supremacia do Poder Constituinte. ao Judiciário cabe fazer a interpretação final e
aplicar a Constituição (judicial review).

c) CONSTITUCIONALISMO MODERNO (SOCIAL): após fim da 1ª Guerra Mundial até o início da segunda.
● Exigem atuação positiva do Estado (Estado Social, intervencionista, prestador de serviço público).
● Crise do liberalismo diante das demandas sociais que abalaram o século XIX. O abstencionismo
estatal não garantia a igualdade essencial para a existência de igualdade de competições.
● Consagração dos direitos fundamentais de 2ª dimensão: gravitam em torno do valor IGUALDADE,
mas não meramente formal e sim a IGUALDADE MATERIAL (direitos sociais, econômicos e culturais).
Possuem um caráter positivo: exigem uma prestação do Estado. Surgem garantias institucionais.
● Adoção do Estado Social: o Estado transforma-se em prestador de serviços, intervindo no âmbito
social, econômico e laboral.

d) CONTEMPORÂNEO: após fim da 2ª Guerra Mundial.


● Surgem os direitos fundamentais de 3ª geração (fraternidade): direitos transindividuais, como meio
ambiente, comunicação, consumidor.
● Alguns o chamam de neoconstitucionalismo. Outros diferenciam:
∘ No constitucionalismo contemporâneo, a hierarquia entre Constituição e lei é apenas formal:
o foco é a limitação do poder estatal.
∘ No neoconstitucionalismo, a hierarquia é de grau e também axiológica (tem que observar
espírito e valores da CF): o foco é a concretização dos direitos fundamentais.
● Caracteriza-se pelas Constituições garantistas, que tem como pilar a defesa dos direitos
fundamentais.

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● Período marcado pelas CONSTITUIÇÕES DIRIGENTES, que prescrevem programas a serem


implementados pelos Estados, normalmente por meio de normas programáticas.

4.2 Neoconstitucionalismo

A doutrina passa a desenvolver, a partir do pós-2ª Guerra Mundial, uma nova perspectiva em relação
ao constitucionalismo, denominada neoconstitucionalismo, ou, segundo alguns, constitucionalismo pós-
moderno, ou, ainda, pós-positivismo. Dentro dessa nova realidade busca-se não mais apenas atrelar o
constitucionalismo à ideia de limitação do poder político, mas, buscar a eficácia da Constituição.

MARCOS DO NEOCONSTITUCIONALISMO (LUÍS ROBERTO BARROSO):


1) Marco histórico: A formação do Estado constitucional de direito, cuja consolidação se deu ao longo
das décadas finais do século XX;
2) Marco filosófico: O pós-positivismo, com a centralidade dos direitos fundamentais e a reaproximação
entre Direito e ética; e
3) Marco teórico: o conjunto de mudanças que incluem a força normativa da Constituição, a expansão
da jurisdição constitucional e o desenvolvimento de uma nova dogmática da interpretação
constitucional.

CARACTERÍSTICAS DO NEOCONSTITUCIONALISMO:

1) BUSCA EFICÁCIA DA CF E CONCRETIZAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS;

2) PÓS-POSITIVISMO: O positivismo tinha permitido barbáries com base na lei. Veio, então, o pós-
positivismo (o direito deve ter um conteúdo moral, vai além da legalidade estrita. Não basta apenas
respeitar a lei, tem que observar os princípios da moralidade e da finalidade pública).

3) NORMATIVIDADE DA CONSTITUIÇÃO: A Constituição Federal era documento político. Com o


neoconstitucionalismo, passa a ser documento JURÍDICO, com força vinculante

4) FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO: as normas constitucionais têm aplicabilidade direta (co


nforme sua densidade jurídica), os direitos irradiam da CF.

5) CENTRALIDADE DA CONSTITUIÇÃO: A CF é o epicentro do ordenamento jurídico. Tem supremacia


formal e material. Consequências:

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o Constitucionalização do direito: normas de outros ramos do direito estão na Constituição


Federal e há releitura dos institutos previstos na legislação infraconstitucional à luz da
Constituição.
o Filtragem constitucional: há interpretação da lei à luz da Constituição Federal. Segundo a
interpretação conforme a CF, passa a lei no filtro da CF para extrair seu sentido
constitucional. Para Luiz Roberto Barroso, toda interpretação jurídica é uma interpretação
constitucional.

6) REMATERIALIZAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES: Surgem Constituições prolixas, com extenso rol de


direitos fundamentais.

7) MAIOR ABERTURA NA INTERPRETAÇÃO: Os princípios deixam de ser meras diretrizes e passam a ser
espécies de norma;

8) FORTALECIMENTO DO JUDICIÁRIO: O Judiciário irá garantir a supremacia da Constituição Federal. É


o ativismo judicial, postura mais ativa do Judiciário na implementação dos direitos. O Judiciário passa
a atuar como legislador positivo.

5. APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS

Segundo o Doutrinador José Afonso da Silva, as normas Constitucionais podem possuir eficácia plena,
contida ou limitada:

● Normas Constitucionais de eficácia plena: são as que não necessitam de complementação para que
possam produzir efeitos, tais normas possuem aplicabilidade imediata e integral; São normas que
reúnem todos os elementos necessários para a produção de todos os efeitos jurídicos imediatos
● Normas constitucionais de eficácia contida (ou prospectiva): são normas que também possuem
aplicabilidade imediata e integral, por não necessitarem de complementação, no entanto podem ter
sua abrangência reduzida por norma infraconstitucional.
Exemplos: os artigos: 5º, incisos XIII (sobre a regulamentação de profissões) e VIII (escusa de
consciência),

Art. 5º, XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas
as qualificações profissionais que a lei estabelecer;
Art. 5º, VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de
convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal
a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

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JÁ CAIU EM PROVA
(VUNESP - 2015 - PC-CE - Inspetor de Polícia) A Constituição Federal estabelece, em seu artigo 5
o , inc. LVIII, que “o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo
nas hipóteses previstas em lei”. Acerca dessa norma, é correto afirmar que tem aplicação
imediata e eficácia contida. [CERTO]
(CESPE - 2018 - PC-MA – Escrivão) - O art. 5.° , inciso XIII, da Constituição Federal de 1988 (CF)
assegura ser livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as
qualificações profissionais que a lei estabelecer. Com base nisso, o Estatuto da Ordem dos
Advogados do Brasil estabelece que, para exercer a advocacia, é necessária a aprovação no
exame de ordem. A norma constitucional mencionada, portanto, é de eficácia contida. [CERTO]

● Normas Constitucionais de eficácia Limitada: são normas que necessitam de integração por norma
infraconstitucional para que possam produzir todos os efeitos jurídicos. São normas que têm
aplicabilidade apenas indireta ou mediata, pois dependem de complementação infraconstitucional
para possuírem aplicabilidade direta.
No entanto, mesmo sem sua regulamentação, tais normas produzem, mesmo que de forma mínima,
efeitos jurídicos, como o de vincular o legislador.

José Afonso da Silva entende que há dois tipos de normas constitucionais de eficácia limitadas:

a) Normas de princípio institutivo ou organizativo: contém o início ou esquema de


determinado órgão, entidade ou instituição, deixando a efetiva criação e estruturação a
cargo de lei ordinária ou complementar;

Exemplos: art. 18, §2º da CF e art. 25, §3º da CF.

Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil


compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos
autônomos, nos termos desta Constituição.
§ 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em
Estado ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar.

Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que


adotarem, observados os princípios desta Constituição.
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões
metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por
agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o
planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.
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b) Normas de princípio programático: normas através das quais o constituinte, ao invés de


regular direta e imediatamente determinados interesses, limitou-se a traçar-lhes os
princípios a serem cumpridos pelos seus órgãos. – Tais normas NÃO dispõem de
aplicabilidade imediata, mas possuem carga eficacional, ante o princípio da força
normativa da Constituição.

Exemplos: artigos 196; 205; 217; 218 todos da CF/88.

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas
sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos
e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção
e recuperação.
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho.
Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não-formais,
como direito de cada um, observados:
I - a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a sua
organização e funcionamento;
II - a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto
educacional e, em casos específicos, para a do desporto de alto rendimento;
III - o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não- profissional;
IV - a proteção e o incentivo às manifestações desportivas de criação nacional.
Art. 218. O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a
pesquisa, a capacitação científica e tecnológica e a inovação

JÁ CAIU EM PROVA:
(VUNESP - 2018 - PC-BA – Investigador) Sob a ótica da classificação doutrinária e com base na
Constituição Federal brasileira, assinale a alternativa que representa uma norma constitucional
de natureza programática:
A) É garantido o direito de propriedade.
B) É plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter militar.
C) É garantido o direito de herança.
D) A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.
E) A ordem social tem como base o primado do trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça
sociais.
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R.: Letra E.

ATENÇÃO - CLASSIFICAÇÃO DE MARIA HELENA DINIZ: a Autora incluiu mais uma espécie na
classificação acima apontada, afirmando a existência de normas constitucionais de eficácia absoluta
ou supereficazes, que são as cláusulas pétreas, ou seja, aquelas normas que não podem ser retiradas
nem mesmo por emenda constitucional.

6. INTERPRETAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS

6.1. Hermenêutica x Interpretação Jurídica

Hermenêutica: É o domínio da ciência jurídica que se ocupa em formular e sistematizar os princípios


que subsidiarão a interpretação;
Interpretação: Atividade prática que se dispõe a determinar o sentido e alcance dos enunciados
normativos. Cumpre à interpretação construir a norma. Envolve duas atividades:
Desvendar/ construir o sentido do enunciado normativo;
Concretizar o enunciado.

6.2 Interpretação Jurídica x Interpretação Constitucional

● A interpretação jurídica é gênero do qual a interpretação constitucional é espécie.


● A interpretação constitucional tem por objeto a compreensão e aplicação das normas
constitucionais, razão pela qual se serve de princípios próprios que lhe conferem especificidade e
autonomia, sendo informada por métodos e princípios específicos e adequados ao seu objeto.
● Enquanto as normas legais possuem um conteúdo material fechado, as normas constitucionais
apresentam um conteúdo material aberto e fragmentado, circunstância que justifica e reivindica a
existência de uma interpretação especificamente constitucional.
● Além de superiores, as normas constitucionais normalmente veiculam conceitos abertos, vagos e
indeterminados, que conferem ao intérprete um amplo espaço de conformação, não verificável
entre as normas legais.
● As normas constitucionais são ainda:
∘ Normas de organização e estrutura;
∘ Dotadas de forte carga política.

6.3 Métodos de interpretação

Canotilho: Leciona que a questão do “método justo” em direito constitucional é um dos problemas
mais controvertidos. Por isso, para ele, NÃO há apenas um método de interpretação constitucional,
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podendo-se afirmar que, atualmente, a interpretação das normas constitucionais obtém-se a partir de um
conjunto de métodos distintos, porém complementares.

a) Método jurídico ou hermenêutico clássico [SAVIGNY]


Parte da consideração de que a Constituição é uma lei, de modo que a interpretação da Constituição
não deixa de ser uma interpretação da lei. => TESE DA IDENTIDADE DA INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL E
INTERPRETAÇÃO LEGAL.
Com isso, para a interpretação da Constituição, deve o intérprete utilizar os elementos tradicionais
ou clássicos da hermenêutica, que remontam à Escola Histórica do Direito de Savigny:
● Elemento gramatical: também chamado de literal ou semântico, a análise se realiza de modo textual
e literal;
● Elemento histórico: analise o projeto de lei, a sua justificativa, exposição de motivos, pareceres,
discussões, as condições culturais e psicológicas que resultaram na elaboração da norma;
● Elemento sistemático ou lógico: busca a análise do todo;
● Elemento teleológico ou racional: busca a finalidade da norma;
● Elementos genético: busca investigar as origens dos conceitos utilizados pelo legislador.

A doutrina, de modo geral, NÃO repele a interpretação de tal método jurídico. No entanto, por outro
lado, a CF traz situações mais complexas cuja interpretação não se realiza com o emprego do método
tradicional. O método jurídico, portanto, é insuficiente e não satisfaz, por si só, a interpretação
constitucional.

b) Método Tópico-problemático [THEODOR VIEHWEG]

Theodor Viehweg – “Tópica e Jurisprudência” → Para o autor, a tópica seria uma técnica de pensar
o problema, ou seja, uma técnica mental que se orienta para a solução do problema. O método segue as
seguintes premissas:
● Caráter Prático da interpretação: Toda a interpretação se destina a solucionar problemas práticos e
concretos;
● Caráter Aberto, Fragmentário ou indeterminado das normas constitucionais, em razão de sua
estrutura normativo-material;
● Preferência pela discussão do problema em razão da abertura das normas constitucionais que não
permitem qualquer subsunção a partir delas próprias.

Conclusão: A interpretação constitucional leva a um processo aberto de argumentação entre os


vários partícipes ou intérpretes, para se adaptar a norma constitucional ao problema concreto para, só ao
final, se identificar a norma adequada.

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Parte-se do problema para a norma. Para este método, deve a interpretação partir da discussão do
problema concreto que se pretende resolver para, só ao final, se identificar a norma adequada. Parte-se
do problema (caso concreto) para a norma, fazendo caminho inverso dos métodos tradicionais, que
buscam a solução do caso a partir da norma.
Canotilho critica esse método, ao fundamento de que a interpretação NÃO deve partir do problema para a
norma, mas desta para os problemas.

DICA: Para não esquecer o nome do criador do método na hora da prova, relacionar
as iniciais: Theodor – Tópico.

c) Método Hermenêutico-concretizador (Concretista) [HESSE]

Parte da ideia de que a leitura de todo o texto e da Constituição deve se iniciar pela pré-compreensão
do seu sentido através de uma atividade criativa do intérprete.
Admite o primado da norma constitucional sobre o problema.
O método considera a interpretação constitucional como uma atividade de concretização da
Constituição, circunstância que permite ao intérprete determinar o próprio conteúdo material da norma.
Afasta-se do método tópico-problemático porque a interpretação, para ele, está limitada e se inicia
pelo texto, superando o problema da abertura e indeterminação dos enunciados normativos através da pré-
compreensão do intérprete.
Parte da ideia de que a leitura do texto, em geral, e da Constituição, deve se iniciar pela pré-
compreensão do seu sentido através de uma atividade criativa do intérprete. Ao contrário do método tópico-
problemático, que pressupõe o primado do problema sobre a norma, o método concretista admite o primado
da norma constitucional sobre o problema. Essa pré-compreensão faz com que o intérprete, na primeira
leitura do texto, extraia dele um determinado conteúdo, que deve ser comparado com a realidade existente.
Desse confronto, resulta a reformulação, pelo intérprete, de sua própria pré-compreensão, no intuito
de harmonizar os conceitos por ele preconcebidos àquilo que deflui do texto constitucional, com base na
observação da realidade social. Essa reformulação e consequente releitura do texto, cotejando cada novo
conteúdo obtido com a realidade, deve repetir-se sucessivamente, até que se chegue à solução mais
harmoniosa para o problema. Impõe-se, assim, um "movimento de ir e vir", do subjetivo para o objetivo - e,
deste, de volta para aquele -, denominado "círculo hermenêutico” (Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino).

DICA: É possível, igualmente, relacionar as iniciais para não esquecer: Hesse – Hermenêutico.

d) Método científico-eSpiritual [Rudolf Smend]

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A interpretação constitucional deve levar em consideração a compreensão da Constituição como


uma ordem de valores e como elemento do processo de integração. Deve o intérprete levar em consideração
o sistema de valores que é subjacente ao texto constitucional e à realidade da vida.
Idealizado por Rudolf Smend, este método dispõe que a interpretação constitucional deve levar em
consideração a compreensão da Constituição como uma ordem de valores e como elemento do processo de
integração. Assim, a interpretação deve aprofundar-se na pesquisa do conteúdo axiológico subjacente ao
texto, pois só o recurso à ordem de valores obriga a uma captação espiritual desse conteúdo axiológico
último da Constituição.

e) Método normativo-estruturante [FRIEDERICH MULLER]

Parte da premissa de que existe uma relação necessária entre o texto e a realidade. Foi idealizado
por Friederich Müller, que afirma que o texto é apenas a ponta do iceberg, não compreendendo a norma
apenas o texto, mas também um pedaço da realidade social. É um método também concretista,
diferenciando-se dele, porém, na medida em que a norma a ser concretizada não está inteiramente no texto,
sendo o resultado entre este e a realidade.

6.5 Regras, princípios e postulados normativos

As normas podem revelar-se sob a forma de princípios, regras ou postulados normativos.


Normas e princípios NÃO guardam hierarquia entre si, especialmente diante do princípio da
unidade da Constituição.
Segundo Canotilho, os princípios são fundamento das regras, ou seja, são normas que estão na base ou
constituem a ratio de regras jurídicas, desempenhando, por isso, uma função normogenética
fundamentante.

REGRAS PRINCÍPIOS
Grau de abstração reduzido Grau de abstração elevado
Suscetíveis de aplicação direta Carecem de mediações concretizadoras
Podem ser normas vinculativas com conteúdo São standards juridicamente vinculantes radicados
meramente funcional nas exigências de justiça ou na ideia de direito
Relatos descritivos de condutas a partir dos A previsão dos relatos dá-se de maneira mais
quais, mediante subsunção, chega-se à abstrata, sem se determinar a conduta correta, já
conclusão. que cada caso concreto deverá ser analisado para
que o intérprete dê o exato peso entre os princípios
em choque

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São mandamentos ou mandados de definição: São mandados de otimização (Alexy): devem ser
são sempre ou satisfeitas ou não satisfeitas (tudo realizados na maior medida do possível. Podem ser
ou nada) satisfeitos em graus variados, a depender das
possibilidades jurídicas.
Uma das regras em conflito OU será afastada A colisão resolve-se pela ponderação ou
pelo princípio da especialidade, OU será balanceamento de princípios.
declarada inválida.

Postulados normativos ou metanormas: são normas sobre a aplicação de normas. Com o


reconhecimento da força normativa da Constituição, a expansão da jurisdição constitucional e o pós
positivismo, houve o deslocamento da Constituição para todos os demais ramos do direito, dando origem a
uma FILTRAGEM CONSTITUCIONAL. Os postulados são denominados pela maioria da doutrina, como
princípios, mas não têm a mesma função dos princípios. São normas de segundo grau utilizadas para se
interpretar os princípios e regras constitucionais (normas de primeiro grau).

6.6 Princípios de interpretação Constitucional

a) UNIDADE DA CONSTITUIÇÃO: A Constituição é una e indivisível. Por isso, deve ser interpretada como um
todo, de modo a evitar conflitos, contradições e antagonismos entre suas normas. Em decorrência, não há
hierarquia entre normas constitucionais e não há normas constitucionais originárias inconstitucionais.
É usado no conflito ABSTRATO de normas constitucionais.

b) CONCORDÂNCIA PRÁTICA OU HARMONIZAÇÃO: No caso de aparente conflito entre normas


constitucionais, devem ser harmonizadas ao caso concreto, respeitando ambas. Não pode haver sacrifício
total de um em relação ao outro, faz uma redução proporcional (sem supressão), para harmonizá-los. Há
uma ponderação de interesses, já que não há diferença de hierarquia ou de valor entre os bens
constitucionais. E só NO CASO CONCRETO é que podemos dizer qual prevalece, já que não há hierarquia
entre normas constitucionais (unidade da Constituição).

c) EFEITO INTEGRADOR: O intérprete deve preferir a interpretação que gera mais paz social, reforço da
unidade política, integração da sociedade.

d) MÁXIMA EFETIVIDADE: Deve preferir a interpretação que dê mais eficácia e aplicabilidade aos direitos
fundamentais.

e) FORÇA NORMATIVA: Na aplicação da Constituição, deve ser dada preferência às soluções concretizadoras
de suas normas que as torne mais eficazes e permanentes. A principal função desse princípio tem sido para

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afastar interpretações divergentes. Segundo o STF, quando se tem interpretações divergentes sobre a
Constituição, estas enfraquecem a sua força normativa.

OBS: o da Força Normativa serve para todas as normas constitucionais; já o da Máxima Efetividade, serve
especificamente para os direitos fundamentais.

f) JUSTEZA OU CONFORMIDADE FUNCIONAL: Tem por finalidade impedir que os órgãos encarregados da
interpretação constitucional cheguem a um resultado que subverta ou perturbe o esquema organizatório-
funcional estabelecido pela Constituição. É um princípio de competência constitucional.

g) PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE OU CONVENIÊNCIA DAS LIBERDADES PÚBLICAS: Não existem direitos


absolutos, pois todos encontram limites em outros direitos ou em interesses coletivos também consagrados
na Constituição. De acordo com Bobbio, teriam caráter absoluto o direito a não ser torturado e o direito a
não ser escravizado.

h) INTERPRETAÇÃO CONFORME A CF: No caso de normas plurissignificativas (vários significados), deve-se


preferir aquela que mais se aproxime da Constituição.

i) PROPORCIONALIDADE OU RAZOABILIDADE: Significa justiça, bom senso, moderação. É para evitar


interpretações absurdas, podendo ser dividida em três subprincípios:
● Adequação: os meios usados têm que ser aptos a atingir os fins. Aptidão entre meio e fim.
● Necessidade: o meio deve ser o menos gravoso possível. Jellinek: não se pode abater pardais com
canhões.
● Proporcionalidade em sentido estrito: ponderação entre o custo e o benefício da medida. Para ser
proporcional, a medida tem que trazer mais benefícios do que custos.

6.7 Técnicas de interpretação Constitucional

O movimento doutrinário chamado de moderna hermenêutica constitucional diz que toda a tarefa
de interpretação da CF deve estar voltada para um único objetivo: concretizar os direitos fundamentais.
Dentre essas modernas técnicas, estão previstas:

a) Declaração de inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade: O Tribunal reconhece a


inconstitucionalidade da norma, porém NÃO a tira do ordenamento jurídico, com a justificativa de que a sua
ausência geraria mais danos do que a presença da lei inconstitucional. É possível, também, que se opere a
suspensão de aplicação da lei e dos processos em curso até que o legislador, dentro de prazo razoável, venha
a se manifestar sobre a situação inconstitucional;

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b) Declaração de inconstitucionalidade com apelo ao legislador: Nessa técnica de interpretação, "busca-se


não declarar a inconstitucionalidade da norma sem antes fazer um apelo vinculado a "diretivas" para obter
do legislador uma atividade subsequente que torne a regra inconstitucional harmônica com a Carta Maior.
Incumbe-se ao legislador a difícil tarefa de regular determinada matéria, de acordo com o que preceitua a
própria Constituição."
A técnica possui relevância no caso da ação de inconstitucionalidade por omissão, em que o Tribunal
limita-se a constatar a inconstitucionalidade da omissão, exortando o legislador a abandonar o seu estado
de inércia, possuindo a decisão um cunho mandamental.

c) Interpretação conforme a Constituição: O Orgão jurisidicional declara qual das possíveis interpretações
se mostra compatível com a Lei Maior. É princípio que se situa no âmbito do controle de constitucionalidade,
e não simples regra de interpretação.

INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE


PARCIAL SEM REDUÇÃO DE TEXTO
ADI é julgada parcialmente procedente ADI é julgada parcialmente procedente
Técnica de interpretação Técnica de aplicação (Lei “i” NÃO se aplica à
hipótese “H”)
É imprescindível que haja mais de uma Expressa exclusão, por inconstitucionalidade, de
interpretação possível determinada hipótese de aplicação sem alteração
(André Ramos Tavares: “O Tribunal NÃO declara do texto legal. É mais incisiva do que a interpretação
que todas as demais interpretações são conforme.
inconstitucionais”)

7. PODER CONSTITUINTE

Segundo Canotilho, o Poder Constituinte se revela como uma questão de “poder”, “força” ou
“autoridade” política que, em uma situação concreta, pode criar, garantir ou eliminar uma Constituição
entendida como lei fundamental da comunidade política.
A doutrina aponta a existência de três poderes constituintes: originário, derivado e difuso.
1. Poder Constituinte Originário: “O Poder Constituinte é responsável pela escolha e formalização
do conteúdo das normas constitucionais. O adjetivo “originário” é empregado para diferenciar o poder
criador de uma nova constituição daqueles instituídos para alterar o seu texto (Poder Constituinte Derivado)
ou elaborar as constituições dos Estados-membros da federação (Poder Constituinte Decorrente).
O Poder Constituinte Originário pode ser definido, portanto, como um poder político, supremo e
originário, responsável por estabelecer a constituição de um Estado” (NOVELINO, 2017, p. 71).
O Poder Constituinte Originário instaura uma nova ordem jurídica, rompendo por completo com a
ordem jurídica precedente e possui como características:
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1) Inicial: Inaugura toda a normatividade jurídica;


2) Autônomo: NÃO convive com nenhum outro poder que tenha a mesma hierarquia;
3) Incondicionado (juridicamente): Não se sujeita a nenhuma outra norma jurídica;
4) Ilimitado;
5) Latente: É atemporal, contínuo, pois está pronto para ser acionado a qualquer momento.

7.1 Espécies de Poder Constituinte Originário

(NOVELINO, 2017, p. 71)

I- Quanto ao modo de deliberação constituinte:


a) Poder Constituinte Concentrado (ou Demarcado)
b) Poder Constituinte Difuso

Poder Constituinte Concentrado (ou Poder Constituinte Difuso


Demarcado)
o surgimento da constituição resulta da a constituição é resultante de um
deliberação formal de um grupo de processo informal em que a criação de
agentes, como no caso das constituições suas normas ocorre a partir da tradição de
escritas; uma determinada sociedade, como ocorre
com as constituições consuetudinárias.
Também é chamado de mutação
constitucional.

II- Quanto ao momento de manifestação:


a) Poder Constituinte Histórico:
b) Poder Constituinte Revolucionário:

Poder Constituinte Histórico Poder Constituinte Revolucionário


responsável pelo surgimento da primeira elabora as constituições posteriores a partir de uma
constituição de um Estado (exemplo: constituição revolução (constituição brasileira de 1937) ou de
brasileira de 1824); uma transição constitucional (constituição
brasileira de 1988).

III- Quanto ao papel na elaboração do documento constitucional:


a) Poder Constituinte Material:
b) Poder Constituinte Formal:

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Poder Constituinte Material Poder Constituinte Formal


é o responsável por definir o conteúdo fundamental formaliza no plano normativo as escolhas políticas
da constituição, elegendo os valores a serem do Poder Constituinte Material.
consagrados e a ideia de direito que irá prevalecer.

Obs.: “O Poder Constituinte Material precede o Formal em dois aspectos: (I) logicamente, porque 'a ideia de
direito precede a regra de direito; o valor comanda a norma; a opção política fundamental, a forma que elege
para agir sobre os fatos; a legitimidade, a legalidade'; e (II) historicamente, pois o triunfo de certa ideia de
direito ou nascimento de certo regime ocorre antes de sua formalização” (NOVELINO, 2017, p. 72).

A natureza do poder constituinte é jurídica ou extrajurídica?

Positivistas (Carl Schmitt): o Poder Constituinte é anterior e se encontra acima de toda e qualquer
norma jurídica, devendo ser considerado um poder político (extrajurídico ou de fato) resultante
da força social responsável por sua criação.
Em razão de sua natureza essencialmente revolucionária, o Poder constituinte estaria liberado de valores
referentes à sua legitimidade. Por ter o seu sentido na existência política, o sujeito do Poder Constituinte
poderia fixar livremente o modo e a forma da existência estatal a ser consagrada na constituição, sem ter
que se justificar em uma norma ética ou jurídica.
Características essenciais sob a óptica positivista: I- inicial, por não existir nenhum outro antes ou acima
dele; II- autônomo, por caber apenas ao seu titular a escolha do conteúdo a ser consagrado na
constituição; e III- incondicionado, por não estar submetido a nenhuma regra de forma ou de conteúdo.

Jusnaturalistas (Abade Sieyès): o Poder Constituinte é um poder jurídico (ou de direito). Os defensores
da existência de um direito eterno, universal e imutável, preexistente e superior ao direito positivado,
sustentam que o Poder Constituinte, apesar de não encontrar limites no direito positivo anterior, estaria
subordinado aos princípios do direito natural.
Características essenciais sob a óptica jusnaturalista: I- incondicionado juridicamente pelo direito positivo,
mas submetido aos princípios do direito natural; II- permanente, por não se exaurir com a conclusão de
sua obra; e III- inalienável, devido à impossibilidade de transferência, pela nação, desta titularidade.

7.3 Titularidade do Poder Constituinte Originário

Segundo Marcelo Novelino (2017, p. 73), para a doutrina majoritária, a titularidade do poder
constituinte reside sempre na soberania do povo. Essa posição deve ser defendida nas provas.

Obs.: Em sua obra clássica O que é o Terceiro Estado?, Joseph Sieyès sustentava que o Terceiro Estado seria
a nação, titular do poder constituinte.
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7.4 Poder Constituinte Derivado

O Poder Constituinte Derivado decorre do poder constituinte originário e da Constituição e possui


como características:
1) Poder subordinado hierarquicamente em plano inferior, ou seja, está abaixo do Poder
Constituinte Originário;
2) Poder condicionado ou limitado: Só pode ser exercitado nos casos e nos limites previstos pelo
Poder Constituinte Originário.

O Poder Constituinte Derivado possui três subespécies:

1) Poder Constituinte Derivado Reformador


2) Poder Constituinte Derivado Revisor
3) Poder Constituinte Derivado Decorrente.

Já caiu em prova:
(FEC - 2012 - PC-RJ – Inspetor) De acordo com a doutrina constitucionalista, o Poder Constituinte
derivado classifica-se em:
A) poder revisor e poder originário.
B) poder originário e poder reformador.
C) poder decorrente e poder originário.
D) poder reformador e poder decorrente. [certo]
E) poder majoritário e poder contramajoritário.

7.4.1 Reformador

Tem o poder ou competência para modificar a Constituição por meio de um procedimento


específico, estabelecido pelo Poder Constituinte Originário. Ao contrário deste, que é um poder político, o
Poder Constituinte Derivado Reformador tem natureza jurídica (é um poder jurídico), pois deve obedecer às
limitações impostas pelo Originário.
Em princípio, o Poder Constituinte de Reforma ou Reformador NÃO pode criar cláusulas pétreas:
somente o Poder Constituinte Originário pode fazê-las. No entanto, pode ampliar o catálogo dos direitos
fundamentais criados pelo Poder Constituinte Originário.

LIMITES AO PODER CONSTITUINTE DERIVADO REFORMADOR – ART. 60 DA CF.

1) Temporais – NÃO previstos na CF/88;


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2) Circunstanciais: Estado de defesa, estado de sítio e intervenção federal (art. 60, §1º da CF)

Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:


§ 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal,
de estado de defesa ou de estado de sítio.

JÁ CAIU EM PROVA
(FUNCAB - 2016 - PC-PA – Investigador) A Constituição não poderá ser emendada apenas na
vigência de intervenção federal e de estado de defesa. [ERRADO]

3) Materiais - excluem determinadas matérias do Poder Constituinte derivado reformador. Os limites


materiais podem ser EXPRESSOS ou IMPLÍCITOS;
a) Expressos: são as cláusulas de intangibilidade ou cláusulas pétreas elencadas no art. 60, §4º,
da CF. Tutela-se a proposta tendente a ABOLIR.

Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:


§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.

JÁ CAIU EM PROVA
(VUNESP - 2018 - PC-BA – Investigador) - Imagine que 1/3 (um terço) dos membros da Câmara
dos Deputados apresentou proposta de Emenda Constitucional com o objetivo de alterar o voto
popular de secreto para aberto. Nesse caso, é correto afirmar que a proposta é constitucional,
tanto sob o prisma formal como o material, já que a Constituição assegura apenas o voto direto,
universal e periódico. [ERRADO]
(FUNCAB - 2013 - PC-ES – Escrivão) Caso haja aprovação em plebiscito, poderá ser objeto de
deliberação de proposta de emenda tendente a abolir a forma federativa de Estado.[errado]

b) Implícitos: limitações que decorrem do núcleo de identidade da CF. Tudo aquilo que formar
o núcleo de identidade da CF é limitação implícita ao poder de reforma, é intangível
o Impossibilidade de alterar o titular do PCO e o titular do PC derivado.

o Os limites explícitos ao poder de reforma são limites implícitos.

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● Não se pode admitir que o poder derivado possa alterar seus próprios limites
de atuação estabelecidos pelo poder originário a quem está condicionado e
limitado.

● Impossibilidade de se operar a dupla revisão: primeiro se altera as limitações


expressas, para depois, promover as alterações desejadas.

4) Limites Formais:
∘ Subjetivos: Iniciativa para a propositura de uma proposta de emenda constitucional (art. 60, I, II
e III da CF)

Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:


I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do
Senado Federal;
II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação,
manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.

JÁ CAIU EM PROVA
(VUNESP - 2018 - PC-BA – Investigador) - Imagine que 1/3 (um terço) dos membros da Câmara
dos Deputados apresentou proposta de Emenda Constitucional com o objetivo de alterar o voto
popular de secreto para aberto. Nesse caso, é correto afirmar que a proposta é inconstitucional
sob o prisma formal, pois a legitimidade para apresentação de proposta de emenda
constitucional só pode ser apresentada por 1/3 (um terço) dos membros do Congresso Nacional,
e não apenas de uma das casas. [ERRADO]
(FUNCAB - 2016 - PC-PA – Investigador) A Constituição poderá ser emendada mediante proposta
de um terço das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada
uma delas, pela maioria relativa de seus membros. [errado]
(VUNESP - 2015 - PC-CE – Inspetor) Sobre a emenda à Constituição Federal, é correto afirmar
que a matéria constante de proposta de emenda rejeitada somente poderá constituir objeto de
nova apresentação, na mesma sessão legislativa, mediante proposta de dois terços dos
membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional. [errada]
(VUNESP - 2015 - PC-CE – Inspetor) Sobre a emenda à Constituição Federal, é correto afirmar
que pode ser proposta por iniciativa de qualquer membro da Câmara dos Deputados ou do
Senado Federal. [errada]

∘ Objetivas: Art. 60, §2º (procedimento de deliberação e quórum de votação), §3º (promulgação
pelas Mesas) e §5º ( irrepetibilidade absoluta do projeto de emenda rejeitado) da CF
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§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em


dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos
votos dos respectivos membros.
§ 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.
§ 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por
prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.

Caiu em prova recente:


UFMT - PJC-MT - Escrivão de Polícia - 2022
Extrai-se do texto que o poder reformador se submete aos “limites de sua própria
atuação quando tanto se fizer mister, condicionando-se em sua ordenação normativa
reformadora”. Quanto ao rito do processo legislativo referente às emendas constitucionais
estabelecido na Constituição Federal de 1988, marque V para as afirmativas verdadeiras
e F para as falsas.
( ) É admitida proposta de emenda à Constituição por um terço, pelo menos, das
Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se cada uma delas, pela
maioria relativa de , seus membros.
( ) A proposta de emenda será aprovada se obtiver, em cada Casa do Congresso Nacional,
em dois turnos, três quintos dos votos dos respectivos membros.
( ) A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e
do Senado Federal, com o respectivo número de ordem .
( ) A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não
pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.
Assinale a sequência correta.
A] F, V, V, F
B] V, F, F, V
C] V, V, F, F
D] F, V, V, V
E] F, F, V, F

R.: letra D.

Já caiu em prova
(FUNCAB - 2016 - PC-PA – Investigador) A proposta de Emenda à Constituição será discutida e
votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se
obtiver, em ambos, dois quintos dos votos dos respectivos membros. [errado]
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(FUNCAB - 2016 - PC-PA – Investigador) A matéria constante de proposta de emenda rejeitada


ou havida por prejudicada poderá ser objeto de nova proposta na mesma sessão
legislativa.[errado]

É admitido o controle concentrado ou difuso de constitucionalidade de normas produzidas pelo


poder constituinte originário?
Em virtude do princípio da unidade normativa e do caráter rígido da Constituição brasileira,
admite-se no Brasil o controle de constitucionalidade apenas das normas constitucionais que
foram inseridas na Constituição pela via das emendas constitucionais.
O STF não admite a tese das normas constitucionais inconstitucionais, ou seja, de normas
contraditórias advindas do poder constituinte originário. Assim, se o intérprete da Constituição se
deparar com duas ou mais normas aparentemente contraditórias, deverá compatibilizá-las, de modo
que ambas continuem vigentes. Isso porque o princípio da unidade da Constituição afasta a tese de
hierarquia entre os dispositivos da Constituição.

7.4.2 Poder Constituinte Derivado Decorrente

Assim como o reformador, também o Poder Constituinte Derivado Decorrente é jurídico e limitado
pelo originário.
Possui o objetivo de estruturar a constituição dos Estados-membros, em decorrência da capacidade
de auto-organização estabelecida pelo originário. Tal capacidade consta artigo 25 da CF/88, o qual dita que
“os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e Leis que adotarem, observados os princípios desta
Constituição”.

Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que


adotarem, observados os princípios desta Constituição.

A doutrina aponta que os princípios que devem ser seguidos pelos Estados-membros são:

a) Princípios sensíveis: Essência da organização constitucional da Federação brasileira - art. 34, VII, da CF - se
violados ensejam intervenção federal;

Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: PRINCÍPIOS
CONSTITUCIONAIS SENSÍVEIS
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
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d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.


e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais,
compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento
do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.

b) Princípios constitucionais estabelecidos: regras previstas para outros entes que, por consequência, veda
a atuação do Estado naquela matéria e;

c) Princípios constitucionais extensíveis: Normas organizatórias da União aplicadas aos estados pelo
princípio da simetria, e podem ser expressos ou implícitos. Ex: Sistema eleitoral, imunidades e impedimentos
dos Deputados.

— Há poder constituinte derivado decorrente nos Municípios?


⋅ 1ª Corrente: Há quem compreenda que as leis orgânicas são efetivo exercício do poder constituinte
derivado decorrente.

⋅ 2ª Corrente (MAJORITÁRIA): Inexiste tal poder no âmbito dos municípios, pois estes submetem-se a
um poder de terceiro grau, na medida em que devem observância a CF/88 e a respectiva Constituição
Estadual. Entende-se que o poder derivado decorrente somente existe em face do segundo grau, ou
seja, quando extrai seu fundamento de validade da própria constituição.

7.4.3 Poder Constituinte Derivado Revisor

Também é condicionado e limitado às regras do originário.


Tal manifestação ocorreu cinco anos após a promulgação da atual Constituição, por determinação
do artigo 3º do ADCT.

Art. 3º. A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da
promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do
Congresso Nacional, em sessão unicameral.

7.5 Poder Constituinte Difuso

É um poder de fato manifestado por mutação constitucional. Trata-se de mais um mecanismo de


mudança da Constituição. Se por um lado a modificação introduzida pelo Poder Constituinte Derivado
Reformador é formal, por intermédio de emenda constitucional, a do difuso se instrumentaliza de modo
informal e espontâneo, como verdadeiro poder de fato, modifica a Constituição sem alterar o seu texto. Pelo
Poder Constituinte Difuso, a interpretação do texto constitucional é alterada.
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7.6 Poder Constituinte Supranacional

Segundo Marcelo Novelino (2017, p. 92), a ruptura das tradicionais premissas de


organização dos Estados deu origem à ideia de existência de um Poder Constituinte pautado na
cidadania universal, no pluralismo de ordenamentos jurídicos e em uma visão remodelada de
soberania. Trata-se de um poder destinado a elaborar uma constituição supranacional, apta a
vincular os Estados ajustados sob o seu comando e fundamentada na vontade do povo-cidadão universal,
seu verdadeiro titular. Este poder é considerado constituinte por ter a força de criar uma ordem jurídica de
cunho constitucional, na medida em que reorganiza a estrutura de cada um dos Estados que adere ao direito
comunitário e submete as constituições nacionais ao seu poder supremo.

Referências Bibliográficas

Pedro Lenza. Direito Constitucional Esquematizado.


Marcelo Novelino. Curso de Direito Constitucional.
Dirley da Cunha Junior. Curso de Direito Constitucional.

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QUESTÕES PROPOSTAS

1 - 2021 - FGV - PC-RJ - FGV - 2021 - PC-RJ - Inspetor de Polícia Civil


Nos termos do Art. 26, I, da Constituição da República de 1988, estão incluídos entre os bens dos Estados “as
águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma
da lei, as decorrentes de obras da União”.
Esse preceito constitucional dá origem a uma norma de eficácia:

A-plena e aplicabilidade diferida;


B-limitada e princípio institutivo;
C-plena e aplicabilidade imediata;
D-contida e aplicabilidade imediata;
E-limitada e princípio programático.

2 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil


A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
I. de um terço, no mínimo, dos membros do Senado Federal; II. de mais da metade das Assembleias
Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria absoluta de seus
membros; III. de Ministro de Estado; IV. por iniciativa popular; V. do Presidente da República.
Analise os itens acima e assinale

A-se apenas os itens I e III estiverem corretos.


B-se apenas os itens II e IV estiverem corretos.
C-se apenas os itens II e V estiverem corretos.
D-se apenas os itens I e V estiverem corretos.
E-se apenas os itens I e IV estiverem corretos.

3 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil


De acordo com o conteúdo, a forma, o modo de elaboração e a origem, a Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988 é corretamente ser classificada como

A-material, escrita, histórica e democrática.


B-formal, escrita, dogmática e democrática.
C-formal, consuetudinária, histórica e outorgada.
D-material, costumeira, dogmática e democrática.
E-formal, escrita, histórica e democrática.

4 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil


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O art. 20, IX, da Constituição prevê que os recursos minerais, inclusive os do subsolo, são bens da União. Essa
norma constitucional é classificada como norma

A-de eficácia contida.


B-de eficácia plena.
C-programática.
D-de eficácia limitada.
E-de princípio institutivo.

5- 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil


Qual matéria pode ser objeto de emenda constitucional?

A-O voto direto.


B-O voto secreto.
C-O voto universal.
D-O voto periódico.
E-O voto facultativo.

6 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-DF - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-DF - Escrivão de Polícia da Carreira
de Polícia Civil do Distrito Federal
Por meio da Política Nacional de Direitos Humanos do Brasil surgiu o Programa Nacional de Direitos
Humanos, que traz propostas para temas de debate nacional. O Programa também visa fazer com que todos
os estados da Federação protejam os direitos humanos inseridos na Constituição Federal e nos tratados
internacionais de que o Brasil é signatário.
Considerando a Política Nacional de Direitos Humanos, a Constituição Federal e os tratados internacionais
de direitos humanos, julgue o item a seguir.
Segundo a Constituição Federal, a equiparação dos tratados internacionais de direitos humanos às emendas
constitucionais depende de aprovação da maioria simples dos membros de cada casa do Congresso Nacional,
em turno único.

Certo
Errado

7 - 2019 - INSTITUTO AOCP - PC-ES - INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia
O Poder Constituinte é a manifestação soberana da suprema vontade política de um povo, social e
juridicamente organizado. A respeito do Poder Constituinte, é correto afirmar que

A-o Poder Constituinte derivado não está preso a limites formais.


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B-o Poder Constituinte originário está previsto e regulado no texto da própria Constituição.
C-o Poder Constituinte derivado pode se manifestar na criação de um novo Estado ou na refundição de um
Estado.
D-o Poder Constituinte originário pode ser reformador ou revisor
E-o Poder Constituinte originário é permanente, eis que não se esgota no momento do seu exercício,
podendo ser convocado a qualquer momento pelo povo.

8 - 2018 - VUNESP - PC-BA - VUNESP - 2018 - PC-BA - Investigador de Polícia


Imagine que 1/3 (um terço) dos membros da Câmara dos Deputados apresentou proposta de Emenda
Constitucional com o objetivo de alterar o voto popular de secreto para aberto. Nesse caso, é correto afirmar
que a proposta é

A-inconstitucional sob o prisma formal, pois a legitimidade para apresentação de proposta de emenda
constitucional só pode ser apresentada por 1/3 (um terço) dos membros do Congresso Nacional, e não
apenas de uma das casas.
B-inconstitucional sob o prisma formal, pois a legitimidade para apresentação de proposta de Emenda
Constitucional é reservada ao Senado, na qualidade de representante dos Estados Membros.
C-inconstitucional sob o prisma material, pois a Constituição não poderá ser emendada para abolição do voto
secreto.
D-constitucional, tanto sob o prisma formal como o material, já que a Constituição assegura apenas o voto
direto, universal e periódico.
E-constitucional, tanto sob o prisma formal como o material, já que a Constituição não assegura o voto e a
forma de seu exercício como cláusula imutável.

9 - 2018 - VUNESP - PC-BA - VUNESP - 2018 - PC-BA - Investigador de Polícia


Sob a ótica da classificação doutrinária e com base na Constituição Federal brasileira, assinale a alternativa
que representa uma norma constitucional de natureza programática.

A-É garantido o direto de propriedade.


B-É plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter militar.
C-É garantido o direito de herança.
D-A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.
E-A ordem social tem como base o primado do trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais.

10 - 2018 - FUNDATEC - PC-RS - FUNDATEC - 2018 - PC-RS - Escrivão e de Inspetor de Polícia - Tarde
Segundo a doutrina de Luís Roberto Barroso, no seu livro “Curso de Direito Constitucional Contemporâneo:
os conceitos fundamentais e a construção do novo modelo”, os princípios constitucionais gerais são
especificações dos princípios fundamentais e, por seu menor grau de abstração, prestam-se mais facilmente
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SEMANA 01/13

à tutela direta e imediata das situações jurídicas que contemplam. Considerando esse contexto, assinale a
alternativa que NÃO representa um desses princípios constitucionais gerais, segundo o citado autor.

A-Isonomia.
B-Devido processo legal.
C-Segurança jurídica.
D-Princípio republicano.
E-Princípio da razoabilidade.

11 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - PC-MA - CESPE - 2018 - PC-MA - Escrivão de Polícia Civil
O art. 5.° , inciso XIII, da Constituição Federal de 1988 (CF) assegura ser livre o exercício de qualquer trabalho,
ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer. Com base nisso, o Estatuto
da Ordem dos Advogados do Brasil estabelece que, para exercer a advocacia, é necessária a aprovação no
exame de ordem. A norma constitucional mencionada, portanto, é de eficácia

A-contida.
B-programática.
C-plena.
D-limitada.
E-diferida.

12 - 2016 - FUNCAB - PC-PA - FUNCAB - 2016 - PC-PA - Investigador de Policia Civil


“A emenda é a modificação de certos pontos, cuja estabilidade o legislador constituinte não considerou tão
grande como outros mais valiosos, se bem que submetida a obstáculos e formalidades mais difíceis que os
exigidos para alteração das leis ordinárias.” (SILVA, José Afonso da, Curso de Direito Constitucional Positivo.
25a edição, São Paulo, Malheiros, 2005, p.132). Marque assertiva correta de acordo com o processo
legislativo de elaboração de emenda à Constituição Federal.

A-A Constituição não poderá ser emendada apenas na vigência de intervenção federal e de estado de defesa.
B-A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada poderá ser objeto de
nova proposta na mesma sessão legislativa.
C-A Constituição poderá ser emendada mediante proposta de um terço das Assembleias Legislativas das
unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.
D-A proposta de Emenda à Constituição será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em
dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, dois quintos dos votos dos respectivos
membros.
E-Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir a forma federativa de Estado.

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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

13 - 2016 - FUNCAB - PC-PA - FUNCAB - 2016 - PC-PA - Escrivão de Polícia Civil


“A emenda é a modificação de certos pontos, cuja estabilidade o legislador constituinte não considerou tão
grande como outros mais valiosos, se bem que submetida a obstáculos e formalidades mais difíceis que os
exigidos para alteração das leis ordinárias.” (SILVA, José Afonso da, Curso de Direito Constitucional Positivo.
25ª edição, São Paulo, Malheiros, 2005, p.132). Marque assertiva correta de acordo com o processo
legislativo de elaboração de emenda à Constituição Federal.

A-Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir a forma federativa de Estado.
B-A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada poderá ser objeto de
nova proposta na mesma sessão legislativa.
C-A proposta de Emenda à Constituição será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em
dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, dois quintos dos votos dos respectivos
membros.
D-A Constituição não poderá ser emendada apenas na vigência de intervenção federal e de estado de defesa.
E-A Constituição poderá ser emendada mediante proposta de um terço das Assembleias Legislativas das
unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.

14 - 2016 - CESPE / CEBRASPE - PC-PE - CESPE - 2016 - PC-PE - Escrivão de Polícia Civil
Quanto ao grau de aplicabilidade das normas constitucionais, as normas no texto constitucional classificam-
se conforme seu grau de eficácia. Segundo a classificação doutrinária, a norma constitucional segundo a qual
é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei
estabelecer é classificada como norma constitucional

A-de eficácia limitada.


B-diferida ou programática.
C-de eficácia exaurida.
D-de eficácia plena.
E-de eficácia contida.

15 - 2016 - CESPE / CEBRASPE - PC-PE - CESPE - 2016 - PC-PE - Agente de Polícia


Considerando as disposições da CF, é correto afirmar que a norma constitucional segundo a qual

A-a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito nem a coisa julgada é de eficácia limitada e
aplicabilidade direta.
B-ninguém será privado de liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal é de eficácia plena e
aplicabilidade imediata.
C-é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a
lei estabelecer é de eficácia plena e de aplicabilidade imediata.
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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

D-é direito dos trabalhadores urbanos e rurais a proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante
incentivos específicos, nos termos da lei, é de eficácia plena e aplicabilidade imediata.
E-ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante é de eficácia contida e
aplicabilidade não integral.

16 - 2016 - CESPE / CEBRASPE - PC-PE - CESPE - 2016 - PC-PE - Agente de Polícia


Assinale a opção correta a respeito da Constituição Federal de 1988 (CF) e dos poderes constituintes.

A-O poder constituinte originário, que elaborou a CF, é essencialmente político, extrajurídico, sem limites
formais, e esgotou-se com a promulgação da CF.
B-A CF é uma constituição promulgada, oriunda da atuação do poder constituinte derivado, uma vez que a
assembleia nacional constituinte foi convocada por emenda à Constituição anterior.
C-Da elaboração da CF, que é uma constituição promulgada, participaram cidadãos que, nessa condição,
votaram diversos de seus dispositivos na própria assembleia nacional constituinte.
D-A CF pode ser modificada pela atuação de poder constituinte derivado, obedecidas as normas nela
inseridas pelo poder constituinte originário.
E-A CF pode ser modificada pela atuação de poder constituinte decorrente, obedecidas as normas nela
inseridas pelo poder constituinte originário.

17- 2015 - VUNESP - PC-CE - VUNESP - 2015 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil de 1a Classe
Sobre a emenda à Constituição Federal, é correto afirmar que

A-pode ser proposta por iniciativa do Procurador-Geral da República.


B-a matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de
nova proposta na mesma sessão legislativa.
C-a vigência de intervenção federal não impede que a Constituição seja emendada.
D-a matéria constante de proposta de emenda rejeitada somente poderá constituir objeto de nova
apresentação, na mesma sessão legislativa, mediante proposta de dois terços dos membros de qualquer das
Casas do Congresso Nacional.
E-pode ser proposta por iniciativa de qualquer membro da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal.

18 - 2015 - VUNESP - PC-CE - VUNESP - 2015 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil de 1a Classe
A Constituição Federal estabelece, em seu artigo 5 o , inc. LVIII, que “o civilmente identificado não será
submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei”. Acerca dessa norma, é correto
afirmar que

A-tem aplicação mediata e eficácia limitada.


B-tem aplicação imediata e eficácia plena
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C-tem aplicação mediata e eficácia plena.


D-tem aplicação imediata e eficácia contida.
E-tem aplicação imediata e eficácia limitada

19 - 2014 - IBFC - PC-RJ - IBFC - 2014 - PC-RJ - Papiloscopista Policial de 3ª Classe


O Supremo Tribunal Federal editou a Súmula Vinculante nº 25, reconhecendo como ilícita a prisão do
depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito. No julgamento, o STF considerou que o artigo
5º, inciso XLVII, da Constituição Federal perdeu aplicação prática, uma vez que a prisão nesse caso não
decorre do texto constitucional, mas de norma infraconstitucional, que lhe dava aplicação prática.
Considerando que esta norma contraria tratado internacional de direitos humanos, de natureza supralegal,
não há como persistir com a referida modalidade de prisão civil no ordenamento jurídico. Desta forma, pode-
se dizer que o STF entendeu que o artigo 5º, inciso XLVII, da Constituição Federal é uma norma de:

A-Eficácia plena.
B-Eficácia contida.
C-Eficácia limitada de princípio programático.
D-Eficácia limitada de princípio institutivo.
E-Eficácia exaurida.

20 - 2014 -IBFC -PC-SE -IBFC - 2014 - PC-SE - Agente de Polícia Judiciária - Substituto
No que diz respeito às emendas à Constituição, existem algumas limitações materiais e circunstancias em
que o texto constitucional não poderá ser emendado. A respeito do tema, assinale a alternativa INCORRETA:

A-A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de
estado de sítio.
B-A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de
nova proposta na mesma sessão legislativa.
C-A Constituição poderá ser emendada mediante proposta de mais da metade das Assembléias Legislativas
das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.
D-É vedada a proposta de emenda tendente a abolir voto direto, secreto, obrigatório, universal e periódico.

Respostas1

1
1: D 2: D 3: B 4: B 5: E 6: E 7: E 8: C 9: E 10: D 11: A 12: E 13: A 14: E 15: B 16: D 17: B 18: D 19: B 20: D
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DIREITO PENAL: NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS

TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA

CF/88
⦁ Art. 5º, II
⦁ Art. 5º, XLI, XLII, XLIII, XLIV, XLV e XLVII
⦁ Art. 5º, XXXIX
⦁ Art. 5º, §3º
⦁ art. 7º, X
⦁ Art. 22, I e §único
⦁ art. 227, § 4º

CP
⦁ Art. 1º
⦁ Art. 59
⦁ Art. 71

OUTROS DIPLOMAS LEGAIS


⦁ Art. 8°, itens 2 e 5, CADH
⦁ Art. 8º, item 4 do Pacto de São José da Costa Rica

ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!

⦁ Art. 5º, XLI, XLII, XLIII, XLIV, XLV e XLVII, CF/88


⦁ Art. 5º, XXXIX, CF/88
⦁ Art. 22, I e §único, CF/88
⦁ Art. 1º, CP

1. CONCEITO, CARACTERÍSTICAS, OBJETO, FUNÇÕES E DIVISÕES DO DIREITO PENAL

A) CONCEITO:
Conjunto de normas que objetiva definir os crimes, proibindo ou impondo condutas, sob
a ameaça de imposição de pena ou medida de segurança, e também a criar normas de aplicação
geral.
Segundo Cleber Masson (2017, p. 3) é “o conjunto de princípios e regras destinados a
combater o crime e a contravenção penal, mediante a imposição de sanção penal”.

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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

Importa salientar que “sanção penal” é gênero, do qual são espécies as penas e as medidas de
segurança.
É um ramo do Direito Público, vez que suas normas são indisponíveis, impostas e dirigidas a todas as
pessoas.
Além disso, o Estado é o titular do direito de punir e por isso sempre figura como sujeito passivo das
infrações penais, ainda que de forma mediata.
Ainda sobre o conceito de direito penal:
a) Aspecto Formal: O direito penal é um conjunto de normas que qualifica certos
comportamentos humanos como infrações penais, define os seus agentes e fixa as sanções
as lhe serem aplicadas.
b) Aspecto Material: O Direito Penal refere-se a comportamentos considerados altamente
reprováveis ou danosos ao organismo social, afetando bens jurídicos indispensáveis à
própria conservação e progresso da sociedade.
c) Aspecto Sociológico: O direito penal é mais um instrumento do controle social de
comportamentos desviados, visando a assegurar a necessária disciplina social. Em suma,
sob aspecto dinâmico, o Direito Penal é mais um instrumento de controle social visando
assegurar a necessária disciplina para a harmônica convivência dos membros da sociedade.

B) CARACTERÍSTICAS:

De acordo com Cleber Masson (2017, p. 5), o Direito Penal é uma ciência cultural, normativa,
valorativa, finalista, de natureza predominantemente sancionatória, e fragmentária.

⦁ I – Ciência: Suas regras estão contidas em normas e princípios, que por sua vez, formam a dogmática
jurídico-penal.
⦁ II – Cultural: o Direito Penal é uma ciência do “dever ser”, ao contrário das ciências naturais, que
cultuam o “ser”;
⦁ III – Normativa: o objeto principal é o estudo da lei penal (Direito positivo);
⦁ IV – Valorativa: sua aplicação não está pautada em regras matemáticas de certo ou errado, mas sim
em uma escala de valores que são sopesados a partir de critérios e princípios próprios do Direito
Penal. Dessa forma, esse ramo do direito valoriza hierarquicamente as suas normas;
⦁ V – Finalista: o objetivo do direito penal é a proteção de bens jurídicos fundamentais, o que torna a
sua missão prática, e não simplesmente teórica
⦁ VI – Sancionatória: o Direito Penal é predominantemente sancionador porque não cria bens
jurídicos, mas acrescenta proteção penal aos bens jurídicos disciplinados por outros ramos do
Direito. No entanto, é possível que ele seja também constitutivo, quando protege interesses não
regulados por outras áreas do Direito, como o uso indevido de drogas

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SEMANA 01/13
⦁ VII – Fragmentária: o Direito Penal não tutela todos os valores ou interesses, mas somente os mais
importantes para a manutenção e o desenvolvimento dos indivíduos e da sociedade.

C) OBJETO DE PROTEÇÃO DO DIREITO PENAL:

Bens Jurídicos penais: “é a coisa, o valor, o atributo espiritual ou intelectual cujo usufruto e gozo são
reconhecidos como significativamente relevantes. Primeiro, para o efetivo desenvolvimento pessoal de seu
titular e, depois e em consequência, para todo o corpo social, de que é exemplo o meio ambiente
ecologicamente equilibrado” (PACELLI, 2017, p. 61).
O legislador seleciona os bens jurídicos a serem defendidos pelo Direito Penal. No entanto, NÃO se
pode falar em discricionariedade ampla e irrestrita, pois os bens jurídicos mais importantes são tratados na
Constituição. Logo, a Constituição possui a seguinte missão:
⦁ Orienta o legislador, ao eleger valores considerados indispensáveis à manutenção da sociedade;
⦁ Impede que o legislador viole direitos fundamentais atribuídos a toda pessoa humana (Visão
Garantista Do Direito Penal).

D) FUNÇÕES DO DIREITO PENAL:

Na atualidade, a doutrina divide a missão do direito penal em duas, quais sejam:

a) Missões mediatas:

Instrumento de Controle Social ou de preservação da paz pública (Papel intimidador)

Limitação ao poder de punir estatal ou Função de Garantia – garantia dos cidadãos contra o arbítrio
estatal, vez que só podem ser punidos por atos previstos como infração penal e por pena também
determinada em lei.
☞ Para Franz Von Liszt “o Código Penal é a Magna Carta do delinquente”;

Obs: Se, de um lado, o Estado controla o cidadão, impondo-lhe limites para a vida em sociedade, de
outro lado, é necessário também limitar o seu próprio poder de controle, evitando a punição abusiva
(evitando a hipertrofia da punição).

b) Missão imediata:
Aqui, é necessário lembrarmos do funcionalismo penal, que trará as duas correntes de mais destaque
acerca do tema (anote esses nomes na testa):
● Funcionalismo teleológico (moderado) – Claus Roxin (Predomina)
⋅ A missão do Direito Penal é a proteção dos bens jurídicos mais relevantes;

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SEMANA 01/13

⋅ Se a proteção de determinado bem jurídico não é indispensável ao indivíduo e à manutenção


da sociedade, não deve incidir o direito penal, mas outros ramos do direito;
⋅ Para Roxin, o Direito Penal não veio para trazer valores éticos, morais;
⋅ Ele entende que essa seria a função exclusiva;
⋅ É chamado teleológico porque busca a finalidade do direito penal.


Funcionalismo sistêmico (radical) – Günter Jakobs
⋅ A missão do Direito Penal é assegurar a vigência do sistema, protegendo o império da norma.
⋅ Ele discorda de Roxin por entender que, quando o indivíduo é punido pela infração penal
praticada, o bem jurídico já foi violado, ou seja, não está protegido, não sendo esta, portanto,
a função do direito penal. Sua função seria demonstrar que a norma continua vigorando e
deve ser obedecida.
⋅ Assim, “o bem não deve ser representado como um objeto físico ou algo do gênero, e sim,
como norma, como expectativa garantida”. (Direito Penal e Funcionalismo, 2005, p.33-34)
⋅ E ainda, entende ele que quem deliberada e reiteradamente viola a lei penal, de forma grave
e duradoura, deve ser tratado como “não-cidadão”, como inimigo da sociedade, por não
cumprir sua função no corpo social, não fazendo jus às garantias previstas pela norma a qual
tal sujeito infringe.
⋅ Ao delinquente-cidadão, seria aplicado o direito penal do cidadão, ao passo que ao
delinquente inimigo, seria aplicado o Direito Penal do Inimigo (tópico específico mais à
frente)

Resumindo....

FUNCIONALISMO PENAL

● Finalidade do Direito Penal: proteção de bens


FUNCIONALISMO jurídicos indispensáveis. Não veio para trazer
TELEOLÓGICO valores éticos, morais.
(Características: Moderado, ● Moderado: o direito penal tem limites impostos
dualista, de política criminal pelo próprio direito penal e demais ramos do
ou racional teleológico) direito.
ROXIN ● Dualista: convive em harmonia com os demais
ramos do Direito. Reconhece o sistema jurídico em
geral.

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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

● De política criminal: aplica a lei de acordo com os


anseios da sociedade. Se adapta à sociedade em que
ele se insere.
● Racional teleológico: movido pela razão e em busca
de sua finalidade.

● Finalidade do Direito Penal: é a proteção das


normas penais, assegurar o império da norma. É
punir. Aplicar a lei.
● A sociedade que deve se ajustar ao Direito Penal.
● Para ele, o Direito Penal é:
FUNCIONALISMO SISTÊMICO
- Radical: só reconhece os limites impostos por ele
(Características:
mesmo;
Radical, monista e sistêmico)
- Monista: é um sistema próprio de regras e de
JAKOBS
valores que independe dos demais.
Direito Penal do Inimigo
- Sistêmico: é autônomo (independe dos demais
ramos), autorreferente (todas as referências e
conceitos que precisa busca do próprio direito
penal) e se autoproduz.
● Quem viola reiterada e deliberadamente a norma =
não-cidadão / inimigo = não tem direitos.

Outras funções do Direito Penal (Masson):


● Função criadora ou modificadora de costumes. Disseminação ético-social de valores.
⋅ Efeito “moralizador”. Visa garantir o mínimo ético que deve existir em toda
coletividade;
⋅ É uma função educativa, que visa estimular os cidadãos a se conscientizarem e protegerem
bens que ainda não foram tidos pela sociedade como fundamentais (ex: crimes contra o meio
ambiente).
⋅ Esta função é bastante discutida, pelo fato de a doutrina divergir se o estado deveria ou não
se utilizar do direito penal como meio de educação. Há quem entenda que tal objetivo deve
ser alcançado pela interação social e não por coação.

● Simbólica – não produz efeitos externos, mas somente na mente dos cidadãos e governantes, sendo
uma função inerente a todas as leis, não apenas ao Direito Penal;
⋅ Enquanto os governados pensam que a contenção da criminalidade e as medidas necessárias
para tanto estão sob o controle das autoridades, os governantes ficam com a sensação de
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SEMANA 01/13

terem feito algo e adiam a efetiva resolução do problema, retirando, ao longo do tempo, a
credibilidade do direito penal.
⋅ Geralmente é manifestada pelo “direito penal do terror”, que se apresenta de duas formas:
a) Inflação legislativa (direito penal de emergência) – em que são criados tipos penais
desnecessários para dar resposta a qualquer tipo de problema;
b) Hipertrofia do Direito Penal – aumentando desproporcional e injustificadamente
as penas em casos pontuais, como se isso, por si só, fosse impedir a prática do
crime.

● Motivadora de comportamento conforme a norma – a ameaça de imposição de sanções motiva os


indivíduos a se comportarem de acordo com a lei, para que não sofram suas penalidades;
● Redução da violência estatal – pois, embora legítima e necessária, a pena não deixa de ser uma
agressão ao indivíduo, devendo, portanto, restringir-se aos casos necessários e legais.
● Promocional de transformação social – auxiliando em mudanças que garantirão a evolução da
comunidade.

B) CLASSIFICAÇÕES DO DIREITO PENAL:

1. Direito Penal Fundamental (Primário) X Direito Penal Complementar (Secundário):


DIREITO PENAL FUNDAMENTAL (PRIMÁRIO) DIREITO PENAL COMPLEMENTAR (SECUNDÁRIO):
é o conjunto de normas e princípios do Direito Penal corresponde à legislação penal extravagante.
aplicáveis genericamente, inclusive às leis penais
especiais.
É composto pelas normas da Parte Geral do Código
Penal e, excepcionalmente, algumas normas de
amplo conteúdo previstas na Parte Especial, como
os conceitos de domicílio (art. 150, §§4º e 5º) e
funcionário público (art. 327);

2. Direito Penal Comum x Direito Penal Especial


DIREITO PENAL COMUM DIREITO PENAL ESPECIAL
é o conjunto de normas penais aplicável é o conjunto de normas penais aplicável apenas a
indistintamente a todas as pessoas, como o Código pessoas determinadas que preencham certas
Penal; condições legais. São exemplos o Código Penal
Militar e o Decreto-lei nº 201/1967 (crimes de
responsabilidade dos prefeitos);

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SEMANA 01/13

3. Direito Penal Geral x Direito Penal local:


DIREITO PENAL GERAL DIREITO PENAL LOCAL
é o conjunto de normas penais aplicáveis em todo o é o conjunto de normas penais aplicáveis somente
território nacional. Essas normas são produzidas a determinada parte do território nacional.
privativamente pela União (art. 22, I, da CF); A existência dessas normas somente é possível se
houver autorização da União por lei complementar
para que os Estados legislem sobre questões
específicas de Direito Penal (art. 22, parágrafo
único, da CF);

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:


Parágrafo único. Lei COMPLEMENTAR poderá autorizar os Estados a legislar sobre
questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.

4. Direito Penal Objetivo x Direito Penal Subjetivo


DIREITO PENAL OBJETIVO DIREITO PENAL SUBJETIVO
é o conjunto de leis penais em vigor; é o direito de punir (ius puniendi), que pertence
exclusivamente ao Estado e nasce quando uma lei
penal é violada;

5. Direito Penal Substantivo x Direito Penal Adjetivo


DIREITO PENAL SUBSTANTIVO DIREITO PENAL ADJETIVO
é o direito penal material, propriamente dito. É o também chamado de “formal” (grave as
que consta no Código Penal. nomenclaturas), é o direito processual penal.

2. ENCICLOPÉDIA DAS CIÊNCIAS PENAIS

O estudo do crime, do criminoso e da sanção penal é o objeto de várias ciências, tendo sido chamadas
por José Cerezo Mir de “enciclopédia de ciências penais”.
A doutrina não é uníssona acerca de quantas ou quais exatamente seriam elas, mas, para o nosso
estudo, as mais importantes são a dogmática penal, a criminologia e a política criminal.

I – DOGMÁTICA PENAL: tem por objetivo interpretar de forma sistemática o direito penal, entendendo o
sentido das normas e aplicando-o de forma lógico-racional (não emocional).

II – CRIMINOLOGIA: A criminologia, de acordo com Luiz Flávio Gomes e Antônio Molina, é uma ciência
empírica (estuda o que “é”, ao contrário do direito penal, que estuda o que “deve ser” – caracterizando-se

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SEMANA 01/13

como uma ciência valorativa e normativa) e interdisciplinar (observa diversos fatores: econômicos, políticos,
sociais, religiosos etc), a qual estuda o crime, a vítima, o criminoso e o controle social. Suas constatações se
dão a partir da observação daquilo que acontece na realidade social, na experiência.

Ps.: Gravando as palavras-chave sobre as características da criminologia, que são


diversas das do direito penal, vocês já matam várias questões!

III – POLÍTICA CRIMINAL: trabalha com estratégias e mecanismos de controle social da criminalidade, para
que os bens jurídicos relevantes sejam protegidos. Possui a característica de vanguarda, pois orienta a criação
e a reforma das leis, a partir de uma análise crítica acerca destas estarem ou não cumprindo os fins a que se
propõem, considerando dados obtidos por outros ramos (como a criminologia).
Funciona como “filtro” entre a letra fria da lei e a realidade social. Revela as leis que “pegam” e as que não.

2.1 Direito Penal X Criminologia X Política Criminal

O ponto mais cobrado desse tópico é, sem dúvidas, a diferença entre direito penal,
criminologia e política criminal.

DIREITO PENAL CRIMINOLOGIA POLÍTICA CRIMINAL


Ciência normativa e valorativa, que
Ciência empírica e
analisa os fatos humanos Trabalha as estratégias e meios
interdisciplinar, que estuda o
indesejados e define quais devem de controle social da
crime, o criminoso, a vítima e o
ser tipificados como crime ou criminalidade.
controle social.
contravenção.
Ocupa-se do crime enquanto Ocupa-se do crime enquanto Ocupa-se do crime enquanto
norma. fato. valor.
Ex: Quais fatores contribuem Ex: Estuda como diminuir os
Ex: Define o crime de roubo.
para o crime de roubo. casos de roubo.

3. DIREITO PENAL DO AUTOR E DIREITO PENAL DO FATO

O Direito Penal do autor consiste na punição do indivíduo baseada em seus pensamentos,


desejos e estilo de vida. Está atrelado ao Princípio da exteriorização ou materialização do fato,
pelo qual o Estado só pode incriminar condutas humanas voluntárias (fatos). Assim, ninguém pode
ser castigado por seus pensamentos, desejos ou meras cogitações ou estilo de vida.
O ordenamento penal brasileiro adotou o Direito Penal do fato, mas que considera circunstâncias
relacionadas ao autor, especificamente quando da análise da pena. Ex: art. 59 do CP; Reincidência.

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O princípio da exteriorização serviu para o legislador acabar com as infrações penais que
desconsideravam esse mandamento. Ex: Mendicância (art. 60 L.C.P. – abolido), pois era direito penal do
autor.

4. GARANTISMO PENAL (FERRAJOLI)

4.1 Conceito

Para Ferrajoli, “o garantismo é entendido no sentido do ESTADO CONSTITUCIONAL DE DIREITO, isto


é, aquele conjunto de vínculos e de regras racionais impostos a todos os poderes na tutela dos direitos de
todos, representa o único remédio para os poderes selvagens”.

4.2. Garantias primárias e secundárias

O autor distingue as garantias em duas grandes classes: as garantias primárias e as garantias


secundárias:

● Garantias primárias – limites e vínculos normativos: Consistem nas proibições e obrigações, formais
e substanciais, impostos na tutela dos direitos, ao exercício de qualquer poder;
● Garantias secundárias – diversas formas de reparação: Subsequentes às violações das garantias
primárias, diz respeito à anulabilidade dos atos inválidos e a responsabilidade pelos atos ilícitos.

Ex: a CF prevê como garantia primária que não haverá pena de banimento. O legislador não
a observa e comina tal pena a determinado crime. Neste caso, será utilizado o controle de
constitucionalidade, previsto na própria constituição como garantia secundária, julgando o
ato nulo.

* ATENÇÃO: Para o garantismo de Ferrajoli, o juiz não é um mero aplicador da lei, um mero
executor da vontade do legislador ordinário. Ele é, antes de tudo, o guardião de direitos
fundamentais.

4.3 Máximas do garantismo

● Nulla poena sine crimine: somente será possível a aplicação de pena quando houver, efetivamente, a
prática de determinada infração penal;
● Nullum crimen sine lege: a infração penal deverá sempre estar expressamente prevista na lei penal;

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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

● Nulla lex (poenalis) sine necessitate: a lei penal somente poderá proibir ou impor determinados
comportamentos, sob a ameaça de sanção, se houver absoluta necessidade de proteger determinados
bens, tidos como fundamentais ao nosso convívio em sociedade, (direito penal mínimo);
● Nulla necessitas sine injuria: as condutas tipificadas na lei penal devem, obrigatoriamente, ultrapassar
a sua pessoa, isto é, não poderão se restringir à sua esfera pessoa, à sua intimidade, ou ao seu
particular modo de ser, somente havendo possibilidade de proibição de comportamentos quando
estes vierem a atingir bens de terceiros;
● Nulla injuria sine actione: as condutas tipificadas só podem ser exteriorizadas mediante a ação do
agente, ou omissão, quando previsto em lei;
● Nulla actio sine culpa: somente as ações culpáveis podem ser reprovadas;
● Nulla culpa sine judicio: é necessário adoção de um sistema nitidamente acusatório, com a presença
de um juiz imparcial e competente para o julgamento da causa;
● Nullum judicium sine accusatione: o juiz que julga não pode ser responsável pela acusação;
● Nulla accusatio sine probatione: fica a cargo do acusador todo o ônus probatório, que não poderá ser
transferido para o acusado da prática de determinada infração penal;
● Nulla accusatio sine defensione: deve ser assegurada ao acusado a ampla defesa, com todos os
recursos a ela inerentes.

5. DIREITO PENAL DO INIMIGO

a) Conceito:
Aquele que viola o sistema deve ser considerado e tratado como inimigo. O delinquente,
autor de determinados crimes, não é ou não deve ser considerado como cidadão, mas como um
“cancro societário”, que deve ser extirpado (Munhoz Conde).
Günther Jakobs, jurista alemão, fomenta o Direito Penal do inimigo para o terrorista,
traficante de drogas, de armas e de seres humanos e para os membros de organizações criminosas
transnacionais (vide lei 12.850/2013).
Destaque-se que nem todo criminoso é inimigo, apenas uma parcela reduzida de criminosos é que
entra neste rol.

b) Características do direito penal do inimigo:



Antecipação da punibilidade com a tipificação de atos preparatórios: O legislador é impaciente, não
aguarda o início da execução para punir o agente);

É um direito penal prospectivo e não retrospectivo, na medida em que se pune o inimigo pelo o que
ele poderá fazer, em razão do perigo que representa;

O inimigo não é visto como um sujeito de direitos, pois perdeu seu status de cidadão;

Pune-se o inimigo pela sua periculosidade e não pela sua culpabilidade, como é no direito penal
comum;
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Criação de tipos de mera conduta;

Previsão de crimes de perigo abstrato: normalmente, pode haver crimes de perigo abstrato, mas
sem abusos, flexibilização o princípio da lesividade;

As garantias processuais aplicadas ao inimigo são relativizadas ou até mesmo suprimidas.

Flexibilização do Princípio da Legalidade: é a descrição vaga dos crimes e das penas. A descrição
genérica de um crime permite a punição de mais condutas/comportamentos;

Inobservância dos Princípios da Ofensividade: relação com a criação de crimes de perigo abstrato)
e da Exteriorização do Fato (relação com o direito penal do autor;

Preponderância do Direito Penal do autor: Flexibilização do princípio da exteriorização do fato;

Desproporcionalidade das penas;

Surgimento das chamadas “leis de luta ou de combate”: Exemplo - Lei 8.072/90 e Lei 11.830/2013.
Alguns doutrinadores sustentam que tais leis têm predicados de direito penal do inimigo;

Endurecimento da Execução Penal: O regime disciplinar diferenciado é um resquício do direito penal
do inimigo;

5.1 Velocidades do Direito Penal (Jesús-Maria Silva Sánchez)

Segundo, Cleber Masson (2017, p. 111) a teoria das velocidades do direito penal “parte do
pressuposto de que o Direito Penal, no interior de sua unidade substancial, contém dois grandes blocos,
distintos, de ilícitos: o primeiro das infrações penais às quais são cominadas penas de prisão (direito penal
nuclear), e o segundo, daqueles que se vinculam aos gêneros diversos de sanções penais (direito penal
periférico)”.

● Primeira velocidade: Direito Penal “da prisão”, aplicando-se penas privativas de liberdade como
resposta aos crimes praticados, com a rígida observância das garantias constitucionais e processuais.
Aplicada a delitos graves.

● Segunda velocidade: Direito penal reparador. São aplicadas aqui penas alternativas à prisão, como
restritivas de direitos ou pecuniárias, de forma mais rápida, sendo admissível, para tanto, uma
flexibilização proporcional dos princípios e regras processuais. Aplicável a delitos de menor
gravidade.

● Terceira velocidade: Novamente temos aqui a prisão por excelência. Contudo, difere-se da primeira
por permitir a flexibilização e até a supressão de determinadas garantias. Aplicada aos delitos de
maior gravidade.
⋅ Remete ao direto penal do inimigo, já explicado acima.

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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

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⋅ Também poderiam constituir exemplos a Lei de Crimes Hediondos e a Lei de Organizações


Criminosas na legislação pátria.

● Quarta velocidade: Neopunitivismo. Ligada ao direito internacional. É o processamento e


julgamento pelo TPI de chefes de Estado que violarem tratados e convenções internacionais de tutela
de Direitos Humanos e praticarem crimes de lesa-humanidade, de modo que, por esta razão, se
tornarão réus perante o referido tribunal e terão, dentro do contexto, suas garantias penais e
processuais penais diminuídas.

● Quinta velocidade: hodiernamente, já se fala em Direito Penal de 5ª (quinta) velocidade, que trata
de uma sociedade com maior assiduidade do controle policial, o Estado com a presença maciça de
policiais na rua, no cenário onde o Direito Penal tem o escopo de responsabilizar os autores, diante
da agressividade presente em nossa sociedade de relações complexas e, muitas vezes, (in)
compreensíveis.

6. FONTES DO DIREITO PENAL

São as formas pelas quais o direito penal é criado e, posteriormente, manifestado.

a) Fonte Material:
Diz respeito à criação do Direito Penal. Via de regra, é a União, art.22, I, da CF/88, pois “compete
privativamente à União legislar sobre direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo,
aeronáutico, espacial e do trabalho”.

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:


I - direito civil, comercial, PENAL, processual, eleitoral, agrário, marítimo,
aeronáutico, espacial e do trabalho;

*Atenção: O artigo 22, parágrafo único, CF/88, prevê que “Lei Complementar poderá autorizar
os Estados a legislar sobre questões específicas relacionadas neste artigo”, o que permite
entender que abarca, inclusive, o Direito Penal. Então podemos ter uma lei complementar
autorizando o estado a legislar sobre questões específicas de direito penal.
É chamada DELEGAÇÃO EM PRETO – pois essa lei complementar não pode delegar
genericamente. Têm que ser pontos específicos/questões específicas.

b) Fonte Formal:
Diz respeito à aplicação do Direito Penal. Esse ponto varia um pouco de doutrinador para
doutrinador.
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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

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DOUTRINA CLÁSSICA DOUTRINA MODERNA


Imediata: Imediata:
● Lei (Desdobramento do princípio da ● Lei
reserva legal, que prevê a criação de ● Constituição Federal
crime e cominação de penas como ● Tratados Internacionais de Direitos Humanos
um monopólio da lei. Aqui, estamos ● Jurisprudência
falando em lei ordinária). ● Princípios
● Atos administrativos (complementos de normas
penais em branco).

*Porém, até mesmo aqui, a única fonte formal que pode


criar tipos penais e culminar penas é a lei (reserva legal).
O restante é fonte não-incriminadora.
Mediatas: Mediatas:
● Costumes ● Doutrina
● Princípios gerais do Direito
● *Alguns colocam atos
administrativos.
Fonte informal:
● Costumes

i. Lei - É o único instrumento normativo capaz de criar infração penal e cominar sanção penal (única
fonte formal imediata incriminadora).

— Medida provisória pode versar sobre direito penal?

R.: A EC 32/01 inseriu dispositivo expresso na CF/88 vedando a edição de medida provisória
versando sobre direito penal. Até 2001 não existia regra expressa na CF/88 vedando a edição
de medida provisória sobre matéria penal. Tanto que o próprio STF, antes dessa EC 32,
apreciou o RE 254.818/PR – 2000, especificando que MP não poderia versar sobre direito
penal, exceto se favorável ao réu.

Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar


medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao
Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de
2001)

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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: (Incluído pela


Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
I - relativa a: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
b) direito penal, processual penal e processual civil; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 32, de 2001)

Esse julgado (2000), anterior à EC 32/2001, que estabeleceu ser possível a edição de medida
provisória quando favorável ao réu, subsistiria após a EC 32/01, considerando que, com essa
EC, passou-se a vedar, de forma abstrata, a edição de medida provisória sobre matéria penal?
R.: A doutrina e a jurisprudência são pacíficas no sentido de que é possível a edição de medida
provisória versando sobre direito penal quando favorável ao réu, de modo que o
entendimento exarado no bojo do RE 254.818 subsistiria após a edição da EC 32/01.

ii. Constituição Federal – Não cria infração penal e não comina sanção penal (nem pena, nem medida
de segurança).
A CF não pode criar crime e nem alterar pena, pois o seu processo de alteração é super
rígido e incompatível com as necessidades do direito penal. Porém, fixa alguns
patamares abaixo dos quais a intervenção penal não se pode reduzir. São os chamados
“mandados constitucionais de criminalização” (patamares mínimos). Exemplos de
mandados constitucionais de criminalização:

Art.5º, XLI, CF – a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e


liberdades fundamentais.
Art. 5º, XLII, CF – a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível,
sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei. (Observe que o constituinte disse que
quem vai criar o crime de racismo é a lei, mas quando esse crime for criado, a lei
deve puni-lo com, no mínimo, reclusão, qualquer que seja a pena).
Art.5º, XLIII, CF – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou
anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os
mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;

iii. Tratados Internacionais de Direitos Humanos (TIDH)

Como é sabido, os TIDH entram no ordenamento interno podendo ostentar 02 status:


a) Se recepcionados com quórum de emenda constitucional, têm status de emenda;
b) Se o TIDH for recepcionado com quórum comum, terá status infraconstitucional, porém
supralegal.
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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

: Os tratados internacionais podem ser classificados como fonte do direito penal apenas quando
incorporados ao direito interno. Se versar sobre direitos humanos e for aprovado seguindo o rito
de emendas constitucionais, terá força normativa de emendas constitucionais (art. 5º, §3°, CF).
Caso não siga tal rito, terá força de norma supralegal.

iv. Jurisprudência
Não cria crime; não comina pena. Mas, na prática, às vezes, a jurisprudência cria o direito penal.
Ademais, revela Direito Penal podendo inclusive ter caráter vinculante ( no caso de súmula vinculante editada
pelo STF).
Um exemplo disso é o caso do crime continuado, em que a jurisprudência define o que são condições
de tempo e lugar para fim de definição da continuidade delitiva. A condição de tempo é de 30 dias de
intervalo entre as infrações; a condição de lugar também é definida pela jurisprudência.

Art. 71, CP – Quando o agente, mediante uma ação e omissão, pratica 2 ou mais
crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução
e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do
primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, aumentada de 1/6 a 2/3.

Obs: Súmulas vinculantes – Elas também são fontes do direito penal.

a. Princípios - Não criam crime nem cominam pena. Mas vários são os julgados absolvendo ou
reduzindo pena com base em princípios. Ex: Princípio da Insignificância – causa de atipicidade
material.

b. Atos administrativos - Fonte formal imediata quando complementam norma penal em branco. Ex:
Lei de drogas é complementada por uma Portaria da ANVISA.

c. Doutrina: Para alguns autores, a doutrina não é fonte do direito penal por não ter força cogente, ou
seja, não ser revestida de obrigatoriedade.

d. Costumes
⋅ Costume é a repetição de um comportamento (elemento objetivo) em face da crença na sua
obrigatoriedade (elemento subjetivo).
▪ ≠ de hábito, que consiste na mera repetição de comportamento (elemento objetivo),
mas sem a crença na sua obrigatoriedade.
⋅ Costume não cria crime, não comina pena, só a Lei pode criar crimes e cominar penas, em razão
do princípio da legalidade (veda-se o costume incriminador).
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● Espécies de costumes:
a) Costume secundum legem (costume interpretativo): possui a função de auxiliar o interprete
a entender o conteúdo da lei. Por exemplo, ato obsceno (art. 233 do CP). Vai depender do
ambiente em que o ato foi praticado e dos costumes locais para que ele seja assim
considerado ou não.
b) Costume contra legem (costume negativo): é chamado de DESUETUDO. É aquele que
contraria uma lei, mas não a revoga.Ex.: Venda de CDs piratas.
c) Costume praeter legem (costume integrativo): é aquele usado para suprir as lacunas da lei.
É válido, mas só pode ser usado no campo das normas penais não incriminadoras e apenas
para favorecer o agente. Ex.: a circuncisão em meninos de determinadas religiões não é
considerada crime.
💣 Atenção! Existe costume abolicionista? Apesar da intensa divergência, prevalece
na doutrina que não existe costume abolicionista. Enquanto não revogada por
outra lei, a norma tem plena eficácia. É a que prevalece e está de acordo com a
lei de introdução às normas do direito brasileiro. Ex. Jogo do bicho continua
tipificado como contravenção penal, sendo aplicável no caso concreto.

7. PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL:

Princípios são os valores fundamentais que inspiram a criação e a manutenção do sistema jurídico.
No caso dos princípios penais, eles vão orientar a atuação do legislador na elaboração da legislação penal e
do operador do direito em sua aplicação.
De acordo com o Professor Delegado Marcus Montez, esses princípios têm a chamada “força
normativa, força de impor ao legislador, intérprete, partes, particular. Nesse sentido, princípio não é apenas
aquele “princípio geral de direito”, pelo contrário, ele tem força cogente e impositiva”.
A função dos princípios é limitar o poder de punir do Estado. Isso porque, o Estado, por natureza, é
arbitrário, pois invade a esfera de liberdade do indivíduo. Então o Direito Penal é visto como instrumento de
contenção do Estado, que vai tolher o Estado ao máximo visando garantir a liberdade do sujeito, garantias
mínimas para ele possa desenvolver direitos de 1ª geração.
Por fim, vale relembrar que a maioria dos princípios está constitucionalizada, seja implícita ou
explicitamente, de modo que é possível utilizar tais princípios para efetuar controle de constitucionalidade.

Já caiu em prova:
(FUNDATEC - 2018 - PC-RS – Inspetor) Os princípios só podem ser explícitos, ou seja, positivados
no ordenamento jurídico. [errado]

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Além das questões de concursos que tratam diretamente dos princípios, o simples fato de
entender os valores que eles trazem nos orientam muito no raciocínio necessário para a
solução de muitas outras, por isso é um tema que não pode ser negligenciado, ok?

7.1 Princípios Relacionados com a Missão Fundamental do Direito Penal

7.1.1 Princípio da Exclusiva Proteção de Bens Jurídicos

O Direito Penal deve servir apenas e tão somente para proteger bens jurídicos relevantes (Roxin).
Logo só é legítima a criminalização que busca evitar a lesão ou o perigo de lesão a um bem juridicamente
determinado.
O princípio da exclusiva proteção de bens jurídicos impede que o Estado utilize o Direito Penal para
a proteção de bens ilegítimos: não pode incriminar pensamentos ou intenções, questões morais, éticas,
ideológicas, religiosas ou finalidades políticas.
Para a teoria constitucional do Direito Penal a eleição de bens jurídicos deve refletir os valores
constitucionais, a exemplo do homicídio, que tutela o direito fundamental à vida.
Dessa forma, o princípio da proteção aos bens jurídicos defende que o direito penal deve servir
apenas para proteger bens jurídicos relevantes, bens jurídicos indispensáveis ao convívio em sociedade.
— Mas o que é bem jurídico?
R.: Trata-se de um tema extremamente controvertido, de modo que vamos tentar simplificá-lo para
melhor compreensão.
● Para Luiz Regis Prado, bem jurídico é um ente material ou imaterial, haurido do contexto social, de
titularidade individual ou metaindividual, reputado como essencial para a coexistência e o
desenvolvimento do homem em sociedade.
● Para Roxin – bem jurídico será a relação real da pessoa com um valor concreto, reconhecido pela
comunidade.
● Para Luis Greco – bem jurídico são dados fundamentais para a realização pessoal dos indivíduos ou
para a subsistência do sistema social nos limites da ordem constitucional
Nesse sentido, para conceituar bem jurídico, é imprescindível levar 2 pontos em consideração:
1) Fundamento do bem jurídico: o conceito de bem jurídico tem que ter como ponto central,
como fundamento, a importância do bem àquela pessoa. Tem que ser um bem de
importância vital, fundamental, de modo que a existência dessa pessoa ou seu bem-estar
estejam ameaçados com a criminalização daquela conduta.
2) Titularidade do bem jurídico: É importante saber quem é o titular desse bem jurídico. Para
quem o BJ tem essa importância fundamental?

7.1.2 Princípio da Intervenção Mínima

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a) Origem histórica: art. 8º da Declaração dos direitos do homem e do cidadão (1789)


No art. 8º desse diploma, temos a imposição de que o direito penal deve estabelecer penas estrita
e evidentemente necessárias.
Isso, de certa forma, traz a ideia originária do princípio da intervenção mínima: pois o Direito Penal
só deve intervir quando for estrita e evidentemente necessária

b) Introdução
O direito penal só deve ser aplicado quando a criminalização de um fato é estritamente
necessária à proteção de determinado bem ou interesse, não sendo suficientemente tutelado por outras
searas do direito. O direito penal é o último grau de proteção jurídica.
Em outras palavras: O direito penal em um Estado Democrático de Direito atua como última ratio/
ultima razão/ ultima saída. Isso porque o direito penal só deve atuar quando os outros ramos do direito já
tenham fracassado na tentativa de solucionar aquele conflito. Não pode ser usado como prima ratio

ILÍCITOS EM GERAL

ILÍCITOS
PENAIS

Como na figura, nem tudo o que é ilícito caracteriza um ilícito penal, mas apenas uma pequena
parcela. Porém, todo ilícito penal será também ilícito perante as demais searas do direito.
Ex.: se um funcionário público pratica crime, isso sempre configurará também uma infração
administrativa. Porém, a recíproca não é verdadeira. Nem toda infração administrativa encontrará uma
correspondente tipificação penal.
Obs.: Trata-se de um princípio um implícito na CF/88, que pode ser retirado, principalmente, do
princípio da dignidade da pessoa humana. (art. 1º, III, CF/88)

c) Destinatários de finalidade: dois são os destinatários do referido princípio:


● Legislador (no plano abstrato);
● Aplicador do direito (no plano concreto).
Nessa linha, temos que a intervenção mínima deve ser observada tanto pelo legislador, no momento
de selecionar as condutas que passaram a ser tuteladas pelo Direito Penal, como também, deve ser
observado pelo aplicador do direito no caso em concreto.
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Do princípio da intervenção mínima decorrem dois outros princípios:

7.1.2.1 Fragmentariedade
O direito penal é fragmentário pois é visto como um sistema descontínuo de ilicitudes. Ou seja: o
direito penal não pode e nem tem como criminalizar todas a condutas existentes, mesmo que sejam ilícitos
do direito (não só ilícitos penais, mas ilícitos civis também)
Nesse contexto, a fragmentariedade prevê que somente devem ser tutelados pelo direito penal os
casos de relevante lesão ou perigo de lesão aos bens jurídicos fundamentais para a manutenção e o progresso
do ser humano e da sociedade.
Direciona-se ao legislador, ao plano abstrato, quando da eleição de condutas que devem ou não ser
tipificadas.

7.1.2.2 Subsidiariedade
A subsidiariedade é corolário da intervenção mínima e está ligada à autonomia do Direito Penal.
Somente após se constatar que outros meios de solução social dos conflitos não são aptos a dirimi-los, é que
serão utilizados modelos coercitivos de que dispõe o Direito Penal.
Assim, a intervenção penal fica condicionada ao fracasso dos demais ramos do direito, funcionando
como um soldado de reserva.
Direciona-se ao aplicador do direito, no plano concreto, devendo ser aplicado apenas quando todos
os demais ramos se revelarem impotentes. O crime já existe, mas precisamos saber se a aplicação da lei penal
é necessária no caso concreto.
Nas palavras do professor Cleber Masson:
A atuação do Direito Penal é cabível unicamente quando os outros ramos do Direito
e os demais meios estatais de controle social tiverem se revelado impotentes para
o controle da ordem pública. Projeta-se no plano concreto – em sua atuação prática
o Direito Penal somente se legitima quando os demais meios disponíveis já tiverem
sido empregados, sem sucesso, para proteção do bem jurídico. Guarda relação com
a tarefa de aplicação da lei penal.

Conceitos atrelados à subsidiariedade:


⦁ Roxin – direito penal seria o remédio sancionador extremo. Ou seja: o direito penal só deve atuar
após os outros ramos do direito. Quando os demais ramos atuam e não resolvem o conflito, seria
legítimo ao Direito Penal atuar sobre a característica da subsidiariedade, uma das faces da
intervenção mínima.
⦁ Muñoz Conde – direito penal é aplicável unicamente quando fracassam as demais barreiras
protetoras do bem jurídico pré-dispostas por outros ramos do direito.

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Já caiu em prova:
(FUNDATEC - 2018 - PC-RS – Escrivão) Dentre os princípios gerais do Direito Penal, pode-se citar
o princípio da exclusiva proteção de bens jurídicos e o princípio da intervenção mínima. [certo]

Aprofundando e revisando para a discursiva:


Conflito aparente de normas: Segundo Rogério Greco, o conflito aparente de normas penais é
aquele que ocorre quando duas normas aparentam incidir sobre o mesmo fato. Ele é dito aparente, pois na
verdade não existe conflito algum – efetivamente, não existe um conflito ao se aplicar a norma ao caso
concreto. Existem princípios, capazes de solucionar os conflitos aparentes de normas penais:
a) Subsidiariedade - Temos uma norma subsidiária e uma norma primária, e só se aplica a norma
subsidiária caso a norma primária não possa ser aplicada, ou seja, uma norma menos grave
(subsidiária), que descreve um crime autônomo, e uma norma mais grave (primária), que descreve
uma segunda conduta e que prevalecerá sobre aquela.
b) Especialidade - Estaremos diante de dois tipos penais, um específico e um genérico, ambos
aparentemente adequados para o caso concreto. Entretanto, pela regra da especialidade,
prevalecerá o tipo penal específico!
c) Consunção - O princípio da consunção está diretamente relacionado com a absorção de um delito
por outro. Ou seja, existe uma relação de fins e meios (um delito é o meio para que se chegue ao
outro) ou mesmo de necessidade (um crime é uma fase para o outro, sendo necessária sua execução
para que se pratique o segundo tipo penal).
d) Alternatividade - Temos o chamado princípio da alternatividade, que, por sua vez, é bastante
simples. Aqui temos um tipo penal chamado de misto alternativo (cuja conduta possui várias formas,
ou seja, vários verbos). Nesses casos, mesmo que o agente pratique vários dos núcleos em um
mesmo contexto, responderá por apenas um crime!

7.1.3 Princípio da Insignificância ou da Bagatela

a) Introdução, Origem e Conceito


Inicialmente, cumpre destacarmos que o referido princípio não encontra previsão na legislação, mas
pacificamente admitido pela Jurisprudência do STF e do STJ.
Surge no Direito Romano. “De minimus nun curat praetor”. Os juízes e os tribunais não cuidam do
que é mínimo, insignificante. Porém no direito romano só era utilizado no tocante ao direito privado.
No direito penal é incorporado apenas na década de 1970, através dos estudos de Claus Roxin.
Segundo Cleber Masson (Direito Penal Esquematizado) “Em outras palavras, o Direito Penal não deve se
ocupar de assuntos irrelevantes, incapazes de lesar o bem jurídico legalmente tutelado. Na década de 70 do
século passado, foi incorporado ao Direito Penal pelos estudos de Claus Roxin”.

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Ressalta-se que o princípio da Insignificância decorre da fragmentariedade, de modo que o Direito


Penal só vai intervir nos casos de relevante lesão, quando for indispensável para a proteção de determinado
bem jurídico, e quando não houver como proteger o bem jurídico como os outros ramos do direito.
Nesse sentido, o princípio da insignificância traduz a ideia de que não há crime quando a conduta
praticada pelo agente é insignificante, não é capaz de ofender ou colocar em perigo o bem jurídico tutelado
pela norma penal.

CAIU RECENTEMENTE EM PROVA:


IBFC/2022- PC-BA- Investigador de Polícia Civil

Assinale a alternativa que apresenta o significado do princípio da ofensividade.


A- Só se deve recorrer ao Direito Penal se outros ramos do direito não forem suficientes; o
Direito Penal deve ser concebido como a última opção, para ser usado somente quando
estritamente necessário
B- O Direito Penal deve tutelar os bens jurídicos mais relevantes para a vida em sociedade, sem
levar em consideração valores exclusivamente morais ou ideológicos
C- Não há crime se não há lesão ou perigo real de lesão a bem jurídico tutelado pelo Direito
Penal
D- Condutas historicamente aceitas e consideradas adequadas pela sociedade em tese não
merecem intervenção penal punitiva, não sendo abrangidas pelos tipos penais
E- Decorrente do princípio da dignidade da pessoa humana, impõe impedir que a pena venha
a ser empregada como instrumento de violência, com tratamento desumano ou cruel

R:C

b) Finalidade
O STF expressamente reconhece como finalidade desse princípio a “interpretação restritiva da lei
penal” (olha que termo bonito para aparecer na sua prova), ou seja, o princípio da insignificância deve
diminuir a intervenção penal, no sentido de ignorar as condutas irrisórias que não se revelam capazes de
ofender o bem jurídico tutelado pelo tipo penal.

c) Natureza Jurídica:
Causa de Exclusão da tipicidade (atipicidade) material. Ou seja: torna o fato atípico por ausência de
tipicidade material.

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#TRADUZINDO:
TIPICIDADE PENAL = tipicidade formal + tipicidade material.
Tipicidade formal: juízo de adequação do fato à norma (analisa se o fato praticado na vida real, se
amolda, se encaixa ao modelo de crime descrito na lei penal).
Ex.: Sujeito subtrai um iogurte de um hipermercado. Como subtraiu coisa alheia móvel, o fato se adequa
ao tipo penal de furto.
Tipicidade material: é a lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico protegido.
No exemplo acima, em que pese tenha havido a tipicidade formal, o ato praticado não foi capaz de causar
lesão relevante ao bem protegido, vez que o valor de um iogurte não faria a menor diferença no
patrimônio de um hipermercado, não havendo, portanto, tipicidade material.

d) Requisitos para o reconhecimento da insignificância (de acordo com STF)

REQUISITOS OBJETIVOS (DICA DE MEMORIZAÇÃO: MARI):


i. Mínima Ofensividade da conduta do agente;
ii. Ausência de Periculosidade social da ação;
iii. Reduzido grau de Reprovabilidade do comportamento;
iv. Inexpressividade da Lesão jurídica provocada.

REQUISITOS SUBJETIVOS
v. Condições pessoais do agente
vi. Condição da vítima

Obs.: Os requisitos, tanto de ordem objetiva e quanto de natureza subjetiva, devem ser avaliados no caso
concreto.

Já caiu em prova:
IPAD - 2012 - PC-AC – Agente) - Maria, empregada de uma rede de supermercados, subtraiu,
conscientemente, de forma furtiva, a quantia de R$ 17,00 (dezessete reais), em espécie, do caixa
da loja em que trabalha. Descoberta tal prática, foi oferecida denúncia, mas, em sentença, a ré
foi absolvida. Pode-se concluir, acerca dos fatos narrados, que Maria foi beneficiada pela
aplicação do princípio do(a): insignificância. [certo]

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Para finalizar o estudo deste princípio, precisamos ainda fazer uma última
diferenciação: BAGATELA PRÓPRIA X BAGATELA IMPRÓPRIA2, o que faremos com a ajuda do
Dizer o Direito.

INFRAÇÃO BAGATELAR PRÓPRIA INFRAÇÃO BAGATELAR IMPRÓPRIA


= PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA = PRINCÍPIO DA IRRELEVÂNCIA PENAL DO FATO

A situação nasce penalmente relevante. O fato é


A situação já nasce atípica. típico do ponto vista formal e material.
O fato é atípico por atipicidade material. Em virtude de circunstâncias envolvendo o fato e
o seu autor, consta-se que a pena se tornou
desnecessária.

O agente tem que ser processado (a ação penal


O agente não deveria nem mesmo ser processado deve ser iniciada) e somente após a análise das
já que o fato é atípico. peculiaridades do caso concreto, o juiz poderia
reconhecer a desnecessidade da pena.

Está previsto no art. 59 do CP, conforme a


Não tem previsão legal no direito brasileiro.
doutrina.

Enquanto para a infração bagatelar própria já nasce irrelevante por se tratar de conduta
materialmente atípica, “a infração bagatelar imprópria é aquela que nasce relevante para o Direito penal,
mas depois se verifica que a aplicação de qualquer pena no caso concreto apresenta-se totalmente
desnecessária” (GOMES, Luiz Flávio; Antonio Garcia-Pablos de Molina. Direito Penal Vol. 2, São Paulo: RT,
2009, p.305)”.
Em outras palavras, o fato é típico, tanto do ponto de vista formal como material. No entanto, em
um momento posterior à sua prática, percebe-se que não é necessária a aplicação da pena. Logo, a
reprimenda não deve ser imposta, deve ser relevada (assemelhando-se ao perdão judicial.
Porém, ao contrário do instituto mencionado, as situações em que a bagatela imprópria é aplicável
não estão expressamente previstas.

2
Fonte: https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2015/01/ebook-princc3adpio-da-
insignificc3a2ncia-vf.pdf

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Segundo LFG, este instituto possui fundamento legal no direito brasileiro (porém, de forma implícita
e “genérica” – termos nossos). Trata-se do art. 59 do CP que prevê que o juiz deverá aplicar a pena “conforme
seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime”.
Dessa forma, se a pena não for mais necessária, ela não deverá ser imposta (princípio da
desnecessidade da pena conjugado com o princípio da irrelevância penal do fato).
A bagatela imprópria foi acolhida pela 5ª Turma do STJ, confirmando decisão da 1ª e 2ª instâncias
judiciais no AgRg no AREsp 1423492 / RN (decisão publicada 29/05/2019)

7.2 Princípios Relacionados com o Fato do Agente

7.2.1 Princípio da Ofensividade/Lesividade


A doutrina mais especializada aponta uma fundamentação implícita ao princípio da
lesividade na ideia de dignidade da pessoa humana, no sentido de que não se pode
instrumentalizar ou objetificar o homem. Quando o Estado criminaliza condutas sem que haja
ofensa ou ao menos perigo de ofensa a um bem jurídico tutelado, está colocando o homem (que
está recebendo aquela reprimenda) como instrumento para a consecução de outra finalidade que não a
proteção do próprio homem (ex.: um controle social que não é legítimo).
Nesse contexto, para que ocorra o delito, é imprescindível a efetiva lesão ou perigo de lesão ao bem
jurídico tutelado.
O princípio da ofensividade exige que, do fato praticado, ocorra lesão ou perigo de lesão ao bem
jurídico tutelado
Existe uma classificação doutrinária de crime relacionada a ofensividade da conduta: crime de dano
x crime de perigo:
1) Crime de dano: exige efetiva lesão ao bem jurídico. (Ex.: homicídio, exige a lesão morte).
2) Crime de perigo: contenta-se com o risco de lesão ao bem jurídico. (Ex. abandono de
incapaz/omissão de socorro).
a) crime de perigo concreto - o risco de lesão deve ser demonstrado.
b) perigo abstrato: o risco de lesão é absolutamente presumido por lei.
Ex.: Embriaguez ao volante – STF decidiu que o ébrio não precisa dirigir de forma anormal para
configurar o crime – bastando estar embriagado (crime de perigo abstrato).
Ex.: Arma desmuniciada – STF – jurisprudência atual – crime de perigo abstrato – demanda efetiva
proteção do Estado.

JÁ CAIU EM PROVA:
FUNDATEC - 2018 - PC-RS – Escrivão) O princípio da ofensividade ou lesividade (nullum crimen
sine iniuria) não exige que do fato praticado ocorra lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico
tutelado. [errado]

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7.2.3 Princípio da Exteriorização ou Materialização do Fato

O Estado só pode incriminar condutas humanas voluntárias, fatos, atos lesivos. Ninguém pode ser
castigado por seus pensamentos, desejos ou meras cogitações ou estilo de vida.
Esse princípio busca impedir o direito penal do autor.
É decorrência do princípio da lesividade.

7.2.4 Princípio Da Legalidade Estrita Ou Reserva Legal

ATENÇÃO! É o predileto das bancas!

Encontra previsão no art. 5º, XXXIX da CFRB/88 e no art. 1º do CP:

“Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”.

Assim, a lei em sentido estrito tem o monopólio na criação de crimes e cominação de penas – que
só serão aplicados a condutas posteriores à sua vigência, não podendo haver criação de crimes e penas por
costumes ou analogias, tampouco tipificação de condutas genéricas.
Ademais, a lei precisa ser anterior, escrita, estrita, certa (taxativa) e necessária.
A legalidade subdivide-se em:
a) Legalidade formal: corresponde à obediência aos trâmites procedimentais previstos pela CF
para que determinado diploma legal possa vir a fazer parte do ordenamento jurídico.
b) Legalidade material: pressupõe não apenas a observância das formas e procedimentos
impostos pela CF, mas também, e principalmente, o seu conteúdo, respeitando-se as suas
proibições e imposições para a garantia dos direitos fundamentais por ela previstos.

A doutrina trabalha com uma dupla face do princípio da legalidade. Ora legitimando o Estado, ora
limitando esse poder de punir estatal. Veja:

1) Funções constitutivas - garante ao Estado a possibilidade de criminalizar condutas e cominar penas.


Aqui estou trabalhando com o plano da legalidade no sentido de legitimar o Estado a exercer seu
direito de punir através da criminalização de conduta e cominação de penas.
Quando falamos em legalidade na função constitutiva, estou abrangendo a legalidade não só na pena
cominada, mas na pena aplicada e pena executada também.
a) Princípio da legalidade direcionado ao legislador – ao cominar as penas
b) Princípio da legalidade direcionado ao aplicador do direito – quando o juiz veda que se
aplique um regime de cumprimento de pena mais severo do que o previsto pelo legislador,
por exemplo.
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c) Princípio da legalidade direcionado à Administração Penitenciária - Os órgãos não podem


executar pena diversa daquela prevista em lei e aplicada pelo juiz.

2) Funções de garantia (face de garantia) – busca limitar o poder de punir do estado trazendo garantias
mínimas ao cidadão perante o estado. Exclui penas ilegais por exemplo. Nesse ponto, o princípio da
legalidade se desdobra em 4 máximas:
1. Lex scripta
2. Lex stricta
3. Lex Praevia
4. Lex certa

Lex scripta Lei escrita;


▪ Materializa a proibição de utilização dos costumes como fonte
incriminadora do direito penal
Lex stricta Lei estrita;
▪ Materializa a proibição do emprego da analogia in malan partem.
Lex Praevia Lei anterior, prévia.
▪ Representa o princípio da anterioridade penal
▪ Veda a criminalização ex post facto (posterior ao fato).
Lex certa Lei certa;
▪ É o aspecto material do princípio da legalidade
▪ Representa o princípio da taxatividade.
▪ Materializa a proibição de o legislado formular tipos penais genéricos,
vazios, vagos, etc.

Já caiu em prova:
(VUNESP - 2018 - PC-BA – Investigador) Acerca dos princípios da legalidade e da anterioridade
insculpidos no art. 1° do Código Penal e no art. 5° , XXXIX, da Constituição Federal, é correto
afirmar que :

uma das funções do princípio da legalidade é permitir a criação de crimes e penas pelos usos e
costumes. [errado]
desdobramento do princípio da legalidade é o da taxatividade, que impede a edição de tipos
penais genéricos e indeterminados [ certo]
o princípio da legalidade afasta a aplicação da interpretação extensiva, mas permite a aplicação
da analogia de forma ampla e irrestrita. [errado][

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Fundamentos do princípio da legalidade:

1) Político: vinculação do executivo e do judiciário às leis, o que impede o exercício do poder


punitivo com base no livre arbítrio.
2) Democrático: o parlamento, escolhido pelo povo, que é responsável pela criação dos tipos
definidores dos crimes.
3) Jurídico: a lei deve ser prévia e clara, pois produz efeito intimidativo.

* ATENÇÃO: Medida provisória não pode criar crimes nem penas, mas STF admite para favorecer
o réu (RE 254818/PR).

* ATENÇÃO²: os princípios da reserva legal (estrita legalidade) e o da legalidade são considerados


como sinônimos por parte da doutrina, enquanto outra corrente defende que se diferenciam nos
seguintes aspectos:

RESERVA LEGAL (estrita legalidade) LEGALIDADE


Art. 5°, XXXIX, CF, “não há crime sem lei Art. 5, II, CF, “ninguém será obrigado a fazer
anterior que o defina, nem pena sem prévia ou deixar de fazer alguma coisa senão em
cominação legal”. virtude de lei”.

Exige lei em sentido estrito (no caso do direito Exige lei em sentido amplo (abrange qualquer
penal, lei ordinária) - a lei deve ser criada de espécie normativa, ou seja, lei delegada,
acordo com o processo legislativo previsto na medida provisória, decreto, etc.).
CF e deve tratar de matéria
constitucionalmente reservada à lei

7.2.4.1 Mandados de Criminalização e Reserva Legal

Em que pese a criação de crimes e cominação de penas seja exclusiva da lei em sentido estrito, a
Constituição Federal estabelece mandados explícitos e implícitos de criminalização, ou seja, situações em
que é obrigatória a intervenção do legislador penal.
Conforme já afirmado pelo STF, “A Constituição de 1988 contém significativo elenco de normas que,
em princípio, não outorgam direitos, mas que, antes, determinam a criminalização de condutas (CF, art. 5º,
XLI, XLII, XLIII, XLIV; art. 7º, X; art. 227, § 4º)” (HC 102.087/MG).
Podem ser de duas espécies:

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MANDADOS DE CRIMINALIZAÇÃO EXPRESSOS MANDADOS DE CRIMINALIZAÇÃO


IMPLÍCITOS/TÁCITOS
A ordem está explícita no texto constitucional. A ordem está implícita no texto constitucional. É
retirada da do “espírito” do texto da CF, de sua
interpretação sistemática.
Ex.: Art. 5º, XLII: “a prática do racismo constitui Ex: combate à corrupção no poder público.
crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena Embora a CF não tenha determinado
de reclusão, nos termos da lei”. expressamente a criminalização dessa conduta,
isso pode ser extraído dos valores que ela traz,
como por exemplo, do artigo 1º (por ser República,
que significa “coisa pública”) e do art. 37, dos
princípios da Adm. Pública (LIMPE).

7.2.5 Princípio da Anterioridade

Exteriorizado nos mesmos dispositivos que podemos extrair o princípio da reserva legal.
De acordo com o princípio da anterioridade, a lei penal apenas se aplica a fatos praticados após a
sua entrada em vigor.
Daí, por consequência lógica, deriva a sua irretroatividade, não se aplicando a fatos
pretéritos, nem mesmo os praticados durante a vacatio legis, SALVO se benéfica ao acusado.
Nesse sentido, temos o art. 5º XL da CF, dispondo que:

XL - “a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”.

7.2.6 Princípio da Vedação ao Bis In Idem

Tem previsão no art. 8º, 4 do Pacto de São José da Costa Rica, incorporado ao nosso ordenamento
jurídico pelo Dec. 678/1992.
Proíbe que o agente seja punido duas vezes pelo mesmo fato, inclusive sopesando a mesma
situação ou circunstância para agravar a pena em mais de um momento da dosimetria. Como exemplo, temos
a Súmula 241 do STJ proíbe o uso de uma única reincidência como circunstância judicial desfavorável e como
agravante, pois haveria violação a este princípio.
Súmula 241 do STJ - A reincidência penal não pode ser considerada como
circunstância agravante e, simultaneamente, como circunstância judicial

7.2.7 Princípio da Adequação Social

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Idealizado por Hans Welzel, este princípio traz a ideia de que as condutas tidas por socialmente
adequadas não poderiam constituir delitos, pois o tipo penal implica em uma seleção de comportamentos
reprováveis cuja sociedade realiza um desvalor da ação e do resultado. Dessa forma, não caberia a
criminalização de comportamentos nos quais não há esse desvalor.
Comporta duas vertentes, reduzindo a abrangência do tipo penal.
1. Se o fato está de acordo com a norma, mas não está de acordo com o interesse social, a conduta
deverá ser tida como atípica.
2. Também deve ser direcionado ao legislador. Isso porque, se a conduta está de acordo com a
sociedade, o legislador não pode criminalizar esta conduta, orientando o parlamentar a como
proceder na definição dos bens jurídicos a ser tutelados.

Já caiu em prova:
(FEPESE - 2017 - PC-SC – Escrivão) Assinale a alternativa que indica corretamente o princípio de
direito penal pelo qual uma conduta legalmente tipificada não será considerada típica se for
tolerada e aceita pela sociedade.
A) princípio da legalidade
B) princípio da reserva legal
C) princípio da ulterioridade
D) princípio da adequação social [certo]

Há 3 correntes sobre a natureza jurídica do princípio da adequação social:

1. Excludente da tipicidade (doutrina majoritária): A adequação social exclui a


tipicidade material da conduta, uma vez que não seria crime uma vez que a conduta
não é socialmente reprovável./é socialmente adequada. De acordo com Toledo, "a adequação
social exclui desde logo a conduta em exame do âmbito de incidência do tipo, situando-a entre
os comportamentos normalmente permitidos, isto é, materialmente atípicos". O autor cita o
exemplo de lesões corporais causadas por um pontapé em partidas de futebol.
2. Excludente da ilicitude - Há doutrinadores minoritários dizendo que seria uma excludente da
ilicitude (no plano da ilicitude material). O problema é que hoje não se divide mais ilicitude
material e ilicitude formal. Então a tipicidade material da conduta acaba antecipando algumas
análises que seriam feitas na ilicitude

3. Regra geral de hermenêutica/princípio geral de interpretação: A jurisprudência caminha de


forma tranquila e dominante no sentido de que a adequação social deve sofrer uma aplicação
restritiva no direito penal, comportando 2 vertentes:

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● 1ª vertente – voltada ao legislador (função seletiva) – vertente meramente


orientadora, pois busca orientar o legislador para que esse não selecione condutas
socialmente adequadas para serem criminalizadas.
● 2ª vertente – voltada ao intérprete (função interpretativa limitadora) – traduz uma
regra geral de hermenêutica/ princípio geral de interpretação. Assim, em havendo várias
interpretações possíveis, pela adequação social, exclui a incidência do tipo penal das
hipóteses que são socialmente adequadas.

7.3 Princípios Relacionados com o Agente do Fato

7.3.1 Princípio da Responsabilidade Pessoal / Da Pessoalidade / Da Intranscendência Da Pena

De acordo com esse princípio explícito, a responsabilidade penal é sempre uma responsabilidade
pessoal, que não pode ultrapassar a pessoa do autor do crime, motivo pelo qual se proíbe o castigo penal
pelo fato de outrem. Somente o condenado é que terá de se submeter à sanção que lhe foi aplicada pelo
Estado.
No entanto, os efeitos secundários extrapenais da sentença penal condenatória (obrigação de
reparar o dano e decretação de perdimento de bens), podem se estender aos sucessores até o limite da
herança.

Art. 5º, XLV da CF – “nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a


obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos
da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do
patrimônio transferido”.

Já caiu em prova:
PC-RJ - 2008 - PC-RJ - Inspetor de Polícia
Em matéria de princípios constitucionais de Direito Penal, é correto afirmar que as penas
privativas de liberdade poderão ser impostas aos sucessores do condenado. [errado]

Desse princípio decorre:

● OBRIGATORIEDADE DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA ACUSAÇÃO: É proibida a denúncia genérica, vaga ou


evasiva, embora nos Crimes Societários, os Tribunais flexibilizam essa obrigatoriedade;
● OBRIGATORIEDADE DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA.

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7.3.2 Princípio da Responsabilidade Subjetiva

Não basta que o fato seja materialmente causado pelo agente, o agente somente pode ser
responsabilizado se o fato tiver sido querido, assumido ou previsto. Não há responsabilidade penal sem dolo
ou culpa.

7.3.3 Princípio da Culpabilidade

Só pode o Estado impor sanção penal ao agente imputável (penalmente capaz), com potencial
consciência da ilicitude (possibilidade de conhecer o caráter ilícito do comportamento), quando dele exigível
conduta diversa (podendo agir de outra forma).

7.3.4 Princípio da Proporcionalidade

Exige que se faça um juízo de ponderação sobre a relação existente entre o bem que é lesionado ou
posto em perigo (gravidade do fato) e o bem de que alguém pode ser privado (gravidade da pena). Toda vez
que, nessa relação, houver um desequilíbrio acentuado, haverá desproporção. Ou seja, a pena deve ser
proporcional à gravidade do fato.
O presente princípio apresenta uma dupla face, pois de um lado proíbe o excesso (garantismo
negativo), enquanto de outro lado não admite a proteção insuficiente (garantismo positivo) – já estudamos
também no tópico do garantismo.

STJ (AI no HC 239.363/PR): A intervenção estatal por meio do Direito Penal deve
ser sempre guiada pelo princípio da proporcionalidade, incumbindo também ao
legislador o dever de observar esse princípio como proibição de excesso e como
proibição de proteção insuficiente.

Ressalta-se que o princípio da proporcionalidade incide no plano legislativo, judicial e no da execução


da pena. Segundo tal princípio, a sanção penal deve ser vantajosa para o corpo social, e trazer mais vantagens
do que desvantagens (proporcionalidade em sentido estrito); além disso, deve ser adequada e necessária à
finalidade do direito penal

7.3.5 Princípio da Limitação das Penas ou da Humanidade

Princípio da humanidade ou princípio da humanidade das penas, nada mais é do que o princípio da
dignidade da pessoa humana no Direito Constitucional. Este princípio é transportado para o Direito Penal, e
ganha uma nomenclatura diferente: humanidade.

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Assim, a CF prevê, em seu art. 5º, XLVII, que não haverá penas de morte (salvo em caso de guerra
declarada), de caráter perpétuo, de trabalhos forçados, de banimento ou cruéis.

XLVII - não haverá penas:


a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;

Referências Bibliográficas

- Direito Penal – Parte Geral – Volume 1 – 13ª edição – Cleber Masson;


- Sinopse nº1 – Direito Penal – Parte geral – 7ª edição – Alexandre Salim e Marcelo André de Azevedo;
- Aulas do módulo do professor Delegado de Polícia Marcus Montez
- Dizer o Direito (https://www.dizerodireito.com.br/);

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QUESTÕES PROPOSTAS

1 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil

A prisão de agente, previamente condenado, por porte de instrumento comumente empregado na prática
do crime de furto

A-obedece ao Princípio da Isonomia.


B-não demanda uma condição específica do agente.
C-decorre de uma infração penal de perigo em concreto.
D-viola o princípio da dignidade da pessoa humana.
E-está de acordo com o princípio da razoabilidade.

2 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil

Breno foi preso em flagrante de posse de uma unidade de munição de uso permitido (calibre .9mm),
desacompanhada de arma de fogo compatível com sua utilização. Nesse sentido, com base no entendimento
mais recente do STF acerca do tema, assinale a alternativa correta.

A-Incide o princípio da insignificância, causa supralegal de exclusão da tipicidade penal em sua dimensão
material. A conduta, portanto, não é típica.
B-A conduta é típica formal e materialmente, mas não haverá responsabilização penal em virtude do
exercício regular do direito.
C-A conduta é típica, antijurídica e culpável, mas não punível pelo princípio da insignificância.
D-Não incide o princípio da insignificância, pois o delito é crime de dano, e, portanto, a lesão é presumida.
E-A conduta é atípica formalmente, sendo certo que a atipicidade formal está respaldada no princípio da
insignificância.

3 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil

Maria e João emanciparam o filho Gabriel, de 17 anos, por considerarem-no bastante maduro para a idade.
Gabriel, por sua vez, objetivando economizar dinheiro, adquire um aparelho de telefone celular de última
geração do amigo Lucas, que tem 18 anos, por R$100,00 (cem reais), sabendo que o objeto é produto de
crime.
Nessa hipótese, assinale a alternativa correta.

A-Gabriel, por ser emancipado, responde por crime de receptação.

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B-A emancipação de Gabriel não impedirá sua responsabilização na seara criminal, devendo ser processado
por delito de receptação.
C-Gabriel, mesmo emancipado, não responderá por crime de receptação.
D-A emancipação de Gabriel impedirá sua responsabilização por ato infracional análogo ao delito de
receptação.
E-Gabriel não praticou conduta penalmente relevante; seu amigo Lucas é o único que responderá por delito
de contrabando.

4 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil

João foi preso em flagrante por furto de sinal de TV a cabo. Sua conduta foi tipificada no delito descrito no
art. 155, §3º, do Código Penal, in verbis: “Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel. (...) Equipara-
se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.”
Nesse sentido, segundo o entendimento do Superior Tribunal Federal (STF), assinale a alternativa correta.

A-A tipificação dada está equivocada, pois, com base no princípio da legalidade, é vedada analogia in malam
partem.
B-A tipificação dada está correta, sendo possível analogia ao tipo penal descrito, pois onde há a mesma razão,
deve haver a mesma disposição.
C-A tipificação dada está equivocada; a conduta de João é atípica, não estando descrita no ordenamento.
D-A tipificação dada está equivocada, pois ainda incidirá a qualificadora de o crime ser cometido por meio
de dispositivo eletrônico ou informático.
E-A tipificação dada está correta; o princípio da legalidade foi respeitado, justamente a legalidade material,
que determina a observância da mens legis.

5 - 2021 - INSTITUTO AOCP - PC-PA - INSTITUTO AOCP - 2021 - PC-PA - Investigador de Polícia Civil

No tocante aos princípios de Direito Penal, assinale a alternativa INCORRETA.

A-Se de um lado o princípio da proporcionalidade impõe a proibição do excesso, de outro lado esse postulado
também impede a proteção insuficiente de bens jurídicos, pois não tolera a punição abaixo da medida
correta.
B-A afirmativa: “a reincidência penal não pode ser considerada como circunstância agravante e,
simultaneamente, como circunstância judicial” é justificada pelo princípio do ne bis in idem.
C-Consoante a jurisprudência, para a incidência do princípio da insignificância, devem ser relevados o valor
do objeto do crime e os aspectos objetivos do fato, tais como, a mínima ofensividade da conduta do agente,
a ausência de periculosidade social da ação, o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e a
inexpressividade da lesão jurídica causada.
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D-A vedação do bis in idem impede a imputação ao agente de um crime (e de uma nova ação penal), cometido
no contexto fático de outro delito, o qual era desconhecido na ação penal a este correspondente.
E-A criminalidade de bagatela imprópria possui natureza jurídica de causa de exclusão da tipicidade.

6 - 2021 - INSTITUTO AOCP - PC-PA - INSTITUTO AOCP - 2021 - PC-PA - Escrivão de Polícia Civil

Acerca dos princípios de Direito Penal, assinale a alternativa INCORRETA.

A-O postulado da intranscendência impede que sanções e restrições de ordem jurídica superem a dimensão
estritamente pessoal do infrator.
B-Segundo o princípio da subsidiariedade, a atuação do Direito Penal é cabível unicamente quando os outros
ramos do Direito e os demais meios estatais de controle social tiverem se revelado impotentes para o
controle da ordem pública.
C-O princípio da proporcionalidade possui três destinatários: o legislador (proporcionalidade abstrata), o juiz
da ação penal (proporcionalidade concreta) e os órgãos da execução penal (proporcionalidade executória).
D-A impossibilidade de punição da autolesão se justifica pelo caráter fragmentário do Direito Penal.
E-O princípio da adequação social consubstancia-se em causa supralegal de exclusão da tipicidade, haja vista
que não pode ser considerado criminoso o comportamento humano que, embora tipificado em lei, não
afronta o sentimento social de justiça.

7 - 2019 - INSTITUTO AOCP - PC-ES - INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia

O art. 1º do Código Penal afirma que não há crime sem lei anterior que o defina e que não há pena sem prévia
cominação legal. O mencionado dispositivo corresponde a qual princípio de direito penal?

A-Princípio da legalidade.
B-Princípio da proibição de pena indigna.
C-Princípio da proporcionalidade
D-Princípio da igualdade.
E-Princípio da austeridade.

8 - 2018 -VUNESP -PC-SP -VUNESP - 2018 - PC-SP - Investigador de Polícia

Segundo o disposto na Declaração Universal dos Direitos Humanos, “Se depois da perpetração do delito a lei
dispuser a imposição de pena mais leve, o delinquente será por isso beneficiado.” Essa norma de direito
penal é representada pelo Princípio

A-da Individualização da Pena.


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SEMANA 01/13

B-da Legalidade.
C-da Norma Penal em Branco.
D-da Presunção da Inocência.
E-da Retroatividade.

9 -2018 -VUNESP -PC-BA -VUNESP - 2018 - PC-BA - Investigador de Polícia

Acerca dos princípios da legalidade e da anterioridade insculpidos no art. 1° do Código Penal e no art. 5° ,
XXXIX, da Constituição Federal, analise as alternativas a seguir e assinale a correta.

A-Uma das funções do princípio da legalidade é permitir a criação de crimes e penas pelos usos e costumes.
B-No Brasil, em um primeiro momento, a União Federal pode legislar sobre matéria penal. No entanto, de
forma indireta e urgente, leis estaduais podem impor regras e sanções de natureza criminal.
C-A lei penal incriminadora somente pode ser aplicada a um fato concreto desde que tenha tido origem antes
da prática da conduta. Em situações temporárias e excepcionais, no entanto, admite-se a mitigação do
princípio da anterioridade.
D-Desdobramento do princípio da legalidade é o da taxatividade, que impede a edição de tipos penais
genéricos e indeterminados.
E-O princípio da legalidade afasta a aplicação da interpretação extensiva, mas permite a aplicação da analogia
de forma ampla e irrestrita.

10 -2018 -FUNDATEC -PC-RS -FUNDATEC - 2018 - PC-RS - Escrivão e de Inspetor de Polícia - Tarde

Em relação à teoria geral da norma penal, assinale a alternativa correta.

A-Dentre os princípios gerais do Direito Penal, pode-se citar o princípio da exclusiva proteção de bens
jurídicos e o princípio da intervenção mínima.
B-Os princípios só podem ser explícitos, ou seja, positivados no ordenamento jurídico.
C-O princípio da igualdade (ou da isonomia) não está previsto de maneira expressa na CF/1988.
D-O princípio da presunção de inocência (ou da não culpa) expresso na CF/1988 no artigo 5º, inciso LVII,
determina que "ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória". Destarte, não é aceitável a decretação (excepcional) de uma prisão temporária ou preventiva
sobre alguém sobre o qual pairam indícios suficientes de autoria, mas que ainda não pode ser considerado
culpado.
E-O princípio da ofensividade ou lesividade (nullum crimen sine iniuria) não exige que do fato praticado
ocorra lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado.

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Respostas3

3
1: D 2: A 3: C 4: A 5: E 6: D 7: A 8: E 9: D 10: A
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META 2

DIREITO CONSTITUCIONAL: REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS

TODOS OS ARTIGOS
CF/88
⦁ Art. 5º, inc. LXVIII a LXXIII,
⦁ Art. 5, inc. LXXVII,
⦁ Art. 102, inc. I, “d”, “i” e “q”
⦁ Art. 102, inc. II, “a”
⦁ Art. 105, inc. I, “b”, “c” e “h”
⦁ Art. 105, inc. II, “a”
⦁ Art. 108, inc. I, “c” e “d”
⦁ Art. 108, inc. VII e VIII
⦁ Art. 121, §3º e §4º, inc. V
⦁ Art. 142, §2º

CPP
⦁ Art. 3-B, inc. XII
⦁ Art. 574, I
⦁ Art. 581, X
⦁ Art. 612
⦁ Arts. 647 a 667

OUTROS DIPLOMAS LEGAIS:


⦁ Lei 9507/97 (habeas data)
⦁ Lei 12.016/2009 (mandado de segurança)
⦁ Lei 13.300/2016 (mandado de injunção)
⦁ Lei 4717/65 (ação popular)
⦁ Art. 23, 24, 30, 32 e 41-A, Lei 8038/90

ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO PODEM DEIXAR DE LER!


CF/88
⦁ Art. 5º, inc. LXVIII a LXXIII
⦁ Art. 5, inc. LXXVII

CPP

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⦁ Art. 3º-B, inc. XXII


⦁ Arts. 647, 648, 651
⦁ Art. 654, caput.
⦁ Art. 655 e 656
⦁ Art. 660, §§ 1º e 4º

LEI 9507/97 (HABEAS DATA)


⦁ Art. 4º
⦁ Art. 7º
⦁ Art. 8º, §único
⦁ Art. 19

LEI 12.016/2009 (MANDADO DE SEGURANÇA)


⦁ Art. 1º e 3º
⦁ Art. 6º, caput
⦁ Art. 7º, inc. I e §4º
⦁ Art. 8º a 10º
⦁ Arts. 14 e 20
⦁ Arts. 21 a 23
⦁ Art. 26

LEI 13.300/2016 (MANDADO DE INJUNÇÃO)


⦁ Arts. 2º e 3º
⦁ Art. 8º e 9º
⦁ Arts. 11 a 13

1.REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS

A Constituição Federal, seguindo a tendência das Constituições contemporâneas, consagra um


grande conjunto de direitos ao indivíduo. Com o intuito de assegurar efetividade a esses direitos, institui,
paralelamente, as denominadas "garantias", sendo que, entre essas garantias, destacam-se os "remédios
constitucionais".
A expressão "remédios constitucionais" designa determinadas garantias que
consubstanciam meios colocados à disposição do indivíduo para salvaguardar seus direitos
diante de ilegalidade ou abuso de poder cometido pelo Poder Público.
Não se trata de meras proibições endereçadas ao Estado, como ocorre com a maioria das demais
garantias; os denominados remédios são instrumentos à disposição do indivíduo para que ele possa atuar
quando os direitos e as próprias garantias são violados.
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Na vigente Constituição, temos remédios administrativos (direito de petição e direito de certidão) e


remédios judiciais (habeas data, habeas corpus, mandado de segurança, mandado de injunção e ação
popular).

2. HABEAS CORPUS

A) Histórico:
O habeas corpus originou-se do mecanismo romano de proteção da liberdade denominado
“interditum de homine liberum exhibendo”. Por meio desse interdito, ordenava-se a exibição in iure de um
homem livre para permitir-lhe a vindicatio em libertatem.
O habeas corpus foi o primeiro remédio constitucional do mundo moderno, previsto pela primeira
vez em 1215 na Magna Carta Libertatum, quando o rei João Sem-terra, em troca de sua permanência no
poder, aceitou reconhecer o direito da burguesia, concedendo-lhe alguns direitos, dentre os quais à
locomoção e, como garantia a este direito, previu o habeas corpus.
Naquela época, era comum no Brasil, por inexistência de outro remédio constitucional, a utilização
do habeas corpus para todo tipo de liberdade, tais como locomoção, cátedra, convicção política, filosófica,
dentre outras.
A prática de utilização desse remédio para as diversas espécies de liberdade foi denominada teoria
brasileira do habeas corpus. Somente após emenda constitucional, em 1926, houve a divisão de objeto,
sendo o habeas corpus somente para locomoção.
No Brasil, esse remédio foi positivado pela primeira vez no art. 340 do Código de Processo Penal
do Império em 1832 e, posteriormente, no art. 72, § 22, na primeira Constituição republicana, em 1891.

B) Conceito e significado:
O habeas Corpus é um recurso?
Embora previsto no Código de Processo Penal no Título II (Dos Recursos em Geral),
prevalece o entendimento de que o habeas corpus não é recurso, mas sim uma ação constitucional. Isso
porque nem sempre será cabível contra uma decisão judicial, podendo ser impetrado contra atos de
autoridades administrativas e até de particulares.
Habeas corpus significa “dá-me o corpo”, sendo que tal expressão latina notabilizou-se por todo o
mundo como sendo a conhecida ação constitucional para tutela da liberdade de locomoção. Trata-se do
remédio constitucional que busca evitar lesão ou restituir a liberdade de locomoção de qualquer pessoa.

C) Fundamento:
Estabelece a Constituição, no art. 5°, LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém
sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por
ilegalidade ou abuso de poder;

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D) Cabimento e natureza jurídica:


O habeas corpus é o remédio a ser utilizado contra ilegalidade ou abuso de poder no tocante ao
direito de locomoção, que alberga o direito de ir, vir e permanecer do indivíduo.
O habeas corpus é ação de natureza penal, de procedimento especial e isenta de custas (é
gratuito), com objeto específico, constitucionalmente delineado liberdade de locomoção -, não podendo
ser utilizado para a correção de qualquer ilegalidade que não implique coação ou iminência de coação, direta
ou indireta, à liberdade de ir, vir e permanecer.

E) Espécies:
O habeas corpus pode ser:
a) repressivo (líberatório), quando o indivíduo já teve desrespeitado o seu direito de locomoção
(já foi ilegalmente preso, por exemplo);
b) preventivo (salvo-conduto), quando há apenas uma ameaça de que o seu direito de locomoção
venha a ser desrespeitado (o indivíduo está na iminência de ser preso, por exemplo).

F) Legitimidade Ativa e Passiva

f.1) Legitimidade Ativa (Impetrante):


O impetrante no habeas corpus pode ser qualquer pessoa, sem a necessidade de ser ou ter
advogado. Segundo o STF, “o Código de Processo Penal, em consonância com o texto constitucional
de 1988, prestigia o caráter popular do habeas corpus, ao admitir a impetração por qualquer pessoa,
em seu favor ou de outrem.
A pessoa jurídica pode impetrar habeas corpus, mas sempre em favor de pessoa física.
Porém, o STJ, em diversos julgados, não admite o habeas corpus apócrifo (sem assinatura), devendo
haver a assinatura do impetrante ou de alguém a seu rogo (a seu pedido, diante da situação de não saber ou
poder assinar).
Segundo a jurisprudência do STF não será julgado o habeas corpus, se houver expressa discordância
do paciente. Isso é muito comum em caso de prisão de pessoas públicas: “paciente que expressamente
desautoriza a impetração de habeas corpus.
Na legitimidade passiva temos:

f.2) Impetrado ou Autoridade Coatora:


Temos que o habeas corpus será impetrado contra um ato do sujeito coator que tanto poderá ser
autoridade pública (delegado de polícia, promotor de justiça, juiz etc.), quanto particular, para fazer cessar
uma coação ilegal.

f.3) Paciente:

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O paciente é a pessoa física que está sofrendo a violência ou coação a sua liberdade de locomoção.
O paciente no habeas corpus necessariamente é pessoa humana, não sendo cabível em favor de pessoa
jurídica ou de animais.
STF: “A pessoa jurídica não pode figurar como paciente de habeas corpus, pois jamais estará em
jogo a sua liberdade de ir e vir, objeto que essa medida visa proteger.
O STJ já negou pedido de habeas corpus impetrado em favor de dois bois (Spas e Lhuba) que seriam
utilizados numa manifestação cultural denominada “Farra do Boi”. Segundo o STJ, “o legislador
constitucional não incluiu a hipótese de cabimento do writ em favor de animais.

G) Ofensa direta e indireta


Segundo a jurisprudência do STF, será cabível habeas corpus não só contra a ofensa direta,
mas também frente à ofensa indireta, reflexa ou potencial ao direito de locomoção.
Temos ofensa indireta (ou ameaça de ofensa indireta) ao direito de locomoção quando o ato
que se esteja impugnando possa resultar em um procedimento que, ao final, acarrete detenção ou
reclusão do impetrante. Um exemplo frequente e bastante ilustrativo é o da utilização do habeas corpus
para atacar (ou impedir) a quebra de sigilo bancário.
Em regra, o instrumento idôneo para atacar a quebra do sigilo bancário é o mandado de segurança.
Entretanto, há uma situação em que o STF admite, alternativamente, a impetração de habeas corpus:
quando a quebra do sigilo bancário implicar ofensa indireta ou reflexa ao direito de locomoção.
Essa situação pode ocorrer, por exemplo, com uma pessoa que esteja respondendo a um processo
criminal por sonegação fiscal, crime apenado com reclusão, sendo que, nesse processo, foi determinada
pelo magistrado competente a quebra do sigilo bancário dessa pessoa. Se ela entender que essa medida
determinada pelo juiz é arbitrária (por falta de fundamentação, por exemplo) poderá impetrar habeas
corpus contra a medida, por representar uma ofensa indireta ao seu direito de locomoção.
A quebra do sigilo bancário representa uma ofensa indireta ao direito de locomoção porque,
posteriormente, a pessoa processada poderia ser condenada à pena privativa de liberdade (reclusão) com
base nas provas levantadas durante a quebra do seu sigilo bancário.
Nessa mesma linha, o indivíduo convocado para depor como testemunha perante comissão
parlamentar de inquérito - CPI poderá impetrar habeas corpus para afastar a convocação, se entendê-la
arbitrária, pois a mera convocação implica ofensa indireta ao direito de locomoção, uma vez que, se o
indivíduo não comparecer voluntariamente, poderá ser conduzido coercitivamente pela CPI.

NA JURISPRUDÊNCIA DO STF:
Uma vez conhecido o habeas corpus somente deverá ser concedido em caso de
réu preso ou na iminência de sê-lo, presentes as seguintes condições:
(1) violação à jurisprudência consolidada do STF;
(2) violação clara à Constituição; ou
(3) teratologia na decisão impugnada, caracterizadora de absurdo jurídico.
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STF. 1ª Turma. AgRg no HC 200.055, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em


14/06/2021.

Hipóteses em que não é possível o cabimento de HC:

● Impugnar decisões de plenário de qualquer das turmas do STF;


● Impugnar determinação e suspensão dos direitos políticos;
● Impugnar penalidade administrativa de caráter disciplinar;
● Impugnar decisão condenatória à pena de multa, ou relativa a processo em curso por infração penal
a que a pena pecuniária seja a única cominada (SÚMULA 693 STF);

CAIU EM PROVA RECENTE:


CETAP - 2021 - SEAP - PA - Policial Penal - Agente Penitenciário (Feminino)
O habeas corpus é uma garantia constitucional e visa proteger o cidadão contra abusos de
autoridades. Sobre o habeas corpus, pode-se afirmar corretamente que não cabe "habeas
corpus" contra decisão condenatória a pena de a multa. (correta)

● Impugnar a determinação de quebra de sigilo telefônico, bancário ou fiscal, se desta medida não
puder resultar condenação à pena privativa de liberdade;
● Discutir o mérito das punições disciplinares militares => STF: NÃO cabe a discussão do mérito, mas
cabe HC para se analisar os pressupostos de legalidade da medida.

Reza o texto constitucional que não caberá habeas corpus contra punições disciplinares militares
(CF, art. 142, § 2º), é que, o meio militar segue regras próprias de conduta, de hierarquia e disciplina, bem
mais rígidas do que as que imperam no âmbito civil, e, portanto, não faria sentido o magistrado, estranho
às peculiaridades das corporações militares, substituir o juízo de conveniência da autoridade militar na
imposição de uma punição disciplinar.
Entretanto, segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, essa vedação há que ser
interpretada com certo abrandamento, no sentido de que não caberá habeas corpus em relação ao mérito
das punições disciplinares militares. Significa dizer que a Constituição não impede a impetração de habeas
corpus para que o Poder Judiciário examine os pressupostos de legalidade da medida adotada pela
autoridade militar, tais como a competência da autoridade militar, o cumprimento dos procedimentos
estabelecidos no regulamento militar, a pena suscetível de ser aplicada ao caso concreto - dentre outros.

● Para discutir processo criminal envolvendo o art. 28 (posse de drogas para consumo pessoal) da Lei
de Drogas;
● Questionar afastamento ou perda de cargos públicos;
● Dirimir controvérsia sobre a guarda de filhos menores;
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● Discutir matéria objeto de processo de extradição;


● Questionamento de condenação criminal quando já extinta a pena privativa de liberdade (SÚMULA
692 STF);
● Impedir o cumprimento de decisão que determina o sequestro de bens imóveis;
● Discutir condenação imposta em processo de impeachment;
● Impugnar o indiciamento em inquérito policial, desde que presentes indícios de autoria de fato que
configure crime em tese;
● Impugnar omissão de relator na extradição, se fundado em fato ou direito estrangeiro cuja prova não
constava dos autos, nem foi ele provocado a respeito (SÚMULA 692 STF);
● Tutelar o direito à visita em presídio;

OBS: A temática acerca dos recursos é afeta ao direito processual. Neste momento, priorizemos
a memorização dos pontos abaixo, tendo em vista as questões objetivas:

● Impugnar decisões monocráticas proferidas por Ministro do Supremo Tribunal Federal.


● Contra ato de Ministro ou outro órgão fracionário da Corte. STF. Plenário. (HC 170263/DF,
22/06/2020)
● Reexame dos pressupostos de admissibilidade de recurso interposto no STJ.
● Não cabe HC em ação que apura improbidade administrativa
● Em regra, não cabe habeas corpus contra decisão transitada em julgado (posição majoritária na
jurisprudência – Inf. 892)

NA JURISPRUDÊNCIA DO STJ:
Não é cabível habeas corpus para impugnar ato normativo que fixa medidas
restritivas para prevenir a disseminação da covid-19, por não constituir via própria
para o controle abstrato da validade de leis e atos normativos em geral.
STJ. 5ª Turma. PET no HC 655.460, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 11/05/2021.

A definição do regime de guarda, no âmbito de ação divórcio, não tem nenhuma


repercussão, propriamente, no direito de locomoção da criança, desde que
preservado o direito de visita e, assim, a convivência com o genitor com quem não
resida. Logo, o HC não é a via adequada para que um dos genitores discuta o
específico propósito de manter ou não o regime de guarda unilateral estabelecida
em decisão judicial.
STJ. 3ª Turma. HC 636.744/SP, Rel. Min. Marco Aurelio Belizze, julgado em
15/06/2021.

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Obs.: Exceção ao princípio da inércia jurisdicional: O Juiz de direito, o Desembargador, Ministros,


Turma Recursal e o Tribunal poderão conceder habeas corpus de ofício, no exercício da função jurisdicional.

h) Competência
A competência para o processamento e julgamento do habeas corpus diz respeito à
qualidade da pessoa que sofre o ato coator (lesão ou ameaça de lesão à liberdade de locomoção)
ou à qualidade da pessoa que é responsável pelo ato coator.
Os critérios fundamentais se relacionam com a prerrogativa de foro e a hierarquia. O
critério da prerrogativa de foro envolve a competência originária para o julgamento do habeas corpus
quando o coator ou o paciente tiver foro privativo por prerrogativa de função. Já a competência pela
hierarquia está definida no art. 650, § 1º, do CPP, no qual fica assegurado que, quando o ato coator (lesão
ou a ameaça) se originar de autoridade judiciária, a competência será do órgão do Poder Judiciário
imediatamente superior.
Porém, é mister deixar consignado que pode ter vez ainda o critério territorial ou da territorialidade,
na medida em que, não existindo prerrogativa de foro nem hierarquia, a competência será estabelecida à
luz do art. 649 do CPP, que preleciona: o juiz ou o tribunal, dentro dos limites de sua jurisdição, fará passar
imediatamente a ordem impetrada, nos casos em que tenha cabimento, seja qual for a autoridade coatora.
O habeas corpus impetrado contra ato de particulares e outras autoridades não dotadas de
prerrogativa de função será proposto na primeira instância estadual ou federal, a depender da natureza do
posto ocupado pelo responsável pelo cerceamento (efetivado ou iminente) à locomoção.
Contra atos dos juízes, a competência será da segunda instância da Justiça à qual o magistrado esteja
vinculado; v.g., contra ato de juiz federal, a competência será do TRF (art. 108, I, d).
No concernente aos atos das turmas recursais dos Juizados Especiais Estaduais e Federais, a
competência será dos Tribunais de Justiça e Tribunais Regionais Federais, respectivamente, estando
superada a Súmula 690 do STF.
Caso o paciente seja o Presidente da República, o Vice-Presidente da República, membros do
Congresso Nacional, Ministros do STF, membros dos Tribunais Superiores, Tribunal de Contas da União,
Procurador-Geral da República, Ministro de Estado, Comandante da Marinha, Exército ou Aeronáutica,
chefes de missão diplomática de caráter permanente, o habeas corpus será proposto diretamente no
Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, d).
O Supremo Tribunal Federal será ainda competente quando o paciente for autoridade ou
funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do STF ou se trate de crime sujeito à mesma
jurisdição em única instância (art. 102, I, i).
Por último, é competência do STF julgar, em recurso ordinário, o habeas corpus decidido em única
instância, pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão (art. 102, II, a).
Impende observar que, por vezes, o Supremo Tribunal Federal relativiza a Súmula 691 do próprio
Tribunal e, em situações excepcionais, analisa habeas corpus de decisão que indefere liminar em tribunal
superior.
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Ao Superior Tribunal de Justiça cabe julgar o habeas corpus quando o coator ou paciente forem os
Governadores dos Estados, Governador do Distrito Federal, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos
Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos
Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou
Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais, ou
ainda quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou Comandante da Marinha,
do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral (art. 105, I, c).
Ao STJ cabe ainda julgar, em recurso ordinário, o habeas corpus decidido em única ou última
instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios,
quando a decisão for denegatória (art. 105, II, a).

i) HC coletivo
O STF admitiu a possibilidade de habeas corpus coletivo. O habeas corpus se presta a salvaguardar
a liberdade. Assim, se o bem jurídico ofendido é o direito de ir e vir, quer pessoal, quer de um grupo
determinado de pessoas, o instrumento processual para resgatá-lo é o habeas corpus, individual ou coletivo.
A ideia de admitir a existência de habeas corpus coletivo está de acordo com a tradição jurídica nacional de
conferir a maior amplitude possível ao remédio heroico (doutrina brasileira do habeas corpus). Apesar de
não haver uma previsão expressa no ordenamento jurídico, existem dois dispositivos legais que,
indiretamente, revelam a possibilidade de habeas corpus coletivo. Trata-se do art. 654, § 2º e do art. 580,
ambos do CPP.

3. MANDADO DE SEGURANÇA

Art. 5º, LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e
certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável
pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;

a) Previsão legal: Art. 5º, LXIX da CF/88 e Lei 12.016/09

Lei 12.016/09
Art. 1º. Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo,
não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com
abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo
receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais
forem as funções que exerça.

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SEMANA 01/13

b) Natureza Jurídica: Ação judicial de natureza civil, residual e subsidiária, cabível quando o direito líquido
e certo protegido não for amparado por outros remédios constitucionais: habeas corpus e habeas data.

c) Cabimento: Proteger direito líquido e certo, não amparado por HC ou HD, sempre que, ilegalmente ou
com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la
por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça.

Atenção aos detalhes:

▪ Proteção de direito líquido e certo contra ilegalidade ou abuso de poder por parte de
autoridade.
▪ Esse direito líquido e certo não é amparado por HC ou HD

Já caiu em prova:
FUNCAB - 2016 - PC-PA – Investigador) Conceder-se-á mandado de segurança para proteger
direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável
pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no
exercício de atribuições do Poder Público. [certo]

FUMARC - 2014 - PC-MG – Investigador) Conceder-se-á mandado de segurança para proteger


direito líquido e certo, ainda que amparado por “habeas-corpus" ou “habeas-data", quando o
responsável pela ilegalidade ou pelo abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. [errado]

CESPE - 2016 - PC-PE – Escrivão) Uma autoridade pública de determinado estado da Federação
negou-se a emitir certidão com informações necessárias à defesa de direito de determinado
cidadão. A informação requerida não era sigilosa e o referido cidadão havia demonstrado os fins
e as razões de seu pedido. Nessa situação hipotética, o remédio constitucional apropriado para
impugnar a negativa estatal é o mandado de segurança [certa]

c) NÃO cabe MS:


● De ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independente de caução => Se o
MS for impetrado contra omissão ilegal, descabe a aplicação da restrição deste inciso.
● Decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;
● Decisão judicial transitada em julgado;
● Contra lei em tese, salvo se produtora de efeitos concretos
● Contra atos de gestão comercial praticados pelos administradores de empresas públicas, sociedades de
economia mista e concessionárias de serviço público (art. 1º, §2º da Lei 12. 016/09)
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SEMANA 01/13

§ 2o Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial


praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia
mista e de concessionárias de serviço público.

CESPE/2019 - É cabível mandado de segurança para proteger direito líquido e certo contra
ilegalidade praticada por diretor de sociedade de economia mista em decisão que homologa o
resultado de licitação ou em atos de gestão comercial. Item incorreto.

● O mandado de segurança não se presta ao reexame de fatos e provas analisados pelo CNJ no processo
disciplinar (Info 933)
● Para convalidar a compensação tributária realizada pelo contribuinte (súmula 460 do STJ).

Súmula 460-STJ: É incabível o mandado de segurança para convalidar a


compensação tributária realizada pelo contribuinte
Súmula 213-STJ: O mandado de segurança constitui ação adequada para a
declaração do direito à compensação tributária.

Já caiu em prova:
CESPE - 2009 - PC-RN – Escrivão) É cabível mandado de segurança contra lei em tese, ainda que
produtora de efeitos concretos. [errado]
CESPE - 2009 - PC-RN – Escrivão) Praticado o ato por autoridade no exercício de competência
delegada, contra essa autoridade não cabe mandado de segurança. [errado]

d) Direito Líquido e Certo


Nem todo o direito é amparado pela via do mandado de segurança: a Constituição Federal exige que
o direito invocado seja líquido e certo.
Direito líquido e certo é aquele demonstrado de plano, de acordo com o direito, e sem incerteza, a
respeito dos fatos narrados pelo impetrante.
A matéria de direito, por mais complexa e difícil que se apresente, pode ser apreciada em mandado
de segurança. Desse modo, se os fatos alegados pelo autor estiverem inequivocamente comprovados
(matéria de fato), a alegação de grande complexidade jurídica do direito invocado (matéria de direito) não
será motivo para obstar a utilização da via do mandado de segurança.

Súmula 625 – STF - Controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de
mandado de segurança.

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SEMANA 01/13

O mandado de segurança requer prova pré constituída de modo a demonstrar de plano a


procedência das alegações do impetrante, ou seja, o direito líquido e certo afirmado, não comportando
dilação probatória. NÃO cabendo, assim, dilação probatória (produção de provas) no MS.

e) Legitimidade Ativa
● Pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, domiciliadas ou não no Brasil;
● Universalidades reconhecidas por lei;
● Órgãos públicos de grau superior, na defesa de suas prerrogativas e atribuições;
● Agentes políticos na defesa de suas atribuições e prerrogativas;
● MP, quando o ato emanar de juiz de primeiro grau de jurisdição.

CAIU EM PROVA RECENTE:


CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-DF - Escrivão de Polícia da Carreira de Polícia Civil do Distrito
Federal
Determinado cidadão norte-americano em férias em Brasília cometeu o crime de homicídio ao
fugir da cena de crime de tráfico ilícito de entorpecentes, supostamente por ele praticado. Após
o crime, ele fugiu para o hotel onde se encontrava hospedado desde que chegou ao Brasil. Cinco
minutos após ter adentrado em seu quarto, a polícia invadiu o local e conseguiu prendê-lo.
Considerando a jurisprudência do STF, julgue o item a seguir, a partir da situação hipotética
precedente. Caso o referido cidadão norte-americano considere ilegal a sua prisão, ele próprio,
mesmo sendo estrangeiro, poderá impetrar habeas corpus em face da autoridade coatora,
sendo prescindível o patrocínio judicial por advogado nesse caso. (correto)

f) Legitimação Passiva
É a pessoa jurídica a qual pertence a autoridade coatora, responsável pela ilegalidade ou abuso de
poder, autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.
● Autoridades públicas de quaisquer poderes da União, Estados, DF e Municípios;
● Representantes ou órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas;
● Dirigentes de pessoas jurídicas de direito privado, desde que no exercício de atribuições do Poder
Público.

Lei 12.016/09
Art. 1o Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo,
não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com
abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo
receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais
forem as funções que exerça.

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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

§ 1o Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta Lei, os representantes ou


órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem
como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de
atribuições do poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições.

Em se tratando de atribuição delegada, a autoridade coatora será o agente delegado e não a


autoridade delegante

VIDE SÚMULA 510 STF: Praticado o ato por autoridade, no exercício de


competência delegada, contra ela cabe MS ou medida judicial.

● Vedação à concessão de liminar


Art. 7o § 2o Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação
de créditos tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a
reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a
extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza.

Antigamente, entendia-se que não era possível conceder liminar em mandado de segurança para a
compensação de créditos tributários, entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior.
No entanto, em 2021, o STF considerou inconstitucional impedir ou condicionar a concessão de
medida liminar, o que caracteriza verdadeiro obstáculo à efetiva prestação jurisdicional e à defesa do direito
líquido e certo do impetrante. A Corte concluiu que:

É inconstitucional ato normativo que vede ou condicione a concessão de medida


liminar na via mandamental. STF. Plenário. ADI 4296/DF, Rel. Min. Marco Aurélio,
redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes julgado em 9/6/2021 (Info 1021).

Em virtude dessa decisão do STF, fica SUPERADA a Súmula 212 do STJ: Súmula 212-STJ: A
compensação de créditos tributários não pode ser deferida em ação cautelar ou por medida liminar cautelar
ou antecipatória. (entendimento superado)

Obs.: nos casos em que se veda a concessão da liminar, eventual sentença que conceda o MS não
poderá ser executada provisoriamente (art. 14, §3º):

§ 3o A sentença que conceder o mandado de segurança pode ser executada


provisoriamente, salvo nos casos em que for vedada a concessão da medida
liminar.

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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

h) Prazo para impetração (art. 23 da Lei 12.016/09)

Art. 23. O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120


(cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado.
Prazo: 120 dias, a contar da data em que o interessado tiver conhecimento oficial do ato a ser
impugnado.
O prazo decadencial NÃO se suspende ou interrompe. Nem mesmo o pedido de reconsideração
administrativo interrompe a contagem desse prazo.

Súmula 430-STF: Pedido de reconsideração na via administrativa não interrompe o


prazo para o mandado de segurança.

Súmula 632-STF: É constitucional lei que fixa o prazo de decadência para a


impetração de mandado de segurança.

Art. 6º, §6º, da Lei n. 12.016/09: O pedido de mandado de segurança poderá ser
renovado dentro do prazo decadencial, se a decisão denegatória não lhe houver
apreciado o mérito.

Mandado de segurança preventivo: NÃO se pode falar em prazo decadencial para a sua
impetração, pois NÃO há ato coator a marcar a contagem.

i) Competência
A competência no MS é definida pela categoria da autoridade coatora e pela sua sede funcional.

STJ: A competência para o mandado de segurança é absoluta. No caso dos


tribunais, é funcional; no caso do juízo de primeiro grau, é territorial e absoluta
ou em razão da pessoa.

Ensina Leonardo Carneiro da Cunha: “Se a autoridade coatora desempenha função estadual ou
municipal, e a matéria envolvida não for trabalhista, nem eleitoral, a competência será da Justiça Estadual.
Caso a autoridade exerça função federal, e, de igual modo, não haja matéria trabalhista ou eleitoral
envolvida, a competência será da Justiça Federal.” (CUNHA, 2016, p. 552)
Segundo Daniel Amorim Assumpção Neves, se a competência para o julgamento do MS for do juízo
de primeiro grau, tanto na Justiça Estadual como na Federal, a competência territorial será determinada
pelo local em que a autoridade exerce suas funções.
Caso haja vara privativa da Fazenda Pública, a competência será absoluta dentro da comarca.

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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

TABELA DE COMPETÊNCIA DO MANDADO DE SEGURANÇA


Competência originária do STF contra atos
a) do Presidente da República,
b) das Mesas da Câmara dos Deputados e do
Senado Federal,
c) do Tribunal de Contas da União,
d) do Procurador-Geral da República e
e) do próprio Supremo Tribunal Federal.
Competência recursal do STF: recurso ordinário contra decisão denegatória de
mandado de segurança proferida em única instância
pelos Tribunais Superiores
Competência originária do STJ: contra atos
a) do próprio Tribunal
b) de Ministro de Estado,
c) dos Comandantes da Marinha,
d) do Exército e
e) da Aeronáutica ou
f) do próprio Tribunal
Competência recursal do STJ: recurso ordinário contra decisão denegatória de
mandado de segurança proferida em única instância
por TJ ou TRF
Competência originária de TRF: contra ato
a) do próprio tribunal
b) de juiz federal
Competência da justiça federal contra ato
de 1º grau: a) de autoridade federal, excetuados os casos de
competência dos tribunais federais
Competência da justiça do Contra ato
trabalho: a) que envolva matéria sujeita à sua jurisdição.

Súmula 623-STF: Não gera por si só a competência originária do Supremo Tribunal


Federal para conhecer do mandado de segurança com base no art. 102, I, n, da
Constituição, dirigir-se o pedido contra deliberação administrativa do tribunal de
origem, da qual haja participado a maioria ou a totalidade de seus membros.

Súmula 624-STF: Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer


originariamente de mandado de segurança contra atos de outros tribunais

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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

#DPEXPLICA
O STF não dispõe de competência originária para processar e julgar MS impetrado
contra ato de outros Tribunais judiciários, ainda que se trate do STJ. Compete ao
próprio STJ julgar os mandados de segurança impetrados contra seus atos ou
omissões.

Súmula 330-STF: O Supremo Tribunal Federal não é competente para conhecer


de mandado de segurança contra atos dos tribunais de justiça dos estados.

Súmula 41-STJ: O Superior Tribunal de Justiça não tem competência para processar
e julgar, originariamente mandado de segurança contra ato de outros tribunais ou
dos respectivos órgãos.

#DPEXPLICA. É o mesmo sentido da Súmula 624-STF. • MS contra ato do TJ é


julgado pelo próprio TJ.

Súmula 376-STJ: Compete à turma recursal processar e julgar o mandado de


segurança contra ato de juizado especial.

Duplo grau de jurisdição


Concedida a segurança, a sentença estará sujeita obrigatoriamente ao duplo grau de jurisdição
(reexame necessário). Significa que, no mandado de segurança, a sentença de primeira instância,
quando concessiva da ordem, fica sujeita a reexame obrigatório pelo tribunal respectivo.
Caso a pessoa de direito público vencida não apresente apelação, ou se o seu recurso não for
admissível, porque intempestivo, ou por não atender a qualquer formalidade, haverá a remessa dos autos,
de oficio, para o tribunal. A obrigatoriedade de duplo grau de jurisdição, todavia, não impede que a sentença
de primeiro grau seja executada provisoriamente, salvo nos casos em que for vedada a concessão da medida
liminar.
Ademais, não há duplo grau de jurisdição obrigatório se a decisão foi proferida por tribunal do Poder
Judiciário, no uso de competência originária.

o) MS COLETIVO – Art. 5º, LXX da CF e art. 21 da Lei 12.016/09

Art. 5º, LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;

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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e


em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus
membros ou associados;

Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político
com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos
relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização sindical,
entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há,
pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou
de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde
que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial.

Pode ser impetrado:

1) Partido político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos
relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária.
Obs.1: Basta 1 único representante na CD ou SF, filiado ao partido.
Obs.2: STJ vem entendendo que PP somente poderá impetrar MS coletivo para a defesa de seus
filiados e em questões políticas, ou seja, criou uma pertinência temática.

2) Organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em


funcionamento há, pelo menos, 01 ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de
parte, dos seus membros ou associados, na forma de seus estatutos e desde que pertinentes às
suas finalidades, dispensadas, para tanto, autorização especial.
Requisitos a serem preenchidos:
a) estar legalmente constituída: organizações sindicais, entidades de classe e associações;
b) estar em funcionamento há pelo menos 1 ano→ é exclusivo das associações;
c) atuar na defesa dos interesses dos seus membros associados: pertinência temática
estabelecida pela CF entre o objeto do MS e os objetivos institucionais as organizações
sindicais, entidades de classe e associações.

A legitimidade é extraordinária, sendo o caso de substituição processual, razão pela qual NÃO se
exige autorização expressa dos titulares do direito.

Súmula 629/STF - A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de


classe em favor dos associados independe da autorização destes

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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

Súmula 630/STF - A entidade de classe tem legitimação para o mandado de


segurança ainda quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da
respectiva categoria.

CAIU EM PROVA RECENTE:


IDECAN - 2021 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil
Mandado de Segurança Coletivo pode ser impetrado por:
I. partido político;
II. associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa
dos direitos de seus associados;
III. entidade de classe em favor dos associados independentemente da autorização destes;
IV. empresa de capital misto;
V. entidade de classe ainda que a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da
categoria.
A) se apenas os itens I, II e IV estiverem corretos.
B) se apenas os itens II, III e V estiverem corretos.
C) se apenas os itens II, IV e V estiverem corretos.
D) se apenas os itens I, III e V estiverem corretos.
E) se apenas os itens I, II e III estiverem corretos.
Resposta: letra B
Item I – Errado, somente os partidos políticos com representação no Congresso Nacional podem
impetrar MSC. Item II – correto, Art. 5º, LXX, b, da CF. Item III – correto, Súmula 629/STF - A
impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor dos associados
independe da autorização destes. Item IV – errado, não há previsão de empresa de capital misto
entre os legitimados à propositura. Item V – correto, Súmula 630/STF - A entidade de classe tem
legitimação para o mandado de segurança ainda quando a pretensão veiculada interesse apenas
a uma parte da respectiva categoria.

Já caiu em prova:
FUNCAB - 2016 - PC-PA – Investigador) O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado
por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em
funcionamento há menos de um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados
[errado]
(FUMARC - 2014 - PC-MG – Investigador) O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado
por partido político com representação na Assembleia Legislativa do Estado (errado).
(ACAFE - 2010 - PC-SC – Escrivão) O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por
entidade de classe. [correto]

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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

CESPE - 2009 - PC-RN – Escrivão) A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade
de classe em favor dos associados depende da autorização destes. [errado]

Os direitos protegidos pelo MS podem ser:


● Coletivos;
● Individuais homogêneos.

Art. 21, § único da Lei de MS.


Parágrafo único. Os direitos protegidos pelo mandado de segurança coletivo
podem ser:
I - coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os transindividuais, de
natureza indivisível, de que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre
si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica;

II - individuais homogêneos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os


decorrentes de origem comum e da atividade ou situação específica da totalidade
ou de parte dos associados ou membros do impetrante.

DIREITOS COLETIVOS São os transindividuais, de natureza indivisível, de que


seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si
ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica;
DIREITOS INDIVIDUAIS São os direitos decorrentes de origem comum e da
HOMOGÊNEOS atividade ou situação específica da totalidade ou de parte
dos associados ou membros do impetrante.

Os direitos defendidos por organização sindical NÃO precisam ser os mesmos direitos para todos os
seus membros, podendo ser um direito de apenas parte dos membros da entidade.

ATENÇÃO! MUDANÇA DE ENTENDIMENTO!


Antigamente, no mandado de segurança coletivo impetrado contra autoridade vinculada à pessoa
jurídica de direito público, a liminar só poderá ser concedida após audiência do representante judicial da
pessoa jurídica, que deveria se pronunciar no prazo de 72 horas.
No entanto, em 2021, o STF julgou inconstitucional a exigência de oitiva prévia do representante da
pessoa jurídica de direito público como condição para a concessão de liminar em mandado de segurança
coletivo, por considerar que a disposição restringe o poder geral de cautela do magistrado. Conforme
argumentou o Min. Marco Aurélio:

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SEMANA 01/13

“O preceito contraria o sistema judicial alusivo à tutela de urgência. Se esta surge


cabível no caso concreto, é impertinente, sob pena de risco do perecimento do
direito, estabelecer contraditório ouvindo-se, antes de qualquer providência, o
patrono da pessoa jurídica. Conflita com o acesso ao Judiciário para afastar lesão
ou ameaça de lesão a direito. Tenho como inconstitucional o artigo 22, § 2º, da Lei
nº 12.016/2009.”

Art. 22. No mandado de segurança coletivo, a sentença fará coisa julgada


limitadamente aos membros do grupo ou categoria substituídos pelo
impetrante. (Vide ADIN 4296)
§ 2o No mandado de segurança coletivo, a liminar só poderá ser concedida após a
audiência do representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que
deverá se pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas.

p) Considerações gerais sobre MS:


∘ Prazo decadencial: 120 dias
∘ Não há dilação probatória
∘ Há reexame necessário
∘ Tanto a autoridade coatora como a pessoa jurídica devem ser indicadas na petição inicial
∘ Tem prioridade na tramitação, salvo HC.

Súmulas importantes sobre mandado de segurança:

Súmula 271 – STF - Concessão de mandado de segurança não produz efeitos


patrimoniais em relação a período pretérito, os quais devem ser reclamados
administrativamente ou pela via judicial própria.

Súmula 333-STJ: Cabe mandado de segurança contra ato praticado em licitação


promovida por sociedade de economia mista ou empresa pública.

Súmula 429-STF: A existência de recurso administrativo com efeito suspensivo não


impede o uso do mandado de segurança contra omissão da autoridade

Súmula 474-STF: Não há direito líquido e certo, amparado pelo mandado de


segurança, quando se escuda em lei cujos efeitos foram anulados por outra,
declarada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal.

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Súmula 512-STF: Não cabe condenação em honorários de advogado na ação de


mandado de segurança.

Súmula 105-STJ: Na ação de mandado de segurança não se admite condenação em


honorários advocatícios.

OBS: As súmulas 512 STF e 105 STJ tratam de honorários de sucumbência,


ou seja, aqueles que são pagos por quem for vencido na causa. Não
tratando sobre honorários advocatícios contratuais. Assim, é lícita a
cobrança, por parte do advogado, de honorários ajustados com o seu cliente por
meio de contrato. De toda forma, atentemo-nos ao estrito teor das súmulas.

Súmula 604-STJ: O mandado de segurança não se presta para atribuir efeito


suspensivo a recurso criminal interposto pelo Ministério Público

Súmula 626-STF: A suspensão da liminar em mandado de segurança, salvo


determinação em contrário da decisão que a deferir, vigorará até o trânsito em
julgado da decisão definitiva de concessão da segurança ou, havendo recurso, até
a sua manutenção pelo Supremo Tribunal Federal, desde que o objeto da liminar
deferida coincida, total ou parcialmente, com o da impetração.

Súmula 631-STF: Extingue-se o processo de mandado de segurança se o impetrante


não promove, no prazo assinado, a citação do litisconsorte passivo necessário.

4. MANDADO DE INJUNÇÃO

a) Introdução
Trata-se de remédio constitucional previsto no art. 5º, LXXI da CF/88
A Lei nº 13.300/16 disciplina o processo e julgamento do mandado de injunção individual e
coletivo.

Art. 5º, LXXI, CF/88 - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de
norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades
constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à
cidadania;

Art. 2º, Lei 13.300/2016 - Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta
total ou parcial de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e
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SEMANA 01/13

liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à


soberania e à cidadania.

Remédio à disposição de qualquer um que se sinta prejudicado pela falta de norma


regulamentadora, sem a qual resulte inviabilizado o exercício dos direitos, liberdades e garantias
constitucionais. → Caso de inércia governamental (“violação negativa do texto constitucional”).
Conforme assevera Eduardo dos Santos:

Percebe-se, então, que o mandado de injunção objetiva atacar a chamada


“síndrome da inefetividade dos poderes públicos (ou síndrome da inefetividade
das normas constitucionais)”, ou seja, objetiva atacar a inércia dos poderes
públicos em efetivar as normas constitucionais que necessitam de regulamentação
para que elas possam produzir todos os seus efeitos, viabilizando o exercício dos
direitos constitucionais por elas consagrados..

Assim, podemos concluir:

(1) Trata-se de instrumento para combater a Síndrome de Inefetividade das Normas Constitucionais. Ao
lado da ADO, atacam a inefetividade das normas constitucionais de eficácia limitada, ante a ausência de
lei infraconstitucional integrativa para propiciar à norma constitucional a produção de todos os seus
efeitos.

(2) Trata-se de instrumento de controle concreto/incidental das inconstitucionalidades por omissão, sendo
voltado, portanto, para a tutela dos direitos subjetivos, garantia individual.

(3) Pressuposto: inviabilização dos exercícios de direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas
inerentes à nacionalidade, soberania e cidadania, pela ausência da norma regulamentadora.

Vamos esquematizar?
Mandado de Injunção ADO
Intentado por qualquer Legitimação restrita aos
pessoa física ou entes do art. 103 CF.
Legitimação jurídica, que se veja
impossibilitada de
exercer determinado
direito constitucional.

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SEMANA 01/13

Busca-se solução para o O controle da omissão é


caso concreto, realizado em tese, sem a
Objeto individualmente necessidade de estar
considerado, diante da configurada uma
inércia do legislador. violação concreta a um
direito individual.
Julgamento STF, STJ, TSE, etc. STF (controle
(controle difuso) concentrado)

b) Cabimento
Partindo do texto constitucional, o art. 2.º da Lei n. 13.300/2016 estabelece que será concedido
mandado de injunção sempre que a falta total ou parcial de norma regulamentadora torne inviável o
exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à
soberania e à cidadania.
▪ Omissão total → caracterizada quando a inércia é absoluta, ou seja, o preceito constitucional de
eficácia limitada não foi disciplinado.
▪ Omissão parcial → caracterizada quando a regulamentação quando forem insuficientes as normas
editadas pelo órgão legislador competente.
Em outras palavras: haverá MI quando a existência de direito ou liberdade constitucional, ou de
prerrogativa inerente à nacionalidade, soberania, cidadania, cujo exercício seja inviabilizado pela ausência
de norma infraconstitucional regulamentadora.
Note que NÃO é qualquer omissão do Poder Público que enseja o ajuizamento do MI, mas apenas
as omissões relacionadas às normas constitucionais de eficácia limitada de caráter mandatório, ou seja,
normas constitucionais que devem ter a sua plena aplicabilidade assegurada.
Portanto, normas constitucionais definidoras de princípios institutivos ou organizativos de
natureza facultativa, por outorgarem mera faculdade ao legislador, NÃO autorizam o ajuizamento do MI.

STF determinou, em julgamento de mandado de injunção, que o governo federal


implemente, a partir de 2022, o programa de renda básica de cidadania, previsto
na Lei nº 10.835/2004. A Lei nº 10.835/2004 instituiu um programa denominado
“renda básica de cidadania”. Segundo esse programa, todas as pessoas residentes
no Brasil, não importando a sua condição socioeconômica, deverão receber um
benefício cujo valor deve ser fixado pelo Poder Executivo. O pagamento do
benefício deverá ser de igual valor para todos, e suficiente para atender às despesas
mínimas de cada pessoa com alimentação, educação e saúde. Como esse programa
ainda não havia sido implementado, em 2020 o Defensor Público-Geral Federal
ajuizou mandado de injunção contra o Presidente da República. O STF decidiu que,
como está presente estado de mora inconstitucional, deve ser fixado o valor da
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SEMANA 01/13

renda básica de cidadania para o estrato da população brasileira em condição de


vulnerabilidade socioeconômica — pobreza e extrema pobreza — a ser efetivado,
pelo Presidente da República, no exercício fiscal seguinte ao da conclusão do
julgamento de mérito (2022). STF. Plenário. MI 7300/DF, Rel. Min. Marco Aurélio,
redator do acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 26/4/2021 (Info 1014).

Explicação Via Dizer o Direito:


Cabe mandado de injunção, neste caso? Ele pode ser impetrado contra o
Presidente da República?
SIM. Cabe mandado de injunção em face da ausência de fixação do valor da renda
básica de cidadania, instituída pela Lei nº 10.835/2004, cuja omissão é atribuída ao
Presidente da República.
A ausência de fixação do valor é forma de esvaziar o mandamento constitucional
de combate à pobreza, além de fazer letra morta ao disposto no referido diploma
legal.

Vale ressaltar, no entanto, que o mandado de injunção foi conhecido apenas


quanto ao benefício para as pessoas em situação de vulnerabilidade
Como vimos acima, esse benefício deveria ser pago a todas as pessoas residentes
no Brasil, independentemente da sua condição socioeconômica. Assim, pela lei,
mesmo que a pessoa seja milionária, ela teria direito de receber o benefício em
valor igual a uma pessoa miserável.

O STF afirmou que esse mandado de injunção ajuizado pelo Defensor Público-Geral
deveria ser parcialmente conhecido. Para o STF, o mandado de injunção somente
deveria ser conhecido no que tange à implementação do benefício para pessoas
em situação de vulnerabilidade socioeconômica. Em outras palavras, o STF afirmou
que só iria analisar e determinar providências para garantir o benefício em favor
das pessoas em vulnerabilidade socioeconômica. Qual foi o argumento jurídico do
STF para isso?

Um dos objetivos da República brasileira é “erradicar a pobreza e a marginalização


e reduzir as desigualdades sociais e regionais” (art. 3º, III, da CF/88), cuja
determinação é repassada a todos os níveis da Federação (art. 23, X), com auxílio
da sociedade.

A assistência aos desamparados é direito social básico (art. 6º). Assim, existem
direitos constitucionais das pessoas em situação de vulnerabilidade que não estão
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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

sendo desempenhados pela falta da norma regulamentadora. Esse direito,


contudo, não existe para as pessoas com boa situação econômica. Não se pode
extrair, da Constituição Federal, o dever do Estado de pagar um benefício social
para as pessoas com boa situação econômica. O Estado não pode ser segurador
universal e distribuir renda a todos os brasileiros, independentemente de critério
socioeconômico. Na CF/88, não há qualquer determinação de atuação estatal nesse
sentido.

Já caiu em prova:
ACAFE - 2010 - PC-SC – Escrivão) Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de
norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos (correta).
FUNCAB - 2009 - PC-RO – Escrivão) O remédio constitucional adequado para postular
judicialmente a falta de norma regulamentadora que torne inviável o exercício dos direitos e
liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à
cidadania é o mandado de injunção (correta).

c) Descabimento
● Diante de falta de norma regulamentadora de direito previsto em normas infraconstitucionais →
o MI se destina a falta de normas regulamentadoras de direito previsto na CF.
● Diante da falta de regulamentação dos efeitos de MP não convertida em lei pelo CN;
● Se a CF outorga mera faculdade do legislador para regulamentar direito previsto em algum de seus
dispositivos.

d) Considerações importantes sobre o MI


∘ Instrumento de controle difuso/incidental de constitucionalidade.
∘ Introduzido na CF/88
∘ Exige a falta de norma constitucional de eficácia limitada e caráter impositivo
∘ A omissão combatida pode ser total ou parcial
∘ Não é gratuito
∘ Exige advogado (capacidade postulatória)
∘ O indeferimento por ausência de provas não impede novo MI lastreado em novas provas
∘ A edição da norma regulamentadora objeto do MI acarreta a perda do objeto do MI
∘ Não admite medida liminar (STF)

CESPE/2015: Após a impetração de mandado de injunção, pendente de julgamento, o diploma


legal objeto da reclamação foi promulgado. Nessa situação, a ação não estará prejudicada por
ser possível, na via processual, discutir pretensão do interessado de sanar a lacuna normativa
no período pretérito à edição da lei regulamentadora. ASSERTIVA INCORRETA
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SEMANA 01/13

e) Legitimação para o MI individual


● Polo Ativo: Qualquer pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangeira, que se veja impossibilitada
de exercer o seu direito.
● Polo Passivo: Órgãos ou autoridades públicas que têm obrigação de legislar, mas estejam omissos
quanto à elaboração de norma regulamentadora, inclusive o Presidente da República, no tocante
às competências exclusivas do art. 61, CF/88).

Obs.1: Para o conhecimento do MI, o impetrante deve comprovar a titularidade direta do direito
constitucional em questão.

Obs.2: Em caso de normas de iniciativa reservada, o MI deverá ser impetrado também em face do
titular da referida iniciativa reservada (ex. iniciativa reservada do Presidente da República), pois é ele quem
deverá deflagrar o processo legislativo, não podendo o CN atuar sem a sua provocação.

Obs3: Para o STF, os particulares – ainda que estejam se beneficiando pela falta da norma
regulamentadora, NÃO se revestem de legitimidade passiva ad causam para o processo em MI, pois somente
ao Poder Público é imputável o dever constitucional de produção legislativa para dar efetividade aos direitos,
liberdades e prerrogativas constitucionais.

e) Competência:
As regras de competência para impetrar o mandado de injunção são disciplinadas na própria
Constituição Federal e variam de acordo com o órgão ou a autoridade responsável pela edição da norma
regulamentadora. Confira:

COMPETÊNCIA Quando a atribuição para elaborar a norma (poder


de iniciativa) for do(a)
• Presidente da República
• Congresso Nacional
• Câmara dos Deputados
STF • Senado Federal
(ART. 102, I, "Q") • Mesas da Câmara ou do Senado
• Tribunal de Contas da União
• Tribunais Superiores
• Supremo Tribunal Federal.
STJ* órgão, entidade ou autoridade federal,
(ART. 105, I, "H") excetuados os casos de competência do STF e dos

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órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da


Justiça do Trabalho e da Justiça Federal.
JUÍZES E TRIBUNAIS DA órgão, entidade ou autoridade federal nos
JUSTIÇA MILITAR, JUSTIÇA assuntos de sua competência.
ELEITORAL, JUSTIÇA DO
TRABALHO
órgão, entidade ou autoridade federal, se não for
assunto das demais "Justiças" e desde que não
seja autoridade sujeita à competência do STJ.
JUÍZES FEDERAIS E TRFS* Ex: compete à Justiça Federal julgar MI em que se
alega omissão do Conselho Nacional de Trânsito
(CONTRAN) na edição de norma de trânsito que
seria de sua atribuição (STJ MI 193/DF).
órgão, entidade ou autoridade estadual, na
JUÍZES ESTADUAIS E TJS forma como disciplinada pelas Constituições
estaduais.

f) Efeitos da decisão do Judiciário em MI:

Art. 8o Reconhecido o estado de mora legislativa, será deferida a injunção para:


I - determinar prazo razoável para que o impetrado promova a edição da norma
regulamentadora;
II - estabelecer as condições em que se dará o exercício dos direitos, das liberdades
ou das prerrogativas reclamados ou, se for o caso, as condições em que poderá o
interessado promover ação própria visando a exercê-los, caso não seja suprida a
mora legislativa no prazo determinado.
Parágrafo único. Será dispensada a determinação a que se refere o inciso I do caput
quando comprovado que o impetrado deixou de atender, em mandado de injunção
anterior, ao prazo estabelecido para a edição da norma.

Antes da edição da Lei 13.300/06, havia muita controvérsia na doutrina e jurisprudência a


respeito dos efeitos da decisão em sede de mandado de injunção. De forma bem sucinta:

1. Corrente não concretista – a decisão em MI apenas podia declarar em mora o legislador, não
podendo concretizar o direito cujo gozo encontrava-se impedido em apreço a separação de poderes.
(STF já adotou essa posição há muitos anos, até 2007).

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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

2. Corrente concretista – a decisão em MI deve ir além da declaração em mora do legislador, sob pena
de tornar o remédio constitucional inócuo. A decisão em MI deve concretizar o direito discutido na
ação, através da edição de norma aplicável ao caso. (posição da doutrina majoritária e o STF desde
2007 até os dias atuais).

Além disso, havia discussão sobre o alcance dos efeitos da decisão: seria limitado aso partes do
processo – inter partes - ou alcançaria todos com eficácia erga omnes?
A lei 13.300/16 disciplinou o tema, estabelecendo que:

I - determinar prazo razoável para que o impetrado promova a edição da norma


regulamentadora;
II - estabelecer as condições em que se dará o exercício dos direitos, das liberdades
ou das prerrogativas reclamados ou, se for o caso, as condições em que poderá o
interessado promover ação própria visando a exercê-los, caso não seja suprida a
mora legislativa no prazo determinado.
Parágrafo único. Será dispensada a determinação a que se refere o inciso I do caput
quando comprovado que o impetrado deixou de atender, em mandado de injunção
anterior, ao prazo estabelecido para a edição da norma.

1. o órgão julgador determina prazo razoável para que o ente em mora supra a falta normativa.

2. Se ultrapassado prazo estabelecido sem a edição da norma regulamentadora, o órgão julgador irá
suprir a falta normativa estabelecendo “as condições em que se dará o exercício dos direitos, das
liberdades ou das prerrogativas reclamados ou, se for o caso, as condições em que poderá o
interessado promover ação própria visando a exercê-los.”

A doutrina diz que a Lei 13.300/2016 optou por adotar uma posição concretista intermediária, isto
é: ao julgar procedente o mandado de injunção, o Judiciário, antes de viabilizar o direito, deverá dar uma
oportunidade ao órgão omisso para que este possa elaborar a norma regulamentadora. Assim, a decisão
judicial fixa um prazo para que o Poder, órgão, entidade ou autoridade edite a norma que está faltando. Caso
esta determinação não seja cumprida no prazo estipulado, aí sim o Poder Judiciário poderá viabilizar o direito,
liberdade ou prerrogativa.
Mas não pode esquecer o § único do art. 8º! A lei dispensa a exigência de prévia fixação de prazo
razoável para a edição da norma regulamentadora nos casos em que ficar comprovado que o impetrado
deixou de atender, em mandado de injunção anterior, ao prazo estabelecido para a edição da norma. Essa
exceção se filia à tese concretista direta:

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* Corrente concretista direta: o Judiciário deverá implementar uma solução para viabilizar o direito do
autor e isso deverá ocorrer imediatamente (diretamente), não sendo necessária nenhuma outra
providência, a não ser a publicação do dispositivo da decisão.

Por fim, o art. 9º da Lei disciplina os efeitos subjetivos da decisão que concede o mandado de
injunção.
▪ Efeitos subjetivos = quem deve ser atingido pelos efeitos dessa decisão?

Art. 9º A decisão terá eficácia subjetiva limitada às partes e produzirá efeitos até o
advento da norma regulamentadora.
§ 1º Poderá ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes à decisão, quando
isso for inerente ou indispensável ao exercício do direito, da liberdade ou da
prerrogativa objeto da impetração.
§ 2º Transitada em julgado a decisão, seus efeitos poderão ser estendidos aos casos
análogos por decisão monocrática do relator.
§ 3º O indeferimento do pedido por insuficiência de prova não impede a renovação
da impetração fundada em outros elementos probatórios.

Com regra geral, a eficácia subjetiva da decisão está limitada as partes (inter partes) e somente
produzirá efeitos até o advento da norma regulamentadora. É o que a doutrina denomina de eficácia
individual.
Excepcionalmente, a eficácia subjetiva da decisão poderá ser ultra partes ou erga omnes, quando
for inerente ou indispensável ao exercício do direito, da liberdade ou da prerrogativa objeto da impetração.
A doutrina chama de eficácia geral.
Vamos esquematizar?

CONTEÚDO DA DECISÃO EFEITOS SUBJETIVOS DA DECISÃO


Adoção da tese concretista Adoção da tese da eficácia individual
intermediária
1. o órgão julgador determina A eficácia subjetiva da decisão está
prazo razoável para que o ente limitada as partes (inter partes) e
em mora supra a falta somente produzirá efeitos até o
normativa. advento da norma regulamentadora.
2. Se ultrapassado prazo
Regra estabelecido sem a edição da
norma regulamentadora, o
órgão julgador irá suprir a falta

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normativa estabelecendo “as


condições em que se dará o
exercício dos direitos, das
liberdades ou das prerrogativas
reclamados ou, se for o caso, as
condições em que poderá o
interessado promover ação
própria visando a exercê-los
Adoção da tese concretista direta Adoção da tese da eficácia geral
(art. 8º, § único) A eficácia subjetiva da decisão
o Judiciário deverá implementar uma poderá ser ultra partes ou erga
solução para viabilizar o direito do omnes, quando for inerente ou
Exceção autor e isso deverá ocorrer indispensável ao exercício do direito,
imediatamente (diretamente), não da liberdade ou da prerrogativa
sendo necessária nenhuma outra objeto da impetração.
providência, a não ser a publicação
do dispositivo da decisão.

g) MI coletivo
Embora não haja previsão na CF, cabe o MI coletivo, nos mesmos termos do MS coletivo. Inclusive, a
própria Lei 13.300/2016 regula os termos do MI coletivo a partir do artigo 12 e seguintes.
No MI coletivo, os direitos, liberdades e prerrogativas protegidos são os pertencentes,
indistintamente, a uma coletividade indeterminada de pessoas ou determinada por grupo, classe ou
categoria.
Dessa forma, deve ser proposto por legitimados previstos na Lei, em nome próprio, mas defendendo
interesses alheios. São legitimados para impetrar MI coletivo:

Art. 12. O mandado de injunção coletivo pode ser promovido:


I - pelo MINISTÉRIO PÚBLICO, quando a tutela requerida for especialmente
relevante para a defesa da ordem jurídica, do regime democrático ou dos interesses
sociais ou individuais indisponíveis;
II - por PARTIDO POLÍTICO COM REPRESENTAÇÃO NO CONGRESSO NACIONAL,
para assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas de seus
integrantes ou relacionados com a finalidade partidária;
III - por ORGANIZAÇÃO SINDICAL, ENTIDADE DE CLASSE ou ASSOCIAÇÃO
legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos 1 (um) ano, para
assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas em favor da totalidade

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ou de parte de seus membros ou associados, na forma de seus estatutos e desde


que pertinentes a suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial;
IV - pela DEFENSORIA PÚBLICA, quando a tutela requerida for especialmente
relevante para a promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos individuais
e coletivos dos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º da Constituição
Federal .

Parágrafo único. Os direitos, as liberdades e as prerrogativas protegidos por


mandado de injunção coletivo são os pertencentes, indistintamente, a uma
coletividade indeterminada de pessoas ou determinada por grupo, classe ou
categoria.

quando a tutela requerida for especialmente relevante para


MINISTÉRIO PÚBLICO a defesa da ordem jurídica, do regime democrático ou dos
interesses sociais ou individuais indisponíveis

PARTIDO POLÍTICO COM para assegurar o exercício de direitos, liberdades e


REPRESENTAÇÃO NO prerrogativas de seus integrantes ou relacionados com a
CONGRESSO NACIONAL finalidade partidária;

ORGANIZAÇÃO SINDICAL,
ENTIDADE DE CLASSE ou para assegurar o exercício de direitos, liberdades e
ASSOCIAÇÃO legalmente prerrogativas em favor da totalidade ou de parte de seus
constituída e em membros ou associados, na forma de seus estatutos e desde
funcionamento há pelo que pertinentes a suas finalidades, dispensada, para tanto,
menos 1 (um) ano autorização especial;

quando a tutela requerida for especialmente relevante para


DEFENSORIA PÚBLICA a promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos
individuais e coletivos dos necessitados, na forma do inciso
LXXIV do art. 5º da Constituição Federal

Art. 5º, LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que
comprovarem insuficiência de recursos;

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Obs.1: O mandado de injunção coletivo não induz litispendência em relação aos individuais, mas os
efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante que não requerer a desistência da demanda individual
no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração coletiva.

Art. 13. No mandado de injunção coletivo, a sentença fará coisa julgada


limitadamente às pessoas integrantes da coletividade, do grupo, da classe ou da
categoria substituídos pelo impetrante, sem prejuízo do disposto nos §§ 1o e 2o do
art. 9o.
Parágrafo único. O mandado de injunção coletivo não induz litispendência em
relação aos individuais, mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o
impetrante que não requerer a desistência da demanda individual no prazo de 30
(trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração coletiva.

5. HABEAS DATA

a) Previsão normativa: Art. 5º, LXXII e Lei 9507/97

LXXII - conceder-se-á habeas data:


a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante,
constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de
caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso,
judicial ou administrativo;

b) Hipóteses de concessão do habeas data: O HD poderá ser impetrado:


1) Para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de
registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
2) Para retificação desses dados, quando não se prefira fazer por meio sigiloso, judicial ou administrativo;
3) Para anotação nos assentamentos do interessado de contestação ou explicação sobre dado
verdadeiro, mas justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável (ART. 7º, inciso III da Lei
9.507/97)

Art. 7° Conceder-se-á habeas data:


I - para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante,
constantes de registro ou banco de dados de entidades governamentais ou de
caráter público;
II - para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso,
judicial ou administrativo;
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III - para a anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou


explicação sobre dado verdadeiro mas justificável e que esteja sob pendência
judicial ou amigável.
Atenção:
▪ O HD NÃO é instrumento jurídico adequado para pleitear o acesso a autos de processos administrativos.
(STF)
▪ O habeas data é a garantia constitucional adequada para se obter dados do contribuinte que constem
dos sistemas dos órgãos fazendários. (STF)

Obs.1: Cuidado para não confundir o habeas data com o direito geral de informação, protegido por
mandado de segurança e previsto no inc. XXXIII da CF/88. Veja:

DIREITO GERAL DE INFORMAÇÃO REQUERIMENTO PARA ACESSO À INFORMAÇÕES


RELATIVAS À PESSOA DO IMPETRANTE
XXXIII - todos têm direito a receber dos LXXII - conceder-se-á habeas data:
órgãos públicos informações de seu a) para assegurar o conhecimento de informações
interesse particular, ou de interesse relativas à pessoa do impetrante, constantes de
coletivo ou geral, que serão prestadas no registros ou bancos de dados de entidades
prazo da lei, sob pena de responsabilidade, governamentais ou de caráter público;
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
imprescindível à segurança da sociedade e Dica: Aqui, não são informações de interesse da
do Estado pessoa impetrante, mas sim relativas ao impetrante
Protegido por mandado de segurança Protegido por habeas data

c) Legitimidade ativa:
Pode ser ajuizado por:
▪ qualquer pessoa física, brasileira ou estrangeira,
▪ pessoa jurídica e
▪ órgãos despersonalizados.

Trata-se de uma ação personalíssima, que só pode ser ajuizada pelo titular do direito, salvo se houver
a morte do agente, hipótese em que poderá ser impetrado, excepcionalmente, pelo cônjuge e herdeiros.

d) Legitimidade passiva: Depende da natureza jurídica do registro ou do banco de dados.


1) Registro ou banco de dados de entidade governamental → PJ integrante da administração pública
2) Registro ou banco de dados de entidade de caráter público → é entidade privada.

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e) Jurisdição condicionada
O HD é um processo de jurisdição condicionada. Isso porque, para impetrá-lo, deve ter ocorrido o
prévio requerimento administrativo e a negativa ou omissão pela autoridade administrativa. (Trata-se de
uma “exceção” ao princípio da inafastabilidade da jurisdição).

Súmula 2-STJ: Não cabe o habeas data (CF, art. 5º, LXXII, letra "a") se não houve
recusa de informações por parte da autoridade administrativa.

Lei 9507/97. Art. 8° A petição inicial, que deverá preencher os requisitos dos arts.
282 a 285 do Código de Processo Civil, será apresentada em duas vias, e os
documentos que instruírem a primeira serão reproduzidos por cópia na segunda.

Parágrafo único. A petição inicial deverá ser instruída com prova:


I - da recusa ao acesso às informações ou do decurso de mais de dez dias sem
decisão;
II - da recusa em fazer-se a retificação ou do decurso de mais de quinze dias, sem
decisão; ou
III - da recusa em fazer-se a anotação a que se refere o § 2° do art. 4° ou do decurso
de mais de quinze dias sem decisão.

f) Características gerais do HD
▪ Procedimento gratuito e não há ônus de sucumbência, mas se exige advogado para impetrar HD.
▪ Tem prioridade sobre todos os atos judiciais, exceto HC e MS
▪ NÃO se sujeita a prazo prescricional ou decadencial.
▪ O pedido do HD pode ser renovado caso a decisão denegatória não tenha apreciado o mérito
▪ A lei não fala em medida liminar, mas a doutrina vem entendendo pela admissibilidade
▪ Não cabe reexame necessário
▪ Não admite atividade probatória

g) Prazos na lei:
∘ Requerimento: art. 2º
· 48 h para decidir o requerimento;
· 24h para comunicar a decisão ao requerente;

∘ Haverá omissão da autoridade quando não se manifestar: art. 8º, §único


· Pedido de acesso aos dados: 10 dias
· Pedido de retificação de dados: 15 dias.
· Pedido de complementação de dados: 15 dias.
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h) Competência:
COMPETÊNCIA DO HABEAS DATA
Competência originária do STF contra atos
Art. 102, I, “d” da CF a) do Presidente da República,
b) das Mesas da CD e do SF,
c) do TCU,
d) do PGR e
e) do próprio STF.
Competência recursal do STF o HD decidido em única instância pelos Tribunais
Recurso ordinário – art. 102, II, Superiores, se denegatória a decisão.
“a” da CF
Competência originária do STJ contra ato
Art. 105, I, b da CF a) do Ministro de Estado.
b) dos Comandantes das Forças Armadas ou
c) do próprio tribunal
Competência originária dos contra ato
TRF´s a) do próprio tribunal ou
Art. 108, I, c da CF b) dos juízes federais.
Competência originária dos contra ato
juízes federais a) de autoridade federal.
Art. 109, VIII da CF

Já caiu em prova:
FEPESE - 2017 - PC-SC – Escrivão) De acordo com a Constituição Federal, conceder-se-á habeas
data para:
A) garantir o relaxamento de prisão.
B) anular ato lesivo ao patrimônio público.
C) sustar violência contra a liberdade de locomoção.
D)assegurar o conhecimento de informações constantes de registros ou bancos de dados
públicos. [certo]
E) exigir a edição de norma regulamentadora que viabiliza o exercício de direito inerente à
cidadania.

(CESPE - 2016 - PC-PE – Escrivão) Uma autoridade pública de determinado estado da Federação
negou-se a emitir certidão com informações necessárias à defesa de direito de determinado
cidadão. A informação requerida não era sigilosa e o referido cidadão havia demonstrado os fins

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e as razões de seu pedido. Nessa situação hipotética, o remédio constitucional apropriado para
impugnar a negativa estatal é o habeas data. [errado]

FUNCAB - 2014 - PC-RO – Escrivão) São gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data.
(certo)

NUCEPE - 2012 - PC-PI – Agente) O habeas-data significa a ação por meio da qual o cidadão,
privado de sua liberdade por ato administrativo, busca ordem judicial que lhe restaure a
liberdade. [errado]

ACAFE - 2008 - PC-SC – Escrivão) Conceder-se-á “habeas-data” para assegurar o conhecimento


de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados
de entidades governamentais ou de caráter público, bem como para assegurar o direito de obter
certidões. [errado]

CESPE / CEBRASPE - 2003 - PC-RR – Escrivão) O habeas data é meio adequado para o cidadão
conhecer informações suas constantes de banco de dados de caráter público. (certo)

6. AÇÃO POPULAR (LEI Nº 4.717/65)

Art. 5º, LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise
a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe,
à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural,
ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
sucumbência

Lei 4717/65
Art. 1º Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a
declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal,
dos Estados, dos Municípios, de entidades autárquicas, de sociedades de economia
mista (Constituição, art. 141, § 38), de sociedades mútuas de seguro nas quais a
União represente os segurados ausentes, de empresas públicas, de serviços sociais
autônomos, de instituições ou fundações para cuja criação ou custeio o tesouro
público haja concorrido ou concorra com mais de cinqüenta por cento do
patrimônio ou da receita ânua, de empresas incorporadas ao patrimônio da União,
do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, e de quaisquer pessoas jurídicas
ou entidades subvencionadas pelos cofres públicos.

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A ação popular foi incluída expressamente na Constituição de 1934 e foi suprimida na Constituição
de 1937, tendo sido restabelecido na de 1946 e mantida nas seguintes.
As normas sobre a ação popular limitavam sua utilização para a tutela do patrimônio público
material. Com a lei 6.513/77 e a CF/88, o objeto da ação foi ampliado para incluir os bens imateriais que
fazem parte do patrimônio público (meio ambiente, moralidade administrativa e patrimônio
histórico/cultural).
NÃO é destinada à defesa de interesse subjetivo individual, mas interesses de natureza coletiva,
para anular ato lesivo ao patrimônio público, moralidade administrativa, meio ambiente e patrimônio
histórico e cultural.
Assim, podemos extrair os seguintes requisitos: Deve haver lesividade aos direitos difusos específicos
elencados:
1. Ato lesivo ao patrimônio público;
2. Ato lesivo ao patrimônio de entidade de que o Estado participe;
3. Ato lesivo à moralidade administrativa;
4. Ato lesivo ao meio ambiente;
5. Ato lesivo ao patrimônio histórico e cultural.

Pode ser utilizada de modo preventivo ou repressivo.


Qualquer cidadão é parte legítima para promover a ação popular. Entende-se por cidadão (para fins
de ação popular) aquele que estiver no gozo de seus direitos políticos, donde a prova dessa condição deve
ser feita já na petição inicial, através da apresentação do título de eleitor ou documento equivalente.
No que tange à suspensão superveniente dos direitos políticos do autor da ação, a doutrina
majoritária entende que o processo deve ser extinto, podendo outro cidadão ou o Ministério Público vir ou
continuar a defender tais direitos em juízo.
A CF isenta o autor da ação popular de custas e ônus de sucumbência, SALVO comprovada má-fé.
A gratuidade beneficia o autor da ação, mas os réus, se condenados, deverão ressarcir as despesas
havidas pelo autor da ação.

JÁ CAIU EM PROVA:
INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES – Investigador) Qualquer cidadão é parte legítima para propor
ação popular que vise anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado
participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural,
ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.
[CERTO]

a) Legitimidade ativa:
Somente o cidadão pode propor ação popular.

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A doutrina majoritária entende que a legitimidade ativa do cidadão para propor ação popular é
extraordinária, uma vez que defende direito difuso, cujo titular é a coletividade. (NEVES, 2017, p. 307)

Art. 1º, §3º, da Lei n. 4.717/65: A prova da cidadania, para ingresso em juízo, será
feita com o título eleitoral, ou com documento que a ele corresponda.

Exige-se capacidade postulatória: o cidadão que não tiver, deverá constituir advogado.

Súmula 365/STF: Pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação popular.

A CF/88 isenta o autor da ação popular de custas e ônus de sucumbência, SALVO comprovada má-
fé.
A gratuidade beneficia o autor da ação, mas os réus, se condenados, deverão ressarcir as despesas
havidas pelo autor da ação.

Art. 6º, §5º, da Lei n. 4.717/65: É facultado a qualquer cidadão habilitar-se como
litisconsorte ou assistente do autor da ação popular.

Conclusão: Não possuem legitimidade ativa:


● Estrangeiros;
● Apátridas;
● Pessoa jurídica – Sumula 365, STF;
● Brasileiros com seus direitos políticos perdidos ou suspensos.

b) Legitimidade passiva:

Está prevista no art. 6º da Lei n. 4.717/65

Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades


referidas no art. 1º, contra as autoridades, funcionários ou administradores que
houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que,
por omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos
do mesmo.

Há litisconsórcio passivo necessário entre:


1) a pessoa jurídica pública ou privada,
2) as autoridades responsáveis pelo ato e
3) os beneficiários diretos dele.
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A Lei da Ação Popular prevê que "qualquer pessoa, beneficiada ou responsável pelo ato impugnado,
cuja existência ou identidade se torne conhecida no curso do processo e antes de proferida a sentença final
de primeira instância, deverá ser citada para a integração do contraditório, sendo-lhe restituído o prazo para
contestação e produção de provas" (inciso III do art. 7º da Lei 4.717/65).

c) Atuação do Ministério Público:


Está disciplinada no art. 6º, §4º, da Lei n. 4.717/65:

§ 4º O Ministério Público acompanhará a ação, cabendo-lhe apressar a produção


da prova e promover a responsabilidade, civil ou criminal, dos que nela incidirem,
sendo-lhe vedado, em qualquer hipótese, assumir a defesa do ato impugnado ou
dos seus autores.

STJ (AgRg no Resp 1.333.168): O Ministério Público como fiscal da ordem jurídica
detém legitimidade para a juntada de documentos e para formular pedidos de
produção de provas que entender necessárias.

Legitimidade ativa superveniente (art. 9º da Lei n. 4.717/65):

Art. 9º Se o autor desistir da ação ou der motiva à absolvição da instância, serão


publicados editais nos prazos e condições previstos no art. 7º, inciso II, ficando
assegurado a qualquer cidadão, bem como ao representante do Ministério Público,
dentro do prazo de 90 (noventa) dias da última publicação feita, promover o
prosseguimento da ação.

Art. 16. Caso decorridos 60 (sessenta) dias da publicação da sentença condenatória


de segunda instância, sem que o autor ou terceiro promova a respectiva execução.
o representante do Ministério Público a promoverá nos 30 (trinta) dias seguintes,
sob pena de falta grave

d) Objeto
A sentença possui natureza cível, e se julgada improcedente, se sujeita ao duplo grau de jurisdição.

Art. 19. A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da ação está
sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de
confirmada pelo tribunal; da que julgar a ação procedente caberá apelação, com
efeito suspensivo. (Redação dada pela Lei nº 6.014, de 1973)
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SEMANA 01/13

Destaque:
(1) O cabimento da ação popular NÃO exige a comprovação de efetivo dano material,
pecuniário. Entende o STF que a lesividade decorre da ilegalidade, e a ilegalidade do
comportamento, por si só, causa dano.

e) Competência
Definida pela origem do ato a ser anulado. Dependerá da origem do ato ou omissão a serem
impugnados.
Ex.: patrimônio lesado da União – competência da Justiça Federal.
▪ Regra
A competência do juízo de 1º grau para processar e julgar ação popular contra ato de qualquer
autoridade, inclusive presidente da república.

▪ Exceção
Competência originária do STF disposta no art. 102, I, “f” e “n” da CF

f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal,


ou entre uns e outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta
n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou
indiretamente interessados, e aquela em que mais da metade dos membros do
tribunal de origem estejam impedidos ou sejam direta ou indiretamente
interessados;

O juízo da Ação Popular é universal, impondo-se a reunião de todas as ações conexas, com
fundamentos jurídicos iguais ou assemelhados.

Atenção:
(1) O foro especial por prerrogativa de função NÃO alcança ações populares ajuizadas contra
autoridades detentoras dessa prerrogativa (posição do STF).

AÇÃO POPULAR X MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO

Impende destacar que o mandado de segurança coletivo não é sucedâneo ou substituto


da ação popular. Com efeito, o mandado de segurança coletivo deve defender direito subjetivo,
líquido e certo, que, embora seja tutelado coletivamente, é de titularidade definida - o direito
tutelado, seja um direito coletivo, seja um direito individual homogêneo, é de titularidade dos
substituídos processuais, significa dizer, das pessoas determinadas cujos interesses o autor da ação, na
qualidade de substituto processual, está defendendo.
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SEMANA 01/13

A ação popular, diversamente, visa a anular ato administrativo lesivo ao patrimônio público, à
moralidade administrativa, ao meio ambiente ou ao patrimônio histórico e cultural, independentemente de
o ato impugnado ocasionar lesão direta a quem quer que seja. Os direitos defendidos mediante ação
popular pertencem, em regra, a titulares indeterminados, isto é, são direitos difusos, os quais não foram
contemplados pela lei para tutela mediante mandado de segurança coletivo.

Referências Bibliográficas

- Pedro Lenza. Direito Constitucional Esquematizado – 25ª edição - 2021


- Marcelo Novelino. Curso de Direito Constitucional.
- Dirley da Cunha Junior. Curso de Direito Constitucional.
- Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino. Direito Constitucional Descomplicado.
- Flávio Martins. Curso de Direito Constitucional – 3ª edição – 2019
- Eduardo dos Santos. Direito Constitucional Sistematizado – 2021
- Alexandre de Moraes. Direito Constitucional – 36ª edição – 2020

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QUESTÕES PROPOSTAS

1 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia - Prova Anulada

Durante investigação criminal, determinado policial civil realizou interceptação telefônica que captou
diálogo entre dois suspeitos, o que permitiu verificar que alguns objetos do crime estariam na residência de
um deles. Com base nisso, o policial dirigiu-se ao local e, sem autorização judicial ou do morador, ingressou
na casa a fim de colher provas para instruir o inquérito policial. Na saída, o policial avistou o suspeito
chegando ao local e o prendeu, informando-lhe, após a prisão, o seu direito constitucional de permanecer
calado. No entanto, o policial não informou a prisão ao juiz competente.

Considerando essa situação, julgue o item que se segue, tendo como base os direitos e as garantias
fundamentais previstos na Constituição Federal de 1988 (CF).

Agiu corretamente o policial ao informar ao preso que ele teria o direito fundamental expresso na CF de
permanecer calado.

Certo
Errado

2 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia - Prova Anulada

Determinado delegado de polícia que está investigando um crime cometido no interior de uma empresa
estatal estadual com personalidade jurídica de direito privado e capital integralmente público, determinou a
um agente de polícia a realização de uma diligência, a qual não foi cumprida porque o agente alegou que a
ordem não tinha respaldo legal. Ao tomar ciência do descumprimento da ordem, o chefe aplicou a penalidade
de suspensão de trinta dias. Irresignado, o agente ajuizou mandado de segurança contra o ato sancionador.

Considerando essa situação hipotética, julgue o item a seguir.

O ajuizamento do mandado de segurança para anular o ato administrativo sancionador configura exercício
do controle legislativo.

Certo
Errado

3 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil

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“Para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros


ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público”, é utilizado o seguinte remédio
constitucional:

A-Habeas-Data.
B-Habeas Corpus.
C-Mandado de Segurança.
D-Mandado de Injunção.
E-Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão.

4 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil

A ação popular pode ser proposta por

A-qualquer brasileiro que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público.


B-qualquer adulto residente no país, que vise suspender ato lesivo ao meio ambiente.
C-qualquer cidadão brasileiro, que vise interromper ato lesivo à eficiência administrativa.
D-qualquer cidadão que vise anular ato lesivo ao patrimônio histórico e cultural.
E-qualquer indivíduo que vise anular ato atentatório à dignidade da justiça.

5 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil

Mandado de Segurança Coletivo pode ser impetrado por:

I. partido político;
II. associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos direitos de
seus associados;
III. entidade de classe em favor dos associados independentemente da autorização destes;
IV. empresa de capital misto;
V. entidade de classe ainda que a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da categoria.

Analise os itens acima e assinale

A-se apenas os itens I, II e IV estiverem corretos.


B-se apenas os itens II, III e V estiverem corretos.
C-se apenas os itens II, IV e V estiverem corretos.
D-se apenas os itens I, III e V estiverem corretos.
E-se apenas os itens I, II e III estiverem corretos.
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6 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-DF - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-DF - Escrivão de Polícia da Carreira
de Polícia Civil do Distrito Federal

Determinado cidadão norte-americano em férias em Brasília cometeu o crime de homicídio ao fugir da cena
de crime de tráfico ilícito de entorpecentes, supostamente por ele praticado. Após o crime, ele fugiu para o
hotel onde se encontrava hospedado desde que chegou ao Brasil. Cinco minutos após ter adentrado em seu
quarto, a polícia invadiu o local e conseguiu prendê-lo.
Considerando a jurisprudência do STF, julgue o item a seguir, a partir da situação hipotética precedente.
Caso o referido cidadão norte-americano considere ilegal a sua prisão, ele próprio, mesmo sendo estrangeiro,
poderá impetrar habeas corpus em face da autoridade coatora, sendo prescindível o patrocínio judicial por
advogado nesse caso.

Certo
Errado

7 - 2019 - INSTITUTO AOCP - PC-ES - INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Investigador

Assinale a alternativa correta de acordo com o que disciplina a Constituição Federal acerca dos direitos e
garantias fundamentais.

A-É assegurado a todos o acesso à informação, sendo garantida a publicidade da fonte.


B-Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise anular ato lesivo ao patrimônio
público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus
da sucumbência.
C-É plena a liberdade de associação para fins lícitos, inclusive a de caráter paramilitar.
D-A retificação de dados perante os órgãos públicos, quando não se prefira fazer por processo sigiloso,
judicial ou administrativo, poderá ser feita através de mandado de injunção.
E-Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do
Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes
às Leis Complementares.

8 - 2018 - FUNDATEC - PC-RS - FUNDATEC - 2018 - PC-RS - Escrivão e de Inspetor de Polícia - Tarde

Considerando a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, assinale a alternativa que NÃO
representa um remédio constitucional.

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A-Direito de petição.
B-Mandado de injunção.
C-Ação popular.
D-Princípio da dignidade da pessoa humana.
E-Direito à certidão.

9 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - PC-MA - CESPE - 2018 - PC-MA - Investigador de Polícia

João e Maria são integrantes de uma quadrilha que, mediante o recebimento de propina e com a participação
de agentes penitenciários, confeccionava falsos alvarás judiciais de soltura. Após a instauração de inquérito
policial, foi determinada a prisão temporária de ambos. Na ocasião, apesar da proibição de uso arbitrário de
algemas, editada por súmula vinculante do STF, a autoridade policial, ao cumprir os mandados de prisão
temporária, fez uso de algemas, sem qualquer justificativa, portanto de maneira abusiva e arbitrária.

Nessa situação hipotética, de acordo com as disposições constitucionais acerca das súmulas vinculantes, o
ato da autoridade policial poderá ser questionado junto ao Supremo Tribunal Federal mediante a proposição
de

A-reclamação.
B-recurso extraordinário.
C-ação direta de inconstitucionalidade.
D-habeas corpus.
E-mandado de segurança.

10 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - PC-MA - CESPE - 2018 - PC-MA - Escrivão de Polícia Civil

O habeas corpus pode ser impetrado por

A-condenado a pena de multa, caso ele considere exorbitante o valor desta.


B-militar, contra punição disciplinar imposta sem motivação.
C-pessoa física, para impugnar determinação de suspensão de direitos políticos.
D-estrangeiro, mas sempre em português.
E-pessoa jurídica, em seu favor, quando ela for acusada de crime ambiental.

11 - 2017 - FEPESE - PC-SC - FEPESE - 2017 - PC-SC - Escrivão de Polícia Civil

De acordo com a Constituição Federal, conceder-se-á habeas data para:

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A-garantir o relaxamento de prisão.


B-anular ato lesivo ao patrimônio público.
C-sustar violência contra a liberdade de locomoção.
D-assegurar o conhecimento de informações constantes de registros ou bancos de dados públicos.
E-exigir a edição de norma regulamentadora que viabiliza o exercício de direito inerente à cidadania.

12 - 2017 - FEPESE - PC-SC - FEPESE - 2017 - PC-SC - Agente de Polícia Civil

Com base na Constituição Federal de 1998, sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer
violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder, conceder-se-á:

A-habeas data.
B-habeas corpus.
C-mandado de segurança.
D-ação popular.
E-reclamação.

13 - 2016 - FUNCAB - PC-PA - FUNCAB - 2016 - PC-PA - Investigador de Policia Civil

Nos termos dos direitos e deveres individuais e coletivos, previstos na Constituição Federal, é correto afirmar:

A-Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade
judiciária competente, salvo apenas nos casos de crime propriamente militar, definidos em lei.
B-Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas
corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.
C-Toda propriedade rural, desde que trabalhada pela família do proprietário, não será objeto de penhora
para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de
financiar o seu desenvolvimento.
D-Nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado depois da
naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma
da lei.
E-O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por organização sindical, entidade de classe ou
associação legalmente constituída e em funcionamento há menos de um ano, em defesa dos interesses de
seus membros ou associados.

14 - 2016 - FUNCAB - PC-PA - FUNCAB - 2016 - PC-PA - Papiloscopista

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Nos termos dos direitos e deveres individuais e coletivos, previstos na Constituição Federal, é correto afirmar:

A-Conceder-se-á mandado, de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas
corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.
B-Nenhum brasileiro sera extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado depois da
naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma
da lei.
C-Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade
judiciária competente, salvo apenas nos casos de crime propriamente militar, definidos em lei.
D-Toda propriedade rural, desde que trabalhada pela família do proprietário, não será objeto de penhora
para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de
financiar o seu desenvolvimento.
E-O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por organização sindical, entidade de classe ou
associação legalmente constituída e em funcionamento há menos de um ano, em defesa dos interesses de
seus membros ou associados.

15 - 2016 - FUNCAB - PC-PA - FUNCAB - 2016 - PC-PA - Escrivão de Polícia Civil

Nos termos dos direitos e deveres individuais e coletivos, previstos na Constituição Federal, é correto afirmar:

A-Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas
corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.
B-Toda propriedade rural, desde que trabalhada pela família do proprietário, não será objeto de penhora
para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de
financiar o seu desenvolvimento.
C-Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade
judiciária competente, salvo apenas nos casos de crime propriamente militar, definidos em lei.
D-Nenhum brasileiro sera extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado depois da
naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma
da lei.
E-O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por organização sindical, entidade de classe ou
associação legalmente constituída e em funcionamento há menos de um ano, em defesa dos interesses de
seus membros ou associados.

16 - 2016 - CESPE / CEBRASPE - PC-PE - CESPE - 2016 - PC-PE - Escrivão de Polícia Civil

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Uma autoridade pública de determinado estado da Federação negou-se a emitir certidão com informações
necessárias à defesa de direito de determinado cidadão. A informação requerida não era sigilosa e o referido
cidadão havia demonstrado os fins e as razões de seu pedido.

Nessa situação hipotética, o remédio constitucional apropriado para impugnar a negativa estatal é o(a)

A-ação popular.
B-mandado de segurança.
C-habeas data.
D-habeas corpus.
E-mandado de injunção.

17 - 2014 - FUNCAB - PC-RO - FUNCAB - 2014 - PC-RO - Escrivão de Polícia Civil

Considerando o tema “ Direitos e Deveres Fundamentais”, assinale a alternativa correta.

A-O Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita a todos.


B-O Estado não é obrigado a indenizar o condenado por erro judiciário.
C-A prisão ainda que ilegal, será mantida pela autoridade judiciária.
D-Será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião.
E-São gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data.

18 - 2014 - IBFC - PC-RJ - IBFC - 2014 - PC-RJ - Papiloscopista Policial de 3ª Classe

Segundo a lei do mandado de segurança (Lei Federal nº 12.016/09) e de acordo com o entendimento
sumulado pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça, é cabível mandado de
segurança contra:

A-Decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo.


B-Ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução.
C-Decisão judicial transitada em julgado.
D-Ato praticado em licitação promovida por sociedade de economia mista ou empresa pública.
E-Lei em tese.

19 - 2014 - FUMARC - PC-MG - FUMARC - 2014 - PC-MG - Investigador de Policia

Nos termos do art. 5º da Constituição Federal de 1988, é CORRETO afirmar:

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A-Conceder-se-á mandado de injunção sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência
ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.
B-Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, ainda que amparado por
“habeas-corpus" ou “habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou pelo abuso de poder for
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.
C-O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação na
Assembleia Legislativa do Estado.
D-Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio
público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus
da sucumbência.

20 - 2014 - FUMARC - PC-MG - FUMARC - 2014 - PC-MG - Investigador de Policia

Sobre a Tutela Constitucional das Liberdades, é CORRETO afrmar:

A-O Habeas Corpus é remédio utilizado contra ameaça ou privação ilegal do direito de locomoção.
B-O Habeas Corpus só pode ser impetrado contra ato de Autoridade Pública, denominada de Coatora.
C-Só o próprio lesado ou ameaçado no seu direito de ir e vir pode impetrar Habeas Corpus em seu favor.
D-Tanto o Habeas Corpus liberatório quanto o preventivo são aplicáveis nas mesmas circunstâncias.

Respostas4

4
1: C 2: E 3: A 4: D 5: B 6: C 7: B 8: D 9: A 10: D 11: D 12: B 13: B 14: A 15: A 16: B 17: E 18: D 19: D 20: A
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DIREITO PENAL: APLICAÇÃO DA LEI PENAL

TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA

⦁ Art. 1º ao 12º, CP
⦁ Art. 71, CP
⦁ Art. 107, III, CP
⦁ Art. 70, CPP (análise comparativa com o art. 6º, CP)
⦁ Art. 2°, Lei 9.455/97
⦁ Art. 53, CF/88
⦁ Decreto. 56.435/65
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!

⦁ Art 1º ao 7º, CP (leitura indispensável)


⦁ Art. 70, CPP (análise comparativa com o art. 6º, CP)
⦁ Art. 53, CF/88

1. APLICAÇÃO DA LEI PENAL

Como já estudamos anteriormente, a lei penal é fonte formal imediata do direito penal
e detém o monopólio para a criação de infrações penais e cominação de penas.
No tocante à lei penal incriminadora, ela é formada por duas partes:
1) Preceito primário - descrição da conduta típica, exemplo: “matar alguém”
2) Preceito secundário - cominação da pena em abstrato (“reclusão de 6 a 20 anos”)

O Brasil optou pelo sistema da proibição indireta, criado por Binding, no qual a lei penal é descritiva
e não proibitiva. A lei não diz “não matar”, “não furtar”, ela apenas descreve as condutas proibidas. O autor
diferencia lei de norma, sendo que esta sim teria a segunda característica. A exemplo, enquanto a lei descreve
como crime “matar alguém”, a norma que se extrai dela é “não matar”. Assim, quando o agente mata alguém,
ele realiza a lei e viola a norma.

1.1. Classificação das Leis Penais

De acordo com a doutrina, as leis penais podem ser classificadas da seguinte maneira:

⮚ NORMAS PENAIS INCRIMINADORAS x NORMAS PENAIS NÃO INCRIMINADORAS;

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A) Normas penais incriminadoras: criam crimes e cominam penas. Estão na Parte Especial do Código
Penal e na legislação penal especial;

B) Normais penais não incriminadoras: não criam crimes nem cominam penas, podendo ser subdividas
em:

b.1) permissivas: autorizam a prática de condutas típicas em determinadas hipóteses, excluindo


a ilicitude. Em regra, estão previstas na Parte Geral do Código Penal (art. 23), mas algumas estão
na Parte Especial (art. 128 do CP) ou na legislação extravagante.

b.2) exculpantes: afastam a culpabilidade do agente ou estabelecem a impunidade de


determinados delitos. São exemplos: doença mental, menoridade, prescrição e perdão judicial;

Vai cair

Art. 25, parágrafo único. “Observados os requisitos previstos no caput deste artigo,
considera-se também em legítima defesa o agente de segurança pública que repele
agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de
crimes.” (Redação trazida pelo Pacote Anticrime.)

b.3) interpretativas: são normas que esclarecem o conteúdo e o significado de outras normas
penais. É o caso, por exemplo, do conceito de funcionário público para fins penais, previsto no
art. 327 do CP, que traz o conceito de funcionário público para fins penais.

CP, Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem,
embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função
pública.
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em
entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço
contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração
Pública. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos
neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção
ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia
mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público. (Incluído pela Lei
nº 6.799, de 1980)

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SEMANA 01/13

b.4) finais, complementares ou de aplicação: delimitam o campo de validade das leis


incriminadoras, como os arts. 2º e 5º do CP.

Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar
crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença
condenatória. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-
se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada
em julgado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de
direito internacional, ao crime cometido no território nacional. (Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 1984)

b.5) diretivas: estabelecem princípios, como o art. 1º do CP, que trata da reserva legal.

Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia
cominação legal. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

b.6) integrativas, de extensão: complementam a tipicidade no tocante ao nexo causal em


crimes omissivos impróprios, à tentativa e à participação (arts. 13, §2º, 14, II e 29, caput, do CP,
respectivamente).

Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável


a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado
não teria ocorrido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para
evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:(Incluído pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; (Incluído pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; (Incluído
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

⮚ NORMAS PENAIS COMPLETAS OU PERFEITAS x NORMAS PENAIS INCOMPLETAS OU IMPERFEITAS:

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c) Normas penais completas ou perfeitas: apresentam todos os elementos da conduta criminosa, não
precisando de complementação – seja normativa, seja valorativa.

d) Normas penais incompletas ou imperfeitas: são normas penais que precisam de complementação
para a sua inteireza: complementação valorativa, pelo intérprete da lei (chamados de tipos penais
abertos) ou complementação normativa (lei penal em branco).

1.1.1 Leis Penais em Branco

“A lei penal em branco é também denominada de cega ou aberta, e pode ser


definida como a espécie de lei penal cuja definição da conduta criminosa reclama
complementação, seja por outra lei, seja por ato da Administração Pública. O seu
preceito secundário é completo, o que não se verifica no tocante ao primário,
carente de implementação” (MASSON, 2017, p. 127).

Franz Von Liszt diz que “são corpos errantes em busca de alma”.

ESPÉCIES DE LEI PENAL EM BRANCO:

I – Lei penal em branco em sentido lato ou homogênea (imprópria): o complemento tem a mesma natureza
jurídica e deriva do mesmo órgão que elaborou a lei incriminadora, ou seja, é outra lei. Exemplo: art. 169,
parágrafo único, I, do Código Penal, complementado pelo art. 1.264 do Código Civil. Podem ser de duas
espécies:

a) Lei penal em branco em sentido lato homovitelina: a lei incriminadora e o complemento estão
no mesmo diploma legislativo. Ex.: Art. 304 do CP (crime de uso de documento falso)

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SEMANA 01/13

CP, Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se
referem os arts. 297 a 302:
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.

b) Lei penal em branco em sentido lato heterovitelina: a lei incriminadora e o complemento estão
em diplomas normativos diversos. Ex: art. 236 do CP (crime de induzimento a erro essencial e
ocultação de impedimento) É complementado pelo CC.;

CP, Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente,
ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não
pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por
motivo de erro ou impedimento, anule o casamento.

II – Lei penal em branco em sentido estrito, heterogênea ou fragmentária (própria): o complemento tem
natureza jurídica diversa e emana de órgão distinto do que elaborou a norma incriminadora. Ex.: Lei de
drogas e Portaria 344/98.

III – Lei penal em branco inversa ou ao avesso: o preceito primário é completo, mas o secundário (pena)
depende de complementação. O complemento, nesse caso, deve ser uma lei, tendo em vista o princípio da
reserva legal. Ex.: genocídio (Lei 2.889/56)

Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional,


étnico, racial ou religioso, como tal: (Vide Lei nº 7.960, de 1989)
a) matar membros do grupo;
b) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo;
c) submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de
ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial;
d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo;
e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo;

Será punido:
Com as penas do art. 121, § 2º, do Código Penal, no caso da letra a;
Com as penas do art. 129, § 2º, no caso da letra b;
Com as penas do art. 270, no caso da letra c;
Com as penas do art. 125, no caso da letra d;
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Com as penas do art. 148, no caso da letra e;

IV – Lei penal em branco de fundo constitucional: o complemento do preceito primário é uma norma
constitucional. É o caso, de acordo com Cleber Masson (2017, p. 128), do crime de abandono intelectual,
definido no art. 246 do CP (crime de abandono intelectual), uma vez que o conceito de “instrução primária”
está previsto no art. 208, I, da CF.

CP, Art. 246 - Deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária de filho em
idade escolar:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.

CF, Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia
de:
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de
idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram
acesso na idade própria;

V – Lei penal em branco ao quadrado: é a norma cujo complemento também depende de complementação.
Exemplo: art. 38 da Lei 9.605/98, que pune as condutas de destruir ou danificar florestas de preservação
permanente. O conceito de "floresta de preservação permanente" é dado pelo Código Florestal, que, dentre
várias hipóteses, previu um caso em que a área de preservação permanente será assim considerada após
declaração de interesse social por parte do Chefe do Poder Executivo.

Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente,


mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção:
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.

Já caiu em prova:
(FGV - 2012 - PC-MA – Escrivão) Normas penais em branco são aquelas em que há necessidade
de complementação por outra norma de mesma fonte legislativa. [errado]

1.2 Características da Lei Penal

1) Exclusividade: somente a lei pode criar delitos e as penas correspondentes (art. 5º, XXXIX, da CF).

2) Imperatividade: caso seja descumprida haverá a imposição de sanção (pena ou de uma medida).

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3) Generalidade: direciona-se a todas as pessoas, indistintamente, até mesmo aos inimputáveis.

4) Impessoalidade: seus efeitos são projetados a fatos futuros, incidindo sobre qualquer pessoa que
venha a praticá-los, ressalvadas duas exceções: as leis de anistia e a abolitio criminis, as quais alcançam
fatos concretos.

5) Anterioridade: somente pode ser aplicada se estava em vigor no momento da prática da infração
penal, ressalvado o caso da retroatividade benéfica.

1.3. INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL

Interpretar é identificar a vontade da lei: definir seu conteúdo, seu significado, seu alcance.
Na atividade interpretativa deve-se buscar sempre a mens legis, ou seja, a vontade da lei e não a
mens legislatoris, que é a vontade do legislador.
É de cunho obrigatório, ainda que a lei pareça clara.

1.3.1 Espécies de Interpretação

1) Quanto ao sujeito (origem):


a) Autêntica/legislativa: dada pela própria lei, ou seja, realizada pelo legislador, que edita uma lei com
a finalidade de explicar o significado de outra norma. É de aplicação obrigatória e RETROAGE, mesmo
que em prejuízo do réu, vez que não cria novo crime ou comina pena, apenas interpreta (só não se
aplica fatos transitados em julgado). Ex: art. 327 do CP - conceito de funcionário público;
▪ Divide-se em contextual (quando a norma interpretativa é editada no momento da norma
interpretada) e posterior (quando é criada depois da norma interpretada).
b) Doutrinária ou científica: dada pelos estudiosos, doutrinadores do direito penal. Ex: exposição de
motivos do Código Penal, vez que dada pelos doutrinadores que elaboraram o projeto. (Obs.: a do
CPP é autêntica);
c) Judicial ou Jurisprudencial: Realizada pelos magistrados na decisão das causas que lhes são
submetidas ou fruto das decisões reiteradas dos tribunais, como regra não vinculantes, exceção:
sentença de caso concreto após o trânsito em julgado e súmulas vinculantes editadas pelo STF;

2) Quanto ao modo ou meios e métodos:


a) Literal ou gramatical: Considera o sentido literal das palavras;
b) Lógica ou Teleológica: Considera à vontade ou intenção objetivada na lei, sua finalidade, utilizando-
se de vários elementos, como históricos, direito comparado etc (é a sugerida pelo artigo 5º da LINDB);
c) Histórica: Busca a origem da lei, o fundamento de sua criação;

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d) Sistemática: conjunto da legislação e dos princípios gerais de direito, sistema em que a norma está
inserida como um todo.
e) Progressiva: a lei é interpretada de acordo com o progresso da ciência que está progredindo.

3) Quanto ao resultado:
a) Declarativa: a letra da lei corresponde aquilo que o legislador quis dizer.
b) Extensiva: amplia-se o alcance das palavras da lei para corresponder ao alcance/vontade do texto.
Corrige a lei tímida. A lei disse menos do que gostaria.
c) Restritiva: reduz-se o alcance das palavras da lei para corresponder ao alcance/vontade do texto. A
lei disse mais do que desejava.
d) Progressiva/adaptativa/evolutiva: busca amoldar a lei à realidade atual, evitando constantes
reformas legislativas.

1.3.2 Interpretação Extensiva X Interpretação Analógica X Analogia

É sempre pegadinha de prova.

1) Interpretação extensiva: Existe norma para o caso concreto, mas amplia-se o alcance da norma –
pode ser feia até mesmo in malam partem – Ex: antigo art. 157, §2º, II, CP, hoje revogado, que
utilizava o termo “arma” e a interpretação era de que qualquer arma estaria abarcada;

2) Interpretação analógica: Existe norma para o caso, mas o legislador previu uma fórmula casuística
seguida de uma genérica, permitindo ao juiz encontrar outros casos similares. Também pode ser in
malam partem Ex: art.121, §2º, I, CP;

Art. 121. Matar alguem:


§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
▪ “Paga, promessa de recompensa” – fórmula casuística
▪ “Ou outro motivo torpe” – fórmula genérica
▪ As duas opções citadas acima, são formas de interpretação.

3) Analogia: Há uma lacuna normativa: NÃO existe norma para o caso concreto e o juiz aplica a lei
prevista para outro caso semelhante.
▪ Não é forma de interpretação, é forma de INTEGRAÇÃO, de suprir lacunas normativas.
▪ SÓ É POSSÍVEL EM BENEFÍCIO DO RÉU.
▪ Características:

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a) Não é forma de interpretação, mas de integração.


b) Pressupõe lacuna.
c) Parte-se do pressuposto de que não existe uma lei a ser aplicada ao caso concreto,
motivo pelo qual é preciso socorrer-se de previsão legal empregada à outra situação
similar.
▪ Pressupostos para aplicar a analogia:
a) Certeza de que sua aplicação é favorável ao réu (analogia in bonan partem);
b) Existência de uma efetiva lacuna legal a ser preenchida.

Para finalizarmos o assunto, vamos a uma tabelinha excelente para revisão, elaborada pelo professor
Rogério Sanches e disponibilizada por ele no seu Twitter com a diferenciação das três.

INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA ANALOGIA


É forma de interpretação É forma de interpretação É forma de integração do direito.
Existe norma para o caso Existe norma para o caso Não existe norma para o caso
concreto. concreto. concreto.
Amplia-se o alcance da palavra Utilizam-se exemplos seguidos de Cria-se uma nova norma a partir de
(não importa no surgimento de uma forma genérica para outra (analogia legis) ou do todo do
uma nova norma). alcançar outras hipóteses. ordenamento jurídico (analogia
iuris)
Prevalece ser possível sua É possível sua aplicação no É possível sua aplicação no Direito
aplicação no Direito Penal in Direito Penal in bonam ou in Penal somente in bonam partem.
bonam ou in malam partem. malam partem.
Ex.: a antiga expressão “arma” no Ex.: Homicídio mediante paga ou Ex.: isenção de pena, prevista nos
crime de roubo majorado (art. promessa de recompensa, ou por crimes contra o patrimônio, para
157, §2º, II, CP – hoje revogado). outro motivo torpe (art. 121, §2º, cônjuge e, analogicamente, para o
I, III e IV do CP) companheiro (art. 181, I do CP).

Já caiu em prova:
(CESPE - 2018 - PC-MA – Escrivão) O Código Penal estabelece como hipótese de qualificação do
homicídio o cometimento do ato com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou
outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum. Esse dispositivo legal é
exemplo de interpretação:
A) analógica. [certo]
B) teleológica.
C) restritiva.
D) progressiva.

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E) autêntica.

2. LEI PENAL NO TEMPO

Em decorrência do princípio da legalidade, aplica-se, em regra, a lei penal vigente ao tempo da


realização do fato criminoso (regra chamada de “Tempus Regit Actum”). Excepcionalmente, será permitida
a retroatividade da lei penal para alcançar os fatos passados, desde que benéfica ao réu, de modo que não
há, no direito penal, irretroatividade maléfica ao réu (art. 5º, XL da CF/88)

XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;

Note, ainda, que, segundo dispõe o art. 2º, § único do CP, a lei benéfica poderá retroagir mesmo que
já tenha havido o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Ademais, é essencial que a norma
tenha caráter material (de direito penal) ou misto (cunho penal e processual penal), sendo certo que as
normas de natureza processual não se submetem à retroatividade benéfica.

Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar
crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença
condenatória.
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente,
aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória
transitada em julgado.

Súmula 611, STF: Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo


das execuções a aplicação de lei mais benigna.

Já caiu em prova:
(FUNDATEC - 2018 - PC-RS - Escrivão e de Inspetor) Para a definição da lei penal mais favorável,
deve-se ter em vista, como marco inicial, a data do cometimento da infração penal, e, como
marco final, a extinção da punibilidade pelo cumprimento da pena ou outra causa qualquer. De
toda sorte, durante a investigação policial, processo ou execução da pena, toda e qualquer lei
penal favorável, desde que possível a sua aplicação, deve ser utilizada em favor do réu. [certo]

CESPE - 2016 - PC-GO – Escrivão) Considerando os princípios informativos da retroatividade e


ultratividade da lei penal, a lei nova mais benéfica será aplicada mesmo quando a ação penal
tiver sido iniciada antes da sua vigência. [certo]

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Se a regra, em apreço ao princípio da legalidade, é a aplicação da lei penal vigente ao tempo da


realização do crime, é preciso saber quando o Código Penal considera que um crime foi praticado. É o que a
doutrina chama de “tempo do crime”.
Para delimitar o tempo do crime e estabelecer quando ele foi praticado, existem 3 teorias:

1) Teoria da atividade: Considera-se praticado o crime no momento da conduta (no momento da ação
ou da omissão).
2) Teoria do resultado (ou Teoria do Evento): Considera-se praticado o crime no momento do
resultado.
3) Teoria da Ubiquidade ou mista: Considera-se praticado o crime no momento da conduta ou do
resultado.

* ATENÇÃO: O CP adotou a TEORIA DA ATIVIDADE, conforme artigo 4º, CP:

Art. 4º, CP - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão,


ainda que outro seja o momento do resultado.

Essa definição só tem relevância em relação aos delitos materiais/causais, que demandam a
produção de resultado naturalístico – vez que somente nestes a consumação pode se dar em momento
diferente do da prática da conduta, qual seja, com a produção do resultado. Nos crimes formais e de mera
conduta, a consumação ocorre conjuntamente com a prática da ação ou omissão, não importando o
momento do resultado, por isso dispensa essa teoria.

Consequências da adoção da Teoria da Atividade:


a) Aplica-se a lei penal que estava em vigor no momento da conduta, salvo se a lei penal posterior for
mais favorável (irretroatividade maléfica ou retroatividade benéfica);
b) A imputabilidade do agente deve ser analisada no tempo da conduta.

Já caiu em prova:
(VUNESP - 2018 - PC-SP – Investigador) No que diz respeito ao lugar do crime, o CP adotou a
teoria da atividade, ou seja, considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou
omissão, no todo ou em parte. [errado]
(INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES – Escrivão) O Direito Penal brasileiro considera como momento
do cometimento do crime o momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do
resultado. [certo]

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* ATENÇÃO: quanto ao termo inicial da prescrição da pretensão punitiva, o Código Penal adota a
TEORIA DO RESULTADO (art. 111, I, CP): A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença
final, começa a correr: I - do dia em que o crime se consumou.

MNEMÔNICO

LUTA
Lugar do crime = Ubiquidade
Tempo do crime = Atividade

a. Abolitio criminis
É a supressão da figura criminosa, abolir do ordenamento a figura de um tipo penal incriminador. O
legislador deixa de considerar aquele comportamento criminoso.
Está prevista no art. 2º, do CP:

Art. 2º, CP – “Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de
considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da
sentença condenatória”

Atenção!!!
A abolitio criminis:
a) faz cessar a execução e os efeitos penais da condenação.
b) não faz cessar os efeitos extrapenais da condenação (civis, administrativos,
eleitorais)

Já caiu em prova:
(FGV - 2012 - PC-MA – Escrivão) Reconhecida a abolitio criminis, causa de extinção da
punibilidade, os efeitos penais se apagam, permanecendo os efeitos civis. [certo]
(FUNDATEC - 2018 - PC-RS - Escrivão e de Inspetor) A abolição do delito (abolitio criminis) é um
fenômeno que ocorre quando uma lei posterior deixa de considerar crime determinado fato.
Essa hipótese gera a extinção da punibilidade. [certo]

Destaque:
(1) Majoritariamente entende-se que a abolitio criminis é uma causa de extinção da punibilidade. O Código
Penal assim estabelece no art. 107, III:

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Extinção da punibilidade
Art. 107, CP - Extingue-se a punibilidade:
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;

(2) Abolitio criminis não se confunde com o princípio da continuidade normativo-típica


a) Na abolitio criminis→ há supressão da figura criminosa, pois a intenção do legislador é não mais
considerar o fato criminoso.
b) No princípio da continuidade normativo-típica →há a migração do conteúdo criminoso para outro
tipo penal incriminador, pois a intenção é manter a natureza criminosa do fato (o STF também já
utilizou o termo transmudação geográfica do tipo penal).

ABOLITIO CRIMINIS PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE NORMATIVO -


TÍPICA
Supressão formal e material da figura Supressão apenas formal do tipo.
criminosa.
O fato deixa de ser criminoso. A intenção do legislador é manter a natureza
criminosa do fato, mas com outra roupagem,
em outro tipo penal.
A intenção é não mais considerar o fato Migração do conteúdo criminoso para outro
criminoso tipo penal incriminador.
Ex.: art. 210 – Adultério. Houve supressão Ex.: art. 214 – antigo atentado violento ao
tanto material, quanto formal da conduta do pudor – o que antes era este crime, agora é
campo de incidência do direito penal, estupro. Não houve abolitio.
deixando de ser crime.

Exemplos que sofreram a continuidade típica normativa:

1) Apropriação indébita previdenciária - Desde a lei 9983/2000, essa conduta está prevista no art. 168-
A do CP. Porém, antes de 2000, tínhamos o art. 95 da Lei 8212/91. O STF entendeu que a lei 9983/00,
ao alterar essa figura típica de posição (da lei 8212 para o art. 168-A), o fez com o intuito de ter uma
continuidade típico normativa, de modo que, a rigor, não há sucessão de leis n o tempo, mas sim o
PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE TÍPICA.

2) Rapto violento era previsto no art. 219, 220, 221 e 222 no CP - Essa figura do rapto foi revogada pela
Lei 11106/05. No entanto, essa mesma Lei inclui o inciso V no art. 148, p primeiro do CP. – sequestro
e cárcere qualificado se o crime for praticado com fins libidinosos. O STF decidiu que NÃO HOUVE
ABOLITIO CRIMINIS, mas sim, uma continuidade normativo típica.

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3) Corrupção de menores – estava prevista na Lei 2252/54 (art. 1°) - Essa lei também foi revogada pela
Lei 12.015/08, incluindo no ECA o art. 224-B. STF e STJ entenderam que NÃO HOUVE ABOLITIO
CRIMINIS e consequente extinção da punibilidade. Pois essa conduta apenas migou de tipo penal,
havendo o princípio da continuidade típico normativa.

(3) Abolitio criminis não se confunde com novatio legis in mellius (“lex mitior”)
▪ A novatio legis in mellius é a nova lei que de qualquer modo favoreça o agente (art. 2°, parágrafo
único, CP): A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores,
ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado

▪ Existem semelhanças entre abolitio criminis e novatio legis


a) A retroatividade benéfica é automática, independente de cláusula expressa (art. 5º, XL da CF)
b) Pode ser aplicada de ofício pelo juiz ou, ainda, mediante provocação das partes;
c) Alcança, inclusive, fatos já definitivamente julgados. A coisa julgada não é oponível à
retroatividade benéfica.

(4) Juízo competente para a aplicação da abolitio criminis dependerá do momento em que se encontra a
persecução penal:
a) Se estiver na fase do inquérito ou na ação penal de 1ª instância quem aplica é o juiz de 1ª grau.
b) Se estiver no Tribunal (recurso ou competência originária), será aplicada por ele.
c) Se a condenação já transitou em julgado – juízo da execução, pouco importando a origem da
condenação.

Súmula 611 do STF, “Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao


JUÍZO DAS EXECUÇÕES a aplicação da lei mais benigna”.

Já caiu em prova:
(FGV - 2012 - PC-MA – Escrivão) Havendo decisão transitada em julgado, cabe ao juiz da
execução aplicar a lei mais favorável. [certo]
(VUNESP - 2015 - PC-CE – Escrivão) O indivíduo B provocou aborto com o consentimento da
gestante, em 01 de fevereiro de 2010, e foi condenado, em 20 de fevereiro de 2013, pela prática
de tal crime à pena de oito anos de reclusão. A condenação já transitou em julgado. Na hipótese
do crime de aborto, com o consentimento da gestante, deixar de ser considerado crime por
força de uma lei que passe a vigorar a partir de 02 de fevereiro de 2015, assinale a alternativa
correta no tocante à consequência dessa nova lei à condenação imposta ao indivíduo B. Nesse
caso, a nova lei será aplicada para os fatos praticados pelo indivíduo B, cessando em virtude dela
a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. [certo]

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Atenção: A lei penal mais benéfica possui ULTRATIVIDADE – pode ser aplicada mesmo após a
sua revogação, caso o fato tenha sido praticado durante a sua vigência.

b. Crime continuado, crime permanente e sucessão de leis penais


● Crime continuado: Previsto no art. 71 do CP, que assim o define:

Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, prática dois
ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de
execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como
continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou
a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.

A título de exemplo, imagine que o agente pratica 03 furtos, nas mesmas circunstâncias de tempo,
local e modo de execução. Quando começou a cadeia criminosa, o furto era punido pela lei “A”, com pena
de 1 a 4 anos. No meio da cadeia criminosa, veio a lei “B”, que previa a pena de 1 a 5 anos. No crime
continuado, por uma ficção jurídica trabalha-se como se houvesse um crime só.

● Crime permanente: Trata-se de crime cuja consumação é prolongada no tempo pela vontade do
agente. Exemplo: extorsão mediante sequestro.

A consumação já se deu com a privação da liberdade, mas enquanto a vítima não é libertada o crime
continua se consumando. Não cessar a consumação e dar continuidade à conduta é opção do agente.
Nestes dois casos, considerando que o agente deu continuidade às condutas por opção, aplica-se
sempre a última lei vigente, mesmo que mais grave, conforme Súmula 711, do STF: “A lei penal mais grave
aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente se a sua vigência é anterior à cessação da
continuidade ou da permanência”.

CRIME PERMANENTE CRIME CONTINUADO


É aquele cuja consumação se prolonga no É aquele em que o agente pratica, mediante
tempo, por vontade do agente. mais de uma ação ou omissão, dois ou mais
Exemplo: art. 159, CP (extorsão mediante delitos da mesma espécie, e pelas condições
sequestro). O crime se consuma no momento de tempo, lugar, maneira de execução e
em que o agente priva a liberdade da vítima, outras semelhantes, devem os subsequentes
mas continua se consumando até a libertação ser havidos como continuação do primeiro
do ofendido. (ficção jurídica).
Se a vítima foi sequestrada enquanto estava Exemplo: caso o agente pratique cinco crimes,
em vigor a lei menos gravosa, mas no período porém os quatro primeiros estavam sob a

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em que ficou sob o poder do agente entrou regência da lei menos gravosa, enquanto que
em vigor lei mais gravosa, aplica-se a última. o quinto é praticado na vigência da lei mais
gravosa, aplica-se a última.

Já caiu em prova:
CESPE - 2016 - PC-PE – Escrivão) Um crime de extorsão mediante sequestro perdura há meses
e, nesse período, nova lei penal entrou em vigor, prevendo causa de aumento de pena que se
enquadra perfeitamente no caso em apreço. Nessa situação hipotética, a lei penal mais grave
não poderá ser aplicada: o ordenamento jurídico não admite a novatio legis in pejus. [errado]
(CESPE / CEBRASPE - 2013 - PC-BA – Investigador) No delito continuado, a lei penal posterior,
ainda que mais gravosa, aplica-se aos fatos anteriores à vigência da nova norma, desde que a
cessação da atividade delituosa tenha ocorrido em momento posterior à entrada em vigor da
nova lei. [certo]

c. Combinação de leis
− É possível a combinação de leis penais para favorecer o réu (lex tertia)?
R.: Doutrina majoritária e jurisprudência do STJ e STF entendem que NÃO, pois o juiz, assim agindo,
transforma-se em legislador, criando uma terceira lei e violando a separação dos poderes.

Súmula 501, STJ: é cabível a aplicação retroativa da lei n. 11.343/06, desde que o resultado
da incidência de suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo
da aplicação da Lei n. 6.360/76, sendo vedada a combinação de leis.

d. Lei excepcional ou temporária:

CP, Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração
ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante
sua vigência. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)

1) Lei temporária: é aquela que tem prefixado no seu texto o tempo de sua vigência (prazo
determinado) – Ex: Lei 12.663/12 (Lei da FIFA).

2) Lei excepcional: É a que atende a transitórias necessidades estatais, tais como guerra, epidemias,
calamidades, etc. Perdura por todo o tempo excepcional (edita em função de algum evento
transitório, sendo que perdura enquanto persistir o estado de emergência).

Características:

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a) Autorrevogabilidade: Consideram-se revogadas assim que encerrado o prazo fixado (lei


temporária) ou cessada a situação de anormalidade (lei excepcional).

b) Ultratividade: Os fatos praticados durante sua vigência continuam sendo punidos ainda que
revogadas as leis temporária ou excepcional.

ATENÇÃO: Estas leis não se sujeitam aos efeitos da abolitio criminis, salvo se lei posterior for
expressa nesse sentido.

e. Lei intermediária

Vamos exemplificar para ficar mais fácil.


Fulano praticou um delito durante a vigência da Lei 1, que cominou para tal conduta a pena de 6 anos
de reclusão. Durante o processo, entra em vigor a Lei 2, modificando a respectiva pena para 3 anos. Por fim,
quando da sentença, já está em vigor a Lei 3, que pune a mesma conduta com 4 anos de reclusão.
Assim, podemos facilmente verificar que a lei mais benéfica a ele é a 2ª, certo? Porém, ela não estava
em vigor nem na data do fato, nem na data da sentença, sendo uma lei intermediária. E aí, será que ela pode
ser aplicada?
Tanto a doutrina, como o STF entendem que SIM, é possível aplicar a lei intermediária, desde que
seja a mais benéfica entre as 3 na sua integralidade. E esta é uma lei possui duplo-efeito: retroatividade:
retroage para alcançar o fato; e ultratividade: possui força para alcançar a sentença ou o julgamento.

3. LEI PENAL NO ESPAÇO

Eventualmente, um fato criminoso pode atingir os interesses de dois ou mais Estados igualmente
soberanos. Assim, o estudo da lei penal no espaço visa a descobrir qual é o âmbito territorial de aplicação da
lei penal brasileira.
Há dois vetores fundamentais para essa definição:
● Territorialidade (art. 5º do CP): aplicação da lei penal brasileira aos crimes cometidos no
território brasileiro – REGRA GERAL.
● Extraterritorialidade (art. 7º do CP): aplicação da lei penal brasileira aos crimes cometidos
do exterior – exceção.
● Intraterritorialidade: aplicação da lei estrangeira a crimes cometidos no território brasileiro
– exceção. Ex.: imunidades diplomáticas.

A) PRINCÍPIOS RELACIONADOS:
1) Princípio da territorialidade: É a regra! Aplica-se a lei penal do território do delito, não importa a
nacionalidade dos envolvidos ou dos bens jurídicos lesados;
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2) Princípio da nacionalidade ou personalidade ativa: aplica-se a lei penal da nacionalidade do agente,


não importando o local do crime ou a nacionalidade da vítima ou dos bens jurídicos lesados. Ou seja,
a lei brasileira é aplicada em razão da nacionalidade do sujeito ativo - art. 7º, II, b, CP.
3) Princípio da nacionalidade ou personalidade passiva: aplica-se a lei penal da nacionalidade do
sujeito passivo. Ou seja: a lei brasileira será aplicada ao crime praticado por estrangeiro contra
brasileiro. Importa a nacionalidade do sujeito passivo - art. 7º, § 3º, CP.
4) Princípio da defesa real, da proteção ou real: aplica-se a lei da nacionalidade do bem jurídico violado,
não importa local ou nacionalidade do agente. Ou seja: Aplica-se a lei brasileira ao crime cometido
fora do Brasil, que afete interesse nacional - art. 7º, I, a, b, c:
5) Princípio da Justiça universal/universalidade/ justiça cosmopolita: o agente fica sujeito à lei do país
em que for capturado, não importa o local do crime, nem a nacionalidade do agente ou da vítima.
Este princípio está normalmente presente nos tratados internacionais de cooperação de repressão a
determinados delitos de alcance transnacional - Direito de todos os países em punir qualquer crime
- (art. 7º, I, “d” e II, “a”, CP). Obs.: em relação ao inciso I, “d”, existem autores que dizem que se
trata do princípio do domicílio, mas a doutrina majoritária entende como justiça universal mesmo.
6) Princípio da representação/da bandeira/subsidiário: A lei brasileira será aplicada aos crimes
cometidos no estrangeiro em aeronaves e embarcações privadas brasileiras, desde que não sejam
julgados no local do crime - art. 7º, II, c, CP.

B) PRINCÍPIO ADOTADO PELO BRASIL?


O Brasil adora o Princípio da TERRITORIALIDADE TEMPERADA no art. 5º, caput do CP de modo que:
a lei brasileira será aplicada aos crimes que forem cometidos no território nacional, excetuando-se as
convenções, tratados e regras de direito internacional.
▪ Territorialidade → a lei brasileira será aplicada aos crimes que forem cometidos no território nacional
▪ Temperada → “sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional”, hipótese em
que será aplicada uma lei estrangeira ao crime praticado em território nacional, configurando o
fenômeno excepcional da intraterritorialidade.

Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras


de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional
as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do
governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as
embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem,
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves
ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em

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pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas


em porto ou mar territorial do Brasil.

Para entender o assunto é necessário saber:


(1) O que é considerado território nacional para fins de aplicação da lei penal
(2) Qual é o lugar do crime para fins de aplicação da lei penal

− O que é o território nacional para fins de limite de aplicação da lei?


Território é o espaço que o país exerce sua soberania política.
O território brasileiro, para fins penais, abrange não apenas o seu espaço físico, mas também o espaço
chamado de espaço jurídico, por ficção, equiparação ou extensão, previsto no art. 5º, §§ 1º e 2º, CP.

1) a superfície terrestre (solo e subsolo),


2) as águas interiores,
Espaço físico 3) o mar territorial (12 milhas marítimas a partir da baixa-mar do litoral
continental e insular - Lei n° 8.617/93, art. 1°)
4) o espaço aéreo correspondente (teoria da soberania sobre a coluna
atmosférica).
1) as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do
governo brasileiro onde quer que se encontrem;
Espaço jurídico, por 2) as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade
ficção privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente
ou em alto-mar.
3) aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se
aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo
correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.

EMBARCAÇÕES E AERONAVES SERÁ APLICADA A LEI BRASILEIRA


Públicas ou a serviço do governo estrangeiro. Quer se encontrem em território nacional ou
estrangeiro.
Mercantes ou particulares brasileiras. Se estiverem em alto-mar ou no espaço aéreo
correspondente (aplica-se a bandeira)
Estrangeiras Apenas quando privadas em território nacional.

Destaques:

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(1) Princípio da reciprocidade - As embarcações e aeronaves estrangeiras, de natureza pública ou a serviço


do governo estrangeiro, são consideradas extensão do território estrangeiro, mesmo se estiverem em
território brasileiro.
(2) Embaixada não é extensão do território que representa, isto é: não é território estrangeiro e sim,
território nacional. No entanto, apesar de território nacional, é inviolável.

− Qual é o lugar do crime?

Estudar o lugar do crime é averiguar onde aquele crime foi cometido, especialmente nos casos de crimes à
distância.
● Crimes à distância -
O art. 6º do CP adotou a teoria da ubiquidade ou mista:

Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão,


no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o
resultado. (Aplica-se a crimes à distância).

▪ Lugar em que ocorreu a ação ou omissão


ou
▪ Lugar em que se produziu ou deveria produzir-se o resultado.

OBS.1: LUGAR DO DELITO X LOCUS COMISSI DELICTI - Cuidado para não confundir o lugar do delito para o
Código Penal (teoria da ubiquidade) com locus comissi deliciti para o código de Processo Penal (teoria do
resultado):
LUGAR DO CRIME LOCUS COMISSI DELICTI
O lugar do delito serve para os crimes à distância O lugar onde se consuma o crime
(crimes que perpassam mais de um país)
Tema de direito penal (art. 6º, CP) Tema de direito processual penal (art. 70, CPP)

Adota a Teoria da Ubiquidade ou Mista. Adota a teoria do Resultado

OBS.:2 CRIME À DISTÂNCIA X CRIME PLURILOCAL


CRIME À DISTÂNCIA (ESPAÇO MÁXIMO): CRIME PLURILOCAL:

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Percorre territórios de dois Estados soberanos. O Percorre pluralidade de locais de um mesmo Estado
conflito internacional de jurisdição que se resolve Soberano. Aplica-se o art. 70, do CPP (teoria do
com base no art. 6º, CP (teoria da ubiquidade); resultado).

MNEMÔNICO

LUTA
Lugar do crime = Ubiquidade
Tempo do crime = Atividade

3.1. Extraterritorialidade

Segundo dispõe o art. 7, incisos I e II do CP, é aplicada da lei brasileira ao crime praticado no
estrangeiro se preenchidas as hipóteses legais.

Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: (Redação


dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
I - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; (Incluído pela Lei nº
7.209, de 1984)
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de
Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista,
autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; (Incluído pela Lei nº 7.209, de
1984)
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; (Incluído pela Lei nº
7.209, de 1984)
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; (Incluído
pela Lei nº 7.209, de 1984)
II - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; (Incluído pela Lei
nº 7.209, de 1984)
b) praticados por brasileiro; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de
propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)

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§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que
absolvido ou condenado no estrangeiro.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das
seguintes condições: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
a) entrar o agente no território nacional; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; (Incluído pela Lei nº
7.209, de 1984)
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a
extradição; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar
extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. (Incluído pela Lei nº 7.209, de
1984)

Destaque:
(1) NÃO se aplica a lei brasileira às contravenções penais praticadas no exterior (art. 2°, DL 3.688/41). O
art. 7º do CP é expresso em relacionar a extraterritorialidade da lei penal brasileira aos CRIMES
praticados no estrangeiro.
(2) Não esquecer que a extraterritorialidade da lei penal brasileira é exceção! Por isso, somente é cabível
nas hipóteses taxativas previstas na legislação.

Espécies de extraterritorialidade:
A extraterritorialidade pode ser:
1) Extraterritorialidade INCONDICIONADA (inciso I c/c §1º do art. 7): a simples prática do crime no exterior
já autoriza a incidência da lei brasileira, não existindo nenhuma condição legal para a sua aplicação. As
hipóteses estão previstas no art. 7°, I, CP:

Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: (Redação


dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
I - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; (Incluído pela Lei nº
7.209, de 1984)
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de
Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista,
autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; (Incluído pela Lei nº 7.209, de
1984)

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c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; (Incluído pela Lei nº
7.209, de 1984)
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; (Incluído
pela Lei nº 7.209, de 1984)
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que
absolvido ou condenado no estrangeiro. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)

a. Crimes praticados contra a vida ou a liberdade do Presidente da República


▪ Princípio que justifica? Defesa real ou proteção.
▪ Grave isso, cai muito! Não é honra, patrimônio, nada disso. É vida ou liberdade do PR!

b. Crimes contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de


Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo
Poder Público;
▪ Princípio que justifica? Defesa real ou proteção.

c. Crimes praticados contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
▪ Princípio que justifica? Defesa real ou proteção.

d. Crimes de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil.


▪ Princípios que justifica? genocídio: (cosmopolita ou universalidade), agente brasileiro
(personalidade ativa), domiciliado no Brasil (domicílio).

Muita atenção!
A LEI DE TORTURA prevê mais uma hipótese de extraterritorialidade incondicionada: art. 2°, Lei
9.455/97

“o disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido no
território nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local
sob jurisdição brasileira”.

A extraterritorialidade é chamada de incondicionada em razão do §1º: “Nos casos do inciso I, o


agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.” → ou seja: não
há nenhuma condição para a aplicação da lei brasileira, basta que se enquadre em algumas das hipóteses
legais elencadas no inciso I.

2) Extraterritorialidade CONDICIONADA: Admissível nos crimes previstos no art. 7°, II, CP. É preciso
respeitar as condições cumulativas previstas no §2º também do art. 7º do Código Penal
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Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: (Redação


dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
II - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; (Incluído pela Lei
nº 7.209, de 1984)
b) praticados por brasileiro; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de
propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das
seguintes condições: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
a) entrar o agente no território nacional; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; (Incluído pela Lei nº
7.209, de 1984)
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a
extradição; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar
extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. (Incluído pela Lei nº 7.209, de
1984)

a. Crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;


▪ Princípio: justiça universal

b. Crimes praticados por brasileiro;


▪ Princípio: Personalidade/nacionalidade ativa

c. Crimes praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,


quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.
▪ Princípio: Representação / bandeira / pavilhão

CONDIÇÕES (CUMULATIVAS)

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a) entrar o agente no território nacional;


b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; (PRINCÍPIO DA DUPLA TIPICIDADE)
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a
punibilidade, segundo a lei mais favorável.

3) Extraterritorialidade HIPERCONDICIONADA: Está prevista no art. 7º, §3º do CP.

§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra


brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
b) houve requisição do Ministro da Justiça. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)

A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil
(princípio da personalidade passiva), se, além de reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
a) não tiver sido pedida ou foi negada a extradição;
b) ter havido requisição do Ministro da Justiça.
Parte da doutrina chama esse parágrafo de territorialidade hipercondicionada, tendo em vista que
além das condições cumulativas estabelecidas para a extraterritorialidade condicionada, é preciso preencher
uma dessas outras duas.

Destaque:
COMPETÊNCIA PARA EXTRATERRITORIALIDADE
▪ Regra → via de regra, a competência para julgar o indivíduo que praticou o crime fora do território
nacional, mas que está sujeito à aplicação da lei brasileira, será da Justiça Estadual.
▪ Exceção → se estiver presente alguma das hipóteses do art. 109 da Constituição Federal, a
competência será da Justiça Federal.

Vale também a leitura do art. 88 do CPP, que determina que:

“No processo por crimes praticados fora do território brasileiro, será competente o
juízo da Capital do Estado onde houver por último residido o acusado. Se este nunca
tiver residido no Brasil, será competente o juízo da Capital da República”.

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* Pena cumprida no estrangeiro: Conforme art. 8º, do CP, a pena cumprida no estrangeiro atenua a
pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.

Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo


mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Vamos esquematizar?
HIPÓTESES DE CABIMENTO CONDIÇÕES
a) contra a vida ou a liberdade do Não há condições.
Presidente da República; (Incluído
pela Lei nº 7.209, de 1984) O agente é punido segundo a lei
● Pcp. da Defesa brasileira, ainda que absolvido ou
condenado no estrangeiro. (Incluído
Extraterritorialidade b) contra o patrimônio ou a fé pela Lei nº 7.209, de 1984)
Incondicionada pública da União, do Distrito Federal,
de Estado, de Território, de
Município, de empresa pública,
sociedade de economia mista,
autarquia ou fundação instituída pelo
Poder Público; (Incluído pela Lei nº
7.209, de 1984)
● Pcp da Defesa.

c) contra a administração pública,


por quem está a seu serviço;
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
● Pcp da Defesa

d) de genocídio, quando o agente for


brasileiro ou domiciliado no Brasil;
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984
● Pcp da Defesa X Justiça
Universal

Lei de Tortura (Lei 9.455/97)

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Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se


ainda quando o crime não tenha sido
cometido em território nacional,
sendo a vítima brasileira ou
encontrando-se o agente em local
sob jurisdição brasileira.

a) que, por tratado ou convenção, o a) entrar o agente no território


Brasil se obrigou a reprimir; (Incluído nacional; (Incluído pela Lei nº 7.209,
pela Lei nº 7.209, de 1984) de 1984)

● Pcp da Justiça Universal b) ser o fato punível também no país


em que foi praticado; (Incluído pela
Extraterritorialidade b) praticados por brasileiro; (Incluído Lei nº 7.209, de 1984)
Condicionada pela Lei nº 7.209, de 1984)
c) estar o crime incluído entre
● Pcp da Nacionalidade Ativa aqueles pelos quais a lei brasileira
autoriza a extradição; (Incluído pela
c) praticados em aeronaves ou Lei nº 7.209, de 1984)
embarcações brasileiras, mercantes
ou de propriedade privada, quando d) não ter sido o agente absolvido no
em território estrangeiro e aí não estrangeiro ou não ter aí cumprido a
sejam julgados. (Incluído pela Lei nº pena; (Incluído pela Lei nº 7.209, de
7.209, de 1984) 1984)
▪ Pcp. da Representação.
e) não ter sido o agente perdoado no
estrangeiro ou, por outro motivo,
não estar extinta a punibilidade,
segundo a lei mais favorável.
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
Crime cometido por estrangeiro
contra brasileiro fora do Brasil. CONDIÇÕES DA CONDICIONADA
(+)

Extraterritorialidade a) não foi pedida ou foi negada a


Hipercondicionada extradição; (Incluído pela Lei nº
7.209, de 1984)

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b) houve requisição do Ministro da


Justiça. (Incluído pela Lei nº 7.209, de
1984)

4. EFICÁCIA DA LEI PENAL EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS (IMUNIDADES)

4.1 Introdução

O artigo 5º, caput e inciso I, CF dão espaço para discussões?

Art. 5º, CF - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta
Constituição;

Imunidade diplomática/parlamentar x artigo 5º, caput, e inciso I, da CF


Nesse ponto, deve-se analisar que a isonomia garantida constitucionalmente é substancial,
permitindo tratar os desiguais de forma desigual, na medida de sua desigualdade. Além disso, a imunidade
leva em conta dados objetivos e não subjetivos do agente, haja vista que a imunidade é uma prerrogativa
funcional, e não um privilégio da pessoa. Nesse sentido, é possível dizer que a lei penal se aplica a todos,
nacionais ou estrangeiros, por igual, não existindo privilégios pessoais.
Há, no entanto, pessoas que, em virtude de suas funções, ou em razão de regras internacionais,
desfrutam de imunidades. Logo, longe de ser uma garantia pessoal, trata-se de necessária prerrogativa
funcional, proteção ao cargo ou função desempenhada pelo seu titular. Por isso, a doutrina entende que não
se deve falar em “foro privilegiado”, mas sim em “foro por prerrogativa de função”.

PRIVILÉGIO PRERROGATIVA
É uma exceção da lei comum deduzida da É o conjunto de precauções que rodeiam a função.
situação de superioridade das pessoas que a Servem para o exercício da função.
desfrutam. O privilégio trabalha com a ideia
de que há pessoas superiores a outras.
É subjetivo e anterior à lei. É objetiva e deriva da lei.
Tem uma essência pessoal. É um anexo à qualidade do órgão.
É poder frente à lei. É conduto para que a lei se cumpra.

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É próprio da aristocracia das ordens sociais É próprio das aristocracias das instituições
(nobreza, clero). governamentais.

4.2 Imunidades Diplomáticas

São imunidades de direito público internacional de que desfrutam:

a. Chefes de governo ou de Estado estrangeiro, sua família e membros de sua comitiva;


b. Embaixador e sua família;
c. Funcionários do corpo diplomático e suas respectivas famílias;
d. Funcionários das organizações internacionais, quando em serviço (ex. funcionários da ONU).

A imunidade diplomática garante o que? O Diplomata deve obediência à nossa lei?


Por força da característica da generalidade da lei penal, os agentes diplomáticos devem obediência
ao preceito primário do país em que se encontram. Escapam, no entanto, da sua competência jurídica
(punição – preceito secundário), permanecendo sob a eficácia da lei penal do Estado a que pertencem
(intraterritorialidade).
Primeiramente, é importante observar que a lei penal é formada pelo preceito primário (que possui
o conteúdo criminoso) e pelo preceito secundário (que traz a consequência jurídica – a sanção penal).
O diplomata deve sim obedecer ao preceito primário. O que a imunidade lhe garante é exatamente
escapar das consequências jurídicas, ficando sujeito às consequências do seu país de origem. Então, o
diplomata que mata alguém comete crime sim. O que fica diferente é a consequência jurídica.
E se no país de origem da diplomata não houver punição? Haverá, então, um conflito de direito
internacional, que, ao ser resolvido pelas imunidades, pode levar ao fato de o diplomata não ser punido.
Obs.: Por disposição expressa, o agente diplomático não poderá ser objeto de nenhuma forma de
detenção ou prisão. Veja o art. 29 do Decreto 56.435:

A pessoa do agente diplomático é inviolável. Não poderá ser objeto de nenhuma


forma de detenção ou prisão. O Estado acreditado tratá-lo-á com o devido
respeito e adotará todas as medidas adequadas para impedir qualquer ofensa à
sua pessoa, liberdade ou dignidade.

Note, ainda, que esta inviolabilidade a que estão sujeitos se estende à sua residência particular,
documentos, correspondências e bens (Art. 30, Decreto 56.435)

A residência particular do agente diplomático goza da mesma inviolabilidade


e proteção que os locais da missão.
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2. Seus documentos, sua correspondência e, sob reserva do disposto no


parágrafo 3 do artigo 31, seus bens gozarão igualmente de inviolabilidade.

Obs.: A imunidade diplomática não impede a investigação policial!!!

− Qual a natureza jurídica da imunidade diplomática?


R.: a doutrina majoritária entende que a imunidade diplomática tem natureza jurídica de causa pessoal de
isenção de pena.

− É possível renunciar à imunidade?


1) Diplomata - não pode renunciar à sua imunidade. A imunidade diplomática não pode ser
renunciada pelo diplomata, pois é uma prerrogativa do cargo.
2) País de origem - O país de origem pode renunciar a imunidade do seu diplomata
Ex. caso nos EUA em que um diplomata da Geórgia dirigindo embriagado atropelou a
brasileira. O país renunciou a imunidade do diplomata e ele respondeu de acordo com uma
lei americana.

Em resumo: A imunidade é irrenunciável! É vedado ao seu destinatário abdicar da prerrogativa (pois


esta é do cargo e não da pessoa). Poderá haver renúncia por parte do Estado de origem, ficando o diplomata
sujeito à lei do país em que ocorreu o crime – Art. 32, Dec. 56.435/65:

1. O Estado acreditante pode renunciar à imunidade de jurisdição dos seus agentes


diplomáticos e das pessoas que gozam de imunidade nos termos do artigo 37.
2. A renuncia será sempre expressa.
3. Se um agente diplomático ou uma pessoa que goza de imunidade de jurisdição
nos termos do artigo 37 inicia uma ação judicial, não lhe será permitido invocar a
imunidade de jurisdição no tocante a uma reconvenção ligada à ação principal.
4. A renuncia à imunidade de jurisdição no tocante às ações civis ou administrativas
não implica renúncia a imunidade quanto as medidas de execução da sentença para
as quais nova renúncia é necessária.

− Os agentes consulares desfrutam de imunidade?


R: O agente consular possui imunidade somente nos delitos praticados em razão da função, não
abrangendo os crimes praticados fora da função.

EMBAIXADOR AGENTE CONSULAR

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Possui imunidade: Possui imunidade:


a) Nos crimes comuns; Somente nos delitos praticados em razão da
b) Nos crimes praticados em razão da função.
função.

IMPORTANTE: A embaixada é extensão do território que representa?


Quanto à territorialidade das embaixadas, mesmo havendo divergências entre alguns
doutrinadores, decidiu o STF que as mesmas NÃO FAZEM parte do território do país que
representam, tendo em vista que as sedes diplomáticas, de acordo com a Convenção de Viena,
possuem apenas inviolabilidade. Então, a embaixada não é extensão do território, mas é inviolável
(inviolabilidade = para se cumprir a lei do país no interior da embaixada, deve primeiro se passar pelas regras
de direito internacional, não se podendo cumprir a lei do país nem mesmo se houver mandado judicial, ou
flagrante delito).

4.3 Imunidades Parlamentares

O assunto será abordado com maior profundidade no tema “competência” em


processo penal.

4.3.1. Imunidade Parlamentar absoluta ou material ou real ou substancial ou inviolabilidade ou


indenidade (art.53, caput, CF):

Art. 53, caput, CF - Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e


penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.

A doutrina majoritária e o STF entendem que a imunidade parlamentar absoluta possui natureza jurídica de
causa de atipicidade.

Súmula 245, STF - A imunidade parlamentar não se estende ao co-réu sem essa
prerrogativa.

ATENÇÃO!! ESSA SÚMULA SÓ SE APLICA NO CASO DE IMUNIDADE PARLAMENTAR


RELATIVA (não se aplica para a imunidade parlamentar absoluta).

Para que a imunidade incida, deve haver nexo causal com o exercício da função parlamentar.
Destaque:
(1) Nas dependências do parlamento, o nexo causal é presumido. Fora das dependências do parlamento, o
nexo deve ser comprovado.
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Logo, os deputados e senadores não são imunes somente nas dependências do parlamento. São
imunes dentro e fora do parlamento. Ocorre que, dentro do parlamento, o nexo causal entre a prática do
delito e o exercício da função é presumido (facilitando a incidência da imunidade) e fora do parlamento, esse
nexo deve ser comprovado.

4.3.2. Imunidade Parlamentar relativa ou formal prisional (art.53, §§ 2º e ss, da CF):

Art.53, §2º, CF - Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional


não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os
autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que,
pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. (Redação dada pela
EC nº 35, de 2001)

O termo inicial dessa imunidade é desde a expedição do diploma na Justiça Eleitoral.


A garantia por ela prevista é a de que o parlamentar só pode ser preso em flagrante delito de crime
inafiançável. No âmbito da jurisprudência do STF foi fixado que o parlamentar também poderá ser preso em
razão do trânsito em julgado da sentença penal condenatória, para cumprir a prisão-pena. O art. 53, §2º da
CF/88 veda: a prisão em flagrante de crime afiançável e qualquer prisão cautelar: prisão preventiva e prisão
temporária.

Imunidade formal prisional impede Imunidade formal prisional não impede


1) Prisão em flagrante de crime afiançável 1) Prisão em flagrante de crime inafiançável
2) Prisão temporária 2) Prisão pena
3) Prisão Preventiva.

Destaque:
A imunidade formal prisional não para por aí! Ainda que seja o caso de prisão em flagrante de crime
inafiançável, o art. 53, §2º da CF prevê que o flagrante deverá ser submetido a um procedimento
específico para validá-lo ou não.
a) Os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva
b) A Casa Legislativa respectiva deverá deliberar sobre a prisão pelo voto da maioria de seus membros

Obs.: A casa legislativa faz um juízo político da clausura. O juízo não é jurídico, mas político (conveniência e
oportunidade de se manter o parlamentar preso).

4.3.3. Imunidade formal processual ou relativa ao processo (art.53, §§3º, 4º e 5º, da CF):

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Art.53, CF, §3º - Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime
ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa
respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto
da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da
ação. (Redação pela EC nº 35, de 2001)
§ 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo
improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora.
(Redação pela EC nº 35, de 2001)
§ 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato.
(Redação pela EC nº 35, de 2001)

A imunidade formal processual consiste na prerrogativa de a Casa Legislativa respectiva


(Câmara ou Senado) poder sustar o andamento do processo, suspendendo também a prescrição.
Atenção aos detalhes:
1) A prerrogativa de sustar o andamento do processo somente pode ocorrer após o recebimento da
denúncia contra o parlamentar federal → a imunidade não impede a instauração de Inquérito Policial
e nem a realização de investigação penal (STF).
2) A imunidade de sustar o andamento do processo está adstrita aos crimes ocorridos após a
diplomação. → se o crime tiver ocorrido antes da diplomação, a respectiva Casa em nada poderá
influenciar no andamento do processo.
3) A possibilidade de sustar o andamento do processo só pode acontecer depois que o STF der ciência
à respectiva Casa do recebimento da denúncia em face do parlamentar federal.
4) O pedido de sustação do andamento do processo criminal contra o parlamentar federal deve ter a
iniciativa de partido político representado na respectiva Casa Legislativa;
5) A deliberação sobre o pedido de sustação do processo deve ser pelo voto da maioria dos membros
da Casa.
6) O pedido de sustação pode ser formalizado até a decisão final do processo criminal que corre contra
o parlamentar federal, mas uma vez formalizado, deverá ser decidido no prazo improrrogável de
quarenta e cinco dias a partir do recebimento pela Mesa Diretora.
7) Um vez deliberada pela sustação do processo, haverá a suspensão da prescrição enquanto durar o
mandato.

CUIDADO!! A imunidade não impede a instauração de Inquérito Policial e nem a realização de investigação
penal (STF). Essa investigação depende de autorização do STF, mas, uma vez autorizada a investigação pelo
STF, não é possível suspendê-la.

4.3.4. Imunidade relativa à condição de testemunha (art.53, §6º, da CF):

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Art.53, §6º, CF - Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar


sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem
sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações. (Redação
dada pela EC nº 35, de 2001)

Os deputados e senadores, quando arrolados, são obrigados a servir como testemunha. Eles prestam
o compromisso de dizer a verdade. Contudo, não estão obrigados a testemunhar sobre as informações
recebidas ou prestadas em razão do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles
receberam as informações.
Ressalta-se que os Congressistas serão inquiridos em local, dia e hora previamente ajustados entre
eles e o juiz, nos termos do art.221, do CPP.

Art. 221, CPP - O Presidente e o Vice-Presidente da República, os senadores e


deputados federais, os ministros de Estado, os governadores de Estados e
Territórios, os secretários de Estado, os prefeitos do Distrito Federal e dos
Municípios, os deputados às Assembléias Legislativas Estaduais, os membros do
Poder Judiciário, os ministros e juízes dos Tribunais de Contas da União, dos
Estados, do Distrito Federal, bem como os do Tribunal Marítimo serão inquiridos
em local, dia e hora previamente ajustados entre eles e o juiz.

Obs1: O parlamentar indiciado (sujeito à investigação policial) não tem a prerrogativa a que se refere
o artigo 221, do CPP. Essa prerrogativa é apenas para a qualidade de testemunha.
Obs2: O STF, na AP 421, mitigou a prerrogativa do art.221, do CPP, pois utilizada para procrastinar
intencionalmente o regular andamento e desfecho do processo (o parlamentar ficou marcando e
desmarcando o horário e data da inquirição. Então, o juiz designou dia e horário e determinou a inquirição
no dia e horário e local determinados pelo juiz).

EMENTA AP 421: QUESTÃO DE ORDEM. AÇÃO PENAL. DEPUTADO FEDERAL


ARROLADO COMO TESTEMUNHA. NÃO INDICAÇÃO DE DIA, HORA E LOCAL PARA A
OITIVA OU NÃO COMPARECIMENTO NA DATA JÁ INDICADA. AUSÊNCIA DE JUSTA
CAUSA PARA O NÃO ATENDIMENTO AO CHAMADO JUDICIAL. DECURSO DE MAIS
DE TRINTA DIAS. PERDA DA PRERROGATIVA PREVISTA NO ART. 221, CAPUT, DO
CPP. Passados mais de trinta dias sem que a autoridade que goza da prerrogativa
prevista no caput do art. 221 do CPP tenha indicado dia, hora e local para a sua
inquirição ou, simplesmente, não tenha comparecido na data, hora e local por ela
mesma indicados, como se dá na hipótese, impõe-se a perda dessa especial
prerrogativa, sob pena de admitir-se que a autoridade arrolada como testemunha
possa, na prática, frustrar a sua oitiva, indefinidamente e sem justa causa. Questão
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de ordem resolvida no sentido de declarar a perda da prerrogativa prevista no


caput do art. 221 do CPP, em relação ao parlamentar arrolado como testemunha
que, sem justa causa, não atendeu ao chamado da justiça, por mais de trinta dias.

4.3.5. Imunidades dos Parlamentares dos Estados (deputados estaduais):

Art. 27, §1º, da CF: Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais,
aplicando- sê-lhes as regras desta Constituição sobre sistema eleitoral,
inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato, licença,
impedimentos e incorporação às Forças Armadas.

Os parlamentares dos Estados possuem as mesmas imunidades dos deputados federais, em razão da
clausula de equiparação expressa prevista no art. 27, §1º da F (aplicando, portanto, o princípio da simetria).
Em 2019, o Pleno do STF decidiu nesse sentido.

4.3.6. Imunidades dos Parlamentares dos Municípios (vereadores):

CF, Art. 29, VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras e votos
no exercício do mandato e na circunscrição do Município; (Renumerado do inciso
VI, pela Emenda Constitucional nº 1, de 1992);

A Constituição Federal no art. 29, VIII apenas prevê expressamente a imunidade material aos
vereadores, as imunidades formais - prisional e processual – não foram concedidas e segundo doutrina e
jurisprudência pacífica do STF, não podem ser contempladas nas Constituições estaduais.

Atenção:
A imunidade material dos vereadores possui 2 limitações:
1º) limitação funcional → nexo funcional ou pertinência temática das palavras, votos e opiniões
com a função parlamentar.
2º) limitação espacial → imunidade material limitada a circunscrição do Município. Pode ser fora
do recinto da própria Câmara dos Deputados, desde que respeitado os estritos limites territoriais
do Município a que se acha funcionalmente vinculado.

5. EFICÁCIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA

Dispõe o art. 9º, do CP: A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie
as mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil para:

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Obrigar o condenado à:
I- ● Reparação de danos civis - Depende de requerimento da parte interessada
● Restituições
● Outros efeitos civis
II - ● Sujeitar o condenado à medida - Depende da existência de tratado de extradição
de segurança. entre o BR e o país de origem
- OU Requisição do MJ
Obs.: Efeitos incondicionados
● Reincidência - INDEPENDEM de homologação.
● Detração

Em regra, a sentença estrangeira NÃO precisa ser homologada no Brasil para gerar efeitos, bastando
prova legal da existência de condenação. No entanto, a sentença estrangeira necessita ser homologada no
Brasil pelo STJ (art. 105, I, “i”, da CF/88) para gerar:
● Efeitos civis, a exemplo da reparação de danos: depende de pedido da parte interessada;
● Sujeição à medida de segurança:
∘ Se existir tratado de extradição: requisição do PGR;
∘ Se inexistir tratado de extradição: Requisição do Ministro de Justiça.
Atenção: a súmula 420 do STF diz o seguinte: Não se homologa sentença proferida no estrangeiro
sem prova do trânsito em julgado.
Porém, com a entrada em vigor do CPC/2015, que previu os requisitos para a homologação da
sentença estrangeira, foi tacitamente revogado o art. 216-D, III, do RISTJ, que exigia o trânsito em julgado.
Agora, basta apenas que ela seja eficaz em seu país de origem. (Info 626 do STJ)

6. CONTAGEM DO PRAZO E FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS DA PENA

Contagem de prazo
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os
meses e os anos pelo calendário comum.

Ao contrário dos prazos processuais, os prazos penais são improrrogáveis e, na sua contagem, o dia
de início se inclui no cálculo.

Frações não computáveis da pena


Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de
direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro.

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7. CONFLITO APARENTE DE NORMAS

O conflito aparente de normas ocorre quando há um só fato e, aparentemente, duas ou mais normas
vigentes são aplicáveis a ele.

A) REQUISITOS:
● Unidade de fato (fato único);
● Pluralidade de normas;
● Vigência simultânea de todas elas.

*ATENÇÃO: Aqui não se trata de sucessão de leis penais no tempo, mas de duas leis penais que estão em
vigor simultaneamente e – aparentemente – se aplicam ao mesmo fato. Se não estão vigentes, aí sim o
assunto é o conflito de leis penais no tempo, que se resolverá, em regra, pela posterioridade; e,
excepcionalmente, pela lei penal mais benéfica (art. 4º do CP).

B) PRINCÍPIOS ORIENTADORES:

1) PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE:
A lei especial derroga a lei geral. O princípio da especialidade é de utilização obrigatória e prevalece
sobre os demais. Destaque-se que se exclui a aplicação da lei geral no caso concreto, mas não há revogação.
É a soma dos elementos da lei geral com elementos especializantes. Pode estar no mesmo diploma
legislativo ou diversos.
Ex (1): homicídio e infanticídio;

Art. 121. Matar alguem:


Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

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Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o
parto ou logo após:
Pena - detenção, de dois a seis anos.

* ATENÇÃO: O princípio da especialidade é o único que se aplica sempre de maneira abstrata! Ou


seja: a comparação entre a norma geral e a norma especial é feita no plano abstrato.

Todos os outros princípios são aplicados em concreto (comparação em concreto)

2) PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE:
Como explica Cleber Masson, há subsidiariedade entre duas leis penais quando ambas tratam de
estágios ou graus diversos de ofensa a um mesmo bem jurídico, de forma que a ofensa mais ampla e dotada
de maior gravidade, descrita pela lei primária, engloba a ofensa menos ampla, contida na subsidiária, ficando
a aplicabilidade desta condicionada à não incidência da outra.
A norma subsidiária só se aplica quando não houver subsunção do fato à norma mais grave, que é a
norma principal, devendo então ser aplicada a norma subsidiária, que segundo Hungria funciona como
soldado de reserva.
A subsidiariedade pode ser:
∘ Expressa: ocorre quando o próprio tipo penal traz a fórmula “se não houver crime mais
grave”, como por exemplo, temos o crime de dano qualificado, previsto no art. 163, p. único,
II do CP (...) “se o crime é cometido com emprego de substância inflamável ou explosiva, se
o fato não constitui crime mais grave”.

Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:


Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único - Se o crime é cometido:
II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui
crime mais grave

∘ Tácita: ocorre quando o tipo penal não traz a fórmula, mas é possível perceber o caráter de
subsidiariedade da norma. Ex: roubo e furto, a depender de haver ou não a violência ou grave
ameaça.

* ATENÇÃO: No contexto da incidência do princípio da subsidiariedade: o delito menos grave


funcionará como CRIME DE PASSAGEM ou TIPO PENAL DE PASSAGEM.

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Crime de passagem ou Ubi Major mino cessati (o delito de menor gravidade resta como subsidiário diante
de um delito de maior gravidade -> é o crime que eu pratico quando quero praticar um crime mais grave.

Exemplo: Crime de dano é subsidiário ao crime de furto qualificado pelo rompimento de obstáculo. Ora,
para o indivíduo praticar o furto pelo rompimento de obstáculo, ele necessariamente tem que praticar um
dano. Assim, o dano é um elemento qualificador da figura típica do furto qualificado. Pelo princípio da
subsidiariedade, o indivíduo responde apenas pelo furto qualificado. Se, eventualmente faltar uma
elementar para o crime de furto, resta o soldado de reserva: crime de dano.

3) PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO:
Verifica-se quando o crime previsto por uma norma (consumida) não passa de uma fase de realização
do crime previsto em outra norma (consuntiva) ou é uma norma de transição para o último (crime
progressivo). A consunção pressupõe que esses crimes protejam o mesmo bem jurídico. Aplica-se às
seguintes hipóteses:
a) Crime progressivo: Quando o agente, para alcançar um resultado ou crime mais grave, precisa passar
por um crime menos grave. Ex: Para o homicídio, passa-se pela lesão corporal;
b) Progressão criminosa: Há alteração do dolo. O agente pretende inicialmente produzir um resultado
e, depois de alcançá-lo opta por prosseguir na prática ilícita e reinicia outra conduta, produzindo um
evento mais grave. É uma nova vontade que surge na execução. O fato inicial fica absorvido só
respondendo pelo último.
c) Fato anterior impunível (ante factum impunível): são fatos anteriores que estão na linha de
desdobramento da ofensa mais grave. A diferença é que no crime progressivo o crime anterior era
obrigatório; aqui o crime anterior (meio) foi o escolhido dentre os possíveis. Ex: Súmula 17, STJ:
“quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido”. O
agente pratica falsidade documental, visando cometer um estelionato. A falsidade foi um crime-meio
para prática do estelionato, desse modo, é um “ante factum” impunível.
d) Fato simultâneo impunível: também chamado de concomitante impunível, é aquele praticado no
mesmo momento em que é praticado o fato principal. Ex: estupro em via pública (o ato obsceno é
um meio para prática do estupro).
e) Fato posterior impunível (post factum impunível): o fato posterior impunível retrata o exaurimento
do crime principal praticado pelo agente, por ele não podendo ser punido. Aqui se absorve o crime
praticado, após exaurido o crime querido. Falsificação de documento e uso de documento falso –
quando praticados pelo mesmo agente, ele só responde pela falsificação.

4) PRINCÍPIO DA ALTERNATIVIDADE:
a) Própria - tem aplicação nos crimes plurinucleares, ou seja, crimes de ação múltipla ou conteúdo
variado, que são crimes compostos de pluralidade de verbos nucleares (ações típicas). Nesse caso, o

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SEMANA 01/13

crime permanece único, não desnatura a unidade do crime. Ex.: art. 33 da Lei de Drogas. Ex.:
importar, guardar, transportar e vender a droga.
b) Imprópria: quando duas ou mais normas penais disciplinam o mesmo fato.

HIPÓTESES CASUÍSTICAS DE INCIDÊNCIA DO PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO OU ABSORÇÃO:

Ex. (1): O crime consumado (delito perfeito) absorve o crime tentado (delito imperfeito) = a consumação
absorve a tentativa

Ex. (2): O crime de dano absorve o crime de perigo

Ex. (3): PORTE ILEGAL DE ARMA E RECEPTAÇÃO DOLOSA.

AQUELE QUE ADQUIRE ARMA DE FOGO CUJA ORIGEM SABE SER ILÍCITA RESPONDE
POR DELITO CONTRA O PATRIMÔNIO, NO MOMENTO EM QUE SE APODERA DA RES.
SE DEPOIS MANTIVER CONSIGO A ARMA, CIRCULANDO COM ELA OU MANTENDO-
A GUARDADA, E VIER A SER FLAGRADO, RESPONDERÁ PELO CRIME DE PORTE
ILEGAL DE ARMA TIPIFICADO NO ART.14 DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO (LEI
N.10.826/2003).ASSIM, COMO OS DOIS DELITOS PRATICADOS PELO ORA
RECORRIDO POSSUEM OBJETIVIDADE JURÍDICA DIVERSA E MOMENTOS DE
CONSUMAÇÃO DIFERENTES, NÃO HÁ QUE SE FALAR EM CONSUNÇÃO. AQUELES
CRIMES SÃO AUTÔNOMOS, DEVENDO O RECORRIDO RESPONDER A AMBOS EM
CONCURSO MATERIAL. DAÍ, A TURMA CONHECEU DO RECURSO E DEU
PROVIMENTO A ELE PARA CONDENAR O RÉU QUANTO AO DELITO PREVISTO NO
ART. 180, CAPUT, DO CP, EM CONCURSO MATERIAL COM O DELITO TIPIFICADO NO
ART. 14 DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO, DETERMINANDO O RETORNO DOS
AUTOS PARA A PROLAÇÃO DE NOVA SENTENÇA. STJ, 5ªT, HC 55.469-RJ, DJE
8/9/2008. RESP 1.133.986-RS, REL. MIN. JORGE MUSSI, JULGADO EM
4/5/2010.(INF.433STJ)

Tribunais vêm afirmando que os crimes de porte ilegal de arma e receptação dolosa possuem bens
jurídicos distintos, vítimas distintas, momentos de consumação diferentes, motivo pelo qual não há
consunção entre eles.
Não há o que se falar em esgotamento de potencialidade lesiva da receptação no crime de porte
(como um crime de dano será absorvido pelo crime de perigo, embora de menor gravidade?)
Embora haja uma relação de meio-fim e múnus-plus, não há o respeito ao esgotamento da
potencialidade lesiva.

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SEMANA 01/13

Ex. (4) LEGÍTIMA DEFESA E USO DE ARMA DE FOGO

A 1ª TURMA, POR MAIORIA, JULGOU EXTINTO “HABEAS CORPUS” EM QUE SE


DISCUTIA A APLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO EM HIPÓTESE DE
PRÁTICA DE HOMICÍDIO COM O USO DE ARMA DE FOGO DE NUMERAÇÃO
RASPADA. NO CASO, O PACIENTE FORA ABSOLVIDO SUMARIAMENTE EM RELAÇÃO
AO DELITO DE HOMICÍDIO, UMA VEZ SUA CONDUTA HAVER CARACTERIZADO
LEGÍTIMA DEFESA. NÃO OBSTANTE, REMANESCIA A PERSECUÇÃO PENAL NO
TOCANTE AO CRIME DE POSSE E PORTE DE ARMA DE FOGO. A TURMA REPUTOU
QUE OS TIPOS PENAIS SERIAM DIVERSOS, E QUE A EXCLUDENTE DE ILICITUDE
RECONHECIDA QUANTO AO HOMICÍDIO NÃO ALCANÇARIA A POSSE ILEGAL DE
ARMA DE FOGO COM NUMERAÇÃO RASPADA.VENCIDO
OMINISTROLUIZFUX(RELATOR),QUE CONCEDIA A ORDEM DE OFÍCIO,POR
ENTENDER INCIDIR O PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO. STF, 1ª T, HC 120678/PR, REL.
ORIG. MIN. LUIZ FUX, RED. P/ O ACÓRDÃO MIN. MARCO AURÉLIO,
24.2.2015(INF.775STF)

Contexto fático: indivíduo pratica um fato típico, mas não ilícito (amparado por uma excludente de
ilicitude – legítima defesa). Ocorre que, o meio pelo qual ele utilizou para repelir a injusta agressão era uma
arma de fogo com numeração raspada, do qual ele não tinha o devido registro.

MNEMÔNICO

SECA
S ubsidiariedade
E specialidade
C onsunção
A lternatividade

Os 3 primeiros são unânimes na doutrina e o 4º não. Então na hora de marcar, fique atento ao
comando da questão.
Objetivo do instituto: Evitar o bis in idem e manter a unidade lógica e a coerência do sistema penal.
Pode até haver conflitos entre normas, mas o sistema é único, perfeito e apresenta ele próprio meios para
solucioná-los.

Já caiu em prova:

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SEMANA 01/13

(CESPE - 2018 - PC-MA – Investigador) Para solucionar o conflito aparente de normas, são
empregados os princípios da:
especialidade e da subsidiariedade. [certo]
especialidade e da proporcionalidade.
proporcionalidade e da subsidiariedade.
subsidiariedade e da fragmentariedade.
fragmentariedade e da especialidade.

Referências Bibliográficas

- Direito Penal – Parte Geral – Volume 1 – 13ª edição – Cleber Masson;


- Sinopse nº1 – Direito Penal – Parte geral – 7ª edição – Alexandre Salim e Marcelo André de Azevedo;
- Manual de Direito Penal – Parte geral – 7ª edição – Rogério Sanches Cunha;

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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

QUESTÕES PROPOSTAS

1 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-SE - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-SE - Escrivão de Polícia

Acerca da aplicação da lei penal, julgue o item que se segue.

Na sucessão de leis penais no tempo, é aplicável aquela mais favorável ao réu, seja ela contemporânea ao
crime, seja aquela em vigor na data da prolação da sentença.

Certo
Errado

2- - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-SE - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-SE - Escrivão de Polícia

Acerca da aplicação da lei penal, julgue o item que se segue.

Considere que um cidadão nascido no Chile tenha cometido um crime de estupro naquele país, após a
obtenção de sua naturalização secundária como brasileiro, com todos os efeitos legais a ela inerentes. Nesse
caso, é possível a aplicação da lei penal brasileira, sendo condição de procedibilidade para o início da ação
penal a entrada do agente em território nacional.

Certo
Errado

3 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil

Em 10/1/2017, Robson praticou delito previsto na lei A, cuja pena era de reclusão de 3 a 6 anos. Em
30/4/2019, a lei A foi revogada pela lei B, que passou a prever pena de 1 a 3 anos de reclusão para a conduta
praticada por Robson. Ocorre que, em 20/5/2020, entrou em vigor a lei C, revogando a lei B e passando a
atribuir à conduta praticada por Robson pena de reclusão de 2 a 4 anos.
Considere que Robson foi denunciado pelo delito em 30/5/2020 e, na data de hoje, ele está sendo
sentenciado. Nessa hipótese, é correto afirmar que

A-será aplicada a Robson a lei A, por ser aquela em vigor no dia de sua conduta.
B-será aplicada a Robson a lei B, por ser a mais benéfica.
C-será aplicada a Robson a lei C, por ser a mais recente, que revogou as demais leis anteriores.

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SEMANA 01/13

D-poderão ser aplicadas a lei A ou a lei C; a primeira porque era a lei em vigor no dia da conduta e a segunda
porque é a lei mais recente. A escolha ficará a critério do juiz, que deverá optar pela mais favorável ao caso
concreto.
E-será aplicada a Robson a lei C, não só porque é a mais recente, mas também porque é mais benéfica se
comparada à lei A, que vigorava no dia da conduta.

4 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil

Em relação ao lugar do crime, territorialidade e extraterritorialidade da lei penal, assinale a alternativa


correta.

A-Se a execução de um delito ocorrer em território nacional, mas o resultado ocorrer em território
estrangeiro, não é correto afirmar que tal delito ocorreu em território nacional.
B-Ficam sujeitos à lei penal brasileira, embora cometidos no estrangeiro, independentemente de condições,
os crimes praticados por brasileiro contra brasileiro ou estrangeiro residente no Brasil.
C-Se a execução de um delito ocorrer em território estrangeiro, mas o resultado ocorrer em território
nacional, é correto afirmar que tal delito ocorreu em território nacional.
D-Crime cometido no estrangeiro contra a vida ou liberdade do Presidente da República brasileiro está sujeito
a lei penal brasileira desde que o agente não tenha sido absolvido no estrangeiro.
E-Não se consideram extensão do território nacional aeronaves privadas a serviço do governo brasileiro em
espaço aéreo correspondente a outro país.

5 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil

Janaína está grávida de dez semanas e deseja praticar um aborto. Ela descobre que está próximo à costa
brasileira, mas em espaço classificado como “alto-mar”, o navio de uma ONG holandesa que viaja pelo
mundo fornecendo informações, contraceptivos e realizando abortos seguros em gestações de até doze
semanas, nos termos da legislação holandesa. Para tanto, Janaína aluga uma embarcação privada e sai do
porto de Santos-SP com destino ao navio da mencionada organização não governamental, que está ancorado
a vinte milhas náuticas da costa brasileira. Ali, de forma livre e consciente, Janaína realiza o aborto. Na volta,
ao descer da embarcação alugada, já em solo brasileiro, Janaína é presa pela Polícia Federal pela prática de
delito de aborto, sendo certo que ela confessa toda a sua conduta.

Nessa hipótese, assinale a alternativa correta.

A-Janaína pode ser responsabilizada pelo delito de aborto segundo a lei penal brasileira, pois a execução
começou a se dar no território nacional, já que ela alugou um barco com essa finalidade.

175
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

B-Janaína não praticou crime algum. O aborto foi cometido fora do território nacional, mais precisamente
em território holandês, pois a embarcação holandesa estava em alto-mar. Dessa forma, Janaína não pode
ser responsabilizada pela lei penal brasileira na hipótese.
C-Como Janaína alugou uma embarcação privada para dirigir-se até o navio da ONG, considera-se que o início
da execução do delito se deu em território nacional; portanto, a lei penal brasileira é aplicável, e Janaína
poderá responder pelo delito de aborto.
D-Houve crime de aborto e Janaína poderá ser responsabilizada por ele, mesmo tendo sido praticada, a
conduta, a bordo de um navio privado de bandeira holandesa, pois, como a embarcação é privada, aplica-se
a lei penal brasileira.
E-Como a embarcação é privada e estava em alto-mar, vale a lei penal brasileira, razão pela qual Janaína
poderá ser responsabilizada pelo delito de aborto desde que a Holanda não resolva processá-la
criminalmente pelo fato.

6- 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil

Ricardo praticou delito previsto em lei penal temporária no dia 6/8/2014 e por tal crime foi denunciado no
dia 29/8/2014. A denúncia foi recebida em 3/9/2014. Em audiência una de instrução e julgamento, ocorrida
em 7/4/2015, a defesa de Ricardo sustentou tese de abolitio criminis e consequente hipótese de extinção de
punibilidade de Ricardo, ao argumento de que a lei que criminalizava a conduta teve vigência apenas de
5/6/2012 até 31/12/2014; assim, na data da audiência, a conduta imputada ao réu já seria atípica. Nesse
sentido, assinale a alternativa correta.

A-A defesa de Ricardo tem razão; de fato, ocorreu abolitio criminis, motivo pelo qual a absolvição se impõe.
B-Não é hipótese de abolitio criminis, mas de verdadeira descriminalização, o que impõe absolvição pela
extinção de punibilidade.
C-Não se trata de lei penal temporária, mas sim de lei penal excepcional, que perdurou enquanto duraram
as circunstâncias excepcionais que determinaram sua edição. Ela continuará a ser aplicada.
D-A defesa de Ricardo não está com razão. Embora seja hipótese de lei penal temporária e tendo decorrido
o período de sua duração, ela continuará a ser aplicada aos fatos ocorridos sob sua vigência.
E-Quer se trate de lei penal temporária, quer se trate de lei penal excepcional, a absolvição de Ricardo é
medida que se impõe, pois a lei penal não retroage, salvo em benefício do réu, tal como deve correr na
hipótese.

7 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil

Alexandre praticou, em 30/10/2019, delito de furto com emprego de explosivo. E por tal crime foi
denunciado no dia 10/11/2019, com recebimento da inicial acusatória ocorrida no mesmo dia. Após a

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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

instrução criminal, foi condenado. Na sentença, datada do dia 14/12/2020, o juiz apontou a hediondez do
delito e levou em consideração essa informação na fixação da pena.

Nessa hipótese, assinale a alternativa correta.

A-O juiz agiu corretamente ao ter considerado a hediondez do delito, pois, embora o caráter hediondo do
delito tenha vindo após a conduta de Alexandre, não altera a tipificação do crime.
B-O juiz não poderia ter considerado a hediondez do delito, visto que a inserção do furto com emprego de
explosivo na lei de crimes hediondos ocorreu após a conduta de Alexandre.
C-O furto com emprego de explosivo não é crime hediondo, apenas o roubo com emprego de explosivo.
D-O juiz não agiu corretamente, mas o caráter hediondo do delito praticado por Alexandre poderá influenciar
na execução da pena, para fins de progressão de regime, por exemplo.
E-O juiz agiu corretamente e, além disso, a hediondez do delito praticado por Alexandre também poderá
influenciar na execução da pena, para fins de progressão de regime, por exemplo.

8 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-DF - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-DF - Escrivão de Polícia da Carreira
de Polícia Civil do Distrito Federal

Jamil telefonou para Lurdes simulando o sequestro da neta dela. Ambos localizavam-se em Brasília – DF.
Ludibriada, Lurdes enviou dinheiro à conta de Jorge, nascido e residente no Paraguai e comparsa de Jamil.
Jorge foi condenado e cumpriu pena no estrangeiro pelos fatos narrados.
No que se refere a essa situação hipotética, julgue o item que se segue.
É correto afirmar que o crime relatado na situação em tela foi praticado tanto no Brasil quanto no Paraguai.

Certo
Errado

9- 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-DF - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-DF - Agente de Polícia da Carreira de
Polícia Civil do Distrito Federal
No que diz respeito à aplicação do Direito Penal, julgue o próximo item.

Quando a lei penal tiver validade para determinado período de tempo, o fato praticado durante esse período
continuará a ser punível mesmo após o término de vigência da lei.

Certo
Errado

177
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

10- 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-DF - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-DF - Agente de Polícia da Carreira
de Polícia Civil do Distrito Federal

No que diz respeito à aplicação do Direito Penal, julgue o próximo item.

Ocorre abolitio criminis quando o tipo penal é revogado por outra norma, e a norma revogadora desloca o
caráter criminoso do fato para outro tipo penal recém-criado.

Certo
Errado

11 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-DF - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-DF - Agente de Polícia da Carreira
de Polícia Civil do Distrito Federal

No que diz respeito à aplicação do Direito Penal, julgue o próximo item.

A competência para julgar crimes ocorridos dentro de embaixadas estrangeiras situadas em Brasília é, em
princípio, da justiça brasileira.

Certo
Errado

12 - 2021 - INSTITUTO AOCP - PC-PA Provas: INSTITUTO AOCP - 2021 - PC-PA - Escrivão de Polícia Civil

Considere a seguinte situação hipotética:

Em razão do aumento nos casos de furto no país, foi publicada, em 10/04/2020, lei penal prevendo que,
durante o período de 01/05/2020 até 31/12/2020, a pena do crime de furto simples seria de reclusão, de
dois a cinco anos, devendo, ao término do período estipulado pela lei, voltar a ser a pena prevista
anteriormente (reclusão, de um a quatro anos).

Mário, no dia 18/07/2020, praticou o crime de furto simples, todavia, diante da morosidade do Poder Público,
ele só veio a ser denunciado pelos fatos na data de 20/01/2021. De acordo com o Código Penal, Mário, se
condenado, estará sujeito à pena de reclusão de

A-um a quatro anos, em razão da retroatividade da lei penal mais benéfica.


B-um a quatro anos, em razão da irretroatividade da lei penal mais gravosa.
C-um a quatro anos, aplicando-se, por analogia, a lei penal mais favorável ao réu.
178
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

D-dois a cinco anos, em virtude da ultratividade da lei temporária.


E-dois a cinco anos, por se tratar de lei excepcional.

13 - 2021 - INSTITUTO AOCP - PC-PA Provas: INSTITUTO AOCP - 2021 - PC-PA - Escrivão de Polícia Civil

Analise a seguinte situação hipotética:

Três chilenos, revoltados com a derrota da seleção de futebol de seu país para o Brasil, depredaram uma
sede internacional da Petrobras, localizada em Paris (França). Nesse caso, eles estão sujeitos à aplicação da
lei penal brasileira, uma vez que se trata de hipótese de

A-território brasileiro por extensão.


B-territorialidade mitigada.
C-extraterritorialidade condicionada, em razão do princípio cosmopolita.
D-extraterritorialidade incondicionada, em razão do princípio da bandeira.
E-extraterritorialidade incondicionada, em razão do princípio da defesa.

14 - 2021 - INSTITUTO AOCP - PC-PA - INSTITUTO AOCP - 2021 - PC-PA - Investigador de Polícia Civil

Analise a seguinte situação hipotética:

Vicente, brasileiro, durante suas férias em Moscou (Rússia), cometeu o crime de roubo contra uma loja de
conveniência local e, lá, foi processado e condenado à pena de quatro anos de reclusão, os quais já foram
integralmente cumpridos. Ocorre que, pelo mesmo crime, também foi processado e condenado, no Brasil, à
pena de sete anos de reclusão. De acordo com o Código Penal, Vicente

A-não deverá cumprir pena alguma no Brasil, tendo em vista que já cumpriu integralmente sua pena na
Rússia.
B-não deverá cumprir pena alguma no Brasil, haja vista que o caso narrado representa hipótese de
extraterritorialidade incondicionada.
C-deverá cumprir, em razão da soberania brasileira, mais sete anos de reclusão no Brasil.
D-deverá cumprir, em virtude do princípio da independência das instâncias, mais sete anos de reclusão no
Brasil.
E-deverá cumprir, ainda, três anos de reclusão no Brasil.

15 - 2021 - INSTITUTO AOCP - PC-PA - INSTITUTO AOCP - 2021 - PC-PA - Investigador de Polícia Civil

179
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

André cumpre pena em estabelecimento prisional em razão de condenação transitada em julgado pela
prática do crime de peculato. Carlos, já condenado em primeira instância, responde em liberdade, em grau
de recurso, perante o Tribunal de Justiça do Pará, pela suposta prática do crime de peculato. Advém que
entrou em vigor nova lei penal que extirpou do ordenamento jurídico o crime de peculato, ocorrendo a
abolitio criminis. Considerando as situações hipotéticas narradas, assinale a alternativa correta.

A-A inovação legislativa não poderá beneficiar André e Carlos, haja vista que não estava em vigor na data dos
fatos.
B-A abolitio criminis beneficiará Carlos, mas não poderá ser aplicada a André, pois, nesse caso, já ocorreu o
trânsito em julgado da sentença penal condenatória.
C-A abolitio criminis beneficiará André e Carlos, cessando, em virtude dela, a execução e os efeitos penais e
civis da sentença penal condenatória.
D-A nova lei penal beneficiará André e Carlos e será aplicada, em ambos os casos, pelo juiz natural de 1º grau
competente no caso concreto.
E-A abolitio criminis beneficiará André e Carlos, sendo que, para este, será aplicada pelo Tribunal de Justiça
do Pará e, para aquele, tal mister compete ao Juízo das execuções.

16 - 2021 - INSTITUTO AOCP - PC-PA - INSTITUTO AOCP - 2021 - PC-PA - Investigador de Polícia Civil

Em consonância ao Código Penal, foram adotadas, via de regra, quanto ao tempo e ao lugar do crime, bem
como quanto ao concurso de pessoas, respectivamente, as teorias

A-do resultado, da atividade e monística.


B-da atividade, do resultado e pluralística.
C-da atividade, mista e unitária.
D-do resultado, da ubiquidade e unitária.
E-da ubiquidade, da atividade e monística.

17 - 2021 - INSTITUTO AOCP - PC-PA - INSTITUTO AOCP - 2021 - PC-PA - Investigador de Polícia Civil

Em determinado momento de escassez de água, em razão da ausência de chuvas, entrou em vigor nova lei
penal que tornou crime a conduta de lavar carros e/ou calçadas, enquanto perdurasse o período de
racionamento de água. Diante do caso hipotético exposto, é correto afirmar que a referida legislação é um
exemplo de lei penal

A-retroativa.
B-temporária.
C-excepcional.
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

D-Intermediária.
E-exculpante.

18 - 2021 -INSTITUTO AOCP -PC-PA -INSTITUTO AOCP - 2021 - PC-PA - Escrivão de Polícia Civil

Analise a seguinte situação hipotética:

Hércules, que é francês, viajou de férias à Costa Rica com sua esposa Xena, de nacionalidade colombiana. Em
determinado momento das férias, após forte desentendimento entre o casal, Hércules cometeu o crime de
feminicídio contra Xena. Desesperado, após o ocorrido, fugiu para o Brasil. Considerando que o Brasil, por
meio de tratado internacional, obrigou-se a reprimir o referido delito, Hércules estará sujeito à lei brasileira
em razão do princípio da

A-universalidade do direito de punir.


B-proteção.
C-personalidade.
D-bandeira.
E-territorialidade temperada.

19 - 2021 -INSTITUTO AOCP -PC-PA -INSTITUTO AOCP - 2021 - PC-PA - Escrivão de Polícia Civil

Analise a seguinte situação hipotética:

Vanderlei, holandês, cometeu um crime na China e lá foi processado e condenado à pena de seis anos de
reclusão, os quais já foram integralmente cumpridos. Advém que, pelo mesmo crime, também foi processado
e condenado no Brasil à pena de onze anos de reclusão. De acordo com o Código Penal, considerando que
se trata de uma das hipóteses de extraterritorialidade incondicionada, Vanderlei

A-não deverá cumprir pena alguma no Brasil, haja vista que China e Brasil não possuem tratado de extradição.
B-não deverá cumprir pena alguma no Brasil, uma vez que já cumpriu integralmente sua pena na China.
C-não deverá cumprir pena alguma no Brasil, em virtude da incidência do princípio da proibição do bis in
idem.
D-deverá cumprir, ainda, cinco anos de reclusão no Brasil.
E-deverá cumprir, em razão da soberania brasileira, mais onze anos de reclusão no Brasil.

20 - 2019 -INSTITUTO AOCP -PC-ES -INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Investigador

De acordo com o Código Penal, assinale a alternativa correta.


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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

A-Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela
a execução, mas não os efeitos penais da sentença condenatória
B-A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, exceto se
decididos por sentença condenatória transitada em julgado.
C-Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves
brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como
as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem,
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
D-Considera-se praticado o crime no momento em que o agente atinge o resultado pretendido.
E-Em nenhuma situação, a lei brasileira pode ser aplicada aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou
embarcações estrangeiras de propriedade privada.

Respostas5

5
1: C 2: C 3: B 4: C 5: B 6: D 7: B 8: C 9: C 10: E 11: C 12: D 13: E 14: A 15: E 16: C 17: C 18: A 19: D 20: C
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SEMANA 01/13

META 3

DIREITO CONSTITUCIONAL: DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA

CF/88
⦁ Art. 1º, III
⦁ Art. 3º
⦁ Art. 4º, 5º, 6º e 7º
⦁ Art. 8º a 11º

OUTROS DIPLOMAS LEGAIS


⦁ Lei 9296/96 (Lei de interceptação telefônica)
⦁ Lei 9.455/97 (Lei de tortura)
⦁ Lei 7716/90 (Lei de racismo)
⦁ Lei 12.037/09 (Lei do Identificação criminal)
⦁ Lei 12.016/09 (Lei do Mandado de Segurança)
⦁ Lei. 13.300/16 (Lei do Mandado de Injunção)
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!

PRINCIPAIS INCISOS DO ART. 5º, CF/88:


⦁ Inc. I, II, IV
⦁ Inc. III e XLII (leitura conjunta com a Lei 7716/90)
⦁ Inc. VIII (leitura conjunta com o art. 15, IV, CF/88)
⦁ Inc. XI (leitura conjunta com os arts. 3-B, XI; 240, §1º e 243 do CPP)
⦁ Inc. XII (leitura conjunta com a Lei 9296/96)
⦁ Inc. XVI a XXI (muito cobrados em prova objetiva!)
⦁ Inc. XXXIII a XXXV
⦁ Inc. XXXVII (leitura conjunta com o inc. LIII – princípio do juiz natural)
⦁ Inc. XXXIX e XL (leitura conjunta com o art. 1º e 2º do CP)
⦁ Inc. XLIII a LV (leitura obrigatória!)
⦁ Inc. LVI (leitura conjunta com o art. 157, CPP)
⦁ Inc. LVII e LX
⦁ Inc. LVIII (leitura conjunta com o art. 3º, 4º e 5º da Lei 12.037/09)
⦁ Inc. LXI a LXVII (leitura conjunta com os art. 301 a 310, CPP)
⦁ Inc. LXVIII
⦁ Inc. LXIX e LXX (leitura conjunta com a Lei 12.016/09)

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SEMANA 01/13

⦁ Inc. LXXI (leitura conjunta com a Lei 13.300/16)


⦁ Inc. LXXII a LXXVIII
⦁ §§1º e 3º

1. DIREITO CONSTITUCIONAL – NATUREZA, CONCEITO E OBJETO

O Direito Constitucional é um ramo do direito público, fundamental à organização, ao


funcionamento e à configuração política do Estado. Nesse papel, de direito público fundamental,
o Direito Constitucional estabelece a estrutura do Estado, a organização de suas instituições e
órgãos, o modo de aquisição e exercício do poder, bem como a limitação desse poder, por meio,
especialmente, da previsão dos direitos e garantias fundamentais.
O objeto de estudo do Direito Constitucional é a Constituição, entendida como a lei fundamental e
suprema de um Estado, que rege a sua organização político-jurídica. As normas de uma Constituição devem
dispor acerca da forma do Estado, dos órgãos que integram a sua estrutura, das competências desses
órgãos, da aquisição do poder e de seu exercício. Além disso, devem estabelecer as limitações ao poder do
Estado, especialmente mediante a separação dos poderes (sistema de freios e contrapesos) e a enumeração
de direitos e garantias fundamentais
O constitucionalismo é o movimento político, jurídico e ideológico que concebeu ou aperfeiçoou a
ideia de estruturação racional do Estado e de limitação do exercício de seu poder, concretizadas pela
elaboração de um documento escrito destinado a representar sua lei fundamental e suprema.
Identifica-se a origem do constitucionalismo com a Constituição dos Estados Unidos, de 1787, e a
Constituição da França, de 1791. Ambas são Constituições escritas e rígidas, inspiradas nos ideais de
racionalidade do Iluminismo do século XVIII e, sobretudo, na valorização da liberdade formal (laissez faire) e
do individualismo, marcas centrais do Liberalismo, corrente de pensamento hegemônica nos campos
político, jurídico e econômico dos séculos XVIII, XIX, e primeiro quartel do século XX.
O conteúdo dessas primeiras Constituições escritas e rígidas, de orientação liberal, resumia-se ao
estabelecimento de regras acerca da organização do Estado, do exercício e transmissão do poder e à
limitação do Poder do Estado, assegurada pela enumeração de direitos e garantias fundamentais do
indivíduo, com o fito de proteger os indivíduos das arbitrariedades.
Com o seu desenvolvimento, em um período seguinte, o Direito Constitucional, aos poucos, foi se
desvinculando dos ideais puramente liberais. A Constituição assume uma nova feição, de norma jurídica e
formal, protetora dos direitos humanos.
Em decorrência dessa evolução de pensamento, a Constituição deixou de retratar exclusivamente
uma certa forma de organização política a do Estado liberal, com sua ideologia e passou a representar o
espelho de toda e qualquer forma de organização política.
O conteúdo do Direito Constitucional desatou-se de considerações doutrinárias ou ideológicas,
passando a tratar das regras fundamentais de estruturação, funcionamento e organização do poder, não
importando o regime político adotado.
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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

No Estado moderno, de cunho marcadamente social, a doutrina constitucionalista aponta o


fenômeno da expansão do objeto das Constituições, que têm passado a tratar de temas cada vez mais
amplos, estabelecendo, por exemplo, finalidades para a ação estatal. Isso explica a tendência contemporânea
de elaboração de Constituições de conteúdo extenso (Constituições analíticas ou prolixas) e preocupadas
com os fins estatais, com o estabelecimento de programas e linhas de direção para o futuro (Constituições
dirigentes ou programáticas).

2. FUNDAMENTOS, OBJETIVOS E PRINCÍPIOS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL EM SUAS RELAÇÕES


INTERNACIONAIS

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos


Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de
Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo,


o Executivo e o Judiciário.
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e
regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade
e quaisquer outras formas de discriminação.

CAIU EM PROVA RECENTE:


IDECAN - 2021 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil
É correto apontar como objetivo fundamental que constitui a República Federativa do Brasil:
a) a prevalência dos direitos humanos.
B) a não intervenção.
C) a defesa da paz.
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SEMANA 01/13

D) a erradicação da pobreza e da marginalização.


E) a autodeterminação dos povos.
R.: letra D.

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais


pelos seguintes princípios:
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica,
política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma
comunidade latino-americana de nações.

CAÍRAM EM PROVAS RECENTES:


CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-DF - Escrivão de Polícia Civil do Distrito Federal
Um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil é a prevalência dos direitos
humanos(errada).

CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-DF - Escrivão de Polícia Civil do Distrito Federal


Os fundamentos que regem o Brasil em suas relações internacionais incluem o repúdio ao
racismo (correta).

Amigo concurseiro policial, pensando em sua prova discursiva, traremos conceitos e definições
importantes sobre a temática.

A forma de Estado adotada no Brasil é a de uma federação, o que significa a coexistência,


no mesmo território, de unidades dotadas de autonomia política, que possuem competências
próprias discriminadas diretamente no texto constitucional.
A Federação brasileira é composta pela União, estados-membros, Distrito Federal e municípios (CF,
art. 1.0 e art. 18). Todos eles são pessoas jurídicas de direito público autônomas e encontram-se sujeitos ao
princípio da indissolubilidade do vínculo federativo (não existe em nosso País o direito de secessão).
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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

Essas pessoas políticas descentralizadas possuem poder de auto-organização, competências


legislativas e administrativas e autonomia financeira (têm competências tributárias próprias). Além disso, os
estados e o Distrito Federal são representados no órgão formador da vontade política geral do Estado (têm
representação no Congresso Nacional - CF, art. 46) e podem propor emendas à Constituição (CF, art. 60, III).
Deve-se anotar, por fim, que a forma federativa de Estado é, no Brasil, cláusula pétrea, não podendo
ser nem mesmo objeto de deliberação qualquer proposta de emenda constitucional tendente a aboli-Ia (CF,
art. 60, § 4.°, I).
O Brasil é uma república. Essa é a forma de governo adotada em nosso País desde 15 de novembro
de 1889, consagrada na Constituição de 1891 e em todas as Constituições subsequentes. A Constituição de
1988 não erigiu a forma republicana de governo ao status de cláusula pétrea. Entretanto, o desrespeito ao
princípio republicano pelos estados-membros ou pelo Distrito Federal constitui motivo ensejador de medida
drástica: a intervenção federal (art. 34, VII, "a").
Quanto ao regime político, o caput do art. 1.° da Constituição afirma que o Brasil "constitui-se em
Estado Democrático de Direito".
Modernamente, a concepção de "Estado de Direito" é indissociável do conceito de "Estado
Democrático", o que faz com que a expressão "Estado Democrático de Direito" traduza a ideia de um Estado
em que todas as pessoas e todos os poderes estão sujeitos ao império da lei e do Direito e no qual os
poderes públicos sejam exercidos por representantes do povo visando a assegurar a todos uma igualdade
material (condições materiais mínimas necessárias a uma existência digna).
Reforça o princípio democrático o parágrafo único do art. 1º da CF/88, ao declarar que "todo o poder
emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
Constituição". Esse dispositivo constitucional nos permite concluir que em nosso Estado vigora a denominada
democracia semidireta, ou participativa, na qual são conjugados o princípio representativo com institutos
da democracia direta (plebiscito, referendo, iniciativa popular).
O art. 1º da Constituição de 1988, a par de estabelecer a forma do Estado brasileiro (federação), a
forma de seu governo (república) e o regime de governo (democracia participativa fundada na soberania
popular), enumera, em seus cinco incisos, os valores maiores que orientam nosso Estado.
O constituinte denominou esses valores mais gerais de "fundamentos da República Federativa do
Brasil", exatamente para transmitir a noção de alicerces, de vigas mestras de nossa ordenação político-
jurídica.
Os fundamentos da República Federativa do Brasil são: (1) a soberania; i: (2) a cidadania; (3) a
dignidade da pessoa humana; (4) os valores sociais do trabalho e da livre-iniciativa; e (5) o pluralismo político.
A soberania significa que o poder do Estado brasileiro, na ordem interna, é superior a todas as demais
manifestações de poder, não é superado por nenhuma outra forma de poder, ao passo que, em âmbito
internacional, encontra-se em igualdade com os demais Estados independentes.
Ao alçar a cidadania a fundamento de nosso Estado, o constituinte está utilizando essa expressão em
sentido abrangente, e não apenas técnico-jurídico. Não se satisfaz a cidadania aqui enunciada com a simples
atribuição formal de direitos políticos ativos e passivos aos brasileiros que atendam aos requisitos legais. É
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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

necessário que o Poder Público atue, concretamente, a fim de incentivar e oferecer condições propícias à
efetiva participação política dos indivíduos na condução dos negócios do Estado, fazendo valer seus direitos,
controlando os atos dos órgãos públicos, cobrando de seus representantes o cumprimento de compromissos
assumidos em campanha eleitoral, enfim, assegurando e oferecendo condições materiais para a integração
irrestrita do indivíduo na sociedade política organizada.
A dignidade da pessoa humana como fundamento da República Federativa do Brasil consagra, desde
logo, nosso Estado como uma organização centrada no ser humano, e não em qualquer outro referencial.
A dignidade da pessoa humana assenta-se no reconhecimento de duas posições jurídicas ao
indivíduo. De um lado, apresenta-se como um direito de proteção individual, não só em relação ao Estado,
mas, também, frente aos demais indivíduos. De outro, constitui dever fundamental de tratamento
igualitário dos próprios semelhantes.
É fundamento do nosso Estado, ainda, o valor social do trabalho e da livre-iniciativa. Assim
dispondo, nosso constituinte configura o Brasil como um Estado obrigatoriamente capitalista e, ao mesmo
tempo, assegura que, nas relações entre capital e trabalho será reconhecido o valor social deste último.
Por fim, nossa Carta arvora o pluralismo político em fundamento da República Federativa do Brasil,
implicando que nossa sociedade deve reconhecer e garantir a inclusão, nos processos de formação da
vontade geral, das diversas correntes de pensamento e grupos representantes de interesses existentes no
seio do corpo comunitário.
O art. 2º da Constituição de 1988 define como Poderes da República Federativa do Brasil,
independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Esse artigo consagra o princípio
da separação dos Poderes, ou princípio da divisão funcional do poder do Estado.
O critério de divisão funcional consiste em atribuir a órgãos independentes entre si o exercício
precípuo das funções estatais essenciais.
Assim, ao Poder Executivo incumbe, tipicamente, exercer as funções de Governo e Administração
(execução não contenciosa das leis); ao Poder Legislativo cabem precipuamente as funções normativa
(elaboração de atos normativos primários) e fiscalizatória (controle do Poder Executivo); ao Poder Judiciário
atribui-se, como função típica, o exercício da jurisdição (dizer o direito aplicável aos casos concretos, na
hipótese de litígio).
Além dos fundamentos da República Federativa do Brasil, o constituinte de 1988 explicitou, no art.
3.° de nossa Carta Política, os seguintes objetivos fundamentais a serem perseguidos pelo Estado brasileiro:
(a) construir uma sociedade livre, justa e solidária; (b) garantir o desenvolvimento nacional; (c) erradicar a
pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; e (d) promover o bem de todos,
sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Constata-se que esses objetivos têm em comum assegurar a igualdade material entre os brasileiros,
possibilitando a todos iguais oportunidades para alcançar o pleno desenvolvimento de sua personalidade,
bem como para autodeterminar e lograr atingir suas aspirações materiais e espirituais, condizentes com a
dignidade inerente a sua condição humana.

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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

O art. 4.°, que finaliza o Título I da Constituição de 1988, enumera dez princípios fundamentais
orientadores das relações do Brasil na ordem internacional. São eles: (a) independência nacional; (b)
prevalência dos direitos humanos; (c) autodeterminação dos povos; (d) não intervenção; (e) igualdade entre
os Estados; (f) defesa da paz; (g) solução pacífica dos conflitos; (h) repúdio ao terrorismo e ao racismo; (i)
cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; G) concessão de asilo político.
Ao lado dos dez princípios que regem as relações do Estado brasileiro na ordem internacional, o
parágrafo único do art. 4.° enuncia um objetivo a ser perseguido no plano internacional. Com efeito,
preceitua esse dispositivo que "a República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política,
social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de
nações".

3. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS6

3.1 Direitos x Garantias x Remédios Constitucionais:

● Direitos: São normas de conteúdo declaratório da existência de um interesse, de uma vantagem. Ex:
direito à vida, à propriedade;
● Garantias: normas de conteúdo assecuratório, que servem para assegurar o direito declarado. As
garantias são estabelecidas pelo texto constitucional como instrumento de proteção dos direitos
fundamentais e writs constitucionais. São também chamadas de instrumentos de tutela das
liberdades e ações constitucionais.

DIREITOS FUNDAMENTAIS GARANTIAS FUNDAMENTAIS


NORMAS QUE PROTEGEM os bens INSTRUMENTOS que buscam proteger os
jurídicos fundamentais de uma sociedade direitos fundamentais
Tem valor intrínseco, neles mesmos Tem valor instrumental

● Remédios Constitucionais: Embora todo remédio constitucional seja uma garantia, nem toda
garantia é um remédio constitucional, porque este é um instrumento processual que tem por
objetivo assegurar o exercício de um direito. Ex: Habeas Corpus, Mandado de Segurança.

6
Para aprofundamento no assunto, consultar:
http://www.stf.jus.br/repositorio/cms/portaltvjustica/portaltvjusticanoticia/anexo/joao_trindadade__teoria_geral_d
os_direitos_fundamentais.pdf

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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

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ATENÇÃO: Alguns dispositivos constitucionais contêm direitos e garantias no mesmo enunciado. O


art. 5º, X, estabelece a inviolabilidade do direito à intimidade, vida privada, honra e imagem das
pessoas, assegurando, em seguida, o direito à indenização em caso de dano material ou moral
provocado pela sua violação.

Súmula 647-STJ: São imprescritíveis as ações indenizatórias por danos morais e materiais decorrentes de
atos de perseguição política com violação de direitos fundamentais ocorridos durante o regime militar.
STJ. 1ª Seção. Aprovada em 10/03/2021.

3.2 Direitos Fundamentais x Direitos Humanos

Embora materialmente ambos objetivem a proteção e a promoção da dignidade da pessoa humana,


não se confundem:
● Direitos Humanos: são direitos reconhecidos no âmbito internacional.
● Direitos fundamentais: são direitos reconhecidos no plano interno de um determinado Estado.
Preferencialmente, positivados na CF.

DIREITOS FUNDAMENTAIS DIREITOS HUMANOS


FORMAL Encontram previsão formal Encontram fundamento
FUNDAMENTO DE nas constituições nos Tratados
VALIDADE/JURÍDICO Internacionais;
Exemplo: Declaração
Universal dos Direitos
Humanos da ONU

MATERIAL Estabelecem o conjunto de Buscam a proteção da


LIGADA AO CONTEÚDO bens jurídicos básicos, pessoa
FINALIDADE DE CADA UM DOS essenciais de uma humana(exclusivamente).
INSTITUTOS sociedade, não se limitando Não há que se falar em
à proteção da pessoa física direito

Como se classificam as normas constitucionais de direitos fundamentais quanto à


eficácia e aplicabilidade?
Pela classificação de José Afonso da Silva e considerando não haver direito fundamental
absoluto, as normas não possuem eficácia plena, podendo apresentar, conforme a hipótese,
eficácia contida (ou restringível) ou limitada. Nesse sentido, a doutrina majoritária defende que a

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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

maioria das normas seriam de eficácia contida, enquanto que a maior parte daquelas que reconhecem
os direitos sociais seriam de eficácia limitada.

3.3 Geração dos direitos fundamentais:

Trata-se de classificação dos direitos fundamentais que tem como critério o contexto histórico em
que surgiram, a ordem cronológica de reconhecimento e afirmação dos direitos fundamentais.
Atenção:
Classificar os direitos em gerações sugere a ideia de superação, de que as gerações mais novas
suplantam as anteriores. → Isso está equivocado. O ideal é falar em dimensões.
Direitos fundamentais são indivisíveis. Possuem relação entre si de fortalecimento mútuo e não, de
exclusão mútua. O surgimento de uma nova geração de direitos tem o viés de fortalecer a geração já
existente.
Ex.: direito à educação fortalece o direito de liberdade de expressão.

🕮 Dirley da Cunha: “Falar em “gerações” ou “dimensões” de direitos corresponde a uma sucessão


temporal de afirmação e acumulação de novos direitos fundamentais. Isso leva, por conseguinte, a
uma consequência fundamental: a irreversibilidade ou irrevogabilidade dos direitos reconhecidos,
aliada ao fenômeno da sua complementariedade. O progressivo reconhecimento de novos direitos
fundamentais consiste num processo cumulativo, de complementariedade, onde não há
alternância, substituição ou supressão temporal de direitos anteriormente reconhecidos”.

Como caiu em prova?


FUNIVERSA - 2009 - PC-DF - Agente de Polícia
Na evolução das conhecidas dimensões dos direitos fundamentais, há, sucessivamente,
substituição de direitos na medida do atingimento de novos estágios.
R.: ERRADA.

● Direitos de primeira geração OU PRIMEIRA DIMENSÃO (individuais ou negativos):


Surgem no contexto histórico das revoluções liberais, burguesas, diante do nascimento do
constitucionalismo liberal. – Séc. XIX.
Grandes Marcos:
● Inglaterra – 1.215 – Magna Carta
● EUA – 1.776 – Declaração de Independência Americana
● EUA – 1.787 – Constituição Americana
● França – 1.789 – Revolução Francesa
● França – 1.791 – Constituição Francesa

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Estão relacionados à luta pela liberdade e segurança diante do Estado. Buscam limitar o poder
estatal, impondo ao Estado obrigações de não-fazer e se relacionam às pessoas, individualmente.
São chamados também de direitos negativos ou direitos de defesa.
Ex: propriedade, igualdade formal (perante a lei), liberdade de crença, de manifestação de
pensamento, direito à vida etc.

Obs.1: O fundamento dos direitos de 1ª geração/dimensão é a IGUALDADE FORMAL.

● Direitos de segunda geração OU SEGUNDA DIMENSÃO (sociais, econômicos e culturais ou direitos


positivos):
Surgem no final do século XIX e início do século XX, diante do fenômeno do constitucionalismo social
(ligado ao movimento do socialismo).
Grandes Marcos:
● Constituição Mexicana de 1917
● Constituição Alemã de Weimar de 1919
● Rússia – 1.917/18 – Declaração do Povo Oprimido e Trabalhador – Revolução Russa
● Constituição Brasileira de 1934.

São os direitos de grupos sociais menos favorecidos, e que impõem ao Estado uma obrigação de
fazer, de prestar (por isso são chamados de direitos prestacionais).
São direitos que buscam viabilizar, através do Estado, a satisfação das necessidades básicas dos
indivíduos como forma de lhes proporcionar uma vida digna.
Ex: saúde, educação, moradia, segurança pública.

Obs.: os direitos sociais elencados no art. 6º da CF/88 são exemplos clássicos de direitos de 2ª
geração/dimensão:

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a


moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à
maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
Constituição.

Cuidado! O direito a transporte foi incluído no rol pela EC. 90/2015.

Obs.1: O fundamento dos direitos de 2ª geração é a IGUALDADE MATERIAL.

● Direitos de terceira geração OU TERCEIRA DIMENSÃO (difusos e coletivos):

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Surgem na 2º metade do séc. XX, no pós 2ª Guerra, ligados aos movimentos de melhoria da qualidade
de vida dos cidadãos.
São direitos transindividuais, isto é, direitos que são de várias pessoas, mas não pertencem a
ninguém isoladamente. Transcendem o indivíduo isoladamente considerado.
Possuem caráter indivisível e são titularizados por toda a coletividade.
São também conhecidos como;
● DIREITOS DE FRATERNIDADE
● direitos metaindividuais (estão além do indivíduo)
● direitos supraindividuais (estão acima do indivíduo isoladamente considerado).
Dirley da Cunha - destinam-se à proteção, não do homem em sua individualidade,
mas do homem em coletividade social, sendo, portanto, de titularidade coletiva ou
difusa.

Direitos de 1ª Direitos de 2ª Direitos de 3ª


GERAÇÃO/DIMENSÃO GERAÇÃO/DIMENSÃO GERAÇÃO/DIMENSÃO

Contexto Surgem com revoluções Surgem no final do século 2º metade do séc. XX, no pós
histórico liberais, burguesas, diante XIX e início do século XX, 2ª Guerra, ligados aos
do nascimento do diante do fenômeno do movimentos de melhoria da
constitucionalismo liberal. – constitucionalismo social. qualidade de vida dos cidadãos
Séc. XIX.
Marcos Inglaterra – 1.215 – Magna Constituição Mexicana de
Carta 1917
EUA – 1.776 – Declaração de Constituição Alemã de
Independência Americana Weimar de 1919
EUA – 1.787 – Constituição Rússia – 1.917/18 –
Americana Declaração do Povo
França – 1.789 – Revolução Oprimido e Trabalhador –
Francesa Revolução Russa
França – 1.791 – Constituição Brasileira de
Constituição Francesa 1934.
Sinônimos direitos negativos, direitos direitos sociais, econômicos difusos e coletivos
de abstenção. e culturais direitos metaindividuais
Direitos positivos, direitos direitos supraindividuais
prestacionais
Fundamento Igualdade FORMAL Igualdade MATERIAL FRATERNIDADE

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conceito Buscam limitar o poder São direitos que impõem ao São direitos transindividuais,
estatal, impondo ao Estado Estado uma obrigação de isto é, titularizados por toda a
obrigações de não-fazer e se fazer, de prestar. coletividade, não pertencendo
relacionam às pessoas, Buscam viabilizar, através do a uma pessoa isoladamente.
individualmente. Estado, a satisfação das
necessidades básicas dos Possuem caráter indivisível.
indivíduos como forma de .
lhes proporcionar uma vida
digna.
Exemplos propriedade, igualdade saúde, educação, moradia,
formal (perante a lei), segurança pública.
liberdade de crença, de
manifestação de
pensamento, direito à vida

NOVAS GERAÇÕES/DIMENSÕES DE DIREITOS FUNDAMENTAIS:

● Direitos de quarta geração:


Há autores que se referem a essa categoria, mas ainda não há consenso na doutrina sobre qual o
conteúdo desse tipo de direitos.

🕮 Paulo Bonavides -É o resultado da globalização dos direitos fundamentais no sentido de uma


universalização desses direitos no plano institucional, que corresponde à última fase da
institucionalização do Estado Social.

(1) Direitos à democracia participativa→ direito a mecanismos de democracia indireta, que propiciem
a participação direta do povo no processo político
· plebiscito,
· referendo,
· iniciativa popular de lei,
· ação popular, etc.

(2) Direitos ligados às questões de bioética.

(3) Direitos ao pluralismo (art. 1º, CF)

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(4) Direito à informação → consequência do próprio regime democrático, conjugado com a forma
republicana de governo. Garante o direito à transparência e, consequentemente, o direito à
informação (exemplo: lei de acesso à informação; art. 5º, XXXIII, CF)

● Direitos de quinta geração:


Direito à paz.

Obs.: Crítica doutrinária às “novas gerações” de direitos fundamentais


Parcela da doutrina critica a classificação de outras gerações de direito, pois seriam direitos já
existentes aplicados, hoje, a um novo contexto social, diante da evolução da sociedade.
● Ingo Salert – “trazer novas dimensões é dar destaque ao direito, não trata o direito como um
mero desdobramento de um outro direito que já está nas 3 dimensões anteriores, de modo
a facilitar a sua efetivação e proteção. Ex.: questões de bioética trabalham com direitos
básicos como direito à integridade, ao próprio corpo e dignidade.”

3.4 Características dos direitos fundamentais

● Historicidade: o que se entende por direitos fundamentais varia de acordo com o momento histórico,
não são conceitos herméticos e fechados, variando no tempo e no espaço. Emergem
progressivamente das lutas que o homem trava por sua própria emancipação.

● Inalienabilidade: são direitos sem conteúdo econômico patrimonial, não podem ser comercializados
ou permutados.

● Imprescritibilidade: são sempre exigíveis, ainda que não exercidos;

● Irrenunciabilidade: o indivíduo pode não exercer os seus direitos, mas não pode renunciá-los, de
modo geral.

● Relatividade: não são direitos absolutos. Se houver um choque entre os direitos fundamentais, serão
resolvidos por um juízo de ponderação ou pela aplicação do princípio da proporcionalidade.

De acordo com o Professor Bruno Pinheiro, parte da doutrina aponta que existem Direitos
Fundamentais Absolutos:
a) Direito a Não Tortura (apontado por Norberto Bobbio)
b) Direito a Não Escravidão
c) Direito a Não Extradição do Brasileiro Nato (art. 5º, LI, CF) → apontado por Carlos Ayres Brito;

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TEORIA DA RESTRIÇÃO DAS RESTRIÇÕES (= LIMITAÇÃO DAS LIMITAÇÕES)


- É teoria alemã, adotada no Brasil pelo STF;
- Uma das características dos direitos fundamentais é que eles são relativos, ou seja, podem sofrer
limitações. Porém, essas restrições devem ser feitas com critérios e de forma excepcional a não esvaziar
o seu núcleo essencial. Conclusão: Pode haver restrições aos direitos fundamentais, mas essas restrições
devem ser restritas, não atingindo seu núcleo essencial.
- Só podem ser impostas restrições se obedecerem aos seguintes requisitos:
Requisito formal: Os direitos fundamentais só podem ser restringidos em caráter geral por meio de
normas elaboradas por órgãos dotados de atribuição legiferante conferido pela CF/88. A restrição deve
estar expressa ou implicitamente autorizada.
Requisitos materiais: para a restrição ser válida, deve observar aos princípios:
- Não retroatividade;
- Proporcionalidade;
- Generalidade e abstração;
- Proteção do núcleo essencial.

Como caiu em prova?


VUNESP - 2018 - PC-BA - Escrivão de Polícia - Os direitos fundamentais podem ser restringidos
por atos normativos infraconstitucionais, desde que seja respeitado o seu núcleo essencial.
(CERTO)

● Personalidade: não se transmitem.


● Concorrência e cumulatividade: são direitos que podem ser exercidos ao mesmo tempo.
● Universalidade: são universais, destinam-se a todos os seres humanos, indiscriminadamente.
Independentemente de as nações terem assinado a declaração, devem ser reconhecidos em todo o
planeta, independentemente, da cultura, política e sociedade.
De acordo com o Professor Bruno Pinheiro, é a característica da Universalidade que
fundamenta a interpretação extensiva do art. 5º, caput da CF, permitindo a aplicação dos
direitos fundamentais aos apátridas e aos estrangeiros não residentes no país.

CF/88, Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País
a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

● Proibição de retrocesso: não se pode retroceder nos avanços históricos conquistados. Os direitos
fundamentais são o resultado de um processo evolutivo, marcado por lutas e conquistas em prol da

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afirmação de posições jurídicas concretizadoras da dignidade da pessoa humana e, por isso, uma vez
reconhecidos, não podem ser suprimidos, ou abolidos ou enfraquecidos

3.5 Direitos individuais implícitos e explícitos

Os direitos individuais podem ser explícitos ou implícitos.

● Explícitos: são aqueles previstos expressamente no texto da Constituição Federal. Como exemplo,
os contidos no art. 5° da CF. e seus incisos, em especial os previstos no caput do mencionado artigo,
como a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.

● Implícitos: O reconhecimento decorre de interpretação do texto da Lei das Leis. Isto se evidencia
pela leitura do art. 5º, parágrafo 2º, que reconhece a existência de outros direitos individuais
"decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais de que a
República Federativa do Brasil seja parte".

Classificação dos direitos individuais explícitos:

● Direitos individuais e coletivos: direitos ligados ao conceito de pessoa humana e sua própria
personalidade, com, por exemplo, vida, dignidade da pessoa humana, honra, liberdade, etc. Estão
espalhados pela CF, mas uma grande parte consta no art. 5º, CF/88;

● Direitos sociais: Caracterizam-se como verdadeiras liberdades positivas, de observância obrigatória


em um Estado Social de Direito, tendo por finalidade a melhoria das condições de vida aos
hipossuficientes;
● (Iremos especificar melhor no próximo tópico)

● Direitos de nacionalidade: nacionalidade é o vínculo jurídico político que se liga a um indivíduo


acerto e determinado Estado fazendo deste indivíduo um componente do povo, da dimensão pessoal
deste Estado, capacitando - o a exigir sua proteção e sujeitando - o ao cumprimento de deveres
impostos;

● Direitos políticos: conjunto de regras que disciplina as formas de atuação da soberania popular. São
direitos públicos subjetivos que permitem ao indivíduo o exercício concreto da liberdade de
participação nos negócios políticos do Estado;

● Direitos relacionados à existência, organização e participação em partidos políticos: a Constituição


Federal regulamentou os partidos políticos como instrumentos necessários e importantes para
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preservação do Estado Democrático de Direito, assegurando-lhes autonomia e plena liberdade de


atuação, para concretizar o sistema representativo.

3.6 Destinatários

Os destinatários das normas dos direitos individuais, que são os direitos fundamentais, é o ser
humano, o indivíduo. Isso porque os direitos fundamentais surgiram com o intuito de proteção do indivíduo
em face das arbitrariedades do Estado.
Segundo dispõe o art. 5º, caput da CF/88, os destinatários dos direitos fundamentais elencados na
Carta Maior são: os brasileiros e os estrangeiros residentes no Brasil.

CF/88 Art. 5º: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:

E os estrangeiros não residentes no Brasil que apenas se encontram em trânsito no solo nacional?
● Dirley da Cunha - “ O artigo 5º, caput deve ser interpretado a partir da unidade da
Constituição, para se entender que todas as pessoas, físicas ou jurídicas, nacionais ou
estrangeiras, com residência ou não no Brasil, são destinatárias dos direitos e garantias
fundamentais previstas na CF, salvo quando a própria Carta Maior excluir algumas delas.”
● Professo Bruno Pinheiro - A característica da universalidade dos direitos fundamentais
fundamenta a interpretação extensiva do art. 5º, caput da CF, permitindo a aplicação dos
direitos fundamentais aos apátridas, aos estrangeiros não residentes no país.

JÁ CAIU EM PROVA:
FUNIVERSA - 2009 - PC-DF - Agente de Polícia - Os direitos previstos no art. 5º da Carta Federal
também têm sido deferidos pelo Supremo Tribunal Federal mesmo aos estrangeiros não
residentes. (certo)

Pessoas jurídicas são titulares de direitos fundamentais?


R.: Para a maioria da doutrina e o STF SIM → Pessoa Jurídica de Direito Privado e Pessoa Jurídica de
Direito Público podem ser titulares, bastando analisar casuisticamente quais direitos fundamentais
se compatibilizam com a condição de pessoa jurídica.

Atenção (1): existem direitos fundamentais catalogados na CF que são concebidos especificamente
para as pessoas jurídicas. – art. 5º, XIX, XXI, etc.

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XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas


atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em
julgado;
XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade
para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;

Atenção (2): pessoas jurídicas de direito público, apesar de integrar o Estado (polo passivo dos DF´s), gozam
de direitos fundamentais, desde que compatíveis com a sua condição.

⇨ Ex.: sigilo bancário (art. 5º, X da CF/88) → pessoa jurídica de direito privado de direito privado goza,
mas a pessoa jurídica de direito público não.

JÁ CAIU EM PROVA:
CESPE - 2016 - PC-PE - Escrivão de Polícia Civil - Os direitos e as garantias individuais não são
assegurados às pessoas jurídicas, uma vez que elas possuem dimensão coletiva. (errado)

4. OS DIREITOS FUNDAMENTAIS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

A CF de 88 estabeleceu um rol compromissório de direitos fundamentais que condensa diversas


ideologias consagradas em direitos de 1º , 2ª e 3ª dimensões.
Nos aproximamos do denominado liberalismo igualitário, que busca se equilibrar entre a proteção
das liberdades civis e a redução das desigualdades sociais.

Obs.1: Não há hierarquia entre os direitos fundamentais.

JÁ CAIU EM PROVA:
VUNESP - 2018 - PC-BA - Escrivão de Polícia - Há hierarquia entre os direitos fundamentais,
estando o grau de importância definido a partir da posição topográfica do direito na Constituição
Federal. (ERRADO)

Obs.2: Princípio da indivisibilidade - os direitos das diferentes gerações não se excluem, na verdade, se
interpenetram, sofrendo influência mútua. Ou seja, uma geração fortalece o advento da outra.

4.1. Não taxatividade dos direitos fundamentais

O ordenamento jurídico brasileiro adotou, consoante art. 5º, §2º da CF/88, um sistema aberto de
direitos fundamentais no Brasil não se podendo considerar taxativo o rol do artigo 5º.

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SEMANA 01/13

Art. 5º, § 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros
decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais
em que a República Federativa do Brasil seja parte.

A doutrina faz a seguinte divisão:


a) Direitos formalmente constitucionais → os incluídos pelo Poder Constituinte originário no catálogo
de direitos fundamentais (estão presentes expressamente no art. 5º ou no título II da CF)

b) Direitos materialmente constitucionais → direitos que não se encontram no rol formal da CF, mas
possuem status de fundamentais haja vista seu conteúdo jusfundamental (não importando o local
de positivação). A baliza para saber qual conteúdo confere a norma status de direito fundamental é
a dignidade da pessoa humana.

A cláusula materialmente aberta prevista no §2º do art. 5º da CF/88 é consequência do


reconhecimento da dignidade da pessoa humana como fundamento do Estado (art. 1º, III)
Consequência:
(1) A enumeração dos direitos fundamentais na CF é materialmente aberta, meramente
exemplificativa.

4.2 Hierarquia Dos Tratados Internacionais De Direitos Humanos

Art. 5º, § 3º: Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem
aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos
votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

O art. 5º, §3º da CF foi introduzido pela EC 45/2004 (conhecida como reforma do Poder Judiciário).
Esse dispositivo prevê que os tratados internacionais sobre direitos humanos que observarem o
procedimento de incorporação análogo ao das Emendas Constitucionais terão paridade normativa, isto é:
terão status normativo de emendas constitucionais.

Que procedimento de incorporação é esse?


▪ Aprovação em cada Casa do Congresso Nacional,
▪ Em 2 turnos de votação
▪ Com pelo menos 3/5 dos votos dos respectivos membros.

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E os tratados internacionais de direitos humanos que não observarem o procedimento


especial do art. 5º, §3º da CF, não sendo aprovados pelo quórum constitucional?
R.: Segundo a doutrina majoritária e o Supremo Tribunal Federal, os Tratados Internacionais de
Direitos Humanos internalizados sem a observância do art. 5, §3º da CF terão hierarquia
normativa supralegal: acima das leis e abaixo da Constituição.

Obs.: esse status normativo de supralegalidade tem o efeito de bloquear a legislação infraconstitucional que
com eles seja incompatível, análise de compatibilidade que é chamado de controle de convencionalidade
pela doutrina especializada.

Por fim, os Tratados Internacionais que não versam sobre direitos humanos terão hierarquia
infraconstitucional, com status normativo equivalente à lei ordinária.

RESUMINDO:
Tratado internacional SOBRE DIREITOS Status normativo de emenda constitucional.
HUMANOS, aprovado pelo mesmo rito da
Emenda Constitucional (art. 5º, §3º)
Tratado internacional SOBRE DIREITOS Status normativo de supralegalidade:
HUMANOS, aprovado com quórum diverso superior às leis e inferior à Constituição.
das emendas constitucionais
Tratados Internacionais QUE NÃO VERSAM Independente do procedimento e quórum de
SOBRE DIREITOS HUMANOS votação, terão status normativo de leis
ordinária.

JÁ CAIU EM PROVA:
VUNESP - 2018 - PC-BA - Investigador de Polícia- Os tratados e convenções internacionais sobre
direitos humanos aprovados no Congresso Nacional serão equivalentes a Lei Complementar.
(errado)

5. ALGUNS DIREITOS INDIVIDUAIS – ROL DO ART. 5º

5.1 Direito à Vida – Art. 5º, Caput

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

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Está relacionado à existência física de um ser humano. O art. 5º, caput, da CF assegura a
inviolabilidade do direito à vida em relação ao Estado e em relação aos demais indivíduos.
Inviolabilidade difere de irrenunciabilidade: a inviolabilidade diz respeito à proteção de um direito
em face de outras pessoas, enquanto que a irrenunciabilidade diz respeito à proteção de um direito em face
do próprio titular.

O direito à vida compreende o direito ao mínimo necessário a uma existência digna, que abrange:
1. Direito à integridade física: direito à saúde, vedação de pena de morte, proibição do aborto,
etc;

2. Direito à condições materiais e espirituais mínimas necessárias a uma existência digna.

● Dupla acepção do direito à vida (NOVELINO, 2017, p. 325):


1. Acepção positiva: está associada ao direito à existência digna, que assegura o acesso a bens
e utilidades indispensáveis para isso. Ela não se limita ao mínimo existencial, pois garante
também pretensões de caráter material e jurídico, de modo que os poderes públicos devem
adotar medidas positivas de proteção da vida, de amparo material e de emissão de normas
protetivas;

2. Acepção negativa: é o direito assegurado a todo e qualquer ser humano de permanecer vivo.
É um direito de defesa e um pressuposto elementar para o exercício de todos os demais
direitos. Uma decorrência dessa acepção é a proibição da pena de morte (art. 5º, XLVII, “a”,
da CF).

Atenção! Não existe direito fundamental absoluto, todos são relativos, de modo que nenhum
direito fundamental está hierarquicamente em superioridade em relação a outro. Ora, se não existe direito
fundamental absoluto e se todos eles são relativos, não se pode admitir que o direito à vida esteja
hierarquicamente superior a qualquer outro, pelo simples fato de ser direito à vida.

A ponderação de direitos depende de uma análise no caso concreto (nunca em abstrato). Exemplo
de que o direito à vida não é um direito absoluto: existência da pena de morte no ordenamento jurídico
brasileiro.

Novidade legislativa!
A Lei nº 14.198/2021 prevê que os pacientes internados em serviços de saúde e que estejam
impossibilitados de receber visitas terão direito a videochamadas.

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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

Os serviços de saúde (ex: hospitais) deverão propiciar, no mínimo, 1 (uma) videochamada diária aos
pacientes internados em enfermarias, apartamentos e unidade de terapia intensiva, respeitadas as
observações médicas sobre o momento adequado (art. 2º).
As videochamadas serão realizadas mesmo no caso de pacientes inconscientes, desde que
previamente autorizadas pelo próprio paciente enquanto gozava de capacidade de se expressar de forma
autônoma, ainda que oralmente, ou por família.

JURISPRUDÊNCIA SOBRE DIREITO À VIDA:

1) ADI 3510 – Pesquisa em Células Tronco Embrionárias

O art. 5º da Lei de Biossegurança autoriza a utilização do material biológico para fins de pesquisa,
terapia, etc., desde que sejam embriões inviáveis, ou, ainda que embriões viáveis, com mais de três anos de
armazenamento.

Art. 5o É permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco


embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e
não utilizados no respectivo procedimento, atendidas as seguintes condições:
I - sejam embriões inviáveis; ou
II - sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou mais, na data da publicação desta
Lei, ou que, já congelados na data da publicação desta Lei, depois de completarem
3 (três) anos, contados a partir da data de congelamento.
§ 1o Em qualquer caso, é necessário o consentimento dos genitores.
§ 2o Instituições de pesquisa e serviços de saúde que realizem pesquisa ou terapia
com células-tronco embrionárias humanas deverão submeter seus projetos à
apreciação e aprovação dos respectivos comitês de ética em pesquisa.
§ 3o É vedada a comercialização do material biológico a que se refere este artigo e
sua prática implica o crime tipificado no art. 15 da Lei no 9.434, de 4 de fevereiro
de 1997.

O art.5º foi impugnado na sua constitucionalidade, porque se chegou a cogitar eventual violação da
dignidade da pessoa humana, por considerar que o ser humano estaria sendo tratado como coisa
Decisão do STF: o STF concluiu, por votação bastante apertada, que as pesquisas com célula-tronco
embrionária, nos termos da lei, não violam o direito à vida. A constatação de que a vida começa com a
existência do cérebro (segundo o STF e sem apresentar qualquer análise axiológica ou filosófica) estaria
estabelecida, também, no art. 3.º da Lei de Transplantes, que prevê a possibilidade de retirada de tecidos,
órgãos ou partes do corpo humano destinados a transplante ou tratamento depois da morte desde que se
constate a morte encefálica.
203
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

Conclusão: O art. 5° da Lei 11.105/2005 (Lei de Biossegurança) é plenamente constitucional, não


havendo qualquer violação ao direito à vida. Isso porque o art. 5° toma os cuidados necessários, usa
efetivamente as pesquisas científicas para fins terapêuticos, etc., sem trazer nenhum efeito deletério ou
coisificante para a pessoa que forneceu o material biológico.

2) ADPF 54 – Aborto de Feto Anencéfalo

Desconsiderando os aspectos moral, ético ou religioso, tecnicamente, em relação à interrupção da


gravidez de feto anencéfalo, desde que se comprove, por laudos médicos, com 100% de certeza, que o feto
não tem cérebro e não há perspectiva de sobrevida.
Nessa linha de desenvolvimento, o STF, para seguir a lógica do julgamento anterior (célula-tronco),
teria de autorizar a possibilidade de antecipação terapêutica do parto. A imposição estatal da manutenção
de gravidez cujo resultado final será irremediavelmente a morte do feto vai de encontro aos princípios
basilares do sistema constitucional, mais precisamente à dignidade da pessoa humana, à liberdade, à
autodeterminação, à saúde, ao direito de privacidade, ao reconhecimento pleno dos direitos sexuais e
reprodutivos de milhares de mulheres.
O STF, então, julgou procedente o pedido formulado para declarar a inconstitucionalidade de
interpretação segundo a qual a interrupção da gravidez de feto anencéfalo é conduta tipificada nos arts. 124,
126 e 128, I e II, todos do Código Penal.
Em outras palavras: o STF excluiu qualquer interpretação no sentido de que a interrupção da
gestação de feto anencéfalo pudesse ser catalogada como aborto. Justamente por isso fala-se que não se
trata de aborto, mas sim de uma interrupção da gestação em razão da inexistência de uma vida possível.
A discussão aqui não é sobre a descriminalização do aborto, mas sim sobre um mínimo existencial
(acepção positiva do direito à vida), que envolve a autodeterminação da mulher em face de uma eventual
tortura.

3) HC 124.306 - Interrupção voluntária da gestação no primeiro trimestre:

O STF conferiu interpretação conforme à Constituição aos arts. 124 a 126 do Código Penal para excluir
do seu âmbito de incidência a interrupção voluntária da gestação efetivada no primeiro trimestre. Os
Ministros entenderam que a criminalização, nessa hipótese, viola diversos direitos fundamentais da mulher,
bem como o princípio da proporcionalidade, nos temos do voto do Min. Barroso (HC 124.306, j. 29.11.2016,
DJE de 17.03.2017).

Julgado do STF veiculando o fornecimento de medicamento pelo poder público, mesmo não havendo
registro na Anvisa:

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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

Cabe ao Estado fornecer, em termos excepcionais, medicamento que, embora não


possua registro na Anvisa, tem a sua importação autorizada pela agência de
vigilância sanitária, desde que comprovada a incapacidade econômica do paciente,
a imprescindibilidade clínica do tratamento, e a impossibilidade de substituição
por outro similar constante das listas oficiais de dispensação de medicamentos e
os protocolos de intervenção terapêutica do SUS.
STF. Plenário. RE 1165959/SP, Rel. Marco Aurélio, redator do acórdão Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 18/6/2021 (Repercussão Geral – Tema 1161)
(Info 1022),(grifo nosso).

Julgado do STJ versando sobre fornecimento de medicamento pelo poder público para a utilização
off label:

É possível obrigar o Estado a fornecer medicamento off label (o medicamento off


label é aquele cujo médico prescreve para uma determinada finalidade que não
consta expressamente na sua bula)?
• Em regra, não é possível que o paciente exija do poder público o fornecimento de
medicamento para uso off label.
• Excepcionalmente, será possível que o paciente exija o medicamento caso esse
determinado uso fora da bula (off label) tenha sido autorizado pela ANVISA.
O Estado não é obrigado a fornecer medicamento para utilização off label, salvo
autorização da ANVISA. STJ. 1ª Seção., Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em
10/11/2021 (Info 717).

5.2 Direito À Igualdade

Está previsto no art. 5º, caput e inciso I da CF:

Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (...).
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta
Constituição;

● Concepções da igualdade:
1) Concepção formal: é a igualdade perante a lei e perante o Estado. Por essa concepção, a igualdade
impede que os indivíduos sejam tratados pelos poderes públicos de maneira diversa. Trata-se de
uma concepção estática e negativa, insuficiente para solucionar as desigualdades sociais;
205
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

2) Concepção material: representa o tratamento igual dos iguais e o tratamento desigual daqueles em
situações desiguais. Por essa concepção, a igualdade deve adotar critérios distintivos justos e
razoáveis, de modo que os poderes públicos devem adotar medidas concretas para reduzir ou
compensar desigualdades.

IGUALDADE FORMAL IGUALDADE MATERIAL


é a igualdade perante a lei e perante o É o tratamento igual dos iguais e o
Estado, impedindo que os indivíduos sejam tratamento desigual aos desiguais na medida
tratados pelos poderes públicos de maneira em que se desigualam.
diversa
Deve adotar critérios distintivos justos e
razoáveis, de modo que os poderes públicos
devem adotar medidas concretas para
reduzir ou compensar desigualdades

● Dimensões da igualdade (NOVELINO, 2017, p. 340):

1) Dimensão objetiva: é a igualdade compreendida como princípio material estruturante do Estado


brasileiro que impõe o tratamento igual para os iguais e desigual para os desiguais, bem como ações
voltadas à redução das desigualdades sociais e regionais;

2) Dimensão subjetiva: confere a indivíduos e grupos posições jurídicas de caráter negativo (proteção
contra diferenciações ou igualizações arbitrárias) e de caráter positivo (direito a exigir determinadas
prestações materiais e jurídicas destinadas à redução de desigualdades).

Certo é que, no atual Estado Democrático de Direito, deve-se buscar, não somente a igualdade formal
(consagrada no liberalismo clássico), mas, principalmente, a igualdade material. Isso porque, no Estado social
ativo, efetivador dos direitos humanos, imagina-se uma igualdade mais real perante os bens da vida, diversa
daquela apenas formalizada em face da lei.
Vejamos alguns exemplos de ações afirmativas reconhecidas pelo STF:

a) Cotas raciais: o STF, na ADPF 186, CONSIDEROU CONSTITUCIONAL A POLÍTICA DE COTAS ÉTNICO-
RACIAIS para seleção de estudantes da Universidade de Brasília (UnB). Além disso, o STF declarou o
reconhecimento da proclamação na Constituição da igualdade material, sendo que, para assegurá-la, “o
Estado poderia lançar mão de políticas de cunho universalista — a abranger número indeterminado de
indivíduos — mediante ações de natureza estrutural; ou de ações afirmativas — a atingir grupos sociais
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SEMANA 01/13

determinados — por meio da atribuição de certas vantagens, por tempo limitado, para permitir a
suplantação de desigualdades ocasionadas por situações históricas particulares. Ainda, o STF declarou que
“é constitucional a reserva de 20% das vagas oferecidas nos concursos públicos para provimento de cargos
efetivos e empregos públicos no âmbito da administração pública direta e indireta. É legítima a utilização,
além da autodeclaração, de critérios subsidiários de heteroidentificação, desde que respeitada a dignidade
da pessoa humana e garantidos o contraditório e a ampla defesa”.

b) PROUNI – Programa Universidade para Todos: o STF julgou constitucional o PROUNI, como
importante fator de inserção social e cumprimento do art. 205 da CF/88, que estatui ser a educação direito
de todos e dever do Estado e da família. Ainda, o programa encontra-se em sintonia com diversos dispositivos
da Constituição que estabelecem a redução de desigualdades sociais.

c) Lei Maria da Penha: o STF julgou procedente a ADC 19, para declarar a constitucionalidade dos arts.
1.º, 33 e 41 da Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), tendo por fundamento o princípio da igualdade, bem
como o combate ao desprezo às famílias, sendo considerada a mulher a sua célula básica. Na mesma
assentada, por maioria e nos termos do voto do Relator, o STF julgou procedente a ADI 4.424, para, dando
interpretação conforme os arts. 12, I, e 16, ambos da Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), declarar a
natureza incondicionada da ação penal em caso de crime de lesão, pouco importando a extensão desta,
praticado contra a mulher no ambiente doméstico.
Na jurisprudência:

É constitucional lei que reserva assentos a pessoas obesas.


STF. ADI 2477 e 2572. 24/10/2022.

5.2.1 Direito à segurança

O direito à segurança também aparece no caput do art. 5.º. Porém, a previsão no art. 6.º tem sentido
diverso daquela no art. 5.º. Enquanto lá está ligada à ideia de garantia individual, aqui, no art. 6.º, aproxima-
se do conceito de segurança pública, que, como dever do Estado, aparece como direito e responsabilidade
de todos, sendo exercida, nos termos do art. 144, caput, para a preservação da ordem pública e da
incolumidade das pessoas e do patrimônio.
A segurança pública, direito e responsabilidade de todos, cujas bases estão estabelecidas no art. 144,
da CF/88, está compreendida pelo direito fundamental à segurança (art. 5º, caput, da CF/88), dela
decorrendo o dever estatal de preservar a ordem social e assegurar a incolumidade das pessoas e do
patrimônio, possibilitando que as pessoas desenvolvam suas aspirações existenciais de forma livre e plena,
convivendo de forma pacifica e harmônica entre si.
O direito à segurança pública é um direito fundamental atípico não enumerado que atribui ao Estado
o dever de pacificação social, isto é, atribui ao Estado o dever de preservar e promover a tranquilidade e a
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SEMANA 01/13

paz social, bem como de garantir a incolumidade das pessoas e de seu patrimônio, em face do monopólio
estatal do uso da força originado pelo pacto social que sustenta a própria existência do Estado.
O Estado exerce suas atribuições decorrentes do direito à segurança pública através do poder de
polícia – enquanto prerrogativa estatal de limitação e fiscalização dos direitos individuais fundada na
supremacia do interesse público sobre o privado – em sua dimensão especial de segurança pública.
Assim, em sua dimensão especial de segurança pública, o poder de polícia estatal pode ser dividido
em:
i) polícia administrativa, que atua preventivamente, evitando que infrações penais
e outros atos ilícitos ocorram, e, também, ostensivamente reprimindo ilícitos que
estejam acontecendo; e
ii) polícia judiciária, que atua repressivamente na investigação e apuração de
infrações penais.

Obs: o tema será melhor aprofundado na aula específica sobre Segurança Pública.

5.3 Princípio da Legalidade – Art. 5º, II

II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de
lei;

O princípio da legalidade significa que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer algo que não
esteja previamente estabelecido na própria CR e nas normas jurídicas dela derivadas. O princípio da
legalidade, desta forma, se converte em princípio da constitucionalidade (Canotilho), subordinando toda
atividade estatal e privada à força da Constituição.

I. Legalidade x Reserva Legal: O princípio da reserva legal é um desdobramento da legalidade, que impõe e
vincula a regulação de determinadas matérias constantes na constituição à fonte formal do tipo lei.

II. Acepções do princípio da legalidade:

1) Para particulares: Somente a lei pode criar obrigações, de forma que a inexistência de lei proibitiva
de determinada conduta implica ser ela permitida.

2) Para a Administração Pública: O Estado se sujeita às leis, e deve atuar em conformidade à


previsão legal. O administrador público só poderá agir dentro daquilo que é previsto e autorizado
por lei.

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SEMANA 01/13

5.4 Proibição Da Tortura – Art. 5º, III

Ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante


(art. 5º, III, da CF).

● Não esquecer que parcela da doutrina defende que o direito de não ser torturado (inciso III do art.
5º da CF) é um exemplo de direito fundamental absoluto, sendo uma exceção à característica da
relatividade dos direitos fundamentais.

● Uso de algemas e a Súmula Vinculante 11: “o uso legítimo de algemas não é arbitrário, sendo de
natureza excepcional, a ser adotado nos casos e com as finalidades de impedir, prevenir ou dificultar
a fuga ou reação indevida do preso, desde que haja fundada suspeita ou justificado receio de que
tanto venha a ocorrer, e para evitar agressão do preso contra os próprios policiais, contra terceiros
ou contra si mesmo. O emprego dessa medida tem como balizamento jurídico necessário os
princípios da proporcionalidade e da razoabilidade” (HC 89.429, Rel. Min. Cármen Lúcia, j.
22.08.2006, DJ de 02.02.2007).

Súmula Vinculante nº 11: Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de


fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte
do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de
responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade
da prisão ou do ato processo a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil
do Estado.

Fique atento à jurisprudência!

● A tortura de preso custodiado em delegacia praticada por policial constitui ato de improbidade
administrativa que atenta contra os princípios da administração pública. Para o STJ, é injustificável
que a tortura praticada por servidor público, um dos atos mais gravosos à dignidade da pessoa
humana e aos direitos humanos, seja punido apenas no âmbito disciplinar, civil e penal, afastando-
se a aplicação da Lei da Improbidade Administrativa.

5.5 Direito Às Liberdades

Abrange as liberdades física, de pensamento, de locomoção.

5.5.1 Liberdade Da Manifestação De Pensamento – Art. 5º, IV e V

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SEMANA 01/13

IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;


V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por
dano material, moral ou à imagem;

A Constituição assegurou a liberdade de manifestação do pensamento, vedando o anonimato. Se durante a


manifestação do pensamento se cause dano material, moral ou à imagem, assegura-se o direito de resposta,
proporcional ao agravo, além da indenização.

Conforma salienta Pedro Lenza, o inciso IV estabelece uma espécie de “cláusula geral” que, em conjunto com
outros dispositivos, asseguram a liberdade de expressão nas suas diversas manifestações:
a) liberdade de manifestação do pensamento (incluindo a liberdade de opinião);
b) liberdade de expressão artística;
c) liberdade de ensino e pesquisa;
d) liberdade de comunicação e de informação (liberdade de “imprensa”);
e) liberdade de expressão religiosa

● Marcha da Maconha (ADPF 187) – as marchas da maconha vinham sendo reprimidas pela polícia, sob a
ótica de que elas geravam apologia ao crime, vez que o uso de maconha é criminalizado. Este
entendimento viola a liberdade de expressão, porque não se confunde a apologia a droga e o seu uso
com a defesa da descriminalização ou ainda da inconstitucionalidade da criminalização. Em um Estado
Democrático de Direito se entender que o povo não possa se manifestar pela descriminalização de
uma conduta, evidentemente é se viver em um Estado que não pode ser chamado de Democrático de
Direito. Em um regime que presa pela liberdade de expressão tem que dar a opção da população se
manifestar pela descriminalização de determinada conduta.

A liberdade de expressão existe para a manifestação de opiniões contrárias,


jocosas, satíricas e até mesmo errôneas, mas não para opiniões criminosas,
discurso de ódio ou atentados contra o Estado Democrático de Direito e a
democracia. A Constituição garante a liberdade de expressão, com
responsabilidade. A liberdade de expressão não pode ser usada para a prática de
atividades ilícitas ou para a prática de discursos de ódio, contra a democracia ou
contra as instituições. Nesse sentido, são inadmissíveis manifestações proferidas
em redes sociais que objetivem a abolição do Estado de Direito e o impedimento,
com graves ameaças, do livre exercício de seus poderes constituídos e de suas
instituições. Ademais, conforme jurisprudência do STF, a garantia constitucional da
imunidade parlamentar incide apenas sobre manifestações proferidas no
desempenho da função legislativa ou em razão desta, não sendo possível utilizá-la
como escudo protetivo para a prática de atividades ilícitas. Não configurada abolitio
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criminis com relação aos delitos previstos na Lei de Segurança Nacional (Lei nº
7.170/83). Quando determinada conduta típica (e suas elementares) permanece
descrita na nova lei penal, com a manutenção do caráter proibido da conduta, há a
configuração do fenômeno processual penal da continuidade normativo-típica.
Na hipótese, o legislador não pretendeu abolir as condutas atentatórias à
democracia, ao Estado de Direito e ao livre exercício dos poderes. Na realidade,
aprimorou, sob o manto democrático, a defesa do Estado, de suas instituições e de
seus poderes. Observa-se, assim, a ocorrência de continuidade normativo-típica
entre as condutas previstas nos arts. 18 e 23, IV, da Lei nº 7.170/83 e a conduta
prevista no art. 359-L do CP (com redação dada pela Lei nº 14.197/2021), bem como
entre a conduta prevista no art. 23, II, da Lei nº 7.170/83 e o conduta típica prevista
no art. 286, parágrafo único, do CP, com redação dada pela Lei nº 14.197/2021.
STF. Plenário. AP 1044/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 20/4/2022

Caracterizam desvio de finalidade e abuso de poder a colheita, a produção e o


compartilhamento de dados, informações e conhecimentos específicos para
satisfazer interesse privado de órgão ou de agente público.
Na hipótese, a utilização da máquina estatal para a colheita de informações de
servidores com postura política contrária ao governo caracteriza desvio de
finalidade e afronta aos direitos fundamentais da livre manifestação do
pensamento, da privacidade, reunião e associação, aos quais deve ser conferida
máxima efetividade, pois essenciais ao regime democrático.
Ademais, os órgãos de inteligência de qualquer nível hierárquico de qualquer dos
Poderes do Estado, embora sujeitos ao controle externo realizado pelo Poder
Legislativo, submetem-se também ao crivo do Poder Judiciário, em respeito ao
princípio da inafastabilidade da jurisdição.
STF. Plenário. ADPF 722/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 13/5/2022 .

● Delação anônima (Inq. 1957) – o STF já decidiu não ser possível a utilização da denúncia anônima, pura
e simples, para a instauração de procedimento investigatório, por violar a vedação ao anonimato,
prevista no art. 5.º, IV. Nada impede, contudo, que o Poder Público provocado por delação anônima
adote medidas informais destinadas a apurar, previamente, em averiguação sumária, com prudência e
discrição, a possível ocorrência de eventual situação de ilicitude penal, desde que o faça com o objetivo
de conferir a verossimilhança dos fatos nela denunciados, em ordem a promover, então, em caso
positivo, a formal instauração da persecutio criminis, mantendo-se, assim, completa desvinculação desse
procedimento estatal em relação às peças apócrifas”.

● Não é cabível a condenação de empresa jornalística à publicação do resultado da demanda quando o


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ofendido não tenha pleiteado administrativamente o direito de resposta ou retificação de matéria


divulgada, publicada ou transmitida por veículo de comunicação social no prazo decadencial estabelecido
no art. 3º da Lei nº 13.188/2015, bem ainda, à adequação do montante indenizatório fixado.
STJ. 4ª Turma. REsp 1867286-SP, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 24/08/2021

● Tatuagem e o concurso público – “as pigmentações de caráter permanente inseridas voluntariamente


em partes dos corpos dos cidadãos configuram instrumentos de exteriorização da liberdade de
manifestação do pensamento e de expressão, valores amplamente tutelados pelo ordenamento jurídico
brasileiro (CRFB/88, art. 5.°, IV e IX)”. Assim, “o Estado não pode desempenhar o papel de adversário da
liberdade de expressão, incumbindo-lhe, ao revés, assegurar que minorias possam se manifestar
livremente”

Tema 838 da repercussão geral, fixou as seguintes teses: “(i) os requisitos do edital
para o ingresso em cargo, emprego ou função pública devem ter por fundamento
lei em sentido formal e material; (ii) os editais de concurso público não podem
estabelecer restrição a pessoas com tatuagem, salvo situações excepcionais em
razão de conteúdo que viole valores constitucionais”
(RE 898.450, Plenário, Rel. Min. Luiz Fux, j. 17.08.2016, DJE de 31.05.2017).

Novidade legislativa (LEI Nº 14.296, DE 4 DE JANEIRO DE 2022) veiculando restrições ao uso de


tatuagem para o ingresso em corpos e quadros da Marinha do Brasil.

Art. 11-A
XII - não apresentar tatuagem que, nos termos de detalhamento constante de
normas do Comando da Marinha, faça alusão a ideologia terrorista ou extremista
contrária às instituições democráticas, a violência, a criminalidade, a ideia ou ato
libidinoso, a discriminação, a preconceito de raça, credo, sexo ou origem ou a ideia
ou ato ofensivo às Forças Armadas, vedado o uso de qualquer tipo de tatuagem na
região da cabeça, do rosto e da face anterior do pescoço que comprometa a
segurança do militar ou das operações, conforme previsto em ato do Ministro de
Estado da Defesa;

CAIU EM PROVA RECENTE:


CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-SE - Escrivão de Polícia(adaptada)
A CF, ao garantir a liberdade de expressão, vedou o anonimato, prestigiando o direito de
resposta e eventual pleito judicial por indenização em relação a dano material, moral ou à
imagem(correta).

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5.5.2 Liberdade De Consciência, Crença E Culto – Art 5º, VI a VIII)

VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre


exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais
de culto e a suas liturgias;
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas
entidades civis e militares de internação coletiva;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de
convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação
legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

Assegura-se a inviolabilidade da liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício


dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias.

▪ Liberdade de crença: é a liberdade de pensamento de foro íntimo em questões de natureza


religiosa, incluindo o direito de professar ou não uma religião, de acreditar ou não na existência
de um, em nenhum ou em vários deuses (art. 5º, VI); e

▪ Liberdade de consciência em sentido estrito: é a liberdade de pensamento de foro íntimo em


questões não religiosas.

Atenção para a jurisprudência temática do STF:

A imposição legal de manutenção de exemplares de Bíblias em escolas e bibliotecas


públicas estaduais configura contrariedade à laicidade estatal e à liberdade
religiosa consagrada pela Constituição da República de 1988.
STF. Plenário. ADI 5258/AM, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 12/4/2021 (Info
1012).

5.5.3 Liberdade De Atividade Intelectual, Artística, Científica Ou De Comunicação – Art. 5º, IX

IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação,


independentemente de censura ou licença;

É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação,


independentemente de censura ou licença.
Veda-se a censura de natureza política, ideológica e artística (art. 220, § 2.º), porém, apesar da
liberdade de expressão acima garantida, lei federal deverá regular as diversões e os espetáculos públicos,
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SEMANA 01/13

cabendo ao Poder Público informar sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem,
locais e horários em que sua apresentação se mostre inadequada.

Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob


qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o
disposto nesta Constituição.
§ 2º É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística.
§ 3º Compete à lei federal:
I - regular as diversões e espetáculos públicos, cabendo ao Poder Público informar sobre
a natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários em que sua
apresentação se mostre inadequada;
II - estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade de se
defenderem de programas ou programações de rádio e televisão que contrariem o
disposto no art. 221, bem como da propaganda de produtos, práticas e serviços que
possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente.

5.5.4 Liberdade De Profissão – Art. 5º, XIII

XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as


qualificações profissionais que a lei estabelecer;

Assegura a liberdade do exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as


qualificações profissionais que a lei estabelecer.
Trata-se de norma constitucional de eficácia contida, podendo a legislação infraconstitucional
limitar o seu alcance, fixando condições ou requisitos para o pleno exercício da profissão.

● Cuidado - a jurisprudência do STF admite a regulamentação por lei de atividades que possam trazer
danos a terceiros, atividades profissionais cuja falta de técnica traga o risco de “atingir
negativamente a esfera pública de outros indivíduos ou de valores ou interesses da própria
sociedade” (ADI 3.870, 2019). Nessas situações, a lei poderá disciplinar, restritivamente, impondo
regras ao exercício da profissão.
Na jurisprudência do STJ:

Quando o delito imputado envolve o emprego de violência contra a pessoa ou demonstre


comportamento agressivo incompatível com as funções de vigilante, é válida a recusa de pedido
de inscrição em curso de reciclagem para vigilantes profissionais, porquanto configurada, em regra,
a ausência de idoneidade do indivíduo.
Caso concreto em que o indivíduo restou condenado pela prática de lesão corporal no âmbito
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doméstico, com sentença penal transitada em julgado e pena já cumprida, não se evidenciando,
desse modo, ilegalidade na recusa à matrícula no curso de reciclagem pela Polícia Federal,
porquanto se trata de delito que atrai valoração negativa sobre a conduta exigida do profissional,
revelando sua inidoneidade para o exercício da profissão.
STJ. 1ª Turma.REsp 1952439-DF, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 26/04/2022.

5.5.5 Liberdade de Informação – Art. 5º, XIV e XXXIII

XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte,


quando necessário ao exercício profissional;

XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no
prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;

5.5.6 Liberdade de Locomoção – Art. 5º, XV e LXI

XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo


qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com
seus bens;

LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de
transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;

É o direito de ir e vir, amparado por habeas corpus


Perceba que a liberdade de locomoção no território nacional é livre NOS TEMPOS DE PAZ.
Existem 4 hipóteses de exceção a liberdade de locomoção:

1. Em caso de prisão em flagrante ou prisão por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária
competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar (art. 5º, LXI da
CF)
2. Durante o estado de defesa (art. 136, 3º,I da CF) o decreto poderá estabelecer restrição ao direito
de reunião, ainda que exercida no seio das associações.
3. Durante o estado de sítio decretado com fundamento no art. 137, I, da CF, poderão ser tomadas
contra as pessoas as medidas de obrigação de permanência em localidade determinada (art. 139, I

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da CF); detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns (art. 139,
II da CF); suspensão da liberdade de reunião (art. 139, IV da CF).
4. Declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira (hipóteses de decretação
de estado de sítio – art. 137, II da CF), a liberdade de locomoção também poderá ser restringida ou
suspensa (art. 138, caput da CF).

JÁ CAIU EM PROVA:
FUNCAB - 2016 - PC-PA - Investigador de Policia Civil – A liberdade de locomoção é desenhada
como possibilidade de ingresso, circulação interna e saída do território nacional, sendo
preservada mesmo com a decretação de estado de sítio com fundamentação em comoção grave
de repercussão nacional. A liberdade de locomoção apenas é restringida com advento da
declaração de guerra. (errado)

5.5.7 Liberdade de Reunião – Art. 5º, XVI

XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao


público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra
reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido
prévio aviso à autoridade competente;

É o agrupamento organizado de pessoas de caráter transitório, com uma determinada finalidade.


O exercício válido do direito de reunião deve satisfazer os requisitos constitucionais

1. Reunião pacífica
2. Sem armas
3. Em locais abertos ao público
4. Dispensa autorização, mas deve haver aviso prévio aviso à autoridade competente
5. Não pode frustrar outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local

O que se entende por aviso prévio para os fins do direito de reunião do art. 5º,
XVI, da CF/88?
O STF fixou a seguinte tese: A exigência constitucional de aviso prévio
relativamente ao direito de reunião é satisfeita com a veiculação de informação
que permita ao poder público zelar para que seu exercício se dê de forma pacífica
ou para que não frustre outra reunião no mesmo local. STF. Plenário. RE 806339,
Rel. para acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 14/12/2020 (Repercussão Geral –
Tema 855).

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5.5.8 Liberdade de Associação – Art. 5º, XVII a XXI

Agrupamento de pessoas, organizado e permanente, para fins lícitos. Abrange:

∘ Direito de associar-se a outras pessoas para a formação de uma entidade;


∘ Aderir a uma associação já formada;
∘ Desligar-se da associação;
∘ Autodissolução das associações.

XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter


paramilitar;

Perceba que o direito de associação somente é livre se:


1. For para fins lícitos
2. Não tiver caráter paramilitar.

Já caiu em prova;
INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Investigador) É plena a liberdade de associação para fins lícitos,
inclusive a de caráter paramilitar. [errado]

XVIII – a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem


de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;

Perceba que:
1. Associações são criadas independente de autorização
2. Cooperativas devem ser criadas na forma da lei, mas independem de autorização;
3. A CF veda qualquer interferência estatal no funcionamento das associações e cooperativas.
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades
suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
Perceba que as associações:
1. Podem ser dissolvidas de forma compulsória por decisão judicial, mas apenas após o trânsito em
julgado.
2. Podem ter suas atividades suspensas por decisão judicial, não sendo exigido o trânsito em julgado.

XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;

XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm


legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;
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5.6 Direito à privacidade – Art. 5º, X

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,


assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação;

DIMENSÕES
● Intimidade: é o direito de estar só;
● Vida privada: é o direito do indivíduo de ser do modo que quiser, sem a intervenção de outrem.
● Honra: Ligada à honra objetiva (visão da sociedade) e honra subjetiva (visão da própria pessoa).
● Imagem: É a representação da pessoa, por meio de desenhos, fotografias.

A MP 954/2020 exorbitou dos limites traçados pela Constituição ao autorizar a


disponibilização dos dados pessoais de todos os consumidores dos serviços STFC
e SMP, pelos respectivos operadores, ao IBGE
A MP 954/2020 determinava que, durante a emergência de saúde decorrente do
covid-19, as empresas de telefonia fixa e móvel deveriam fornecer ao IBGE os dados
dos seus clientes: relação dos nomes, números de telefone e endereços. Segundo
a MP, essas informações seriam utilizadas para a produção das estatísticas oficial,
com o objetivo de realizar entrevistas não presenciais com os clientes das
empresas. As informações disciplinadas pela MP 954/2020 configuram dados
pessoais e, portanto, estão protegidas pelas cláusulas constitucionais que
asseguram a liberdade individual (art. 5º, caput), a privacidade e o livre
desenvolvimento da personalidade (art. 5º, X e XII). Sua manipulação e tratamento
deverão respeitar esses direitos e os limites estabelecidos pela Constituição. A MP
954/2020 exorbitou dos limites traçados pela Constituição porque diz que os dados
serão utilizados exclusivamente para a produção estatística oficial, mas não
delimita o objeto da estatística a ser produzida, nem a finalidade específica ou a
sua amplitude. A MP 954/2020 não apresenta também mecanismos técnico ou
administrativo para proteger os dados pessoais de acessos não autorizados,
vazamentos acidentais ou utilização indevida. Diante disso, constata-se que a MP
violou a garantia do devido processo legal (art. 5º, LIV, da CF), em sua dimensão
substantiva (princípio da proporcionalidade). STF. Plenário. ADI 6387, ADI 6388, ADI
6389, ADI 6390 e ADI 6393 MC-Ref/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgados em 6 e
7/5/2020 (Info 976).

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O direito à retratação e ao esclarecimento da verdade possui previsão na


Constituição da República e na Lei Civil, não tendo sido afastado pelo Supremo
Tribunal Federal no julgamento da ADPF 130/DF. O princípio da reparação integral
(arts. 927 e 944 do CC) possibilita o pagamento da indenização em pecúnia e in
natura, a fim de se dar efetividade ao instituto da responsabilidade civil. Dessa
forma, é possível que o magistrado condene o autor da ofensa a divulgar a sentença
condenatória nos mesmos veículos de comunicação em que foi cometida a ofensa
à honra, desde que fundamentada em dispositivos legais diversos da Lei de
Imprensa. STJ. 3ª Turma. REsp 1771866-DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze,
julgado em 12/02/2019 (Info 642).
Fonte: Dizer o Direito

Os órgãos do SISBIN (Sistema Brasileiro de Inteligência) somente podem fornecer


informações à ABIN quando comprovado o interesse público e mediante decisão
motivada para controle de legalidade pelo Poder Judiciário.
a) os órgãos componentes do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin) somente
podem fornecer dados e conhecimentos específicos à Agência Brasileira de
Inteligência (Abin) quando comprovado o interesse público da medida, afastada
qualquer possibilidade de esses dados atenderem interesses pessoais ou privados;
b) toda e qualquer decisão que solicitar os dados deverá ser devidamente
motivada para eventual controle de legalidade pelo Poder Judiciário;
c) mesmo quando presente o interesse público, os dados referentes a
comunicações telefônicas ou dados sujeitos à reserva de jurisdição não podem
ser compartilhados na forma do dispositivo em razão daquela limitação,
decorrente do respeito aos direitos fundamentais; e
d) nas hipóteses cabíveis de fornecimento de informações e dados à Abin, é
imprescindível procedimento formalmente instaurado e existência de sistemas
eletrônicos de segurança e registro de acesso, inclusive para efeito de
responsabilização, em caso de eventuais omissões, desvios ou abusos.
STF. Plenário. ADI 6529/DF, Rel. Min. Carmen Lúcia, julgado em 8/10/2021 (Info
1033).

5.6.1 SIGILO DE CORRESPONDÊNCIA E COMUNICAÇÕES (ART. 5.º, XII)

É inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das


comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei
estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal.”: Conforme se observa, além

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da proteção ao sigilo da correspondência, há proteção ao sigilo de 3 formas de comunicações, com ressalva


expressa apenas em relação a uma delas:
- telegráfica — sem ressalva expressa;
- de dados — sem ressalva expressa;
- telefônica — com ressalva expressa, exigindo ordem judicial e nas hipóteses e na forma que a lei
estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal (cf. Lei n. 9.296/96).
Admite-se expressamente a possibilidade de interceptação das comunicações telefônicas, desde que
após ordem judicial e nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou
instrução processual penal.
São, portanto, três os requisitos necessários para a violação das comunicações telefônicas
(interceptação telefônica):
a) uma lei que preveja as hipóteses e a forma em que pode ocorrer a interceptação telefônica,
obrigatoriamente no âmbito de investigação criminal ou instrução processual penal;
b) a existência efetiva de investigação criminal ou instrução processual penal;
c) a ordem judicial específica para o caso concreto (trata-se da denominada "reserva de jurisdição";
nem mesmo comissão parlamentar de inquérito - CPI pode determinar interceptação telefônica).
Enfatize-se que mesmo a atuação do magistrado na autorização da interceptação telefônica é
limitada pelo texto constitucional, uma vez que ele só poderá autorizar a escuta para fins de investigação
criminal ou instrução processual penal e, ainda assim, nas estritas hipóteses e termos que a lei estabelecer.

- sigilo de correspondência:
Reza o texto constitucional que "é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações
telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal"
(art. 5.0 , XII). Embora a autorização expressa para a violação excepcional refira-se, tão somente, às
comunicações telefônicas, a garantia da inviolabilidade das correspondências também não é absoluta, visto
que não existem direitos e garantias fundamentais de caráter absoluto no Estado brasileiro. Assim, numa
situação concreta, em que estejam em jogo outros valores constitucionalmente protegidos (direito à vida,
por exemplo), poderá ocorrer a violação das correspondências, para salvaguardar o direito à vida. Nesse
sentido, o STF deixou assente ser possível, respeitados certos parâmetros, a interceptação das
correspondências e comunicações telegráficas e de dados sempre que tais liberdades públicas estiverem
sendo utilizadas como instrumento de salvaguarda de práticas ilícitas.
Assim, por exemplo, uma "carta confidencial" remetida pelo sequestrador à família do sequestrado
certamente poderá ser violada e utilizada em juízo como prova, sem se falar em desrespeito ao sigilo das
correspondências, pois o sequestrador foi quem primeiro desrespeitou os direitos fundamentais do
sequestrado e de sua família, merecendo, estes sim, a tutela da ordem jurídica.
Ademais, o próprio texto constitucional prevê circunstâncias excepcionais que admitem a restrição
dessas garantias, como o estado de defesa e o estado de sítio (CF, arts. 136, § l.º, e 139).
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Na jurisprudência do STF:
A administração do presídio, com fundamento em razões de segurança pública, de disciplina
prisional ou de preservação da ordem jurídica, pode, sempre excepcionalmente, e desde que
respeitada a norma inscrita no art. 41, parágrafo único, da LEP, interceptar a
correspondência que seria dirigida ao preso. STF. 1ª Turma. HC 70814, Rel. Min. Celso de
Mello, 01/03/1994.

- sigilo das comunicações telegráficas: também inviolável, salvo nas hipóteses de decretação de
estado de defesa e de sítio, que poderá ser restringido (arts. 136, § 1.º, I, “c”, e 139, III) ou em razão
de eventual ponderação a ser feita no caso concreto;

Diferenciando:
Correspondência é aquela que se recebe, normalmente, em residência, como avisos bancários, contas ou
até mesmo uma carta. Já com a comunicação telegráfica está se tratando do telex e do telegrama. O
telegrama é uma comunicação rápida enviada na forma escrita e hoje também pode ser enviada pela
internet. O telex é uma tecnologia que não existe mais, mas que era uma máquina onde a mensagem era
digitada e enviada para o destinatário.

- Privacidade e Sigilo bancário e fiscal: O STF admite a quebra do sigilo pelo Judiciário ou por CPI
(federal ou estadual, mas não municipal), mas resiste a que o MP possa requisitá-la diretamente, por
falta de autorização legal específica, salvo a hipótese de existir procedimento administrativo
investigando utilização indevida de patrimônio público.

LC 105/2001 E QUEBRA DE SIGILO PELA ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA7


- A Lei Complementar n.º 105/2001 atribui a agentes tributários, no exercício do poder de
fiscalização, o poder de requisitar informações referentes a operação e serviços das instituições
financeiras, independente de autorização judicial. Inicialmente, nos autos do RE 389808, o STF
entendeu NÃO ser possível o afastamento do sigilo.

- Recentemente, o STF entendeu possível o repasse das informações dos bancos para o Fisco, pelos
seguintes argumentos, pois as informações são remetidas ao Fisco em caráter sigiloso e permanecem de
forma sigilosa na Administração Tributária, inacessível a terceiros, não pode ser considerado violação do
sigilo.

7
Para aprofundamento, sugerimos leitura do julgado comentado pelo Dizer o Direito:
http://www.dizerodireito.com.br/2016/02/a-receita-pode-requisitar-das.html
221
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Dados obtidos com a quebra de sigilo bancário não podem ser divulgados
abertamente em site oficial.
Os dados obtidos por meio da quebra dos sigilos bancário, telefônico e fiscal devem
ser mantidos sob reserva.
Assim, a página do Senado Federal na internet não pode divulgar os dados obtidos
por meio da quebra de sigilo determinada por comissão parlamentar de inquérito
(CPI).
STF. Plenário. MS 25940, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 26/4/2018 (Info 899).
Fonte: Dizer o direito.

● DADOS, INCLUSIVE NOS MEIOS DIGITAIS: Uma das facetes do direito à privacidade, foi incluído,
agora expressamente, na Constituição Federal, por meio da EC 115/2022, o direito à proteção dos dados
pessoais, inclusive nos meios digitais:

LXXIX - é assegurado, nos termos da lei, o direito à proteção dos dados pessoais,
inclusive nos meios digitais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 115, de 2022)

Isso significa que este direito passou a ser cláusula pétrea, não podendo mais ser excluído do texto
constitucional, sob pena de configurar retrocesso na proteção dos direitos fundamentais.

Além disso, a EC 115/2022 estabeleceu competir à União organizar e fiscalizar a proteção e o


tratamento de dados pessoais, nos termos da lei. (art. 21, XXVI), bem como legislar privativamente a respeito
da proteção e tratamento de dados pessoais.

5.7 Inviolabilidade De Domicílio – Art. 5º, XI

XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem


consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar
socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial

A casa é asilo inviolável. Qual é o conceito de casa?


R.: Segundo o STF e doutrina, casa abrange não só o domicílio como também todo lugar privativo,
ocupado por alguém, com direito próprio e de maneira exclusiva, mesmo sem caráter definitivo ou
habitual.

STF - “Para os fins da proteção jurídica a que se refere o art. 5.º, XI, da Constituição
da República, o conceito normativo de ‘casa’ revela-se abrangente e, por estender-
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se a qualquer aposento de habitação coletiva, desde que ocupado (CP, art. 150, §
4.º, II), compreende, observada essa específica limitação espacial, os quartos de
hotel (...)” (RHC 90.376)

A abrangência do conceito alcança:


▪ o escritório de trabalho,
▪ o estabelecimento industrial,
▪ clube recreativo
▪ quarto de hotel.
▪ Quarto de motel.
▪ Automóveis quando usados para fins de moradia;
▪ Barcos quando usados para fins de moradia.
▪ Bens públicos de uso especial não abertos ao público como gabinetes de prefeitos, gabinete do
delegado de polícia.

Inf. 549 do STJ (2014):Afirmou que o gabinete do delegado de polícia encontra-se


inserido no conceito de “casa” previsto no inciso III do §4º do art. 150 do CP. Logo,
invasão ao seu gabinete constitui crime de violação de domicílio.

CP, Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a


vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas
dependências:
§ 4º - A expressão "casa" compreende:
I - qualquer compartimento habitado;
II - aposento ocupado de habitação coletiva;
III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou
atividade

* ATENÇÃO - Exceções ao direito à inviolabilidade do domicílio.


Sem consentimento do morador, só é possível entrar na casa de um indivíduo:
(1) Em caso de flagrante delito, a qualquer momento;
(2) Em caso de desastre
(3) Para prestar socorro;
(4) Através de autorização judicial, durante o dia.

Fique atento à jurisprudência:

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O ingresso regular da polícia no domicílio, sem autorização judicial, em caso de


flagrante delito, para que seja válido, necessita que haja fundadas razões (justa
causa) que sinalizem a ocorrência de crime no interior da residência. A mera
intuição acerca de eventual traficância praticada pelo agente, embora pudesse
autorizar abordagem policial, em via pública, para averiguação, não configura, por
si só, justa causa a autorizar o ingresso em seu domicílio, sem o seu consentimento
e sem determinação judicial. STJ. 6ª Turma. REsp 1574681-RS, Rel. Min. Rogério
Schietti Cruz, julgado em 20/4/2017 (Info 606).
Fonte: Dizer o Direito

5.8 Direito de propriedade – Art. 5º, XXII e Art. 5º, XXIII

XXII - é garantido o direito de propriedade;


XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;

É garantido pela Constituição, mas não é absoluto, uma vez que a propriedade poderá ser
desapropriada.
É necessário também que a propriedade cumpra sua função social, atendendo aos interesses da
coletividade e não apenas do proprietário.
● É garantido o direito de propriedade (art. 5º, XXII).
● A propriedade atenderá a sua função social (art. 5º, XXIII).
● A lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por
interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos na
Constituição (art. 5º, XXIV).
● No caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular,
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano (art. 5º, XXV).

CAIU EM PROVA RECENTE:


IBFC - 2022 - PC-BA - Escrivão de Polícia Civil
No que se refere aos direitos e garantias fundamentais, especialmente o direito à propriedade,
analise as afirmativas abaixo e dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F).

( ) A função social da propriedade é prevista expressamente na Constituição Federal de 1988.


( ) A lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública,
ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos
previstos na Constituição Federal de 1988.

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( ) No caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade


particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, mesmo que não haja dano, tendo
em vista que houve a utilização de sua propriedade.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de cima para baixo.


A- V - V - V
B- V - F - F
C- F - F - V
D- V - V - F
E- F - V - F
R.: letra D.

5.8.1 Direito ao silêncio

Quanto ao direito ao silêncio, o texto Constitucional foi bastante limitado. O único dispositivo
constitucional que trata do assunto é o art. 5º, LXIII: “o preso será informado de seus direitos, entre os quais
o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado”. Embora não haja
previsão expressa na Constituição Federal, obviamente todo investigado, ainda que solto, também tem o
direito de permanecer em silêncio. Trata-se de um corolário do princípio segundo o qual ninguém é obrigado
a produzir prova contra si mesmo (nemo tenetur se detegere).
Aliás, esse direito, que está implícito na Constituição Federal, está expresso no art. 8º, inciso 2, alínea
“g”, do Pacto de São José da Costa Rica: “direito de não ser obrigado a depor contra si mesma, nem a declarar-
se culpada”.
Nesse sentido, já decidiu o Supremo Tribunal Federal: “Tenho enfatizado, em decisões proferidas no
Supremo Tribunal Federal, a propósito da prerrogativa constitucional contra a autoincriminação, e com apoio
na jurisprudência prevalente no âmbito desta Corte, que assiste, a qualquer pessoa, regularmente convocada
para depor perante Comissão Parlamentar de Inquérito, o direito de se manter em silêncio, sem se expor –
em virtude do exercício legítimo dessa faculdade – a qualquer restrição em sua esfera jurídica, desde que as
suas respostas, às indagações que lhe venham a ser feitas possam acarretar-lhes grave dano (nemo tenetur
se detegere).
Com o explícito reconhecimento dessa prerrogativa, constitucionalizou-se, em nosso sistema
jurídico, uma das mais expressivas consequências derivadas da cláusula do due process of law. Em sua: o
direito ao silêncio – e de não produzir provas contra si próprio – constitui prerrogativa individual que não
pode ser desconsiderada por qualquer dos Poderes da República” (HC 94.082-MC, rel. Min. Celso de Mello).
Importante frisar que esse direito pode ser invocado não apenas pelos investigados pelas Comissões
Parlamentares de Inquérito, como também pelas testemunhas, no tocante aos fatos que eventualmente as
incriminem.
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A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é uníssona nesse sentido: “Não obstante a possível
dúvida a respeito do teor da convocação do paciente, se lhe formaliza ou não a condição de investigado,
pode-se inferir que é esta a condição que lhe advém das notícias veiculadas pela imprensa. [...] Nesse sentido,
HC n. 86.232-MC, rel. Min. Ellen Gracie.
Além disso, não menos aturada e firma a jurisprudência deste Tribunal no sentido de que a garantia
constitucional contra autoincriminação se estende a todas as pessoas sujeitas aos poderes instrutórios das
Comissões Parlamentares de Inquérito, assim aos indiciados mesmos, ou, recte, envolvidos, investigados, ou
suspeitos, como às que ostentem a só qualidade de testemunhas, ex vi do art. 406, I, do Código de Processo
Civil, c.c. art. 3º, do Código de Processo Penal e art. 6º, da Lei n. 1.579, de 18 de março de 1952” (HC 88.703-
MC, rel. Min. Cezar Peluso).
Dessa maneira, caso a testemunha permaneça em silêncio no tocante aos fatos que eventualmente
a incriminam exercerá regularmente um direito constitucional, não praticando crime de falso testemunho,
como já decidiu o STF: “Não configura o crime de falso testemunho, quando a pessoa, depondo como
testemunha, ainda que compromissada, deixa de revelar fatos que possam incriminá-la” (HC 73.035, rel. Min.
Carlos Velloso).
Na jurisprudência do STF:

“Não viola a Constituição a previsão legal de imposição das sanções administrativas


ao condutor de veículo automotor que se recuse à realização dos testes, exames
clínicos ou perícias voltados a aferir a influência de álcool ou outra substância
psicoativa (art. 165-A e art. 277, §§ 2º e 3º, todos do Código de Trânsito Brasileiro,
na redação dada pela Lei 13.281/2016)”.
STF. Plenário. RE 1224374/RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 18 e 19/5/2022
(Repercussão Geral – Tema 1079).

5.9 Direito de petição e de obtenção de certidões – Art. 5º, XXXIV, ‘a’, ‘b’

XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:


a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra
ilegalidade ou abuso de poder;

b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e


esclarecimento de situações de interesse pessoal;

Caso o pedido de certidão não seja atendido, o remédio constitucional cabível será o mandado de
segurança e não o habeas data.
O direito de certidão não é absoluto, pois pode ser negado em caso de o sigilo ser imprescindível à
segurança da sociedade ou do Estado.
226
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

5.10 Inafastabilidade da Jurisdição – Art. 5º, XXXV

A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito (art.
5º, XXXV, da CF).

Não se confunde com o direito de petição, já que este consiste em um direito de participação política
que não demanda a demonstração de interesse processual ou lesão a direito pessoal.
Exceção à regra da inafastabilidade da jurisdição:
▪ O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após
esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei (art. 217, §1º, da CF).

5.11 Irretroatividade da Lei – Art. 5º, XXXVI

A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada
(art. 5º, XXXVI, da CF).

Conceitos (art. 6º da LINDB):


I- Direito adquirido: direito que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como
aquele cujo começo do exercício tenha termo prefixo ou condição preestabelecida inalterável, a
arbítrio de outrem;
II- Ato jurídico perfeito: ato já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou;
III- Coisa julgada: decisão judicial de que não caiba mais recurso.

Súmula 654-STF: A garantia da irretroatividade da lei, prevista no art. 5º, XXXVI, da


Constituição da República, não é invocável pela entidade estatal que a tenha
editado

5.12 Princípio da Pessoalidade – Art. 5º, XLV

Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o


dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos
sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido
(art. 5º XLV, da CF).

O princípio da pessoalidade tem duas dimensões:


1) Dimensão negativa: impede que sanções de natureza penal extrapolem o âmbito estritamente
pessoal do infrator, vedando a imposição de pena a terceiros;
227
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

2) Dimensão positiva: impõe o dever de expor circunstancialmente as condutas responsáveis pelo


ilícito, bem como de narrar com clareza o grau de participação dos acusados.

A veiculação de matéria jornalística sobre delito histórico que expõe a vida


cotidiana de terceiros não envolvidos no fato criminoso, em especial de criança e
de adolescente, representa ofensa ao princípio da intranscendência. Matéria
jornalística que, sob o pretexto de noticiar crime histórico, expõe a intimidade do
atual marido e dos filhos da condenada, pessoas que não têm relação direta com o
fato, ofende o princípio da intranscendência ou da pessoalidade da pena, descrito
no art. 5º, XLV, da CF/88 e no art. 13 do Código Penal. Isso porque, ao expor
publicamente a intimidade dos referidos familiares em razão do crime ocorrido, a
reportagem compartilhou dimensões evitáveis e indesejáveis dos efeitos da
condenação então estendidas à atual família da ex-condenada. Especificamente
quanto aos filhos, menores de idade, ressalta-se a Opinião Consultiva n. 17, de 28
de agosto de 2002 da Corte Interamericana de Direitos Humanos, que entende que
o melhor interesse das crianças e dos adolescentes é reconhecido como critério
regente na aplicação de normas em todos os aspectos da vida dos denominados
“sujeitos em desenvolvimento”. STJ. 3ª Turma. REsp 1736803-RJ, Rel. Min. Ricardo
Villas Bôas Cueva, julgado em 28/04/2020 (Info 670).

É inconstitucional lei estadual que proíbe a Administração Pública de contratar


empresa que tenha tido empregado condenado por crime ou contravenção
relacionados com a prática de atos discriminatórios. É inconstitucional lei estadual
que proíba que a Administração Pública contrate empresa cujo diretor, gerente ou
empregado tenha sido condenado por crime ou contravenção relacionados com a
prática de atos discriminatórios. Essa lei viola os princípios da intransmissibilidade
da pena, da responsabilidade pessoal e do devido processo legal. STF. Plenário. ADI
3092, Rel. Marco Aurélio, julgado em 22/06/2020 (Info 987 – clipping).

5.13 Princípio da individualização da pena – Art. 5º, XLVI

XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:


a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;

228
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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

A aplicação do princípio ocorre em três âmbitos:


· Plano legislativo: dirige-se ao legislador no momento da fixação dos limites mínimos e máximos da
pena, do regime de cumprimento e dos benefícios que podem ser concedidos ao infrator.
· Plano judicial: o magistrado, ao aplicar a pena, deve definir, fundamentadamente, a sua quantidade
conforme os parâmetros legais, o regime inicial e os benefícios aplicáveis;
· Plano executório: no momento da execução penal, deverá ser definido o estabelecimento prisional
de cumprimento da pena, tendo em conta a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado (art. 5º,
XLVIII, da CF).

* Obs.: Súmula Vinculante nº 56: A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do
condenado em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nessa hipótese, os parâmetros fixados
no RE 641.320/RS.

6. DIREITOS SOCIAIS – ART. 6º a 11

Direitos sociais são direitos de 2ª geração.


A Constituição define no art. 6º quais são os direitos sociais:

Atenção para a inclusão do parágrafo único (Emenda Constitucional nº 114


de 2021).

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a


moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à
maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
Constituição.

Parágrafo único. Todo brasileiro em situação de vulnerabilidade social terá direito


a uma renda básica familiar, garantida pelo poder público em programa
permanente de transferência de renda, cujas normas e requisitos de acesso serão
determinados em lei, observada a legislação fiscal e orçamentária. (grifo nosso).

● Direitos dos trabalhadores: Os direitos relativos aos trabalhadores são de duas ordens:
● Direitos dos trabalhadores nas suas relações individuais de trabalho: São os direitos dos
trabalhadores do art. 7º da CF, cujo dispositivo recomendamos leitura atenta. Dentre esses direitos,
destacamos:

· Direito ao trabalho: Infere-se do valor social do trabalho como fundamento da República


(art. 2º) e demais dispositivos constitucionais;
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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

· Garantia do emprego: É a proteção da relação de emprego contra despedida arbitrária ou


sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória,
entre outros direitos, impedindo-se, dessa forma, a dispensa injustificada, sem motivo
socialmente relevante. É norma de eficácia contida.

ATENÇÃO: A EC 72/2013 ampliou os direitos dos empregados domésticos!

DIREITOS COLETIVOS DOS TRABALHADORES: Exercidos pelos trabalhadores coletivamente ou no interesse


de uma coletividade deles, previstos nos arts. 8-11. Destacamos:

▪ Organização sindical: O art. 8º, da CF/88 institui ampla autonomia coletiva para a fundação e direção
desse ente associativo, não podendo o Estado intervir ou condicionar o exercício desse direito. Pode,
contudo, ser exigida a inscrição do sindicato em órgão próprio (Ministério do Trabalho), bem como
admite-se que a lei disponha genericamente sobre regras básicas de organização sindical.

O art. 522 da CLT, que prevê um número máximo empregados que podem ser
dirigentes sindicais, é compatível com a CF/88 e não viola a garantia da liberdade
sindical
O art. 8º, VIII, da CF/88 prevê que os dirigentes sindicais não podem ser demitidos,
salvo se cometerem falta grave. O art. 522 da CLT prevê um número máximo
empregados que podem ser dirigentes sindicais. Assim que a CF/88 foi promulgada,
alguns doutrinadores começaram a sustentar a tese de que o art. 522 da CLT não
teria sido recepcionado pela Carta Constitucional. Isso porque o inciso I do art. 8º
da Constituição prevê que a liberdade sindical, ou seja, proíbe que o poder público
interfira na organização dos sindicatos. O TST e o STF não concordaram com essa
tese. A liberdade sindical tem previsão constitucional, mas não possui caráter
absoluto. A previsão legal de número máximo de dirigentes sindicais dotados de
estabilidade de emprego não esvazia a liberdade sindical. Essa garantia
constitucional existe para que possa assegurar a autonomia da entidade sindical,
mas não serve para criar situações de estabilidade genérica e ilimitada que violem
a razoabilidade e a finalidade da norma constitucional garantidora do direito. Logo,
o art. 522 da CLT foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988. STF. Plenário.
ADPF 276, Rel. Cármen Lúcia, julgado em 15/05/2020.

O parágrafo único do art. 526 da CLT proibia que os empregados de sindicato


fossem filiados a sindicatos. A Lei nº 11.295/2006 revogou esse parágrafo único a
fim de permitir o direito de sindicalização para os empregados de entidade sindical.

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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

A alteração promovida pela Lei nº 11.295/2006 é compatível com a liberdade de


associação sindical prevista no art. 8º da CF/88.
STF. Plenário. ADI 3890/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 7/6/2021 (Info 1020),
(grifo nosso).

▪ Direito de substituição processual: A CF/88 previu a possibilidade de os sindicatos ingressar em juízo


na defesa de direitos e interesses coletivos e individuais da categoria, em hipótese de substituição
processual, pois o sindicato ingressa em nome próprio na defesa de interesses alheios.

▪ Greve: Previsto no art. 9º, cabe aos trabalhadores decidir a oportunidade de exercê-lo e os interesses
que devam por meio dele defender. Outrossim, prevê que a lei definirá os serviços ou atividades
essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, inclusive
responsabilizando os abusos cometidos.

Cuidado! Policial civil não pode fazer greve!!!

O exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade, é vedado aos


policiais civis e a todos os servidores públicos que atuem diretamente na área de
segurança pública. É obrigatória a participação do Poder Público em mediação
instaurada pelos órgãos classistas das carreiras de segurança pública, nos termos
do art. 165 do CPC, para vocalização dos interesses da categoria.
STF. Plenário. ARE 654432/GO, Rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 5/4/2017 (repercussão geral) (Info 860).

No mesmo sentido:
É compatível com o sistema normativo-constitucional vigente, norma estadual que
veda a promoção ou a participação de policiais em manifestações de apreço ou
desapreço a quaisquer autoridades ou contra atos da Administração Pública em
geral.
STF. Plenário. ADPF 734/PE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 13/4/2023.

ATENÇÃO - Para servidores públicos civis: Como não existe lei específica, o STF conferiu efeitos
concretos aos Mandados de Injunção ajuizados pelos Sindicatos de Servidores Civis. Por maioria,
conheceu dos mandados de injunção e propôs a solução para a omissão legislativa com a
aplicação, no que couber, da Lei 7.783/89, que dispõe sobre o exercício do direito de greve na
iniciativa privada.

CAIU EM PROVA RECENTE:


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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

IBFC - 2022 - PC-BA - Escrivão de Polícia Civil


Acerca dos direitos e garantias fundamentais, especialmente o direito à liberdade, analise as
afirmativas abaixo.

I. A Constituição assegura a liberdade do exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão,


atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer. A lei infraconstitucional poderá,
portanto, limitar o seu alcance, fixando condições ou requisitos para o pleno exercício da
profissão. II. É assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando
necessário ao exercício profissional. Trata-se do direito de informar e de ser informado,
explicitando do direito constitucional à liberdade de informação. III. A locomoção no território
nacional em tempo de paz é livre, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar,
permanecer ou dele sair com seus bens.

Estão corretas as afirmativas:


A- I, II e III
B- I e II apenas
C- II e III apenas
D- I e III apenas
E- I apenas

R.: letra A.

Jurisprudência importante acerca de direitos e garantias fundamentais:

É constitucional — por não ofender o direito de propriedade e os princípios da ordem econômica e do


equilíbrio econômico-financeiro dos contratos administrativos — lei federal que determina a reserva, por
veículo, de duas vagas gratuitas e, após estas esgotarem, de duas vagas com tarifa reduzida em, no mínimo,
50%, para serem utilizadas por jovens de baixa renda no sistema de transporte coletivo interestadual de
passageiros.
STF. Plenário. ADI 5657/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 16 e 17/11/2022.

Nos casos de internações pós-parto que durem mais de duas semanas, o termo inicial da licença-maternidade
e do salário-maternidade é a alta hospitalar da mãe ou do recém-nascido — o que ocorrer por último —,
prorrogando-se ambos os benefícios por igual período ao da internação, visto que não podem ser reduzidos
de modo irrazoável e conflitante com o direito social de proteção à maternidade e à infância.
STF. Plenário. ADI 6327/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 21/10/2022 (Info 1073)

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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

É constitucional lei estadual que prevê a reserva de assentos especiais a serem utilizados por pessoas obesas,
correspondente a 3% dos lugares em salas de projeções, teatros e espaços culturais localizados em seu
território e a, no mínimo, 2 lugares em cada veículo do transporte coletivo municipal e intermunicipal.
STF. Plenário. ADI 2477/PR e ADI 2572/PR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em 21/10/2022 (Info 1073).

É constitucional lei estadual, de iniciativa parlamentar, que determina a reserva de vagas, no mesmo
estabelecimento de ensino, para irmãos que frequentem a mesma etapa ou ciclo escolar, pois disciplina
medida que visa consolidar políticas públicas de acesso ao sistema educacional e do maior convívio familiar
possível.
STF. Plenário. ADI 7149/RJ, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 23/9/2022 (Info 1069).

É legítimo, desde que observados alguns parâmetros, o compartilhamento de dados pessoais entre órgãos e
entidades da Administração Pública federal, sem qualquer prejuízo da irrestrita observância dos princípios
gerais e mecanismos de proteção elencados na Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (Lei nº 13.709/2018)
e dos direitos constitucionais à privacidade e proteção de dados.
STF. Plenário. ADI 6649/DF e ADPF 695/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgados em 15/9/2022 (Info 1068).

Não viola a Constituição a previsão legal de imposição das sanções administrativas ao condutor de veículo
automotor que se recuse à realização dos testes, exames clínicos ou perícias voltados a aferir a influência de
álcool ou outra substância psicoativa (art. 165-A e art. 277, §§ 2º e 3º, todos do Código de Trânsito Brasileiro,
na redação dada pela Lei 13.281/2016).
STF. Plenário. RE 1224374/RS, ADI 4017/DF e ADI 4103/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgados em 18 e 19/5/2022
(Repercussão Geral – Tema 1079).

Os órgãos do Sistema Brasileiro de Inteligência, conquanto necessários para a segurança pública,


segurança nacional e garantia de cumprimento eficiente dos deveres do Estado, devem operar com estrita
vinculação ao interesse público, observância aos valores democráticos e respeito aos direitos e garantias
fundamentais.
STF. Plenário. ADPF 722/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 13/5/2022 (Info 1054).

Caso concreto: a imprensa divulgou que o Ministério da Justiça estaria investigando e elaborando dossiês
sigilosos contra um grupo de servidores públicos identificados como integrantes do “movimento
antifascismo”. Os principais alvos da investigação seriam professores e policiais autointitulados de
“antifascistas”.
Determinado partido político ajuizou ADPF para que o STF declare que essa investigação viola os preceitos
fundamentais da liberdade de expressão, reunião, associação, inviolabilidade de intimidade, vida privada

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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

e honra.
O STF julgou o pedido procedente e declarou inconstitucionais atos do Ministério da Justiça de produção
ou compartilhamento de informações sobre a vida pessoal, as escolhas pessoais e políticas, e as práticas
cívicas de cidadãos, servidores públicos federais, estaduais e municipais identificados como integrantes de
movimento político, professores universitários e quaisquer outros que, atuando nos limites da legalidade,
exerçam seus direitos de livremente expressar-se, reunir-se e associar-se.
Os órgãos do Sistema Brasileiro de Inteligência, conquanto necessários para a segurança pública,
segurança nacional e garantia de cumprimento eficiente dos deveres do Estado, devem operar com estrita
vinculação ao interesse público, observância aos valores democráticos e respeito aos direitos e garantias
fundamentais.
Caracterizam desvio de finalidade e abuso de poder a colheita, a produção e o compartilhamento de dados,
informações e conhecimentos específicos para satisfazer interesse privado de órgão ou de agente público.
Na hipótese, a utilização da máquina estatal para a colheita de informações de servidores com postura
política contrária ao governo caracteriza desvio de finalidade e afronta aos direitos fundamentais da livre
manifestação do pensamento, da privacidade, reunião e associação, aos quais deve ser conferida máxima
efetividade, pois essenciais ao regime democrático.
Ademais, os órgãos de inteligência de qualquer nível hierárquico de qualquer dos Poderes do Estado,
embora sujeitos ao controle externo realizado pelo Poder Legislativo, submetem-se também ao crivo do
Poder Judiciário, em respeito ao princípio da inafastabilidade da jurisdição.

Fonte: Dizer o direito.

O servidor público que seja pai solo – de família em que não há a presença materna – faz jus à licença
maternidade e ao salário maternidade pelo prazo de 180 dias, da mesma forma em que garantidos à mulher
pela legislação de regência.
À luz do art. 227 da Constituição Federal, que confere proteção integral da criança com absoluta prioridade
e do princípio da paternidade responsável, a licença maternidade, prevista no art. 7º, XVIII, da CF/88 e
regulamentada pelo art. 207 da Lei nº 8.112/90, estende-se ao pai genitor monoparental.
STF. Plenário. RE 1348854/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 12/5/2022 (Repercussão Geral –
Tema 1182) (Info 1054).

Quando o delito imputado envolve o emprego de violência contra a pessoa ou demonstre comportamento
agressivo incompatível com as funções de vigilante, é válida a recusa de pedido de inscrição em curso de
reciclagem para vigilantes profissionais, porquanto configurada, em regra, a ausência de idoneidade do
indivíduo.

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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

Caso concreto em que o indivíduo restou condenado pela prática de lesão corporal no âmbito doméstico,
com sentença penal transitada em julgado e pena já cumprida, não se evidenciando, desse modo, ilegalidade
na recusa à matrícula no curso de reciclagem pela Polícia Federal, porquanto se trata de delito que atrai
valoração negativa sobre a conduta exigida do profissional, revelando sua inidoneidade para o exercício da
profissão.
STJ. 1ª Turma.REsp 1952439-DF, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 26/04/2022 (Info 734).
A liberdade de expressão existe para a manifestação de opiniões contrárias, jocosas, satíricas e até mesmo
errôneas, mas não para opiniões criminosas, discurso de ódio ou atentados contra o Estado Democrático de
Direito e a democracia.
STF. Plenário. AP 1044/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 20/4/2022 (Info 1051).

A fixação do piso salarial em múltiplos do salário mínimo mostra-se compatível com o texto constitucional,
desde que não ocorra vinculação a reajustes futuros.
STF. Plenário. ADPF 53 Ref-MC/PI, Rel. Min. Rosa Weber, julgados em 18/2/2022 (Info 1044).
É possível obrigar o Estado a fornecer medicamento off label?
• Em regra, não é possível que o paciente exija do poder público o fornecimento de medicamento para uso
off label.
• Excepcionalmente, será possível que o paciente exija o medicamento caso esse determinado uso fora da
bula (off label) tenha sido autorizado pela ANVISA.
O Estado não é obrigado a fornecer medicamento para utilização off label, salvo autorização da ANVISA.
STJ. 1ª Seção. PUIL 2101-MG, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 10/11/2021 (Info 717).]

É compatível com a Constituição Federal a imposição de restrições à realização de cultos, missas e demais
atividades religiosas presenciais de caráter coletivo como medida de contenção do avanço da pandemia da
Covid-19.
STF. Plenário. ADPF 811/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 8/4/2021 (Info 1012).

A imposição legal de manutenção de exemplares de Bíblias em escolas e bibliotecas públicas estaduais


configura contrariedade à laicidade estatal e à liberdade religiosa consagrada pela Constituição da República
de 1988.
STF. Plenário. ADI 5258/AM, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 12/4/2021.

O STF julgou parcialmente procedente ADI, para conferir interpretação conforme à Constituição ao art. 3º,
III, “d”, da Lei nº 13.979/2020. Ao fazer isso, o STF disse que o Poder Público pode determinar aos cidadãos
que se submetam, compulsoriamente, à vacinação contra a Covid-19, prevista na Lei nº 13.979/2020.
O Estado pode impor aos cidadãos que recusem a vacinação as medidas restritivas previstas em lei (multa,
impedimento de frequentar determinados lugares, fazer matrícula em escola), mas não pode fazer a

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imunização à força. Também ficou definido que os Estados-membros, o Distrito Federal e os Municípios têm
autonomia para realizar campanhas locais de vacinação.
A tese fixada foi a seguinte:
(A) A vacinação compulsória não significa vacinação forçada, por exigir sempre o consentimento do usuário,
podendo, contudo, ser implementada por meio de medidas indiretas, as quais compreendem, dentre outras,
a restrição ao exercício de certas atividades ou à frequência de determinados lugares, desde que previstas
em lei, ou dela decorrentes, e
(i) tenham como base evidências científicas e análises estratégicas pertinentes,
(ii) venham acompanhadas de ampla informação sobre a eficácia, segurança e contraindicações dos
imunizantes,
(iii) respeitem a dignidade humana e os direitos fundamentais das pessoas;
(iv) atendam aos critérios de razoabilidade e proporcionalidade, e
(v) sejam as vacinas distribuídas universal e gratuitamente; e
(B) tais medidas, com as limitações acima expostas, podem ser implementadas tanto pela União como pelos
Estados, Distrito Federal e Municípios, respeitadas as respectivas esferas de competência.
STF. Plenário. ADI 6586, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 17/12/2020. (Info 1003)

É constitucional a obrigatoriedade de imunização por meio de vacina que, registrada em órgão de vigilância
sanitária, (i) tenha sido incluída no Programa Nacional de Imunizações ou (ii) tenha sua aplicação obrigatória
determinada em lei ou (iii) seja objeto de determinação da União, estado, Distrito Federal ou município, com
base em consenso médico-científico.
Em tais casos, não se caracteriza violação à liberdade de consciência e de convicção filosófica dos pais ou
responsáveis, nem tampouco ao poder familiar.
STF. Plenário. ARE 1267879/SP, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 16 e 17/12/2020 (Repercussão Geral
– Tema 1103) (Info 1003).

“ADPF DAS FAVELAS”:


O STF determinou que:
1) o Estado do Rio de Janeiro elabore e encaminhe ao STF, no prazo máximo de 90 dias, um plano para
redução da letalidade policial e controle das violações aos direitos humanos pelas forças de segurança, que
apresente medidas objetivas, cronogramas específicos e previsão dos recursos necessários para a sua
implementação.
2) o emprego e a fiscalização da legalidade do uso da força sejam feitos à luz dos Princípios Básicos sobre a
Utilização da Força e de Armas de Fogo pelos Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei.
3) seja criado um grupo de trabalho sobre Polícia Cidadã no Observatório de Direitos Humanos localizado no
Conselho Nacional de Justiça;

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SEMANA 01/13

4) nos termos dos Princípios Básicos sobre a Utilização da Força e de Armas de Fogo pelos Funcionários
Responsáveis pela Aplicação da Lei, só se justifica o uso da força letal por agentes de Estado quando,
ressalvada a ineficácia da elevação gradativa do nível da força empregada para neutralizar a situação de risco
ou de violência, exauridos os demais meios, inclusive os de armas não-letais, e necessário para proteger a
vida ou prevenir um dano sério, decorrente de uma ameaça concreta e iminente.
5) as investigações de incidentes que tenham como vítimas crianças ou adolescentes terão a prioridade
absoluta;
6) No caso de buscas domiciliares por parte das forças de segurança do Estado do Rio de Janeiro, devem ser
observadas as seguintes diretrizes constitucionais, sob pena de responsabilidade:
(i) a diligência, no caso específico de cumprimento de mandado judicial, deve ser realizada somente durante
o dia, vedando-se, assim, o ingresso forçado a domicílios à noite;
(ii) a diligência, quando feita sem mandado judicial, pode ter por base denúncia anônima;
(iii) a diligência deve ser justificada e detalhada por meio da elaboração de auto circunstanciado, que deverá
instruir eventual auto de prisão em flagrante ou de apreensão de adolescente por ato infracional e ser
remetido ao juízo da audiência de custódia para viabilizar o controle judicial posterior; e
(iv) a diligência deve ser realizada nos estritos limites dos fins excepcionais a que se destina.
7) seja obrigatória a disponibilização de ambulâncias em operações policiais previamente planejadas em que
haja a possibilidade de confrontos armados, sem prejuízo da atuação dos agentes públicos e das operações;
8) o Estado do Rio de Janeiro, no prazo máximo de 180 dias, instale equipamentos de GPS e sistemas de
gravação de áudio e vídeo nas viaturas policiais e nas fardas dos agentes de segurança, com o posterior
armazenamento digital dos respectivos arquivos.
STF. Plenário. ADPF 635 MC-ED/RJ, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 2 e 3/02/2022 (Info 1042).

A quebra do sigilo de dados armazenados não obriga a autoridade judiciária a indicar previamente as pessoas
que estão sendo investigadas, até porque o objetivo precípuo dessa medida é justamente de proporcionar a
identificação do usuário do serviço ou do terminal utilizado. Logo, a ordem judicial para quebra do sigilo dos
registros, delimitada por parâmetros de pesquisa em determinada região e por período de tempo, não se
mostra medida desproporcional, porquanto, tendo como norte a apuração de gravíssimos crimes, não impõe
risco desmedido à privacidade e à intimidade dos usuários possivelmente atingidos por tal diligência.
STJ. 3ª Seção. RMS 61302-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 26/08/2020.

É possível obrigar o Estado a fornecer medicamento off label?


• Em regra, não é possível que o paciente exija do poder público o fornecimento de medicamento para uso
off label.
• Excepcionalmente, será possível que o paciente exija o medicamento caso esse determinado uso fora da
bula (off label) tenha sido autorizado pela ANVISA.
O Estado não é obrigado a fornecer medicamento para utilização off label, salvo autorização da ANVISA.

237
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

STJ. 1ª Seção. PUIL 2101-MG, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 10/11/2021 (Info 717).

Constatada a incapacidade financeira do paciente, o Estado deve fornecer medicamento que, apesar de não
possuir registro sanitário, tem a importação autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Para tanto, devem ser comprovadas a imprescindibilidade do tratamento e a impossibilidade de substituição
por outro similar constante das listas oficiais de dispensação e dos protocolos de intervenção terapêutica do
Sistema Único de Saúde (SUS).
Tese fixada pelo STF:
Cabe ao Estado fornecer, em termos excepcionais, medicamento que, embora não possua registro na Anvisa,
tem a sua importação autorizada pela agência de vigilância sanitária, desde que comprovada a incapacidade
econômica do paciente, a imprescindibilidade clínica do tratamento, e a impossibilidade de substituição por
outro similar constante das listas oficiais de dispensação de medicamentos e os protocolos de intervenção
terapêutica do SUS.
STF. Plenário. RE 1165959/SP, Rel. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em
18/6/2021 (Repercussão Geral – Tema 1161) (Info 1022).
Fonte: Dizer o direito.

Referência Bibliográficas

Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino. Resumo de Direito Constitucional Descomplicado.


Pedro Lenza. Direito Constitucional Esquematizado.
Marcelo Novelino. Curso de Direito Constitucional.
Dirley da Cunha Junior. Curso de Direito Constitucional.
Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino. Direito Constitucional Descomplicado
João Trindade. Teoria Geral dos Direitos Fundamentais. Disponível em:
http://www.stf.jus.br/repositorio/cms/portaltvjustica/portaltvjusticanoticia/anexo/joao_tri
ndadade__teoria_geral_dos_direitos_fundamentais.pdf
Julgados comentados do site Dizer o Direito. http://www.dizerodireito.com.br/

238
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

QUESTÕES PROPOSTAS

1 - 2021 - FGV - PC-RJ - FGV - 2021 - PC-RJ - Inspetor de Polícia Civil

Determinada associação, direcionada ao desenvolvimento psicossocial da pessoa e da família, foi objeto de


muitas críticas no âmbito da Secretaria de Apoio Familiar do Estado-membro Alfa. Argumentava-se que
diversas atividades desenvolvidas pela associação eram moralmente reprováveis, além de representarem
apologia ao crime.
Em razão desses fatos, a assessoria jurídica foi consultada a respeito da possibilidade de a associação ter suas
atividades suspensas, sendo respondido, corretamente, que a suspensão alvitrada:

A-somente seria possível após a condenação em processo administrativo;


B-somente seria possível por decisão judicial, independentemente do trânsito em julgado;
C-não seria possível, pois a liberdade de associação tem estatura constitucional;
D-exige decisão transitada em julgado, quer seja proferida em processo administrativo, quer em processo
judicial;
E-exige o julgamento do ilícito em processo administrativo, requisito da ação judicial na qual a suspensão
será requerida.

2 - 2021 - FGV - PC-RJ - FGV - 2021 - PC-RJ - Inspetor de Polícia Civil

Eunice, servidora pública estadual, preencheu os requisitos para a fruição de determinado benefício
assegurado pelo regime jurídico único dos servidores. Ocorre que, no dia anterior àquele em que iria requerê-
lo, a lei foi alterada, e o benefício, suprimido. Apesar disso, um amigo lhe informou, corretamente, que o seu
direito ao benefício não seria afetado pela nova lei, o que decorria da garantia constitucional do(a):

A-coisa julgada;
B-direito adquirido;
C-ato jurídico perfeito;
D-expectativa legítima;
E-legalidade imanente.

3 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-SE - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-SE - Escrivão de Polícia

A respeito dos direitos e deveres individuais e coletivos previstos na Constituição Federal de 1988 (CF), julgue
o item a seguir.
A CF, ao garantir a liberdade de expressão, vedou o anonimato, prestigiando o direito de resposta e eventual
pleito judicial por indenização em relação a dano material, moral ou à imagem.
239
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

Certo
Errado

4 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-SE - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-SE - Escrivão de Polícia

A respeito dos direitos e deveres individuais e coletivos previstos na Constituição Federal de 1988 (CF), julgue
o item a seguir.
São inafiançáveis e imprescritíveis os crimes de racismo e terrorismo, bem como a ação de grupos armados
contra a ordem constitucional e o Estado democrático.

Certo
Errado

5 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-SE - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-SE - Agente de Polícia Judiciária

A respeito dos direitos e deveres individuais e coletivos previstos na Constituição Federal de 1988 (CF), julgue
o item a seguir.
A CF, ao garantir a liberdade de expressão, vedou o anonimato, prestigiando o direito de resposta e eventual
pleito judicial por indenização em relação a dano material, moral ou à imagem.

Certo
Errado

6 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-SE - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-SE - Agente de Polícia Judiciária

A respeito dos direitos e deveres individuais e coletivos previstos na Constituição Federal de 1988 (CF), julgue
o item a seguir.
São inafiançáveis e imprescritíveis os crimes de racismo e terrorismo, bem como a ação de grupos armados
contra a ordem constitucional e o Estado democrático.

Certo
Errado

7 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-SE - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-SE - Agente de Polícia Judiciária

A respeito dos direitos e deveres individuais e coletivos previstos na Constituição Federal de 1988 (CF), julgue
o item a seguir.
240
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

As disposições constitucionais definidoras dos direitos e das garantias fundamentais carecem da atuação do
legislador infraconstitucional para a viabilização dos direitos nelas veiculados.

Certo
Errado

8 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-SE Provas: CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-SE - Agente de Polícia Judiciária

Julgue o próximo item, relativos a conceitos, terminologias e afirmação histórica dos direitos humanos.
Os direitos fundamentais são os reconhecidos e vinculados à esfera constitucional de determinado Estado,
ao passo que os direitos humanos estão firmados por posições jurídicas internacionais, que exprimem certa
consciência ética universal. Apesar dessa distinção, essas terminologias podem se confundir ou se
complementar em determinados momentos.

Certo
Errado

9 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-SE Provas: CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-SE - Agente de Polícia Judiciária

Acerca de direitos humanos na Constituição Federal de 1988 (CF), julgue o item subsequente.
Pelo seu caráter meramente prescritivo, as regras de direitos humanos previstas na CF servem para orientar
na formulação de normas concretas, de modo que o atual modelo constitucional vigente nega o princípio da
aplicabilidade imediata das normas definidoras de direitos e garantias fundamentais, não sendo
concretizador, mas instrutivo.

Certo
Errado

10 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Agente de Polícia - Prova
Anulada

Com base nos dispositivos da Constituição Federal de 1988 (CF) acerca dos direitos e das garantias
fundamentais e da segurança pública, julgue o item subsequente.

Se a autoridade policial deixar de informar à pessoa indicada pelo preso a prisão e o local onde ele se
encontra, mas comunicá-los ao juiz competente, estará assegurado o cumprimento da CF.

Certo
241
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

Errado

11 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Agente de Polícia - Prova
Anulada

Com base nos dispositivos da Constituição Federal de 1988 (CF) acerca dos direitos e das garantias
fundamentais e da segurança pública, julgue o item subsequente.

É vedada a utilização, como prova de crime, de arma de fogo com numeração raspada apreendida durante
invasão desautorizada à residência do investigado.

Certo
Errado

12 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Agente de Polícia - Prova
Anulada

Com base nos dispositivos da Constituição Federal de 1988 (CF) acerca dos direitos e das garantias
fundamentais e da segurança pública, julgue o item subsequente.

Ao agente que tiver praticado fato criminoso será garantido o privilégio contra a autoincriminação, isto é, o
direito de manter-se em silêncio.

Certo
Errado

13 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Agente de Polícia - Prova
Anulada

Com base nos dispositivos da Constituição Federal de 1988 (CF) acerca dos direitos e das garantias
fundamentais e da segurança pública, julgue o item subsequente.

Dado que a autoridade policial tem a obrigação de colher todas as provas que possam influenciar na apuração
do fato tido como criminoso, em se tratando de dados armazenados em celular, a sua apreensão prescinde
de autorização.

Certo
Errado
242
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

14 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Agente de Polícia - Prova
Anulada

Com base nos dispositivos da Constituição Federal de 1988 (CF) acerca dos direitos e das garantias
fundamentais e da segurança pública, julgue o item subsequente.

A entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período noturno, quando, por
fundadas razões, justificadas posteriormente, houver indicação de que dentro da residência ocorre situação
de flagrante delito.

Certo
Errado

15 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Agente de Polícia - Prova
Anulada

Com base nos dispositivos da Constituição Federal de 1988 (CF) acerca dos direitos e das garantias
fundamentais e da segurança pública, julgue o item subsequente.

Sob pena de configurar ofensa à liberdade, o exercício da manifestação do pensamento fica afastado de
apreciação judicial.

Certo
Errado

16 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia - Prova
Anulada

Acerca dos direitos sociais, da nacionalidade e dos direitos políticos, julgue o item seguinte.
A segurança é um direito social assegurado expressamente na CF.

Certo
Errado

17 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia - Prova
Anulada

243
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

Durante investigação criminal, determinado policial civil realizou interceptação telefônica que captou
diálogo entre dois suspeitos, o que permitiu verificar que alguns objetos do crime estariam na residência de
um deles. Com base nisso, o policial dirigiu-se ao local e, sem autorização judicial ou do morador, ingressou
na casa a fim de colher provas para instruir o inquérito policial. Na saída, o policial avistou o suspeito
chegando ao local e o prendeu, informando-lhe, após a prisão, o seu direito constitucional de permanecer
calado. No entanto, o policial não informou a prisão ao juiz competente.

Considerando essa situação, julgue o item que se segue, tendo como base os direitos e as garantias
fundamentais previstos na Constituição Federal de 1988 (CF).

Para anular a prisão, cabe ao preso impetrar mandado de segurança, que é o remédio constitucional cabível
quando alguém sofre violência ou coação em sua liberdade de locomoção.

Certo
Errado

18 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia - Prova
Anulada

Durante investigação criminal, determinado policial civil realizou interceptação telefônica que captou
diálogo entre dois suspeitos, o que permitiu verificar que alguns objetos do crime estariam na residência de
um deles. Com base nisso, o policial dirigiu-se ao local e, sem autorização judicial ou do morador, ingressou
na casa a fim de colher provas para instruir o inquérito policial. Na saída, o policial avistou o suspeito
chegando ao local e o prendeu, informando-lhe, após a prisão, o seu direito constitucional de permanecer
calado. No entanto, o policial não informou a prisão ao juiz competente.
Considerando essa situação, julgue o item que se segue, tendo como base os direitos e as garantias
fundamentais previstos na Constituição Federal de 1988 (CF).
Agiu equivocadamente o policial ao não comunicar ao juiz competente logo após a efetivação da prisão.

Certo
Errado

19 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia - Prova
Anulada

Durante investigação criminal, determinado policial civil realizou interceptação telefônica que captou
diálogo entre dois suspeitos, o que permitiu verificar que alguns objetos do crime estariam na residência de
um deles. Com base nisso, o policial dirigiu-se ao local e, sem autorização judicial ou do morador, ingressou
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

na casa a fim de colher provas para instruir o inquérito policial. Na saída, o policial avistou o suspeito
chegando ao local e o prendeu, informando-lhe, após a prisão, o seu direito constitucional de permanecer
calado. No entanto, o policial não informou a prisão ao juiz competente.

Considerando essa situação, julgue o item que se segue, tendo como base os direitos e as garantias
fundamentais previstos na Constituição Federal de 1988 (CF).

Agiu corretamente o policial ao informar ao preso que ele teria o direito fundamental expresso na CF de
permanecer calado.

Certo
Errado

20 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia - Prova
Anulada

Durante investigação criminal, determinado policial civil realizou interceptação telefônica que captou
diálogo entre dois suspeitos, o que permitiu verificar que alguns objetos do crime estariam na residência de
um deles. Com base nisso, o policial dirigiu-se ao local e, sem autorização judicial ou do morador, ingressou
na casa a fim de colher provas para instruir o inquérito policial. Na saída, o policial avistou o suspeito
chegando ao local e o prendeu, informando-lhe, após a prisão, o seu direito constitucional de permanecer
calado. No entanto, o policial não informou a prisão ao juiz competente.

Considerando essa situação, julgue o item que se segue, tendo como base os direitos e as garantias
fundamentais previstos na Constituição Federal de 1988 (CF).
Os objetos colhidos na casa do suspeito não poderão ser admissíveis como prova em processo judicial, pois
foram obtidos de forma ilícita.

Certo
Errado

Respostas8

8
1: B 2: B 3: C 4: E 5: C 6: E 7: E 8: C 9: E 10: E 11: C 12: C 13: E 14: C 15: E 16: C 17: E 18: C 19: C 20: C
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

DIREITO CONSTITUCIONAL: DIREITOS DA NACIONALIDADE

TODOS OS ARTIGOS
CF/88
⦁ Art. 12 (leitura completa)
⦁ Art. 13 (leitura completa)
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO PODEM DEIXAR DE LER

CF/88
⦁ Art. 12, I e II
⦁ Art. 12, §3º, §4º

1. NACIONALIDADE

Nacionalidade é o vínculo jurídico-político de direito público interno, que faz da pessoa


um dos elementos
componentes da dimensão do Estado. Cada Estado é livre para dizer quais são os seus nacionais.
Serão nacionais de um Estado, portanto, aqueles que o seu Direito definir como tais; os
demais serão estrangeiros: todos aqueles que não são tidos por nacionais em um determinado Estado são,
perante ele, estrangeiros.
Nação é o agrupamento humano cujos membros, fixados num território, são ligados por laços
históricos,
culturais, econômicos e linguísticos; o fato de possuírem as mesmas tradições e costumes, bem como a
consciência coletiva dão os contornos ao conceito de nação.
Povo é o conjunto de pessoas que fazem parte de um Estado, é o elemento humano do Estado,
ligado a
este pelo vínculo da nacionalidade.
População é conceito meramente demográfico, mais amplo que o conceito de povo, utilizado para
designar
o conjunto de residentes de um território, quer sejam nacionais, quer sejam estrangeiros.
Nacionais são todos aqueles que o Direito de um Estado define como tais, são todos aqueles que se
encontram presos ao Estado por um vínculo jurídico que os qualifica como seus integrantes.
Cidadão é conceito restrito, para designar os nac10nais (natos ou naturalizados) no gozo dos
direitos
políticos e participantes da vida do Estado.
Estrangeiros são todos aqueles que não são tidos por nacionais, em relação a um determinado
Estado,

246
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

isto é, as pessoas a que o Direito do Estado não atribuiu a qualidade de nacionais.


Polipátrida é aquele que possui mais de uma nacionalidade, em razão de o seu nascimento o
enquadrar
em distintas regras de aquisição de nacionalidade. Dois ou mais Estados reconhecem uma determinada
pessoa como seu nacional, dando origem à multinacionalidade. Essa situação ocorre, por exemplo, com os
filhos oriundos de Estado que adota o critério ius sanguinis (nacionalidade determinada pela ascendência),
quando nascem em um Estado que acolhe o critério ius solis (nacionalidade determinada pelo local do
nascimento).
Situação de polipátrida ocorre com os filhos de italianos nascido no Brasil. Como o Brasil adota o
critério do ius solis, os filhos de italianos aqui nascidos, desde que seus pais não estejam a serviço da Itália,
adquirirão de pronto, necessária e automaticamente, a nacionalidade brasileira. Como a Itália adota o critério
ius sanguinis, os filhos de italianos, nascidos onde quer que seja, são, para aquele país, italianos. Logo, os
filhos de italianos nascidos no Brasil adquirem, por força da legislação italiana, dupla nacionalidade. Apátrida
("sem pátria" ou heimatlos) é aquele que, dada a circunstância de seu nascimento, não adquire
nacionalidade, por não se enquadrar em nenhum critério estatal que lhe atribua nacionalidade.
É o que ocorre, em princípio, com um filho de brasileiro nascido na Itália, se seus pais não estiverem
a serviço do Brasil. Não será ele italiano, porque a Itália adota o critério ius sanguinis, segundo o qual somente
será italiano o descendente de italiano. Por outro lado, não será brasileiro, porque, como o Brasil adota o
critério ius solis, ninguém será considerado automaticamente brasileiro pelo simples fato de ter pais
brasileiros, se nascido em outro Estado.
Critérios de atribuição de nacionalidade:
São dois os critérios para a atribuição da nacionalidade primária, ambos partindo do nascimento da
pessoa: o de origem sanguínea - ius sanguinis – e o de origem territorial - ius solis.

O critério ius sanguinis funda-se no vínculo do sangue, segundo o qual será nacional todo aquele
que for filho de nacionais, independentemente do local de nascimento.
O critério ius solis atribui a nacionalidade a quem nasce no território do Estado que o adota,
independentemente da nacionalidade dos ascendentes.

A Constituição Federal de 1988 adotou, como regra, o critério ius solis, admitindo, porém, ligeiras
atenuações. Portanto, no Brasil, não só o critério ius solis determina a nacionalidade; existem situações de
preponderância do critério ius sanguinis.

1.1 Espécies de Nacionalidade

1.1.1 Originária

247
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

A nacionalidade primária resulta de fato natural (nascimento), a partir do qual, de acordo com os
critérios adotados pelo Estado (sanguíneos ou territoriais), será estabelecida. Cuida-se de aquisição
involuntária de nacionalidade, decorrente do simples nascimento ligado a um critério estabelecido pelo
Estado.

Brasileiros natos (aquisição originária)


São brasileiros natos:

1) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes
não estejam a serviço de seu país;
Nessa hipótese, adotou a Constituição o critério ius solis (origem territorial), considerando nato
aquele nascido no território brasileiro, independentemente da nacionalidade dos ascendentes.
A Constituição, porém, estabelece uma exceção ao critério ius solis, excluindo da nacionalidade
brasileira os filhos de pais estrangeiros que estejam a serviço de seu país.

CAIU EM PROVA RECENTE:


INSTITUTO AOCP - 2021 - PC-PA - Escrivão de Polícia Civil
Helena e seu marido Diego são espanhóis e vieram passar suas férias no Brasil. Ela estava grávida
e teve seu parto durante suas férias no Brasil, nascendo sua filha Isabel em território brasileiro.
Um mês após o parto, os três retornaram para a Espanha.
Isabel é considerada brasileira nata pelo fato de ter nascido no Brasil, mesmo com os pais
estrangeiros, já que estes não estavam a serviço de seu país de origem. (correta)

São dois, portanto, os requisitos para o afastamento do critério ius solis:


(i) ambos os pais estrangeiros; (ii) pelo menos um deles estar a serviço de seu país de origem (se aqui
estiverem a passeio, ou a serviço de empresa privada, ou de outro país que não o seu de origem, o filho
aqui nascido será brasileiro nato).

2) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja
a serviço da República Federativa do Brasil;
Nessa hipótese, o legislador constituinte adotou o critério ius sanguinis, combinado com um requisito
adicional, qual seja, a necessidade de que o pai ou a mãe brasileira (ou ambos, evidentemente), natos ou
naturalizados, estejam a serviço da República Federativa do Brasil (critério funcional).
São dois, portanto, os requisitos: (i) ser filho de pai brasileiro ou mãe brasileira; (ii) o pai ou a mãe
(ou ambos) devem estar a serviço da República Federativa do Brasil, abrangendo qualquer serviço público
prestado pelos órgãos e entidades da Administração Direta ou Indireta da União, dos estados, do Distrito
Federal ou dos municípios.

248
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

CAIU EM PROVA RECENTE:


CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Agente de Polícia
Apenas após processo judicial no qual seja homologada a opção, será considerada brasileira nata
a pessoa que, nascida no estrangeiro, seja filha de pai brasileiro ou mãe brasileira que esteja a
serviço do Brasil.
R.: Errada. Atenção para o termo “a serviço”, nessa condição (ambos os pais ou qualquer deles)
não há quaisquer exigências (processo judicial) para que o filho seja considerado brasileiro nato,
conforme art. 12, I, b da CF.

3) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados
em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em
qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira.

Essa hipótese de aquisição originária da nacionalidade brasileira, constante do art. 12, inciso I, alínea
"c", sofreu duas modificações em seu regramento constitucional inicial, estabelecido pela Assembleia
Nacional Constituinte, em 1988. Essa hipótese aplica-se àquele que tenha nascido no estrangeiro, de pai
brasileiro ou mãe brasileira, quando estes - pai brasileiro e mãe brasileira -não estejam a serviço do Brasil
(caso estivessem, o filho seria, de pronto, brasileiro nato, por enquadramento na hipótese precedente).
Percebe-se que há duas possibilidades distintas de aquisição de nacionalidade com base nesse art.
12, I, "c", da Constituição, em sua redação atual (assim como havia pela redação originária):
(a) registro em repartição brasileira; e (b) vir o nascido no estrangeiro residir no Brasil e
optar, quando atingida a maioridade.
A segunda possibilidade é hipótese de nacionalidade originária potestativa, uma vez que,
manifestada a opção, não se pode recusar o reconhecimento da nacionalidade ao interessado. É ato que
depende exclusivamente da vontade do interessado.
Anote-se que ambas as possibilidades são fundadas no critério ius sanguinis, exigindo-se, porém,
alternativamente:
a) o registro em repartição brasileira competente; ou
b) a residência no território brasileiro e, uma vez adquirida a maioridade, expressa opção pela
nacionalidade brasileira.
Na primeira situação - registro em repartição brasileira competente-, o mero registro já assegura, por
si só, a nacionalidade brasileira.
Na segunda possibilidade, são dois os requisitos para a aquisição da nacionalidade brasileira: (a) vir
o nascido no estrangeiro a residir no Brasil, a qualquer tempo; (b) depois de atingida a maioridade, efetuar a
opção, em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira.
A respeito dessa segunda possibilidade de aquisição da nacionalidade - aquisição potestativa (que já
existia no texto originário de 1988 e não foi suprimida pela ECR 3/1994) -, o Supremo Tribunal Federal firmou
entendimento de que, embora seja potestativa, sua forma não é livre: a opção há de ser feita em juízo, em
249
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

processo de jurisdição voluntária, que finda com a sentença que homologa a opção e lhe determina a
transcrição, uma vez acertados os requisitos objetivos e subjetivos dela.
Desse modo, enquanto pendente o reconhecimento judicial da opção pela nacionalidade brasileira,
não se pode considerar o optante brasileiro nato, cuidando-se, portanto, de condição suspensiva, sem
prejuízo - como é próprio das condições suspensivas -, de gerar efeitos ex tunc, uma vez realizada.
Por fim, deve-se frisar que o texto constitucional só permite a manifestação pela opção da
nacionalidade brasileira depois de alcançada a maioridade.
E que a opção, por decorrer da vontade, tem caráter personalíssimo. Exige-se, então, que o optante
tenha capacidade plena para manifestar a sua vontade, capacidade que se adquire com a maioridade. Logo,
no caso de o nascido no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe brasileira, vir a residir no Brasil, ainda menor,
passa, desde logo, a ser considerado brasileiro nato, mas estará sujeita essa nacionalidade à ulterior
manifestação da vontade do interessado, mediante a opção, depois de atingida a maioridade. Atingida a
maioridade, enquanto não manifestada a opção, esta passa a constituir-se em condição suspensiva da
nacionalidade brasileira.
Dessarte, o menor, nascido no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe brasileira, que venha residir
no Brasil ainda menor, será, durante a menoridade, considerado brasileiro nato, sem restrições, porque ele,
enquanto for menor, não tem como efetuar a opção. Assim que ele atingir a maioridade, passa a estar
suspensa a sua condição de brasileiro nato, ou seja, a partir da data em que atingiu a maioridade, enquanto
ele não manifestar a sua vontade, não será considerado brasileiro nato.

CAIU EM PROVA RECENTE:


INSTITUTO AOCP - 2023 - PC-GO - Escrivão de Polícia da 3ª Classe
Paulo é espanhol e Maria é brasileira naturalizada e tiveram o filho João, nascido na Espanha.
João foi registrado em repartição brasileira competente. Considerando as informações
apresentadas e o que dispõe a Constituição Federal de 1988, assinale a alternativa correta.
A-João é brasileiro naturalizado, tendo em vista que sua mãe Maria também é brasileira
naturalizada.
B-Como Maria é naturalizada, para que João seja naturalizado, é necessário que ele venha a
residir no Brasil e, após a maioridade, opte pela nacionalidade brasileira a qualquer tempo.
C-João deverá manifestar sua opção pela nacionalidade brasileira após atingir a maioridade
perante o consulado do Brasil na Espanha.
D-João não é brasileiro naturalizado porque seu pai tem a nacionalidade espanhola e a mãe não
estava a serviço do Brasil.
E-João é brasileiro nato, ainda que a mãe seja brasileira naturalizada.
R: Letra E

250
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

1.1.2 Secundária

A nacionalidade secundária é a que se adquire por ato volitivo, depois do nascimento (em
regra, pela naturalização). Cuida-se de aquisição voluntária de nacionalidade, resultante da
manifestação de um ato de vontade.

● NACIONALIDADE TÁCITA:
Costuma ser adotada quando o número de nacionais é menor do que o desejado. A naturalização
tácita é aquela adquirida independentemente de manifestação expressa do naturalizando, por força
das regras jurídicas de nacionalização adotadas por determinado Estado. NÃO está prevista na
CF/88.

● Aquisição de NACIONALIDADE JURIMATRIMONI, ou seja, aquisição da nacionalidade brasileira em


razão do casamento. É aquele resultado imediato, direto, do casamento civil. O STF já se manifestou
recorrentemente na sua jurisprudência, no sentido de que no Brasil não existe esse tipo de aquisição
de nacionalidade.

● NACIONALIDADE SECUNDÁRIA EXPRESSA:


A naturalização expressa depende de requerimento do interessado, demonstrando sua intenção de
adquirir nova nacionalidade. A Constituição Federal só contempla hipóteses de naturalização expressa,
sempre dependente de manifestação de vontade expressa do interessado.
EXTRAORDINÁRIA: Cria direito público subjetivo, sendo o ato de concessão vinculado. Previsto, no
art. 12, II, “b”, da CF, exige a residência por 15 anos ininterruptos no país, sem condenação criminal.
ORDINÁRIA: A sua concessão é ato discricionário. Art. 12, II, “a”, da CF/88.

Brasileiros naturalizados (aquisição secundária)


A Constituição Federal prevê a aquisição da nacionalidade secundária por meio da naturalização,
sempre mediante manifestação de vontade do interessado.
Em regra, não há direito subjetivo à obtenção da naturalização: a plena satisfação das condições e dos
requisitos não assegura ao estrangeiro o direito à nacionalização, visto que a concessão da nacionalidade
brasileira é ato de soberania nacional, discricionário do Chefe do Poder Executivo.

São brasileiros naturalizados:

1) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua
portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral (naturalização ordinária);

251
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

Nessa hipótese (naturalização ordinária), é concedida a naturalização aos estrangeiros, residentes no país,
que cumpram os requisitos previstos na lei brasileira de naturalização (capacidade civil de acordo com a lei
brasileira; visto permanente no país; saber ler e escrever em português; exercício de profissão etc.).
No caso dos estrangeiros originários de países de língua portuguesa (Portugal, Angola, Moçambique,
Guiné Bissau, Açores, Cabo Verde, Príncipe, Goa, Macau e Timor Leste), somente são exigidos dois requisitos:
(i) residência no Brasil por um ano ininterrupto; (ii) idoneidade moral.
Em suma, podemos afirmar que a naturalização ordinária ocorre em duas hipóteses:

I) no caso dos estrangeiros originários de países de língua portuguesa, exigem- se apenas: (i)
residência por um ano ininterrupto; e (ii) idoneidade moral;
II) já para os estrangeiros não originários de países de língua portuguesa a naturalização ordinária
ocorrerá conforme dispuser a lei.
A principal característica da naturalização ordinária é que ela é discricionária.
Ou seja, ainda que tenha cumprido os requisitos, o interessado não dispõe de direito subjetivo à
aquisição da nacionalidade brasileira, uma vez que a concessão dependerá de avaliação de conveniência e
oportunidade do Chefe do Poder Executivo.

ATENÇÃO – QUASE NACIONALIDADE: Aplicável aos portugueses, conforme Art. 12, § 1º da CF,
desde que haja reciprocidade em favor dos brasileiros. O português, sem precisar passar pelo processo de
naturalização, pode exercer os direitos inerentes aos brasileiros naturalizados, desde que resida
permanente no país.

2) os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes na República Federativa do Brasil há mais


de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira
(naturalização extraordinária).
São três os requisitos para aquisição da naturalização extraordinária:
(i) residência ininterrupta no Brasil há mais de quinze anos;
(ii) ausência de condenação penal;
(iii) requerimento do interessado.
Nessa espécie de naturalização, ao contrário da ordinária, não há discricionariedade para o Chefe do
Poder Executivo, tendo o interessado direito subjetivo à nacionalidade brasileira, desde que preenchidos os
pressupostos. Cumpridos os quinze anos de residência no Brasil sem condenação penal, efetivado o
requerimento, o Chefe do Poder Executivo não pode negar a naturalização.

1.2 Perda de Nacionalidade

A Constituição arrola situações nas quais haverá perda da nacionalidade brasileira no art. 12, § 4.º.

252
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

As hipóteses só podem ser previstas pela Constituição Federal, sendo vedada a ampliação de tais
hipóteses pelo legislador ordinário.
A Constituição arrola as seguintes formas de perda da nacionalidade:
a) Perda-punição – Cancelamento da naturalização por sentença judicial, o que só ocorrerá em
virtude da atividade nociva ao interesse nacional (art. 12, § 4.º, I).
Pela própria redação, já se nota que esta é mais uma distinção entre brasileiro nato e naturalizado, vez
que somente a este é aplicável o dispositivo.
Pela lei, o oferecimento da denúncia cabe ao Ministério Público Federal, e a decisão que concluir pelo
cancelamento da naturalização produzirá efeitos não retroativos (ex nunc).

CAIU EM PROVA RECENTE:


CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia
Perderá a nacionalidade o brasileiro cuja naturalização for cancelada, por decisão judicial ou
administrativa, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional.
R.: Errada. Atenção para o detalhe no art. 12, § 4.º, I da CF, o cancelamento somente se dá por
sentença judicial.

b) Perda-mudança – O Brasil adota a teoria da nacionalidade única. Nestes termos, perde a condição
de brasileiro, seja nata ou decorrente de naturalização, o nacional que adquirir outra nacionalidade (art.
12, § 4.º, II).
Tal previsão encontra-se no art. 1.º da Convenção sobre Nacionalidade, de Montevidéu, de 1933: “A
naturalização perante as autoridades competentes de qualquer dos países signatários implica a perda da
nacionalidade de origem”.

Há duas exceções constitucionais à nacionalidade única. A EC de revisão 3/1994 passou a


admitir duas hipóteses de dupla nacionalidade. São elas:
a) Reconhecimento da nacionalidade originária pela lei estrangeira: Se a pessoa adquiriu
o direito à nacionalidade com o nascimento, poderá acumular a nacionalidade brasileira e outra; v.g.,
Espanha adota o ius sanguinis, assim, filhos de espanhóis nascidos no momento em que os pais
passavam férias no Brasil podem ter dupla nacionalidade (art. 12, I, a, c/co art. 12, § 4.º, II, a);
b) Imposição de naturalização, por norma estrangeira, ao brasileiro residente no Estado estrangeiro,
como condição para sua permanência ou para que possa exercer seus direitos civis: Se brasileiro
que resida em outro país tiver que adotar a nacionalidade daquele Estado para poder permanecer
no território (por motivos profissionais, por exemplo) ou exercer direitos civis (herança, por
exemplo), poderá acumular as nacionalidades.

NA JURISPRUDÊNCIA DO STF:

253
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

Se um brasileiro nato que mora nos EUA e possui o green card decidir
adquirir a nacionalidade norte-americana, ele irá perder a nacionalidade
brasileira.
Não se pode afirmar que a presente situação se enquadre na exceção
prevista na alínea “b” do inciso II do § 4º do art. 12 da CF/88. Isso porque,
como ele já tinha o green card, não havia necessidade de ter adquirido a
nacionalidade norte-americana como condição para permanência ou para
o exercício de direitos civis.
O estrangeiro titular de green card já pode morar e trabalhar livremente
nos EUA.
Dessa forma, conclui-se que a aquisição da cidadania americana ocorreu por
livre e espontânea vontade. Vale ressaltar que, perdendo a nacionalidade,
ele perde os direitos e garantias inerentes ao brasileiro nato. Assim, se
cometer um crime nos EUA e fugir para o Brasil, poderá ser extraditado sem
que isso configure ofensa ao art.5º, LI, da CF/88.
STF. 1ª Turma. Ext 1462/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
28/3/2017

As hipóteses são enumeradas taxativamente pela CF/88, não sendo admitidos acréscimos ou supressões
por lei infraconstitucional, tampouco a renúncia à nacionalidade brasileira:

1.3 Brasileiros Natos X Naturalizados

Embora a CF/88 vede que a lei diferencie brasileiros natos de naturalizados, existem algumas
exceções:

A. EXTRADIÇÃO:

Somente o naturalizado pode ser extraditado, nas seguintes hipóteses:


Prática de crime comum antes da naturalização;
Envolvimento comprovado em tráfico ilícito de entorpecentes em qualquer momento (“na forma da
lei”).

Súmula 421 do STF: Não impede a extradição a circunstância de ser o extraditado


casado com brasileira ou ter filho brasileiro.

Recentemente o STF decidiu que o brasileiro nato que vem a perder sua nacionalidade em razão da
aquisição de outra pode ser extraditado. No caso, uma brasileira, que já tinha o Green card, optou por
254
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

naturalizar-se americana. Entendeu o STF que a naturalização não era necessária para o regular exercício
de seus direitos civis, pois o Green card já lhe autorizava a permanecer licitamente em território americano.
Tratando-se de aquisição originária de outra nacionalidade, teve lugar a perda da nacionalidade brasileira
por meio de procedimento administrativo no Ministério da Justiça, podendo a cidadã ser extraditada em caso
de cometimento de crime em outro país. Assim se posicionou o STF no RExt 1462/DF.

B. CARGOS PRIVATIVOS:

Art. 12, § 3º da CF: São cargos privativos de brasileiros natos, assim definidos em
razão da segurança nacional e da defesa da soberania, eis que estão na linha
sucessória do Presidente da República.

São privativos de brasileiro nato os cargos:


● DE PRESIDENTE E VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA;
● DE PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS;
● DE PRESIDENTE DO SENADO FEDERAL;
● DE MINISTRO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL;
● DA CARREIRA DIPLOMÁTICA;
● DE OFICIAL DAS FORÇAS ARMADAS, E,
● DE MINISTRO DE ESTADO DA DEFESA.

Lembre-se do mnemônico: MP3.COM

CAIU EM PROVA RECENTE:


IBFC - 2022 - PC-BA - Investigador de Polícia Civil

A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos
previstos nesta Constituição Federal (CF). A CF prevê cargos privativos de brasileiro nato. Sobre
o assunto, assinale a alternativa que apresente um cargo que não seja privativo de brasileiro
nato.
A)Ministro de Estado da Defesa
B)Ministro do Supremo Tribunal Federal
C)Ministro de Estado da Justiça e Segurança Pública
D)Cargo de carreira diplomática
E)Oficial das Forças Armadas

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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

R.: letra C

C. CONSELHO DA REPÚBLICA:

Participam do Conselho da República, além de outros membros, seis cidadãos brasileiros natos,
segundo o art. 89 da CF/88.

D. PERDA DA CONDIÇÃO DE NACIONAL:

Somente o brasileiro naturalizado (nunca o nato) pode perder a condição de nacional, em virtude da
prática de atividade nociva ao interesse nacional.

CAIU EM PROVA RECENTE:


IBFC- 2022 - PC-BA - Investigador de Polícia Civil
No que tange às disposições constitucionais sobre nacionalidade, assinale a alternativa em que
será declarada a perda da nacionalidade.
A)Brasileiro que não exercer a capacidade eleitoral ativa por 15 anos consecutivos
B)Brasileiro que adquirir outra nacionalidade caso haja imposição de naturalização, pela norma
estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência
em seu território ou para o exercício de direitos civis
C)Brasileiro que tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade
nociva ao interesse nacional
D)Brasileiro que adquirir outra nacionalidade caso haja reconhecimento de nacionalidade
originária pela lei estrangeira
E)Brasileiro que não exercer a capacidade eleitoral passiva por 10 anos consecutivos

R.: letra C

E. EMPRESA JORNALÍSTICA E DE RADIODIFUSÃO (ART. 222, CAPUT, E §2º, DA CF):

O brasileiro naturalizado não pode ser proprietário e nem responsável editorial de seleção e direção
da programação de empresa de radiodifusão, salvo após 10 anos da naturalização.

CAIU EM PROVA RECENTE:


IDECAN - 2021 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil
É correto afirmar que é privativo de brasileiro nato o cargo
Alternativas

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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

A) de Senador.
B) de Ministro da Justiça.
C) de Delegado da Polícia Federal.
D) de Presidente da Câmara Federal.
E) de Juiz Federal.

R.: letra D.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

- Pedro Lenza. Direito Constitucional Esquematizado - 2021


- Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino – Direito Constitucional Descomplicado – 2020

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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

QUESTÕES PROPOSTAS

1 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Agente de Polícia - Prova Anulada

Com base nos dispositivos da Constituição Federal de 1988 (CF) acerca dos direitos e das garantias
fundamentais e da segurança pública, julgue o item subsequente.

Apenas após processo judicial no qual seja homologada a opção, será considerada brasileira nata a pessoa
que, nascida no estrangeiro, seja filha de pai brasileiro ou mãe brasileira que esteja a serviço do Brasil.

Certo
Errado

2 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia - Prova Anulada

Acerca dos direitos sociais, da nacionalidade e dos direitos políticos, julgue o item seguinte.

Perderá a nacionalidade o brasileiro cuja naturalização for cancelada, por decisão judicial ou administrativa,
em virtude de atividade nociva ao interesse nacional.

Certo
Errado

3 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil

É correto afirmar que é privativo de brasileiro nato o cargo

A-de Senador.
B-de Ministro da Justiça.
C-de Delegado da Polícia Federal.
D-de Presidente da Câmara Federal.
E-de Juiz Federal.

4 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-DF - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-DF - Escrivão de Polícia da Carreira
de Polícia Civil do Distrito Federal

Determinado cidadão norte-americano em férias em Brasília cometeu o crime de homicídio ao fugir da cena
de crime de tráfico ilícito de entorpecentes, supostamente por ele praticado. Após o crime, ele fugiu para o
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

hotel onde se encontrava hospedado desde que chegou ao Brasil. Cinco minutos após ter adentrado em seu
quarto, a polícia invadiu o local e conseguiu prendê-lo.
Considerando a jurisprudência do STF, julgue o item a seguir, a partir da situação hipotética precedente.
Por não ser residente no Brasil, o referido cidadão norte-americano não poderá suscitar a nulidade de
julgamento por ofensa ao devido processo legal, direito fundamental previsto no art. 5.º da Constituição
Federal de 1988.

Certo
Errado

5 - 2021 - INSTITUTO AOCP - PC-PA - INSTITUTO AOCP - 2021 - PC-PA - Investigador de Polícia Civil

Acerca da nacionalidade tratada na Constituição Federal, assinale a alternativa correta.

A-São brasileiros natos os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros a serviço
de seu país.
B-São brasileiros naturalizados os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos
originários de países de língua portuguesa apenas residência por dois anos ininterruptos e idoneidade moral.
C-Dentre outros, são privativos de brasileiro nato os cargos de carreira diplomática e de oficial das Forças
Armadas.
D-Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que adquirir outra nacionalidade em razão de
reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira.
E-Aos portugueses com residência transitória ou permanente no País, se houver reciprocidade em favor de
brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos na Constituição.

6 - 2021 - INSTITUTO AOCP - PC-PA - INSTITUTO AOCP - 2021 - PC-PA - Escrivão de Polícia Civil

Helena e seu marido Diego são espanhóis e vieram passar suas férias no Brasil. Ela estava grávida e teve seu
parto durante suas férias no Brasil, nascendo sua filha Isabel em território brasileiro. Um mês após o parto,
os três retornaram para a Espanha. Sobre a situação hipotética apresentada, assinale a alternativa correta.

A-Isabel não será brasileira, tendo em vista que seus pais são espanhóis, não possuem vínculos com o Brasil
e não se enquadram nas hipóteses legais acerca da nacionalidade.
B-Isabel poderá ser naturalizada brasileira caso requeira a nacionalidade a qualquer tempo.
C-Isabel somente poderá solicitar a nacionalidade brasileira após atingir a maioridade.
D-Isabel é considerada brasileira nata pelo fato de ter nascido no Brasil, mesmo com os pais estrangeiros, já
que estes não estavam a serviço de seu país de origem.

259
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

E-Isabel poderá requerer a nacionalidade brasileira caso venha a residir no Brasil por pelo menos um ano
ininterrupto.

7- 2021 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE / CEBRASPE - 2021 - Polícia Federal - Escrivão de
Polícia Federal

A polícia foi acionada para atender a um chamado de suspeita de ocorrência de tráfico ilícito de
entorpecentes no interior de determinada sociedade de economia mista federal. Ao chegar ao local, os
policiais verificaram que um dos traficantes era um brasileiro naturalizado.

Considerando essa situação hipotética, julgue o item subsecutivo.

O traficante naturalizado brasileiro não poderá ser extraditado porque o crime foi praticado depois da
naturalização.

Certo
Errado

8 - 2019 - INSTITUTO AOCP - PC-ES - INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Investigador

João, brasileiro nato, após devido processo legal, transitado em julgado, perdeu a nacionalidade brasileira
em razão de ter optado voluntariamente por nacionalidade estrangeira. Anos depois, João retornou ao Brasil
e adquiriu a nacionalidade brasileira por meio da naturalização. De acordo com a Constituição Federal,
assinale qual dos cargos a seguir poderá ser ocupado por João.

A-Ministro do Supremo Tribunal Federal.


B-Oficial das forças armadas.
C-Embaixador.
D-Senador.
E-Ministro de Estado de Defesa.

9 - 2019 - INSTITUTO AOCP - PC-ES - INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia

Tratando-se de direitos e garantias fundamentais, segundo o ordenamento constitucional brasileiro, assinale


a alternativa correta.

A-A idade mínima de trinta e cinco anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal
é uma das condições de elegibilidade previstas na Constituição Federal.
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

B-O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político, ainda que sem representação
no Congresso Nacional.
C-Para fins de reconhecimento da nacionalidade brasileira, a Constituição Federal considera tanto o ius solis
quanto o ius sanguinis.
D-Os direitos e garantias expressos na Constituição Federal excluem outros decorrentes do regime e dos
princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja
parte.
E-É a todos assegurado, mediante o pagamento das respectivas taxas, o direito de petição aos Poderes
Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder.

10 - 2018 - FCC - Câmara Legislativa do Distrito Federal - FCC - 2018 - Câmara Legislativa do Distrito Federal
- Inspetor de Polícia Legislativa

Filomena, professora aposentada, 65 anos de idade, é brasileira naturalizada e possui domicílio eleitoral no
Distrito Federal. Considerando apenas as informações fornecidas, de acordo com a Constituição Federal,
Filomena

A-não poderá ser candidata a Presidente ou Vice-Presidente da República, sendo, para ela, obrigatório o
voto.
B-poderá ser candidata a Presidente ou Vice-Presidente da República, sendo, para ela, facultativo o voto.
C-poderá ser candidata a Governadora do Estado de São Paulo, sendo, para ela, facultativo o voto.
D-não poderá ser candidata a Governadora do Distrito Federal, sendo, para ela, obrigatório o voto.
E-não poderá ser candidata a Presidente ou Vice-Presidente da República, sendo, para ela, facultativo o voto.

11 - 2018 - FCC - Câmara Legislativa do Distrito Federal - FCC - 2018 - Câmara Legislativa do Distrito Federal
- Inspetor de Polícia Legislativa

Hanna, filha de mãe brasileira e pai estrangeiro, nasceu fora do Brasil, enquanto seus pais estavam de férias
no exterior, e não foi registrada em repartição brasileira. Durante parte de sua infância e adolescência, Hanna
viveu em diferentes países e, quando completou quinze anos, veio com sua família para o Brasil para aqui
ficar em definitivo. Já no Brasil, Hanna conheceu Jacinta, uma africana de 35 anos, oriunda de país que tem
o idioma português como oficial, que manifestou a ela o desejo de se tornar brasileira, incentivando Hanna
a fazer o mesmo. Considerando apenas os dados aqui fornecidos, de acordo com a Constituição Federal,
Hanna

A-não será considerada brasileira nata, pois não houve o registro na repartição brasileira quando de seu
nascimento, mas poderá naturalizar-se se cumpridos os requisitos legais para tanto, ao passo que Jacinta

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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

poderá naturalizar-se brasileira se comprovar residência ininterrupta por, no mínimo, quinze anos no Brasil
e idoneidade moral, e desde que não tenha condenação à pena de reclusão.
B-não será considerada brasileira nata, pois não houve o registro na repartição brasileira quando de seu
nascimento, mas poderá naturalizar-se se cumpridos os requisitos legais para tanto, ao passo que Jacinta
poderá naturalizar-se brasileira se comprovar residência ininterrupta por, no mínimo, dois anos no Brasil e
idoneidade moral.
C-será considerada brasileira nata se optar, até quatro anos depois de atingida a maioridade, pela
nacionalidade brasileira, ao passo que Jacinta poderá naturalizar-se brasileira se comprovar residência
ininterrupta por, no mínimo, quinze anos no Brasil e idoneidade moral, e desde que não tenha condenação
penal.
D-será considerada brasileira nata se optar, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela
nacionalidade brasileira, ao passo que Jacinta poderá adquirir a nacionalidade brasileira, na forma da lei,
tornando-se brasileira naturalizada se comprovar residência ininterrupta por, no mínimo, um ano no Brasil e
idoneidade moral.
E-será considerada brasileira nata se optar, em qualquer tempo, depois de adquirida a capacidade civil, pela
nacionalidade brasileira, ao passo que Jacinta poderá naturalizar-se brasileira se comprovar residência
ininterrupta por, no mínimo, cinco anos no Brasil e idoneidade moral.

12 - 2018 - COPS-UEL - PC-PR - COPS-UEL - 2018 - PC-PR - Escrivão de Polícia

Sobre a atribuição de direitos inerentes ao cidadão brasileiro, conforme definido na Constituição Federal, e
àqueles de outra nacionalidade, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, assinale a alternativa
correta.

A-Poderão ser atribuídos administrativamente aos nacionais de países do Mercosul.


B-Poderão ser atribuídos aos sul-americanos mediante resolução da UNASUL.
C-Serão atribuídos aos africanos por meio de acordo internacional de cooperação.
D-Serão atribuídos aos portugueses com residência permanente no País.
E-Serão atribuídos aos originários de países da América Latina.

13 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE - 2018 - Polícia Federal - Escrivão de Polícia Federal

Com relação aos direitos e às garantias fundamentais constitucionalmente assegurados, julgue o item que
segue.
Apesar de o ordenamento jurídico vedar a extradição de brasileiros, brasileiro devidamente naturalizado
poderá ser extraditado se comprovado seu envolvimento com o tráfico ilícito de entorpecentes.

Certo
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

Errado

14 - 2018 - VUNESP - PC-SP - VUNESP - 2018 - PC-SP - Papiloscopista Policial

Nos termos da Constituição Federal de 1988, é correto afirmar que

A-o cargo de oficial de Polícia Militar ou de Bombeiro Militar é privativo de brasileiro nato.
B-o prazo de validade do concurso público será de até três anos, prorrogável uma vez, por igual período.
C-são símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais.
D-às polícias civis incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração
de infrações penais, inclusive as militares.
E-são estáveis, após dois anos de efetivo exercício, os servidores nomeados para cargo de provimento
efetivo, em virtude de concurso público.

15 - 2018 - NUCEPE - PC-PI - NUCEPE - 2018 - PC-PI - Agente de Polícia Civil

Pode-se afirmar que Nacionalidade é o vínculo jurídico que se estabelece entre um indivíduo e o Estado, pelo
qual aquele se torna parte integrante do povo deste. Acerca da Nacionalidade, marque a alternativa
CORRETA.

A-São brasileiros natos os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que venham a
residir na República Federativa do Brasil e optem, desde que não atingida a maioridade, pela nacionalidade
brasileira.
B-São brasileiros natos os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários
de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral.
C-São brasileiros natos os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do
Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade
brasileira.
D-São brasileiros natos todos os que nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais
estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país.
E-Em nenhuma hipótese será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro nato.

16 - 2018 - VUNESP - PC-BA - VUNESP - 2018 - PC-BA - Investigador de Polícia

Imagine que Marieta, brasileira nata, e Roger, americano nato, estejam residindo atualmente nos Estados
Unidos, período em que ocorre o nascimento de Lucas, filho deles. Nessa situação, nos termos da disposição
da Constituição acerca da nacionalidade, é correto afirmar que

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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

A-caso Marieta esteja nos Estados Unidos a serviço da República Federativa do Brasil, o seu filho será
considerado como brasileiro nato.
B-ainda que Lucas seja registrado perante o Consulado Brasileiro, não será considerado como brasileiro nato
ou naturalizado, já que o Brasil adota como único critério o jus soli.
C-para ser considerado brasileiro naturalizado, Lucas deverá passar a residir no Brasil por pelo menos 1 (um)
ano ininterrupto e possuir idoneidade moral.
D-Lucas poderá ser considerado brasileiro nato desde que venha a residir no Brasil e, depois de 10 (dez) anos
ininterruptos de residência, opte pela nacionalidade brasileira.
E-para ser considerado brasileiro nato, basta que Lucas, a qualquer tempo, depois de atingir a idade mínima
de 16 (dezesseis) anos, venha a residir no Brasil e opte pela nacionalidade brasileira.

17 - 2017 - FEPESE - PC-SC - FEPESE - 2017 - PC-SC - Escrivão de Polícia Civil

De acordo com a Constituição Federal de 1988, ao tratar da Nacionalidade (Dos Direitos e Garantias
Fundamentais), é correto afirmar:

A-São privativos de brasileiro nato os cargos de deputado federal e senador.


B-Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios não poderão ter símbolos próprios.
C-A lei poderá estabelecer distinção entre os brasileiros natos e naturalizados, além dos casos expressamente
previstos na Constituição.
D-Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que tiver cancelada sua naturalização, por sentença
judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional.
E-São brasileiros natos os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários
de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral.

18 - 2017 - IBADE - PC-AC - IBADE - 2017 - PC-AC - Escrivão de Polícia Civil

Epitácio, brasileiro naturalizado, cometera crime de tráfico ilícito de drogas, na Itália, antes de sua
naturalização. Considerando que: 1) A Itália requereu sua extradição ao Brasil; 2) Epitácio casou-se com uma
brasileira nata e deste relacionamento adveio um filho, assinale a alternativa correta.

A-A hipótese narrada, no caso em tela, é de expulsão, tendo em vista que a CRFB/88 não permite que
brasileiro naturalizado tenha cometido crime, por se tornar nocivo à conveniência e aos interesses nacionais.
B-Configura o caso hipótese de deportação. Diferentemente da extradição e da expulsão, a deportação é a
entrega por um Estado a outro, a requerimento deste, de pessoa que nele deva respondera processo penal
ou cumprir pena.
C-A CRFB/88 veda expressamente a extradição de brasileiro naturalizado em caso de crime comum praticado
antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de drogas.
264
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

D-Epitácio poderá ser extraditado, tendo em vista que não impede a extradição a circunstância de ser o
extraditado casado com brasileira ou ter filho brasileiro.
E-O STF, em reiteradas decisões, decidiu que a constituição de filho brasileiro impede a extradição, em
observância ao princípio do melhor interesse do menor.

19 - 2016 - FUNCAB - PC-PA - FUNCAB - 2016 - PC-PA - Investigador de Policia Civil

O kuwaitiano Fehaid al-Deehani, que compete no Rio de Janeiro sob a bandeira olímpica, ou seja, como atleta
independente, escreveu nesta quarta-feira (10) seu nome na história olímpica ao se tornar o primeiro atleta
'sem país' da história a conquistar a medalha de ouro olímpica. O título veio no duplo fosso do tiro esportivo.
O italiano Marco Innocenti ficou com prata e o britânico Steven Scott com o bronze. (O Tempo - publicado
em 10/08/16 - 20h35). Quanto ao direito da nacionalidade, nos termos da Constituição Federal, é correto
afirmar:

A-É privativo de brasileiro nato o cargo de Senador.


B-São brasileiros natos os que. na forma da lei. adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários
de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral.
C-São brasileiros naturalizados os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República
Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a
nacionalidade brasileira,
D-Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que adquirir outra nacionalidade por imposição de
naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para
permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis.
E-São brasileiros naturalizados os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que
sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil
e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira.

20 - 2016 - FUNCAB - PC-PA - FUNCAB - 2016 - PC-PA - Papiloscopista

O kuwaitiano Fehaid al-Deehani, que compete no Rio de Janeiro sob a bandeira olímpica, ou seja, como atleta
independente, escreveu nesta quarta-feira (10) seu nome na história olímpica ao se tornar o primeiro atleta
'sem país' da história a conquistara medalha de ouro olímpica. O título veio no duplo fosso do tiro esportivo.
O italiano Marco Innocenti ficou com prata e o britânico Steven Scott com o bronze. (O Tempo - publicado
em 10/08/16 - 20h35). Quanto ao direito da nacionalidade, nos termos da Constituição Federal, é correto
afirmar:

A-É privativo de brasileiro nato o cargo de Senador,

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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

B-Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que adquirir outra nacionalidade por imposição de
naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para
permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis.
C-São brasileiros naturalizados os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que
sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil
e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira.
D-São brasileiros naturalizados os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República
Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a
nacionalidade brasileira.
E-São brasileiros natos os que. na forma da lei. adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários
de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral.

Respostas9

9
1: E 2: E 3: D 4: E 5: C 6: D 7: E 8: D 9: C 10: A 11: D 12: D 13: C 14: C 15: D 16: A 17: D 18: D 19: C 20: D
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

META 4

DIREITO CONSTITUCIONAL: DIREITOS POLÍTICOS

TODOS OS ARTIGOS
CF/88
⦁ Art. 14 a 17
⦁ Art. 37, §4º
⦁ Art. 55, IV
⦁ Art. 62, §1º, “a”,
⦁ Art. 68, §1º, II
⦁ Art. 85, III
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO PODEM DEIXAR DE LER

CF/88
⦁ Art. 14 e 15 (leitura completa! Importantíssimo!)
⦁ Art. 37, §4º

1. DIREITOS POLÍTICOS

São o conjunto de regras que disciplinam as formas de atuação da soberania popular. Tais
normas constituem um desdobramento do princípio democrático inscrito no art. 1º, parágrafo
único, que afirma todo o poder emanar do povo, que o exerce por meio de representantes
eleitos ou diretamente.
Podem ser divididos:

A) Direitos políticos ativos (ou cidadania ativa ou capacidade eleitoral ativa) –


correspondem ao direito do eleitor, ou seja, o direito de votar (jus sufragio).
B) Direitos políticos passivos (ou cidadania passiva ou capacidade eleitoral passiva)
– constituem a atividade do eleitor, vale dizer, abarcam o estudo da elegibilidade,
do direito de ser votado (jus honorum).
C) Direitos políticos positivos – são o conjunto de normas que disciplinam a forma
como o cidadão poderá participar ativa ou passivamente da formação da vontade
nacional.
D) Direitos políticos negativos – situações que privam o cidadão do direito de votar
e ser votado, tanto definitivamente (perda) como de modo temporário
(suspensão). Em nenhuma hipótese, ressalte-se, será permitida a cassação dos
direitos políticos"
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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

De modo geral podemos classificar os regimes democráticos em três espécies:


a) democracia direta, em que o povo exerce por si o poder, sem intermediários, sem representantes;
b) democracia representativa, na qual o povo, soberano, elege representantes, outorgando-lhes
poderes, para que, em nome deles e para o povo, governem o país;
c) democracia semidireta ou participativa, um “sistema híbrido”, uma democracia representativa,
com peculiaridades e atributos da democracia direta.

1.1 Direitos Políticos Positivos

As formas de exercício da soberania popular são o direito de sufrágio ativo (direito de votar) e
passivo (direito de ser votado), a iniciativa popular, a ação popular e a organização e participação em partidos
políticos.

A) INSTRUMENTOS DE PARTICIPAÇÃO DIRETA:

● PLEBISCITO: É consulta prévia formulada ao cidadão para que manifeste sua


concordância/discordância em relação a um tema contido em ato administrativo ou legislativo.
Exemplo: plebiscito para a escolha entre a forma (república ou monarquia constitucional) e sistema
de governo (presidencialismo ou parlamentarismo) (1993).
● REFERENDO: É uma consulta realizada posteriormente à edição do ato legislativo ou administrativo,
com o intuito de ratificá-lo ou rejeitá-lo. Exemplos: referendo para manutenção ou não do regime
parlamentarista (1963); referendo para a manifestação do eleitorado sobre a manutenção ou
rejeição da proibição da comercialização de armas de fogo e munição em todo o território nacional
(2005).

A autorização de referendo e a convocação de plebiscito são da competência exclusiva do


Congresso Nacional (CF, art. 49, XV).

● INICIATIVA POPULAR: Consiste na apresentação de projeto de lei à Câmara dos Deputados, subscrito
por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com
não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.

B) SUFRÁGIO:

É o direito de participar votando e sendo votado em eleições.

C) ALISTABILIDADE:
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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto
e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são:
I - OBRIGATÓRIOS para os maiores de dezoito anos;
II - FACULTATIVOS para:
a) os analfabetos;
b) os maiores de setenta anos;
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
§ 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do
serviço militar obrigatório, os conscritos.

É a capacidade eleitoral ativa, direito de votar. Características do voto no Brasil:

● LIVRE – a escolha pode dar-se entre os candidatos, ou ainda anular ou votar em branco.
Em contraposição à ideia do famoso voto de cabresto;
● DIRETO: Os representantes são escolhidos diretamente pelo povo, com exceção do art. 81,
§ 1º da CF;
● SECRETO;
● UNIVERSAL;
● PERIÓDICO – característica da República, pois a Democracia exige mandatos por prazo
determinados.

ATENÇÃO:O voto é obrigatório para os que têm entre 18 e 70 anos, e facultativo para aqueles que
têm entre 16 e 18 anos e para os maiores de 70 anos e analfabetos.

INALISTÁVEIS (ART. 14, §2º, CF/88):


● Estrangeiros, salvo os portugueses equiparados (“quase nacionais”);
● Conscritos (aqueles em serviço militar obrigatório). O conceito de conscrito não é estendido somente
às pessoas que têm 17 e 18 anos, mas também aos médicos, dentistas, farmacêuticos, e veterinários
que esteja em serviço militar obrigatório conforme art. 4° da Lei 5.292/67.

CAIU EM PROVA RECENTE:


IDECAN - 2021 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil
O alistamento eleitoral e o voto são facultativos para:
I. os analfabetos; (Correta)
II. os apenados; (Errada)
III. os maiores de setenta anos; (Correta)
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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

IV. os residentes no estrangeiro; (Errada)


V. os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. (Correta)

R.: Art. 14, § 1º, II da CF. Lembremos de que a condenação criminal transitada em julgado,
enquanto durarem seus efeitos, é hipótese de suspensão dos direitos políticos, além disso,
apenados é um termo genérico que engloba penalidades diversas, como, por exemplo, as
penalidades administrativas decorrente de processo administrativo disciplinar.
Os estrangeiros são inalistáveis e os brasileiros residentes no exterior não deixam de ter o dever
de votar nas eleições para Presidente e Vice-Presidente da República.

D) ELEGIBILIDADE:

É a capacidade eleitoral passiva, ou seja, o direito de ser votado:

Art. 14, § 3º - São condições de elegibilidade, na forma da lei:


A nacionalidade brasileira;
O pleno exercício dos direitos políticos;
O alistamento eleitoral;
O domicílio eleitoral na circunscrição;
A filiação partidária;

A idade mínima de:


a) Trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;
b) Trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;
c) Vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e
juiz de paz;
d) Dezoito anos para Vereador.

Grave como um número de telefone:


3530-2118

ATENÇÃO: O domicílio eleitoral não se confunde com o domicílio civil, razão pela qual a circunstância
de o eleitor residir em determinado município não o impede de se candidatar por outra localidade
onde é inscrito e com a qual mantém vínculos negociais, patrimoniais, profissionais, afetivos ou
políticos.

1.2 Direitos Eleitorais Negativos

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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

A. INELEGIBILIDADES:

É a falta de capacidade eleitoral passiva. Podem ser:


● INELEGIBILIDADES ABSOLUTAS: Impedem o exercício da capacidade eleitoral passiva para qualquer
cargo eletivo. Previstos no art. 14, § 4º, da CF:
∘ INALISTÁVEIS: Estrangeiros e conscritos;
∘ ANALFABETOS: Embora possam votar facultativamente, em nenhuma hipótese poderão ser
votados.
● INELEGIBILIDADES RELATIVAS: Impedem o exercício da capacidade eleitoral passiva para
determinados cargos ou em relação a determinado período.
∘ Da função exercida - art. 14, §§ 5º e 6º:

Art. 14. (...)


§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal,
os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos
poderão ser reeleitos para um único período subsequente.
§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores
de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos
mandatos até seis meses antes do pleito.

ATENÇÃO – PREFEITO ITINERANTE: Caracteriza-se pela alteração do domicílio eleitoral com finalidade
de burlar a regra que tolera apenas uma reeleição. O sujeito não pode se eleger por mais de um
mandato no Município A e então muda seu domicílio eleitoral para o Município B, vizinho de A, onde
tentará eleger-se prefeito. O STF entendeu tal conduta incompatível com o princípio republicano, pois
visa à perpetuação no poder.

● INELEGIBILIDADE REFLEXA – ART. 14, §7º: A inelegibilidade em razão do parentesco torna inelegíveis
no território de jurisdição do Chefe do Poder Executivo o cônjuge e os parentes, consanguíneos ou
afins, até o segundo grau ou por adoção, salvo quando estes já forem detentores de mandato eletivo
e candidatos à reeleição.

ATENÇÃO:

STF: A inelegibilidade reflexa abrange uniões homoafetivas. Também abrange o


cunhado/ cunhada (RE 171061)

271
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

Súmula Vinculante nº 18: A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no


curso do mandato, não afasta a inelegibilidade prevista no § 7º do artigo 14 da
Constituição Federal.

Em caso de morte, vale destacar o seguinte julgado:

Ementa Oficial:
Ementa: CONSTITUCIONAL E ELEITORAL. MORTE DE PREFEITO NO CURSO DO
MANDATO, MAIS DE UM ANO ANTES DO TÉRMINO. INELEGIBILIDADE DO CÔNJUGE
SUPÉRSTITE. CF, ART. 14, § 7º. INOCORRÊNCIA.
1. O que orientou a edição da Súmula Vinculante 18 e os recentes precedentes do
STF foi a preocupação de inibir que a dissolução fraudulenta ou simulada de
sociedade conjugal seja utilizada como mecanismo de burla à norma da
inelegibilidade reflexa prevista no § 7º do art. 14 da Constituição. Portanto, não
atrai a aplicação do entendimento constante da referida súmula a extinção do
vínculo conjugal pela morte de um dos cônjuges. 2. Recurso extraordinário a que
se dá provimento.
(RE 758461, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em
22/05/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-213
DIVULG 29-10-2014 PUBLIC 30-10-2014)

Assim, temos a regra: DISSOLVER O VÍNCULO CONJUGAL NO CURSO DO MANDATO NÃO AFASTA A
INELEGIBILIDADE DO ARTIGO 14, §7º CRFB. E a exceção: Se o vínculo conjugal tiver sido rompido pela morte
de um dos cônjuges, a inelegibilidade em comento estás afastada. Motivo: Neste último caso, não há fraude
para fins eleitorais.

TESE DE REPERCUSSÃO GERAL 678: “A Súmula Vinculante 18 do STF (“A dissolução


da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta a
inelegibilidade prevista no § 7º do artigo 14 da Constituição Federal”) não se aplica
aos casos de extinção do vínculo conjugal pela morte de um dos cônjuges.”

Há também a possibilidade de inelegibilidade em razão de outras hipóteses (LEGAL), pois, segundo o


art. 14, §9° da CF, lei complementar pode estabelecer, ainda, outras hipóteses como no caso da LC 64/90,
alterada pela Lei da Ficha Limpa (LC 135/10), esta declarada constitucional pelo STF.

272
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

Cabe asseverar apenas que a renúncia afasta a presente inelegibilidade, ou seja, se o Chefe do
Executivo renunciar, é possível que sua família se candidate a qualquer cargo no território de jurisdição do
titular. Tal renúncia deve se dar em até seis meses antes do pleito. É a chamada
heterodesincompatibilização, pois o sujeito se desincompatibiliza para terceiro poder concorrer
a outros cargos.
A exceção se dá no caso em que a renúncia se dá no segundo mandato -> nesse caso o
membro da família não poderá concorrer ao terceiro mandato, eis que, conforme entendimento
da Justiça Eleitoral, é vedado que uma mesma família ocupe determinado cargo por três mandatos
consecutivos, conforme já decidiu o TSE no caso “Garotinho” (ex-governador do Rio de Janeiro).

Ao se fazer uma interpretação conjugada dos §§ 5º e 7º do art. 14 da CF/88 chega-


se à conclusão de que a intenção do poder constituinte foi a de proibir que pessoas
do mesmo núcleo familiar ocupem três mandatos consecutivos para o mesmo
cargo no Poder Executivo.
Em outras palavras, a CF/88 quis proibir que o mesmo núcleo familiar ocupasse
três mandatos consecutivos de Prefeito, de Governador ou de Presidente. A
vedação ao exercício de três mandatos consecutivos de prefeito pelo mesmo
núcleo familiar aplica-se também na hipótese em que tenha havido a convocação
do segundo colocado nas eleições para o exercício de mandato-tampão.
STF. 2ª Turma. RE 1128439/RN, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 23/10/2018

Em caso de desmembramento, o STF entende que a família do titular do executivo ente


desmembrado não pode se candidatar a cargos eletivos no novo ente criado. Ex.: Município A dá origem ao
Município B -> a família do Prefeito do Município A não pode concorrer a cargos eletivos no Município B.
MILITAR - ART. 14, § 8º:
O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:
I. Se contar menor de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade; e,
II. Se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito,
passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.

ATENÇÃO: O militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado a partidos políticos, conforme,
art. 142, § 3º, V, da CF.

E, ainda, os JUÍZES, ART. 95, P.Ú., III, CF e MINISTÉRIO PÚBLICO, ART. 128, §5°, II, “e”, CF.

1.3 Privação de Direitos Políticos

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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

O cidadão pode, em situações excepcionais, ser privado, definitivamente ou temporariamente, dos


direitos políticos, o que importará, como efeito imediato, na perda da cidadania política.
Ocorrendo uma das hipóteses previstas na Constituição Federal, ensejadoras da perda ou da
suspensão dos direitos políticos, o fato deverá ser comunicado ao juiz eleitoral competente, que adotará as
medidas cabíveis para que o respectivo nome não conste da folha de votação no pleito eleitoral.
O nacional que tiver seus direitos políticos afastados, por perda ou suspensão, não poderá votar ou
ser votado.

A) CASSAÇÃO:

É vedada. O art. 15 da CF veda a retirada arbitrária de direitos políticos, pois a restrição dos direitos
políticos será sempre provisória, ou seja, sem caráter perpétuo, e ocorrerá nos casos de suspensão e perda;

CAIU EM PROVA RECENTE:


CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia
A condenação judicial por prática de ato de improbidade administrativa acarreta a cassação dos
direitos políticos. (Errada).

B) PERDA:

Configura privação definitiva, sendo necessária atividade específica do interessado para a


reaquisição. Hipóteses:

1. Cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado (art. 15, I): ação que tramita na
justiça federal, na qual o naturalizado volta a ser considerado estrangeiro;
2. Recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII
(art. 15, IV). Enquanto não houver edição de lei regulamentando a prestação alternativa, não há
possibilidade de perder os direitos políticos;
3. Perda da nacionalidade brasileira em virtude de aquisição de outra (art. 12, § 4º, II).

Perdido o direito político, na hipótese de cancelamento da naturalização por


sentença transitada em julgado, a reaquisição só se dará por meio de ação
rescisória. Se a hipótese for a perda por recusa de cumprir obrigação a todos
imposta ou prestação alternativa, a reaquisição dar-se-á quando o indivíduo, a
qualquer tempo, cumprir a obrigação devida. Todavia, se a perda se der em virtude
de aquisição de outra nacionalidade, a Lei de Migração (Lei n. 13.445/2017)
estabelece a seguinte regra: “o brasileiro que, em razão do previsto no inciso II do
§ 4.º do art. 12 da Constituição Federal, houver perdido a nacionalidade, uma vez
274
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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

cessada a causa, poderá readquiri-la ou ter o ato que declarou a perda revogado,
na forma definida pelo órgão competente do Poder Executivo”.

C) SUSPENSÃO:

Possui caráter temporário, e a reaquisição decorre automaticamente após determinado período ou


o implemento de determinada condição. Hipóteses:
⮚ INCAPACIDADE CIVIL ABSOLUTA;
⮚ CONDENAÇÃO CRIMINAL TRANSITADA EM JULGADO, ENQUANTO DURAREM SEUS EFEITOS.
⮚ IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA, NOS TERMOS DO ART. 37, § 4º, CF.

NA JURISPRUDÊNCIA DO STF:
A suspensão de direitos políticos prevista no art. 15, III, da Constituição Federal,
aplica-se no caso de substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de
direitos. Havendo condenação criminal transitada em julgado, a pessoa
condenada fica com seus direitos políticos suspensos tanto no caso de pena
privativa de liberdade como na hipótese de substituição por pena restritiva de
direitos. Veja o dispositivo constitucional: Art. 15. É vedada a cassação de direitos
políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;
STF. Plenário, julgado em 8/5/2019 (repercussão geral). Adaptada.

CAIU EM PROVA RECENTE:


CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-SE - Escrivão de Polícia
No tocante às limitações ao exercício da vida política, além de hipóteses de inelegibilidade, nas
quais se macula a capacidade eleitoral passiva, o constituinte elencou situações de perda ou
suspensão dos direitos políticos, a exemplo da incapacidade civil absoluta, quando se restringem
tanto a capacidade eleitoral ativa quanto a passiva.
R.: Correta. O nacional que tiver seus direitos políticos afastados, por perda ou suspensão, não
poderá votar ou ser votado (capacidade eleitoral ativa e passiva), sendo a incapacidade civil
absoluta uma hipótese de suspensão.

1.4. Servidor Público e Exercício do Mandato Eletivo: De Acordo com o Art. 38 da CF/88

Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica e fundacional, no


exercício de mandato eletivo, aplicam-se as seguintes disposições: (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

275
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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, ficará afastado de


seu cargo, emprego ou função;
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, emprego ou função,
sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração;
III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibilidade de horários,
perceberá as vantagens de seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da
remuneração do cargo eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada a
norma do inciso anterior;
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de mandato eletivo,
seu tempo de serviço será contado para todos os efeitos legais, exceto para
promoção por merecimento;
V - na hipótese de ser segurado de regime próprio de previdência social,
permanecerá filiado a esse regime, no ente federativo de origem.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

2. PARTIDOS POLÍTICOS

São associações (pessoas jurídicas de direito privado) constituídas para a participação na vida política
de um país. Além do registro civil, também devem registrar seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.

A) REGISTRO:

Devem se registrar tanto no Cartório de Registro Civil quanto no TSE:


● REGISTRO CIVIL: É requerimento do registro do partido junto ao Registro Civil de Pessoas Jurídicas
da Capital Federal e é o meio pelo qual há a aquisição da personalidade jurídica.
● REGISTRO ELEITORAL: Efetivado perante o Tribunal Superior Eleitoral, e tem como finalidade o gozo
de prerrogativas de participar do processo eleitoral, receber recursos do fundo partidário e ter
acesso à rádio e à televisão para difusão de suas ideias e programas, conforme art. 7º, §2º, da Lei
9.096/95.

ATENÇÃO: Não existe no Brasil a candidatura avulsa, de modo que o candidato deve estar filiado a
partido político.

B) PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DE ORGANIZAÇÃO PARTIDÁRIA:

1. LIBERDADE PARTIDÁRIA: É livre a criação, fusão, incorporação e extinção dos partidos políticos. No
entanto, deve obedecer ao disposto na Constituição:
● CARÁTER NACIONAL;
276
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SEMANA 01/13

● PROIBIÇÃO DE RECEBIMENTO DE RECURSOS FINANCEIROS DE ENTIDADES OU GOVERNOS


ESTRANGEIROS OU DE SUBORDINAÇÃO A ESTES;
● PRESTAÇÃO DE CONTAS A JUSTIÇA ELEITORAL;
● FUNCIONAMENTO PARLAMENTAR DE ACORDO COM A LEI.

2. AUTONOMIA PARTIDÁRIA: Autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento,
devendo seus estatutos estabelecer normas de fidelidade e disciplina partidárias (art. 17, § 1º).

3. VEDAÇÃO A PARTIDOS COMO ORGANIZAÇÃO PARAMILITAR (ART. 14, § 4º): É vedado ao partido político
ministrar instrução militar ou paramilitar bem como utilizar-se de organização da mesma natureza e adotar
uniforme para seus membros.

C) SISTEMAS ELEITORAIS:

● MAJORITÁRIO: O mandato eletivo fica com o candidato ou partido político que obteve a maioria dos
votos, independente dos votos do seu partido. Adotado para eleições de Presidente, Senador,
Governador e Prefeito;
● PROPORCIONAL: É obtido mediante alguns cálculos. Inicialmente, divide o número total de votos
válidos pelos cargos em disputa (quociente eleitoral). Em seguida, pega os votos de cada partido ou
coligação e divide pelo quociente eleitoral, anteriormente obtido (quociente partidário). Os
candidatos mais bem votados desse partido irão ocupar tais vagas. Adotado para eleições de
Deputado Federal, Estadual e Vereador.
● MISTO: Mescla regras do majoritário e proporcional, com votos distritais e votos gerais. É o sistema
adotado na Alemanha. No Brasil, não é adotado, embora seja ponto de discussão da reforma política.

FIDELIDADE PARTIDÁRIA:

Se o titular do mandato eletivo, sem justa causa, sai do partido político no qual foi eleito, ele perderá
o cargo que ocupa? (INF 787 STF)

✔ Sistema majoritário: NÃO se aplica aos candidatos eleitos pelo sistema majoritário, sob pena de
violação da soberania popular e das escolhas feitas pelo eleitor, já que o candidato escolhido é aquele que
obteve mais votos, não importando o quociente eleitoral nem o quociente partidário. Segundo
entendimento do STF, As características do sistema majoritário, com sua ênfase na figura do candidato,
fazem com que a perda do mandato, no caso de mudança de partido, frustre a vontade do eleitor e vulnere
a soberania popular (CF, art. 1.º, par. ún., e art. 14, caput)”. Assim, a perda de mandato por troca de partido
não se aplica ao sistema majoritário.STF definiu, então, a seguinte tese: “a perda do mandato em razão da

277
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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

mudança de partido não se aplica aos candidatos eleitos pelo sistema majoritário, sob pena de violação da
soberania popular e das escolhas feitas pelo eleitor”.

✔Sistema proporcional: O mandato parlamentar no sistema proporcional pertence ao partido político,


razão pela qual, em caso de mudança de partido político pelo parlamentar eleito, ele sofrerá um processo
na Justiça Eleitoral que poderá resultar na perda do seu mandato. O assunto está disciplinado na Resolução
nº 22.610/2007 do TSE, que elenca, inclusive, as hipóteses consideradas como “justa causa” para a perda
do mandato. Em relação ao sistema proporcional (eleição de deputados federais, estaduais, distritais e
vereadores), o STF, em 03 e 04.10.2007, julgando os MS 26.602, 26.603 e 26.604, resolveu a matéria e
estabeleceu que a fidelidade partidária deve ser respeitada pelos candidatos eleitos. Dessa forma,
teoricamente, aquele que mudar de partido (transferência de legenda) sem motivo justificado perderá o
cargo eletivo. Isso porque reconheceu o STF o caráter eminentemente partidário do sistema proporcional
e as inter-relações entre o eleitor, o partido político e o representante eleito. Mudar de partido caracteriza
desvio ético-político e gera desequilíbrio no Parlamento. É fraude contra a vontade do povo.

OBS: TSE - Justa causa para desfiliação partidária só é aplicável se eleito estiver no fim do mandato vigente.
De acordo com Admar Gonzaga, "o vereador poderá se desfiliar do seu partido com justa causa apenas no
prazo da janela partidária que coincidir com o final do seu mandato, ou seja, nas vésperas das eleições
municipais. Do mesmo modo, o detentor do cargo proporcional, como deputado federal e distrital, poderá
fazer jus à janela partidária na proximidade de uma Eleição Geral”. A decisão do colegiado foi unânime.
O tema partidos políticos foi objeto de recentes alterações por emendas constitucionais. A EC 52/06
trouxe a desverticalização, de modo que as coligações partidárias não precisam ser as mesmas em âmbito
nacional, estadual e municipal, ou seja, não há obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em
âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal. Mais adiante, a EC 97/17 veiculou a vedação de celebração
de coligações em eleições proporcionais a partir de 2020. Vejamos como ficou a atual redação do art. 17,
§1º da CF:

§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura


interna e estabelecer regras sobre escolha, formação e duração de seus órgãos
permanentes e provisórios e sobre sua organização e funcionamento e para adotar
os critérios de escolha e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias,
vedada a sua celebração nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade de
vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou
municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade
partidária.

Por fim, vale mencionar que a EC 97/17 estabeleceu alguns requisitos para os partidos terem acesso
ao fundo partidário. Vejamos como ficou a redação do §3º do art. 17:
278
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

§ 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio


e à televisão, na forma da lei, os partidos políticos que alternativamente: (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 3% (três por
cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço das unidades da
Federação, com um mínimo de 2% (dois por cento) dos votos válidos em cada uma
delas; ou (Incluído pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
II - tiveremelegido pelo menos quinze Deputados Federais distribuídos em pelo
menos um terço das unidades da Federação. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 97, de 2017)
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisitos previstos no § 3º deste
artigo é assegurado o mandato e facultada a filiação, sem perda do mandato, a
outro partido que os tenha atingido, não sendo essa filiação considerada para fins
de distribuição dos recursos do fundo partidário e de acesso gratuito ao tempo de
rádio e de televisão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)

Essas regras, contudo, deverão ser observadas somente a partir das eleições de 2030 (art. 3.º
da emenda), tendo sido estabelecidos requisitos gradativos a serem observados na forma do
parágrafo único do art. 3.º da emenda. A nova janela partidária constitucional está descrita no art.
17, § 5.º, nos termos acima transcritos.

VACÂNCIA E SUPLÊNCIA:
O STF, no julgamento dos MS 30.260 e 30.272, em 27.04.2011, por 10 x 1, entendeu que a vaga
decorrente do licenciamento de titulares de mandato parlamentar, no caso para assumirem cargos de
secretarias de Estado, deverá ser ocupada pelos suplentes das coligações, e não dos partidos. Pode-se
afirmar, então, que, se houve formação de coligação, o que é opcional e encontra fundamento na
Constituição (art. 17, § 1.º), a vaga de suplência pertente a esta, e não ao partido político.
ATENÇÃO!

ADI 4.650 - STF, em 17.09.2015, por maioria e nos termos do voto do Ministro
Relator, julgou procedente em parte o pedido formulado na ADI em referência para
declarar a inconstitucionalidade dos dispositivos legais que autorizavam as
contribuições de pessoas jurídicas às campanhas eleitorais. Decidiu que “o exercício
de direitos políticos é incompatível com as contribuições políticas de pessoas
jurídicas.”

279
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

De acordo com o STF, é inconstitucional proibir que emissoras de rádios e TVs difundam áudios ou
vídeos que ridicularizem candidato ou partido político durante o período eleitoral.
Jurisprudência importante acerca do tema direitos políticos:

O indivíduo que já ocupa o cargo eletivo e vai em busca da reeleição possui o direito
subjetivo de ser escolhido pelo partido como candidato? Ex: João, filiado ao Partido
“X”, já é vereador; ele deseja concorrer à reeleição; pelo fato de já ser vereador; o
Partido “X” é obrigado a escolher João como sendo um dos candidatos da
agremiação?
NÃO. O legislador tentou impor essa obrigatoriedade no § 1º do art. 8º da Lei nº
9.504/97:
Art. 8º (...) § 1º Aos detentores de mandato de Deputado Federal, Estadual ou
Distrital, ou de Vereador, e aos que tenham exercido esses cargos em qualquer
período da legislatura que estiver em curso, é assegurado o registro de candidatura
para o mesmo cargo pelo partido a que estejam filiados.
Isso foi denominado pela doutrina e jurisprudência de “candidatura nata”. Assim,
“candidatura nata” é o direito que o titular do mandato eletivo possui de,
obrigatoriamente, ser escolhido e registrado pelo partido político como candidato
à reeleição.
O STF, contudo, entendeu que esse § 1º do art. 8º da Lei nº 9.504/97 é
inconstitucional, não sendo possível a chamada “candidatura nata”.

O instituto da “candidatura nata” é incompatível com a Constituição Federal de


1988, tanto por violar a isonomia entre os postulantes a cargos eletivos como,
sobretudo, por atingir a autonomia partidária (art. 5º, “caput”, e art. 17 da CF/88).
STF. Plenário. ADI 2530/DF, Rel. Min. Nunes Marques, julgado em 18/8/2021.
Fonte: Dizer o direito.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Direito Constitucional Esquematizado. Pedro Lenza.2021


Direito Constitucional – Rodrigo Padilha – 6ª edição – 2020
Direito Constitucional Descomplicado – Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino – 2020
Direito Constitucional – Alexandre de Moraes - 2020
Dizer o Direito

280
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

QUESTÕES PROPOSTAS

1 - 2021 - FGV - PC-RJ - FGV - 2021 - PC-RJ - Inspetor de Polícia Civil

Germano pretendia se candidatar a cargo eletivo nas próximas eleições. Com tal objetivo, procurou um
advogado e foi informado de que era alcançado por causa de inelegibilidade prevista na Constituição da
República de 1988.
É correto afirmar que uma causa de inelegibilidade de natureza constitucional:

A-sempre impede que o interessado concorra a qualquer cargo eletivo;


B-somente alcança os cargos eletivos vinculados a um ente federativo em particular;
C-será afastada se houver a desincompatibilização no prazo indicado pela ordem jurídica;
D-somente alcança cargos eletivos específicos, conforme a causa geradora da inelegibilidade;
E-pode alcançar todos os cargos eletivos, um cargo eletivo específico ou os cargos eletivos vinculados a um
ente federativo em particular.

2 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-SE - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-SE - Escrivão de Polícia

A respeito dos direitos e deveres individuais e coletivos previstos na Constituição Federal de 1988 (CF), julgue
o item a seguir.
No tocante às limitações ao exercício da vida política, além de hipóteses de inelegibilidade, nas quais se
macula a capacidade eleitoral passiva, o constituinte elencou situações de perda ou suspensão dos direitos
políticos, a exemplo da incapacidade civil absoluta, quando se restringem tanto a capacidade eleitoral ativa
quanto a passiva.

Certo
Errado

3 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-SE - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-SE - Agente de Polícia Judiciária

A respeito dos direitos e deveres individuais e coletivos previstos na Constituição Federal de 1988 (CF), julgue
o item a seguir.
No tocante às limitações ao exercício da vida política, além de hipóteses de inelegibilidade, nas quais se
macula a capacidade eleitoral passiva, o constituinte elencou situações de perda ou suspensão dos direitos
políticos, a exemplo da incapacidade civil absoluta, quando se restringem tanto a capacidade eleitoral ativa
quanto a passiva.

Certo
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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

Errado

4- 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia - Prova Anulada

Acerca dos direitos sociais, da nacionalidade e dos direitos políticos, julgue o item seguinte.
A condenação judicial por prática de ato de improbidade administrativa acarreta a cassação dos direitos
políticos.

Certo
Errado

5 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil

O alistamento eleitoral e o voto são facultativos para:

I. os analfabetos;
II. os apenados;
III. os maiores de setenta anos;
IV. os residentes no estrangeiro;
V. os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.

Analise os itens acima e assinale

A-se apenas os itens I, II e III estiverem corretos.


B-se apenas os itens III, IV e V estiverem corretos.
C-se apenas os itens I, III e V estiverem corretos.
D-se apenas os itens I, III e IV estiverem corretos.
E-se apenas os itens II, IV e V estiverem corretos.

6- 2020 - INSTITUTO AOCP - Prefeitura de Betim - MG - INSTITUTO AOCP - 2020 - Prefeitura de Betim -
MG - Analista Jurídico

Assinale a alternativa correta tendo em vista os direitos e garantias fundamentais.

A-É reconhecida a instituição do júri, assegurada a competência para o julgamento dos crimes dolosos e
culposos contra a vida.
B-A prisão ilegal será imediatamente revogada pela autoridade judiciária.

282
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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

C-Nas empresas de mais de cem empregados, é assegurada a eleição de um representante destes com a
finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empregadores.
D-Ninguém poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo os casos previstos na
legislação ordinária.
E-São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o
segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito
Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já
titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.

7 - 2020 - INSTITUTO AOCP - Prefeitura de Betim - MG - INSTITUTO AOCP - 2020 - Prefeitura de Betim -
MG - Analista Jurídico

De acordo com a Constituição Federal de 1988, assinale a alternativa correta.

A-A dignidade da pessoa humana e a independência nacional são princípios que regem a República
Federativa do Brasil nas suas relações internacionais.
B-A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição
que ocorra até dois anos da data de sua vigência.
C-Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político constituem fundamentos da
República Federativa do Brasil.
D-São bens da União, entre outros, as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios e os recursos minerais,
exceto os do subsolo.
E-É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, desde que com a devida
autorização dos órgãos públicos.

8 - 2019 - INSTITUTO AOCP - PC-ES - INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Investigador

De acordo com a Constituição Federal, na forma da lei, dentre outras, é condição de elegibilidade a idade
mínima de

A-trinta anos para Senador.


B-vinte e cinco anos para Governador.
C-vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de
paz.
D-dezoito anos para Vereador, Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital.
E-trinta anos para Presidente da República.

9 - 2019 - INSTITUTO AOCP - PC-ES - INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Investigador


283
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

De acordo com o contido na Constituição Federal, a soberania popular será exercida pelo sufrágio universal
e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante

A-Referendo, Ação Popular e Iniciativa Popular.


B-Referendo, Eleições Gerais e Ação Popular.
C-Mandado de Injunção, Iniciativa Popular e Ação Direta de Inconstitucionalidade.
D-Plebiscito, Mandado de Injunção e Iniciativa Popular.
E-Plebiscito, Referendo e Iniciativa Popular.

10 - 2018 - VUNESP - PC-BA - VUNESP - 2018 - PC-BA - Escrivão de Polícia

A consulta realizada posteriormente à edição de ato legislativo ou administrativo, com o intuito de ratificá-
lo ou rejeitá-lo, é conceituada como

A-audiência pública.
B-referendo.
C-consulta pública.
D-plebiscito.
E-iniciativa popular.

11 - 2018 - FCC - Câmara Legislativa do Distrito Federal - FCC - 2018 - Câmara Legislativa do Distrito Federal
- Inspetor de Polícia Legislativa

Filomena, professora aposentada, 65 anos de idade, é brasileira naturalizada e possui domicílio eleitoral no
Distrito Federal. Considerando apenas as informações fornecidas, de acordo com a Constituição Federal,
Filomena

A-não poderá ser candidata a Presidente ou Vice-Presidente da República, sendo, para ela, obrigatório o
voto.
B-poderá ser candidata a Presidente ou Vice-Presidente da República, sendo, para ela, facultativo o voto.
C-poderá ser candidata a Governadora do Estado de São Paulo, sendo, para ela, facultativo o voto.
D-não poderá ser candidata a Governadora do Distrito Federal, sendo, para ela, obrigatório o voto.
E-não poderá ser candidata a Presidente ou Vice-Presidente da República, sendo, para ela, facultativo o voto.

12 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE - 2018 - Polícia Federal - Escrivão de Polícia Federal

284
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

Gilberto, brasileiro nato, completou sessenta e um anos de idade no mês de janeiro de 2018. Neste mesmo
ano, transitou em julgado condenação criminal contra ele, tendo sido arbitrada, entre outras sanções, pena
privativa de liberdade.
Considerando essa situação hipotética, julgue o item a seguir, com relação aos direitos políticos de Gilberto.
Em razão de sua idade, o ato de votar nas eleições de 2018 é facultativo para Gilberto.

Certo
Errado

13 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE - 2018 - Polícia Federal - Escrivão de Polícia Federal

Gilberto, brasileiro nato, completou sessenta e um anos de idade no mês de janeiro de 2018. Neste mesmo
ano, transitou em julgado condenação criminal contra ele, tendo sido arbitrada, entre outras sanções, pena
privativa de liberdade.
Considerando essa situação hipotética, julgue o item a seguir, com relação aos direitos políticos de Gilberto.
O processo criminal transitado em julgado é hipótese constitucional para a cassação dos direitos políticos de
Gilberto pelo tempo de duração dos efeitos da condenação.

Certo
Errado

14 - 2018 - VUNESP - PC-SP - VUNESP - 2018 - PC-SP - Investigador de Polícia

Segundo a Constituição Federal, a condenação criminal, transitada em julgado, implica

A-no imediato cancelamento da naturalização do brasileiro naturalizado.


B-na imposição automática de reparar os danos causados à vítima.
C-na cassação dos direitos políticos do condenado.
D-no impedimento de votar e de ser votado pelo prazo de 10 (dez) anos.
E-na perda ou suspensão dos direitos políticos, enquanto durarem seus efeitos.

15 - 2018 - VUNESP - PC-BA - VUNESP - 2018 - PC-BA - Investigador de Polícia

Imagine a seguinte situação hipotética: o Prefeito do Município X foi eleito no ano de 2016. Nessa situação,
é correto afirmar que

285
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

A-caso queira se candidatar ao cargo de Governador de Estado nas próximas eleições, deverá possuir a idade
mínima de 35 (trinta e cinco) anos e renunciar ao respectivo mandato de Prefeito até 3 (três) meses antes do
pleito.
B-caso decida se candidatar ao cargo de Senador, deverá possuir a idade mínima de 30 (trinta) anos e
renunciar ao respectivo mandato de Prefeito até 5 (cinco) meses antes do pleito.
C-caso decida se candidatar ao cargo de Presidente ou Vice-Presidente da República, deverá possuir a idade
mínima de 35 (trinta e cinco) anos e renunciar ao respectivo mandato de Prefeito até 6 (seis) meses antes do
pleito.
D-caso o cônjuge do Prefeito, por exemplo, queira se candidatar ao cargo de Vereadora do Município X pela
primeira vez, ela será considerada elegível, ainda que o Prefeito não renuncie ao pleito.
E-caso a sogra do Prefeito, por exemplo, queira se candidatar ao cargo de Prefeita do Município pela primeira
vez, ela será considerada elegível, uma vez que somente há inelegibilidade ao cônjuge ou filhos do
mandatário.

16 - 2018 - VUNESP - PC-BA - VUNESP - 2018 - PC-BA - Investigador de Polícia

De acordo com a Constituição, assinale a alternativa correta sobre os partidos políticos.

A-É livre a criação, a fusão e a incorporação de partidos políticos, mas a extinção, em função de sua
importância na democracia, exige a aprovação do Poder Público.
B-Poderão possuir caráter regional nos Estados cuja população seja superior a 1 (um) milhão de habitantes.
C-É defeso aos partidos políticos o recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros
ou de subordinação a estes.
D-Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus
estatutos perante o Tribunal Regional Eleitoral da respectiva entidade da federação de sua sede.
E-O acesso aos recursos do fundo partidário e ao rádio e à televisão será destinado a todos os partidos
políticos, indiscriminadamente, para garantia da isonomia na representação política.

17 - 2017 - FEPESE - PC-SC - FEPESE - 2017 - PC-SC - Agente de Polícia Civil

Com fundamento no texto constitucional, assinale a alternativa correta sobre os Direitos Políticos (Dos
Direitos e Garantias Fundamentais).

A-Os estrangeiros podem alistar-se como eleitores.


B-É condição de elegibilidade para Prefeito a idade mínima de trinta anos.
C-O alistamento eleitoral e o voto são facultativos para os analfabetos.
D-O alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios para os maiores de dezesseis anos.
E-É condição de elegibilidade para Vereador a idade mínima de vinte e um anos.
286
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

18 - 2017 - CESPE / CEBRASPE - TRT - 7ª Região (CE) - CESPE - 2017 - TRT - 7ª Região (CE) - Conhecimentos
Básicos - Cargos 3 a 6

Em conformidade com os direitos políticos previstos na Constituição Federal de 1988 (CF), assinale a opção
correta a respeito do alistamento eleitoral.

A-Durante o período do serviço militar obrigatório, o alistamento eleitoral é facultativo para os conscritos.
B-O alistamento eleitoral é obrigatório para todos os brasileiros natos maiores de dezoito anos de idade,
independentemente da escolaridade.
C-Um cidadão pode preencher os requisitos para o alistamento eleitoral e ser inelegível como candidato.
D-O alistamento eleitoral é facultativo para os estrangeiros residentes no Brasil

19 - 2016 - FUNCAB - PC-PA - FUNCAB - 2016 - PC-PA - Investigador de Policia Civil

Os Direitos Políticos estatuem a possibilidade de o cidadão participar do processo político e das decisões do
país. No que toca a este tema, de acordo com a Constituição Federal:

A-uma das condições de elegibilidade, na forma da lei é ter a idade mínima de trinta anos para Presidente e
Vice-Presidente da República e Senador.
B-podem alistar-se como eleitores os conscritos. durante o período do serviço militar obrigatório.
C-o mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da
diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.
D-o alistamento eleitoral e o voto são facultativos para os maiores de dezoito anos e menores de setenta
anos.
E-durante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos são elegíveis, devendo, se contarem menos
de dez anos de serviço, afastar-se da atividade.

20- 2016 - FUNCAB - PC-PA - FUNCAB - 2016 - PC-PA - Papiloscopista

Os Direitos Políticos estatuem a possibilidade de o cidadão participar do processo político e das decisões do
país. No que toca a este tema, de acordo com a Constituição Federal:

A-durante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos são elegíveis, devendo, se contarem menos
de dez anos de serviço, afastar-se da atividade.
B-podem alistar-se como eleitores os conscritos. durante o período do serviço militar obrigatório.
C-o mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da
diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.
287
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

D-o alistamento eleitoral e o voto são facultativos para os maiores de dezoito anos e menores de setenta
anos.
E-uma das condições de elegibilidade, na forma da lei é ter a idade mínima de trinta anos para Presidente e
Vice-Presidente da República e Senador.

Respostas10

10
1: E 2: C 3: C 4: E 5: C 6: E 7: C 8: C 9: E 10: B 11: A 12: E 13: E 14: E 15: C 16: C 17: C 18: C 19: C 20: C
288
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

DIREITO PENAL: TEORIA DO CRIME – PARTE I (CONCEITOS GERAIS – CLASSIFICAÇÕES – INÍCIO DOS
ELEMENTOS ESTRUTURAIS DO CRIME)

TODOS OS ARTIGOS
⦁ Art. 1, CP
⦁ Art. 13. §2º, CP
⦁ Art. 14, CP
⦁ Art. 75, CP
⦁ Art. 1º a 10º da Lei de Contravenções Penais (DL 3688/41)
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO PODEM DEIXAR DE LER
⦁ Art. 1, CP
⦁ Art. 13. §2º, CP
⦁ Art. 14, CP
⦁ Art. 75, CP

Amigos, entraremos no assunto que é o CAMPEÃO de questões da matéria de direito penal.


É cheio de teorias, divergências, decorebas, mas se for bemmm estudado e bem entendido, você vai
torcer para cair, porque dificilmente errará!
A nossa ideia aqui é passar as partes mais relevantes do conteúdo da forma mais didática e fluida
possível, mas caso não entendam algo – o que é absolutamente normal, não hesitem em buscar vídeos
gratuitos no youtube, explicações em blogs jurídicos ou o que quer que seja para que efetivamente
ENTENDAM, não apenas decorem, ok?
Combinado nosso: NÃO avancem o conteúdo sem entender qualquer parte! Uma coisa leva à outra
e é tudo muito importante! Vamos lá!

1. CONCEITO DE CRIME

A depender do critério adotado para a definição de crime, este conceito será diferente.
Temos os seguintes critérios:

I – Critério material/substancial: considera crime toda ação ou omissão humana (ou da


pessoa jurídica nos crimes ambientais) que lesa ou expõe a perigo de lesão bens jurídicos penalmente
tutelados;

II – Critério legal: é o conceito dado pelo legislador, ou seja, é o que está na lei. De acordo com o art.
1º da Lei de Introdução ao Código Penal, “considera-se CRIME a infração penal a que a lei comina pena de
RECLUSÃO ou de DETENÇÃO, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de
multa”;
289
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

III – Critério analítico/formal: define crime de acordo com os elementos que compõe sua estrutura.
Pode ter como base uma posição quadripartida (crime é fato típico, ilícito, culpável e punível), tripartida
(crime é fato típico, ilícito e culpável) ou bipartida (crime é fato típico e ilícito). Será aprofundado mais à
frente.

CONCEITO DE CRIME
CRITÉRIO MATERIAL Ação ou omissão humana (ou de PJ nos crimes ambientais) que lesa ou
expõe a perigo de lesão, bem jurídico protegido.
CRITÉRIO LEGAL O que a lei define como tal. (Art. 1º CP)
Crime: A infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou detenção,
cumulativa ou alternativamente com pena de multa.
Contravenção: é espécie de infração penal a que a lei comina a prisão
simples e/ou multa.
A diferença é meramente qualitativa (espécie de pena) e quantitativa
(quantidade da pena).
CRITÉRIO FORMAL/ ● Quadripartida – fato típico, ilícito, culpável e punível
ANALÍTICO (crítica: punibilidade não é elemento, mas consequência do
crime – não vingou);
● Tripartida – fato típico, ilícito e culpável (clássicos –
obrigatoriamente, e finalistas);
● Bipartida – fato típico e ilícito (finalistas).

No mais, infração penal é gênero, podendo ser dividida em crime (ou delito) e
contravenção penal. Vamos ver as diferenças:

1.1. Crime X Contravenção Penal

CRIME CONTRAVENÇÃO
Quanto à pena Infração penal que a lei comina Infração penal a que a lei comina,
privativa de liberdade pena de reclusão ou de isoladamente, pena de prisão
detenção, quer isoladamente, simples (cumprida sem rigor
quer alternativa ou penitenciário, nos termos do art.
cumulativamente com a pena 6º da LCP) ou de multa, ou ambas
de multa alternativa ou cumulativamente.

290
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

Quanto à espécie de Pode ser ação penal pública Ação penal pública
ação penal condicionada/incondicionada incondicionada, nos termos do
ou privada. Art. 17 da LCP.
Quanto à Tentativa é punível (em regra). Não é punível a tentativa, nos
admissibilidade da termos do a Art. 4º. LCP.
tentativa A tentativa é possível, mas o
(punibilidade) legislador optou por não puní-la.
Quanto à Admite-se extraterritorialidade Não se admite
extraterritorialidade da (art. 7º do CP). extraterritorialidade, nos termos
lei penal brasileira do Art. 2º da LCP.
Quanto à competência Pode ser competência da justiça Somente competência da justiça
para processar e julgar estadual ou federal. estadual.
* Exceção: foro por prerrogativa
de função.
Quanto ao limite das Limite da pena privativa de A duração da pena de prisão
penas liberdade é de 40 anos (artigo simples não pode, em caso algum,
75 do CP). ser superior a 05 anos (artigo 10
da LCP)

CESPE / CEBRASPE - 2009 - PC-PB - Agente de Investigação e Escrivão de Polícia


A respeito da infração penal no ordenamento jurídico brasileiro, assinale a opção correta:
a) Crimes, delitos e contravenções são termos sinônimos.
b) Adotou-se o critério tripartido, existindo diferença entre crime, delito e contravenção.
c) Adotou-se o critério bipartido, segundo o qual as condutas puníveis dividem-se em crimes ou
contravenções (como sinônimos) e delitos.
d) O critério distintivo entre crime e contravenção é dado pela natureza da pena privativa de
liberdade cominada.
e) A expressão infração penal abrange apenas crimes e delitos.

Resposta: A questão é posta com a intenção de fixar o aprendizado, tendo a letra d como
alternativa correta. Vimos que crimes ou delitos não são sinônimos de contravenção (letra a),
sendo que não existe diferença entre crime e delito (letra b). Crime e contravenções não são
sinônimos (letra c) e o gênero infração penal abrange como espécies os crimes, delitos e
contravenções (letra e)

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* ATENÇÃO:
● A pena máxima de 40 anos foi atualizada pelo Pacote Anticrime. Trata-se de uma mudança
que piora a situação do réu (novatio legis in pejus), motivo pelo qual só se aplica aos fatos ocorridos
após sua entrada em vigor (23/01/2020).

De acordo com Cleber Masson, os fundamentos para essa mudança legislativa são basicamente 2: o
aumento da expectativa de vida e a gravidade aliada ao número de crimes.
Diante dessa mudança, como fica a Súmula 715 do STF? Continua valendo? Sim. O limite de 40 anos
é para fins de cumprimento máximo da pena, entretanto para os benefícios penais, considera-se o
total da condenação.

S. 715, STF - A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento,
determinado pelo art. 75 do Código Penal, não é considerada para a concessão de
outros benefícios, como o livramento condicional ou regime mais favorável de
execução.

● O Brasil adotou o sistema dualista ou binário: divide a infração penal (que é gênero) em
crime (sinônimo de delito) e contravenção penal (crime anão/delito liliputiano/crime vagabundo).

● As contravenções penais foram expressamente excluídas da competência da Justiça Federal


(art. 109, IV, CF). O único caso em que a Justiça Federal terá competência para julgar as
contravenções penais é quando o contraventor detém foro de prerrogativa de função federal, o qual
será julgado pelo TRF respectivo.

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar


IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens,
serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas
públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar
e da Justiça Eleitoral;

● E o artigo 28 da Lei de Drogas, que não tem nenhuma dessas penas, é o que? Há
entendimento doutrinário de que não seria nem crime nem contravenção, e sim uma infração penal
sui generis (Saudoso Luiz Flávio Gomes assim entendia).
● O entendimento predominante nos Tribunais Superiores (STF e STJ), é o de que o artigo 28
é crime, não houve descriminalização da conduta pela nova lei de drogas, ocorrendo apenas a
despenalização no tocante à pena privativa de liberdade. A lei 11.343/06 afastou a pena privativa
de liberdade, mas trouxe penas alternativas a esta.
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Atenção Concurseiro policial, esta temática foi objeto de prova discursiva para o cargo de
inspetor de Polícia Civil do Ceará, valendo 10 pontos, ocorrida no dia 05 de Setembro de 2021
realizado pela banca IDECAN. Segue abaixo o item:

DISCURSIVA
1. Paulo praticou delito de porte de substância entorpecente para consumo próprio quando
estava em vigor a antiga Lei de Drogas, qual seja, a Lei 6.368/76. Todavia, na data do julgamento,
já estava em vigor a Lei 11.343/2006. A defesa de Paulo, então, em alegações finais, defendeu a
ocorrência de abolitio criminis. Nesse sentido, em atenção ao disposto na lei específica, bem
como ao entendimento dos Tribunais Superiores acerca do tema, responda de modo justificado
às perguntas a seguir:

A) Tem razão a defesa de Paulo, ou seja, a conduta de porte de substância entorpecente para
consumo próprio foi descriminalizada? [Respostas sem justificativa não serão pontuadas.] (10,0
pontos)

Resposta da banca:
Não assiste razão à defesa de Paulo. A conduta de porte de substância entorpecente para
consumo próprio não foi descriminalizada, e sim despenalizada. Consoante entendimento
pacificado nos Tribunais Superiores a nova lei de drogas trouxe apenas espécies alternativas de
pena. (Precedentes: Informativo 636 STJ e STJ HC 453.437 SP). Portanto: Não, a conduta não foi
descriminalizada, mas sim despenalizada. (10,0 pontos) OU Não, a conduta não foi
descriminalizada. A nova lei apenas trouxe espécies alternativas de pena. (10,0 pontos)

1.2. Classificações dos Crimes

1.2.1 Quanto à Qualidade do Sujeito Ativo

I- Crimes comuns/gerais: podem ser praticados por qualquer pessoa;

Obs.: Há também os crimes bicomuns, que podem ser cometidos por qualquer pessoa e contra qualquer
pessoa.
Sujeito Ativo Comum e Sujeito Passivo Comum – Crime Bicomum: Ex – Homicídio.

II- Crimes próprios/especiais: o tipo penal exige uma condição (fática ou jurídica) especial do sujeito
ativo. Admitem coautoria e participação. Exemplo: peculato (somente pode ser praticado por funcionário
público);
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Obs.: Os crimes próprios podem ser puros e impuros. Nos crimes puros, a ausência da condição especial do
sujeito ativo leva à atipicidade do fato, como por exemplo no crime de abandono de função (art. 323 do CP),
caso não seja um ocupante de cargo público a abandonar sua função não há crime.
Por sua vez, nos crimes impuros, a ausência dessa condição especial acarreta a desclassificação para outro
delito, como exemplo temos o crime de peculato quando o agente público é autor e que pode ser
desclassificado para delitos como furto ou estelionato, quando afasta-se o envolvimento de agente público
na autoria.

Obs. 2: Há também os crimes bipróprios, que exigem uma condição peculiar do sujeito passivo e do sujeito
ativo, como no caso do infanticídio, onde o sujeito ativo age sob a influência do estado puerperal (condição
peculiar) e o sujeito passivo é o próprio filho (condição peculiar) da autora.
Pode uma pessoa ser, ao mesmo tempo, sujeito ativo e passivo do crime?
R: Em regra, não. Entretanto, para Rogério Greco, há uma exceção no crime de rixa, nos
termos do artigo 137 do Código Penal.

Jurisprudência pertinente: O diretor de organização social pode ser considerado


funcionário público por equiparação para fins penais (art. 327, § 1º do CP). Isso
porque as organizações sociais que celebram contratos de gestão com o Poder
Público devem ser consideradas “entidades paraestatais”, nos termos do art. 327,
§ 1º do CP. STF. 1ª Turma. HC 138484/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
11/9/2018 (Info 915).

III- Crimes de mão própria ou de conduta infungível: crimes que somente podem ser praticados por
pessoa expressamente indicada no tipo penal, como no caso de falso testemunho. O agente deve agir
pessoalmente. Segundo a doutrina majoritária, não admitem coautoria, mas somente participação (ex.: se
houve o envolvimento do advogado – tem decisão do STF nesse sentido).

1.2.2 Quanto à Estrutura do Tipo Penal

I – Crimes simples: é aquele que o fato se amolda a um único tipo penal;

II – Crimes complexos: pode ser subdivido em:

a) Crime complexo em sentido estrito: resulta da união de dois ou mais tipos penais, como o crime
de roubo, que deriva da fusão entre furto + ameaça ou furto + lesão corporal;

Obs.: São crimes famulativos aqueles que compõem a estrutura unitária do crime complexo.
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b) Crime complexo em sentido amplo: deriva da fusão de um crime com um comportamento


penalmente irrelevante, como o estupro = violência ou ameaça (conduta típica) + conjunção carnal (figura
atípica).

c) Crime ultracomplexo: resta caracterizado quando crime complexo é acrescido de outro, que serve
como qualificadora ou majorante daquele. Ex.: roubo majorado pelo emprego de arma de fogo = roubo
(crime complexo) + porte ilegal de arma de fogo (que vai servir como causa de aumento).

1.2.3 Quanto à Relação entre a Conduta e o Resultado Naturalístico

I – Crimes materiais/causais: o tipo penal compreende uma conduta e um resultado naturalístico


essencial para a consumação;

FUNCAB /2014/ PC-RO/ Escrivão de Polícia Civil


De acordo com a doutrina, os delitos que dependem da ocorrência de um resultado naturalístico
para sua consumação são conhecidos como crimes:

a) formais b) unissubsistentes c) de mera conduta d) materiais e) plurissubsistentes


Resposta: sedimentando o conceito de crime material temos a letra d como resposta. Amigo(a)
concurseiro(a) policial guarde com atenção os grifos feitos nos conceitos, pois eles são os pontos
chave e estarão na sua prova!

II – Crimes formais/de consumação antecipada o tipo penal contém uma conduta e um resultado
naturalístico, mas esse resultado é desnecessário para a consumação. A prática da conduta antecipa a
consumação, ou seja, praticou a conduta consumou a infração penal, independente da ocorrência ou não
do resultado naturalístico descrito no tipo penal, caso esse resultado ocorra será mero exaurimento do
crime.
Exemplo: Art. 159 do CP (extorsão mediante sequestro), o crime se consuma quando o agente
sequestra a vítima (conduta), mesmo que não obtenha a vantagem ilícita almejada com o resgate
(resultado).

III – Crimes de mera conduta/de simples atividade: o tipo penal se limita a descrever uma conduta,
sem que haja um resultado naturalístico, como no caso de ato obsceno (art. 233 do CP). O que os diferencia
essencialmente dos crimes formais é a inexistência de descrição de resultado naturalístico no tipo penal.

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Caros(as) concurseiros(as) policiais, vamos agora aprofundar um pouco na temática das


classificações, tendo em vista os níveis de dificuldade dos certames que têm avançado e, também,
as questões discursivas que provavelmente virão em prova aberta.

CLASSIFICAÇÕES PERTINENTES:
- Delitos de tendência interna transcendente ou de intenção: requerem um agir com ânimo, finalidade ou
intenção adicional de obter um resultado ulterior, distinto da realização do tipo penal.
Habib: “Transcendente, além do dolo, transcende o dolo”. Ex: 288, o dolo é associar-se. O que vai além do
dolo? cometer crimes – o que é indiferente para a consumação ou não do delito”.
São crimes formais! Se consumam com a prática da conduta, independentemente da realização do resultado
naturalístico
Ex.: No furto há a intenção de ter a coisa para si ou para outrem (essa intenção transcende o dolo)
Ex.: No crime de extorsão mediante sequestro temos a expressão “com o fim de”.
Ex.: No crime de receptação temos “em proveito próprio ou alheio”.

Os delitos de intenção se subdividem em 2 grupos:

Essa classificação se subdivide em duas:


a) crime de resultado cortado: em que o resultado naturalístico (dispensável por se tratar de delito formal)
depende, para sua configuração, de COMPORTAMENTO ADVINDO DE TERCEIROS estranhos à execução do
crime. Ex: art. 159 do CP - extorsão mediante sequestro - a obtenção da vantagem para o resgate depende
dos familiares da vítima.

b) Crime atrofiado ou Mutilado de 02 atos: o resultado naturalístico (também dispensável) depende de um


NOVO COMPORTAMENTO DO PRÓPRIO AGENTE. Ex: falsificar moeda para colocar em circulação (art. 289,
caput e §1º - sendo que o §1º é um tipo autônomo com pena autônoma) – o agente falsifica para colocar em
circulação (que é dispensável para realizar o tipo penal).
A chave está em analisar qual deles necessita que o segundo ato seja praticado por 3º ou pelo próprio agente
para a obtenção do resultado naturalístico (que na verdade é dispensável).

Diferenciam-se de:

- Delitos de tendência intensificada ou de atitude pessoal: que são diferentes dos explicados acima, pois não
transcendem a vontade do agente. Temos um “algo a mais” além do dolo de praticar a conduta, ou seja, além
da vontade e da consciência, mas que não transcende. É uma tendência interna que intensifica, REFORÇA o
dolo (Welzel).
Habib: o fato só será criminoso se o dolo for intensificado com essa tendência interna. Ex: injúria: o dolo é
“xingar”, mas se a tendência interna for brincar, não vai ser crime e se for ofender sim.
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Welzel já dizia: “Elementos especiais, pessoais, subjetivos que colorem o conteúdo ético-social da conduta”.
Essa tendência intensificada colore, dá novas cores ao enfoque subjetivo, ao conteúdo ético-social.

1.2.4 Quanto ao Momento de Consumação

I – Crimes instantâneos/de estado: a consumação ocorre em um determinado momento, sem


continuidade no tempo;

II – Crimes permanentes: a consumação se prolonga no tempo por vontade do agente (afeta na


prescrição e no flagrante), podendo ser:

a) necessariamente permanentes: são crimes cuja consumação depende da manutenção da situação


contrária ao Direito por um período juridicamente relevante, como no caso do sequestro;

b) eventualmente permanentes: são crimes instantâneos, mas nos quais, no caso concreto, a
situação de ilicitude pode ser prolongada, como no caso de furto de energia elétrica;

III – Crimes instantâneos de efeitos permanentes: os efeitos subsistem após a consumação,


independentemente da vontade do agente. Ex.: bigamia. No 2º casamento o delito já se consumou, mas os
efeitos permanecem;

IV – Crimes Instantâneos de Continuidade Habitual - Se consumam por meio de uma única conduta
que causa um resultado instantâneo, mas que exigem, em seguida, para a configuração do tipo, a reiteração
da conduta de forma habitual. - Ex: Art. 228 do CP: Favorecimento à Prostituição. Deve haver a constatação
da prostituição com habitualidade, que é elemento intrínseco da atividade. Exige prova concreta da reiterada
conduta da vítima, uma vez que prostituição implica em habitualidade.

V – Crimes Instantâneos de Habitualidade Preexistente – Se concretiza com uma única conduta,


com resultado instantâneo, embora exija, para tanto, o desenvolvimento habitual de outro comportamento
preexistente. - Ex: Art. 334, § 1º, "c" do CP - Venda de Mercadoria Estrangeira, introduzida clandestinamente
no país, no exercício de atividade comercial - se não existir anteriormente a prática habitual da atividade
empresarial, não se configura o delito.

IV – Crimes a prazo: a consumação exige a fluência de determinado período de tempo. Ex:


apropriação de coisa achada.

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1.2.5 Quanto ao Número de Agentes

I – Crimes unissubjetivos/unilaterais/de concurso eventual: podem ser praticados por um único


agente, mas nada impede que sejam em concurso de pessoas;

II – Crimes plurissubjetivos/plurilateriais/de concurso necessário: são os que somente podem ser


praticados por uma pluralidade de agentes, que podem ser coautores ou partícipes, imputáveis ou não,
conhecidos ou desconhecidos. São subdividos em:

a) Crimes de condutas paralelas: os agentes se auxiliam, mutuamente, para a produção do


resultado, buscam um fim único. Ex.: associação criminosa;
b) Convergentes: condutas diferentes que se completam, ainda que uma não seja culpável. Ex.:
bigamia;
c) Divergentes: dirigidas umas contra as outras. Ex.: rixa.

Obs.: Crimes PLURISSUBJETIVOS não se confundem com crimes de PARTICIPAÇÃO NECESSÁRIA. Estes podem
ser praticados por uma única pessoa, nada obstante o tipo penal reclame a participação necessária de outra
pessoa, que atua como sujeito passivo e, por esse motivo, não é punido (ex: rufianismo – CP, art. 230).

1.2.6 Quanto ao Número de Vítimas

I – Crimes de subjetividade passiva única: possuem uma única vítima;

II – Crimes de dupla subjetividade passiva: possuem duas ou mais vítimas.

1.2.7 Quanto ao Grau de Intensidade do Resultado

I – Crimes de dano/de lesão: a consumação somente ocorre com a efetiva lesão do bem jurídico;

II – Crimes de perigo: a consumação ocorre com a mera exposição do bem jurídico a uma situação
de perigo, podendo ser subdivididos em:

a) Crimes de perigo abstrato/presumido: a consumação ocorre automaticamente com a


prática da conduta, sendo desnecessária a comprovação da situação de perigo. A presunção do
perigo é absoluta;
b) Crimes de perigo concreto: a consumação depende da efetiva comprovação da situação de
perigo no caso concreto;

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c) Crimes de perigo individual: atingem uma pessoa ou um número de determinado de


pessoas;
d) Crimes de perigo comum/coletivo: atingem um número indeterminado de pessoas;
e) Crimes de perigo atual: o perigo está ocorrendo;
f) Crimes de perigo iminente: o perigo está prestes a ocorrer;
g) Crimes de perigo futuro: a situação de perigo derivada da conduta se projeta para o futuro.

Uma questão para sintetizar os conceitos estudados.

FUNCAB/2014/PJC-MT/Investigador - Escrivão de Polícia

Quanto ao crime de rixa previsto no artigo 137 do Código Penal (participar de rixa, salvo para
separar os contendores), é correto afirmar que:
A) é crime comum, de dano, comissivo por omissão, coletivo, não transeunte como regra,
unissubsistente, instantâneo.
B) é crime comum, de perigo, comissivo, coletivo, não transeunte como regra, plurissubsistente,
instantâneo.
C) é crime próprio, de dano, comissivo, plurissubjetivo, transeunte como regra,
plurissubsistente, permanente.
D) é crime próprio, de perigo, comissivo por omissão, monossubjetivo, não transeunte como
regra, unissubsistente, permanente.
E) é crime comum, de perigo, comissivo, monossubjetivo, transeunte como regra,
plurissubsistente, instantâneo.

Resposta: A rixa é um crime comum, previsto no CP, não se exigindo qualidade especial do
agente, ou seja, qualquer pessoa pode cometer tal crime. Tratando-se de crime de perigo, pois
a só exposição do bem jurídico tutelado (incolumidade física e mental dos envolvidos) a perigo
já consuma o delito. Comissivo, pois praticado por ação e não transeunte, pois deixam vestígios
materiais, via de regra. Plurissubsistente, contendo condutas que admitem fracionamento e
instantâneo, ocorrendo a consumação instantaneamente em determinado momento. Alguns
conceitos ainda não estudados serão expostos logo a frente, não se preocupem. Resposta
correta letra B.

Algumas discussões giram em torno da constitucionalidade dos crimes de perigo abstrato,


resumidamente temos:

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∘ Parte da doutrina,(a exemplo de LFG, Bittencourt, Damásio ), entendem que os crimes de


perigo abstrato violam o princípio da lesividade ou ofensividade.

∘ STF : O crime de perigo abstrato revela maior zelo do Estado em proteger adequadamente
certos interesses.

Crime de perigo abstrato de perigosidade real, exige-se a prova de condução anormal (rebaixando
o nível de segurança viário), mas dispensa a demonstração de perigo para vítima certa e determinada. Sem
essa perigosidade real para a coletividade, que é concreta, caracteriza mera infração administrativa.

Casos concretos na Jurisprudência:

a) Crime de embriaguez ao volante (art. 306, §1º)


STJ tem posição da 6ª turma no sentido (RESp 1582413/2016 –RJ) – de que o crime de embriaguez
ao volante é um crime de PERIGO ABSTRATO.

Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em


razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine
dependência:
Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se
obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

No mesmo sentido é o crime de entregar a direção de veículo automotor à pessoa não habilitada:

Súmula 575-STJ: Constitui crime a conduta de permitir, confiar ou entregar a


direção de veículo automotor a pessoa que não seja habilitada, ou que se encontre
em qualquer das situações previstas no art. 310 do CTB, independentemente da
ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto na condução do veículo.

b) Posse ou Porte de munição de arma de fogo

De acordo com o STJ (6ª Turma. HC 473.334/RJ – 2019), os delitos de posse e de porte de arma de
fogo são crimes de perigo abstrato, de forma que, em regra, é irrelevante a quantidade de munição
apreendida.

c) Art. 56, Lei de Crimes Ambientais

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De acordo com o STJ (Info. 613/2017), o crime previsto no art. 56, caput, da Lei nº 9.605/98 é de
perigo abstrato, sendo dispensável a produção de prova pericial para atestar a nocividade ou a periculosidade
dos produtos transportados, bastando que estes estejam elencados na Resolução nº 420/2004 da ANTT.
Portanto para o STJ, apesar do crime ser concreto, ele tem aptidão abstrata (ou Abstrato-Concreto), ou seja,
não precisa de perícia ou prova para comprovar a situação de perigo, a conduta per si teria aptidão para
gerar um perigo concreto.

Art. 56.Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer,


transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância
tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo
com as exigências estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos: Pena - reclusão,
de um a quatro anos, e multa.

1.2.8 Quanto ao Número de Atos Executórios

I – Crimes unissubsistentes: o crime depende de apenas um ato de execução, capaz, por si só, de
produzir a consumação. Não admitem tentativa;

II – Crimes plurissubsistentes: a conduta se exterioriza por meio de dois ou mais atos, que devem
ser somados para produzir a consumação. Admitem tentativa.

1.2.9 Quanto à Forma pela qual a Conduta é Praticada

I – Crimes comissivos: são praticados mediante conduta positiva;

II – Crimes omissivos: são praticados por meio de uma conduta negativa, uma inação, podendo ser:

a) Omissivos próprios/puros: a omissão está contida no tipo penal, de modo que a descrição da
conduta já prevê a realização do crime por meio de uma conduta negativa;

b) Omissivos impróprios/impuros/espúrios/comissivos por omissão: o tipo penal prevê em sua


descrição uma ação, uma conduta positiva, mas a omissão do agente acarreta a produção do resultado
naturalístico. São os casos de dever de agir previstas no art. 13, §2º, do CP.;

III – Crimes de conduta mista: o tipo penal é composto de duas fases distintas: uma inicial e positiva;
outra final e omissiva. Exemplo: crime de apropriação de coisa achada, no qual o agente encontra uma coisa
perdida e dela se apropria, deixando de restituí-la ou entregá-la à autoridade competente no prazo de 15
dias.
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1.2.10 Quanto ao Modo de Execução Admitido

I – Crimes de forma livre: admitem qualquer meio de execução;

II – Crimes de forma vinculada: somente podem ser executados pelos meios indicados no tipo penal.

1.2.11 Quanto aos Bens Jurídicos Atingidos

I – Crimes mono-ofensivos: ofendem um único bem jurídico (furto);

II – Crimes pluriofensivos: ofendem dois ou mais bens jurídicos (latrocínio).

1.2.12 Quanto À Existência Autônoma Do Crime:

I – Crimes principais: possuem existência autônoma e independente de um crime anterior;

II – Crimes acessórios/parasitários/de fusão: somente existem se houver a prática de um crime


anterior, como a receptação.

1.2.13 Quanto À Necessidade De Corpo De Delito Para A Prova Da Existência

I – Crimes transeuntes/de fato transitório: não deixam vestígios materiais;

II – Crimes não transeuntes: deixam vestígios materiais. Nesses crimes, a ausência do exame de
corpo de delito leva à nulidade da ação penal, salvo quando impossível a sua realização.

1.2.14 Quanto ao Local de Produção do Resultado

I – Crimes à distância: a conduta e o resultado ocorrem em países diversos;

II – Crimes plurilocais: a conduta e o resultado se desenvolvem em comarcas diversas, dentro do


mesmo país;

III- Crimes em trânsito: somente parte da conduta ocorre em um país, sem causar lesão ou expor a
situação de perigo bens jurídicos de pessoas que nele vivem, tendo país diverso como foco de produção do
resultado.

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1.2.15 Quanto ao Vínculo com outros Crimes

I – Crimes independentes: não estão ligados a outros delitos;

II – Crimes conexos: são crimes que estão interligados. Essa ligação pode ser penal ou processual
penal. A conexão penal pode ser:

a) Teleológica/ideológica: um crime é praticado para assegurar a execução de outro delito;


b) Consequencial/causal: um crime é cometido na sequência de outro, com o propósito de
ocultá-lo ou assegurar a vantagem ou a impunidade;
c) Ocasional: um crime é praticado como consequência da oportunidade proporcionada por
outro delito. Ex: estupro praticado após o roubo. Trata-se de criação doutrinária, sem amparo legal.

1.2.16 Quanto à Liberdade ou não para o Início da Persecução Penal

I – Crimes condicionados: a persecução penal depende de uma condição objetiva de procedibilidade.


Essa condição deve estar prevista expressamente na norma penal;

II – Crimes incondicionados: a persecução penal pode ocorrer livremente, sem necessidade de


autorização.

1.2.17 Quanto à Violação de Valores Universais

I – Crimes naturais: violam valores éticos absolutos e universais;

II – Crimes plásticos: não ofendem valores universais, apesar de previstos em leis penais;

III – Crimes vazios: são delitos plásticos que não protegem qualquer bem jurídico. Nem toda a
doutrina concorda com a existência dessa espécie.

1.2.18 Quanto ao Potencial Ofensivo

I – Crimes de mínimo potencial ofensivo: não comportam pena privativa de liberdade;

II – Crimes de menor potencial ofensivo: a pena privativa de liberdade em abstrato não ultrapassa
dois anos, cumulada ou não com multa – segue o rito do Jecrim (Lei 9.099/95)

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III – Crimes de médio potencial ofensivo: a pena mínima não ultrapassa um ano,
independentemente do máximo da pena privativa de liberdade cominada. São os que cabem a suspensão
condicional do processo;

IV – Crimes de elevado potencial ofensivo: apresentam pena mínima superior a um ano, não sendo
cabível a suspensão condicional do processo. Aplica-se na totalidade os institutos do Código Penal .

V – Crimes de máximo potencial ofensivo: recebem tratamento diferenciado pela Constituição


Federal. São os crimes hediondos, o tráfico de drogas, a tortura, o terrorismo, o racismo e a ação de grupos
armados contra a ordem constitucional.

1.2.19 Crime Falho e Quase-Crime

Crime falho: é sinônimo de tentativa perfeita, tentativa acabada. O sujeito praticou todos os atos
da execução, mas não conseguiu consumar o crime por circunstâncias alheias à sua vontade.

Quase-crime: não há crime, o que há é um crime impossível, por impropriedade absoluta do objeto
ou impropriedade absoluta do meio.

1.2.20 Crimes de Impressão

São aqueles que provocam determinado estado de ânimo, de impressão na vítima. Subdividem-se
em:

a) crimes de inteligência: praticados mediante o engano;


b) crimes de vontade: recaem na vontade da vítima quanto à sua autodeterminação;
c) crimes de sentimento: incidem nas faculdades emocionais da vítima.

1.2.21 Crimes de Colarinho Branco e Crimes de Colarinho Azul

I – Crimes de colarinho branco: são os crimes cometidos na órbita econômica, como a lavagem de dinheiro,
praticado por quem, normalmente, teria condições de viver adequadamente sem o cometimento de crimes,
que gozam da elevada condição financeira e do poder dela decorrente. Geram as chamadas “cifras douradas”
da criminalidade, vez que raramente são apurados e punidos.

II – Crime de rua ou crime de colarinho azul: de modo oposto aos crimes de colarinho branco, são aqueles
praticados por pessoas economicamente menos favorecidas, em situações de vulnerabilidade. O nome se dá
pelo fato de que essa é uma alusão aos operários norte-americanos no final do século XX, denominado e
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“blue collars”. Quando não integram o conhecimento do Poder Público, constituem as “cifras negras” da
criminalidade – ponto a ser melhor estudado em criminologia.

1.2.22 Outras Classificações

● Crime gratuito: é o crime praticado sem motivo conhecido. Não se confunde com motivo
fútil, pois neste há motivação, porém, desproporcional ao crime praticado.
● Crime de ímpeto: é o cometido sem premeditação, decorrente de reação emocional
repentina.
● Crime de circulação: é o praticado em veículo automotor, a título de dolo ou culpa
● Crime de atentado ou empreendimento: É aquele em que a lei pune de forma idêntica o
crime consumado e a forma tentada. Ou seja: não há diminuição da pena em face da tentativa. Ex:
crime de Evasão mediante violência contra a pessoa

Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida


de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa

● Crime de opinião ou de palavra: cometido com excesso abusivo na manifestação do


pensamento, seja pela forma escrita ou verbal.
● Crime multitudinário: é aquele praticado pela multidão, em tumulto. A lei não define o que
seria multidão, assim, analisa-se o caso concreto. No direito canônico, exigia-se, no mínimo, 40
pessoas.
● Crime internacional: aquele que o Brasil, por tratado ou convenção devidamente
incorporado ao ordenamento jurídico pátrio, se obrigou a reprimir. Ex: art. 231 do CP - tráfico de
pessoas.
● Crime de mera suspeita, sem ação ou mera posição: o agente não realiza a conduta, mas é
punido pela suspeita despertada em seu modo de agir. Sem reforço doutrinário. Não pode existir no
ordenamento pátrio. Ex: contravenção penal do art. 25 (posse de instrumento usual na prática de
furto) – e, por isso, o STF a declarou não recepcionada pela Constituição.
● Crime inominado: é aquele que ofende regra ética ou cultural consagrada pelo Direito Penal,
embora não definido como infração penal. Não é aceito por ferir o princípio da reserva legal.
● Crime profissional: é o crime habitual cometido com finalidade lucrativa. Ex: art. 230 do CP
(rufianismo).
● Crime hediondo: é todo delito que se enquadra no art. 1º da Lei 8.072/1990, na forma
consumada ou tentada. Adoção do critério legal.
● Crime de expressão: é o que se caracteriza pela existência de um processo intelectivo interno
do autor. Ex: CP, art. 342 – falso testemunho.

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● Crime de ação violenta: é o cometido mediante o emprego de violência ou grave ameaça.


Ex: roubo.
● Crime de ação astuciosa: é o praticado por meio de fraude, engodo. Ex: estelionato.
● Crime putativo, imaginário ou erroneamente suposto: aquele onde o agente acredita ter
realmente praticado um crime, mas na verdade, houve um indiferente penal. Trata-se de um não-
crime por erro de tipo, erro de proibição ou por obra de agente provocador.
● Crime remetido: é o que se verifica quando o tipo penal faz referência a outro crime, que
passa a integrá-lo. Ex: art. 304 do CP (uso de documento falso).
● Crimes de responsabilidade: dividem-se em próprios (crimes comuns ou especiais) e
impróprios (infrações administrativas), que redundam em sanções políticas.
● Crime de acumulação - Visam proteger interesses supraindividuais. Analisando-se
isoladamente cada conduta, a aplicação da repressão penal pode parecer desproporcional. No
entanto, sua prática reiterada é lesiva e pode causar sérios prejuízos. Ex.: crimes contra o meio
ambiente. Se alguém for encontrado pescando 1 peixe em local proibido, parece irrelevante para
que seja considerado crime. Todavia, se diversas pessoas começarem a pescar por lá, haverá um
desequilíbrio ambiental significativo da região. Com isso, o delito de acumulação traz ao intérprete
a necessidade de analisar o fato sob esse aspecto, impedindo a aplicação do princípio da
insignificância, via de regra.
● Crimes parcelares: são os crimes da mesma espécie que compõem a série da continuidade
delitiva, desde que preenchidos os requisitos exigidos pelo art. 71, caput, do Código Penal. Adota-se
no Brasil a teoria da ficção jurídica – na qual os delitos parcelares são considerados, para fins de
aplicação da pena, como um único crime.
● Crime de catálogo (LEMBRAR DE LISTA TELEFÔNICA) diz respeito aos delitos compatíveis
com a interceptação telefônica, disciplinada pela Lei 9.296/1996, como meio de investigação ou de
produção de provas durante a instrução em juízo.

Crime progressivo - o agente para cometer tal crime, obrigatoriamente, infringe outra lei penal, a
qual tipifica crime menos grave (conhecido como crime de passagem). O crime mais grave absorve o crime
menos grave, aplicando-se o princípio da consunção.

● Progressão criminosa - o agente muda seu dolo. inicialmente realiza um crime menos grave e
quando alcança a consumação deste, decide praticar outro crime mais grave. Ex. o dolo inicial era de causar
lesão corporal, mas o sujeito decide matar a vítima. Neste caso, irá responder por homicídio (princípio da
consunção).

CRIME PROGRESSIVO PROGRESSÃO CRIMINOSA

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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

É realizado mediante um único ato ou atos que É aquela realizada mediante dois atos, ou seja,
compõem único contexto. Há um tipo penal, quando o agente inicia um comportamento que
abstratamente considerado, que contém configura um crime menos grave, porém, ainda
implicitamente outro, o qual deve necessariamente dentro do mesmo iter criminis, resolve praticar uma
ser realizado para se alcançar o resultado. Ex.: no infração mais grave, que pressupõe a primeira. O
homicídio o agente necessariamente comete lesão DOLO DO AGENTE MUDA (ele queria o resultado
corporal. menos grave, mas, no meio do caminho, muda de
O DOLO DO AGENTE NÃO MUDA (desde o início ideia e passa a querer o resultado mais grave). O dolo
da execução ele quer o resultado mais grave) é chamado de DOLO CUMULATIVO.
Tabela retirada de Foca no resumo – Martina Correia.

Amigo(a) concurseiro(a) policial, repetimos os últimos dois conceitos pela importância em


provas, atenção redobrada!

2. SUJEITOS DO CRIME

a) Sujeito ativo: é a pessoa que pratica a infração penal. Qualquer pessoa física e capaz e com 18
anos completos pode ser sujeito ativo de crime.

* ATENÇÃO: Pessoa jurídica pode ser sujeito ativo de crimes?


A pessoa jurídica é um ente autônomo e distinto dos seus membros, dotado de vontade
própria. Pode cometer crimes ambientais e sofrer pena. A CF/88 autorizou a responsabilidade
penal do ente coletivo, objetiva ou não. Deve haver adaptação do juízo de culpabilidade para
adequá-lo às características da pessoa jurídica criminosa. O fato de a teoria tradicional do delito não se
amoldar à pessoa jurídica, não significa negar sua responsabilização penal, demandando novos critérios
normativos. É certo, porém, que sua responsabilização está associada à atuação de uma pessoa física,
que age com elemento subjetivo próprio (dolo ou culpa).

Conclusão: Tanto a pessoa física quanto a pessoa jurídica praticam crimes ambientais, podendo
ser responsabilizadas administrativa, civil e penalmente.

É possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos ambientais independentemente


da responsabilização concomitante da pessoa física que agia em seu nome.

A jurisprudência (STF e STJ) não mais adota a chamada teoria da "dupla imputação. Esta teoria,
resumidamente, traz a obrigatoriedade de responsabilizar-se penalmente a pessoa física (a qual age

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SEMANA 01/13

através da pessoa jurídica) e a pessoa jurídica em conjunto, não podendo esta ser responsabilizada de
forma exclusiva.

STF – a denúncia pode imputar o fato criminoso, somente, a pessoa jurídica,


principalmente nos casos em que não é possível identificar a pessoa física autora
do comportamento indesejado ao meio ambiente.

b) Sujeito passivo: É pessoa ou ente que sofre as consequências da infração penal. Pode figurar no
sujeito passivo qualquer pessoa física ou jurídica, ou mesmo ente indeterminado, a exemplo da coletividade
e da família.

3. OBJETO DO CRIME

Subdivide-se em objeto jurídico e objeto material:


a) objeto jurídico: é o bem ou o interesse tutelado pela norma. Exemplos: no crime de aborto é a
vida; no crime de roubo é o patrimônio; no crime de estupro é a liberdade/dignidade sexual.

b) objeto material: é a pessoa ou a coisa que foi atingida pela conduta criminosa. Exemplos:
homicídio – a pessoa; furto – coisa subtraída. É possível que haja crime sem objeto material (ex: falso
testemunho).

4. ELEMENTOS ESTRUTURAIS DO CRIME

Vimos o conceito analítico de crime, que pode variar de acordo com o sistema adotado. Aqui, no
entanto, vamos destrinchar esse conceito, abordando cada um dos elementos que podem compor o delito.
E lembre-se: atenção máxima, sem deixar dúvidas para trás, pois é o tema mais cobrado em provas!

4.1 Fato Típico

Conceito: “o fato humano (ou também o fato praticado por pessoa jurídica, em relação aos crimes
ambientais) que se enquadra com perfeição aos elementos descritos no tipo penal” (Masson, 2017, p. 243).

Vejamos jurisprudência correlata, destacando a ausência de previsão legal, ou seja, inexistência de


tipo penal descrevendo a conduta típica (Caso Wesley Safadão):

São atípicas, por falta de previsão legal:


• a conduta de submeter-se à vacinação contra Covid-19 em local diverso do agendado;

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• a conduta de ser vacinado com imunizante diverso daquele que estava reservado (ex: tomou Janssen e
era para ter sido a AstraZeneca); e
• a conduta de submeter-se à vacinação contra Covid-19 sem a realização de agendamento.
STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 160947-CE, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 27/09/2022

Elementos (via de regra, são 4): Conduta, Resultado, Nexo causal e Tipicidade.

Conduta e tipicidade: presentes em todos os crimes.

Resultado (naturalístico* - veremos melhor à frente) e nexo causal estão presentes apenas nos
crimes materiais.

Começaremos pela conduta.

4.1.1. Conduta

Como tudo no direito, há aqui uma diversificação de sistemas/teorias, sendo que, para
cada um deles, há um conceito diferente de conduta, bem como há diversificações acerca da
localização de determinados elementos na composição da estrutura do crime.
A culpabilidade, terceiro elemento do crime, também varia bastante de acordo com as teorias a
seguir, de modo intimamente ligado à definição de conduta, razão pela qual optamos por explicá-las
integralmente aqui. Perfilharemos os ensinamentos de Rogério Greco, Rogério Sanches, Cléber Masson e
André Estefam.

A) PRINCIPAIS TEORIAS

I – Teoria causalista/mecanicista/naturalista/clássica/causal: (Franz Von Liszt, Belling e Radbruch) Crime é


fato típico, ilícito e culpável, e a conduta seria elemento do fato típico.

TEORIA CAUSALISTA, CLÁSSICA, NATURALISTA

A conduta é uma ação humana voluntária que modifica o mundo exterior.


A conduta criminosa depende, unicamente, de o agente produzir fisicamente um resultado que
tenha previsão legal como infração penal, independentemente de ter agido com dolo ou culpa.
A doutrinha remete-se ao termo “fotografia do resultado”. Vejamos um exemplo: Sérgio conduz sua
motocicleta dentro dos limites de velocidade da via, com todos os equipamentos de segurança e cautela.
Subitamente, uma criança joga-se na direção da motocicleta e com o impacto, absolutamente inevitável, vai
a óbito. Constata-se pelo exposto que Sérgio não agiu com dolo ou culpa, mas com sua ação humana
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voluntária (dirigir sua motocicleta) produziu modificação no mundo exterior (morte da criança) numa relação
de causa e efeito (teoria mecanicista).
A doutrina indica que tal teoria só se preocupa com a “fotografia do resultado” (criança morta sob a
motocicleta), não analisa o conteúdo da vontade do agente no momento da ação , remetendo a análise do
dolo e culpa para a culpabilidade. A teoria causalista, clássica, causal-naturalistíca, está em desuso, por não
analisar o conteúdo da vontade do agente no momento da conduta. Tal teoria resume a conduta a um
processo físico, sem qualquer finalidade por parte do agente.

CAUSALISMO

CRIME É ato voluntário contrário ao direito, culpável e sancionado com uma pena.

Estrutura do crime Fato típico + Antijuridicidade +Culpabilidade

Fato típico A ação integra o fato típico e é definida como movimento corporal voluntário que
causa modificação no mundo exterior. É elemento objetivo, não admitindo qualquer
valoração

Antijuridicidade Elemento objetivo. É a conduta típica sobre a qual não incide nenhuma causa de
justificação (valoração objetiva de um fato natural).

Culpabilidade Elemento subjetivo. Constituída por e culpa (suas espécies), além da dolo
imputabilidade (culpabilidade psicológica —valoração psicológica do autor do fato).

críticas Desconsidera que toda ação humana é dirigida a uma finalidade; não explica de
maneira adequada os crimes omissivos, formais e de mera conduta; desconsidera os
elementos normativos e os elementos subjetivos do tipo)

Tabela retirada do livo Manual de Direito Penal, Parte Geral, Rogério Sanches, Pág. 200, 5ª edição – 2017.

TEORIA FINALISTA
A teoria finalista foi idealizada por Hans Welzel (amplamente majoritária no Brasil), definindo como
conduta a ação ou omissão voluntária e consciente dirigida a uma finalidade.
Na ótica finalista toda pessoa age com uma finalidade, sendo assim, Welzel retirou o dolo e a culpa
do elemento culpabilidade e os alocou no fato típico, onde poderiam ser verificados quando da prática da
conduta. Assim, quando alguém age já se analisa se há a presença de dolo ou culpa, caso não haja o fato é
atípico penalmente.

FINALISMO

CRIME É o comportamento humano voluntário dirigido a uma finalidade, antijurídico e


reprovável.

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Estrutura do crime Fato típico + Antijuridicidade +Culpabilidade

Fato típico A ação deixa de ser concebida com mero processo causal (mero movimento corporal,
cego) para ser enfocada como exercício de uma atividade finalista (exercício vidente).
0 dolo e a culpa migram da culpabilidade para o fato típico.

Antijuridicidade Contrariedade do fato a todo 0 ordenamento jurídico (desvalor da conduta — análise


subjetiva)

Culpabilidade Passa a ser normativa pura, acrescida da potencial consciência da ilicitude

críticas A finalidade não explica os crimes culposos (sendo frágil também nos crimes
omissivos); a teoria se centralizou no desvalor da conduta, ignorando o desvalor do
resultado

Tabela retirada do livro Manual de Direito Penal, Parte Geral, Rogério Sanches, Pág. 205, 5ª edição – 2017.

A finalidade é o ponto principal de distinção entre o finalismo e as demais teorias, a exemplo da


teoria causalista. A ação passa a ser uma vontade com conteúdo, pois toda conduta tem implícita um querer.
Ao analisar especificamente cada elemento (substrato) do crime, como a tipicidade, antijuridicidade
e culpabilidade, ter-se-á uma compreensão mais abrangente acerca do tema e da composição das tabelas.

TEORIA SOCIAL DA AÇÃO: A conduta seria comportamento humano voluntário dirigido a um fim
socialmente relevante.
Essa teoria explicava a ação, não com base na finalidade e nem em relações de causa e efeito
(explicações física-naturalística), mas com base na RELEVÂNCIA SOCIAL DA CONDUTA.
Crítica: não há definição clara do que seria “socialmente relevante”.

TEORIA SOCIAL DA AÇÃO

CRIME É o comportamento humano voluntário dirigido a uma finalidade socialmente


reprovável, antijurídico e reprováve

Estrutura do crime Fato típico + Antijuridicidade +Culpabilidade

Fato típico Adota-se a estrutura do finalismo, mas acrescenta-se a noção da relevância social da
ação

Antijuridicidade Contrariedade do fato a todo o ordenamento jurídico (desvalor da conduta — análise


subjetiva)

Culpabilidade Se identifica com a estrutura do finalismo, mas inclui nova análise do dolo e culpa

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críticas Vagueza do conceito "relevância social"

Tabela retirada do livro Manual de Direito Penal, Parte Geral, Rogério Sanches, Pág. 206, 5ª edição – 2017.

TEORIA FUNCIONALISTA (FUNCIONALISMO TELEOLÓGICO): (Roxin) A conduta seria comportamento


humano voluntário, orientada pelo princípio da intervenção mínima, causadora de relevante e intolerável
lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado.

FUNCIONALISMO SISTÊMICO OU RADICAL: A conduta seria comportamento humano voluntário


causador de resultado evitável, violando o sistema, frustrando as expectativas normativas.
● Dolo e culpa: Permanecem no fato típico.
● Serve de base para o DIREITO PENAL DO INIMIGO.

B) CARACTERÍSTICAS DA CONDUTA

Não há crime sem conduta (o ordenamento jurídico brasileiro não admite os crimes de mera
suspeita);
Consequência prática: Foi decidido pelo Plenário do STF (RE 583.523), que o art. 25 da Lei de
Contravenção Penal não foi recepcionado pela Constituição.

Art. 25. Ter alguém em seu poder, depois de condenado, por crime de furto ou
roubo, ou enquanto sujeito à liberdade vigiada ou quando conhecido como vadio
ou mendigo, gazuas, chaves falsas ou alteradas ou instrumentos empregados
usualmente na prática de crime de furto, desde que não prove destinação legítima

Apenas o ser humano pode praticar condutas penalmente relevantes (salvo pessoas jurídicas em
crimes ambientais);
Apenas a conduta voluntária interessa ao Direito Penal (vontade é elemento do dolo, que é elemento
da conduta no finalismo);
Apenas os atos exteriorizados no mundo ingressam no conceito de conduta (a mera cogitação não é
punível). Segundo Nelson Hungria, o direito penal só pode agir quando a intenção criminosa sai do claustro
psíquico do agente e se projetaa no mundo.

C) FORMAS DE CONDUTA: AÇÃO X OMISSÃO

I. Crime comissivo (ação): É movimento corporal exterior, postura positiva. O agente infringe um tipo
proibitivo, realizando a conduta vedada.

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II. Crime omissivo: Conduta de não fazer o que poderia ser feito, postura negativa. O agente deixa
de agir de acordo com o determinado por lei.

Obs.: temos ainda os Crimes de conduta mista, que vimos nas classificações, que é aquele que possui uma
parte inicial praticada por ação e uma parte final praticada por omissão (ex: apropriação de coisa achada, art.
169, § único, II, CP).

● TEORIAS SOBRE A OMISSÃO:


∘ Naturalística: A omissão é fenômeno causal, sendo verdadeira espécie de ação.
Quem se omite, FAZ efetivamente alguma coisa, por produzir resultado no mundo dos fatos.
∘ Normativa (Adotada no CP): A omissão é determinada pela lei. Só será relevante ao
direito penal a omissão quando a lei impunha uma ação diante da inércia do agente.

ESPÉCIES DE CRIMES OMISSIVOS:

OMISSIVOS IMPRÓPRIOS (ESPÚRIOS /


OMISSIVOS PRÓPRIOS (PUROS)
COMISSIVOS POR OMISSÃO)
Dever genérico de agir (recai sobre todos Dever específico de evitar o resultado (recai sobre
indistintamente) – crimes comuns. as pessoas do art. 13, §2º, CP – os “garantes”) –
crimes próprios.
Subsunção direta entre fato e norma. Omissão Subsunção indireta entre fato e norma.
descrita no próprio tipo penal. O tipo descreve uma ação, mas a inércia do agente,
descumprindo seu dever de agir (art. 13, §2º, CP),
leva à produção do resultado naturalístico.
NÃO admitem tentativa, são unissubsistentes. Admitem tentativa, são plurissubsistentes.
Via de regra, são de mera conduta, mas o STF tem
decisão dizendo que excepcionalmente podem ser Via de regra, são crimes materiais.
materiais.
Ex: salva-vidas que, podendo, deixa de impedir um
Ex: Omissão de socorro (art. 135, CP).
afogamento e a pessoa morre.

#OLHONANOMENCLATURA: Crimes de "olvido" (ou de esquecimento) é o nome dado aos crimes


omissivos impróprios culposos, ou seja, nos casos em que a omissão do garantidor ocorrer por culpa.
Aproveitando o exemplo do afogamento, o salva-vidas não impediu aqui por estar beijando a namorada,
por exemplo.

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Jurisprudência pertinente: O representante legal de sociedade empresária


contratante de empreitada não responde pelo delito de desabamento culposo (art.
256, parágrafo único, do CP) ocorrido na obra contratada, quando não
demonstrado o nexo causal, tampouco pode ser responsabilizado, na qualidade de
garante, se não havia o dever legal de agir, a assunção voluntária de custódia ou
mesmo a ingerência indevida sobre a consecução da obra. STJ. 6ª Turma. RHC
80.142-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 28/3/2017 (Info
601).

D) CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CONDUTA

● Caso fortuito (ação humana) e força maior (natureza) são acontecimentos imprevisíveis e
inevitáveis, que escapam ao controle da vontade. Sem vontade não há conduta. (A depender da
corrente adotada, esses conceitos podem ser encontrados invertidos – caso fortuito como ação da
natureza etc.)

● Movimentos reflexos: Reações corporais automáticas, as quais independem da vontade do


ser humano. São reações fisiológicas, que decorrem da provocação dos sentidos. Não se confundem
com:

∘ Ações em curto circuito, que derivam de uma explosão emocional repentina,


havendo a presença de vontade (há conduta e crime). Ex: durante uma partida de futebol,
tomada pela excitação do jogo e da torcida, uma multidão invade o campo para protestar
com violência contra a injusta marcação de pênalti.

∘ Atos habituais: realizados pela pessoa repetidamente, mesmo que contrários ao


ordenamento jurídico – há vontade. Lembrando que hábito e costume são diferentes, vez
que o hábito (dirigir falando ao celular) se faz por repetição por vontade do agente e o
costume, embora também haja repetição, é porque se acredita na obrigatoriedade.

FUNCAB - 2013 - PC-ES - Escrivão de Polícia


Manoel estava cortando uma laranja com um canivete em seu sítio, distraído, quando seu primo,
Paulo, por mera brincadeira, veio por trás e deu um grito. Em razão do susto, Manoel virou
subitamente, ferindo Paulo no pescoço, provocando uma lesão que o levou a óbito. Logo,
Manoel:
A) não praticou crime, pois agiu por ato reflexo.
B) praticou o crime de homicídio culposo.
C) praticou o crime de homicídio doloso por dolo direto.
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D) praticou crime de homicídio doloso por dolo eventual.


E) praticou crime de lesão corporal seguida de morte.
Resposta: Letra A. Trata-se de uma reação corporal automática, excluindo a conduta, tornando
o fato atípico penalmente. As demais respostas fazem referência à ocorrência de fato típico.

● Coação física irresistível (vis absoluta) – O agente é fisicamente controlado pelo coator, de
modo que não há vontade. Exclui o dolo e, por conseguinte, a tipicidade. Ex. Thiago aperta o dedo
do de Ana contra o gatilho para matar alguém. Mas atenção: aqui a coação deve ser física. Se for
moral irresistível (vis compulsiva) a situação é de inexigibilidade de conduta diversa. Há vontade,
vez que o agente decide se obedece ou não, mas é uma vontade viciada. Exclui a culpabilidade.

● Sonambulismo e hipnose: os atos são praticados em estado de inconsciência, de modo que


se não há consciência, não há dolo e, consequentemente, não há conduta.

HIPÓTESES DE EXCLUSÃO DA CONDUTA


CASO FORTUITO OU A força proveniente da natureza pode gerar fatos Imprevisíveis e Inevitáveis
FORÇA MAIOR
MOVIMENTOS REFLEXOS Reações fisiológicas a determinados impulsos, sem expressão de vontade.
Não confundir com ações em curto circuito ("movimento relâmpago,
provocado pela excitação de diversos órgãos, acompanhado de vontade”)
ESTADOS DE Sonambulismo, ataques epiléticos, hipnose etc
INCONSCIÊNCIA
COAÇÃO FÍSICA O coagido, desprovido do domínio de seus movimentos, serve como
IRRESISTÍVEL instrumento do crime
Tabela retirada do livro Direito Penal em Tabelas – Parte Geral – Martina Correia – 2017, grifo nosso.

Referências Bibliográficas:

– Direito Penal – Parte Geral – Volume 1 – 13ª edição – Cleber Masson;


– Sinopse nº1 – Direito Penal – Parte geral – 7ª edição – Alexandre Salim e Marcelo André de Azevedo;
– Manual de Direito Penal – Parte geral – 7ª edição – Rogério Sanches Cunha.
– Foca no Resumo – Martina Correia – www.focanoresumo.com

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QUESTÕES PROPOSTAS

1 - 2021 - NC-UFPR - PC-PR - NC-UFPR - 2021 - PC-PR - Investigador de Polícia / Papiloscopista


Considere o seguinte caso hipotético:

A.J. e B.J são irmãos gêmeos com 17 anos de idade. Em certa ocasião, após uma discussão, B.J. atacou A.J.
com uma faca, com o nítido propósito de matar. Porém, antes de ser atingido pelo golpe de B.J., A.J.
conseguiu se desviar e empurrou B.J., que foi ao chão. Na queda, B.J. caiu com o abdômen sobre a faca,
sofrendo uma grave perfuração. Depois disso, A.J. ainda prestou socorro a B.J., o que acabou salvando a vida
de B.J.

A partir das noções sobre a teoria do delito aplicadas a esse caso, assinale a alternativa correta.

A-A.J. não cometeu crime porque praticou uma conduta atípica.


B-Apesar de praticar uma conduta ilícita, A.J. não cometeu crime porque agiu sem culpabilidade por ser
menor de 18 anos.
C-Apesar de praticar uma conduta ilícita, A.J. não cometeu crime porque agiu sem culpabilidade por estar
sob coação irresistível.
D-Apesar de praticar uma conduta típica, A.J. não cometeu crime porque a conduta é justificada pela legítima
defesa.
E-A.J. não cometeu crime porque a conduta é justificada pelo estado de necessidade exculpante.

2 - 2015 - VUNESP - PC-CE - VUNESP - 2015 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil de 1a Classe
Nos termos do Código Penal considera-se causa do crime

A-a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.


B-a ação ou omissão praticada pelo autor, independentemente da sua relação com o resultado.
C-exclusivamente a ação ou omissão que mais se relaciona com a intenção do autor.
D-a ação ou omissão praticada pelo autor, independentemente de qualquer causa superveniente.
E-exclusivamente a ação ou omissão que mais contribui para o resultado.

3 - 2013 - FUNCAB - PC-ES - FUNCAB - 2013 - PC-ES - Escrivão de Polícia


Infração penal significa:

A-Quando um caso não previsto em lei é regulado por um preceito legal, que rege um semelhante.
B-Ofensa real ou potencial a um bem jurídico, levando-se em consideração os elementos subjetivos do tipo,
a ilicitude e a culpabilidade.

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C-Todos os valores ético-sociais que estejam a exigir uma proteção especial, no âmbito do direito penal, por
se revelarem insuficientes à proteção dos outros ramos do direito.
D-Quando o princípio para o caso omitido se deduz do espírito e do sistema do ordenamento jurídico,
considerado em seu conjunto.
E-Que o delito é sinônimo de contravenção penal no Brasil.

4 - 2013 - UEG - PC-GO - UEG - 2013 - PC-GO - Agente de Polícia


Sobre o sujeito da infração penal, tem-se que

A-nos denominados crimes vagos, não se faz possível determinar o sujeito passivo.
B-a pessoa jurídica pode figurar como sujeito ativo nos crimes contra o sistema financeiro, tendo em vista a
regulamentação legal.
C-os crimes de concurso necessário são aqueles que necessitam da participação de mais de um autor, todos
imputáveis.
D-sujeito passivo do crime e prejudicado pelo crime sempre se reúnem na mesma pessoa.

5 - 2013 - VUNESP - PC-SP - VUNESP - 2013 - PC-SP - Investigador de Polícia


No que diz respeito ao conceito do crime, é correto afirmar que

A-é considerada como causa do crime a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido, sendo
que a superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação do crime quando, por si só,
produziu o resultado.
B-ao agente que tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância, não será imputado o crime se
apenas omitiu-se, ainda que pudesse agir para evitar o resultado.
C-se considera o crime tentado quando iniciada a preparação; este não se consuma por circunstâncias alheias
à vontade do agente.
D-para a caracterização da omissão penalmente relevante é suficiente que o agente tivesse o poder de agir
para evitar o resultado do crime.
E-se pune a tentativa se, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é
impossível consumar-se o crime.

6 - 2012 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL


A respeito de princípios gerais do direito penal, julgue o item a seguir.
Em caso de urgência, a definição do que é crime pode ser realizada por meio de medida provisória.

Certo
Errado

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7 - 2010 - COPS-UEL - PC-PR Provas: COPS-UEL - 2010 - PC-PR - Escrivão de Polícia - Tarde
No que respeita às infrações penais, assinale a alternativa correta.

A-A doutrina brasileira majoritária adota o conceito analítico de crime, definindo-o como toda conduta típica,
antijurídica, culpável e punível.
B-O Direito Penal brasileiro agasalha a visão bipartida das infrações penais, dividindo-as em crime (ou delito)
e contravenção penal.
C-As condutas definidas como crime serão processadas por ação penal pública ou privada, enquanto que as
contravenções penais admitem apenas a ação penal privada.
D-Será admissível a tentativa, tanto nas condutas definidas como contravenções penais quanto naquelas
definidas como crime.
E-A doutrina brasileira majoritária adota o conceito formal de crime, definindo-o como toda conduta que
ofenda bens jurídico-penais.

8 - 2010 - PC-SP - PC-SP - PC-SP - 2010 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil


Assinale o conceito de crime lecionado pelos penalistas que adotam a corrente doutrinária finalística, que
tem em Welzel seu maior expoente.

A-Ação típica, antijurídica e culpável.


B-Ação típica, antijurídica e voluntária.
C-Ação típica e juridicamente relevante.
D-Ação típica, antijurídica e dolosa.
E-Ação típica e culpável.

9- 2009 - MOVENS - PC-PA - MOVENS - 2009 - PC-PA - Investigador


No que diz respeito ao ordenamento jurídico brasileiro, em relação à infração penal, assinale a opção correta.

A-Adotou-se no direito penal brasileiro o critério bipartido, segundo o qual as condutas puníveis dividem-se
em crimes ou contravenções, como sinônimos, e delitos.
B-O critério adotado para a distinção entre crime e contravenção é dado pela natureza da pena privativa de
liberdade cominada.
C-O Código Penal brasileiro adotou o critério tripartite, existindo diferença entre crime, delito e
contravenção.
D-No âmbito do direito penal, crimes, delitos e contravenções são expressões equivalentes ou sinônimas.

10 - 2009 - CESPE / CEBRASPE - PC-RN Provas: CESPE - 2009 - PC-RN - Escrivão de Polícia Civil
Em relação à infração penal, assinale a opção correta.

318
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

A-Considera-se crime a infração penal a que a lei comina pena de reclusão, de detenção ou prisão simples,
quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa.
B-Considera-se contravenção penal a infração penal a que a lei comina pena máxima não superior a dois anos
de reclusão.
C-No ordenamento jurídico brasileiro, a diferença entre crime e delito está na gravidade do fato e na pena
cominada à infração penal.
D-A infração penal é gênero que abrange como espécies as contravenções penais e os crimes, sendo estes
últimos também identificados como delitos.
E-Os crimes apenados com reclusão se submetem aos regimes fechado e semi-aberto, enquanto os apenados
com detenção se submetem aos regimes aberto e prisão simples.

11 - 2009 - CESPE / CEBRASPE - PC-PB Provas: CESPE / CEBRASPE - 2009 - PC-PB - Agente de Investigação
e Escrivão de Polícia
A respeito da infração penal no ordenamento jurídico brasileiro, assinale a opção correta.

A-Crimes, delitos e contravenções são termos sinônimos.


B-Adotou-se o critério tripartido, existindo diferença entre crime, delito e contravenção.
C-Adotou-se o critério bipartido, segundo o qual as condutas puníveis dividem-se em crimes ou
contravenções (como sinônimos) e delitos.
D-O critério distintivo entre crime e contravenção é dado pela natureza da pena privativa de liberdade
cominada.
E-A expressão infração penal abrange apenas crimes e delitos.

12 - 2009 - CESPE / CEBRASPE - DPF Provas: CESPE - 2009 - Polícia Federal - Agente Federal da Polícia
Federal
Quanto a tipicidade, ilicitude, culpabilidade e punibilidade, julgue os itens a seguir.
Os crimes comissivos por omissão - também chamados de crimes omissivos impróprios - são aqueles para os
quais o tipo penal descreve uma ação, mas o resultado é obtido por inação.

Certo
Errado

13 - 2009 - FUNIVERSA - PC-DF - FUNIVERSA - 2009 - PC-DF - Agente de Polícia


Assinale a alternativa correta.

A-Não há crime pela ausência de dolo pelo fato de este ser um elemento da antijuridicidade.
B-Em virtude da teoria da presunção do dolo, adotada pelo ordenamento penal, o erro sobre elemento
constitutivo do tipo somente excluirá a culpa.
319
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

C-Considere a seguinte situação hipotética: João foi contratado para tirar a vida de Fernando. Quando vai
executar o homicídio, não encontra Fernando e, como o irmão deste estava no local e era seu desafeto, tira-
lhe a vida. Nessa situação, João praticou um homicídio com erro sobre a pessoa, não se devendo considerar
as condições ou qualidades da vítima, mas as de Fernando.
D-Tratando-se de crime complexo, a ausência de objetos de valores com a vítima de roubo descaracteriza a
figura típica do crime de roubo, face o erro sobre o elemento constitutivo do tipo.
E-É isento de pena quem imagina verdadeiramente estar agindo em legítima defesa, já que toda situação
fática assim indica, apesar de tal não ocorrer, estar-se-á diante de uma discriminante putativa.

14 - 2004 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal


Acerca do direito penal brasileiro, julgue o seguinte item.
De acordo com a teoria bipartida, o crime é o fato típico e antijurídico, sendo a culpabilidade pressuposto de
aplicação da pena.

Certo
Errado

15 - 2003 - CESPE / CEBRASPE - PC-RR - CESPE / CEBRASPE - 2003 - PC-RR - Agente de Polícia Civil
Considerando as disposições legais pertinentes à ilicitude, à culpabilidade e à punibilidade, julgue o seguinte
item.

Entende-se por punibilidade a possibilidade jurídica de o Estado impor sanção penal a autor, co-autor ou
partícipe de infração penal.

Certo
Errado

Respostas11

11
1: D 2: A 3: B 4: A 5: A 6: E 7: B 8: A 9: B 10: D 11: D 12: C 13: E 14: C 15: C
320
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

META 5

DIREITO PENAL: TEORIA DO CRIME – PARTE II (CONTINUAÇÃO DE “FATO TÍPICO” – TEORIA DO TIPO – ITER
CRIMINIS – CONSUMAÇÃO E TENTATIVA – DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA, ARREPENDIMENTO EFICAZ E
ARREPENDIMENTO POSTERIOR – CRIME IMPOSSÍVEL)

ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA

⦁ Art. 13, caput e §1º, CP


⦁ Art. 15 a 19, CP
⦁ Art. 20, §1º, CP
⦁ Art. 4º, Lei de Contravenções Penais
⦁ Art. 33, Código Penal Militar

ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO PODEM DEIXAR DE LER

⦁ Art. 13, caput e §1º, CP (muito, muito, muito importante! Não vá para a prova sem ter este artigo
decorado na ponta da língua!)
⦁ Art. 15 a 17, CP

1. CONTINUAÇÃO DOS ELEMENTOS DO FATO TÍPICO

Vimos anteriormente que o fato típico é composto por 4 elementos: conduta, resultado, nexo causal
e tipicidade, sendo que “conduta” já estudamos. Vamos ao restante:

Obs: amigo concurseiro fique atento, algumas bancas adoram tratar o fato típico como
sinônimo de crime ou delito, mas em relação ao crime o fato típico é o primeiro elemento (crime
= fato típico + antijuridicidade ou ilicitude+culpabilidade) e não sinônimo dele.

I – CONDUTA
Visto na parte anterior.

II – RESULTADO:
É consequência da conduta do agente.
“Resultado” é a terminologia mais utilizada no Brasil, mas alguns doutrinadores usam o termo
“evento”.
● Naturalístico/Material: Alteração física no mundo exterior. Se o delito é de homicídio, a
morte da vítima é o resultado material.
o Presente apenas nos crimes materiais consumados.
321
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13
o Nos crimes formais, a ocorrência do resultado naturalístico é possível, mas é
dispensável para a sua consumação.
o Já os de mera conduta, jamais terão resultado naturalístico.

- Crime Material: O tipo penal descreve conduta e resultado naturalístico. E esse resultado
naturalístico é indispensável para a consumação. Ex. Homicídio;

- Crime Formal ou Crime de consumação antecipada: a norma penal também descreve um


comportamento seguido de um resultado naturalístico, mas dispensa a modificação no mundo
exterior (a ocorrência do resultado), contentando-se, para a consumação, com a prática da conduta (por
isso é chamado de consumação antecipada). Sendo assim, o resultado naturalístico é dispensável para
consumação; é mero exaurimento do crime. Ex. Extorsão. E o exaurimento do crime é importante (i) na
aplicação da pena e, (ii) serve como limite temporal para o ingresso de coautor ou partícipe (parte da
doutrina – Cirino, Nilo Batista)
STJ. Súmula nº 96. O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem
indevida.

- Crime de mera conduta: O tipo penal descreve uma mera conduta, sem resultado naturalístico descrito
no tipo e a realização da conduta vai gerar a consumação.. Ex. violação de domicílio.

CRIME DESCRIÇÃO DO TIPO PENAL IMPORTÂNCIA DO EXEMPLO


RESULTADO À CONSUMAÇÃO

Crime O tipo penal descreve a conduta O resultado é indispensável à Homicídio


material mais o resultado naturalístico. consumação.

Crime Formal O tipo penal também descreve O resultado naturalístico é Extorsão mediante
ou de conduta mais resultado dispensável, pois a sequestro (o crime se
consumação naturalístico. consumação ocorre com a consuma com a privação
antecipada conduta. Obs: se, apesar de da liberdade, não com a
dispensável, ocorrer o obtenção da vantagem
resultado naturalístico, há indevida)
exaurimento do crime (que é
considerado na fixação da
pena).

Crime de O tipo penal descreve apenas a Não há resultado naturalístico. Omissão de socorro
mera conduta conduta.
ou atividade

322
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

Tabela retirada do livro Manual de Direito Penal - Parte Geral - 2017 - Rogério Sanches

● Jurídico/Normativo: Lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. É a transgressão da


lei penal. Presente em todos os crimes.

“Mas calma aí, então há crime sem resultado?” Sem resultado naturalístico sim. Mas todo e qualquer
crime terá resultado jurídico.
Vamos relembrar a classificação doutrinária do Crime quanto ao resultado Normativo ou Jurídico:

o Crime de Dano (ou lesão): A consumação exige efetiva lesão ao bem jurídico. Ex: Homicídio.

Cuidado! → O crime de dano não é necessariamente material.

o Crime de Perigo: A consumação se dá com a exposição do bem jurídico a uma situação de


perigo.

a) Crime de Perigo Abstrato


⦁ Perigo advindo da conduta é absolutamente presumido por lei.
⦁ Basta o MP comprovar a conduta
⦁ Ex.: todos os crimes previstos no Estatuto do Desarmamento são crimes de Perigo
Abstrato

b) Crime de Perigo Concreto


⦁ O perigo advindo da conduta deve ser comprovado
⦁ Deve ser demonstrado o risco para pessoa certa e determinada
⦁ Ex.: Na Lei de Drogas, o único crime de perigo concreto é o crime do art. 39, que
inclusive prevê, no tipo penal, a necessidade de exposição do bem jurídico a potencial dano.

Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de drogas, expondo a


dano potencial a incolumidade de outrem:

c) Crime de Perigo Abstrato de Perigosidade Real


⦁ O perigo advindo da conduta deve ser comprovado (se aproxima do crime de perigo
concreto)
⦁ Dispensa o risco para a pessoa certa e determinada (se aproxima do crime de perigo
abstrato)

III – NEXO CAUSAL


323
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

Nexo de causalidade é a relação de causa e efeito entre a conduta e o resultado material do delito.
Em outras palavras: É o vínculo entre conduta e resultado.
O estudo da causalidade busca concluir se o resultado naturalístico, como um fato, decorreu da ação
e se pode ser atribuído objetivamente ao sujeito passivo, motivo pelo qual só tem relevância nos crimes
materiais.
O CP utilizou a expressão “relação de causalidade” (art. 13).

Art. 13. O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a


quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado
não teria ocorrido.
§ 1.º A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação
quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-
se a quem os praticou.

TEORIAS QUE BUSCAM EXPLICAR A RELAÇÃO DE CAUSA E EFEITO ENTRE A CONDUTA E O


RESULTADO:

1) TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES CAUSAIS / DA CAUSALIDADE SIMPLES / DA


CONDITIO SINE QUA NON:

*Esta foi a teoria adotada pelo art. 13, caput do CP.


Segundo essa teoria, causa é toda e qualquer ação ou omissão sem a qual o resultado não teria
ocorrido (há aqui uma generalização, em que todas as causas teriam igual valor);
Para identificar se algo foi causa, utiliza-se o Método de eliminação hipotética de Thyrém. Deve o
aplicador do direito eliminar hipoteticamente a conduta e analisar se o resultado desaparece ou subsiste.
Caso o resultado desapareça com a eliminação da conduta, esta será considerada como causa.
Assim, para considerarmos que determinado fato realmente deu causa ao resultado, é preciso que
façamos um exercício mental de eliminação hipotética dos antecedentes causais:
1 - Devemos determinar o fato que influenciou o resultado
2 - Devemos SUPRIMIR mentalmente esse fato da cadeia causal
3 - Se, como consequência dessa supressão mental, o resultado vier a se modificar, significa que
o fato suprimido deve ser considerado como causa desse resultado.

Ex: João, intencionalmente, ateia fogo na casa de Maria com ela dentro, de modo que esta vem a
óbito. Se eliminarmos a conduta de João a morte de Maria teria ocorrido? Então a conduta dele foi causa.

324
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

Ex.: A tem ideia para cometer um crime. Fala com B e B o instiga. C empresta a arma sabendo que
era para matar B (auxílio material). A acaba matando B com as próprias mãos (sem o uso da arma de fogo
emprestada).
⦁ A → quer matar
⦁ B → instiga para ele matar mesmo
⦁ C → empresta a arma de fogo

Na investigação da relação de causalidade, temos que eliminar hipoteticamente cada uma das
condutas para saber qual delas deu causa ao resultado.

⦁ Se eliminar a conduta de A → D não morre


⦁ Se eliminar a conduta de B → D também não morre pois, pelo contexto, a instigação foi
essencial
⦁ Se eliminar a conduta de C → D morre de qualquer forma. Sem o auxílio de C, a conduta
mesmo assim teria ocorrido, de modo que a conduta de C não foi causa do resultado típico. Mesmo
que C tenha feito conduta de emprestar a arma, essa conduta não deu causa ao resultado.

Crítica: A teoria dos antecedentes causais gera um grande inconveniente apontado pela Doutrina:
Permite o regresso “ad infinitum”.
Se formos regressando cada vez mais no tempo e eliminando condutas que geraram outras, por
exemplo, chegaríamos ao ponto de que se a mãe de João não tivesse dado à luz a ele, ele não teria existido
e nem causado a morte de Maria. Assim, essa conduta teria sido causa, o que é bizarro. Então esse regresso
deve ser feito somente até onde há relevância, analisando não só a causalidade física, como a causalidade
psíquica/subjetiva, verificando dolo/culpa.

2) TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA:

; A Teoria da causalidade Adequada veio para limitar o nexo causal nos desdobramentos causais
extraordinários produzidos pelas concausas relativamente independentes. Ou seja: veio limitar esse
regresso ao infinito promovido pela Teoria da Equivalência dos Antecedentes Causais.
* Adotada como exceção, no §1º do art. 13 do CP, para concausa relativamente independente que por si
só produziu o resultado.
Por essa teoria, são consideradas apenas as circunstâncias indispensáveis/idôneas/eficazes à
produção do resultado, capazes de causá-lo quando e como ele ocorreu;
Aqui, utiliza-se para a análise um juízo de probabilidade/estatístico, avaliando aquilo que
normalmente acontece como desdobramento natural de uma conduta, e excluindo os fatos inidôneos e
improváveis.

325
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

Ex.: A atira em B e B morre por causa de uma infecção hospitalar no ferimento:


⦁ Pela Teoria dos Antecedentes Causais → se retirarmos o disparo ela não morre, logo
disparo é causa do resultado.
⦁ Pela Teoria da Causalidade adequada → tem que analisar a conduta e perceber quais
são seus desdobramentos estatísticos prováveis, e verificar se eles estão compatíveis com
o resultado. Quem atira em alguém, acaba produzindo estatisticamente uma morte por
infecção hospitalar no ferimento.
⦁ Entretanto, se ele morre porque está em uma ambulância que bate em um carro, o
disparo de arma de fogo não causa o risco estatístico de morte por acidente de ambulância.
Por isso, a causa disparo de arma de fogo não é adequada ao resultado morte por acidente
de trânsito.

3) TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA:

Ao contrário do que o nome sugere, esta teoria não defende a aplicação de responsabilidade
objetiva. Trata, na verdade, de delimitar, objetivamente, como será feita a imputação (atribuição) do
resultado ao agente. Aplicando-se apenas aos crimes materiais, pois depende da existência do resultado.
A Teoria da Imputação Objetiva, também, busca impedir o regresso ao infinito decorrente da teoria
da equivalência dos antecedentes causais, aprimorando a teoria da causalidade adequada.
A sua proposta é a de criação de um limite objetivo a imputação do resultado, já que a culpabilidade,
indicada pela teoria da dos antecedentes causais tem característica subjetiva. Em última análise, esta teoria
seria, em verdade, um “desimputação objetiva.
Baseada na noção de risco, a teoria da imputação objetiva ensina que:

● Não é causa do resultado a conduta que diminui o risco proibido pela norma;

Exemplo: Paulo percebe que Bruno seria atingido por um automóvel desgovernado, ocasião em que empurra
Bruno para que ele não seja atropelado. Com o empurrão, Bruno sofre lesões corporais. Aplicando-se a teoria
da equivalência dos antecedentes causais, Paulo deu causa à lesão corporal de Bruno; pela teoria da
imputação objetiva, o resultado não será imputado porque Paulo pretendia diminuir o risco de morte de
Bruno.

● Não é causa do resultado a conduta que incrementa um risco permitido

Exemplo: "X" é o único herdeiro de seu tio, motivo pelo qual passa a desejar sua morte para ganhar toda a
fortuna. Movido por esta intenção, compra para o tio passagem para que ele passe férias na China e reza
para que o avião caia durante o trajeto. Pela teoria da conditio sine qua non, "X" deu causa ao resultado

326
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

(aplique-se o critério da eliminação hipotética); pela teoria da imputação objetiva, "X" apenas incrementou
um risco permitido (viajar de avião), não lhe sendo imputado o resultado morte do seu tio.

● Não é causa do resultado a conduta que não incrementa um risco já existente;

Exemplo: “A” produz casacos de pele confeccionados com couro de jacaré e é o responsável pela desinfecção
destes produtos, a fim de evitar a transmissão de doenças ao consumidor final. Ocorre que "A”, para acelerar
a produção, deixou de proceder à desinfecção de dez casacos, que, utilizados por diferentes pessoas,
causaram a morte de todas elas. Periciados os casacos, ficou comprovado que ainda que ''A” tivesse tomado
todos os cuidados de praxe, a infecção ocorreria, advindo o mesmo resultado. Para a teoria da imputação
objetiva, o resultado não pode ser imputado a ''A” porque não representou um incremento de risco já
existente.

Entendimento do STJ
De acordo com a Teoria Geral da Imputação Objetiva, o resultado não pode ser
imputado ao agente quando decorrer da prática de um risco permitido ou de uma
ação que vise diminuir um risco não permitido; o risco permitido não realize o
resultado concreto; e o resultado se encontre fora da esfera de proteção da
norma. O risco permitido deve ser verificado dentro das regras do ordenamento
social, para o qual existe uma carga de tolerância genérica. É o risco inerente ao
convívio social e, portanto, tolerável (STJ, REsp. 822517/DF, Rel. Min. Gilson Dipp,
5ª T., DJ 29/6/2007, p. 697).

NEXO CAUSAL / RELAÇÃO DE CAUSALIDADE


● Causa é todo e qualquer
Teoria da equivalência dos antecedentes ou
acontecimento provocado pelo agente, sem o
conditio sine qua non.
qual o resultado não teria ocorrido como e
(nexo físico + elementos subjetivos)
quando ocorreu.
Art. 13 , caput, CP.
● Método de eliminação hipotética
● Causa é todo e qualquer
comportamento humano
adequado/idôneo/eficaz/capaz de produzir o
Teoria da causalidade adequada
resultado como ele ocorreu.
§1º do artigo 13 do CP
● Mais restrita que a primeira.
● Juízo de probabilidade/estatístico –
aquilo que normalmente acontece.

327
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

● Adiciona ao nexo de causalidade a


criação de um risco proibido ou o aumento de
Imputação objetiva um já existente, a realização desse risco no
(Claus Roxin) resultado, exigindo que o resultado esteja na
Não tem previsão legal linha de desdobramento causal NORMAL da
STJ aplica conduta, ao que se dá o nome de nexo
(Nexo físico + normativo.
nexo normativo + e só depois elementos ● Só se aplica aos crimes materiais, pois
subjetivos) precisa haver resultado.
● Lembrar que Jakobs aponta outros
critérios.

Teorias adotadas pelo Código Penal:


Acolheu-se, como regra, a teoria da equivalência dos antecedentes.
É o que se extrai do art. 13, caput, in fine: “Considera-se causa a ação ou omissão sem a
qual o resultado não teria ocorrido”. Causa, pois, é todo o comportamento humano, comissivo ou
omissivo, que de qualquer modo concorreu para a produção do resultado naturalístico. Pouco importa o grau
de contribuição. Basta que tenha contribuído para o resultado material, na forma e quando ocorreu. Não há
diferença entre causa, condição (fator que autoriza à causa a produção de seu efeito) ou ocasião
(circunstância acidental que estimula favoravelmente a produção da causa).
Excepcionalmente, o CP adota, no § 1º do art. 13, a teoria da causalidade adequada
Já a teoria da imputação objetiva é amplamente trabalhada pela doutrina penal e aceita pela
jurisprudência dos Tribunais Superiores, sendo aplicada de acordo com o caso concreto posto a
julgamento.

2. CONCAUSAS

O resultado, não raras vezes, é feito de pluralidade de comportamentos, associação de fatores, entre
os quais a conduta do agente aparece como seu principal (mas não único) elemento desencadeante.
A palavra concausa diz respeito à concorrência de causas, ou seja, há mais de uma causa
contribuindo para o resultado final.
As concausas podem ser:

o Dependentes: não são capazes de produzir, por si só, o resultado. Precisam da conduta do
agente e, por isso, não excluem a relação de causalidade;

o Independentes: capazes de produzir, por si só, o resultado, ou seja, não dependem da


conduta do agente. Podem ser absolutas ou relativas, como veremos à frente.
328
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

▪ CONCAUSA ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE

Ocorre quando há uma concausa capaz de produzir por si só o resultado e que NÃO se origina
da conduta do agente. É totalmente desvinculada, motivo pelo qual ocorre a EXCLUSÃO DA
IMPUTAÇÃO DAQUELE RESULTADO (deixa de ser causa).

Pode ser:

Obs:amigo concurseiro, o ponto chave para evitar confundir-se entre as causas


absolutamente independentes (preexistente, concomitante e superveniente) é localizar o
momento da realização da concausa independente que é capaz de produzir por si só o
resultado, se antes, depois ou ao mesmo tempo (simultaneamente) das demais concausas,
observe:

(a) Absolutamente independente preexistente: Anterior à conduta concorrente do agente.

A alveja B com disparo de arma de fogo, mas B morre em razão do veneno ministrado a ele
anteriormente por C e não em razão do tiro. Sabendo-se que B ainda estava vivo quando o disparo o
atingiu.

⦁ O veneno é causa pré-existente – por ser anterior ao disparo de arma de fogo

⦁ Absolutamente independente – pois a vítima não bebeu o veneno em razão do


disparo de arma de fogo. Não há qualquer relação entre o disparo e o veneno: se retirar o
disparo, ainda assim, a vítima irá ingerir o veneno.

329
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13
⦁ Que exclui a imputação do resultado morte – Pois não foi o disparo de arma de fogo
que causou a morte. Retirando o disparo de arma de fogo do processo causal, a morte
ocorreria como ela ocorreu? SIM! A vítima morreria do mesmo jeito: envenenada.

Aqui, A responderia por tentativa de homicídio e C por homicídio consumado

(b) Absolutamente independente concomitante: é aquela que ocorre ao mesmo tempo que a
conduta do agente – Seguindo o exemplo anterior, A alveja B com disparo de arma de fogo, mas B
morre em razão de traumatismo craniano por um tijolo de um prédio que ao mesmo tempo da
conduta de A caiu e atingiu a sua cabeça
⦁ Causas absolutamente independentes → pois um disparo não tem nada a ver com
o traumatismo craniano.
⦁ Como o resultado foi causado pelo traumatismo, exclui-se o resultado morte de A,
que responde por homicídio tentado.

(c) Absolutamente independente superveniente: A causa efetiva é posterior à conduta do


agente. Ex: A coloca veneno na comida de B. Antes que o veneno cause a morte de B, C entra na casa
dele e o mata com um tiro.
⦁ O tiro é uma causa absolutamente independente → mesmo sem o envenenamento,
ele teria morrido de qualquer jeito pelo disparo efetuado por C.
⦁ A só responde pela tentativa de homicídio, justamente porque, por causas alheias à
sua vontade, B morreu pelo disparo de tiro, e não pelo veneno como ele queria.

A responderá por tentativa de homicídio e C por homicídio consumado.

A concausa absolutamente independente, por produzir por si só o resultado, rompe o nexo causal
entre o resultado e a conduta do agente, fazendo com que este responda apenas pelo crime na modalidade
TENTADA. Adotou-se aqui a regra geral do artigo 13 do CP, teoria da conditio sine qua non.

▪ CONCAUSA RELATIVAMENTE INDEPENDENTE:

A causa concorrente se origina direta ou indiretamente da conduta do agente, ou seja, ambas, em


conjunto, levarão ao resultado final. Assim, ao contrário das absolutamente independentes, estas NÃO
EXCLUEM A IMPUTAÇÃO DO RESULTADO.
Podem ser:

(a) Relativamente independente preexistente: Anterior à conduta concorrente do agente. O


típico exemplo do hemofílico. A, querendo matar B e sabendo ser ele hemofílico, disfere contra ele
330
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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

uma facada na perna que, sozinha, não causaria a sua morte, mas que por esta condição, a morte
ocorreu. A doença era anterior à facada, agindo as duas em conjunto, de modo que o agente
responde pelo crime consumado.
⦁ O fato de ele ser hemofílico, por si só, não levaria ele a morte.
⦁ A facada, por si só, também não o levaria a morte (por ter sido deferida em lugar não
letal)
⦁ A hemofilia e a facada são dependentes uma da outra para ocorrer o resultado. Ou
seja: é a soma das causas que leva ao resultado morte.

Causas relativamente independentes não excluem a imputação. Logo, o indivíduo que desferiu as facadas
deve responder pelo resultado morte.

Na jurisprudência do STJ:
Não obstante a existência da doença preexistente que causa perda precoce dos dentes, a
vítima somente perdeu os dentes em tal oportunidade em razão da conduta do agravante,
de modo que, suprimida mentalmente a conduta do réu, a ofendida não teria perdido os
dentes naquele momento. A existência de concausa anterior relativamente independente
não impede a condenação pelo crime de lesão corporal grave. Isso porque, na situação em
análise, caso a conduta do agente fosse mentalmente suprimida, a vítima não teria perdido
os dois dentes naquele momento.
STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1.882.609-MS, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em
13/3/2023.

(b) Relativamente independente concomitante: ocorre ao mesmo tempo que a conduta do


agente. Ex: A, objetivando matar B, efetua disparo de arma de fogo contra a vítima, não vindo,
contudo, a atingi-la. B, em decorrência do susto causado pelo disparo, sofre um infarto e falece. A
morte se deu pelo conjunto das causas, de modo que A responde pelo delito consumado;
⦁ O disparo, por si só, não levaria ele à morte. Assim como o colapso cardiaco, por si
só, também não o levaria à morte.
⦁ O que levou à morte foi a conjunção dos dois resultados: uma causa depende da
doutra

Se uma causa depende da outra, não haverá a exclusão do resultado morte, e A deve responder pelo
homicídio.

(c) Relativamente independente superveniente: É posterior à conduta do agente.

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SEMANA 01/13
⦁ Regra: Em regra, as concausas relativamente independentes NÃO excluem a
imputação.
⦁ Exceção: Art. 13, §1º - Eventualmente, as concausas relativamente independentes
podem excluir a imputação, fugindo à regra geral, quando, por si só, produzirem o resultado.

Atenção!!! Esta vai se subdividir em duas hipóteses:

i. Que por si só produz o resultado: A atira em B e este é socorrido. Estando no hospital, com
vida, o teto desaba e ele vem a falecer em decorrência do desabamento. Qual seria a responsabilidade de A?
Sabemos que se não fosse o tiro, ele não estaria no hospital, é verdade. Mas aqui, é a EXCEÇÃO em que o CP
adotou a teoria da causalidade adequada (§1º do art. 13), mais restrita, em que há um juízo de probabilidade
do que normalmente acontece (todas as demais hipóteses de concausas são analisadas com base na conditio
sine qua non). Tendo em vista que o desabamento de um teto não está dentro do resultado esperado
advindo de um tiro, houve o rompimento do nexo causal, de modo que o agente responde apenas por
tentativa.

ii. Por si só não produz o resultado: Aqui, com base no mesmo exemplo anterior, suponhamos
que B morre em razão de infecção nos ferimentos decorrentes do tiro. Tendo em vista que não fosse o tiro
não haveria a infecção e que esta infecção é uma possibilidade normal, que se encontra dentro das
consequências esperadas de um tiro, o agente responde pelo delito consumado.

ENTENDA: o incêndio no hospital é um desdobramento causal anormal que gera um rompimento


com a conduta inicial (disparo por arma de fogo).

O indivíduo que é atingido por um tiro pode morrer em decorrência do tiro, por uma infecção
hospitalar ou de um erro médico, que são desdobramentos naturais do tiro. No entanto, quem é
atingido por um tiro, não morre envenenado, não morre asfixiado, não morre queimado, não morre
soterrado, não morre pelo incêndio do hospital. Essas são mortes anormais, são causas que, por si só,
produzem o resultado, pois há um rompimento na linha de desdobramento físico causal natural. Em suma:
⦁ A concausa, relativamente independente superveniente, por si só produz o resultado → contexto
que não corresponde a um desdobramento físico ou natural da conduta do agente→ impede a imputação
do resultado → só responde pelos atos anteriores (tentativa)
⦁ A concausa, relativamente independente superveniente, não produz por si só o resultado → o
contexto corresponde a um desdobramento físico ou natural da conduta → cabe a imputação do resultado
ao agente → responde pelo resultado produzido de acordo com seu dolo.

Se liga na tabela para revisar:

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CONCAUSAS RELATIVAMENTE INDEPENDENTES


ESPÉCIE EXEMPLO
Preexistente Vítima hemofílica.
Vítima, apesar de não ter sido atingida, se
Concomitante
assusta e sofre um infarto.

Modalidade “não por si só produz o resultado”:


Superveniente* Morte por infecção hospitalar.
Modalidade “por si só produz o resultado”: Morte
pelo desabamento do teto do hospital.

IV – TIPICIDADE

É o elemento do fato típico presente em todo e qualquer crime. Conforme a doutrina moderna, a
tipicidade penal é formada por:

Tipicidade Formal: Juízo de subsunção do fato à norma;

Tipicidade Material: Lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado.

Há ainda a TIPICIDADE CONGLOBANTE, preconizada por Zaffaroni, que é formada pela


tipicidade material + antinormatividade. A antinormatividade é a relação de contrariedade entre o fato
típico e o ordenamento jurídico como um todo. Para ele, não se pode considerar ilícita uma conduta
que é determinada ou fomentada pelo Estado.
Assim, para o autor, o estrito cumprimento do dever legal e o exercício regular do direito, que para
a doutrina majoritária e para o CP constituem causas excludentes de ilicitude, seriam, na verdade, causas de
exclusão da tipicidade, tonando, por consequência, a conduta atípica, justamente por achar absurdo que
alguém que esteja cumprindo seu dever legal ou esteja exercendo uma atividade fomentada ou
determinada pelo Estado tenha estas ações consideradas como fatos típicos.
Um exemplo é do oficial de justiça que promove penhora de bens em razão de cumprimento de
mandado (ele está nada menos que subtraindo coisa alheia móvel), que só ficará isento de responsabilidade
na análise do segundo elemento do crime, enquanto não deveria sequer haver tipicidade penal, ou seja, o
primeiro elemento do crime já não se configuraria, restando desnecessária a análise da ilicitude ou
antijuridicidade (segundo elemento).
Já legítima defesa e estado de necessidade continuariam como excludentes de ilicitude, segundo esta
teoria, vez que não são fomentadas e nem determinadas pelo Estado, mas tão somente toleradas.
O STJ já adotou a tipicidade conglobante (AP 638).

* ATENÇÃO: O princípio da insignificância exclui a tipicidade material.


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(...) Em regra, o reconhecimento do princípio da insignificância gera a absolvição do


réu pela atipicidade material. Em outras palavras, o agente não responde por
nada. (Info. 913, STF)

CAIU EM PROVA RECENTE:


IDECAN - 2021 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil
Segundo a Teoria da Tipicidade Conglobante, aquele que atua em estrito cumprimento do dever
legal ou no exercício regular do direito:
A) não pratica crime, pois, embora o fato seja típico, não há ilicitude na conduta.
B) não pratica crime, pois ausente a culpabilidade em decorrência da inexigibilidade de conduta
diversa.
C) pratica fato típico, ilícito, culpável, mas não punível por questões de política criminal.
D) fica isento de pena por questões de política criminal.
E) não pratica crime, pois o fato sequer seria típico, tendo em vista que o agente não atuou
antinormativamente.
Resposta: Letra E. Conforme visto acima, de acordo com a teoria da tipicidade conglobante, o
fato sequer seria típico, tendo em vista que não pode o Estado fomentar ou determinar uma
conduta e ao mesmo tempo tratá-la como fato típico.

V. ADEQUAÇÃO TÍPICA

É a tipicidade formal na prática. Há duas espécies de tipicidade formal:

(1) Subsunção direta ou adequação típica imediata: não há dependência de qualquer


dispositivo complementar para adequar o fato à norma. Ex.: A subtrai o celular de B. Neste caso o fato
de subtrair coisa alheia móvel se enquadra diretamente ao art. 155 do CP.

(2) Subsunção indireta ou adequação típica mediata: há uma conjugação do tipo penal com a
NORMA DE EXTENSÃO, também denominada de norma de adequação típica mediata. No nosso Código
Penal temos 3 hipóteses:

A. Norma de extensão temporal: Tentativa (art. 14, II do CP). Os tipos penais não possuem
definição direta de tentativa em cada um deles. Há essa norma geral que será combinada com o tipo
penal não consumado. Ex.: A tenta matar B. Este fato não há subsunção direta ao art. 121. Neste
caso, devemos utilizar do art. 121 do CP, cumulado com o art. 14, II, do CP.

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B. Norma de extensão pessoal e espacial: Participação, artigo 29 do CP (esse artigo trata de todo
o concurso de pessoas, mas o que tem relevância aqui é a figura do partícipe). Quem espera do lado
de fora da casa enquanto o comparsa subtrai a televisão da vítima, embora não tenha subtraído coisa
alheia móvel, como manda o tipo, responderá pelo furto qualificado pelo concurso de pessoas em
razão da norma de extensão prevista no art. 29 do CP.

C. Norma de extensão da conduta: Crimes comissivos por omissão (em que há um garantidor):
a conduta que só podia ser praticada por ação passa a ser praticada por omissão, quando o garante
devia e podia agir para evitar o resultado. Art. 13, §2º, CP.

Obs: amigo concurseiro policial, fique atento aos conceitos, pois as bancas adoram explorá-los de
forma maliciosa, em busca de confundir os candidatos. Prestemos atenção na diferença entre tipo penal e
tipicidade:

TIPO PENAL TIPICIDADE


É a descrição da conduta humana proibida. É o É o juízo que se faz sobre a conduta
próprio artigo da lei. Exemplo: o art. 121 do CP prevê o (subsunção da conduta ao tipo penal). Exemplo: a
típo penal do homicídio. conduta de matar alguém amolda-se ao tipo penal
do homicídio. Tipicidade é esse juízo de adequação
Tabela retirada do livro Direito Penal em Tabelas – Parte Geral – Martina Correia – 2017, grifo nosso.

3. TEORIA DO TIPO

O tipo penal é aquele que descreve as condutas proibidas ou permitidas pelo direito penal de modo
genérico e abstrato, ou seja, condutas criminosas ou as hipóteses em que a prática destas é tolerada (já vimos
sobre isso nas classificações da lei penal).

Atenção: não confundir TIPO X TIPICIDADE. Enquanto o tipo é a figura penal (a descrição genérica
da conduta considerada infração penal. Ex: art. 121. CP, Matar alguém ) que resulta da imaginação
do legislador, a tipicidade consiste na averiguação se determinada conduta se amolda ou não nesse
modelo imaginário pensado pelo legislador.

3.1 Funções do Tipo Penal

✔ De garantia (reserva legal, garantia do indivíduo, só a lei cria)


✔ Fundamentadora (fundamenta o direito de punir do estado)

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✔ Indiciária da ilicitude (o fato típico é presumidamente ilícito – presunção relativa, que


acarreta na inversão do ônus da prova quanto às excludentes), ou seja, sendo o fato típico há indícios
de que também o seja ilícito.
✔ Diferenciadora do Erro (para que o agente seja responsabilizado por pela prática de um
crime doloso, seu dolo deve alcançar todas as elementares do tipo. Caso ignore alguma delas,
incorrerá em erro de tipo, afastando o dolo, nos termos do artigo 20 do CP. Por outro lado, estando
delimitado o tipo penal e havendo dolo em relação a ele, não há que se falar em erro)
✔ Seletiva (seleciona as condutas proibidas (crimes comissivos) ou ordenadas (crimes
omissivos) pelo direito penal.

3.2 Estrutura do Tipo Penal

Todos possuem núcleo e elementos, que formam o tipo fundamental. Quando há


privilégios ou qualificadoras, acrescentam-se circunstâncias, formando os tipos derivados.
A Elementar é um dado fundamental da figura típica, cuja ausência pode produzir uma
atipicidade absoluta (a conduta não é crime) ou uma atipicidade relativa (desclassificação para
outro crime). Exemplo: no crime de prevaricação (art. 319, do CP), se for retirada a elementar "funcionário
público" a conduta deixará de ser crime (atipicidade absoluta); no crime de peculato (art. 312, do CP), se for
retirada a elementar "funcionário público", a conduta será desclassificada para crime de furto (art. 155, do
CP).
A Circunstância é um fator que interfere na pena do crime, sem alterar a figura típica. São as
qualificadoras, agravantes e atenuantes, causas de aumento e de diminuição. Exemplo: se for retirada a
circunstância "mediante concurso de 2 ou mais pessoas" do crime de furto (art. 155, § 4, IV, do CP), a pena
será diminuída, amoldando-se ao tipo simples (art. 155, caput, do CP). De qualquer forma, o crime de furto
continuará existindo.
O núcleo é o verbo do tipo – ex: “subtrair”, “matar”. É o ponto de partida.
Os elementos/elementares se dividem em:

A. Objetivos/descritivos: trazem um juízo de certeza. Podem ser compreendidos por qualquer


pessoa. Ex: “coisa alheia móvel” no furto, “alguém” no homicídio etc.

B. Normativos: Demandam um juízo de valor por parte do aplicador do direito. Ex: “obsceno”,
“indevidamente”, “cruel”, “honesto”, “pudor”, “decoro” etc. Termos não definidos, que demandam
uma interpretação caso a caso. Parte da doutrina os incluem dentre os objetivos.

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C. Subjetivos: Se relacionam com o animus do agente, sua especial finalidade de agir, suas
intenções. Ex: “para si ou para outrem” no furto. Não basta a subtração de coisa alheia móvel, faz-se
necessário o animus rem sibi habendi, dolo de assenhoramento definitivo.

ELEMENTOS DO TIPO PENAL

OBJETIVOS DESCRITIVOS - descrevem elementos do mundo exterior, tais


como objetos, tempo, lugar, forma de execução etc. Todos os
tipos penais têm elementos objetivo-descritivos.
NORMATIVOS - elementos que demandam uma atividade
valorativa do julgador. Exemplo: caberá ao juiz valorar, no caso
concreto, se o homicídio é cometido por "motivo fútil" (art. 121,
§ 2S, II)
Indicam as finalidades do agente. Exemplo: praticará extorsão
SUBJETIVOS mediante sequestro (art. 159) quem "sequestrar pessoa com o
fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como
condição ou preço do resgate".

Tabela retirada do livro Direito Penal em Tabelas – Parte Geral – Martina Correia – 2017, grifo nosso.

3.3 Classificações do Tipo Penal

3.3.1 Tipo Normal X Anormal

▪ Tipo normal / neutro / acromático / avalorado – é o que, além do núcleo, contém somente
elementos objetivos/descritivos (Ex: matar alguém).
▪ Tipo anormal é aquele que, além de núcleo e elementos objetivos, contém também
elementos subjetivos e/ou normativos.

TIPO NORMAL TIPO ANORMAL

Só contém elementos objetivo-descritivos. É o tipo Além dos elementos objetivos, contém elementos
ideal para os adeptos da teoria causalista, para os objetivo normativos e subjetivos. Também chamado
quais os elementos subjetivos (dolo e culpa) estão de tipo complexo. É o tipo ideal para os adeptos da
alocados na culpabilidade. teoria finalista (majoritária), para os quais os
elementos subjetivos (dolo e culpa) estão alocados no
tipo penal. Para os causalistas, contudo, o tipo que

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contém elementos subjetivos e normativos é um tipo


anormal.

Tabela retirada do livro Direito Penal em Tabelas – Parte Geral – Martina Correia – 2017, grifo nosso.

1 3.3.2 Tipo Congruente X Tipo Incongruente

▪ Tipo congruente (simétrico) é aquele em que há perfeita congruência entre a vontade do


agente e o fato tipificado (exemplo: crimes dolosos consumados).
▪ Tipo incongruente (assimétrico) é aquele em que não há congruência entre a vontade do
agente o fato por ele praticado (exemplo: os crimes tentados, os crimes culposos, preterdolosos). Se
A quer matar B, mas apenas o lesiona, há uma assimetria entre os elementos objetivos e subjetivos.

2 3.3.3 Tipo Simples X Tipo Misto

▪ Tipo simples: o tipo penal contém apenas um núcleo. Ex.: matar.


▪ Tipo misto (de conduta mista ou de conteúdo variado): há mais de um núcleo (verbo) no
tipo penal. Ex.: tráfico de drogas (guardar, vender, ter em depósito etc).

Pode ser subdividido em:

(1) Tipo misto alternativo: mesmo com a prática de mais de um núcleo do tipo haverá crime único,
desde que no mesmo contexto fático. (Ex: prática de conjunção carnal e de outros atos libidinosos diversos,
sob violência ou grave ameaça, no mesmo contexto fático – caracteriza crime único – STJ)
(2) Tipo misto cumulativo: a lei estabelece diversas condutas nucleares que, se praticadas
seguidamente, ainda que em contexto único, ensejam o concurso material. É o caso do art. 198 do CP, que
pune as condutas de constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a celebrar de trabalho, ou a
não fornecer a outrem ou não adquirir de outrem matéria-prima ou produto industrial ou agrícola.

TIPO MISTO
CUMULATIVO ALTERNATIVO
O art. 242 prevê como crime "dar parto alheio como Se o agente praticar mais de um núcleo do mesmo
próprio; registrar como seu filho de outrem; ocultar recém- tipo penal no mesmo contexto, responderá por
nascido ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito crime único (“crimes de ação múltipla ou de
inerente ao estado civil". Se o agente praticar mais de um conteúdo variado"). Exemplo: quem pratica
núcleo do tipo, responderá pelo concurso de crimes estupro e outro ato libidinoso contra a mesma
porque atingiu bens jurídicos distintos

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vítima no mesmo contexto fático pratica crime


único de estupro (art. 213).
Tabela retirada do livro Direito Penal em Tabelas – Parte Geral – Martina Correia – 2017, grifo nosso

3 3.3.4 Tipo Fechado (Cerrado) X Tipo Aberto

▪ Tipo fechado: possui descrição minuciosa da conduta.


▪ Tipo aberto: não possui uma descrição completa e devem ser complementados por um juízo
de valor, realizado pelo aplicador da lei no caso concreto. Exemplos:
⦁ Crimes culposos
⦁ Crimes omissivos impróprios
⦁ Quando há elemento normativo no tipo

* Diferença entre tipo aberto e norma penal em branco: esta última é complementada por lei ou ato
administrativo, enquanto o primeiro é complementado por um juízo de valor.

4 3.3.5 Tipo Preventivo


Trata-se dos crimes-obstáculo. São as figuras em que o legislador incrimina de forma autônoma um
fato que seria apenas um ato preparatório de outro crime, antecipando a tutela penal.

5 3.3.6 Tipo Penal Doloso X Culposo X Preterdoloso

A) DOLO

Vontade livre e consciente, dirigida a realizar ou aceitar realizar a conduta prevista no tipo penal
incriminador.

ELEMENTOS DO DOLO:
1) Intelectivo/Cognitivo: Consciência (ocorre primeiro);
2) Volitivo: Vontade.

Ou seja: o dolo é = SABER + QUERER


Se ele sabe, mas ele não quer → ele não tem dolo
Se ele quer, mas ele não sabe → ele não tem dolo

Dolo é a vontade livre e consciente dirigida finalisticamente à produção do resultado.

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Dolo é o elemento cognitivo (consciência) conjugado com o elemento volitivo (vontade).

Aprofundando para as questões discursivas:


* Dentro do elemento cognitivo (saber), o que o indivíduo precisa ter consciência para que ele
efetivamente tenha dolo? Ou seja: quais os limites desse conhecimento (do elemento cognitivo) para que eu
possa tecnicamente afirmar que o indivíduo tinha dolo?
Resposta: O conhecimento precisa ser ATUAL E REAL, precisa abranger as CIRCUNSTÂNCIAS DE FATO
DO TIPO OBJETIVO (são as elementares típicas), ou seja, ele precisa ter o conhecimento de todos os
elementos descritos no tipo penal incriminador, e precisa, ainda, abranger os ELEMENTOS PRESENTES E
FUTUROS DO TIPO OBJETIVO.

* Dentro do elemento volitivo (querer), o dolo deve ser:


1) Vontade incondicional: a vontade dele deve estar dirigida incondicionalmente a um resultado
2) Capaz de influenciar o mundo exterior: Esse querer, para ser caracterizado como elemento
volitivo, tem que ter a capacidade de influenciar no mundo real. Se esse querer não tem a capacidade
de influenciar no mundo real, não temos um querer no sentido jurídico, temos uma mera
esperança.


PRINCIPAIS TEORIAS SOBRE O DOLO (se dividem em cognitivas/intelectivas ou
volitivas):
1. Teoria da vontade: Teoria volitiva.
∘ O fundamento central dessa teoria é a VONTADE. Ou seja: há dolo quando
há vontade consciente de produzir o resultado. Logo, pela Teoria da Vontade, dolo é a vontade
consciente de querer praticar a infração penal, não basta só prever.
∘ Adotada pelo CP no que se refere ao dolo direto de 1º grau

2. Teoria da representação (ou da possibilidade): Teoria cognitiva/ intelectiva.


∘ NÃO se preocupa com a vontade. A configuração do dolo exige apenas a previsão do
resultado como possível pelo agente, que continua sua conduta.
∘ Não faz distinção entre dolo direto e culpa consciente, vez que há previsão em
ambos.
Divergência: Parte da doutrina entende que esta teoria trata de culpa consciente, sendo a
adotada para ela e não para o dolo.

3. Teoria do assentimento/ consentimento / aprovação: Teoria volitiva.


∘ O agente, mesmo prevendo determinado resultado, decide prosseguir com a sua
conduta, assumindo o risco de produzi-lo. Nesse caso, o indivíduo consente com a produção do
resultado.
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∘ Adotada pelo CP para o dolo eventual

ATENÇÃO: O Brasil adotou:


- Teoria da vontade: Dolo direto
- Teoria do assentimento: Dolo eventual

TEORIA DA VONTADE TEORIA DO ASSENTIMENTO TEORIA DA REPRESENTAÇÃO


Há dolo quando houver a Há dolo sempre que houver a
Dolo é a vontade consciente previsão do resultado e o agente previsão do resultado,
de produzir o resultado optar por assumir o risco de independentemente da vontade do
criminoso. É adotada pelo CP produzi-lo. É adotada pelo CP (dolo agente.
(dolo direto). eventual) Não foi adotada pelo CP, confunde
dolo eventual e culpa consciente.
Tabela(adaptada) retirada do livro Direito Penal em Tabelas – Parte Geral – Martina Correia – 2017, grifo
nosso

ALGUMAS ESPÉCIES DE DOLO:

o Dolo natural X dolo normativo: Estudado no material anterior. Vamos fazer uma rápida
retomada?
⮚ Dolo natural ou acromático - o elemento cognitivo do dolo não abrange o
conhecimento da ilicitude. Não possui a consciência da ilicitude (adotado no modelo Finalista).
⮚ Dolo normativo - além dos elementos objetivos ou descritivos, exige o conhecimento
da ilicitude do fato (adotado no modelo clássico). O dolo ainda abrigava em seu bojo a consciência
da ilicitude do fato.

o Dolo direto X Dolo indireto:

a) DOLO DIRETO – O agente, com sua conduta, prevendo determinado resultado, sai
em busca de realizá-lo. Pode ser:
⮚ De primeiro grau: resultado certo e determinado buscado
pelo agente
⮚ De segundo grau: também conhecido por “dolo de
consequências necessárias”. O agente danifica os freios do carro de A durante a noite para
causar um acidente e matá-lo, sabendo que todo dia pela manhã ele sai de carro. Porém,
os filhos sempre vão junto e o agente sabe que a morte deles será inevitável e pratica a
conduta mesmo assim, para alcançar seu objetivo principal.

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⮚ De terceiro grau: Consequência da consequência. O agente,


objetivando matar seu inimigo político, coloca uma bomba no jatinho dele, sabendo que
sua próxima viagem será com sua esposa, que está grávida. A morte do inimigo político
seria o dolo de primeiro grau. A da esposa, de segundo. O aborto, de terceiro. É criticada e
tida como desnecessária por parte da doutrina, vez que qualquer consequência estaria
abarcada no dolo de segundo grau.

DOLO DIRETO OU DETERMINADO


O agente quer praticar a conduta descrita no tipo penal, dirigindo-a à produção do resultado.
Duas espécies:
DE PRIMEIRO GRAU DE SEGUNDO GRAU
É o dolo por excelência; o agente tem a O agente quer um resultado, mas sabe que a sua
intenção (vontade consciente) de produzir o produção necessariamente dará causa a outros
resultado e dirige sua conduta para este fim. O dolo resultados. Também chamado de dolo de
abrange o fim e os meios escolhidos. Exemplo: o consequências necessárias". Exemplo: o agente, no
agente deseja matar um desafeto. Para tanto, dirige intuito de matar seu inimigo que acaba de embarcar,
sua conduta ao resultado e efetua vários disparos, posiciona explosivos no avião. Quanto à morte do
matando-o. desafeto, há dolo de 1º grau. A morte dos outros
passageiros é certa em virtude da escolha dos
explosivos como meio de execução. Quanto a eles há
dolo de 2º grau
Tabela(adaptada) retirada do livro Direito Penal em Tabelas – Parte Geral – Martina Correia – 2017, grifo
nosso

b) DOLO INDIRETO: O agente, com sua conduta, não busca realizar um determinado
resultado:
⮚ Dolo alternativo: O agente prevê pluralidade de resultados,
dirigindo sua conduta na realização de qualquer dele.
⮚ Dolo eventual: Embora o agente não deseje o resultado,
assume o risco de produzi-lo. Age com indiferença.

A diferença primordial entre o dolo eventual e o dolo de segundo grau é que naquele é
possível que o resultado indiferente sequer ocorra e neste o resultado certamente ocorrerá,
tendo em vista os meios de execução escolhidos pelo agente.

TEORIA POSITIVA DO CONHECIMENTO: Reinhard Frank. “Seja como for, dê no que dê, eu não deixarei de
agir”.

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o Dolo cumulativo: O agente pretende alcançar dois ou mais resultados típicos em sequência
(progressão criminosa);

o Dolo geral (erro sucessivo): Ocorre quando o agente, supondo já ter alcançado um resultado
por ele visado, pratica nova ação que efetivamente o provoca. É espécie de erro de tipo acidental, não
isentando o agente de pena.

o Dolo de propósito (refletido): resulta da reflexão do agente. Ocorre nos crimes


premeditados.

o Dolo de ímpeto (repentino): resulta de uma explosão emocional. Ocorre nos crimes
passionais.

DOLO INDIRETO OU INDETERMINADO


O agente não dirige sua vontade a um resultado determinado. Duas espécies:
ALTERNATIVO EVENTUAL
O agente quer alcançar um ou outro resultado O agente quer um resultado, mas assume o
(alternatividade objetiva) ou atingir uma ou outra risco de realizar o outro. Adoção da teoria do
pessoa (alternatividade subjetiva). Se o agente assentimento. Exemplo: o agente quer ferir, mas
alcançar o resultado menos grave responderá pelo aceita o resultado morte. Há indiferença em relação
mais grave, porque responde de acordo com o seu ao resultado. É extraído das circunstâncias. Todavia,
dolo (teoria da vontade), ainda que de forma há casos em que o tipo penal exige expressamente o
tentada. Exemplo: para o agente, tanto faz ferir ou dolo direto: receptação dolosa (art. 180 - "coisa que
matar. Se ferir, responderá por homicídio tentado. sabe ser produto de crime"); denunciação caluniosa
Se matar, responderá por homicídio consumado. (art. 339 - "de que o sabe inocente").
Tabela(adaptada) retirada do livro Direito Penal em Tabelas – Parte Geral – Martina Correia – 2017, grifo
nosso

B) CULPA

Como já vimos, é elemento da conduta, que compõe o fato típico.


Consiste em uma conduta voluntária que realiza um fato ilícito não querido pelo agente, mas que foi
por ele previsto (culpa consciente) ou lhe era previsível (culpa inconsciente) e poderia ter sido evitado se o
agente atuasse com cuidado.
Rogério Greco diz que “a conduta, nos delitos de natureza culposa, é o ato humano voluntário
dirigido, em geral, à realização de um fim lícito, mas que, por imprudência, imperícia ou negligência, isto é,

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por não ter o agente observado o seu dever de cuidado, dá causa a um resultado não querido, nem mesmo
assumido, tipificado previamente na lei penal”.
Via de regra é tipo penal aberto, ou seja, a conduta não é descrita de modo detalhado (geralmente
vem “se tal crime é culposo – pena tal”), demandando um juízo de valor pelo aplicador do direito. Mas há
crime culposo com tipo fechado, como o art. 180, §3º do CP.
O fundamento da punibilidade de crimes culposos está no interesse público da proteção de bens
jurídicos indispensáveis ao indivíduo e à sociedade. O homem vive em sociedade, então é responsável pelo
que causa nela.
Porém, as penas são menores, vez que o desvalor da conduta é menor que nos crimes dolosos.

* ATENÇÃO: as hipóteses de crimes culposos devem vir expressamente previstas em lei, desse modo,
a regra é o dolo, enquanto a culpa é exceção.

Art. 33. Diz-se o crime: (...)


II - Culposo, quando o agente, deixando de empregar a cautela, atenção, ou
diligência ordinária, ou especial, a que estava obrigado em face das circunstâncias,
não prevê o resultado que podia prever ou, prevendo-o, supõe levianamente que
não se realizaria ou que poderia evitá-lo.

ELEMENTOS DA CULPA:

1) Conduta humana voluntária


2) Violação de um dever de cuidado objetivo
3) Resultado naturalístico
4) Nexo de causalidade
5) Previsibilidade Objetiva
6) Tipicidade

1) Conduta VOLUNTÁRIA: Pode ser ação ou omissão;


ATENÇÃO! Embora o resultado do crime culposo seja involuntário (vez que o agente não deseja
causa-lo), a CONDUTA é VOLUNTÁRIA.
O agente quer fazer o que faz, porém, pela sua inobservância do dever de cuidado, gera um evento
danoso, que não desejava.
A ausência de voluntariedade excluiria a conduta. O fato seria atípico (ex: movimentos reflexos).

2) Violação de um dever objetivo de cuidado: O agente atua de forma diversa do esperado pela
lei e sociedade:

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▪ Imprudência: Culpa positiva ou “in agendo”. Ação intempestiva e irrefletida. Faz algo que a
cautela não recomenda. Ex: excesso de velocidade na direção de veículo automotor;
▪ Negligência: Culpa negativa ou “in omitendo”. Falta de precaução. Deixa de fazer o que a
cautela recomenda. (Ex: médico que não esterilizou seus utensílios antes de uma cirurgia);
▪ Imperícia: Culpa profissional. Falta de aptidão técnica para o exercício de arte, ofício ou
profissão. O agente está autorizado a exercer determinada atividade, mas não tem as habilidades
necessárias. Ex: Engenheiro civil, com CREA, que não tem conhecimento necessário para a
construção de um prédio, mas o faz e o mesmo desaba.

Já caiu em prova!
INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia
Considera-se crime culposo quando:
A) o agente atinge o resultado delitivo requerido.
B) o agente impede que resultado delitivo se conclua.
C) o agente não quer o resultado delitivo, mas assume o risco de se realizar.
D) o agente pratica a conduta por imperícia, imprudência ou negligência.
E) o delito se agrava por resultado diverso do pretendido.

Resposta: Letra D. A violação do dever objetivo de cuidado pode ocorrer por imperícia,
imprudência e negligência (Art. 18, II, do CP).

OBS.1: É tendência achar que sempre que tivermos um profissional envolvido, o caso será de imperícia, mas
não é verdade. Depende da conduta. Como vimos no exemplo dado em negligência, também foi algo no
exercício da profissão. Olho vivo nisso!

OBS.2: Nos crimes culposos no CTB, a Jurisprudência vem no sentido de que é IMPRESCINDÍVEL apontar,
precisamente, qual foi a conduta culposa. Vejamos:

Denúncia no caso de homicídio culposo deve apontar qual foi a conduta culposa -
É inepta a denúncia que imputa a prática de homicídio culposo na direção de
veículo automotor (art. 302 da Lei 9.503/1997) sem descrever, de forma clara e
precisa, a conduta negligente, imperita ou imprudente que teria gerado o resultado
morte, sendo insuficiente a simples menção de que o suposto autor estava na
direção do veículo no momento do acidente. STJ. 6ª Turma. HC 305194-PB, Rel.
Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 11/11/2014 (Info 553).

3) Resultado naturalístico: Alteração física no mundo exterior. São crimes materiais, via de
regra.
345
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

Há exceções. Ex: art. 38 da Lei de Drogas. Prescrever drogas culposamente sem que delas necessite
o paciente. Se consuma com a mera prescrição feita por médico ou dentista, ou seja, é um crime de mera
conduta. Se o indivíduo usar a droga será mero exaurimento.

4) Nexo causal entre a conduta e o resultado naturalístico;

5) Previsibilidade objetiva:

Ao contrário da previsibilidade subjetiva, que analisa as condições do agente no momento da


conduta, a previsibilidade objetiva analisa o fato de acordo com a visão do “homem médio”. Ou seja, não
será analisado se aquele agente específico previu o resultado, mas se, naquelas circunstâncias, era possível
que um homem médio as tenha previsto.

Memorizando: Previsibilidade objetiva x subjetiva:


Para a análise da culpa não é necessário que o agente preveja o resultado nas
circunstâncias que lhe são apresentadas. Basta apenas que exista a previsibilidade
objetiva, isto é, a possibilidade do resultado ser prevista tendo-se como parâmetro o
homem médio. Todavia, no que tange à análise da previsibilidade subjetiva leva-se em
consideração, não a circunstância de diligência normal, tendo-se como parâmetro uma
pessoa prudente, mas as aptidões pessoais e as condições específicas do agente. Importa,
com efeito, se o agente, em concreto, poderia ter previsto ou não o resultado.

6) Tipicidade: Para o crime ser culposo, deve estar expresso.

Art. 18, §único, CP: Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém
pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica
dolosamente.

ESPÉCIES DE CULPA:

1) Culpa consciente: O agente prevê o resultado, decidindo prosseguir com sua conduta,
acreditando que ele não ocorrerá ou que conseguirá evitá-lo;

Diferente do dolo eventual, em que o agente, embora também preveja, NÃO SE IMPORTA que o
resultado ocorra.

346
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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

Professor Cézar Roberto Bitencourt: Há culpa consciente, também chamada culpa com previsão,
quando o agente, deixando de observar a diligência a que estava obrigado, prevê um resultado,
previsível, mas confia convictamente em que ele não ocorra. Quando o agente, embora prevendo o
resultado, espera sinceramente que este não se verifique, estar-se-á diante de culpa consciente e
não de dolo eventual.

2) Culpa inconsciente: O agente NÃO prevê o resultado que, entretanto, lhe era previsível
naquelas circunstâncias;

3) Culpa própria: o agente não quer o resultado nem assume o risco de produzi-lo;

4) Culpa imprópria (culpa equiparada ou por assimilação): O agente, por erro evitável, fantasia
certa situação de fato que não existe, supondo estar acobertado por excludente de ilicitude
(descriminante putativa) e, em razão disso, provoca intencionalmente o resultado ilícito. Embora a
conduta seja dolosa, o agente responde por culpa, por razões de política criminal (art. 20, §1º, CP)
Ex.: A vê um vulto dentro de casa e dispara, pensando ser um bandido, mas na verdade era seu genro
que estava indo embora de lá de madrugada sem ele saber. Neste caso, A matou porque quis, mas achou
que estaria em legítima defesa. Por essa situação, responderá por culpa.

Olha o bizu: Via de regra, crime culposo não admite tentativa. Porém, no caso de culpa
imprópria, admite-se, justamente por ser um dolo tratado como culpa.
Olha o bizu: Há autores que defendem a possibilidade de se reconhecer a tentativa em crimes
preterdolosos (dolo no antecedente e culpa no consequente), quando a parte frustrada da
conduta é a dolosa. Nesse sentido: Grecco e Sanches.

5) Culpa mediata: é aquela em que o resultado naturalístico é produzido indiretamente a título


de culpa.

6) Culpa presumida (“in re ipsa”): não é admita no Brasil, pois a culpa precisa ser provada.

EXCLUSÃO DA CULPA:
1) Caso fortuito e força maior;
2) Princípio da confiança
3) Erro profissional;
4) Risco tolerado;
5) Risco praticado por outrem.
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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

* IMPERÍCIA (CULPA PROFISSIONAL) X ERRO PROFISSIONAL:


Na imperícia, a falha é do agente, e ele responde pelo crime culposo.
No segundo, explica Rogério Sanches (disponível em meusitejurídico): “No erro profissional, o agente
tem conhecimento das regras e as observa no decorrer da conduta, mas, sendo falíveis os postulados
científicos, torna-se possível a ocorrência de um resultado lesivo decorrente de erro, que não ensejará
punição. Como exemplo, podemos citar o seguinte: determinado paciente necessita de cirurgia cardíaca
extremamente delicada, para a qual a medicina ainda não desenvolveu técnica segura. O médico,
devidamente habilitado e experiente, põe-se a realizar o procedimento, observando rigorosamente todos os
métodos cirúrgicos que seu conhecimento abarca e de que a arte médica dispõe. Não obstante, durante o
procedimento, em razão da complexidade que a situação revela e para a qual não há resposta científica
eficiente, comete um erro, que acaba por causar a morte do paciente. Esta situação revela um erro
profissional que não caracteriza culpa, pois ausente a imperícia.

Complementando com Cézar Roberto Bitencourt, “O erro profissional é um acidente escusável, justificável
e, de regra, imprevisível, que não depende do uso correto e oportuno dos conhecimentos e regras da ciência.
Esse tipo de acidente não decorre da má aplicação de regras e princípios recomendados pela ciência. Deve-
se à imperfeição e precariedade dos conhecimentos humanos, operando, portanto, no campo do imprevisto
e transpondo os limites da prudência e da atenção humanas. No entanto, embora o médico não tenha carta
branca, não pode, ao mesmo tempo, ficar limitado por dogmas inalteráveis. Tendo agido racionalmente,
segundo os preceitos fundamentais da lexis artis, ou, quando deles se afastar, o fizer por motivos justificáveis,
não terá de prestar contas à justiça penal, por eventual resultado fatídico.”

Existe compensação de culpas no direito penal?


NÃO existe no Direito Penal a compensação de culpas, mas a culpa concorrente da vítima
pode atenuar a do agente (art. 59, CP). Ps.: Se a culpa é exclusiva da vítima o agente não responde.

Crimes culposos admitem coautoria e participação?


o 1ª Corrente (MAJORITÁRIA): Admitem a coautoria, mas NÃO ADMITEM PARTICIPAÇÃO, de
modo que não é possível haver participação dolosa em crime culposo. Assim, qualquer causação
culposa importa em violação do dever objetivo de cuidado, fazendo do agente autor e não partícipe.
o 2ª Corrente (LFG): Não admite nem coautoria e nem participação nos crimes culposos, em
razão da ausência de vínculo subjetivo entre os envolvidos.

o 3ª Corrente (Fernando Capez): Ambos são possíveis, sendo autor aquele que realiza o núcleo
do tipo e partícipe o que concorre para o crime, sem, no entanto, cometer o núcleo verbal da ação.

Já caiu em prova!
348
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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

FUNCAB - 2016 - PC-PA - Escrivão de Polícia Civil


Sobre o crime culposo, é correto afirmar que:
A) sua caracterização independe da previsibilidade objetiva do resultado.
B) é dispensável a verificação do nexo de causalidade entre conduta e resultado.
C) encontra seu fundamento legal no artigo 18 . I, de Código Penal.
D) se alguém ateia fogo a um navio para receber o valor de contrato de seguro, embora saiba
que com isso provocará a morte dos tripulantes, essas mortes serão reputadas culposas.
E) há culpa quando o sujeito ativo, voluntariamente, descumpre um dever de cuidado,
provocando resultado criminoso por ele não desejado.
Resposta: letra E. No resumo anterior, acerca da Teoria do Crime, tratou-se dos crimes omissivos
impróprios culposos, os quais também tem a nomenclatura de crimes de olvido ou
esquecimento. Lembram do exemplo do salva-vidas que não impediu a morte de uma pessoa
por estar beijando a namorada? Pois é, o garantidor (pessoa que possui um dever de cuidado)
comete crime quando o resultado ocorre pelo descumprimento de seu dever de agir, mesmo
que ele não o deseje.
Vimos que a previsibilidade objetiva (“homem médio”) e o nexo de causalidade entre a conduta
e o resultado são necessários (letras B e C). Conforme visto trata-se de dolo de 2º grau, pois o
autor do crime assumiu o risco e não se importou com as mortes dos tripulantes(D).

A. CRIME PRETERDOLOSO
É uma espécie de crime agravado pelo resultado, constituindo de dolo no antecedente e culpa no
consequente (art. 19, CP).

Cleber Masson: A conduta dolosa acarreta a produção de um resultado mais grave do que o desejado pelo
agente à título de culpa.

Elementos:
✔ Conduta dolosa visando a determinado resultado;
✔ Provocação culposa de resultado mais grave do que o desejado;
✔ Nexo causal entre conduta e resultado;
✔ Tipicidade.

● O resultado deve ser culposo – Se o resultado mais grave advém de caso fortuito ou
força maior, não pode ser imputado ao agente (sob pena de responsabilidade objetiva).

CRIME PRETERDOLOSO

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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

CONDUTA DOLOSA VISANDO NEXO CAUSAL Resultado CULPOSO mais grave do


DETERMINADO RESULTADO que o esperado.
O crime preterdoloso ou preterintencional é uma espécie de crime qualificado pelo resultado (todo crime
preterdoloso é qualificado pelo resultado, mas nem todo crime qualificado pelo resultado é um crime
preterdoloso).
Art. 19. Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver causado
ao menos culposamente.
O dispositivo afasta a responsabilidade penal objetiva, pois o agente só pode responder pelo resultado
mais grave culposo se ele era previsível (os crimes culposos são sempre previsíveis, utilizando-se como
parâmetro o "homem médio").
Exemplo clássico: lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3º).
Não admite tentativa (contém uma parte culposa e os crimes culposos não admitem tentativa), conforme
doutrina majoritária.
Tabela(adaptada) retirada do livro Direito Penal em Tabelas – Parte Geral – Martina Correia – 2017, grifo
nosso

4. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

4.1 Consumação

4.1.2 Iter Criminis

Conjuntos de fases que se sucedem cronologicamente no delito. Composto por fase interna e
externa.

*Só haverá iter criminis nos crimes dolosos! Já que, nos crimes culposos, o resultado ilícito não é
querido, ele provém da violação de um dever objetivo de cuidado.

I. FASE INTERNA:

1) COGITAÇÃO:
Abarca:
⦁ Idealização – quando surge a ideia da prática do delito;
⦁ Deliberação – o agente faz a análise de prós e contras da empreitada criminosa;
⦁ Resolução – o agente decide praticar o crime.

* ATENÇÃO: A simples ideia de crime NÃO pode ser punida, em razão do princípio da materialização do fato.
“Direito à perversão”. “Claustro psíquico”.
350
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

II. FASE EXTERNA:

1) PREPARAÇÃO:
Os atos preparatórios representam o início da fase externa da ação. Isso porque o indivíduo
exterioriza o projeto criminoso que ele havia elaborado mentalmente.
Ou seja: A preparação corresponde aos atos indispensáveis à prática da infração penal.

Obs.: Há quem entenda que compõe a fase interna, a exemplo de Rogério


Sanches, mas não prevalece.

o Regra: Impunível, vez que o CP busca punir o crime a partir dos atos executórios;
o Exceção – Atos preparatórios podem gerar crimes autônomos chamados de crimes-
obstáculo.
⦁ Fabricar, fornecer, adquirir e portar explosivos;
⦁ Incitação ao crime;
⦁ Petrechos de falsificação de moeda;
⦁ Associação criminosa.

ENTENDA: Trata-se do fenômeno chamado antecipação da tutela penal. É o fenômeno pelo


qual o legislador criminaliza condutas que seriam atos preparatórios de outros crimes, mas
que constituem crimes autônomos. Essa ampliação está atrelada ao próprio papel do Estado,
como provedor de determinados direitos.

2) EXECUÇÃO:
Inicia a agressão ao bem jurídico. Deve ser:
● Ato idôneo: Com capacidade suficiente para lesar o bem jurídico penalmente
tutelado;
● Ato inequívoco: Direcionado ao ataque do bem jurídico.

ATENÇÃO!!! Transição dos atos preparatórios para os atos executórios:


Da série: parece simples, mas não é. Em qual momento um ato deixa de ser preparatório e passa a ser
considerado como executório? Algumas teorias tratam do assunto.

● Teoria subjetiva: não há distinção entre o ato preparatório e o executório. Considera-se o


dolo do agente, que está presente a todo momento – não é admitida no Brasil

● Teorias objetivas
351
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

a) Teoria da hostilidade ao bem jurídico: o ato de execução é aquele em que o agente ataca o
bem jurídico, enquanto que o ato preparatório não altera o seu “estado de paz”. (Nelson Hungria,
Max Ernst Mayer)
b) Teoria objetivo-formal ou lógico-formal: é a teoria majoritária no Brasil. Caracteriza ato de
execução como aquele em que o agente começa a praticar o verbo (o núcleo do tipo) da conduta
criminosa, enquanto que os atos anteriores são preparatórios. (Franz Von Liszt)
c) Teoria objetivo-individual ou objetivo-subjetiva: Adotada excepcionalmente. Atos
preparatórios são aqueles em que o agente inicia a realização do núcleo do tipo e também os atos
que lhe são imediatamente anteriores, de acordo com o plano concreto do agente. (Welzel).

Ex: “A”, segurando uma faca, aguarda atrás de uma parede a passagem de “B”, seu inimigo, para
matá-lo na volta de seu trabalho, caminho fixo pelo qual a vítima passa, já tendo feito por diversas vezes esta
ameaça. Quando este se encontra a 100m de distância, “A” fica de pé e segura firme a faca, aguardando em
posição de ataque. Surge um policial e o aborda. Para esta teoria, poderia haver a prisão em flagrante, em
face da caracterização da tentativa de homicídio, o que não se daria na teoria objetivo-formal.

d) Teoria objetivo-material: Os atos de execução são aqueles em que o agente inicia a


realização do núcleo do tipo e também os atos que lhe são imediatamente anteriores, NA VISÃO DO
TERCEIRO OBSERVADOR. É o que diferencia da lógico-individual / objetivo-subjetiva. O juiz deve
avaliar os atos a partir de uma visão externa da situação (não necessariamente de uma terceira
pessoa presente no local do crime – é uma figura hipotética). (Reinhart Frank).

e) Teoria da impressão: Se considera iniciada a conduta capaz de produzir na comunidade a


impressão de agressão ao bem jurídico, prejudicando a segurança

f) Teoria negativa: entende não ser possível limitar, em uma regra geral, o que seriam atos
preparatórios ou executórios, devendo tal definição ficar a cargo do julgador no momento da análise
de cada caso.

3) CONSUMAÇÃO:
Surge quando no crime se reúnem todos os elementos de sua definição legal (crime completo ou
perfeito):
⦁ Crime material = conduta + resultado naturalístico (indispensável);
⦁ Crime formal = concretização da conduta. Resultado naturalístico dispensável;
⦁ Crime de mera conduta = tipo descreve mera conduta, SEM resultado naturalístico;
⦁ Crime habitual = A consumação ocorre com a reiteração de atos que revelam o estilo
de vida do agente;
⦁ Crime permanente = A consumação se arrasta no tempo.
352
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13
⦁ Crimes de perigo concreto = a consumação se dá com a efetiva exposição do bem
jurídico a uma probabilidade de dano
⦁ Crimes de perigo abstrato = a consumação se dá com a mera prática da conduta
definida pela lei como perigosa (porte de arma e dirigir sem habilitação).

* ATENÇÃO: EXAURIMENTO: Também chamado de “crime exaurido ou de crime esgotado”. Trata-


se do conjunto de efeitos posteriores a consumação do delito.
Tem relevância, tecnicamente, apenas aos delitos formais, em que o resultado naturalístico é
dispensável e quando este ocorre, fala-se em exaurimento.
Porém, para a doutrina majoritária, ele NÃO integra o iter criminis. No entanto, não é irrelevante.
Interfere na dosimetria da pena (aplicação da pena no caso concreto), seja como circunstância judicial
desfavorável, ou então como qualificadora ou causa de aumento de pena.

ITER CRIMINIS:

Fase interna Fase Externa Não integra

4.2. Tentativa (= Conatus, Crime Imperfeito, Crime Incompleto)

a) Fundamento Legal: art. 14, CP

Art. 14 - Diz-se o crime:


I - Consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;

II - Tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias


alheias à vontade do agente.

Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena


correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.

b) Conceito:
É o início da execução de um crime que somente não se consuma por circunstâncias alheias à vontade
do agente.

353
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

Também é chamada de “crime manco”, vez que o tipo subjetivo está perfeito
(vontade/voluntariedade), mas o tipo objetivo, a figura criminosa, não se realiza integralmente.

JÁ CAIU EM PROVA:
INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia
Classifica-se como crime tentado quando, iniciada a execução, não se consuma:

A) por circunstâncias alheias à vontade do agente.

B) por inabilidade do agente.

C) por desistência do agente.

D) pela deterioração do objeto.

E) em razão da atipicidade da conduta.

Resposta: Letra A. Definição do instituto da tentativa (art. 14, II, do CP).

VUNESP - 2015 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil de 1a Classe


Com relação à consumação e tentativa do crime, nos termos previstos no Código Penal, a opção
correta:

A) diz-se o crime consumado, quando nele se reúnem a maioria dos elementos de sua definição
legal.

B) diz-se o crime tentado quando não se exaure por circunstâncias alheias à vontade do agente.

C) diz-se o crime tentado quando, iniciada a cogitação, não se consuma por circunstâncias
alheias à vontade do agente

D) salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime


consumado, diminuída de um a dois terços.
E) diz-se o crime consumado, quando nele se reúnem dois terços dos elementos de sua definição
legal.

Resposta: letra D (art. 14, II, CP). Amigos concurseiros policiais, trouxemos um exemplo de
questão que cobra a atenção do candidato nos conceitos e no estudo da lei “seca”.
354
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

Conforme art. 14, I e II, do CP. Letra A, o erro está em reúnem a maioria (todos). Letra B, trata-
se de consumação e não de exaurimento (não se consuma). Letra C, o crime é tentado a partir
do início da execução e não da cogitação. Letra E, nele se reúnem todos os elementos de sua
definição legal.

c) Natureza Jurídica:
● Trata-se de norma de extensão temporal
● Sob o enfoque da PENA - trata-se de causa geral obrigatória de diminuição de pena

d) Elementos:
● Início da execução (questão de lógica: se tentativa é justamente a execução interrompida
por circunstâncias alheias à vontade do agente, é imprescindível o seu início)
● Ausência de consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente
● Dolo de consumação (o dolo é o mesmo do delito consumado)
● Resultado possível (se o resultado não ocorreu por ser impossível, será crime impossível, ora
bolas).

e) Teorias sobre a punibilidade da tentativa: quatro teorias principais buscam fundamentar a


punibilidade da tentativa:

● Teoria subjetiva/voluntarista/monista: o sujeito é punido por sua intenção, pois o que


importa é o desvalor da ação, sendo irrelevante o desvalor do resultado, de modo que deveria
suportar a mesma pena;
→ Assim, se ele tem a intenção de matar, a tentativa de homicídio deve ser punida da
mesma forma que o homicídio. Ou seja: ele deve ser punido pela pena da consumação
tangente à sua vontade.
→ Consequências de adotar a teoria subjetiva:
1. É a punição da tentativa inidônea ou crime impossível
2. Equiparação do crime consumado ao crime tentado (o crime tentado é
punido com a mesma pena do crime consumado, uma vez que a intenção, o ânimus, o
dolo era de consumar a conduta).

● Teoria sintomática: sustenta a punição em razão da periculosidade subjetiva, ou seja, do


perigo revelado pelo agente. Para esta teoria, o Estado deveria aplicar uma medida de segurança;

● Teoria objetiva/realística/dualista: a tentativa é punida por causa do perigo proporcionado


ao bem jurídico tutelado pela lei penal. Por isso, a pena da tentativa deve ser menor que a pena da
consumação e proporcional ao risco de lesão causado.
355
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

- REGRA: a Teoria Objetiva é teoria adotada pelo nosso CP! (Art. 14, §único, 2ª parte).
- EXCEÇÃO: Essa teoria foi adotada com ressalvas, em razão da primeira parte do
§único do art. 14, que é considerada pela doutrina como um resquício da Teoria Subjetiva.

Para a doutrina, o “salvo em disposição em contrário” seria a possibilidade de adotar,


excepcionalmente, a teoria subjetiva. Ex.: art. 352, CP → pois a pena da tentativa é a mesma que a pena da
consumação.

Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena


correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.

→ A doutrina chama esses crimes de CRIMES DE ATENTADO OU MERO


EMPREENDIMENTO → são os crimes que não admitem tentativa pois a própria tentativa já é a
consumação desse crime. A tentativa é punida com a mesma pena da consumação.
→ Logo, os crimes de atentado ou de mero empreendimento são exceções à Teoria
Objetiva. Por isso, parte da doutrina (Rogério Greco) afirma que adotou a Teoria Objetiva
Mitigada.

CONCLUSÃO: Em regra, a teoria adotada pelo Código Penal é a Teoria Objetiva. No entanto,
excepcionalmente, adotou a Teoria Subjetiva nas hipóteses de crimes de atentado ou de mero
arrependimento, hipóteses em que a tentativa é punida com a mesma pena da consumação.

VUNESP - 2018 - PC-BA - Escrivão de Polícia


Dentro do tema do crime consumado e tentado, é correto afirmar que
A) os crimes unissubsistentes admitem tentativa.
B) os crimes omissivos impróprios consumam-se com a ação ou omissão prevista e punida na
norma penal incriminadora.
C) só haverá consumação do crime quando ocorre resultado naturalístico ou material.
D) há tentativa cruenta quando o objeto material não é atingido, ou seja, o bem jurídico não é
lesionado.
E) não admitem tentativa os crimes de atentado ou de empreendimento.

Resposta: Letra E, conforme exposto nos crimes de atentado ou empreendimento a tentativa é


prevista como consumação do crime.
Os crimes unissubsistentes se constituem em único ato, não admitindo tentativa (letra A). Nos
crimes omissivos impróprios temos a posição do garantidor (artigo 13, § 2º do Código Penal),
considerada como norma de extensão da tipicidade penal e prevista na parte geral do código
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

penal, não em norma penal incriminadora (letra B). Vimos que a consumação pode se dar sem
a ocorrência de resultado naturalístico, como nos crimes formais ou de mera conduta (C). A
tentativa cruenta trata justamente da lesão ao bem jurídico por ter sido atingido(D).

● Teoria da impressão/objetivo-subjetiva: admite a punição da tentativa quando a atuação da


vontade ilícita do agente for adequada para comover a confiança na vigência do ordenamento e o
sentimento de segurança jurídica dos que tenham conhecimento da conduta criminosa. A tentativa
ofende o bem jurídico, mas pelo fato de a lesão ser menor, a pena é menor. Representa um limite à
teoria subjetiva.

- Consequências da tentativa: É causa obrigatória de diminuição de pena.


o Reduz a pena de 1/3 a 2/3;
o Incide na 3ª fase na aplicação da pena privativa de liberdade;
o Parâmetro de aplicação: iter criminis (proximidade da consumação).

f) Espécies:
● Tentativa branca ou incruenta: O objeto material NÃO é atingido pela conduta criminosa;
● Tentativa vermelha ou cruenta: O objeto é atingido;
● Tentativa perfeita ou crime falho: O agente esgota todos os meios executórios que estavam
à disposição, e mesmo assim não sobrevém a consumação por circunstâncias alheias a sua vontade.
☞ Apenas é compatível com os crimes materiais, tendo em vista que nos formais e de
mera conduta, esgotando-se os atos executórios, teremos crime consumado, não tentado;
☞ Atenção à nomenclatura! Não confunda crime falho com crime impossível (quase-
crime, crime oco, tentativa inidônea e tentativa impossível).
● Tentativa imperfeita, inacabada ou tentativa propriamente dita: O agente inicia a execução
sem utilizar todos os meios que tinha ao seu alcance, e o crime não se consuma por circunstâncias
alheias a sua vontade.
● Tentativa simples: É a tentativa propriamente dita. O resultado não ocorre por circunstâncias
alheias à vontade do agente.
● Tentativa qualificada/abandonada: Embora carregue o termo “tentativa”, de tentativa só
tem o nome, pois, na verdade, não é. É o termo utilizado como gênero, do qual são espécies a
desistência voluntária e o arrependimento eficaz (que veremos mais à frente).

g) Admissibilidade e inadmissibilidade da tentativa


● Regra geral: os crimes dolosos admitem tentativa
● Exceções:
o Crimes culposos: são incompatíveis com a tentativa, em razão do resultado ser
involuntário. Na culpa imprópria admite-se a tentativa.
357
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-SP

ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

o Crimes preterdolosos: a tentativa é inadmissível na parte culposa;


o Crimes unissubsistentes: são aqueles em que a conduta é composta por um único
ato, sendo impossível fracionar o “inter criminis”, motivo pela qual a tentativa é inadmissível
(exemplo: injúria verbal);
o Crimes omissivos próprios e de perigo abstrato: são unissubsistentes, razão pela
qual a tentativa é inadmissível;
o Contravenções penais: a tentativa de contravenção é penalmente irrelevante por
previsão legal (art. 4°, LCP)
o Crime obstáculo: vez que a preparação já está sendo punida de forma autônoma;
o Crime habitual: exige reiteração de atos, motivo pelo qual a tentativa não seria
cabível. Doutrina minoritária entende que sim, ex.: falso médico aluga local e faz anúncio da
futura abertura de sua clínica, antes de chegar a atender alguém.

5. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ

a) Conceito:
Os dois institutos constituem aquilo que a doutrina chamou de "tentativa abandonada"
ou "tentativa qualificada", em que o crime não se consuma pela própria vontade do agente. –
NÃO CONFUNDIR com a "tentativa", propriamente dita (em que o crime não se consuma por
circunstâncias alheias à vontade do agente).
São chamados também de "ponte de ouro" - pela oportunidade que o agente tem de "corrigir o seu
percurso", voltando à esfera da licitude.

Artigo 15 do Código Penal que dispõe:


"O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução [desistência voluntária] ou
impede que o resultado se produza [arrependimento eficaz], só responde pelos atos já praticados:

▪ Desistência voluntária: O agente inicia os atos executórios, mas por vontade própria,
interrompe este processo, abandonando a prática dos demais atos necessários e que estavam à sua
disposição para a consumação. Em regra, conduta negativa.
☞ Um terceiro pode influenciar, pedir, mas não pode ter havido coação. Exige-
se, portanto, a vontade livre do agente, mas não precisa ser espontânea (surgir da cabeça dele).
☞ É incabível nos crimes unissubsistentes, que são realizados por apenas 1 (um)
ato.

▪ Arrependimento eficaz ou resipiscência (olho no nome!): Depois de já praticados todos os


atos executórios suficientes à consumação do crime, o agente adota providências aptas a impedir a

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produção do resultado. Sendo assim, é cabível somente em crimes materiais. Em regra, conduta
positiva.

b) Natureza jurídica: Causa de exclusão da tipicidade (doutrina majoritária).

c) Requisitos:
o Voluntariedade – vontade livre (é diferente de espontaneidade, que não é
requisito);
o Eficácia - Para que se apliquem esses institutos, a conduta do agente deve
ter sido eficaz para impedir a consumação. Se ele apenas tentou, mas não conseguiu evitar, será
cabível somente uma atenuante genérica (Art. 65, III, b, primeira parte, do Código Penal).

Já caiu em prova e foi considerada CORRETA a seguinte alternativa: O agente que tenha desistido
voluntariamente de prosseguir na execução ou, mesmo depois de tê-la esgotado, atue no
sentido de evitar a produção do resultado, não poderá ser beneficiado com os institutos da
desistência voluntária e do arrependimento eficaz caso o resultado venha a ocorrer.

d) Características da desistência voluntário e do arrependimento eficaz:


● Os motivos que levaram o agente a optar pela desistência voluntária ou arrependimento
eficaz são irrelevantes!
● Incompatíveis com os crimes culposos.
● Incompatíveis com crimes formais e crimes de mera conduta! Isso porque, se o crime é
formal ou de mera conduta, a simples realização da conduta já implica na automática consumação
do delito, de modo a não cumprir a elementar “impede que o resultado se produza”.

O instituto do arrependimento eficaz e da desistência voluntária somente são


aplicáveis a delito que não tenha sido consumado. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp
1549809/DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 02/02/2016.

Esses institutos se comunicam aos partícipes?


R.: Trata-se de tema divergente, mas prevalece a corrente que o arrependimento eficaz e a
desistência voluntária COMUNICAM-SE ao partícipe, pois a sua conduta é ACESSÓRIA, não podendo
ser punido se não houve crime.

Quais as consequências da desistência voluntária e do arrependimento eficaz?


R.: O agente NÃO responde pela forma tentada do crime inicialmente desejado, mas apenas
pelos atos já praticados.
Em outras palavras: a desistência voluntária e arrependimento eficaz ELIMINAM a tentativa.
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SEMANA 01/13

FDRH - 2013 - PC-RS - Escrivão e Inspetor de Polícia


Considere as afirmações abaixo a respeito do crime tentado e do crime impossível.
I - Nos casos dos institutos conhecidos como desistência voluntária e arrependimento eficaz, o
sujeito ativo não responde pelo crime tentado, mas apenas pelos atos já praticados. Assim, a
tentativa do crime desaparece, mas não desaparecem os delitos praticados em seu curso.
II - A desistência voluntária somente é possível na tentativa imperfeita; já o arrependimento
eficaz somente é possível na tentativa perfeita. Via de regra, a primeira consiste em uma
omissão, enquanto a segunda, em uma ação impeditiva do resultado.
III - É considerado crime impossível a hipótese de "flagrante esperado", também denominado
“crime de ensaio”, caso corriqueiro enfrentado na rotina policial.
Quais estão corretas?
A) Apenas a I.
B) Apenas a III.
C) Apenas a I e a II.
D) Apenas a II e a III.
E) A I, a II e a III.

Resposta: letra C.
Art. 15, CP, conforme exposto acima como consequências da desistência voluntária e do
arrependimento eficaz (I - correto). A desistência voluntária pode acontecer quando não
praticado todos os atos executórios(tentativa imperfeita), assim, ainda há do que desistir, já no
arrependimento eficaz o agente pratica todos os atos executórios(tentativa perfeita) e depois
se arrepende, evitando o resultado(II – certo). O tipo de flagrante que é considerado como
sinônimo de crime impossível é o flagrante preparado ou crime de ensaio e não flagrante
esperado (tais conceitos serão abordados em processo penal), III – Errado.

6. ARREPENDIMENTO POSTERIOR

Ocorre quando o responsável pelo crime praticado sem violência à pessoa ou grave ameaça,
voluntariamente e até o recebimento da denúncia ou queixa, restitui a coisa ou repara o dano provocado
por sua conduta.

Arrependimento posterior
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado
o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato
voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.

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a) Natureza jurídica: É causa pessoal e obrigatória de diminuição da pena.

b) Fundamentos:
● Proteção à vítima;
● Fomento ao arrependimento do agente.

c) Requisitos (cumulativos):

(1) Natureza do crime: crime praticado sem violência ou grave ameaça à pessoa (a violência à
coisa não obsta o reconhecimento do instituto).

Cabe arrependimento posterior em caso de violência culposa?


R.: SIM! Segundo a doutrina, em caso de violência culposa, é cabível o arrependimento
posterior. Isso porque, nesse caso, não houve violência na conduta, mas sim no resultado. É o que
se dá, por exemplo, na lesão corporal culposa, crime de ação penal pública condicionada em que a
reparação do dano pode, inclusive, acarretar na renúncia ao direito de representação se celebrada a
composição civil, na forma do art. 74 e parágrafo único da Lei 9.099/1995.

(2) Reparação do dano ou restituição da coisa:


o Voluntária
o Pessoal, salvo comprovada impossibilidade
o Integral (doutrina e jurisprudência majoritárias)

STF (Info 608): Já admitiu reparação parcial do dano, sopesando o percentual da


reparação da pena.

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(3) Até o recebimento da denúncia


A reparação do dano ou restituição da coisa deve ser feita ATÉ o RECEBIMENTO da denúncia, ainda
que pague os juros ou correção monetária posteriormente. Veja a jurisprudência do STF nesse sentido.

É possível o reconhecimento da causa de diminuição de pena prevista no art. 16 do


Código Penal (arrependimento posterior) para o caso em que o agente fez o
ressarcimento da dívida principal (efetuou a reparação da parte principal do
dano) antes do recebimento da denúncia, mas somente pagou os valores
referentes aos juros e correção monetária durante a tramitação da ação penal.
Nas exatas palavras do STF: “É suficiente que ocorra arrependimento, uma vez
reparada parte principal do dano, até o recebimento da inicial acusatória, sendo
inviável potencializar a amplitude da restituição.” STF. 1ª Turma. HC 165312/SP,
Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 14/4/2020 (Info 973).

E se o agente restituir a coisa ou reparar o dano após o recebimento da denúncia?


R.: Nesse caso, ele não será beneficiado pelo arrependimento posterior, mas é uma
circunstância atenuante (art. 65, III, “b”, CP)

Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: III - ter o agente:
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime,
evitar-lhe ou minorar-lhe as conseqüências, ou ter, antes do julgamento, reparado
o dano;

(4) Voluntariedade (diferente de espontaneidade).


Redução da pena de 1/3 a 2/3, a depender da celeridade e voluntariedade;

A causa de diminuição de pena relativa ao artigo 16 do Código Penal


(arrependimento posterior) somente tem aplicação se houver a integral reparação
do dano ou a restituição da coisa antes do recebimento da denúncia, variando o
índice de redução da pena em função da maior ou menor celeridade no
ressarcimento do prejuízo à vítima. STJ. 6ª Turma. HC 338840/SC, Rel. Min. Maria
Thereza de Assis Moura, julgado em 04/02/2016.

d) Algumas características:
● A reparação do dano ou restituição da coisa tem natureza objetiva, razão pela qual
comunica-se aos demais coautores e partícipes do crime (majoritário).
● A recusa do ofendido NÃO impede a redução da pena.

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● Em algumas situações, não se aplicará pelo fato de existir norma específica mais favorável
para o caso de haver reparação do dano, como por exemplo, extinção da punibilidade, ex:
apropriação indébita, crimes de menor potencial ofensivo, peculato culposo etc.

STJ-REsp 1.187.976: o arrependimento posterior tem natureza objetiva. Portanto,


a reparação do dano ou restituição da coisa efetuada por um dos agentes estende
o benefício aos demais.

REGRAS ESPECIAIS DIANTE DA REGRA GERAL DO ARREPENDIMENTO POSTERIOR:

1. PECULATO CULPOSO
● Reparação do dano até a sentença irrecorrível — extinção da punibilidade
● Reparação do dano após a sentença irrecorrível — redução de ½ da pena

Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro


bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-
lo, em proveito próprio ou alheio:
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença
irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena
imposta.

2. APROPROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA

Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos


contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

§ 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e


efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as
informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento,
antes do início da ação fiscal.

3. ESTELIONATO PELA EMISSÃO DE CHEQUE SEM FUNDOS

A Súmula 554 do STF não incide para qualquer estelionato, mas apenas quando há emissão de
cheque sem fundo.
Assim, se o pagamento for antes do recebimento da denúncia, objetaria /impediria o prosseguimento
da ação penal.
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Súmula 554. O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o


recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação penal.

Olho na jurisprudência! Não cabe arrependimento posterior no homicídio culposo praticado


no trânsito! Veja o teor do informativo 590 do STJ.

Não se aplica o instituto do arrependimento posterior (art. 16 do CP) para o


homicídio culposo na direção de veículo automotor (art. 302 do CTB) mesmo que
tenha sido realizada composição civil entre o autor do crime a família da vítima.
Para que seja possível aplicar a causa de diminuição de pena prevista no art. 16 do
CP é indispensável que o crime praticado seja patrimonial ou possua efeitos
patrimoniais. O arrependimento posterior exige a reparação do dano e isso é
impossível no caso do homicídio. STJ. 6ª Turma. REsp 1561276-BA.

DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA ARREPENDIMENTO EFICAZ ARREPENDIMENTO


POSTERIOR
O agente desiste de continuar a executar O agente utiliza todos os meios de O resultado já foi produzido e
o crime quando ainda há meios de execução disponíveis, mas se o agente repara o dano ou
execução disponíveis arrepende e age para impedir que o restitui a coisa objeto do crime
resultado seja produzido. até o recebimento da
denúncia ou da queixa
Execução em andamento Execução concluída Execução concluída
Exemplo: o agente que entrou em uma Exemplo: o agente, com animus Exemplo: o agente furta um
casa para furtar e desiste voluntariamente necandi, desfere tiros contra a vítima objeto e após a consumação e
da execução responde somente pela e esgota a execução, mas se antes do recebimento da
violação de domicílio (ato já praticado). arrepende e a conduz ao hospital. Se denúncia ou queixa, restitui o
Atenção: é possível que os atos praticados a vítima sobreviver, o agente objeto ao proprietário
não configurem crime e o agente fique responderá apenas pelas lesões já legítimo.
impune. praticadas (se houver).
Responde apenas pelos atos já praticados Responde apenas pelos atos já Éa "ponte de prata" de Von
praticados Liszt"; o crime está consumado
e o agente não pode ser
beneficiado com a exclusão da
tipicidade, mas poderá ter a
pena reduzida.
São formas de tentativa abandonada ou qualificada

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Tabela(adaptada) retirada do livro Direito Penal em Tabelas – Parte Geral – Martina Correia – 2017, grifo
nosso

7. CRIME IMPOSSÍVEL (ART. 17, CPC)

Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por
absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.

a) Conceito: Verifica-se quando jamais ocorrerá a consumação, seja pela ineficácia absoluta do
meio, ou por absoluta impropriedade do objeto. Também conhecido por “tentativa inidônea, tentativa
inadequada, tentativa impossível ou quase crime”.

b) Natureza jurídica: Causa de exclusão da tipicidade

c) Espécies de crime impossível:


● Por ineficácia absoluta do meio de execução: O meio de execução é incapaz de produzir o
resultado. A idoneidade deve ser analisada no caso concreto.
● Por impropriedade absoluta do objeto: O objeto material é impróprio quando inexiste antes
do início da execução do crime.

Súmula 145, STF: “não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia
torna impossível a sua consumação”. Segundo Greco, “por intermédio da Súmula
n° 145 do STF foi pacificado o entendimento daquela Corte no sentido de que, em
determinadas situações, se a polícia preparar o flagrante de modo a tornar
impossível a consumação do delito, tal situação importará em crime impossível,
não havendo, por conseguinte, qualquer conduta que esteja a merecer a
reprimenda do Estado”.

ATENÇÃO!!! O PACOTE ANTICRIME INSERIU, NA LEI DE DROGAS E NO ESTATUTO


DO DESARMAMENTO, A FIGURA DO “POLICIAL DISFARÇADO”, COM O INTUITO
EXATAMENTE DE EVITAR QUE OCORRA O CRIME IMPOSSÍVEL EM RAZÃO DO
FLAGRANTE PREPARADO QUANDO HOUVER INDÍCIOS PROBATÓRIOS DE
CONDUTA CRIMINOSA PREEXISTENTE!

Súmula 567 - Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por


existência de segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não
torna impossível a configuração do crime de furto.

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d) Teorias sobre o crime impossível:


1) Subjetiva: O crime impossível deve receber a mesma punição que o crime consumado, pois
o agente tem uma vontade ilícita e essa vontade deve ser punida.
2) Sintomática: o crime impossível revela a periculosidade do agente, portanto, o agente deve
suportar uma medida de segurança.
3) Objetiva – essa teoria leva em conta a potencialidade da conduta para ofender o bem
jurídico. Quando a conduta não tem potencialidade, surge a chamada inidoneidade. A teoria objetiva
se divide em duas:
- Teoria objetiva pura: havendo inidoneidade, não importa se absoluta ou relativa,
será caso de crime impossível – não admite a tentativa, pois sempre que o agente não
conseguir consumar o crime será caso de crime impossível;
- Teoria objetiva temperada ou intermediária: se a idoneidade for absoluta o crime é
impossível, se a inidoneidade for relativa, será hipótese de tentativa. Adotada pelo CP.

e) Crime putativo x crime impossível:


● Crime impossível: O autor, com intenção de cometer o delito, NÃO consegue, pela
inidoneidade do meio ou do objeto material.
● Crime putativo: O agente, embora acredite praticar fato típico, realiza um indiferente
penal. (Ex.: Agente que comete adultério e pensa ser um ilícito penal)

Já caiu em prova e foi considerada INCORRETA a seguinte assertiva: Crime impossível e delito
putativo são considerados pela doutrina como expressões sinônimas.

VUNESP - 2018 - PC-SP - Investigador de Polícia


Quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é
impraticável consumar-se o crime, configura-se o instituto

A) da tentativa.
B) do arrependimento eficaz.
C) da desistência voluntária.
D) do arrependimento posterior.
E) do crime impossível.

Resposta: letra E. Definição do conceito de crime impossível.

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Referências Bibliográficas:

- Direito Penal – Parte Geral – Volume 1 – 13ª edição – Cleber Masson;


- Sinopse nº1 – Direito Penal – Parte geral – 7ª edição – Alexandre Salim e Marcelo André de Azevedo;
- Manual de Direito Penal – Parte geral – 7ª edição – Rogério Sanches Cunha.
- Direito Penal – Parte Geral – Fábio Roque Araújo e Vinícius Assumpção – Coleção Resumos para Concursos
– vol.9;
- Site Dizer o Direito – www.dizerodireito.com.br
- Curso de Direito Penal – Parte Geral – Volume 1 – 21ª edição – Rogério Greco
- Direito Penal em Tabelas – Parte Geral – Martina Correia – 2017.

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QUESTÕES PROPOSTAS

1 - 2021 - FGV - PC-RJ - FGV - 2021 - PC-RJ - Inspetor de Polícia Civil


Durante as comemorações do carnaval, na cidade do Rio de Janeiro, Asclépio se desloca ao Centro, para
acompanhar famoso bloco de foliões. Mergulhado na festividade e sob o sol impiedoso, passa a ingerir
diversas bebidas. Desatento às filas formadas nos mictórios químicos, é acometido por intensa vontade de
urinar. Procurando rua lateral, ao pé de uma árvore, passa a urinar, oportunidade em que é abordado pela
Guarda Municipal e encaminhado para a unidade de Polícia Judiciária.
Quanto à conduta desenvolvida por Asclépio, é correto afirmar que:

A-é atípica;
B-constitui ato obsceno;
C-constitui importunação sexual;
D-constitui objeto obsceno;
E-constitui assédio sexual.

2 - 2021 - FGV - PC-RJ - FGV - 2021 - PC-RJ - Inspetor de Polícia Civil


Em determinado set de filmagens, Hades, produtor técnico, entrega arma de fogo verdadeira, devidamente
municiada, para o ator Ares, fazendo-o acreditar que se trata de arma cenográfica, sem potencial de efetuar
disparos. Já tendo lido o script e presenciado os ensaios, Hades sabia previamente que, nas cenas que seriam
filmadas, Ares deveria apontar a arma para Atena e, após breve diálogo, efetuar o disparo para a cena fatal.
Querendo a morte de Atena, em razão de desavenças pretéritas, Hades faz a substituição da arma,
fornecendo-a diretamente a Ares, irrogando o famoso “quebre a perna”. Ares efetua o disparo e ceifa a vida
de Atena.
Do ponto de vista jurídico-penal:

A-Ares e Hades responderão por homicídio doloso, o primeiro como autor e o segundo como partícipe;
B-Ares e Hades responderão por homicídio doloso, o primeiro como partícipe e o segundo como autor;
C-Ares e Hades responderão por homicídio doloso, como coautores;
D-Ares responderá por homicídio culposo e Hades por homicídio doloso;
E-Ares não responderá por crime e Hades responderá por homicídio doloso.

3- 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia - Prova Anulada
Acerca de crimes contra a pessoa, julgue o item a seguir.

Para fins de tipificação penal, admite-se a possibilidade de incidência da qualificadora do motivo torpe em
caso de crime de feminicídio, visto que este possui natureza objetiva na qualificadora do crime de homicídio,
não havendo, com as incidências, bis in idem.
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Certo
Errado

4 - 2021 - NC-UFPR - PC-PR - NC-UFPR - 2021 - PC-PR - Investigador de Polícia / Papiloscopista


Acerca do erro de tipo e do erro de proibição (erro sobre a ilicitude do fato), considere as seguintes
afirmativas:

1. O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime
culposo, se previsto em lei.
2. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a
um terço.
3. Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando
lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.
4. Enquanto o erro de tipo é uma falsa representação da realidade que recai sobre elemento do tipo penal,
o erro de proibição é um erro de valoração que recai sobre o que é lícito ou ilícito.

Assinale a alternativa correta.

A-Somente a afirmativa 4 é verdadeira.


B-Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.
C-Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.
D-Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
E-As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.

5 - 2021 - NC-UFPR - PC-PR - NC-UFPR - 2021 - PC-PR - Investigador de Polícia / Papiloscopista


Considere o seguinte caso hipotético:

A.J. e B.J são irmãos gêmeos com 17 anos de idade. Em certa ocasião, após uma discussão, B.J. atacou A.J.
com uma faca, com o nítido propósito de matar. Porém, antes de ser atingido pelo golpe de B.J., A.J.
conseguiu se desviar e empurrou B.J., que foi ao chão. Na queda, B.J. caiu com o abdômen sobre a faca,
sofrendo uma grave perfuração. Depois disso, A.J. ainda prestou socorro a B.J., o que acabou salvando a vida
de B.J.

A partir das noções sobre a teoria do delito aplicadas a esse caso, assinale a alternativa correta.

A-A.J. não cometeu crime porque praticou uma conduta atípica.

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B-Apesar de praticar uma conduta ilícita, A.J. não cometeu crime porque agiu sem culpabilidade por ser
menor de 18 anos.
C-Apesar de praticar uma conduta ilícita, A.J. não cometeu crime porque agiu sem culpabilidade por estar
sob coação irresistível.
D-Apesar de praticar uma conduta típica, A.J. não cometeu crime porque a conduta é justificada pela legítima
defesa.
E-A.J. não cometeu crime porque a conduta é justificada pelo estado de necessidade exculpante.

6 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil


Carolina é empregada doméstica na residência de Letícia e Jorge e recebeu uma cópia da chave que dá acesso
à casa de seus patrões. Todavia, o companheiro de Carolina, Ricardo, aproveitando-se do fato de que a
referida chave estava à vista e sem vigilância, fez uma cópia do objeto e utilizou essa cópia para entrar na
casa de Letícia e Jorge e, de lá, subtraiu bens e valores, que totalizaram um prejuízo de R$100.000,00 às
vítimas.
Nessa hipótese, é correto afirmar que Carolina

A-poderá responder como partícipe do furto praticado por Ricardo.


B-poderá responder como coautora do furto praticado por Ricardo.
C-pode ser classificada como autora mediata do furto.
D-poderá responder culposamente pelo delito de furto.
E-não praticou crime algum.

7- 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil


Segundo a teoria tripartite, majoritariamente adotada, o delito é composto de fato típico, ilicitude e
culpabilidade. São elementos do fato típico:

A-tipicidade, ilicitude, imputabilidade.


B-conduta dolosa ou culposa, ausência de situações justificantes, imputabilidade.
C-conduta dolosa ou culposa, resultado, nexo causal e tipicidade.
D-tipicidade, ausência de situações justificantes, culpabilidade.
E-tipicidade formal, tipicidade material, ausência de situações justificantes e imputabilidade.

8 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil


João e José desejam a morte de Joaquim e ambos, em ocasiões distintas, mas próximas no tempo, sem
qualquer conhecimento da intenção do outro, ajuste ou mesmo combinação prévia, atiram contra a vítima.
Joaquim morre em decorrência de um dos tiros; o outro, conforme exame pericial feito, atingiu a vítima
somente de raspão. Todavia, mesmo com a perícia, não restou verificada a autoria do tiro que atingiu
mortalmente Joaquim.
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SEMANA 01/13

Nessa hipótese, é correto afirmar que João e José respondem por delito de

A-homicídio doloso na modalidade tentada, com a incidência do concurso de pessoas.


B-homicídio doloso consumado, sem a incidência do concurso de pessoas.
C-homicídio doloso na modalidade tentada, sem a incidência do concurso de pessoas.
D-homicídio doloso consumado, com a incidência do concurso de pessoas.
E-homicídio culposo, sem a incidência do concurso de pessoas.

9 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil


Rafael conta a Sandra que tem intenção de matar Raimundo e pede opinião da amiga. Sandra, que
secretamente desejava a morte dessa mesma pessoa, incentiva que Rafael pratique delito de homicídio
contra Raimundo. Influenciado pelas palavras de Sandra, Rafael chama Raimundo para sair com o objetivo
de matá-lo. Todavia, poucas horas antes, Rafael desiste e manda mensagem para Raimundo desmarcando o
encontro.

Nessa hipótese, assinale a alternativa correta.

A-Rafael e Sandra devem responder por tentativa de homicídio praticado em concurso de pessoas.
B-Nem Rafael nem Sandra poderão ser responsabilizados penalmente.
C-Apenas Rafael deve responder por tentativa de homicídio.
D-Caso Rafael viesse, efetivamente, a matar Raimundo, Sandra poderia ser considerada coautora do delito.
E-Apenas Sandra deve responder pelo delito de tentativa de homicídio, a título de participação, pois Rafael
beneficia-se da desistência voluntária.

10 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil


Segundo a Teoria da Tipicidade Conglobante, aquele que atua em estrito cumprimento do dever legal ou no
exercício regular do direito

A-não pratica crime, pois, embora o fato seja típico, não há ilicitude na conduta.
B-não pratica crime, pois ausente a culpabilidade em decorrência da inexigibilidade de conduta diversa.
C-pratica fato típico, ilícito, culpável, mas não punível por questões de política criminal.
D-fica isento de pena por questões de política criminal.
E-não pratica crime, pois o fato sequer seria típico, tendo em vista que o agente não atuou
antinormativamente.

11- 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil
Jane e Breno objetivam matar Marly por envenenamento. Dessa forma, Jane adiciona uma dose do veneno
X na sopa de Marly e, posteriormente, Breno adiciona uma dose do veneno Y no suco da vítima. Toda a ação
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SEMANA 01/13

foi combinada entre ambos. Tanto a sopa quanto o suco são ingeridos pela vítima em uma mesma refeição
e, cerca de três horas após, Marly vem a falecer. A perícia constata, no respectivo exame, que a morte da
vítima se deu pela ação conjunta dos venenos X e Y, deixando claro que, isoladamente, nenhum dos venenos
seria capaz de matar a vítima, apenas a ação conjunta deles o faria, o que efetivamente ocorreu.

Nessa hipótese, assinale a alternativa correta.

A-Jane e Breno responderão a título de tentativa pelo delito de homicídio doloso qualificado praticado em
concurso de agentes.
B-Jane e Breno responderão por homicídio culposo consumado praticado em concurso de agentes.
C-Jane e Breno responderão por homicídio doloso qualificado consumado, mas sem a incidência do concurso
de agentes.
D-Jane e Breno responderão pelo homicídio doloso qualificado consumado praticado em concurso de
agentes.
E-Jane e Breno responderão a título de tentativa pelo delito de homicídio doloso qualificado, mas sem a
incidência do concurso de agentes.

12- 2019 - INSTITUTO AOCP - PC-ES - INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Investigador
Assinale a alternativa correta.

A-O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se
evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
B-Se o fato é cometido sob coação resistível, só é punível o autor da coação.
C-Se o fato é cometido em estrita obediência à ordem, ainda que manifestamente ilegal, de superior
hierárquico, só é punível o autor da ordem.
D-O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado isenta de pena.
E-O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo e não permite a punição por crime
culposo, ainda que previsto em lei.

13 - 2019 - INSTITUTO AOCP - PC-ES - INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Investigador


Assinale a alternativa que apresenta crimes que admitem a forma culposa.

A-Homicídio, lesão corporal e emprego irregular de verbas ou rendas públicas.


B-Concussão, injúria e dano.
C-Prevaricação, homicídio e omissão de socorro.
D-Homicídio, lesão corporal e peculato.
E-Advocacia administrativa, dano e lesão corporal.

372
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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

14 - 2019 - INSTITUTO AOCP - PC-ES - INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia
Classifica-se como crime tentado quando, iniciada a execução, não se consuma

A-por circunstâncias alheias à vontade do agente.


B-por inabilidade do agente.
C-por desistência do agente.
D-pela deterioração do objeto.
E-em razão da atipicidade da conduta.

15 - 2019 - INSTITUTO AOCP - PC-ES - INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia
Quando um sujeito dispara um projétil de arma de fogo contra um indivíduo, mas acaba ferindo mortalmente
apenas o sujeito que se encontrava ao lado, ele responderá por

A-homicídio consumado e por tentativa de homicídio.


B-duplo homicídio.
C-homicídio culposo.
D-homicídio por dolo eventual.
E-homicídio como se tivesse acertado o destinatário pretendido.

16 - 2019 - INSTITUTO AOCP - PC-ES - INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia
Considera-se crime culposo quando

A-o agente atinge o resultado delitivo requerido.


B-o agente impede que resultado delitivo se conclua.
C-o agente não quer o resultado delitivo, mas assume o risco de se realizar.
D-o agente pratica a conduta por imperícia, imprudência ou negligência.
E-o delito se agrava por resultado diverso do pretendido.

17 - 2018 - VUNESP - PC-BA - VUNESP - 2018 - PC-BA - Escrivão de Polícia


Dentro do tema do crime consumado e tentado, é correto afirmar que

A-os crimes unissubsistentes admitem tentativa.


B-os crimes omissivos impróprios consumam-se com a ação ou omissão prevista e punida na norma penal
incriminadora.
C-só haverá consumação do crime quando ocorre resultado naturalístico ou material.
D-há tentativa cruenta quando o objeto material não é atingido, ou seja, o bem jurídico não é lesionado.
E-não admitem tentativa os crimes de atentado ou de empreendimento.

373
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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

18 - 2018 - FCC - Câmara Legislativa do Distrito Federal - FCC - 2018 - Câmara Legislativa do Distrito Federal
- Inspetor de Polícia Legislativa
Considerando o que estabelece o Código Penal, associe as duas colunas relacionando os conceitos com a sua
definição.

I. Delito putativo por erro de tipo.


II. Aberratio ictus.
III. Erro de proibição.
IV. Aberratio criminis.

a. O agente percebe a realidade, equivocando-se sobre regra de conduta.


b. Acidente ou erro no emprego executório culminando por atingir bem jurídico diferente do pretendido.
c. O comportamento do agente, subjetivamente, é criminoso, mas objetivamente o ato não se enquadra no
tipo penal.
d. Desvio no golpe ou erro na execução culminando por atingir pessoa diversa da pretendida.

A-I-a; II-b; III-c; IV-d.


B-I-c; II-d; III-b; IV-a.
C-I-b; II-a; III-c; IV-d.
D-I-c; II-b; III-a; IV-d.
E-I-c; II-d; III-a; IV-b.

19 - 2018 - COPS-UEL - PC-PR - COPS-UEL - 2018 - PC-PR - Escrivão de Polícia


A respeito da teoria jurídica do delito, em especial da tipicidade, atribua V (verdadeiro) ou F (falso) às
afirmativas a seguir.

( ) Pela adequação típica mediata ou indireta, haverá subsunção da conduta ao tipo penal por meio de uma
outra norma, de caráter extensivo.
( ) A tipicidade, como elemento integrador do conceito de delito, expressa a contrariedade do fato com todo
o ordenamento jurídico.
( ) De acordo com a teoria indiciária da tipicidade, também chamada de ratio cognoscendi, a tipicidade
possui uma finalidade unicamente descritiva, nada indicando a respeito da ilicitude.
( ) Pelo caráter excepcional do delito culposo, salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por
fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.
( ) No chamado dolo eventual, o agente prevê o resultado danoso como possível, mas não o deseja
diretamente e ainda tem a convicção de que não ocorrerá.

Assinale a alternativa que contém, de cima para baixo, a sequência correta.


374
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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

A-V, V, F, F, F.
B-V, F, V, V, F.
C-V, F, F, V, F.
D-F, V, F, F, V.
E-F, F, V, V, V.

20 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE - 2018 - Polícia Federal - Papiloscopista Policial
Federal
Na tentativa de entrar em território brasileiro com drogas ilícitas a bordo de um veículo, um traficante
disparou um tiro contra agente policial federal que estava em missão em unidade fronteiriça. Após troca de
tiros, outros agentes prenderam o traficante em flagrante, conduziram-no à autoridade policial local e
levaram o colega ferido ao hospital da região.

Nessa situação hipotética,

se o policial ferido não falecer em decorrência do tiro disparado pelo traficante, estar-se-á diante de
homicídio tentado, que, no caso, terá como elementos caracterizadores: a conduta dolosa do traficante; o
ingresso do traficante nos atos preparatórios; e a impossibilidade de se chegar à consumação do crime por
circunstâncias alheias à vontade do traficante.

Certo
Errado

Respostas12

12
1: A 2: E 3: C 4: E 5: D 6: E 7: C 8: C 9: B 10: E 11: D 12: A 13: D 14: A 15: E 16: D 17: E 18: E 19: C 20: E
375
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SEMANA 01/13

META 6 – REVISÃO SEMANAL

DIREITO CONSTITUCIONAL: TEORIA CONSTITUCIONAL

TODOS OS ARTIGOS
⦁ Art. 3º do ADCT
⦁ Arts. 1º a 4º da CF/88 → saber na ponta da língua. Despenca em prova;
⦁ Art. 34, CF/88
⦁ Art. 60, CF/88 → saber na ponta da língua. Despenca em prova;
⦁ Arts. 136 e 137, CF/88
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO PODEM DEIXAR DE LER

⦁ Art. 34, inc. VII, CF/88


⦁ Art. 60, CF/88 (muito importante!)

376
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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

DIREITO PENAL: NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS

TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA

CF/88
⦁ Art. 5º, II
⦁ Art. 5º, XLI, XLII, XLIII, XLIV, XLV e XLVII
⦁ Art. 5º, XXXIX
⦁ Art. 5º, §3º
⦁ art. 7º, X
⦁ Art. 22, I e §único
⦁ art. 227, § 4º

CP
⦁ Art. 1º
⦁ Art. 59
⦁ Art. 71

OUTROS DIPLOMAS LEGAIS


⦁ Art. 8°, itens 2 e 5, CADH
⦁ Art. 8º, item 4 do Pacto de São José da Costa Rica

ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!

⦁ Art. 5º, XLI, XLII, XLIII, XLIV, XLV e XLVII, CF/88


⦁ Art. 5º, XXXIX, CF/88
⦁ Art. 22, I e §único, CF/88
⦁ Art. 1º, CP

377
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SEMANA 01/13

DIREITO CONSTITUCIONAL: REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS

TODOS OS ARTIGOS
CF/88
⦁ Art. 5º, inc. LXVIII a LXXIII,
⦁ Art. 5, inc. LXXVII,
⦁ Art. 102, inc. I, “d”, “i” e “q”
⦁ Art. 102, inc. II, “a”
⦁ Art. 105, inc. I, “b”, “c” e “h”
⦁ Art. 105, inc. II, “a”
⦁ Art. 108, inc. I, “c” e “d”
⦁ Art. 108, inc. VII e VIII
⦁ Art. 121, §3º e §4º, inc. V
⦁ Art. 142, §2º

CPP
⦁ Art. 3-B, inc. XII
⦁ Art. 574, I
⦁ Art. 581, X
⦁ Art. 612
⦁ Arts. 647 a 667

OUTROS DIPLOMAS LEGAIS:


⦁ Lei 9507/97 (habeas data)
⦁ Lei 12.016/2009 (mandado de segurança)
⦁ Lei 13.300/2016 (mandado de injunção)
⦁ Lei 4717/65 (ação popular)
⦁ Art. 23, 24, 30, 32 e 41-A, Lei 8038/90

ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO PODEM DEIXAR DE LER!


CF/88
⦁ Art. 5º, inc. LXVIII a LXXIII
⦁ Art. 5, inc. LXXVII

CPP
⦁ Art. 3º-B, inc. XXII
⦁ Arts. 647, 648, 651

378
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SEMANA 01/13

⦁ Art. 654, caput.


⦁ Art. 655 e 656
⦁ Art. 660, §§ 1º e 4º

LEI 9507/97 (HABEAS DATA)


⦁ Art. 4º
⦁ Art. 7º
⦁ Art. 8º, §único
⦁ Art. 19

LEI 12.016/2009 (MANDADO DE SEGURANÇA)


⦁ Art. 1º e 3º
⦁ Art. 6º, caput
⦁ Art. 7º, inc. I e §4º
⦁ Art. 8º a 10º
⦁ Arts. 14 e 20
⦁ Arts. 21 a 23
⦁ Art. 26

LEI 13.300/2016 (MANDADO DE INJUNÇÃO)


⦁ Arts. 2º e 3º
⦁ Art. 8º e 9º
⦁ Arts. 11 a 13

379
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SEMANA 01/13

DIREITO PENAL: APLICAÇÃO DA LEI PENAL

TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA

⦁ Art. 1º ao 12º, CP
⦁ Art. 71, CP
⦁ Art. 107, III, CP
⦁ Art. 70, CPP (análise comparativa com o art. 6º, CP)
⦁ Art. 2°, Lei 9.455/97
⦁ Art. 53, CF/88
⦁ Decreto. 56.435/65
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!

⦁ Art 1º ao 7º, CP (leitura indispensável)


⦁ Art. 70, CPP (análise comparativa com o art. 6º, CP)
⦁ Art. 53, CF/88

380
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SEMANA 01/13

DIREITO CONSTITUCIONAL: DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA

CF/88
⦁ Art. 1º, III
⦁ Art. 3º
⦁ Art. 4º, 5º, 6º e 7º
⦁ Art. 8º a 11º

OUTROS DIPLOMAS LEGAIS


⦁ Lei 9296/96 (Lei de interceptação telefônica)
⦁ Lei 9.455/97 (Lei de tortura)
⦁ Lei 7716/90 (Lei de racismo)
⦁ Lei 12.037/09 (Lei do Identificação criminal)
⦁ Lei 12.016/09 (Lei do Mandado de Segurança)
⦁ Lei. 13.300/16 (Lei do Mandado de Injunção)
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!

PRINCIPAIS INCISOS DO ART. 5º, CF/88:


⦁ Inc. I, II, IV
⦁ Inc. III e XLII (leitura conjunta com a Lei 7716/90)
⦁ Inc. VIII (leitura conjunta com o art. 15, IV, CF/88)
⦁ Inc. XI (leitura conjunta com os arts. 3-B, XI; 240, §1º e 243 do CPP)
⦁ Inc. XII (leitura conjunta com a Lei 9296/96)
⦁ Inc. XVI a XXI (muito cobrados em prova objetiva!)
⦁ Inc. XXXIII a XXXV
⦁ Inc. XXXVII (leitura conjunta com o inc. LIII – princípio do juiz natural)
⦁ Inc. XXXIX e XL (leitura conjunta com o art. 1º e 2º do CP)
⦁ Inc. XLIII a LV (leitura obrigatória!)
⦁ Inc. LVI (leitura conjunta com o art. 157, CPP)
⦁ Inc. LVII e LX
⦁ Inc. LVIII (leitura conjunta com o art. 3º, 4º e 5º da Lei 12.037/09)
⦁ Inc. LXI a LXVII (leitura conjunta com os art. 301 a 310, CPP)
⦁ Inc. LXVIII
⦁ Inc. LXIX e LXX (leitura conjunta com a Lei 12.016/09)
⦁ Inc. LXXI (leitura conjunta com a Lei 13.300/16)
⦁ Inc. LXXII a LXXVIII

381
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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

⦁ §§1º e 3º

382
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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

DIREITO CONSTITUCIONAL: DIREITOS DA NACIONALIDADE

TODOS OS ARTIGOS
CF/88
⦁ Art. 12 (leitura completa)
⦁ Art. 13 (leitura completa)
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO PODEM DEIXAR DE LER

CF/88
⦁ Art. 12, I e II
⦁ Art. 12, §3º, §4º

383
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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

DIREITO CONSTITUCIONAL: DIREITOS POLÍTICOS

TODOS OS ARTIGOS
CF/88
⦁ Art. 14 a 17
⦁ Art. 37, §4º
⦁ Art. 55, IV
⦁ Art. 62, §1º, “a”,
⦁ Art. 68, §1º, II
⦁ Art. 85, III
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO PODEM DEIXAR DE LER

CF/88
⦁ Art. 14 e 15 (leitura completa! Importantíssimo!)
⦁ Art. 37, §4º

384
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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

DIREITO PENAL: TEORIA DO CRIME (PARTE I)

TODOS OS ARTIGOS
⦁ Art. 1, CP
⦁ Art. 13. §2º, CP
⦁ Art. 14, CP
⦁ Art. 75, CP
⦁ Art. 1º a 10º da Lei de Contravenções Penais (DL 3688/41)
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO PODEM DEIXAR DE LER
⦁ Art. 1, CP
⦁ Art. 13. §2º, CP
⦁ Art. 14, CP
⦁ Art. 75, CP

385
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ESCRIVÃO E INVESTIGADOR

SEMANA 01/13

DIREITO PENAL: TEORIA DO CRIME (PARTE II)

ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA

⦁ Art. 13, caput e §1º, CP


⦁ Art. 15 a 19, CP
⦁ Art. 20, §1º, CP
⦁ Art. 4º, Lei de Contravenções Penais
⦁ Art. 33, Código Penal Militar

ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO PODEM DEIXAR DE LER

⦁ Art. 13, caput e §1º, CP (muito, muito, muito importante! Não vá para a prova sem ter este artigo
decorado na ponta da língua!)
⦁ Art. 15 a 17, CP

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