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RESUMOS TOPIFICADOS
SEMANA 07
RETA FINAL
Sumário
DIREITO PENAL: CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL ................................................................................. 7
1. DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL ................................................................................................. 7
1.1 Estupro (Art. 213, CP) ............................................................................................................................................... 7
1.1.1 Análise Do Caput ................................................................................................................................................ 7
1.1.2 Qualificadoras .................................................................................................................................................... 9
1.2 Violação Sexual Mediante Fraude (Art. 215) ............................................................................................................ 9
1.3 Importunação Sexual (Art. 215-A) .......................................................................................................................... 10
1.4 Assédio Sexual (Art. 216-A) .................................................................................................................................... 11
1.5 Da Exposição da Intimidade Sexual ................................................................................................................. 11
2. DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEIS ............................................................................................ 13
2.1 Estupro de Vulnerável (Art. 217-A) ........................................................................................................................ 13
2.2 Mediação de Menor Vulnerável para Satisfazer a Lascívia de Outrem (Corrupção de Menores) (Art. 218) .. 15
2.3 Satisfação de Lascívia Mediante Presença de Criança ou Adolescente (Art. 218-A) .............................................. 16
2.4 Favorecimento da Prostituição ou de Outra Forma de Exploração Sexual de Criança ou Adolescente ou de
Vulnerável (Art. 218-B) ................................................................................................................................................. 16
2.5 Divulgação de Cena de Estupro ou de Cena de Estupro de Vulnerável, de Cena de Sexo ou de Pornografia (Art.
218-C). (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018) ............................................................................................................. 17
2.5.1 Considerações importantes: ............................................................................................................................ 18
2.5.2 Aumento de pena ............................................................................................................................................ 19
Trata-se da chamada “revenge porn” ou “pornografia de vingança”. Mesmo que o agente que mantém ou tenha
mantido relação íntima de afeto com a vítima divulgue as imagens SEM o intuito de vingança ou humilhação a
majorante restará configurada, já que o termo “OU” denota situações autônomas, não exigindo da primeira
especial finalidade. ................................................................................................................................................... 19
2.5.3 Exclusão de ilicitude......................................................................................................................................... 19
3. DISPOSIÇÕES GERAIS ................................................................................................................................... 19
3.1 Ação Penal nos Crimes Sexuais (Art. 225) .............................................................................................................. 19
3.2 Causas de Aumento de Pena (Art. 226) .................................................................................................................. 20
4. OUTROS TIPOS PENAIS ................................................................................................................................ 20
4.1 Mediação para Servir a Lascívia de Outrem (Art. 227) ........................................................................................... 20
4.2 Favorecimento da Prostituição ou Outra Forma de Exploração Sexual (Art. 228) ................................................. 21
a.3 Casa de Prostituição (Art. 229) ........................................................................................................................ 21
4.4 Rufianismo (Art. 230) ................................................................................................................................
...... 21
4.5 Do Ultraje Público ao Pudor - Ato Obsceno (Art. 233) ........................................................................................... 22
5. DISPOSIÇÕES GERAIS ................................................................................................................................... 22
DIREITO PENAL: DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA .................................................................................. 24
1. INCITAÇÃO AO CRIME (ART. 286) ................................................................................................................ 24
2. APOLOGIA DE CRIME OU CRIMINOSO (ART. 287) ....................................................................................... 25
3. ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA (ART. 288) .......................................................................................................... 25
4. CONSTITUIÇÃO DE MILÍCIA PRIVADA (ART. 288-A) ..................................................................................... 27
DIREITO PROCESSUAL PENAL: PRISÕES ........................................................................................................... 29
1. PRINCIPIOLOGIA DAS PRISÕES CAUTELARES ............................................................................................... 29
RETA FINAL
CÓDIGO PENAL
⦁ Art. 213 (análise comparativa com o art. 217-A)
⦁ Art. 215 e 215-A
⦁ Art. 216-B
⦁ Art. 218- e 218-C
⦁ Art. 226
⦁ Art. 228
⦁ Art. 233
⦁ Art. 234-A
OUTROS DISPOSITIVOS:
⦁ Art. 240, ECA
⦁ Art. 241-A e 241-D, ECA
⦁ Art. 244-A, ECA
⦁ Art. 1º, §1º, inc. V, VI e VIII, Lei 8072/90
● Ainda há a figura do atentado violento ao pudor no ordenamento jurídico? Sim, no Código Penal
Militar (art. 233, CPM).
c) Sujeitos do delito: Antes o crime era bipróprio, pois somente homem poderia ser sujeito ativo e apenas
mulher figurava como sujeito passivo. Hoje é crime bicomum.
• Antes adotava-se a tese de que não configurava o crime caso fosse cometido pelo marido contra a
esposa. Hoje não só configura, como é ainda causa de aumento de pena (art. 226, II do CP).
• Admite coautoria, participação e autoria mediata, inclusive à distância.
d) Objeto jurídico: Crime pluriofensivo que atenta a liberdade sexual, integridade física (se praticado com
violência) e liberdade individual (se praticado com grave ameaça).
f) Tipo objetivo: Pune os atos de libidinagem com violência ou grave ameaça. A conduta incriminada no atual
tipo penal é constranger que, de forma isolada configura o crime de constrangimento ilegal (art. 146), sendo
no art. 213 o meio para a prática de conjunção carnal ou outro ato libidinoso, sem o consentimento da vítima.
● O constrangimento pode ocorrer de duas formas: violência (vis absoluta) violência real, o emprego
de força física, ou grave ameaça (vis relativa) sendo esta a violência moral, consistente em promessa
de mal grave, capaz de aterrorizar a vítima, de modo a tolher sua liberdade sexual.
● Os atos de libidinagem é o gênero que tem como espécies a conjunção carnal e outros atos
libidinosos diversos (sexo oral, sexo anal etc).
Quando a lei diz “ou outro ato libidinoso diverso”, está autorizando interpretação analógica, ou seja, o
intérprete vai analisar se o ato praticado viola o bem jurídico do mesmo modo que a conjunção carnal.
● A jurisprudência e doutrina majoritária entendem que o crime de estupro DISPENSA o contato físico
entre o sujeito ativo e passivo, bastando o ato configure contemplação lasciva (STJ).
g) Elemento subjetivo: Dolo + Finalidade específica de agir (que é o que difere do delito de constrangimento
ilegal).
h) Consumação e tentativa: crime material, que se consuma com a prática da conjunção carnal ou dos atos
libidinosos. Admite a tentativa.
● Beijo lascivo (dotado de conotação sexual): Configura o “ato libidinoso” descrito nos arts. 213 e 217-
A do Código Penal (STJ).
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RETA FINAL
● Inseminação artificial forçada: Caso não haja prática sequer de ato libidinoso, não há estupro.
Restará configurado mero constrangimento ilegal, vez que o estupro exige conjunção carnal ou ato
libidinoso diverso. Assim, caso o ato resulte em gravidez, a situação não estaria inclusa na hipótese
em que não se pune o aborto.
● Estupro X Impotência sexual: É possível a ocorrência do estupro mesmo que o sujeito ativo tenha
disfunção erétil, na modalidade de atos libidinosos diversos da conjunção carnal.
● Violência ou grave ameaça contra terceira pessoa: Pode configurar o estupro, conforme doutrina
majoritária, por ser uma terrível forma de constrangimento.
● Agente que obrigue a vítima a presenciar/assistir ato sexual seu com terceira pessoa: NÃO
configura o estupro. Caso a vítima seja maior de 14 anos, o crime será de importunação sexual (art.
215-A, CP) ou constrangimento ilegal (art. 146), se houver o emprego de violência ou grave ameaça.
Caso seja menor de 14, o crime será o de satisfazer a lascívia mediante a presença de criança ou
adolescente (art. 218-A do CP).
● Dissenso da vítima: Caso o ato sexual se inicie contra a vontade da vítima, mas durante a vítima
concorde e termine consentido, resta desconfigurado o estupro. Por outro lado, caso o ato sexual se
inicie com o consentimento das duas partes, mas durante o ato, por uma razão qualquer um dos
envolvidos não queira continuar, exige-se da outra parte que seja cessada a sua atuação, sob pena
de caracterizar o tipo penal aqui estudado.
1.1.2 Qualificadoras
a) Estupro qualificado pela idade da vítima: vítima maior de 14 anos e menor de 18 anos. Se a vítima for
menor de 14 anos, o crime praticado será estupro de vulnerável. É necessário que o agente tenha ciência da
-se a responsabilidade objetiva.
idade, sob pena de não incidir a qualificadora, pois veda
b) Estupro qualificado pela lesão corporal grave ou morte: Em ambos os casos o resultado gravoso deve ser
preterdoloso. Se o agente teve dolo no resultado, responde pelo concurso de crimes.
a) Classificação: Crime de elevado potencial ofensivo, bicomum, material, de forma livre, comissivo,
instantâneo de dano, unissubjetivo e plurissubsistente.
d) Elemento subjetivo: dolo + elemento subjetivo específico. Ex.: irmão gêmeo que se faz passar pelo outro
irmão para ter relação sexual com a namorada dele.
e) Consumação e tentativa: crime material que se consuma com a prática do ato de libidinagem. Conforme
doutrina majoritária, é um tipo misto alternativo. Admite-se a tentativa.
a) Classificação: Crime de médio potencial ofensivo, bicomum, material, comissivo, de forma livre, de dano,
instantâneo, unissubjetivo e plurissubsistente. Não é hediondo.
b) Sujeitos do crime: crime comum (cuidado: somente maior de 14 anos pode anuir, caso contrário,
caracteriza-se o crime de estupro de vulnerável).
c) Conduta: núcleo verbal é praticar ato libidinoso, contra alguém e sem sua anuência.
● O tipo penal contém subsidiariedade expressa: aplicam-se as penas da importunação sexual se a
conduta não caracteriza crime mais grave.
● Não há violência ou grave ameaça.
● Exige que o ato libidinoso seja praticado contra alguém, pressupondo pessoa determinada.
d) Elemento subjetivo: dolo genérico + finalidade específica de satisfazer a própria lascívia ou de terceiro.
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a) Classificação: crime de menor potencial ofensivo na modalidade simples, de forma livre, comissivo,
instantâneo, de dano, unissubjetivo e pode ser unissubsistente ou plurissubsistente.
b) Bem jurídico tutelado: liberdade sexual, intimidade e dignidade das pessoas que estão em situação de
desigualdade em face de inferioridade hierárquica ou descendência inerente ao exercício de emprego, cargo
ou função.
c) Tipo subjetivo: dolo genérico + elemento subjetivo especial do tipo, consistente no "intuito de obter
vantagem ou favorecimento sexual".
e) Tipo objetivo: O tipo penal consiste em constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou
favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência
inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função.
1. Relação líder espiritual e fiel - É pacífico na doutrina e jurisprudência que se trata de fato atípico.
2. Relação professor e aluno - É possível a configuração de delito de assédio sexual (Resp. 1.759.135/SP,
6a Turma, julgado em 01/10/2019).
Em que consiste o crime? O agente produz (cria, financia) ou registra (fotografa, filma, grava etc.)
cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso, de caráter íntimo e privado, sem autorização dos participantes.
a) Bem jurídico protegido: dignidade sexual (caput) e honra da vítima (parágrafo único).
c) Elemento subjetivo - É o dolo. Não se exige especial fim de agir. Não admite modalidade culposa.
d) Tipo objetivo
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● Objeto material: cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado.
∘ A nudez pode ser total ou parcial;
e) Consumação e Tentativa Trata-se de crime formal, consumação antecipada ou resultado cortado (Autor
Masson) . Crime plurissubsistente – cabe tentativa
f) Princípio da especialidade
Rogério Sanches explica que, se o agente faz o registro
indevido e posteriormente divulga a cena, deve
responder pelos crimes dos arts. 216-B e 218-C em concurso material.
h) Infração de menor potencial ofensivo - Trata-se de infração de menor potencial ofensivo, de forma que
o rito é sumaríssimo (Lei nº 9.099/95), cabendo transação penal e suspensão condicional do processo.
i) Figura equiparada
● A fotografia, vídeo ou áudio não é verdadeiro. No caput, por sua vez, a cena registrada é verdadeira.
● Sujeitos – Crime bicomum.
● Elemento subjetivo - É o dolo. Não se exige especial fim de agir. Não admite modalidade culposa.
● Intuito de brincadeira - O crime se consuma ainda que o agente tenha feito a montagem com o
intuito apenas de diversão, ou seja, com a intenção de “brincar” com a vítima.
Alteração da Lei Maria da Penha: A Lei nº 13.772/2018 ainda promoveu uma pequena mudança na Lei nº
11.340/2006 (Lei Maria da Penha), em seu artigo 7º, inciso II, para deixar expresso que a violação da
intimidade da mulher é uma forma de violência doméstica, classificada como violência psicológica.
Não se tipifica a conduta prevista no artigo 216-B do CP a conduta de filmar, fotografar ou registrar
por outro meio de cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso, se um dos envolvidos for criança ou
adolescente, nesse caso, será o crime previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente, e não o do Código
Penal.
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ART. 216-B CP ART. 218-C CP ART. 240 DO ECA ART. 241 DO ECA
Produzir, Oferecer, trocar, disponibilizar, Produzir, Vender ou expor à
fotografar, filmar transmitir, vender ou expor à venda, reproduzir, dirigir, venda fotografia,
ou registrar, por distribuir, publicar ou divulgar, por fotografar, filmar vídeo ou outro
qualquer meio,qualquer meio - inclusive por meio de ou registrar, por registro que
conteúdo com cena comunicação de massa ou sistema de qualquer meio, contenha cena de
de nudez ou ato informática ou telemática -, fotografia, cena de sexo sexo explícito ou
sexual ou libidinosovídeo ou outro registro audiovisual que explícito ou pornográfica
de caráter íntimo e contenha cena de estupro ou de pornográfica, envolvendo criança
privado semestupro de vulnerável ou que faça envolvendo ou adolescente
autorização dos
apologia ou induza a sua prática, ou, criança ou
participantes: sem o consentimento da vítima, cena adolescente
de sexo, nudez ou pornografia.
Pena - detenção, de Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) Pena – reclusão, Pena – reclusão, de 4
6 (seis) meses a 1 anos, se o fato não constitui crime mais de 4 (quatro) a 8 (quatro) a 8 (oito)
(um) ano, e multa. grave. (oito) anos, e anos, e multa.
multa.
a) Classificação:
rime
c hediondo, de elevado potencial ofensivo, comum, material, de forma livre, comissivo,
instantâneo, de dano, unissubjetivo e plurissubsistente.
b) Sujeitos do delito:
● Sujeito passivo: Pessoa vulnerável.
∘ Vítima menor de 14 anos – trata-se de vulnerabilidade absoluta, presumida na Lei. Assim, não
importa se houve consentimento, pois este consentimento é tido como viciado.
Súmula 593-STJ: O crime de estupro de vulnerável configura-se com a conjunção carnal ou prática de ato
libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante o eventual consentimento da vítima para a prática do
ato, experiência sexual anterior ou existência de relacionamento amoroso com o agente.
∘ Aquele que, por enfermidade ou doença mental, não tem o necessário discernimento para a
prática do ato ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência:
● Sujeito ativo: Qualquer pessoa. Admite coautoria e participação.
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f) Consumação e tentativa: crime material, visto que o delito se consuma com a prática do ato de
libidinagem. Segundo doutrina majoritária é um tipo misto alternativo. Admite-se a tentativa.
Exceção de Romeu e Julieta: Teoria criada nos Estados Unidos, segundo a qual não se deve considerar
estupro de vulnerável quando a relação sexual for consentida e ocorrer com uma pessoa com diferença
etária de até cinco anos, tendo em vista que ambas as partes se encontram na mesma etapa de
desenvolvimento sexual. Assim, não caracterizaria estupro, por exemplo, a relação sexual consentida entre
uma menina de 13 anos e seu namorado de 18. No entanto, trata-se de teoria não aceita no Brasil.
Após esse julgado, o STJ trouxe novos casos, não admitindo a aplicação dessa tese, por se tratar de
um relacionamento em que não houve consentimentos dos pais:
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RETA FINAL
b) Conduta: Induzir é criar ideia que não existia. Não se confunde com instigar, que é reforçar ideia já
existente (fato atípico).
c) Sujeitos do delito:
● Sujeito ativo: Qualquer pessoa.
● Sujeito passivo: Pessoa menor de 14 anos.
Sujeito passivo maior de 18 anos → crime de lenocínio simples (art. 227, caput)
Sujeito passivo maior de 14 anos e menor de 18 anos → crime de lenocínio qualificado (art. 227, §1º)
Quando se trata da corrupção sexual de maior de 14 anos de idade, o entendimento do STJ é que houve
abolitio criminis. Segundo a jurisprudência deste Corte Superior, a corrupção sexual de maiores de 14
(quatorze) anos e menores de 18 (dezoito) deixou de ser tipificada no Código Penal, ensejando abolitio
criminis (STJ, RHC 37606/MT).
e) Elemento subjetivo: Dolo, consistente na vontade livre e consciente de induzir alguém menor de 14 anos
a satisfazer a lascívia de outrem. Cuidado: caso o intuito do autor seja satisfazer a sua própria lascívia, haverá
estupro de vulnerável (art. 217-A).
g) Distinção com os crimes do ECA: atenção aos art. 244-B, art. 244-C e art. 241-D do ECA.
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a) Classificação: crime de elevado potencial ofensivo, comum, formal, de forma livre, comissivo, instantâneo,
dano, unissubjetivo, plurissubsistente.
b) Sujeitos do delito:
● Sujeito ativo: Qualquer pessoa.
● Sujeito passivo: Menor de 14 anos.
d) Elemento subjetivo: Dolo + especial finalidade de agir: satisfazer lascívia própria ou de outrem.
e) Tipo Objetivo: O crime consiste em praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-
lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem.
Condutas típicas:
✔ O sujeito ativo pratica, na presença do menor, conjunção carnal ou atos libidinosos diversos dela;
✔ O autor faz nascer, na mente do menor, a ideia de testemunhar atos libidinosos.
f) Consumação:
● 1ª posição – Nucci: consuma-se com a efetiva prática do ato libidinoso.
● 2ª posição – Sanches, Bittencourt: núcleo “praticar” com a efetiva prática do ato e núcleo “induzir”
com a mera indução, independentemente da prática ou da satisfação da lascívia.
a) Classificação: crime comum (exceto na hipótese do § 2o, II), material, de forma livre,
instantâneo (“submeter”, “induzir”, “atrair” e “facilitar”) ou permanente (“impedir” e “dificultar”), comissivo
(excepcionalmente, omissivo impróprio), unissubjetivo e plurissubsistente. Trata-se de crime hediondo em
todas as suas modalidades.
c) Tipo objetivo: Há 6 núcleos verbais: submeter, induzir, atrair, facilitar, impedir que abandone, dificultar
que abandone
● À prostituição
● Ou qualquer forma de exploração sexual: A doutrina admite 4 modalidades de exploração sexual:
1. Prostituição;
2. Turismo sexual;
3. Pornografia;
4. Tráfico para fins sexuais.
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RETA FINAL
Obs.1: A conduta pode ser por ação ou omissão imprópria. Ex.: O agente, revestido do dever jurídico
de impedir que o agente ingresse na prostituição, nada faz, aderindo subjetivamente à sua conduta.
Obs.2: O tipo penal não exige habitualidade, comportando continuidade delitiva.
d) Sujeitos do delito
● Sujeito ativo: Qualquer pessoa – normalmente chamado de PROXENETA.
● Sujeito passivo: Menor de 18 anos e maior de 14 ou a pessoa enferma ou deficiente mental. Para o
STJ, a vulnerabilidade, nesse caso, deve ser analisada no caso concreto..
∘ Se houver pluralidade de vítimas haverá concurso material, pois o bem jurídico tutelado é de
natureza individual.
∘ A prostituta pode ser sujeito passivo deste crime quando impedida de deixar a prostituição.
Obs.1: Este tipo penal revogou o artigo 244-A do ECA. Enquanto a exploração da prostituição de
adolescentes (não menor de 14 anos) está prevista como crime no art. 218-B do CP (revogando, nesse tanto,
o art. 244-A do ECA), a exploração da prostituição de adultos está tipificada no art. 228 do CP.
Obs.2: Esta figura não se confunde com a do art. 218 (mediação para servir a lascívia de outrem),
neste o agente induz a vítima a satisfazer a lascívia de pessoa(s) certa(s) e determinada(s), enquanto no art.
218-B, o agente leva, atrai, propicia ou retém a vítima, visando desta o exercício da prostituição, consistente
em satisfazer a lascívia do premier passant, de maneira geral, pessoa indeterminada.
e) Elemento subjetivo: Dolo (só exigindo elemento subjetivo específico na forma do §1°).
● É imprescindível que o participante do ato sexual saiba que a vítima é menor de 18 anos e maior que
14 anos, sexualmente explorada.
● O proprietário, gerente ou responsável pelo local, por sua vez, deve saber que ali se realiza, as
práticas referidas no caput, de modo a evitar a responsabilidade objetiva.
2.5 Divulgação de Cena de Estupro ou de Cena de Estupro de Vulnerável, de Cena de Sexo ou de Pornografia
(Art. 218-C). (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
a) Classificação: crime de médio potencial ofensivo, bicomum, formal, de forma livre, comissivo, misto
alternativo (mais de um núcleo no mesmo contexto fático é crime único), instantâneo (na maioria dos
núcleos) ou permanente (transmitir, disponibilizar e expor à venda), de dano, unissubjetivo e
plurissubsistente. É também um tipo que traz subsidiariedade expressa.
b) Sujeitos do delito
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RETA FINAL
e) Conduta:
● Princípio da subsidiariedade expressa - o crime só vai subsistir se não houver crime mais grave. Assim,
se houver um estupro ou estupro de vulnerável com posterior divulgação do registro, o estupro vai
absorver o art. 218-C por expressa previsão legal.
● Tipo penal misto alternativo. Núcleos verbais: oferecer; trocar; disponibilizar; transmitir; vender;
expor à venda; distribuir; publicar; divulgar.
● Por onde? Por qualquer meio, inclusive por meio de comunicação de massa ou sistema de
informática ou telemática, sendo conceituado pela doutrina como crime de execução livre.
● O que? O objeto material é a fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual que contenha:
✔ Cena de estupro ou de estupro de vulnerável;
✔ Ou que faça apologia ou induza a sua prática;
✔ Ou, sem o consentimento da vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia.
Obs.: O consentimento da vítima exclui a tipicidade do delito.
g) Consumação e tentativa: O crime se consuma no momento em que praticada uma das ações típicas,
lembrando que algumas delas podem ser permanentes. Admite a tentativa.
⋅ Registro (art. 216-B) x Divulgação (art. 218-C): se o agente faz o registro indevido e posteriormente
divulga a cena, deve responder pelos crimes em concurso material.
3. DISPOSIÇÕES GERAIS
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● De metade - se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor,
curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tiver autoridade sobre ela
a) Classificação: crime de médio potencial ofensivo na modalidade do caput e elevado nas demais, comum,
material, de forma livre, comissivo, instantâneo, unissubjetivo e plurissubsistente. O núcleo do tipo é de
induzir, ou seja, encorajar.
Segundo a doutrina é denominado como lenocínio ou lenocínio principal, uma forma de mediação para que
se satisfaça o desejo sexual de outrem.
f) Consumação: O crime se consuma com a prática do ato que importa satisfação da lascívia da outra pessoa,
independentemente dessa pessoa se considerar satisfeita com o ato ou não. Admite a tentativa.
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RETA FINAL
b) Consumação: Nas modalidades “induzir, atrair ou facilitar”, o crime se consuma no momento em que a
vítima passa a se dedicar à prostituição ou a outra forma de exploração sexual, ainda que não tenha
efetivamente se prostituído. Por sua vez, na modalidade “impedir ou dificultar o abandono”, a consumação
ocorre no momento em que a vítima quer sair e o autor dificulta a sua saída.
Obs.: O ato de se prostituir não é crime. O que se pune é o aproveitamento desta conduta por
terceiros.
a) Classificação: crime comum, formal, de forma livre, comissivo, habitual, unissubjetivo e plurissubsistente.
Trata-se de crime habitual, haja vista que o verbo é “manter”. Ainda, segundo doutrina majoritária, é crime
permanente, cuja consumação se prolonga no tempo enquanto o estabelecimento é mantido. Salienta-se
que, neste ponto, há quem entenda que as duas classificações são incompatíveis.
c) Sujeitos:
● Sujeito ativo: Qualquer pessoa
● Sujeito passivo: Coletividade
1. Veja, a conduta exige que o sujeito: participe diretamente dos lucros da vítima (rufianismo direto) ou
seja sustentado, no todo ou em parte, por quem a exerça (rufianismo indireto).
3. Mediação para satisfazer a lascívia de outrem com o fim de lucro (art. 227) x Rufianismo (art. 230):
Enquanto no rufianismo a pessoa explorada exerce a prostituição, cuja configuração reclama
habitualidade, no caso da mediação para servir a lascívia de outrem a pessoa explorada não se prostitui
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RETA FINAL
e o delito é instantâneo, ou seja, para sua consumação basta um único ato de induzir alguém a satisfazer
a lascívia alheia.
4. Casa de prostituição (art. 229) x Rufianismo (art. 330): No primeiro delito o sujeito ativo é o chamado
proxeneta, aquele que pratica o lenocínio, mantendo locais destinados a encontros libidinosos, ou serve
de mediador para a satisfação do prazer sexual alheio, auferindo ou não lucro; já no segundo, temos a
figura do rufião, que é a pessoa de pessoa que vive da prostituição alheia, fazendo-se sustentar pela(o)
prostituta(o), com ou sem o emprego de violência.
a) Conceito:” Ato obsceno” - elemento normativo do tipo. Algo que fere o pudor. É um conceito relativo,
sendo modificado conforme a alteração de valores que a sociedade considera, a depender, inclusive, do local.
b) Classificação: crime de menor potencial ofensivo, comum, formal, de mera conduta, de forma livre,
comissivo, instantâneo, unissubjetivo e pode ser unissubsistente (único ato) ou plurissubsistente (vários
atos).
c) Sujeitos:
● Sujeito ativo: Qualquer pessoa.
● Sujeito passivo: Coletividade.
f) Elemento subjetivo: Dolo + elemento subjetivo específico, que é a vontade de praticar atos obscenos
nestes locais.
i) Diferenciações:
● Lugar público: acessível por qualquer pessoa. Ex.: praça pública.
● Lugar aberto ao público: embora tenha entrada controlada, o público pode frequentar. Ex.: cinema.
● Lugar exposto ao público: embora o público não possa adentrar, é possível que visualize o que
acontece neste local. Ex.: interior de veículo estacionado na rua.
● Se o lugar for privado e sem vistas ao público em geral, não será caracterizado o crime.
5. DISPOSIÇÕES GERAIS
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RETA FINAL
1. No art. 286 do Código Penal, assim como nos demais delitos contra a paz pública, o legislador incriminou
de forma autônoma comportamentos que, em princípio, representam atos preparatórios de outros
crimes. Portanto, ensina Cleber Masson que o art. 31 do CP não se aplica ao presente crime por 2 razões:
• Tem como alvo não um único sujeito, mas diversas pessoas (“incitar publicamente”);
• O próprio dispositivo legal admite exceções, ao utilizar a expressão “salvo disposição expressa em
contrário”.
2. Forma equiparada: incitação de animosidade entre as forças armadas ou delas contra os poderes
constituídos, as instituições civis ou a sociedade.
3. Classificação: crime de menor potencial ofensivo, comum, formal, de forma livre, comissivo,
instantâneo, de perigo abstrato, unissubjetivo e unissubsistente ou plurissubsistente (depende do caso).
4. Conduta: Incitar é apoiar, estimular, instigar. O art. 286 não exige a efetiva prática do crime incitado.
Se o instigado praticar o crime, eventualmente o instigador poderá praticar o crime cometido pelo
incitado na qualidade de partícipe.
• A incitação deve ser à pratica de crime determinado. Se for contravenção não configura o delito.
• O tipo exige que seja publicamente, atingindo um número indeterminado de pessoas, normalmente
em local público ou de acesso ao público (pode configurar o crime em residência privada caso seja a
ocasião de uma festa para várias pessoas).
• Para o STF não é necessário que se apregoe, verbal e literalmente, a prática de determinado crime.
O tipo penal do art. 286 do Código Penal abrange qualquer conduta apta a provocar ou a reforçar a
intenção da prática criminosa em terceiros. STF, Inq 3932/DF
● Código Penal Militar (DL. 1001/69): O art. 155 prevê o crime de incitamento.
● Lei de Preconceito e Discriminação (Lei nº 7716/89): Se a incitação ao crime possuir como finalidade
a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, estará
caracterizado o crime descrito no art. 20, caput.
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RETA FINAL
1. Classificação: crime de menor potencial ofensivo, comum, formal, de forma livre, comissivo,
instantâneo, de perigo abstrato, unissubjetivo e unissubsistente ou plurissubsistente (depende do caso).
2. Conduta:
• Fazer apologia: elogiar, defender, louvar.
• Publicamente: conduta deve ser praticada em local público, de modo a alcançar pessoas
indeterminadas. Não há crime, portanto, quando a apologia é realizada no interior de uma
residência, ou mesmo no âmbito de locais frequentados por poucos indivíduos.
• Fato criminoso: Não cabe se for contravenção penal. Não é punível a apologia a crime culposo. Existe
controvérsia doutrinária se o fato criminoso deve ser passado ou pode ser futuro:
1ª C – Hungria, Grecco: elementar “fato criminoso” abrange crimes passados e futuros.
2ª C – Magalhães Noronha: aplicabilidade da expressão “fato criminoso” apenas a delitos já
concretizados, pois se for futuro é instigação ao crime.
3. Concurso de crimes: Se o agente, no mesmo contexto fático, fizer apologia de dois ou mais fatos
criminosos, ou então de dois ou mais autores de crimes, a ele serão imputados dois ou mais delitos, em
concurso formal impróprio (CP, art. 70, caput, parte final).
Incitação x Apologia: Na incitação, o crime ainda não ocorreu e o estímulo é direto, com instigação. Já na
prática da apologia, o crime já foi praticado e o estímulo é indireto, seja exaltando o delito ou o seu autor.
1. Classificação: crime de médio potencial ofensivo na modalidade do caput, comum, formal, de forma
livre, comissivo, permanente, de perigo abstrato, plurissubjetivo e plurissubsistente.
2. Elemento subjetivo: Dolo + especial finalidade de agir, que é o fim específico de cometer crimes,
independentemente da sua natureza e da pena cominada.
25
RETA FINAL
momento da adesão. Não admite a tentativa, em razão da estabilidade e permanência requeridas (ou
estão presentes e o crime está consumado ou estão ausentes, sendo um fato penalmente irrelevante).
Obs.: Caso tais crimes efetivamente sejam praticados, os agentes responderão por eles em concurso
material com associação criminosa.
4. Requisitos:
• 1º - pluralidade de agentes - 3 ou mais pessoas:
Os membros não precisam se conhecer, tampouco viver no mesmo local, mas devem saber sobre
a existência dos demais.
O menor de 18 anos, desde que tenha discernimento para entender o que está fazendo, pode
integrar a associação criminosa, sendo contabilizado como integrante.
Não computa o agente infiltrado.
• 2º - estabilidade e permanência:
É possível o agente pertencer a mais de uma associação criminosa, respondendo pelas duas
associações em concurso material.
A união estável e permanente é o que diferencia a associação criminosa do concurso de pessoas
(coautoria ou participação) para a prática de delitos em geral.
Dispensa ordem hierárquica e divisão de tarefas.
Associação criminosa x Organização criminosa (Lei 12.850/13): A diferença não se limita a quantidade
de agentes necessários, mas principalmente na necessidade de a organização ser estruturalmente
ordenada e contar com divisão de tarefas no crime do CP. Além disso, na organização criminosa, os
agentes cometem crimes com objetivo de obter vantagens de qualquer natureza, sendo que na
associação o objetivo é unicamente cometer crimes, independentemente de auferirem qualquer
vantagem. Por fim, no tipo da organização o legislador ainda limitou os crimes aos que possuem pena
máxima superior a 4 anos ou que sejam de caráter transnacional.
• 3º: – reunião para a prática de crimes (dolo específico): O tipo exige fim específico para cometer
CRIMES (no plural). Assim:
Se for apenas um crime, será um concurso eventual de pessoas.
Não há o crime quando o objetivo for cometer contravenções penais.
Pergunta-se: Na hipótese em que três ou mais pessoas reúnem-se para a prática de crime continuado, há
associação criminosa ou mero concurso de pessoas? R.: Conforme ensina Cleber Masson, existem duas
posições sobre o assunto:
● 1.ª C (majoritária): associação criminosa, pois os indivíduos estão agrupados com a finalidade específica
de cometer crimes, ainda que venham a ser considerados, para efeito de aplicação da pena, uma
continuidade.
● 2.ª C: concurso de pessoas, uma vez que na continuidade delitiva não se verifica a associação estável e
permanente entre os envolvidos nos diversos crimes parcelares, razão pela qual deve ser reconhecida a
coautoria ou participação, dependendo do caso concreto.
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RETA FINAL
a) Causa de aumento de pena (art. 228, §único): Aumento de pena até a metade se:
• A associação for armada - a jurisprudência majoritária entende que não há bis in idem na associação
criminosa armada e por roubo majorado pelo emprego de arma, tendo em vista que os momentos
consumativos dos delitos são autônomos.
• Participação de criança ou adolescente: além de majorar a pena, também acarreta a
caracterização da corrupção de menores, disciplinada pelo art. 244-B do ECA.
b) Qualificadora (art. 8º, caput. Lei 8072/90): O art. 8° da Lei 8.072/90 prevê uma circunstância
qualificadora, que eleva a pena de reclusão para três a seis anos, quando a associação visar a prática de
crimes hediondos ou a eles equiparados.
c) Causa de diminuição de pena (art. 8º, §único da Lei 8072/90): O parágrafo único do art. 8° da Lei
8.072/90 traz a possibilidade da delação premiada com diminuição de pena. A minorante, para ser
reconhecida (direito subjetivo do réu), depende do preenchimento dos seguintes requisitos:
• Deve partir de integrante ou partícipe;
• Deve ser eficaz, isto é, possibilitar o desmantelamento da associação, havendo nexo entre a delação
e a desorganização do bando.
1. Conceitos: A doutrina encontra dificuldade para dividir e diferenciar organização paramilitar, milícia
particular, grupo ou esquadrão.
• Milícia privada: É um grupo armado de pessoas (civis ou não), que diz ter como objetivo a devolução
da segurança que é retirada da sociedade, sobretudo, das comunidades mais carentes, restaurando a
paz. No entanto, se utiliza de violência e grave ameaça para isso, ignorando o monopólio estatal de
controle social. (Direito Penal Paralelo)
• Organização paramilitar: Organização paralela, desvinculada do Estado, de civis armados, como se
fosse um exército, ou seja, “imitando” a corporação militar oficial. Em outras palavras: a organização
paramilitar possui estrutura análoga às instituições militares, que utiliza táticas e técnicas policiais ou
militares para alcançar seus objetivos.
• Grupo ou esquadrão (grupo de extermínio): É grupo de matadores ou justiceiros que vão aplicar penas
como bem entenderem e conforme o seu senso de justiça. Conceito residual.
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RETA FINAL
2. Classificação: crime de elevado potencial ofensivo na modalidade do caput, comum, formal, de forma
livre, comissivo, permanente na maioria dos núcleos, mas habitual nas modalidades “manter e custear”,
de perigo abstrato, plurissubjetivo e plurissubsistente.
Obs.: O art. 288-A não é crime hediondo, será hediondo o homicídio que for praticado em atividade
tipifica de grupo de extermínio.
3. Conduta: Veja que são vários os núcleos, desde apenas integrar até custear.
Pergunta-se: Suponhamos que um grupo de extermínio (art. 288-A) executa um menor infrator (art. 121,
§6º do CP). Os executores respondem por quais crimes?
● 1ª C: o agente responde somente pelo art. 121, §6º do Código Penal. Para esta corrente puni-lo
também pelo art. 288-A seria bis in idem.
● 2ª C: o agente deve responder pelo delito do art. 121, §6º e art. 288-A, sem que isso signifique bis in
idem. São infrações autônomas e defendem bens jurídicos distintos.
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RETA FINAL
CPP:
⦁ Art. 3º-B, I, II, V e VI.
⦁ Art. 282 (importantíssimo!!!).
⦁ Arts. 284 e 287.
⦁ Art. 292, parágrafo único.
⦁ Arts. 302 ao 304.
⦁ Arts. 306 e 308.
⦁ Art. 310 (importantíssimo!!!).
⦁ Arts. 311 ao 313.
⦁ Arts. 314 ao 316.
⦁ Arts. 317 e 318-B (análise comparativa do art. 318 com o art. 117 da LEP).
⦁ Art. 319.
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RETA FINAL
o Município não for sede de comarca; ou pelo policial, quando o Município não for sede de comarca
e não houver delegado disponível no momento da denúncia.
3. Princípio da Motivação (art. 93, IX, CF e art. 315, CPP): Toda prisão cautelar depende de ordem escrita
e fundamentada da autoridade judicial competente.
4. Princípio do Contraditório (art. 282, §3°, CPP): Em regra, o contraditório dá-se com a intimação da
defesa para manifestação prévia à decretação da medida cautelar, no prazo de 5 dias. Entretanto,
poderá o juiz deixar de efetivar o contraditório nos “casos de urgência ou de perigo de ineficácia da
medida”, devendo proferir uma decisão justificando e fundamentando essa excepcionalidade.
5. Princípio da Provisionalidade (art. 282, §§ 4º e 5°, CPP): Uma vez que as prisões cautelares são espécies
de medidas cautelares, tutelam uma situação fática. Desaparecendo-se o suporte fático, quais sejam, o
fumus comissi delicti e o periculum libertatis, deve-se cessar a prisão.
6. Princípio da Atualidade do Perigo ou Contemporaneidade do Perigo (art. 312, §2º, CPP): Deve-se
considerar a atualidade do risco, do periculum libertatis, de acordo com fatos novos ou
contemporâneos, que justifiquem a medida adotada.
7. Princípio da Excepcionalidade (art. 282, §6, CPP): a prisão preventiva deve ser decretada somente se
esgotadas as possibilidades de substituição pelas medidas cautelares diversas, tratando-se da ultima
ratio.
8. Princípio da Proporcionalidade (art. 282, II, CPP): A medida somente será legítima quando o sacrifício
da liberdade de locomoção do acusado for proporcional à gravidade do crime e às respectivas sanções
que previsivelmente venham a ser impostas ao final do processo. Esse princípio pode ser dividido em 3
subprincípios:
• Adequação: a medida cautelar deve ser apta aos seus motivos e fins;
• Necessidade: a medida cautelar não deve exceder o imprescindível para a realização do resultado
que almeja;
• Proporcionalidade em sentido estrito: o juiz, ao decretar a medida cautelar, deve sopesar os bens
que possam ser restringidos.
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RETA FINAL
9. Princípio Tácito ou Implícito da Individualização da Prisão: Foi reconhecido pelo STF no HC 106.963 e é
conceituado por Guilherme de Souza Nucci como a premência do vínculo dentre as medidas cautelares
e a proporcionalidade, ou seja, tal como se fosse uma autêntica individualização da pena, devendo-se
analisar o fato, seu autor, em detalhes, para aplicar a mais adequada medida cautelar restritiva de
liberdade.
2. Fumus Comissi Delicti (art. 312, CPP) - plausibilidade de que se trata de um fato criminoso, constatada
por elementos de informação que confirmem a prova da existência do crime (juízo de certeza) e os
indícios de suficiência de autoria (prognóstico positivo).
3. Periculum Libertatis - é o perigo que decorre do estado de liberdade do imputado, sendo compreendido
como o perigo concreto que a permanência do suspeito em liberdade acarreta para investigação
criminal. Nessa toada, o art. 282, inciso I, do CPP afirma que as medidas cautelares de natureza pessoal
(em geral) devem ser aplicadas observando-se:
• A necessidade para a aplicação da lei penal;
• A necessidade para a investigação ou a instrução criminal; e
• Nos casos excepcionalmente previstos, para evitar a prática de infrações penais.
3.1. Em relação à prisão preventiva, o periculum libertatis encontra-se previsto no art. 312 do CPP,
podendo ser decretada:
• Para assegurar a aplicação da lei penal;
• Por conveniência da instrução criminal;
• Como garantia da ordem pública; e
• Como garantia da ordem econômica.
3.2. O periculum libertatis deve ser atual, uma vez que as medidas cautelares tutelam uma situação fática
presente, satisfazendo-se o princípio da atualidade ou da contemporaneidade do perigo.
4. Pressupostos para a aplicação da prisão preventiva e das medidas cautelares diversas da prisão:
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RETA FINAL
2. Desde a entrada em vigor da Lei n° 13.964/19 (Pacote Anticrime), o juiz não pode decretar medida
cautelar de ofício, independentemente do momento da persecução penal, em consonância com o
sistema acusatório (art. 129, inciso I, da CRFB/88 e art. 3°-A do CPP).
3. Para a decretação da medida cautelar pessoal, portanto, é necessária a provocação do magistrado, pois
ele não pode agir de ofício. Contudo, no que tange à vinculação do juiz ao pedido, incide divergência
entre as Turmas do STJ (5ª e 6ª).
4. Com o advento da Lei n° 13.964/19, foi afastada a possibilidade de substituição da medida de ofício
pelo juiz, em caso de descumprimento da obrigação imposta. Lado outro, se o juiz constatar que os
motivos da medida deferida não subsistem, poderá revogá-la ou substituí-la de ofício (art. 282, CPP)
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RETA FINAL
6. Diante das alterações promovidas pela Lei n° 13.964/19, como fica a possibilidade ou não de
conversão da prisão em flagrante em preventiva de ofício? Segundo a jurisprudência, “não é mais
possível a conversão ex officio da prisão em flagrante em prisão preventiva. Interpretação conjunta do
disposto nos arts.-A,
3º 282, § 2º, e 311, caput, todos do CPP”
- Acusado/defensor
Obs.: A autoridade policial possui legitimatio propter officium (legitimidade do próprio ofício conferido por
lei) para representar pela imposição de tutelas cautelares, representação cognoscível pelo juiz
independentemente do teor do parecer ministerial. Não há de se falar em atuação oficiosa do juiz, pois houve
provocação por parte da autoridade policial.
1. Com o advento da Lei nº 12.403/11, o contraditório passou a ser prévio. Assim, antes de o juiz analisar
a medida cautelar, deverá intimar a parte contrária para se manifestar no prazo de 5 dias, nos termos
do art. 282, §3º, do CPP.
3. O art. 19 da Lei Maria da Penha dispõe que as medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas
pelo juiz de imediato, independente de audiência das partes e de manifestação do MP. Houve
revogação deste dispositivo com o Pacote Anticrime? R.: Não. O art. 282, §3º, do CPP não repercute no
art. 19, caput e §1º da Lei n° 11.340/06 em apreço ao princípio da especialidade, lembrando que o
legislador permitiu ao juiz agir liminarmente, inclusive, sem ciência prévia do Ministério Público.
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RETA FINAL
qualquer das obrigações impostas, o juiz, de qualquer das obrigações impostas, o juiz,
ofício ou mediante requerimento do Ministério mediante requerimento do Ministério
Público, de seu assistente ou do querelante, Público, de seu assistente ou do querelante,
poderá substituir a medida, impor outra em poderá substituir a medida, impor outra em
cumulação, ou, em último caso, decretar a prisão cumulação, ou, em último caso, decretar a
preventiva (art. 312, parágrafo único). prisão preventiva, nos termos do parágrafo
único do art. 312 deste Código.
§ 5º O juiz poderá, de ofício ou a pedido das
partes, revogar a medida cautelar ou substituí-
la quando verificar a falta de motivo para que
subsista, bem como voltar a decretá-la, se
sobrevierem razões que a justifiquem
1. A doutrina critica a redação desse dispositivo, no sentido de que não seria possível a atuação ex officio
do juiz nas situações previstas no § 5º do art. 282 do CPP, em violação ao sistema acusatório. O CPP
estabelece medidas para o caso de descumprimento da medida cautelar:
• Revogação da medida cautelar;
• Substituição da medida por outra;
• Imposição de outra medida em cumulação; ou
• Decretação da prisão preventiva.
ATENÇÃO: O STJ entendia que o descumprimento das protetivas de urgência não tipificava o crime de
desobediência, uma vez que a lei estabelecia as consequências e não se referia ao crime. Contudo, em 2018,
a Lei n° 13.641/18 inseriu o art. 24-A na Lei Maria da Penha, que tipificou o crime específico de
Descumprimento de Medidas Protetivas de Urgência (único crime previsto na Lei Maria da Penha, aliás).
Renato Brasileiro ressalta que tal entendimento NÃO é aplicado para as demais medidas cautelares diversas
da prisão, mas sim APENAS para as protetivas de urgência da Lei Maria da Penha, eis que seria uma analogia
in malam partem. Por isso, quanto às outras medidas cautelares, continua válido o posicionamento do STJ.
1. A decisão que decreta uma medida cautelar é baseada na cláusula rebus sic stantibus, ou seja, mantidos
os seus pressupostos que ensejaram a decretação da medida cautelar, quais sejam, o periculum libertatis
e o fumus comissi delicti, a decisão será mantida. Havendo, todavia, uma modificação dos pressupostos
fáticos ou jurídicos, poderá haver a revogabilidade e/ou a substitutividade da medida cautelar. (art.
282, §5º, CPP).
2. Não há dispositivo no CPP que restrinja o prazo das medidas, as quais podem perdurar enquanto
presentes os requisitos do art. 282 do CPP, devidamente observadas as peculiaridades do caso e do
agente.
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RETA FINAL
3.1. O STF decidiu que a inobservância do prazo nonagesimal do art. 316 do Código de Processo Penal
não implica automática revogação da prisão preventiva, devendo o juízo competente ser instado a
reavaliar a legalidade e a atualidade de seus fundamentos. (Info 995, STF)
3.2. STF mudou o entendimento sobre a aplicação do art. 316, §único no caso concreto. Concluindo pela
sua aplicação (Info 1045):
• Até o final dos processos de conhecimento, onde há o encerramento da cognição plena pelo
Tribunal de segundo grau;
• Nos processos onde houver previsão de prerrogativa de foro.
• Por outro lado, o art. 316, parágrafo único, do CPP não se aplica para as prisões cautelares
decorrentes de sentença condenatória de segunda instância ainda não transitada em julgado.
1. Prisão Civil (art, 5º, LXVII, CF) - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo
inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel.
2. Prisão Militar (art. 5º, LXI, CF) - independe de prévia autorização judicial e de flagrante delito, sendo
admitida apenas em relação ao militar. Isso ocorre devido à sua finalidade peculiar, qual seja, preservar
a hierarquia e disciplina das corporações militares.
• Cabimento: transgressão militar e crime propriamente militar (infração específica e funcional do
militar).
• O prazo máximo da prisão disciplinar é 30 dias.
• De acordo com a doutrina e a jurisprudência, NÃO caberá habeas corpus em relação ao mérito das
punições disciplinares. Contudo, em aspectos relativos à legalidade da punição podem ser
questionados através de habeas corpus.
3. Prisão Penal - é aquela que resulta, em regra, de sentença condenatória com trânsito em julgado que
impôs pena privativa de liberdade. Os entendimentos acerca da execução provisória da pena passaram
por diversas mudanças nos últimos anos. Vamos entender a evolução jurisprudencial?
● 1º momento – 2009: enquanto não houver trânsito em julgado para a acusação e para a defesa, o
réu não pode ser obrigado a iniciar o cumprimento da pena, porque ainda é presumivelmente
inocente. Assim, não existia no Brasil a execução provisória (antecipada) da pena.
● 2º momento – 2016: Em 2016, houve uma virada jurisprudencial e o STF passou a admitir a execução
provisória da pena. (Info 814 e 842, STF)
● 3º momento – A partir de 2019 (Info 958): A partir desse momento, o STF voltou a entender não ser
possível a execução provisória da pena.
3.1. Execução provisória da pena: O Pacote Anticrime (art. 313, §2º, CPP), de certa forma, positivou o
entendimento do STF e da doutrina majoritária sobre a impossibilidade de haver prisão antes do trânsito
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RETA FINAL
3.2. Não é possível a execução da pena restritiva de direitos antes do trânsito em julgado da condenação.
(Info 609, STJ).
4. Prisão Cautelar (carcer ad custodiam) - é aquela decretada antes do trânsito em julgado de sentença
penal condenatória, com o objetivo de resguardar a sociedade (cautelaridade social) ou assegurar a
eficácia das investigações ou do processo criminal (cautelaridade processual). A doutrina aponta as
seguintes hipóteses:
• Prisão Em Flagrante (há controvérsia acerca de sua natureza jurídica: cautelar ou medida pré-
cautelar);
• Prisão Preventiva;
● Prisão Temporária;
● Prisão Domiciliar (em substituição à prisão preventiva).
5. Prisão Especial - conferida à determinadas pessoas somente até o trânsito em julgado da sentença
penal condenatória. Seus beneficiários são aqueles previstos no rol do art. 295, CPP.
1. Conceito: A prisão em flagrante é uma medida de autodefesa social, caracterizada pela privação da
liberdade de locomoção, independentemente de prévia autorização judicial, daquele que é flagrado
durante o cometimento de um delito ou momentos depois.
3. Espécies:
a) Flagrante Obrigatório/Coercitivo: feito pela autoridade policial e de seus agentes, que possuem o dever
de efetuar a prisão em flagrante (dever de agir). De acordo com a doutrina e os regulamentos policiais,
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RETA FINAL
o dever de agir é válido para as 24h do dia. O dever de agir é conjugado com o poder agir (estrito
cumprimento do dever legal).
b) Flagrante Facultativo: feito por qualquer pessoa do povo, desde que ela não seja autoridade policial e
seus agentes (exercício regular do direito).
c) Flagrante Próprio/Perfeito/Real/Verdadeiro (art. 302, I e II, do CPP): agente está COMETENDO (atos
executórios) a infração ou ACABOU DE COMETÊ-LA (delito consumado). Essa forma de flagrante deve
ser realizada no locus delicti.
e) Flagrante Ficto/Assimilado/Presumido (art. 302, IV, CPP): agente é encontrado, logo depois, com
instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.
• Não há necessidade de perseguição.
• Prevalece que não há diferença entre “logo após” (inciso III) e “logo depois” (inciso IV).
g) Flagrante Esperado: há a espera da autoridade policial até o momento da prática do delito, não havendo
nenhum tipo de provocação ou intervenção. Valendo-se de investigação anterior, a autoridade policial
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RETA FINAL
toma conhecimento de que um crime será praticado e, então, espera até o início de sua execução para
prender o agente em flagrante. Trata-se de uma prisão válida.
Obs.: Entrega vigiada (espécie de ação controlada) - é a técnica que permite que remessas ilícitas ou
suspeitas de drogas, ou de outros produtos ilícitos, saiam do território de um país com o conhecimento e
sob o controle das autoridades competentes, com a finalidade de investigar infrações e identificar os
demais coautores e partícipes (Convenção de Palermo).
4. Prisão em flagrante x Inviolabilidade domiciliar (art. 5º, XI, CF/88): De acordo com o STF, a entrada forçada
em domicílio sem mandado só é lícita, mesmo em período noturno, quando amparada em fundadas
razões, devidamente justificadas posteriormente, que indiquem que dentro da casa ocorre situação de
flagrante delito, sob pena de responsabilidade e nulidade dos atos praticados (RE 603.616). Nesse sentido:
Ingresso ILÍCITO, quando justificado em: Ingresso LÍCITO, quando justificado em:
1) Abordagem feita no quintal da residência sem prévia 1) Local não habitado e existência de informações de
investigação que a justificasse (STJ, HC 586.474). que esteja sendo utilizado para armazenar drogas
2) Denúncia anônima isoladamente (STJ, Resp (STJ, HC 588.445).
1.871.856). 2) Policial, fora da casa, sentir forte cheiro de
3) Fama de traficante do suspeito (STJ, RHC 126.092). “maconha” no local (STJ, HC 423.838).
4) Cão farejador que, aleatoriamente, aponta a 3) Informações de que o morador poderia ser autor de
existência da droga na casa, sem prévia investigação (STJ, disparo de arma de fogo (STJ, HC 595.700).
HC 566.818).
5) Fuga do suspeito diante de abordagem policial na via
pública (STJ, HC 561.360).
6) A visualização de itens semelhantes a drogas dentro
de residência não é justificativa suficiente para o
ingresso forçado em domicílio por agentes policiais. (STJ,
AgRg no HC 735.572-RS)
7) A indução do morador a erro na autorização do
ingresso em domicílio macula a validade da
manifestação de vontade e, por consequência,
contamina toda a busca e apreensão (Info 725).
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RETA FINAL
Obs. A habitação em prédio abandonado de escola municipal pode caracterizar o conceito de domicílio em
que incide a proteção disposta no art. 5º, inciso XI da Constituição Federal (Info 755).
Cuidado! A mera intuição de que está havendo tráfico de drogas na casa de um suspeito não autoriza o
ingresso sem mandado judicial ou sem o consentimento do morador (Info 606, STJ). Além disso, o simples
fato de o acusado ter antecedente por tráfico de drogas não autoriza a realização de busca domiciliar,
porquanto desacompanhado de outros indícios concretos e robustos de que, no momento específico, ele
guarda drogas em sua residência (Info 760, STJ)
2ª. Condução coercitiva: Após a prisão, a pessoa é conduzida de forma coercitiva até à autoridade
policial para verificar se há realmente crime e se está em estado flagrancial. Há, em alguns dispositivos
legais, a expressão “não se imporá prisão em flagrante”. Isso significa que, embora não possa ser
lavrado o auto de prisão em flagrante (que funciona como um título pré-prisional), o indivíduo em
situação de flagrância pode ser conduzido até a delegacia para que os fatos sejam melhor apurados.
3ª. Lavratura do auto de prisão em flagrante: Documentação da situação fática, em ueqse verificam
aspectos formais do flagrante, termo de declarações, interrogatório, expedição de nota de garantias
constitucionais (nota de culpa) e a devida comunicação ao juízo. Lavrado o auto de prisão em flagrante,
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RETA FINAL
o indivíduo não será necessariamente recolhido à prisão, tendo em vista que poderá ser cabível a
fiança.
4ª. Recolhimento à prisão: Caso não seja concedida a fiança, haverá o recolhimento à prisão.
8. Audiência de Custódia (Audiência de Apresentação) – art. 287 e 310, CPP e Art. 7º, §5º, CADH.
1. Conceito: Trata-se da realização de uma audiência, sem demora, após a prisão, permitindo o contato
imediato do preso com o juiz, com um Defensor e com o Ministério Público.
2. Hipóteses de cabimento: NÃO se restringe aos casos de prisão em flagrante, mas sim a todos os casos
envolvendo a supressão da liberdade do indivíduo, inclusive em prisões cautelares.
3. Finalidades da audiência de custódia: verificar eventuais maus-tratos sofridos pelo preso; na hipótese
de prisão em flagrante, conferir mais elementos para a convalidação judicial do flagrante.
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RETA FINAL
6. Realização por videoconferência: O art.3-B, §1º, do CPP (que retomou sua eficácia após a derrubada
do veto originário do Poder Executivo) VEDA a realização de audiência de custódia por
videoconferência
.
• No julgamento das ADIs 6298, 6299, 6300 e 6305, o STF determinou a interpretação conforme do
§1º do art. 3º-B, para estabelecer a ADMISSÃO, EXCEPCIONALMENTE, do emprego de
videoconferência, mediante decisão da autoridade judiciária competente, desde que este meio
seja apto à verificação da integridade do preso e à garantia de todos os seus direitos.
• O §4º do art. 310 do CPP trouxe a previsão de que a não realização da audiência de custódia sem
motivação idônea ensejará a ilegalidade da prisão, a ser relaxada pela autoridade competente, sem
prejuízo da possibilidade de imediata decretação de prisão preventiva.
• A atual jurisprudência dos Tribunais Superiores segue no sentido de que a ausência da audiência de
custódia é mera irregularidade e não conduz à automática revogação da prisão preventiva, cabendo
ao juízo da causa promover análise acerca da presença dos requisitos autorizadores da medida
extremas.
• O STJ tem entendido que a conversão do flagrante em prisão preventiva torna superada a alegação
. (STJ. 5ª Turma. HC 708.905- MG).
de nulidade relativamente à falta de audiência de custódia
• Apesar de a ausência de audiência de custódia ser considerada mera irregularidade, a qual pode ser
suprida com posterior requerimento de pedido de prisão preventiva, posterior realização de AIJ NÃO
supre esta ausência. (Info 1036, STF)
• A autoridade que deu causa à não realização da audiência estará sujeita à tríplice responsabilização,
nos termos do art. 310, § 3º, do CPP
• Decisão proferida em audiência de custódia reconhecendo a atipicidade do fato não faz coisa julgada
(Info 917).
8. Convalidação Judicial da Prisão em Flagrante: É o procedimento a ser observado pelo juiz quando da
apresentação de flagranteado, seguindo o disposto no art. 310 do CPP. O juiz deverá,
fundamentadamente:
a) Relaxar a prisão ilegal: A prisão em flagrante será ilegal e deverá ser relaxada pelo juiz quando houver:
• Inexistência de situação de flagrância (CPP, art. 302);
• Inobservância das formalidades constitucionais e/ou legais.
Portanto, em regra, se houver a conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva de ofício pelo juiz,
tal prisão deverá ser relaxada por se tratar de prisão ilegal. No entanto, se após a decretação a autoridade
policial ou o Ministério Público requererem a manutenção da prisão, o vício de ilegalidade que
maculava a custódia é suprido (convalidado) e a prisão não será relaxada. (Info 691, STJ).
c) Conceder liberdade provisória, com ou sem fiança: Se o agente não preencher os requisitos da prisão
preventiva, será libertado, usufruindo da liberdade provisória. Nesse caso, poderá o juiz aplicar as
medidas cautelares do art. 319 do CPP.
9. Prisão ex lege: Trata-se de prisão que decorre diretamente da lei e já foi declarada inconstitucional pelo
STF, por constituir verdadeira antecipação de pena. O §2º do art. 310 do CPP traz vedação absoluta à
liberdade provisória quando for o caso de:
• Agente reincidente;
• Agente integrante de organização criminosa armada ou milícia;
• Agente portar arma de fogo de uso restrito.
6. PRISÃO PREVENTIVA
1. Conceito: Espécie de prisão cautelar, decretada pela autoridade judiciária competente, mediante
representação da autoridade policial ou requerimento do Ministério Público, do querelante ou do
assistente, em qualquer fase das investigações ou do processo criminal, desde que se revelem
inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão (CPP, art. 319).
2. Momento: A prisão preventiva tem cabimento tanto na fase investigatória quanto na fase do processo.
Na fase processual poderá ser decretada até o trânsito em julgado.
3. Decretação: Com a alteração promovida pelo Pacote Anticrime, a prisão preventiva não pode mais ser
decretada de ofício, apenas mediante requerimento do MP ou representação da autoridade policial (art.
311 do CPP).
Obs.: O juiz não poderá mais decretar a prisão preventiva de ofício, mas quando faltar motivo para que
subsista ou quando sobrevierem motivos que a justifique, o juiz poderá, de ofício, revogá-la ou substituí-la,
respectivamente.
a) Fumus comissi delicti: consiste na necessidade de haver prova da materialidade e indícios mínimos de
autoria.
b) Periculum libertatis: consiste no perigo que a permanência do acusado em liberdade representa para
a aplicação da lei penal, para as investigações e para a segurança da própria coletividade. Ou seja,
deve-se demonstrar que o estado de liberdade do indivíduo representa perigo a um dos seguintes
pressupostos:
42
RETA FINAL
4.1. Garantia Da Ordem Pública: prevalece que se trata do risco de reiteração delituosa.
• Segundo o STJ (RHC 63.855/MG) os atos infracionais, embora não possam ser considerados como
antecedentes penais, devem ser analisados para aferir se existe risco à garantia da ordem pública com
a liberdade do acusado, sendo fundamento idôneo para decretar a prisão preventiva, analisada pelo
juiz: i) a gravidade específica do ato infracional cometido; ii) o tempo decorrido entre o ato infracional
e o crime; e iii) a comprovação efetiva da ocorrência do ato infracional.
• O fato de o agente ser primário e possuir condições favoráveis, NÃO impede a decretação da prisão
preventiva. (STJ, 2021)
• A gravidade em concreto do crime e a periculosidade do agente constituem fundamentação idônea
para a decretação da custódia preventiva. (STF. 1ª Turma. HC 199077, 11/10/2021).
O STJ entende que é cabível a prisão preventiva no crime de embriaguez ao volante – mesmo que possua pena
máxima inferior a 4 anos - quando se tratar de réu reincidente com risco de reiteração delitiva, demonstrando,
portanto, que o estado de liberdade do indivíduo acarreta perigo à ordem pública o perigo de liberdade.
4.2. Garantia Da Ordem Econômica: Trata-se do risco de reiteração delituosa, porém em relação a crimes
contra a ordem econômico-financeira. Esse fundamento será aplicado aos crimes previstos nas Leis nº
1.521/51, 7.492/86, 7.134/83, 8.078/90, 8.176/91, 9.279/96 e 9.613/98.
A magnitude da lesão causada, por si só, autoriza a decretação da prisão preventiva? (art. 30, Lei 7492/86).
R.: A jurisprudência entende que a magnitude da lesão causada, por si só, NÃO autoriza a decretação da prisão
preventiva. Para ser decretada a prisão, a magnitude da lesão causada deve ser somada a uma das hipóteses
do art. 312 do CPP, somente assim a prisão será legítima.
4.3. Garantia De Aplicação Da Lei Penal: É o risco concreto de fuga do acusado, inviabilizando um futuro
cumprimento de pena. Salienta-se que os Tribunais Superiores exigem um risco concreto de que o
acusado poderá fugir, de modo que a ausência momentânea não é hipótese capaz de autorizar a prisão
preventiva.
• Os Tribunais Superiores divergem sobre a possibilidade de decretar a prisão preventiva em razão da
fuga do distrito da culpa. Enquanto o STF possui precedente antigo entendendo pela impossibilidade
da decretação (HC 95.290-SP, 2011), o STJ entende que é motivação suficientemente idônea para
decretar a segregação cautelar (HC 239269-SP, 2016).
• Citação por edital NÃO é por si só indicativo de fuga, pois se trata de citação ficta, logo, não significa
que o réu esteja evadido.
43
RETA FINAL
4.4. Conveniência Da Instrução Criminal: Visa preservar as fontes de prova, impedindo que o agente as
destrua, através de ameaça às testemunhas, destruição de documentos, etc. Trata-se, portanto, de uma
forma de evitar que o investigado interfira e prejudique as investigações.
a) Crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos
• NÃO é cabível em se tratando de contravenção penal.
• O crime deve ser DOLOSO. Assim, se o fato envolver crime culposo, NÃO se admitirá a preventiva.
• O crime doloso deve ser punido com pena máxima superior a 4 anos.
• Cálculo da pena privativa de liberdade máxima: leva-se em conta as qualificadoras, as causas de
aumento e de diminuição de pena, o concurso de crimes; lado outro, descartam-se as atenuantes e
as agravantes genéricas, pois só repercutem na pena em concreto.
b) Se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, ressalvado o
disposto no inciso I do caput do art. 64 do CP
• Deve ser reincidente em crime doloso. NÃO caberá a prisão preventiva se reincidente em crime
culposo.
• À semelhança do inciso I, NÃO cabe prisão preventiva caso se trate de contravenção penal.
• O inciso II não faz referência à pena máxima cominada ao delito, de modo que, se o indivíduo for
reincidente, pouco importa o quantum da pena.
c) Se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso,
enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência
• Perceba que o inciso III conferiu maior grau de coercibilidade às medidas protetivas de urgência contra
pessoas vulneráveis, como criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, e não
apenas contra as mulheres. Não se restringe, portanto, aos casos da Lei Maria da Penha.
• À semelhança dos incisos anteriores, NÃO é cabível quanto às contravenções penais (Info 632, STJ).
d) Será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando
esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado
imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção
da medida
• O dispositivo refere-se à condução coercitiva para fins de identificação, tanto que prevê que o preso
será colocado imediatamente em liberdade após a identificação.
• Diferentemente dos incisos anteriores, o §1º não faz nenhuma referência quanto à natureza do delito.
Por isso, conforme a doutrina, a condução coercitiva para fins de identificação seria cabível tanto em
relação aos crimes dolosos ou culposos, como também em relação às contravenções penais,
independentemente do quantum de pena cominado.
44
RETA FINAL
• Nos requisitos exigidos pelo art. 312 do CPP para a decretação da prisão preventiva foi inserida a
necessidade de demonstração de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado, o que deve
ser demonstrado em concreto, sendo vedadas fundamentações genéricas e abstratas.
• Exige-se, ainda, que a decisão esteja expressamente motivada e fundamentada na existência concreta
de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a medida. (Info 968, STF).
• Não se considera fundamentada qualquer decisão judicia que (art. 315, §2º):
Limitar-se à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com
a causa ou a questão decidida;
Empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no
caso;
Invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;
Não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a
conclusão adotada pelo julgador;
Limitar-se a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos
determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;
Deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem
demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.
7. Prazo da prisão preventiva: Em regra, a prisão preventiva NÃO tem prazo predeterminado, devendo
perdurar enquanto mantidas as circunstâncias que a autorizaram. Trata-se do que a doutrina chama de
“cláusula rebus sic stantibus”. Assim, com base nesta cláusula, se a situação que motivou a prisão mudar
e não mais subsistirem os fundamentos para a segregação cautelar, o juiz poderá revogar a prisão
preventiva, inclusive de ofício, na forma do art. 282, §5º, do CPP.
8. Revisão da preventiva: Para evitar prisões que violem a razoável duração do processo, o juiz ou tribunal
que decretou a preventiva deve revisar, a cada 90 dias, a necessidade de manutenção da prisão. (art.
316, §único, CPP).
Aplica-se este dispositivo até o final dos processos de conhecimento, onde há o encerramento da
cognição plena pelo Tribunal de segundo grau; nos processos onde houver previsão de prerrogativa de
foro. Por outro lado, o art. 316, parágrafo único, do CPP não se aplica para as prisões cautelares
decorrentes de sentença condenatória de segunda instância ainda não transitada em julgado. (Info 1046,
STF).
A inobservância do prazo nonagesimal do art. 316 do CPP, não implica automática revogação da prisão
preventiva, devendo o juiz competente ser instado a reavaliar a legalidade e a atualidade dos seus
fundamentos. (Info 968, STF)
Quando o acusado está foragido, deve o poder judiciário revisar a prisão preventiva em 90 dias, nos
R.: Não! STJ. RHC 153.528 01/04/2022.
termos ao art. 316, parágrafo único, do CPP?
45
RETA FINAL
9. O STJ NÃO concede liberdade ao acusado preso preventivamente sob o argumento de que, ao final, se
condenado, ele receberá regime diverso do fechado. Não se aplica aqui, portanto, o princípio da
homogeneidade (AgRg no HC 559.434/SP)
2. Requisitos: De acordo com o art. 1° da Lei n° 7.960/89, são requisitos para a decretação da prisão
temporária:
• Imprescindível para as investigações do inquérito policial;
• O indiciado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de
sua identidade;
• Houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria ou
participação do indiciado em determinados crimes.
3. A posição majoritária da doutrina era a de que o inciso III deveria sempre estar presente, combinado
com o inciso I ou com o inciso II. Entretanto, em 2022, no julgamento das ADIs 3.360 e 4.109, o STF fixou
o entendimento de que a sua decretação somente poderá ser autorizada quando presentes,
cumulativamente, os seguintes requisitos:
• For imprescindível para as investigações do inquérito policial – periculum libertatis (art. 1, inciso I,
Lei n° 7.960/89), constatada a partir de elementos concretos, e não meras conjecturas, vedada a sua
utilização como prisão para averiguações, em violação ao direito à não autoincriminação, ou quando
fundada no mero fato de o representado não possuir residência fixa (inciso II);
• Houver fundadas razões de autoria ou participação do indiciado nos crimes previstos no art. 1°, inciso
III, da Lei n° 7.960/89 – fumus comissi delicti;
• Não for suficiente a imposição de medidas cautelares diversas da prisão, previstas nos art. 319 e 320
do CPP (art. 282, §6°, do CPP) – prisão como ultima ratio.
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RETA FINAL
5. Momento: APENAS na fase investigatória, portanto, pré-processual (tanto em relação ao Inquérito Policial
quanto a outros procedimentos investigatórios, como o PIC – Procedimento Investigatório Criminal,
realizado pelo Ministério Público).
6. Prazo: Crimes previstos na Lei de Prisão Temporária: Prazo de 5 dias, prorrogável por igual período em
caso de extrema e comprovada necessidade. Crimes previstos na Lei de Crimes Hediondos: Prazo de 30
dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade.
• Obs.1: Decorrido o prazo contido no mandado de prisão, a autoridade responsável pela custódia
deverá, independentemente de nova ordem da autoridade judicial, por imediatamente o preso em
liberdade, sem necessidade de expedição de alvará de soltura, salvo se já tiver sido comunicada da
prorrogação da prisão temporária ou da decretação da prisão preventiva (art. 2°, § 7º, da Lei n°
7.960/89).
• Obs.2: O mandado de prisão conterá necessariamente o período de duração da prisão temporária
estabelecido no caput deste artigo, bem como o dia em que o preso deverá ser libertado (art. 2°, § 4º-
A, da Lei, n° 7.960/89).
47
RETA FINAL
7. Decretação: A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da representação da autoridade
policial ou de requerimento do Ministério Público. Na hipótese de representação da autoridade policial,
o Juiz, antes de decidir, ouvirá o Ministério Público
8. Recurso: Se o pedido de prisão temporária formulado pelo Ministério Público for indeferido pelo Juiz, o
recurso cabível será o RESE (art. 581, inciso V, do CPP).
1. O Código de Processo Penal, ao tratar da prisão domiciliar, prevê a possibilidade de o réu, em vez de
ficar em prisão preventiva, permanecer recolhido em sua residência. Por se tratar de uma medida que
substitui a prisão preventiva pelo recolhimento da pessoa em sua residência, a doutrina afirma que a
prisão domiciliar possui natureza de medida cautelar.
2. Nesse sentido, a prisão domiciliar somente pode ser aplicada aos indivíduos que estão presos
cautelarmente, não podendo ser estendida àqueles que já tiveram o trânsito em julgado da sentença
penal condenatória. (Info 967, STF)
Obs.: O STJ possui alguns julgados admitindo a prisão domiciliar do art. 318 do CPP mesmo em caso de prisão
decorrente de sentença penal condenatória transitada em julgado (STJ. 3ª Seção. Rcl 40.676/SP, Rel. Min.
Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 25/11/2020).
3. Hipóteses em que a prisão domiciliar irá substituir a prisão preventiva (art. 318, CPP): quando o agente
for:
• Maior de 80 anos;
• Extremamente debilitado por motivo de doença grave [prisão domiciliar humanitária] – Info 895, STF
• Imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 anos de idade ou com deficiência;
• Gestante;
• Mulher com filho de até 12 anos de idade incompletos
• Homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 anos de idade incompletos.
4. A prisão domiciliar da mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com
deficiência fica condicionada aos seguintes requisitos: (art. 318-A, CPP)
• Não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa;
• Não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente.
5. As hipóteses de prisão domiciliar previstas nos incisos do art. 318 do CPP são sempre obrigatórias? R.:
NÃO. O art. 318 do CPP, que traz as hipóteses de prisão domiciliar, deve ser aplicado de forma restrita
e diligente, verificando-se as peculiaridades de cada caso.
48
RETA FINAL
• Questão Discursiva: É possível. Considerando que a prisão temporária também é uma espécie de prisão
cautelar – tal qual a prisão preventiva, deve-se admitir a aplicação analógica in bonan partem dos
artigos 317 e 318 do CPP à prisão temporária.
7. Observações importantes:
• Os magistrados, membros do MP, da Defensoria Pública e da advocacia têm direito à prisão cautelar
em sala de Estado-Maior. Caso não exista, devem ficar em prisão domiciliar.
• Advogado condenado em 2ª instância não tem direito à prisão em sala de Estado-maior. Para o STF e
STJ, a prerrogativa conferida ao advogado da prisão em sala de Estado-Maior refere-se à prisão
cautelar, não se aplicando para o caso de execução provisória da pena (prisão-pena).
9. Jurisprudência pertinente:
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RETA FINAL
• O simples fato de a mulher ser reincidente não faz com que ela perca o direito à prisão domiciliar. (Info
891, STF)
• Conforme art. 318, V, do CPP, a concessão de prisão domiciliar às genitoras de menores de até 12 anos
incompletos não está condicionada à comprovação da imprescindibilidade dos cuidados maternos,
que é legalmente presumida. (AgRg no HC n. 731.648/SC, DJe de 23/6/2022)
• O fundamento relacionado à apreensão de grande quantidade e variedade de entorpecentes não
impede a concessão da prisão domiciliar à mãe de filho menor de 12 anos se não demonstrados
outros motivos acerca de situação excepcional de prática de delito com violência ou grave ameaça
ou contra seus filhos, nos termos do art. 318-A, I e II, do CPP. (AgRg no HC n. 712.258/SP, DJe de
1/4/2022)
• O fato de a agravante utilizar o próprio filho para a prática de tráfico de drogas justifica o
indeferimento da prisão domiciliar, diante da situação de risco aos menores. (AgRg no HC n.
798.551/PR, Sexta Turma, julgado em 28/2/2023, DJe de 3/3/2023)
• Mesmo após a inserção do art. 318-A CPP, é possível que o juiz negue a prisão domiciliar para a
mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência, desde que
presente situação excepcionalíssima. (STJ. 5ª Turma. HC 470549/TO, julgado em 12/02/2019)
• Período em que o indivíduo esteve em prisão domiciliar deve ser considerado para fins de detração
da pena. (STJ. 6ª Turma. AgRg no AgRg nos EDcl no HC 442.538/PR, julgado em 05/03/2020
)
1. Para a decretação de uma medida cautelar pessoal diversa da prisão, é imprescindível que sejam
preenchidos os seus pressupostos, quais sejam, o fumus comissi delicti e a presença de uma das
hipóteses que autorizam a prisão preventiva.
2. A Lei n° 12.403/11 ampliou o rol de medidas cautelares pessoais diversas da prisão, que podem ser
aplicadas de forma isolada ou cumulativa, previstas nos arts. 319 e 320 do CPP, quais sejam:
• Comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para informar e
justificar atividades;
• Proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao
fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas
infrações;
• Proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias relacionadas ao
fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante;
• Proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou necessária para a
investigação ou instrução;
• Recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou acusado
tenha residência e trabalho fixos;
• Suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando
houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais;
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RETA FINAL
• Internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave ameaça,
quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e houver
risco de reiteração;
• Fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do processo, evitar a
obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial;
• Monitoração eletrônica.
3. Se o Ministério Público requerer a aplicação de medida cautelar diversa da prisão, pode o juiz decretar
a prisão preventiva?
● 5ª Turma: Não. (Info 746).
● 6ª Turma: Sim. (Info 725).
Obs.1: Em havendo o arbitramento da fiança nas hipóteses em que ela não é admitida lei, a fiança será
considerada ilegal. Assim, deverá haver a cassação da fiança.
Obs.2: A liberdade provisória pode ser concedida com ou sem fiança, bem como aplicada com ou sem as
cautelares diversas da prisão.
1. A detração consiste em descontar o tempo de prisão provisória do tempo da prisão definitiva, nos
termos do art. 42 do CP. Em relação às medidas cautelares diversas da prisão, é pertinente analisar
duas hipóteses:
a) Quando houver semelhança entre a medida cautelar aplicada durante o curso da persecução penal e
a pena definitiva é possível a detração.
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RETA FINAL
b) Quando não houver homogeneidade entre a medida cautelar aplicada durante a persecução penal e a
pena definitiva prevalece (doutrina majoritária) que NÃO é cabível a detração.
52
RETA FINAL
1. CONTEXTO HISTÓRICO
● 1º MOMENTO: Lei 9034/95 dispôs sobre “a utilização de meios operacionais para a prevenção e
repressão de ações praticadas por organizações criminosas”. Todavia, não definiu o que viria a ser
organização criminosa.
● 2º MOMENTO: Lei 12.694/12 no seu artigo 2º passou a conceituar organizações criminosas.
● 3º MOMENTO: Lei 12.850/13 surgiu um novo conceito com a definição dos atos realizados pela
organização criminosa (o que não existia na Lei 12.694/12).
Obs.: Os institutos previstos na Lei 12.850/2013 podem ser aplicados em outras infrações penais, desde que
envolvam:
1) Infrações penais previstas em tratado ou convenção internacional quando, iniciada a execução no
País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;
2) Organizações terroristas, entendidas como aquelas voltadas para a prática dos atos de terrorismo
legalmente definidos.
A Lei nº 13.964/19 trouxe a inclusão do artigo 1-A na Lei nº 12.694/12, que prevê um estímulo aos Tribunais
para criação de Varas Criminais Colegiadas para julgamento de crimes que envolverem Organizações
Criminosas.
1. Com a entrada em vigor da Lei nº 12.850/13, a figura da organização criminosa passa a ser um tipo penal
incriminador autônomo, sendo o “nomem juris” do crime denominado “ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA”.
● Organização criminosa por natureza – o próprio crime de organização criminosa.
● Organização criminosa por extensão – crimes praticados pela organização criminosa.
2. Trata-se de crime permanente, cuja consumação se prolonga no tempo, admitindo a prisão em flagrante
delito enquanto não cessar a permanência.
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RETA FINAL
3.1. Art. 2º, caput: Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa,
organização criminosa
1. Cuida-se de tipo misto alternativo, de modo que mesmo que o agente pratique, em um mesmo contexto
fático, mais de uma ação típica, responderá por crime único, haja vista o princípio da alternatividade
● Exceção: Se o indivíduo praticar tais condutas em mais de uma organização criminosa, teremos
concurso de crimes ou crime continuado, a depender do caso concreto.
3.2. Art. 2º, §1º (figura equiparada): Obstrução ou embaraço de investigação penal referente à organização
criminosa
1. O art. 2, §1º da Lei 12.850/13 equipara o embaraço nas investigações de infração penal que envolvem
organização criminosa ao próprio crime de compor organização criminosa, aplicando a ambos os
agentes as mesmas penas.
2. Considerações gerais:
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RETA FINAL
1. Cuidado para não confundir a causa específica de aumento de pena, prevista no §2º com as causas
“genéricas” de aumento de pena, previstas no §4º.
● §2° - Causa específica de aumento de pena – a pena pode ser aumentada ATÉ ½ se a organização
criminosa utilizar ARMA DE FOGO.
● §3º - Aumenta-se a pena de 1/6 a 2/3 se:
✔ Há participação de criança ou adolescente;
✔ Se há presença do funcionário público, valendo-se desta condição para a prática de crimes
✔ Se o produto ou proveito destinar-se ao exterior
✔ Se a organização criminosa mantém relação com outras organizações criminosas independentes
✔ Se as circunstâncias evidenciarem o caráter transnacional na organização criminosa.
2. Circunstância Agravante: A pena é agravada para quem exerce o comando, individual ou coletivo, da
organização criminosa, ainda que não pratique pessoalmente atos de execução.
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RETA FINAL
Cuidado! O art. 2º, §5º prevê a medida cautelar de afastamento do cargo, emprego ou função. Não menciona
mandato eletivo. Já o art. 2º, § 6º prevê a perda do cargo, emprego ou função pública e a perda de mandato
eletivo em decorrência de condenação definitiva.
3.6. Requisito a mais para a Concessão de Benefícios Incluído pelo Pacote Anticrime – Lei 13.964/2019.
1. O § 8º, acrescido ao art. 2º da Lei 12.850/13, passa a determinar o início do cumprimento de pena de
líderes de organizações criminosas armadas ou que tenham armas à disposição, como sendo os
estabelecimentos penais de segurança máxima.
2. CUIDADO! Não são todos os membros das Organizações Criminosas que iniciam o cumprimento de pena
em estabelecimentos de segurança máxima, mas apenas as lideranças.
1. Conceito: Trata-se de técnica de investigação especial por meio da qual o coautor ou o participe da
infração penal além de confessar o seu envolvimento no quadro delituoso, fornece aos órgãos
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RETA FINAL
4. Embora o delatado não possa participar da tomada de declarações e, tampouco, possa impugnar o
acordo de colaboração premiada firmado por terceiro, o STF decidiu que o delatado pode ter acesso às
declarações prestadas, desde que cumpridos dois requisitos:
● Requisito positivo: o acesso deve abranger somente documentos em que o requerente é de fato
mencionado como tendo praticado crime (o ato de colaboração deve apontar a responsabilidade
criminal do requerente);
● Requisito negativo: o ato de colaboração não se deve referir a diligência em andamento.
a) Conforme preconiza o art. 3º-C, a proposta de colaboração deverá ser instruída com procuração com
poderes específicos, ou ser firmada pessoalmente pelo proponente. Ressalta-se que a presença do
defensor é IMPRESCINDÍVEL durante toda a etapa do acordo de colaboração premiada.
b) Cabe à DEFESA, com o intuito de convencer à autoridade policial ou ministerial da relevância dos
elementos de prova, instruir adequadamente a proposta, indicando as provas e os elementos de
corroboração dos fatos narrados.
c) Na hipótese de esses elementos de corroboração não evidenciarem, de plano, o grau de utilidade e
eficácia da colaboração, admite-se que a lavratura do acordo de colaboração premiada seja
precedida por uma instrução preliminar (art. 3º-B, §4º).
d) As negociações são formalmente iniciadas com o recebimento da proposta para formalizar o acordo
de colaboração premiada. Isso é importante porque, é com o recebimento da proposta, que se inicia
o marco legal de confidencialidade.
e) O recebimento da proposta e a subscrição do Termo de Confidencialidade para prosseguimento das
tratativas não implicam, por si só, a suspensão da investigação.
f) A proposta de colaboração poderá ser sumariamente indeferida, mediante justificativa e
cientificação do interessado. Assim, na eventualidade de a proposta não ser indeferida, as partes
estarão vinculadas ao termo de confidencialidade firmado, sendo vedado posterior indeferimento
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RETA FINAL
sem qualquer justificativa. O dispositivo busca observar o dever de lealdade e boa-fé. A contrário
senso, seria possível concluir que, havendo justa causa, seria possível posterior indeferimento.
g) Ressalta-se que o recebimento da proposta impõe a todos o respeito ao sigilo e boa-fé, sendo certo
que este sigilo só pode ser levantado mediante prévia autorização judicial, nos termos do art. 7º, §3º
da Lei (também incluído pelo Pacote Anticrime).
h) A previsão inserida no § 6º do art. 3º-B, até onde se nota, busca impedir que provas e informações
apresentadas sejam utilizadas para qualquer outra finalidade, no caso de o Ministério Público desistir
da celebração do acordo.
i) Dispôs o legislador que, no acordo de colaboração premiada, o colaborador deverá narrar todos os
fatos ilícitos para os quais concorreu e que tenham relação direta com os fatos investigados.
10. Critérios utilizados para a escolha do benefício: (§ 1º do art. 4º): personalidade do colaborador;
natureza, circunstâncias, gravidade e repercussão social do fato criminoso; eficácia da colaboração.
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RETA FINAL
Obs.: Segundo o STF, considerada a estrutura acusatória dada ao processo penal conformado à
Constituição Federal, a anuência do Ministério Público deve ser posta como condição de eficácia do acordo
de colaboração premiada celebrado pela autoridade policial.
13. São consideradas nulas: as cláusulas que violem a definição de regime de cumprimento de pena ou
relacionadas aos requisitos de progressão não abrangidos pelo § 5º do art. 4º; as cláusulas de renúncia
ao direito de impugnar a decisão homologatória.
14. Competência para homologação: deverá ser realizada pelo juiz das garantias, quando realizada
durante a investigação.
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RETA FINAL
⮚ Obs.1: Caso a proposta de acordo aconteça entre a sentença e o julgamento pelo órgão recursal, a
homologação ocorrerá no julgamento pelo Tribunal e constará do acórdão. (Info 1004, STF).
⮚ Obs.2: No caso de colaborador com foro por prerrogativa de função ou de delatado com foro por
prerrogativa de função, a competência para homologar o acordo de colaboração premiada será do
respectivo Tribunal.
15. Caso o juiz recuse a homologação do acordo, remeterá novamente às partes para as adequações
necessárias.
16. Cabe recurso da decisão que recusar homologação à colaboração premiada? R.: Sim. Contudo, os
Tribunais Superiores e a doutrina divergem acerca do recurso cabível.
● Para o STF (Info 1004): HC.
● Para STJ (Info 683): apelação.
● Manifestação do réu delatado: O réu delatado sempre deverá se manifestar nos autos por último
,
ou seja, após decorrido o prazo ao réu que delatou (Info 949, STF).
● Valor probatório relativo da colaboração premiada: A colaboração premiada tem valor probatório
relativo, de modo que não pode ser utilizada unicamente para decretar medidas cautelares pessoais
ou reais; receber a denúncia ou queixa; proferir sentença condenatória.
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RETA FINAL
Obs.: Segundo o STF, o descumprimento de colaboração premiada não justifica, por si só, prisão
preventiva.
18. Direitos dos colaboradores (art. 5º): usufruir das medidas de proteção previstas na legislação
específica; ter nome, qualificação, imagem e demais informações pessoais preservados; ser conduzido,
em juízo, separadamente dos demais coautores e partícipes; participar das audiências sem contato
visual com os outros acusados; não ter sua identidade revelada pelos meios de comunicação, nem ser
fotografado ou filmado, sem sua prévia autorização por escrito; cumprir pena ou prisão cautelar em
estabelecimento penal diverso dos demais corréus ou condenados.
19. Sigilo da colaboração premiada: O acordo de colaboração e seus documentos ficarão em sigilo até o
recebimento da denúncia. Caso o juiz descumpra o sigilo, responderá pelo crime de violação de sigilo
funcional, previsto no art. 325 do Código Penal.
2. A ação controlada NÃO depende de autorização judicial, bastando mera comunicação ao juiz
competente.Cuidado!
( Diferentemente da ação controlada na Lei de Drogas e Lei de Lavagem, em que
há necessidade de autorização judicial e prévia oitiva do MP)
3. Considerações importantes:
● O juiz pode estabelecer um prazo máximo de duração da ação controlada, findo o qual a autoridade
policial é obrigada a representar pela prorrogação da medida.
● Até o encerramento das diligências, o acesso aos autos é restrito ao juiz, MP e Delegado de Polícia.
1. Conceito: Técnica especial por meio da qual um agente de polícia é introduzido dissimuladamente em
uma organização criminosa, passando a agir como um dos seus integrantes, ocultando sua identidade
e agindo como objetivo precípuo a identificação de fontes de prova e obtenção de informações
capazes de permitir a desarticulação da referida associação.
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RETA FINAL
3. Prazo para o juiz decidir: O Juiz decidirá o pedido no prazo de 24 horas, após manifestação do MP, na
hipótese de representação do delegado de polícia.
4. Decisão judicial acerca da infiltração deve: ser prévia, circunstanciada, motivada e sigilosa; estabelecer
os limites da infiltração; adotar as medidas necessárias para o êxito das investigações e a segurança do
agente infiltrado.
⮚ Obs.: São ilegais as provas obtidas por policial militar que, designado para coletar dados nas ruas como
agente de inteligência, passa a atuar, sem autorização judicial, como agente infiltrado em grupo
criminoso. (Info 932, STJ).
⮚ Obs.2: Não há infiltração policial quando agente lotado em agência de inteligência, sob identidade
falsa, apenas representa o ofendido nas negociações da extorsão, sem se introduzir ou se infiltrar na
organização criminosa com o propósito de identificar e angariar a confiança de seus membros ou obter
provas sobre a estrutura e o funcionamento do bando. (Info 677, STJ).
8. Responsabilidade penal do agente infiltrado: Os crimes praticados pelo agente infiltrado estarão
acobertados por uma causa de exclusão da culpabilidade, em razão da inexigibilidade de conduta
diversa.
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RETA FINAL
10. Infiltração de agentes virtual: Passa a ser admitida a infiltração virtual de agentes policiais para a
investigação do crime de organização criminosa e conexos quando houver indícios da infração penal de
que trata o art. 1º desta Lei, e a prova não puder ser produzida por outros meios.
● Para a infiltração de agentes, o fumus comissi delicti se limita à indicação de meros indícios da
existência de uma OCRIM.
b) Características importantes:
● Possui prazo máximo de até 6 meses, renováveis, não podendo ultrapassar a duração total de 720
dias, sempre comprovada a necessidade, sendo nula a prova que não observar o procedimento
legalmente previsto.
● É obrigatória a oitiva do Ministério Público antes do deferimento da medida, em caso de
representação pelo Delegado de Polícia.
● Todos os atos praticados durante a operação deverão ser registrados, gravados e armazenados, e
serem apresentados ao juiz ao final da medida.
● Por se tratar de medida de obtenção de prova irrepetível, neste caso, os autos deverão de
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RETA FINAL
apensados aos principais quando da remessa ao juiz da instrução e julgamento (art. 3º-C, §3°, CPP).
1. A lei prevê a possibilidade de, sem autorização judicial prévia, o MP e o delegado a terem acesso a
dados cadastrais de pessoas investigadas.
2. Restringe-se o acesso exclusivo à qualificação pessoal, filiação e endereço. Não é possível utilizar esse
dispositivo para ter acesso a informações sobre informações bancárias, telefônicas, etc. Nesse caso,
haveria proteção constitucional da intimidade e privacidade.
Observações importantes:
● Esse dispositivo pode ser invocado para a apuração de qualquer delito. O legislador não teve a
intenção de limitar seu escopo à lavagem ou às infrações penais praticadas por organização criminosa.
● Crime do art. 21 da Lei 12.850/13 em caso de recusa ou omissão de dados cadastrais requisitados.
1. Conduta: Revelar a identidade, fotografar ou filmar o colaborador, sem sua prévia autorização por
escrito.
2. O sujeito passivo será necessariamente o colaborador, que é exposto pelo agente. Se revelar a
identidade de agente infiltrado, poderá incorrer no crime do art. 20 da presente Lei.
3. Trata-se de crime formal, vez que não se exige o implemento de nenhum resultado naturalístico para
a consumação.
4. É preciso que a conduta alcance terceiras pessoas? Na ação de revelar sim, então, só há crime se essa
conduta alcançar terceira pessoa. Nas ações de fotografar e de filmar, não há necessidade de alcançar
terceira pessoa, pois a própria ação já configura o crime.
1. Condutas: Imputar (atribuir) falsamente a pessoa (certa e determinada) que sabe ser inocente a
prática de infração penal relacionada à organização criminosa. Portanto, a colaboração criminosa recai
sobre a pessoa.
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RETA FINAL
2. Colaboração inverídica ou fraudulenta: consiste em revelar (dar conhecimento) informações que sabe
inverídicas acerca da estrutura da organização criminosa.
● Trata-se de crime comum, uma vez que não se exige qualidade especial do agente.
● O sujeito passivo é a administração da justiça, que recebeu falsamente a imputação.
● Trata-se de crime formal.
1. Conduta: Descumprir determinação de sigilo das investigações que envolvam a ação controlada e a
infiltração de agentes:
2. Crime próprio, praticado por pessoa que atua na persecução penal do crime organizado e que possui
o dever de guardar sigilo. Pessoas que não tenham essa atribuição podem concorrer para o crime, mas
o autor tem que ser atuante na persecução.
3. O sujeito passivo é concorrentemente a administração da justiça e o agente infiltrado.
4. O crime de violação de sigilo das investigações do art. 20, Lei 12.850/13 é especial em relação ao crime
de violação de sigilo funcional previsto no art. 325, CP.
Cuidado! Esse crime refere-se apenas ao descumprimento do sigilo atinente à infiltração policial e à ação
controlada, não englobando o sigilo da colaboração premiada, sob pena de configurar analogia in malan
partem. Nesta hipótese, restará configurado o crime de violação de sigilo profi
ssional, previsto no art. 325
do Código Penal.
1. Conduta: Recusar ou omitir dados cadastrais, registros, documentos e informações requisitadas pelo
juiz, Ministério Público ou delegado de polícia, no curso de investigação ou do processo.
2. É infração de menor potencial ofensivo, compatível com os institutos despenalizadores.
3. Divulgação indevida dos dados cadastrais (§único): O consentimento do titular dos dados cadastrais
redunda na atipicidade da conduta ou na exclusão da ilicitude? R.: Esse consentimento não é válido,
pois o bem jurídico é indisponível.
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1. CONSIDERAÇÕES GERAIS
1. São Direitos Reais (art. 1225, CC): Segundo a doutrina majoritária, trata-se de rol taxativo. Isso porque,
por serem erga omnes, não seria possível as partes, por acordo de vontades, criar deveres jurídicos para
toda a sociedade. São eles:
• Propriedade;
• Superfície;
• Laje;
• Servidões;
• Usufruto;
• Uso;
• Habitação;
• Direito do promitente comprador do imóvel;
• Penhor;
• Hipoteca;
• Anticrese;
• Concessão de uso especial para fins de moradia;
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RETA FINAL
– SEMANA 07/12
CADERNO DE REVISÃO
4. POSSE
1. É o fenômeno fático que a pessoa exerce sobre uma coisa, e o conceito varia conforme a teoria adotada.
Pelo art. 1.196 do CC, considera-se possuidor aquele que tem, pelo menos, um dos atributos da
propriedade.
1. Teoria Subjetiva (Savigny): A posse seria o poder direto da pessoa de dispor fisicamente do bem com a
intenção de tê-lo para si e defendê-lo da agressão de quem quer que seja. Elementos:
● Corpus: poder físico ou de disponibilidade da coisa (elemento objetivo).
● Animus domini: Intenção de ter a coisa para si, exercer o direito de propriedade (elemento subjetivo).
Obs.: Em razão deste segundo elemento, o locatário, o comodatário, o depositário, entre outros, não
seriam considerados possuidores, mas sim meros detentores, pois não há qualquer intenção de
tornarem-se proprietários.
2. Teoria Objetiva (Ihering): Para a constituição da posse, basta que a pessoa disponha fisicamente da
coisa, ou que tenha a mera possibilidade de exercer esse contato e exerça sua função social. Ou seja,
não é necessária a intenção de ser dono. Elementos:
● Corpus: poder físico ou de disponibilidade da coisa, dentro do qual inclui a intenção de explorar a coisa
com fins econômicos.
● Affectio tenendi: utilizar-se do bem como se proprietário fosse, o que significa destinar o bem à sua
função econômico-social.
2. Teoria Sociológica: Consagra a função social da posse. Não possui previsão expressa, mas é extraída
implicitamente do sistema. Essa teoria não desnatura por completo a teoria objetiva, pois os elementos
estruturais/estáticos da posse não são repudiados (corpus e affectio tenendi). Apenas a refuta no que
tange à relação de hierarquia entre posse e propriedade, poia a posse é protegida em si mesma, não
em decorrência da propriedade.
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3. Qual foi a teoria adotada pelo Código Civil? R.: O CC/02 adotou a Teoria Objetiva de IHERING, conforme
art. 1196. O art. 1.196 define o possuidor como aquele que tem de fato o exercício pleno ou não de
algum dos poderes inerentes à propriedade. Em nenhum momento, fez-se referência a elemento
subjetivo, ou seja, ele contempla a teoria objetiva do IHERING. Ademais, é possuidor todo aquele que
atua como se proprietário fosse (exercício de algum dos poderes inerentes à propriedade), que é a
definição de affectio tenendi. O art. 1.228, caput, trata dos poderes inerentes à propriedade: uso, gozo,
disposição e reivindicação.
1. Detenção é a desqualificação jurídica da posse. Há o poder físico sobre a coisa, mas o sistema retira a
qualidade de possuidor. Ou seja: o detentor tem a coisa apenas em virtude econômica ou vínculo de
subordinação (mera custódia).
2. O detentor exerce sobre o bem a posse em nome de outrem, e em cumprimento de ordens ou instruções
suas, de modo que NÃO pode invocar, em nome próprio, as ações possessórias, embora possa se valer
da autotutela.
3. Atenção às considerações importantes:
• É admitida a conversão da detenção em posse, se rompida a subordinação.
• O detentor NÃO tem direito à usucapião, nem às benfeitorias e acessórios.
a) Fâmulo (servo da posse): Quem exerce o poder de fato sobre a coisa, mas sem autonomia (em nome
de outrem, recebendo ordens e instruções de seu superior). Ex.: caseiro.
b) Atos de mera permissão ou tolerância (art. 1208, 1ª parte): Não induzem posse.
c) Atos violentos ou clandestinos, antes do convalescimento (art. 1208, 2ª parte): A doutrina majoritária
entende que, enquanto houver atos de violência ou clandestinidade, não haverá posse, mas mera
detenção. A transmudação de detenção em posse ocorrerá nos termos do art. 1.200 (fundamental a
remissão).
• Clandestinidade - é o poder de fato exercido às escondidas, de maneira imperceptível. A partir do
momento em que o sujeito exerce o poder de fato de modo natural, há transmudação para posse
injusta.
• Posse violenta - não é a exercida durante atos violentos, mas aquela que proveio de atos violentos,
pressupondo que esses tenham cessados. De igual modo com a posse clandestina, pressupõe a
cessão dos atos.
d) Esbulhador, enquanto o esbulhado não toma ciência do esbulho (art. 1224): Hipótese de posse ficta
em favor do possuidor que não presenciou o esbulho. A posse só será considerada perdida quando o
possuidor deixar de tentar recuperar a coisa ou, tentando recuperá-la, for repelido. Durante o tempo
em que o esbulhado não toma conhecimento, haverá mera detenção para os esbulhadores.
e) Bens públicos: De acordo com o STJ, não cabe posse sobre qualquer bem público, seja ele de uso
comum, de uso especial ou bens dominicais. Assim, particular que ocupa bem público é mero detentor,
não tem posse.
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RETA FINAL
• Se o particular que ocupa bem público não tem posse e sim, detenção, logo, não há proteção
possessória em face do Poder Público.
• É possível o manejo de interditos possessórios em litígio entre particulares sobre bem público
dominical, pois entre ambos a disputa será relativa à posse. (Info 594, STJ).
• Em ação possessória entre particulares é cabível o oferecimento de oposição pelo ente público,
alegando-se incidentalmente o domínio de bem imóvel como meio de demonstração da posse. (Info
623, STJ). Súmula 637-STJ: O ente público detém legitimidade e interesse para intervir,
incidentalmente, na ação possessória entre particulares, podendo deduzir qualquer matéria defensiva,
inclusive, se for o caso, o domínio.
5. Conversão da detenção em posse: É possível que o ato de mera detenção se torne posse, quando
houver o seu convalescimento. A conversão da mera detenção em posse se dará com a ruptura da
relação jurídica originária. O convalescimento, também chamado de interversão, ocorrerá quando
cessada a causa que lhe originou ou quando passado ano e dia.
Observações:
✓ A posse direta NÃO anula a indireta;
✓ O possuidor direto tem direito de defender sua posse contra o indireto, e este contra aquele.
Obs.: A posse injusta não é a exercida durante atos violentos/clandestinos/precários, mas sim em
decorrência deles. Ou seja: enquanto perdurar a violência, precariedade ou clandestinidade, não haverá
posse, e sim detenção (art. 1.208 CC). Cessadas, surge a posse. Essa posse será injusta em relação a quem a
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RETA FINAL
perdeu, porém será justa em relação à comunidade – já que pode praticar atos de defesa da posse em face
de terceiros. Trata-se da dualidade de configuração da posse.
Obs.1: A prova da boa-fé é extremamente difícil, por isso o art. 1.201, § único, prevê que o possuidor com
justo título é presumidamente possuidor de boa-fé. Trata-se de uma presunção relativa.
Obs.2: Esse justo título não deve ser confundido com o justo título do art. 1.242, que trata de usucapião
ordinária (título hábil à aquisição de propriedade), enquanto o art. 1.201, § único, é justo título de aquisição
da posse (p.e., contrato de comodato, de locação, de usufruto).
• Possuidor de má-fé
Em regra, possui responsabilidade objetiva pela perda ou deterioração da coisa, anda que não tenha
dado causa. Salvo se comprovar que de igual modo teria acontecido caso estivesse na posse do
reivindicante. Responde pelos frutos colhidos, percebidos e os que deixou de perceber por sua culpa,
só tendo direito às despesas de produção e custeio.
Só possui direito à indenização em relação às benfeitorias necessárias.
e) Quanto ao tempo:
• Posse nova: Menos de 01 ano e dia.
• Posse velha: Mais de 01 ano e dia.
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RETA FINAL
a) FRUTOS:
I) Posse de boa-fé: O possuidor tem direito, enquanto durar, aos frutos percebidos. Devem ser restituídos:
⋅ Frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé, depois de deduzidas as despesas com produção e
custeio;
⋅ Frutos colhidos com antecipação;
⋅ Frutos naturais e industriais: colhidos e percebidos logo que são separados;
⋅ Frutos civis: reputam-se percebidos por dia.
II) Posse de má-fé: Responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelo que, por culpa sua,
deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé, mas tem direito às despesas de
produção e custeio.
b) BENFEITORIAS:
I) Posse de boa-fé (art. 1201): Possui direito à indenização por benfeitorias necessárias e úteis, bem como
pelas acessões (plantações e construções).
⋅ Se não indenizado, possui direito à retenção das benfeitorias, até que receba o que lhe é devido;
⋅ Se benfeitorias voluptuárias, tem direito ao seu levantamento, se não forem pagas, desde que não
gerem prejuízo à coisa.
II) Posse de má-fé: São ressarcidas apenas as benfeitorias necessárias, não lhe assistindo o direito de
retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias.
RESPONSABILIDADE
FRUTOS BENFEITORIAS
(PERDA)
- Tem direito às benfeitorias
necessárias e úteis. obs2.
Tem direito, com
(indenização e retenção) obs3. Responde por culpa (perda
BOA-FÉ exceção dos frutos
- Pode levantar as voluptuárias que der causa).
pendentes. Obs1.
se não houver prejuízo para o
bem principal.
Não tem direito e
Responde ainda que a
responde pelos frutos Tem direito às benfeitorias
MÁ-FÉ perda seja acidental, em
colhidos e pelos que necessárias (indenização).
regra.
deixou de colher.
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RETA FINAL
• Não obsta a manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre
a coisa.
1. É a situação em que duas ou mais pessoas exercem, simultaneamente, poderes possessórios sobre a
mesma coisa, e pode existir tanto na posse direta quanto na indireta, por ato inter vivos ou mortis causa.
2. Na composse, todos possuem a mesma posse sobre a mesma coisa, independente de sua fração ideal.
Logo, todos podem exercer todos os poderes sobre a coisa como um todo.
3. STJ: Nos casos de composse NÃO se admite a usucapião de um compossuidor sobre o bem, já que todos
os compossuidores exercem, cada um, poderes sobre a coisa como um todo, SALVO no casso de um
compossuidor estabelecer posse com exclusividade, afastando os demais.
4. O STJ entende que qualquer herdeiro pode ingressar com ação possessória contra terceiros. Porém,
também cabe ação possessória de um herdeiro contra o outro, se houver um esbulho praticado entre
ambos. (REsp 537.363/RS. Informativo 431 STJ).
5. A composse leva em conta o aspecto subjetivo e não objetivo. Ou seja, leva em conta se duas ou mais
pessoas são possuidoras do bem (e não a natureza da posse).
b) Transmissão: A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres
=> PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DO CARÁTER DA POSSE:
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RETA FINAL
Obs.: Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quando, tendo notícia dele, se
abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, e violentamente repelido.
5. PROPRIEDADE
1. É um feixe de poderes complexos, é o direito que a pessoa tem, dentro dos limites normativos, de usar,
gozar, dispor de um bem corpóreo ou incorpóreo, bem como de reivindicá-lo de quem injustamente o
possua ou detenha. O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades
econômicas e sociais.
1. Propriedade plena ou alodial: O proprietário tem todos os atributos do GRUD. Ademais, a propriedade
presume-se plena e exclusiva, até prova em contrário.
2. Propriedade limitada ou restrita: Ocorre quando recai algum ônus sobre a propriedade (ex: hipoteca,
servidão ou usufruto) OU quando a propriedade for resolúvel, dependente de condição ou termo.
3. O proprietário que reúne todos os poderes/atributos da propriedade (GRUD), é titular da propriedade
plena ou alodial. Quando essa propriedade é limitada ou restrita, ou seja, se parte dos atributos passa
a ser de outrem, o direito de propriedade pode se dividir em 2 partes:
⋅ Nua-propriedade: Corresponde à titularidade do domínio, e está despida dos atributos de gozar e usar;
⋅ Domínio útil: Corresponde aos atributos de gozar, usar e dispor.
5.3 Características
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RETA FINAL
Obs.: Condomínio comum: Diz-se que existe um condomínio geral quando duas ou mais pessoas possuem
direito de propriedade em relação a determinado bem (móvel ou imóvel). Este instituto encontra-se
disciplinado nos arts. 1.314 a 1.330 do Código Civil. Não há elisão ao princípio da exclusividade, eis que, pelo
estado de indivisão do bem, cada um dos proprietários detém fração ideal do todo. Mesmo quando atue
isoladamente, o condômino exercitará o domínio na integralidade e não apenas na proporção de sua fração.
1. A função social da propriedade faz com que a propriedade envolva a situação jurídica de mão dupla, ou
seja, o proprietário tem direitos e deveres em relação ao não proprietário, que da mesma forma os tem
em relação ao proprietário. Possui uma dupla função (José de Oliveira Ascensão):
• Função limitadora: impõe um não fazer. Ex.: a propriedade não pode ser exercida em abuso de direito.
Art. 1228, §2º, do CC – vedação dos atos emulativos ou chicaneiros.
• Função impulsionadora: impõe condutas. A coisa cumpre a sua função social quando é utilizada em
um sentido positivo. “Usa o bem para o bem” (Lucas Abreu Barroso).
2. IMÓVEL URBANO – quando atende às exigências do Plano Diretor Urbano; mas se, por exemplo, mesmo
cumprindo as exigências do PDU, um imóvel for ocupado para uma atividade que utiliza mão-de-obra
escrava, não estará sendo atendida a função social. Se o proprietário não der função social ao imóvel,
poderá sofrer desapropriação, cuja indenização será feita nos seguintes termos:
3. IMÓVEL RURAL – quando há aproveitamento racional e adequado da propriedade (Lei 8.629/93
estabelece os percentuais de aproveitamento das áreas rurais); utilização adequada que preserva os
recursos naturais e o meio ambiente; observa as disposições que regulamentam as relações de trabalho
(proteção contra o trabalho escravo ou o proprietário rural que costumeiramente descumpre as
exigências trabalhistas); favorece o bem-estar do proprietário e dos trabalhadores. Caso não cumprida
a função social, pode haver a desapropriação da propriedade rural.
1. Propriedade resolúvel (art. 1359): É aquela que pode ser extinta, quer pela condição (evento futuro e
incerto) ou pelo termo (evento futuro e certo). Ex: Cláusula especial de venda com reserva de domínio;
2. Propriedade fiduciária (art. 1361): É a propriedade resolúvel da coisa móvel infungível que o devedor,
com escopo de garantia, transfere ao credor. Em outras palavras: a propriedade fiduciária ocorre
quando o credor fiduciário adquire a propriedade resolúvel e a posse indireta de bem móvel recebido
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RETA FINAL
em garantia de financiamento efetuado pelo alienante, que se mantém na posse direta da coisa,
resolvendo-se o direito fiduciário com a solução da dívida garantida
3. O objeto é BEM MÓVEL, por natureza, INFUNGÍVEL, DURÁVEL e INCONSUMÍVEL. É PACÍFICO que o bem
que já integre o patrimônio do devedor pode ser objeto de propriedade fiduciária (Súmula 28 do STJ).
PROPRIEDADE IMÓVEL
Forma Originária Forma Derivada
Contato direito entre pessoa e coisa. A Intermediação pessoal.
propriedade é zerada, ou seja, os seus A propriedade continua com os mesmos
acessórios (tributos, dívidas de condomínio, atributos, em razão da solução de continuidade
hipoteca, propter rem) são extintos.
● Acessão: é a incorporação natural ou ● Registro imobiliário;
artificial. ● Sucessão hereditária.
- Ilhas; ● Compra e venda
- Aluvião;
- Avulsão;
- Álveo abandonado;
- Plantações;
- Construção.
● Usucapião
PROPRIEDADE MÓVEL
Forma Originária Forma Derivada
● Ocupação e achado de tesouro; ● Especificação;
● Usucapião. ● Confusão;
● Comistão;
● Adjunção;
● Tradição;
● Sucessão.
A) USUCAPIÃO: Modo originário de aquisição da propriedade pela posse qualificada prolongada no tempo.
• Como a propriedade é adquirida de forma originária, o novo proprietário NÃO é responsável pelos
tributos que recaiam sobre o imóvel e eventual gravame por hipoteca se extingue.
• NÃO correrão os prazos de usucapião entre cônjuges na constância da sociedade conjugal, a exceção
da usucapião conjugal.
• Modalidades de usucapião:
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RETA FINAL
A) OCUPAÇÃO: Modo ORIGINÁRIO por excelência de aquisição da propriedade móvel, pelo qual alguém
imediatamente apropria-se de coisas SEM DONO, seja porque nunca foram apropriadas (res nullius),
seja porque foram abandonadas (res derelictae).
• As coisas abandonadas não se confundem com as perdidas, pois aqui há apenas um temporário
afastamento do corpus, mas é mantido o animus. Para estas, há a descoberta.
• Tem como objeto seres vivos (caça e pesca) e seres inanimados.
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RETA FINAL
B) USUCAPIÃO
• Ordinária: Art. 1.260, CC – posse mansa e pacífica, ininterruptamente e sem oposição, durante 3 ANOS,
exercida com animus domini, JUSTO TÍTULO e BOA-FÉ.
• Extraordinária: Art. 1.261, CC – posse ininterrupta e pacífica com animus domini pelo prazo de 5 ANOS.
● Alienação: ato pelo qual o proprietário, por vontade própria, gratuita ou onerosamente, transfere a
outrem seu direito sobre a coisa.
● Renúncia: ATO UNILATERAL pelo qual o proprietário declara formal e explicitamente o propósito de
despojar-se do direito de propriedade. Só se aplica aos BENS IMÓVEIS, com exceção do patrimônio
móvel que se encerra no direito hereditário objeto de abdicação pelo herdeiro.
● Abandono: é o ATO MATERIAL pelo qual o proprietário desfaz-se da coisa porque não quer mais ser seu
dono. Por não ser um ato expresso como a renúncia, a derrelição deve resultar de ATOS EXTERIORES
que atestem a manifesta intenção de abandonar. O mero desuso não implica em abandono, tem que
haver o elemento psicológico
● Perecimento da coisa: dá-se pela perda das qualidades essenciais da coisa.
● Transmissão da propriedade: Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título
transitivo no Registro de Imóveis. Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a
ser havido como dono do imóvel.
● Perda involuntária: Pode ocorrer pela arrematação, adjudicação, implemento de condição resolutiva,
usucapião, casamento pela comunhão universal e confisco.
● Desapropriação: Modo ORIGINÁRIO de aquisição e perda da propriedade, em face da intervenção
estatal na propriedade privada.
8. CONDOMÍNIOS
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RETA FINAL
Assembleia Eletrônica: A Lei nº 14.309/22 inseriu o art. 1.354-A no Código Civil para permitir que a
convocação, a realização e a votação em assembleia-geral por meio eletrônico, desde que tal possibilidade
não seja vedada pela convenção de condomínio e que sejam preservados os direitos de voz, de debate e de
voto dos condôminos.
Quórum especial e conversão da assembleia em sessão permanente: Os quóruns especiais geralmente são
muito altos e, como muitos condôminos não comparecem às reuniões, por vezes, a aprovação das
deliberações era inviabilizada. Para amenizar essa problemática a Lei nº 14.309/22 inseriu os parágrafos 1º
a 3º no art. 1.353 do CC, para prever a possibilidade de conversão da assembleia em sessão permanente,
para que os condôminos possam ir votando até que seja atingido o quórum especial.
São eles:
⋅ Superfície;
⋅ Servidões;
⋅ Usufruto;
⋅ Uso;
⋅ Habitação;
⋅ Concessão de uso especial para fins de moradia;
⋅ Concessão de direito real de uso.
9.1 Superfície
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RETA FINAL
✔ O direito de superfície NÃO autoriza obras no subsolo, salvo se a utilização for inerente à concessão.
✔ É possível hipotecar o direito do superficiário pelo prazo de vigência do direito real.
✔ O superficiário deve zelar pelo imóvel como se fosse seu.
9.2 Servidões
1. É direito real sobre imóvel, em virtude do qual se impõe uma restrição a um prédio (serviente) para uso
e utilidade de outro pertencente a dono diverso (dominante). Constitui-se mediante declaração expressa
dos proprietários, ou por testamento, e subsequente registro no Cartório de Registro de Imóveis.
2. Características:
⋅ Relação entre dois prédios distintos, pertencentes a donos diversos, em que se estabelece ônus ou
encargo;
⋅ As servidões servem à coisa, e não ao dono;
⋅ É indivisível e inalienável;
⋅ Pode importar uma abstenção, um suportar ou um fazer;
⋅ Em caso de incômodo pelo dono do prédio serviente, o dono do prédio dominante poderá fazer uso das
ações possessórias.
3. Modos de aquisição:
⋅ Negócio jurídico inter vivos ou mortis causa;
⋅ Destinação do proprietário;
⋅ Sentença judicial;
⋅ Usucapião.
Obs.: O exercício incontestado e contínuo de uma servidão aparente, por dez anos, nos termos do art. 1.242
do Código Civil, autoriza o interessado a registrá-la em seu nome no registro de imóveis, valendo-lhe como
título a sentença que julgar consumado a usucapião. Se o possuidor não tiver título, o prazo da usucapião
será de vinte anos.
81
RETA FINAL
9.3 Usufruto
1. É o direito real de gozo ou fruição. Pode recair em um ou mais bens, móveis ou imóveis, em um
patrimônio inteiro, ou parte deste, abrangendo os frutos e utilidades.
2. Partes envolvidas:
● Usufrutuário: Tem direito à posse, uso, administração e percepção dos frutos. Tem os atributos de
usar e fruir;
● Nu-proprietário: Tem os atributos de reivindicar e dispor da coisa.
3. Questões relevantes:
● Somente o usufrutuário pode usar a coisa e locar o imóvel objeto de usufruto;
● Apenas o nu-proprietário pode vender o bem e ingressar com ação reivindicatória da coisa dada em
usufruto;
● Usufrutuário e nu-proprietário podem ingressar com ação possessória.
● O usufruto de imóveis, quando não resulte de usucapião, constituir-se-á mediante registro no
Cartório de Registro de Imóveis.
● Não se pode transferir o usufruto por alienação; mas o seu exercício pode ceder-se por título gratuito
ou oneroso.
● O usufrutuário não é obrigado a pagar as deteriorações resultantes do exercício regular do usufruto.
4. Classificação
b) Quanto ao objeto:
● Usufruto próprio: Bens infungíveis e consumíveis;
● Usufruto impróprio (quase usufruto): Bens fungíveis e consumíveis.
c) Quanto à extensão:
● Usufruto total ou pleno: Abrange todos os acessórios da coisa;
● Usufruto parcial ou restrito.
d) Quanto à duração:
● Usufrutuário ou a termo: É fixado um prazo de duração.
● Usufruto vitalício: A morte do nu-proprietário NÃO extingue o usufruto.
5. Extinção:
● Renúncia do usufrutuário;
● Morte do usufrutuário;
● Termo final de sua duração;
● Extinção da pessoa jurídica, em favor de quem o usufruto foi constituído, ou, se ela perdurar, pelo
decurso de 30 anos da data em que se começou a exercer;
● Cessação do motivo de que se origina;
● Destruição da coisa;
● Quando se confundem a qualidades de usufrutuário e proprietário;
● Por culpa do usufrutuário, quando aliena, deteriora, ou deixa arruinar os bens, ou quando, no
usufruto de títulos de crédito, não dá às importâncias recebidas a aplicação prevista no parágrafo
único do art. 1.395;
● Pelo não uso, ou não fruição, da coisa em que o usufruto recai.
1. É o direito de usar a coisa móvel ou imóvel, podendo o usuário perceber frutos dentro dos limites das
necessidades pessoais suas e de sua família.
● Pode ser gratuito ou oneroso
● Pode ser constituído por ato inter vivos ou mortis causa.
● Há apenas o direito de usar a coisa, seja móvel ou imóvel.
● Direito personalíssimo.
9.5 Habitação
1. Consiste em utilizar gratuitamente imóvel alheio para fim de moradia. Portanto, é cedida apenas parte
do atributo de usar.
2. O titular NÃO pode alugar ou emprestar, só pode ocupar o imóvel com a família.
● Direito personalíssimo.
● O imóvel é impenhorável.
● É temporário.
● Pode recair sobre todo o imóvel ou parte dele.
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RETA FINAL
● Caso haja mais de um titular, qualquer um pode habitar a casa sem pagar aluguel ao outro.
1. Um bem garante a dívida por vínculo real. Nas dívidas garantidas por penhor, anticrese ou hipoteca, o
bem dado em garantia fica sujeito, por vínculo real, ao cumprimento da obrigação.
2. Características (PISE):
● Preferência: Credor hipotecário e o pignoratício têm preferência no pagamento a outros credores,
observado, quanto á hipoteca, a prioridade no registro.
● Indivisibilidade: Pagamento de uma ou mais prestações da dívida NÃO importa exoneração da
garantia, SALVO disposição expressa no título ou na quitação.
● Sequela: O direito real de garantia acompanha o bem.
● Excussão: Credor pignoratício e o hipotecário têm direito a excutir a coisa, podendo ingressar com
ação de execução pignoratícia ou hipotecária para promover a alienação judicial da coisa garantida,
visando a receber o seu crédito que tem garantia. O credor anticrético não possui tal direito, podendo
apenas reter o bem em seu poder enquanto a dívida não for paga.
3. Requisitos:
● Subjetivos: Somente quem é proprietário poderá oferecer o bem em garantia real. Se proprietário
casado, requer outorga conjugal, SALVO separação absoluta de bens.
4. Requisitos específicos (art. 1.424, CC):
● Valor do crédito, estimação, seu valor máximo;
● Prazo para pagamento da dívida;
● Taxa de juros;
● Bem dado em garantia.
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RETA FINAL
1.1 Conceito
1. A Criminologia é a ciência empírica e interdisciplinar que tem por objeto o crime, o delinquente, a vítima
e o controle social do comportamento delitivo.
2. A criminologia é uma ciência do “ser”, empírica, na medida em que seu objeto é visível no mundo real.
3. O saber comum ou popular está ligado estreitamente a experiências práticas, generalizadas a partir de
algum caso; nesse sentido, é possível atribuir-lhe uma metodologia empírico-indutiva, que predomina nas
ciências sociais.
A Criminologia, o Direito Penal e a Política Criminal são os três pilares de sustentação das Ciências
Criminais. No entanto, precisamos ter cuidado para não confundir os institutos:
1. CRIMINOLOGIA
• É a ciência empírica e interdisciplinar que se ocupa do estudo do crime, do criminoso, da vítima e do
controle social.
• É uma ciência do SER.
• “Ciência que tem por objeto o estudo causal-explicativo do delito”. (Rafaelle Garófalo).
• Utiliza o método indutivo, empírico e interdisciplinar.
2. DIREITO PENAL
• É uma ciência normativa que usa metodologia lógica e abstrata.
• É uma ciência do DEVER (regulamenta um modelo de comportamento).
• Utiliza o método lógico dedutivo (parte da regra geral para depois enfrentar uma regra particular).
3. POLÍTICA CRIMINAL:
• É uma disciplina que oferece aos poderes públicos as opções científicas concretas mais adequadas
para controle do crime, de tal forma a servir de ponte eficaz entre o direito penal e a criminologia.
Ou seja: são diretrizes e soluções práticas para o fenômeno da criminalidade no campo da
prevenção.
• A política criminal interpreta a realidade, ao passo que a criminologia transforma esta realidade.
• Para a doutrina majoritária, a política criminal não possui método próprio, motivo pelo qual não tem
autonomia de ciência.
• Exemplo de atuação de Política Criminal: melhoria do sistema de iluminação em locais com alta
incidência de crimes em período noturno.
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RETA FINAL
1.3 Características
• Ciências dogmáticas - partem de uma lógica dedutiva (geral – particular), sendo esta a lógica da
subsunção. De acordo com Nilo Batista, o Direito Penal serve para a aplicação da lei penal dentro de
um sentido garantidor. Parte-se da lei, que é um dogma. Está-se deduzindo a realidade a partir de
um paradigma que é o da lei.
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RETA FINAL
1.4 Método
2. No entanto, tal método não é suficiente para delimitar as causas da criminalidade, motivo pelo qual
busca auxílio dos métodos estatísticos, históricos, sociológicos e biológicos.
3. Como a criminologia moderna se baseia no método empírico e interdisciplinar, a análise do seu objeto
exige se aventurar em leituras pouco comuns aos bacharéis em direito e dominar conceitos filosóficos,
sociológicos, biológicos entre outros.
1.5 Funções
1. Criminologia Geral - sistematização, comparação e classificação dos resultados obtidos pelas ciências
criminais acerca do crime, criminoso, vítima, controle social e criminalidade.
2. Criminologia Clínica - aplicação dos conhecimentos teóricos para o tratamento dos criminosos.
2. OBJETOS DA CRIMINOLOGIA
• Delito,
• Delinquente,
• Vítima,
• Controle social do delito.
2.1 Delito
1. Para o direito penal, é considerado como ação ou omissão típica, ilícita e culpável. Tem como base o
juízo de subsunção de um fato individualmente considerado perante a norma.
2. Para a criminologia, contudo, interessa o delito do ponto de vista coletivo, como um fenômeno
comunitário, questionando os parâmetros (“critérios”) para a sociedade estabelecer que determinada
conduta mereça ser taxada como criminosa.
3. Segundo (Shecaria, 2014), os critérios para que o fato seja considerado crime são:
• Incidência massiva na população (a conduta rejeitada não é fato isolado): Não basta que um fato
ocorra uma única vez, ainda que gere sofrimento, ele precisa se repetir.
• Incidência aflitiva do fato (a conduta rejeitada tem relevância social): Quando o legislador quer
criminalizar algo isto deve gerar sofrimento, ofender alguma pessoa.
• Persistência espaço-temporal do fato: É necessário que essa conduta se repita ao longo do tempo e
não só em uma determinada região ou período, mas em todo território.
• Inequívoco consenso a respeito de que a criminalização do fato é o meio mais eficaz para repressão
da conduta: Para ser considerado crime, teria que gozar de consenso na relevância desse tipo penal.
Segundo as Escolas da Criminologia, que serão detalhadamente abordadas adiante, o delito possui distintas
definições:
Escola Clássica: ente jurídico.
Escola Positiva: fato humano e social.
2.2 Criminoso
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RETA FINAL
Examina a pessoa do infrator como alguém que fez mau uso da sua liberdade , embora
ESCOLA CLÁSSICA devesse respeitar a lei. O criminoso é um pecador que escolheu o mal (atuação do
criminoso pautada no livre arbítrio).
Criminoso é um prisioneiro de sua própria patologia (determinismo biológico) ou de
ESCOLA POSITIVISTA processos causais alheios (determinismo social). Não foi aceita a tese da Escola clássica
do livre-arbítrio, mas sim a ideia do criminoso nato (determinismo biológico de Lombroso)
e do determinismo social de Ferri e Garófalo.
Criminoso é um ser inferior, incapaz de guiar livremente a sua conduta, por haver
ESCOLA debilidade em sua vontade, de modo a merecer intervenção estatal para corrigi-la. Para a
CORRECIONALISTA escola correcionalista, o criminoso não é um ser forte e embrutecido, como diziam os
positivistas, mas sim um débil, cujo ato precisa ser compreendido e cuja vontade necessita
ser direcionada.
ESCOLA Criminoso como vítima da sociedade e das estruturas econômicas. A responsabilidade
MARXISTA/ESCOLA do crime é da sociedade e o delinquente é convertido em vítima, pois este é produto da
CRÍTICA estrutura econômica do Estado.
Criminoso é homem real e normal que viola a lei penal por razões diversas (elementos
ESCOLA ATUAL biológicos, psicológicos e sociais), que merecem ser investigadas e nem sempre são
compreendidas.
2.3 Vítima
1. Conceito: “vítima é a pessoa que sofre diretamente a ofensa ou ameaça ao bem tutelado pelo Direito.”
2. Vitimologia: pode ser definida como o estudo científico da extensão, natureza e causas da vitimização
criminal, suas consequências para as pessoas envolvidas e as reações àquela pela sociedade, em
particular pela polícia e pelo sistema de justiça criminal, assim como pelos trabalhadores voluntários e
colaboradores profissionais.
3. A vitimologia é, hoje, um campo de estudo orientado para a ação ou formulação de políticas públicas, e
não deve ser definida em termos de direito penal, mas de direitos humanos.
4. Evolução histórica da vitimologia: A vítima passou por três principais fases na história da civilização
ocidental:
• 1ª fase: “idade de ouro”: A fase de ouro vai desde os primórdios da civilização até o fim da Idade
Média, período em que se destaca a autotutela e a vingança privada. Em um contexto de vingança
privada, a vítima era muito valorizada e tinha para si a persecução penal. A “justiça” possuía caráter
essencialmente privado e todo delito produzia um dano à vítima, considerada não apenas aquele
atingido diretamente, mas toda a coletividade.
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RETA FINAL
→ Como as consequências jurídicas do ato delituoso passam a ser da responsabilidade dos poderes
públicos, que, por sua vez, “esquecem” da vítima, o sistema passou a ser denominado de vingança
pública.
→ Este fenômeno de mudança de resolução dos conflitos de forma horizontal – entre os particulares
– para uma forma vertical – entre o Estado e os particulares, é chamado por Foucault de confisco
do conflito.
• 3ª fase: revalorização da vítima: Possui como marco o fim da 2ª Guerra Mundial, quando aparecem
os primeiros estudos sobre vitimologia, com destaque aos realizados por Benjamim Mendelsohn
(1947) e Hans Von Hentig (1948).
→ É uma resposta ética e social ao fenômeno multitudinário da macrovitimização, que atingiu grupos
vulneráveis. Esse redescobrimento não persegue o retorno à vingança privada; nem quebra das
garantias para os delinquentes: a vítima quer justiça.
• Vítima completamente inocente ou vítima ideal: é a vítima inconsciente que nada fez ou nada
provocou para desencadear a situação criminal, pela qual se vê danificada. Em outras palavras: não
tem responsabilidade ou culpa no acontecimento criminoso.
• Vítima tão culpável como o infrator ou vítima voluntária: aquelas que, ao mesmo tempo, atuam
como vítima e como criminoso, de modo que sua participação ativa é imprescindível para a
caracterização do crime.
Em sua obra (Mendelsohn, 2002), o autor conclui que as vítimas podem ser classificadas em três
grandes grupos para efeitos de aplicação da pena ao infrator:
PRIMEIRO Vítima inocente: não há provocação nem outra forma de participação no delito, mas sim
GRUPO puramente vitimal.
SEGUNDO Estas vítimas colaboraram na ação nociva e existe uma culpabilidade recíproca, pela qual a pena
GRUPO deve ser menor para o agente do delito (vítima provocadora).
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RETA FINAL
TERCEIRO Nestes casos são as vítimas as que cometem por si a ação nociva e o não culpado deve ser
GRUPO excluído de toda pena.
6. O iter victimae – O processo de vitimização: "é o caminho, interno e externo, que segue um indivíduo
para se converter em vítima, o conjunto de etapas que se operam cronologicamente no
desenvolvimento de vitimização.” (Oliveira, 2001). O Iter Victimae possui as seguintes etapas:
• Intuição (intuito) - Primeira fase, quando se planta na mente da vítima a ideia de ser prejudicada,
hostilizada ou imolada por um ofensor.
• Atos preparatórios (conatus remotus) - Depois de projetar mentalmente a expectativa de ser vítima,
passa o indivíduo à fase dos atos preparatórios (conatus remotus), momento em que desvela a
preocupação de tomar as medidas preliminares para defender-se ou ajustar o seu comportamento,
de modo consensual ou com resignação, às deliberações de dano ou perigo articulados pelo ofensor.
• Início da execução (conatus proximus) - Posteriormente, vem a fase do início da execução (conatus
proximus), oportunidade em que a vítima começa a operacionalização de sua defesa, aproveitando
a chance que dispõe para exercitá-la, ou direcionar seu comportamento para cooperar, apoiar ou
facilitar a ação ou omissão aspirada pelo ofensor.
• Execução (executio) - Ocorre a autêntica execução, distinguindo -se pela definitiva resistência da
vítima para então evitar, a todo custo, que seja atingida pelo resultado pretendido por seu agressor,
ou então se deixar por ele vitimizar.
• Consumação (consummatio) ou tentativa (crime falho ou conatus proximus) - Ocorre mediante o
advento do efeito perseguido pelo autor, com ou sem a adesão da vítima. Constatando-se a repulsa
da vítima durante a execução, já pode se dar a tentativa de crime, quando a prática do fato
demonstrar que o autor não alcançou seu propósito (finis operantis) em virtude de algum
impedimento alheio à sua vontade. (Oliveira, 2001)
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RETA FINAL
✓ Deve-se evitar perguntas que invadam a vida privada da vítima ou que induzam à ideia de que
ela teve “culpa” pelo fato.
• VITIMIZAÇÃO TERCIÁRIA: decorre da falta de amparo dos órgãos públicos (além das instâncias de
controle) e da ausência de receptividade social em relação à vítima. Especialmente diante de certos
delitos considerados estigmatizadores, que deixam sequelas graves, a vítima experimenta um
abandono, não só por parte do Estado, mas, muitas vezes, também por parte do seu próprio grupo
social.
OBS.: VITIMIZAÇÃO QUATERNÁRIA: Refere-se aos impactos negativos produzidos pelos veículos de
imprensa e pelas redes sociais, consubstanciando na sensação de medo que atinge a sociedade.
8. Teorias vitimológicas: Na tentativa de responder por que algumas pessoas se tornam vítimas de crimes,
foram desenvolvidas teorias sobre a vitimização, que associam diagnósticos empíricos sobre a
distribuição dos riscos de vitimização na população e suas causas. As principais teorias são:
• Teoria interacionista – O processo de vitimização pode ser explicado em razão de um contato prévio,
uma interação/relação entre autor e vítima.
• Modelos teóricos de orientação situacional - Tornar-se vítima de um crime pode ser resultado de
uma convergência de fatores: estar o indivíduo em determinado lugar, em determinado momento e
sob determinadas circunstâncias.
• Modelo teórico do estilo de vida – A vitimização é explicada a partir dos diferentes estilos de vida
que há entre vítimas e não vítimas, sendo que o risco de vitimização está atrelado, não a fatores
pessoais da vítima, mas sim sociais. O risco é seletivo: a probabilidade de ser vítima baseia-se na
exposição do indivíduo a lugares e horários de alto risco, assim como nos contatos que podem existir
com possíveis criminosos.
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RETA FINAL
• Perspectiva de atividades rotineiras - Defende que as taxas de criminalidade não se relacionam com
fatores pessoais ou sociais do criminoso ou da vítima, mas sim com as oportunidades que se
desdobram das atividades cotidianas, como o trabalho, lazer, etc.
1. Conceito: Pode ser definido como “o conjunto de mecanismos e sanções sociais que pretendem
submeter o indivíduo aos modelos e normas comunitárias”, e é dividido em duas espécies: controle
social informal e controle social formal.
2. Controle informal
• É operado no meio da sociedade civil através da família, escola, ambiente de trabalho e demais
espaços de convivência, além da própria opinião pública.
• Tem maior influência em sociedades menos complexas, onde os laços comunitários são fortalecidos
pela proximidade, pelo cotidiano, pelo compartilhamento de ideais e valores comunitários. Já nas
sociedades mais complexas, onde o outro é desconhecido, esses laços não teriam efetiva
oportunidade de serem formados, de modo que o controle informal é menos presente, deixando
margem para o controle social formal.
3. Controle formal
• É formado pelas instâncias das quais o Estado pode lançar mão para controlar a criminalidade:
polícia, administração penitenciária, juiz, etc.
• “Quando as instâncias informais de controle social falham ou são ausentes, entram em ação as
agências de controle formais”, sendo estas marcadas pelo formalismo e coerção.
• A efetividade do controle formal é sempre relativa e, além disso, opera de forma seletiva e
discriminatória, de modo que é recomendável que a atuação do controle social formal opere de
forma articulada com o informal – ex.: polícias comunitárias – e baseado no direito penal mínimo
(pena, principalmente a privativa de liberdade, como ultima ratio).
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RETA FINAL
3. FINALIDADE DA CRIMINOLOGIA
1. Os fins básicos (por vezes confundidos com suas funções) da criminologia são: informar a sociedade e
os poderes constituídos acerca do crime, do criminoso, da vítima e dos mecanismos de controle social;
lutar contra a criminalidade (controle e prevenção criminal).
2. Dentro das finalidades declaradas da criminologia está a prevenção de crimes. A Prevenção divide-se
em (i) primária; (ii) secundária e (iii) terciária.
a) Prevenção primária: Medidas de médio e longo prazo que atingem a raiz do conflito
criminal. Investimentos em educação, trabalho, bem-estar social.
4. ESTATÍSTICA CRIMINAL
2. Além disso, muitos delitos são registrados erroneamente, por falha da polícia, além da manipulação às
avessas, isto é, reduz-se o índice de criminalidade por meio do aumento de casos esclarecidos e
diminuição de casos registrados oficialmente. Nesse sentido, convém diferenciar a criminalidade real
da criminalidade revelada e da cifra negra:
• Criminalidade real - é a quantidade efetiva de crimes perpetrados pelos delinquentes;
• Criminalidade revelada/registrada/aparente - é o percentual que chega ao conhecimento do
Estado;
• Cifras negras - a porcentagem não comunicada ou elucidada.
3. Assim, é possível concluir que as estatísticas indicam apenas uma pequena parte do que realmente
ocorre, haja vista que a imensa maioria dos delitos fica na obscuridade, compondo a chamada “cifra
negra da criminalidade” (ou cifra oculta).
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RETA FINAL
1. O termo CIFRA NEGRA (zona obscura, "dark number" ou "ciffre noir") refere-se à porcentagem de crimes
não solucionados ou punidos, à existência de um significativo número de infrações penais
desconhecidas "oficialmente". (Rosa, 2019)
CIFRA São os crimes cometidos por funcionários públicos, onde geralmente a vítima deixa de
AMARELA denunciar o fato às autoridades competentes por medo de represálias.
CIFRA Dizem respeito aos crimes ambientais que não chegam ao conhecimento das autoridades.
VERDE
Contrapõem-se aos chamados “crimes do colarinho branco”, dizem respeito aos
CIFRA AZUL pequenos crimes comuns praticados por pessoas economicamente desabastadas e se
verifica como uma alusão aos macacões azuis utilizados nas fábricas dos Estados Unidos.
Em criminologia, orienta o estudo das causas da reincidência, que será sempre contingente, pode
ocorrer ou não. Os prognósticos criminais podem ser clínicos e estatísticos.
1. Prognósticos clínicos: São aqueles em que se faz um detalhamento do criminoso, por meio da
interdisciplinaridade: médicos; psicólogos, assistentes sociais etc.
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RETA FINAL
2. Prognósticos estatísticos: São aqueles baseados em tabelas de predição, que não levam em conta certos
fatores internos e só servem para orientar o estudo de um tipo específico de crime e de seus autores
(condenados). Nesse contexto, é bom ter em mira o índice de criminalidade (vários fatores), pois devem
ser levados em conta os fatores psicoevolutivos, jurídico-penais e ressocializantes (penitenciários).
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