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Direito Penal II
JANEIRO - 2022
essdmaterialdidatico@policiamilitar.sp.gov.br
Atualização: Cap PM Fernando Antônio de Moura, da Essd.
Cb PM Marcio Silva, do CIAF;
2º CICLO DE ENSINO
Sumário
Aula 1 e 2 - Dos Crimes Contra o Sentimento Religioso e o respeito aos mortos: Violação de Sepultura:
Generalidade e Conceitos; Destruição, subtração ou ocultação de cadáver: Generalidade e Conceitos;
Vilipêndio de Cadáver: Generalidade e Conceitos. Dos Crimes Contra a Liberdade Sexual: Estupro:
Generalidade e conceitos; Sujeito ativo e passivo; Tipo objetivo e subjetivo; Consumação e tentativa;
Violação sexual mediante fraude: Generalidades e conceitos...................................................................4
Aula 3 e 4 - Assédio Sexual (Lei Federal 10.224/01): Generalidades e conceitos. Estupro de Vulnerável:
Generalidade e conceitos; Sujeito ativo e passivo; Tipo objetivo e subjetivo; Consumação e tentativa;
Corrupção de menores: Generalidades e conceito. Favorecimento da prostituição ou outra forma de
exploração sexual: Generalidade e conceitos; Casa de prostituição: Generalidade e conceitos; Rufianismo:
Generalidade e conceitos;...........................................................................................................................9
Aula 5 e 6 - Do Ultraje Público ao Pudor: Ato obsceno: Generalidade e conceitos; Exclusão do crime;
Escrito ou objeto obsceno: Generalidade e conceitos. Dos Crimes Contra a Incolumidade Pública; Dos
Crimes de Perigo Comum: Incêndio: Generalidade e conceitos; Aumento de pena; Incêndio culposo. Dos
Crimes Contra a Saúde Pública: Charlatanismo; Curandeirismo; Dos Crimes Contra a Paz Pública:
Incitação ao crime;....................................................................................................................................15
Aula 7 e 8 - Apologia de crime ou criminoso; Associação Criminosa. Dos Crimes Contra a Fé Pública:
Da Moeda Falsa: Moeda Falsa; Petrechos para falsificação de moeda; Generalidades. Da Falsidade de
Títulos e Outros Papéis Públicos: Falsificação de papéis públicos. Petrechos de falsificação..................21
Aula 9 e 10 - Da Falsidade Documental: Falsificação de documento público; Falsificação de documento
particular. Da Falsidade Documental: Falsidade ideológica; Falsidade de atestado médico; Uso de
documento falso; De Outras Falsidades: Falsa identidade; Adulteração de sinal identificador de veículo
automotor...................................................................................................................................................26
Aula 11 e 12 - Dos Crimes Contra a Administração Pública: Dos Crimes Praticados por Funcionário
Público Contra a Administração em Geral: Peculato e suas modalidades. Inserção de dados falsos em
sistema de informações; Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações...............32
Aula 13 e 14 - Concussão; Excesso de exação; Corrupção passiva; Prevaricação...................................36
Aula 15 e 16 - Condescendência criminosa; Advocacia administrativa; Funcionário público
(conceito)..................................................................................................................................................40
Aula 17 e 18 - Dos Crimes Praticados por Particular Contra a Administração em Geral: Usurpação de
função pública; Resistência; Desobediência; Dos Crimes Praticados por Particular Contra a
Administração em Geral: Desacato; Corrupção ativa..............................................................................42
Aula 19 e 20 - Dos Crimes Contra a Administração da Justiça: Denunciação caluniosa; Comunicação
falsa de crime ou contravenção; Autoacusação falsa; Falso testemunho ou falsa perícia........................46
Aula 21 e 22 - Coação no curso do processo; Exercício arbitrário das próprias razões; Fraude processual;
Favorecimento pessoal; Favorecimento real; Exercício arbitrário ou abuso de poder.............................49
Aula 23 e 24 - Fuga de pessoa presa ou submetida à medida de segurança; Evasão mediante violência
contra pessoa. Arrebatamento de preso; Patrocínio infiel; Exploração de prestígio; Desobediência à
decisão judicial sobre perda ou suspensão de direito...............................................................................53
Aula 25 e 26 - Lei de abuso de autoridade...............................................................................................57
Aula 27 e 28 - Lei de drogas.....................................................................................................................66
Aula 29 e 30 - Lei de drogas.....................................................................................................................74
Aula 31 e 32 – Lei de tortura ...................................................................................................................79
Aula 33 e 34 - Estatuto da criança e do adolescente.................................................................................83
Aula 35 e 36 - Estatuto da criança e do adolescente ................................................................................87
Aula 37 e 38 - Estatuto do idoso ..............................................................................................................96
Aula 39 e 40 - Leis de crimes ambientais ..............................................................................................101
Aula 41 e 42 - Leis de crimes ambientais ..............................................................................................103
Aula 43 e 44 - Estatuto do Desarmamento ............................................................................................106
Aula 45 e 46 - Estatuto do Desarmamento ............................................................................................114
Aula 47 e 48 - Estatuto do Desarmamento ............................................................................................116
Aula 49 e 50 - Código de defesa do Consumidor (crimes) ...................................................................121
Aula 51 e 52 - Lei de Violência Doméstica...........................................................................................125
Aula 53 e 54 - Crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor......................................................130
Aula 55 e 56 - Crimes Hediondos..........................................................................................................134
Aula 57 e 58 - Crimes Hediondos..........................................................................................................136
Aula 59 e 60 - Organização Criminosa..................................................................................................138
Aula 61 e 62 - Organização Criminosa..................................................................................................141
Aula 63 e 64 - Contravenções Penais.....................................................................................................143
Aula 65 e 66 - Contravenções Penais.....................................................................................................145
Aula 67 e 68 - Contravenções Penais.....................................................................................................148
Referências Bibliográficas.....................................................................................................................154
Aula 1 e 2 - Dos Crimes Contra o Sentimento Religioso e o respeito aos mortos: Violação de Sepultura:
Generalidade e Conceitos; Destruição, subtração ou ocultação de cadáver: Generalidade e Conceitos; Vilipêndio de
Cadáver: Generalidade e Conceitos. Dos Crimes Contra a Liberdade Sexual: Estupro: Generalidade e conceitos;
Sujeito ativo e passivo; Tipo objetivo e subjetivo; Consumação e tentativa; Violação sexual mediante fraude:
Generalidades e conceitos.
DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO E O RESPEITO AOS MORTOS
VIOLAÇÃO DE SEPULTURA
Considerações iniciais: Disciplina o art. 210 do Código Penal: ―Violar ou profanar sepultura ou urna
funerária: Pena — reclusão, de um a três anos, e multa‖.
O crime em estudo tem o intuito de proteger o sentimento de respeito pelos mortos, Nelson Hungria,
sustenta que ―a lei penal protege não é a paz dos mortos, mas o sentimento de reverência dos vivos para
com os mortos. O respeito aos mortos (do mesmo modo que o sentimento religioso) é um relevante valor
ético-social, e, como tal, um interesse jurídico digno, por si mesmo, da tutela penal.‖
Tipo objetivo: Os verbos núcleo do tipo (ações nucleares do tipo) estão traduzidos nos verbos:
a) violar- abrir, descobrir, destruir, no caso, sepultura ou urna funerária. Com a violação, o cadáver ou as
cinzas do defunto devem ficar expostos, mas não há necessidade de que sejam removidos; ou
b) profanar - tratar com desprezo, ultrajar, macular, aviltar, por exemplo, jogar excrementos sobre a
sepultura ou urna funerária, destruir os ornamentos, escrever palavras injuriosas.
Objeto material: sepulcro, a tumba e o túmulo e tudo que for construído em torno, lápide por exemplo.
Deve necessariamente conter o cadáver. Urna funerária compreende as caixas, cofres ou vasos que contêm
as cinzas ou ossos do morto.
Tipo subjetivo: É o dolo, verificado na vontade livre e consciente do agente em violar ou profanar
sepultura ou urna funerária. Crime que não se processa na modalidade culposa
Sujeito ativo: Qualquer pessoa
Sujeito passivo: Sujeito passivo é a coletividade, a família e os amigos do falecido, sendo por esse motivo
titulado como crime vago por não ter apenas uma pessoa como vitima.
Consumação: com a violação ou profanação de sepultura ou urna funerária.
Tentativa: perfeitamente admissível.
Particularidade: O tipo penal é alternativo, isto é, a pratica das duas condutas (violar e profanar) leva a
configuração de um só delito. Ressalta-se que não comete o crime em tela, a pessoa que agir no exercício
regular do direito, aquele que procede a mudança do cadáver ou de seus restos mortais para outra sepultura,
mediante as formalidades legais (exumação). A ação penal e pública incondicionada
Exemplo prático: João morador de rua caminhava pelo cemitério e ao passar em frente uma sepultura e
verificar que ali estava enterrada uma mulher decide abrir para vê-la, após abri, observou que não era uma
mulher, deixa tudo do jeito que esta e foge do local, sendo preso em flagrante em poucos metros.
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DESTRUIÇÃO, SUBTRAÇÃO OU OCULTAÇÃO DE CADÁVER
Considerações iniciais: Disciplina o art. 211 do Código Penal: ―Destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou
parte dele: Pena — reclusão, de um a três anos, e multa‖. O crime em tela tem como objeto jurídico a
proteção do sentimento de respeito pelos mortos
Tipo objetivo: Os verbos núcleo do tipo (ações nucleares do tipo) estão traduzidos nos verbos:
a) destruir — atentar contra a existência da coisa, por exemplo, queimar ou esmagar o cadáver ou parte
dele, mas não é necessária a destruição total;
b) subtrair— significa tirar o cadáver ou parte dele da esfera de proteção ou guarda da família, amigos,
vigias do cemitério, a subtração pode dar-se antes ou depois do sepultamento, por exemplo, haverá
subtração se, durante um velório, pessoas tiram o corpo do caixão e fogem com ele; ou
c) ocultar — significa esconder, mas sem que isso implique destruição do cadáver ou parte dele. Há apenas
o desaparecimento do objeto do crime, por exemplo, após o atropelamento, o agente esconde a vítima no
interior de uma mata ou a joga em um rio ou a esconde em sua residência. A ocultação somente pode
ocorrer antes do sepultamento.
Objeto material: É o cadáver ou parte dele, não se considera o esqueleto humano ou as suas cinzas.
Exclui-se também a múmia do conceito de cadáver, sendo certo que a sua subtração pode configurar o
crime de furto. A lei também se refere à parte do cadáver, por exemplo, em acidente de aeronave somente
se logra encontrar a cabeça do falecido. Ressalva a doutrina que as partes amputadas de corpo vivo não são
tuteladas pela lei.
Tipo subjetivo: É o dolo, verificado na vontade livre e consciente do agente em destruir, subtrair ou
ocultar cadáver.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa pode praticar o delito em tela, inclusive a própria família do morto.
Sujeito passivo: Por tratar-se de crime vago, o sujeito passivo é a coletividade, em primeiro plano;
secundariamente pode-se incluir a família e os amigos do falecido.
Consumação: Na modalidade de destruir, se consuma com a destruição total ou parcial do cadáver. Na
modalidade ocultar, o crime se consuma com o desaparecimento do cadáver ou de parte dele. Finalmente,
na modalidade subtrair, o crime se consuma com a retirada do cadáver ou de parte dele da esfera de
proteção e guarda da família, amigos etc.
Tentativa: Plenamente admissível
Particularidade: O tipo penal é alternativo, isto é, a pratica das três condutas (destruir, subtrair ou ocultar)
leva a configuração de um só delito. Haverá concurso material de crimes se o agente matar a vítima e
depois destruir ou ocultar o seu cadáver (CP, arts. 121 e 211). Se o agente para destruir ou subtrair o
cadáver tiver de violar a sua sepultura (CP, art. 210), haverá crime único. A ação e pública incondicionada.
Exemplo prático: João fazendo parte de uma facção criminosa XPC, descobre que seu rival Pedro, morreu
e que seu corpo será velado no clube esportivo da comunidade vizinha. Com o intuito de angariar um maior
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posto dentro do crime, durante o velório, João subtrai o corpo de Pedro levando até sua comunidade e
atendo fogo, a fim de mostrar força. João e preso dias depois e respondera por um só crime, sendo ele o
capitulado no artigo em estudo.
VILIPÊNDIO DE CADÁVER
Considerações iniciais: Disciplina o art. 212 do Código Penal: ―Vilipendiar cadáver ou suas cinzas: Pena
— detenção, de um a três anos, e multa‖. O crime em tela tem como objeto jurídico a proteção do
sentimento de respeito pelos mortos
Tipo objetivo: O verbo núcleo do tipo (ação nuclear do tipo) esta traduzidos no verbo vilipendiar, isto é,
ultrajar, tratar com desprezo, no caso, o cadáver ou suas cinza. O vilipêndio pode ser praticado de diversos
modos, por exemplo, atirar excrementos no cadáver, proferir palavrões contra ele, praticar atos sexuais com
ele. Deve, portanto, a ação criminosa se dar sobre ou junto ao cadáver ou suas cinzas.
Objeto material: É o cadáver ou suas cinzas. Segundo parte da doutrina a vontade da lei é tutelar não só
estas e o cadáver, mas também as partes dele, o esqueleto e etc.,
Tipo subjetivo: O dolo, consistente na vontade livre e consciente de vilipendiar o cadáver e suas cinzas.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa, incluindo a própria família do morto.
Sujeito passivo: É a coletividade, em primeiro plano; secundariamente pode-se incluir a família e os
amigos do falecido.
Consumação: Com a pratica da conduta vilipendiadora.
Tentativa: É admissível, exceto no vilipêndio por meio de palavras.
Particularidade: Se o vilipêndio configurar calúnia contra o falecido, haverá concurso formal de crimes
(arts. 138, § 2º, e 212). Este crime se processa através de ação penal pública incondicionada
Exemplo prático: Maria apaixonada por João descobre que este veio a falecer. Impelida por um amor
incondicional, resolveu ir até sua sepultura abri e manter relações sexuais com corpo de João. Maria e pega
em flagrante, processada e condenado pelo crime em estudo, ante o vilipendio ao cadáver de João.
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3- Stive, Policial Militar, flagra Joana na prática de tráfico de entorpecentes, exigindo que ela pratique
relações sexuais para não ser presa. Neste exemplo temos concurso formal (art. 213 e art. 319
―prevaricação‖)
4- João compelido por um desejo incontrolável por Maria, arma-se de um revolver e determina que ela se
masturbe diante dele, a liberando em seguida. Observe que nesse exemplo, João não tocou em Maria e
mesmo assim praticou o crime de estupro.
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Aula 3 e 4 - Assédio Sexual: Generalidades e conceitos. Estupro de Vulnerável: Generalidade e conceitos;
Sujeito ativo e passivo; Tipo objetivo e subjetivo; Consumação e tentativa; Corrupção de menores:
Generalidades e conceito. Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual:
Generalidade e conceitos; Casa de prostituição: Generalidade e conceitos; Rufianismo: Generalidade e
conceitos.
ASSÉDIO SEXUAL
Considerações iniciais: Disciplina o art. 216-A do CP ―Constranger alguém com o intuito de obter
vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou
ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função: Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois)
anos‖. Tem como objeto jurídico a tutela a dignidade sexual e a liberdade sexual. Nesse tipo penal também
visa a proteção nas relações de trabalho
Tipo objetivo: O verbo núcleo do tipo (ação nuclear do tipo) está traduzido no verbo constranger, que
significa forçar, compelir. A conduta tipificada não é a de violentar a vítima e sim a de apenas embaraçá-la.
Não é qualquer gracejo, que caracteriza o assédio. Nas lições de Cezar Roberto Bitencourt, para
caracterização do crime e necessário ―a importunação séria, grave, ofensiva, chantagiosa ou ameaçadora a
alguém subordinado‖. Vale salientar que o crime em estudo, segundo a doutrina, também e chamado
―assédio laboral‖, pois o legislador somente tipificou o assédio decorrente de relação de trabalho, sendo
que se os fatos se derem em outro tipo de relação, como por exemplo a familiar, não estará configurado o
crime em tela.
Objeto material: A pessoa que sofre o constrangimento.
Tipo subjetivo: É o dolo, consistente na vontade livre e consciente de constranger a vítima. Exige- se, a
finalidade de obter vantagem ou favorecimento sexual. Caso o agente tem como objetivo o relacionamento
duradouro e sério, não estará configurado o crime em tela.
Sujeito ativo: Trata-se de crime próprio, já que a lei exige que o agente se prevaleça da sua condição de
superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função.
Sujeito passivo: O subordinado ou empregado de menor escalão que o do sujeito ativo.
Consumação: Com a prática do ato constrangedor, sendo irrelevante a obtenção da vantagem ou
favorecimento sexual.
Tentativa: A tentativa e possível, por exemplo por escrito, mas não chega ao conhecimento do destinatário
Particularidade: O assédio pode ser realizado verbalmente, por escrito ou por gestos. A exigência da
vantagem ou favorecimento sexual pode ser para si ou para terceiros, caso este saiba estaremos diante de
concurso de pessoas.
Causas de aumento de pena: Aduz o § 2o ―A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de
18 (dezoito) anos.‖. Apesar de o dispositivo apenas fazer referencia a expressão menor de 18 anos, há
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interpretar a idade mínima de 14 e a máxima de 18 anos.
Exemplo prático: João, CEO da empresa Megaevento, determina que Maria, a secretária, compareça em
sua sala. Maria ao chegar na sala, se depara com João, que informa que ela será demitida, mas caso faça
sexo com ele naquele momento, poderá permanecer no emprego.
ESTUPRO DE VULNERÁVEL
Considerações iniciais: Aduz o art. 217-A do C.P. ―Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso
com menor de 14 (catorze) anos: Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.‖. Complementa o §
1o ―Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou
deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra
causa, não pode oferecer resistência.‖ O referido crime tem como objetos jurídicos a liberdade sexual e o
pleno desenvolvimento das pessoas vulneráveis.
Tipo objetivo: O verbo núcleo do tipo (ação nuclear do tipo) está traduzido no verbo ter (conseguir,
alcançar) conjunção carnal (cópula entre pênis e vagina) ou praticar (realizar, executar) outro ato
libidinoso (qualquer ação relativa à obtenção de prazer sexual, por exemplo, coito anal, sexo oral) com
menor de 14 anos , com alguém efermo (doente) ou deficiente (portador de retardo ou insuficiência)
mental, que não possua o necessário (indispensável) discernimento (capacidade de distinguir e conhecer o
que se passa, critério, juízo) para a pratica do ato, bem como com alguém que, por outra causa (motivo,
razão), não possa oferecer resistência (força de oposição contra algo).
Objeto material: A pessoa vulnerável
Tipo subjetivo: É o dolo, demonstrado na vontade de ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso.
Não é exigida nenhuma finalidade especial, sendo suficiente a vontade de submeter a vítima à prática de
relações sexuais.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa, lembrando que pode ser tanto homem como mulher.
Sujeito passivo: A pessoa vulnerável (menor de 14 anos, enfermo ou deficiente mental sem discernimento
para a prática do ato, ou pessoa com incapacidade de resistência)
Consumação: Com a conjunção carnal ou com a prática de qualquer outro ato libidinoso. Ressalta-se que,
na conjunção carnal, não se exige, para a consumação do crime, a penetração total do pênis na vagina, nem
ejaculação.
Tentativa: Plenamente possível.
Particularidade: Erro de tipo - Muitas pessoas, embora menores de 14 anos, podem aparentar a terceiros
já ter atingido a referida idade. Há as que possuem um corpo físico avantajado ou se maquiam em excesso;
outras, pelas suas atitudes (ex.: prostituição de longa data), parecem ter mais idade do que realmente têm;
enfim, a confusão com o elemento do tipo menor de 14 anos pode eliminar o dolo (não se pune a título de
culpa). Este crime se processa através de ação penal pública incondicionada.
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Qualificadoras: Aduz o § 3o do art. 217-A ―Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave: Pena -
reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.‖. E aduz o § 4o ―Se da conduta resulta morte: Pena - reclusão, de
12 (doze) a 30 (trinta) anos.‖. São figuras preterdolosas (dolo na conduta antecedente e culpa na conduta
consequente). Caso o agente tenha o dolo nas duas condutas, ou seja, dolo no estupro de vulnerável e dolo
no resultado lesão corporal grave ou morte, estaremos diante de um concurso material de crimes.
Disciplina o § 5º ―As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º deste artigo aplicam-se
independentemente do consentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido relações sexuais
anteriormente ao crime.‖
Exemplo prático: Tício conhece uma bela jovem e por ela fica atraído, mesmo sabendo que ela possui 13
anos, manteve relações sexuais com ela. No dia seguinte a família da jovem tomou conhecimento do fato e
se dirigiu a delegacia mais próxima, onde foi lavrado o Boletim de ocorrência em desfavor de Tício por
estupro de vulnerável.
CORRUPÇÃO DE MENORES
Considerações iniciais: Disciplina o art. 218 do C.P. ―Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a
satisfazer a lascívia de outrem: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.‖. Crime tem com objeto
jurídico a proteção da moralidade e imaturidade sexuais dos menores de 14 anos.
Tipo objetivo: O verbo núcleo do tipo (ação nuclear do tipo) está traduzido no verbo induzir (dar a ideia,
sugerir, persuadir) alguém menor de 14 anos a satisfazer (realizar, saciar) a lascívia (prazer sexual) de
outrem. Segundo Rogério Sanches Cunha, o tipo penal do art. 218 ―limitasse, portanto, às práticas sexuais
meramente contemplativas, como, por exemplo, induzir alguém menor de 14 anos a vestir-se com
determinada fantasia para satisfazer a luxúria de alguém‖, caso o induzimento for para a pratica de
conjunção carnal ou ato libidinoso com outrem, o indutor poderá responder na qualidade de partícipe do
crime do art. 217-A (estupro de vulnerável).
Objeto material: A pessoa menor de 14 anos, induzida à satisfação da lascívia de outrem.
Tipo subjetivo: É o dolo, latente na vontade livre e consciente de induzir alguém menor de 14 anos a
satisfazer a lascívia de outrem.
Sujeito ativo: Pode ser qualquer pessoa.
Sujeito passivo: E o menor de 14 anos, podendo ser homem ou mulher.
Consumação: Consuma-se com a influência do agente no sentido de levar o menor a praticar atitude
tendente à satisfação da lascívia de outrem. Irrelevante a ocorrência do ato. Titulado como crime formal.
Tentativa: E possível
Exemplo prático: Mévio se dirige até Joana, menor de 14 anos, e induz que ela faça um strip-tease para o
seu amigo Tício, com o intuito de satisfazer a lascívia deste.
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FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL
Considerações iniciais: Disciplina o art. 218-B ―Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma
de exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental,
não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos.‖ Tem como objeto jurídico a moralidade e a imaturidade
sexuais dos menores de 18 anos.
Tipo objetivo: O verbo núcleo do tipo (ação nuclear do tipo) está traduzido no verbo submeter (subjugar,
dominar, sujeitar alguém a algo), induzir (dar a ideia, sugerir) ou atrair (seduzir, chamar a atenção de
alguém para algo) são os verbos alternativos, cujo objeto é a prostituição ou outra forma de exploração
sexual de pessoa menor de 18 anos ou que, em virtude de enfermidade ou deficiência mental, não tenha o
discernimento necessário para a prática do ato. A segunda parte do tipo penal prevê as seguintes condutas
alternativas: facilitar (tornar acessível ou à disposição); impedir (obstar, colocar qualquer obstáculo) ou
dificultar (tornar algo complicado).
Objeto material: A pessoa menor de 18 anos
Tipo subjetivo: É o dolo, caracterizado na vontade livre e consciente do agente em praticar o disposto do
artigo em estudo.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa
Sujeito passivo: Será o menor de 18 anos ou o que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o
necessário discernimento para a prática do ato. Boa parte da doutrina entende que os menores de 14 anos
são abrangidos pelo referido artigo.
Consumação: Com a prática da prostituição ou outra forma de exploração sexual pelas vitimas
Tentativa: A tentativa admissível
Agravantes: Disciplina o § 1o do artigo em tela ―Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem
econômica, aplica-se também multa.‖. Neste caso terá o cumulo da pena pecuniária a pena privativa de
liberdade.
Figuras equiparadas: Aduz o § 2o Incorre nas mesmas penas: I - quem pratica conjunção carnal ou outro
ato libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita
no caput deste artigo; II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as
práticas referidas no caput deste artigo.
No caso do inciso I, passa a prever punição para o cliente, nas mesmas penas daquele que pratica o verbo
núcleo do tipo descrito no artigo em estudo.
No caso do inciso II, pune-se nas mesmas penas do caput, as pessoas referidas que tenha o conhecimento
que ocorre as práticas do verbo do tipo no local.
Particularidades: Trata-se de tipo penal misto alternativo, de ação múltipla ou de conteúdo variado, e a
pratica de duas ou mais condutas caracteriza crime único. Disciplina o § 3o do artigo em tela que ―Na
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hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de
localização e de funcionamento do estabelecimento.‖ Em todos os casos, a ação penal e pública
incondicionada.
Exemplo prático: Maria, com 17 anos, trabalhando há dois anos na casa de prostituição tenta abandonar
esta vida, quando e impedida por Tício, que cria obstáculos para que ela não deixe o local que pratica a
prostituição.
CASA DE PROSTITUIÇÃO
Considerações iniciais: Prescreve o art. 229 do CP ―Manter, por conta própria ou de terceiro,
estabelecimento em que ocorra exploração sexual, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do
proprietário ou gerente: Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.‖. Tem como objeto jurídico a
moralidade sexual e os bons costumes. Há doutrinadores que sustentam que com o advento da Lei n.
12.015/2009, este crime perdeu o nomen iuris, deixando de ser casa de prostituição, passando a se
classificado como ―estabelecimento destinado a exploração sexual.
Tipo objetivo: O verbo núcleo do tipo (ação nuclear do tipo) está traduzido no verbo manter, isto é,
conservar, sustentar estabelecimento em que ocorra exploração sexual. Pune-se, portanto, o proprietário de
qualquer estabelecimento, destinado ou não à prostituição, em cujo interior ocorra à exploração sexual, por
exemplo, indivíduo que possui um restaurante, mas que em sua edícula permite encontro de clientes com
prostitutas. O mesmo ocorre com a manutenção de casas de massagem, banho, ducha, relax. Caso se
comprove que no interior haja a exploração sexual, haverá o enquadramento típico.
Objeto material: O estabelecimento que ocorre a exploração sexual
Tipo subjetivo: É o dolo
Sujeito ativo: Qualquer pessoa
Sujeito passivo: É a coletividade, secundariamente a pessoa explorada sexualmente.
Consumação: Com a efetiva comprovação da habitualidade na manutenção do estabelecimento em que
ocorra a exploração sexual.
Tentativa: Inadmissível, por se tratar de crime habitual.
Particularidades: Tendo em vista o verbo empregado pelo tipo penal, manter, estamos diante de um crime
habitual (exige habitualidade, com reiteração seguida da conduta). A ação penal e pública incondicionada
Exemplo prático: Tício há mais ou menos dois anos, mantém em total funcionamento um bar frequentado
tanto por homens, quanto por mulheres, sendo que muitas delas são prostitutas. Verificado a possibilidade
do aumento de seus lucros, a cerca de um ano, Tício decide disponibilizar quartos no andar de cima para
que as prostitutas possam fazer o atendimento dos clientes.
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RUFIANISMO
Considerações iniciais: Disciplina o art. 230 do C.P ―Tirar proveito da prostituição alheia, participando
diretamente de seus lucros ou fazendo-se sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça: Pena -
reclusão, de um a quatro anos, e multa.‖. Tem como objeto jurídico tutelar a liberdade sexual e a
moralidade.
Conceito de rufianismo: Segundo Guilherme de Sousa Nucci ―é uma modalidade do lenocínio, que
consiste em viver à custa da prostituição alheia. É a atividade exercida por aquele que explora prostitutas e,
consequentemente, incentiva o comércio sexual. O termo equivalente é o cafetão.
Tipo objetivo: O verbo núcleo do tipo (ação nuclear do tipo) está traduzido no verbo tirar proveito (extrair
lucro, vantagem ou interesse) da prostituição alheia. As formas compostas do núcleo principal (tirar
proveito) são:
a) participando dos lucros (reservando, para si, uma parte do ganho que a prostituta obtém com sua
atividade)
b) fazendo-se sustentar (arranjando para ser mantido, provido de víveres ou amparado). Não se demanda
seja essa a única fonte de renda do sujeito ativo, mas uma delas.
Objeto material: A pessoa prostituída explorada
Tipo subjetivo: É o dolo, não existindo na forma culposa.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa, titulada como rufião ou cafetão.
Sujeito passivo: A pessoa que exerce a prostituição.
Consumação: Dá-se a consumação com a participação reiterada do rufião no recebimento dos lucros, bem
como da sua manutenção à custa da prostituta.
Tentativa: Inadmissível
Particularidades: Esta no rol dos crimes habituais. A ação penal é pública incondicionada
Qualificadoras: Aduz o § 1o ―Se a vítima é menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos ou se o
crime é cometido por ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou
curador, preceptor ou empregador da vítima, ou por quem assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de
cuidado, proteção ou vigilância: Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.‖.
Disciplina o § 2o Se o crime é cometido mediante violência, grave ameaça, fraude ou outro meio que
impeça ou dificulte a livre manifestação da vontade da vítima: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos,
sem prejuízo da pena correspondente à violência.‖.
Exemplo prático: Mévio, casado com Gertrudes, a obriga se prostituir para sustentar a casa e seu vício em
bebida alcoólica, utilizando ainda o direito advindo da prostituição de sua esposa, para gastar em jogo de
baralho.
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Aula 5 e 6 - Do Ultraje Público ao Pudor: Ato obsceno: Generalidade e conceitos; Exclusão do crime;
Escrito ou objeto obsceno: Generalidade e conceitos. Dos Crimes Contra a Incolumidade Pública; Dos
Crimes de Perigo Comum: Incêndio: Generalidade e conceitos; Aumento de pena; Incêndio culposo. Dos
Crimes Contra a Saúde Pública: Charlatanismo; Curandeirismo; Dos Crimes Contra a Paz Pública:
Incitação ao crime;
ATO OBSCENO
Considerações iniciais: Disciplina o art. 233 do CP ―Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou
exposto ao público: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.‖ O crime em estudo tem como
objeto jurídico tutelar o pudor público.
Tipo objetivo: O verbo núcleo do tipo (ação nuclear do tipo) está traduzido no verbo praticar (executar,
levar a efeito ou realizar, implicando em movimento do corpo humano e não simplesmente em palavras)
ato ofensivo ao pudor. Tem-se por ato obsceno todo aquele de cunho sexual capaz de ofender o pudor
público médio da sociedade. Esse senso deve ser avaliado de acordo com o lugar e a época em que o crime
foi praticado.
Objeto material: É a pessoa que presencia o ato
Tipo subjetivo: É o dolo
Sujeito ativo: Qualquer pessoa
Sujeito passivo: Por se tratar de crime vago, o sujeito passivo é a coletividade.
Consumação: Por se tratar de crime perigo, se consuma com a prática do ato, não exigindo que tenha sido
presenciado por terceiros.
Tentativa: De difícil verificação
Particularidades: Conforme se verifica no tipo penal, o crime traz um elemento normativo que é a pratica
do ato obsceno não em qualquer lugar, mas sim em lugar público (é aquele ao qual todas as pessoas têm
acesso, por exemplo, ruas, praças.) , ou aberto (aquele cujo acesso é livre ou condicionado, por exemplo,
metrô, cinema, museu, teatro.) ou exposto ao público (é o local privado visível para quem se encontra num
lugar público ou aberto ao público. p. ex. interior de um automóvel). A ação penal e pública
incondicionada.
Exemplo prático: Mévio convida Tícia para almoçar. Durante o almoço o papo foi ficando quente ao
ponto de que eles resolveram ir embora para ficar em um lugar mais tranquilo e a dois. Ocorre que a
empolgação era tão grande que decidiram para o veiculo em uma rua e começar a pratica de atos
libidinosos.
OBSERVAÇÕES: Crimes que serão expostos abaixo são apenas para conhecimento:
Importunação sexual
Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a
própria lascívia ou a de terceiro:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não constitui crime mais grave.
Registro não autorizado da intimidade sexual
Art. 216-B. Produzir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, conteúdo com cena de nudez ou
ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado sem autorização dos participantes: Pena - detenção, de
6 (seis) meses a 1 (um) ano, e multa.
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Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem realiza montagem em fotografia, vídeo, áudio ou qualquer
outro registro com o fim de incluir pessoa em cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo.
Divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro de vulnerável, de cena de sexo ou de
pornografia
Art. 218-C. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda, distribuir, publicar ou
divulgar, por qualquer meio - inclusive por meio de comunicação de massa ou sistema de informática ou
telemática -, fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual que contenha cena de estupro ou de estupro de
vulnerável ou que faça apologia ou induza a sua prática, ou, sem o consentimento da vítima, cena de sexo,
nudez ou pornografia: Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato não constitui crime mais grave.
§ 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se o crime é praticado por agente que
mantém ou tenha mantido relação íntima de afeto com a vítima ou com o fim de vingança ou humilhação.
Exclusão de ilicitude
§ 2º Não há crime quando o agente pratica as condutas descritas no caput deste artigo em publicação de
natureza jornalística, científica, cultural ou acadêmica com a adoção de recurso que impossibilite a
identificação da vítima, ressalvada sua prévia autorização, caso seja maior de 18 (dezoito) anos.
DISPOSIÇÕES GERAIS
―Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título (todos os crimes contra a liberdade sexual
e liberdade sexual de vulnerável), procede-se mediante ação penal pública incondicionada.‖
“Aumento de pena: Art. 226. A pena é aumentada: I – de quarta parte, se o crime é cometido com o
concurso de 2 (duas) ou mais pessoas; II - de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio,
irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro
título tiver autoridade sobre ela; IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado: a)
mediante concurso de 2 (dois) ou mais agentes; b) para controlar o comportamento social ou sexual da
vítima‖
DISPOSIÇÕES GERAIS
Aumento de pena: ―Art. 234-A. Nos crimes previstos neste Título (para nosso estudo, de estupro até
escrito e objeto obsceno) a pena é aumentada: III - de metade a 2/3 (dois terços), se do crime resulta
gravidez; IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o agente transmite à vítima doença sexualmente
transmissível de que sabe ou deveria saber ser portador, ou se a vítima é idosa ou pessoa com deficiência.‖
―Art. 234-B. Os processos em que se apuram crimes definidos neste Título correrão em segredo de justiça.‖
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DOS CRIMES CONTRA A SAÚDE PÚBLICA
CHARLATANISMO
Considerações iniciais: Aduz o Art. 283 do C.P. ―Inculcar ou anunciar cura por meio secreto ou infalível:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.‖ O bem jurídico tutelado e a saúde pública.
Tipo objetivo: O verbo núcleo do tipo (ação nuclear do tipo) está traduzido no verbo inculcar (apregoar ou
dar a entender) ou anunciar (divulgar ou fazer saber) cura (é o restabelecimento da saúde de alguém, que
estava enfermo) por meio secreto ou infalível. O crime em estudo tem como escopo punir a pessoa que
sendo medico ou não, se promove à custa de métodos questionáveis e perigosos de curar pessoas.
Objeto material: É o anúncio de cura secreta ou infalível.
Tipo subjetivo: É o dolo
Sujeito ativo: Pode ser qualquer pessoa
Sujeito passivo: É a sociedade. No entendimento de Fernando Capez ―a pessoa que venha a ser enganada
pelo charlatão.‖.
Consumação: Com a prática das condutas típicas, independentemente do prejuízo efetivo para a saúde de
terceiros.
Tentativa: É admissível
Particularidades: Um único anúncio que o agente pode curar a AIDS, por exemplo, já configura esse
crime. É crime de perigo abstrato, não se considera crime habitual. A ação penal e pública incondicionada
Forma qualificada pelo resultado: Art. 285 - Aplica-se o disposto no art. 258 aos crimes previstos neste
Capítulo, salvo quanto ao definido no art. 267. (―Art. 258 - Se do crime doloso de perigo comum resulta
lesão corporal de natureza grave, a pena privativa de liberdade é aumentada de metade; se resulta morte, é
aplicada em dobro. No caso de culpa, se do fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de metade; se
resulta morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo, aumentada de um terço.‖)
Exemplo prático: Tício, após concluir a faculdade de medicina, se vê em uma situação complicada para
conseguir emprego, então decide anunciar que tem um método infalível para a cura do câncer. Questionado
sobre o método, se nega a divulgar, dizendo que e secreto.
CURANDEIRISMO
Considerações iniciais: Dispõe o art. 284 do C.P. ―Exercer o curandeirismo: I - prescrevendo, ministrando
ou aplicando, habitualmente, qualquer substância; II - usando gestos, palavras ou qualquer outro meio; III -
fazendo diagnósticos: Pena - detenção, de seis meses a dois anos.‖. Bem jurídico (objeto jurídico) tutelado
e a saúde pública.
Tipo objetivo: O verbo núcleo do tipo (ação nuclear do tipo) está traduzido no verbo exercer
(desempenhar uma atividade com habitualidade) o curandeirismo (é a atividade desempenhada pela pessoa
que promove curas sem ter qualquer titulo ou habilitação para tanto, fazendo-o, geralmente, por meio de
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reza ou emprego de magia). As formas que o curandeiro ira fazer isso estão prescritas nos incisos de I a III.
Objeto material: É a substância prescrita, o gesto, a palavra ou outro meio empregado e o diagnóstico
realizado.
Tipo subjetivo: É o dolo
Sujeito ativo: Qualquer pessoa
Sujeito passivo: É a sociedade. Também, nos ensinamentos de Guilherme de Souza Nucci ―a pessoa que é
objeto da ―cura‖‖.
Consumação: Consuma-se com a prática reiterada dos atos previstos no tipo penal
Tentativa: Inadmissível
Particularidades: Trata-se de crime habitual. O tratamento utilizado pelo curandeiro, ainda que tenha sido
bem-sucedido, configura o crime em tela. A ação penal e pública incondicionada
Qualificadora: Parágrafo único - Se o crime é praticado mediante remuneração, o agente fica também
sujeito à multa.
Forma qualificada pelo resultado: Art. 285 - Aplica-se o disposto no art. 258 aos crimes previstos neste
Capítulo, salvo quanto ao definido no art. 267. (―Art. 258 - Se do crime doloso de perigo comum resulta
lesão corporal de natureza grave, a pena privativa de liberdade é aumentada de metade; se resulta morte, é
aplicada em dobro. No caso de culpa, se do fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de metade; se
resulta morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo, aumentada de um terço.‖)
Exemplo prático: Mévio de forma reiterada utiliza gestos e palavras para curar pessoas que possuem
câncer.
ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA
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Considerações iniciais: Disciplina o art. 288 do C.P. ―Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim
específico de cometer crimes: Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.‖ O objeto jurídico tutelado e a paz
pública. Este crime anteriormente conhecido como quadrilha ou bando, obteve nova redação no ano de
2012, passando a nomenclatura para associação criminosa.
Tipo objetivo: O verbo núcleo do tipo (ação nuclear do tipo) está traduzido no verbo associar-se (reunir-se
em sociedade, agregar-se ou unir-se). O objeto da conduta é a finalidade de cometer crimes.
Objeto material: É a paz pública
Tipo subjetivo: É o dolo
Sujeito ativo: Qualquer pessoa
Sujeito passivo: E a coletividade, a sociedade.
Consumação: Segundo Fernando Capez a consumação, ―dá-se no instante em que a associação criminosa
é formada, independentemente da prática de qualquer delito.‖
Tentativa: Inadmissível
Particularidades: A associação criminosa visa o cometimento de crimes (exclui as contravenções penais).
Tal associação deve ser permanente e não eventual. Sua composição e de três ou mais pessoas. Deve haver
a pratica de crimes indeterminados pela associação. Se associar para comer crimes determinados, estaremos
diante de concurso de pessoas. A ação penal e pública incondicionada.
Exemplo prático: Caio, Tício e Mévio conhecidos de infância resolvem unir esforços para a prática
reiterada de diversos crimes.
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Sujeito ativo: Qualquer pessoa
Sujeito passivo: É o Estado, a coletividade.
Consumação: Com a falsificação, mediante fabricação ou alteração.
Tentativa: Plenamente possível.
Figura privilegiada: § 2º - Suprimir, em qualquer desses papéis, quando legítimos, com o fim de torná-los
novamente utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo de sua inutilização: Pena - reclusão, de um a quatro
anos, e multa.
§ 4º - Quem usa ou restitui à circulação, embora recibo de boa-fé, qualquer dos papéis falsificados ou
alterados, a que se refere este artigo e o seu § 2º, depois de conhecer a falsidade ou alteração, incorre na
pena de detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Figura equiparada: § 3º - Incorre na mesma pena quem usa, depois de alterado, qualquer dos papéis a que
se refere o parágrafo anterior. (entenda-se o parágrafo anterior sendo o §2º).
§ 5º Equipara-se a atividade comercial, para os fins do inciso III do § 1º, qualquer forma de comércio
irregular ou clandestino, inclusive o exercido em vias, praças ou outros logradouros públicos e em
residências.
Processa-se por meio de ação penal pública incondicionada
Exemplo prático: Tício, como meio de vida, fabrica bilhete de transporte município para a venda.
PETRECHOS DE FALSIFICAÇÃO
Considerações iniciais: Disciplina o art. 294 do C.P. ―Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar
objeto especialmente destinado à falsificação de qualquer dos papéis referidos no artigo anterior: Pena -
reclusão, de um a três anos, e multa.‖. O bem jurídico tutelado é a fé pública.
Tipo objetivo: O verbo núcleo do tipo (ação nuclear do tipo) está traduzido no verbo fabricar (construir,
criar), adquirir (obter, comprar), fornecer (abastecer ou guarnecer), possuir (ter a posse de algo ou reter em
seu poder) ou guardar (vigiar ou tomar conta de algo) objeto especialmente destinado a falsificação dos
papeis referidos no art. 293.
Objeto material: É o objeto destinado à falsificação
Tipo subjetivo: É o dolo
Sujeito ativo: Qualquer pessoa
Sujeito passivo: É o Estado
Consumação: Quando as condutas típicas forem praticadas (fabricação, aquisição, fornecimento, posse ou
guarda do objeto destinado à falsificação de qualquer dos papéis referidos no artigo anterior).
Tentativa: É admissível
Particularidades: A prática de mais de um verbo do tipo caracteriza crime único. Se processa por meio de
ação penal pública incondicionada
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Causa de aumento de pena: Dispõe o art. 295 do C.P. ―Se o agente é funcionário público, e comete o
crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.‖. Ressalta-se que efetivamente o
funcionário público deve-se prevalecer do cargo.
Exemplo prático: Mévio, morador do interior de São Paulo, guarda dentro do porão de sua casa um
maquinário destinado à fabricação de papéis falsos a qual e utilizada de forma diária.
DA FALSIDADE DOCUMENTAL
FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO
Considerações iniciais: Disciplina o Art. 297 do C.P. ―Falsificar, no todo ou em parte, documento público,
ou alterar documento público verdadeiro: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.‖. O objeto jurídico
tutelado é a fé pública.
Tipo objetivo: O verbo núcleo do tipo (ação nuclear do tipo) está traduzido no verbo falsificar (reproduzir,
imitando), no todo ou em parte, documento público (é o escrito, revestido de certa forma, destinado a
comprovar um fato, desde que emanado de funcionário público, com competência para tanto), ou alterar
(modificar ou adulterar) documento público verdadeiro (se construir documento novo, índice na primeira
figura; modifique um verdadeiro, já existente, é aplicável esta figura).
Objeto material: É o documento público
Tipo subjetivo: É o dolo
Sujeito ativo: Qualquer pessoa
Sujeito passivo: É o Estado, em segundo plano pode-se considerar a pessoa prejudicada pela falsificação
Consumação: Consuma-se com a falsificação ou alteração do documento, sendo desnecessário o uso
efetivo do documento falsificado.
Tentativa: É plenamente possível
Particularidades: É necessário que a falsificação seja apta a iludir terceiro, que tenha potencialidade
ofensiva, pois, se grosseira, absolutamente inidônea a enganar, não haverá o crime em questão. E
necessário pericia para a prova da existência do crime. Se processa por meio de ação penal pública
incondicionada.
Causa de aumento de pena: § 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se
do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.
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Figuras equiparadas: § 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de
entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os
livros mercantis e o testamento particular.
§ 3º Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: I – na folha de pagamento ou em documento de
informações que seja destinado a fazer prova perante a previdência social, pessoa que não possua a
qualidade de segurado obrigatório; II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em
documento que deva produzir efeito perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que
deveria ter sido escrita; III – em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as
obrigações da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter
constado.
§ 4º Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no § 3º, nome do segurado e
seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de serviços.
Exemplo prático: Mévio a procura de emprego, encontra uma vaga de motorista de caminhão, mas não
poderá concorrer há referida vaga por não ser habilitado. Sai do local desolado e resolve falsificar uma
carteira nacional de habilitação para conseguir a vaga.
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Figura equiparada: Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, equipara-se a documento particular o
cartão de crédito ou débito.
Exemplo prático: Tício, dono da empresa Megaevento firmou contrato com a empresa de Mévio. Tício
percebeu que não iria poder cumprir o contrato, resolveu alterar a cláusula de punição existente, o qual o
beneficiaria, mas foi descoberto por mévio que o entregou as autoridades policiais.
FALSIDADE IDEOLÓGICA
Considerações iniciais: Dispõe o art. 299 C.P. ―Omitir, em documento público ou particular, declaração
que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita,
com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de um a três anos, e
multa, se o documento é particular.‖. O bem jurídico tutelado nesse crime é a fé pública.
Estamos agora diante do chamado falso ideológico, aquele em que o documento é formalmente perfeito,
sendo, no entanto, falsa a ideia nele contida. O sujeito tem legitimidade para emitir o documento, mas
acaba por inserir um conteúdo sem correspondência com a realidade dos fatos. Assim, uma escritura
lavrada pelo funcionário do Cartório do Registro de Imóveis é formalmente perfeita, pois a ele incumbe
formar o instrumento público. Entretanto, se essa escritura encerrar declarações falsas prestadas pelo
particular, haverá o crime de falso ideológico.
Tipo objetivo: O verbo núcleo do tipo (ação nuclear do tipo) está traduzido no verbo omitir (deixar de
inserir ou não mencionar), em documento público ou particular, declaração (afirmação, relato, depoimento,
manifestação) que dele devia constar, ou nele inserir (colocar ou introduzir) ou fazer inserir (proporcionar
que se introduza) declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar
obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante.
Objeto material: É o documento público ou particular
Tipo subjetivo: É o dolo. Nos ensinamentos de Fernando Capez ―exige-se também o chamado elemento
subjetivo do tipo, consistente na finalidade especial de lesar direito, criar obrigação ou alterar a veracidade
sobre o fato juridicamente relevante‖. Ausente esse fim específico, o fato é atípico.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa
Sujeito passivo: É o Estado, em segundo plano a pessoa prejudicada pela falsificação.
Consumação: Com a prática de qualquer um das condutas previstas no tipo penal.
Tentativa: E admissível na modalidade comissiva (inserir e fazer inserir), a controvérsias na doutrina.
Particularidades: Já estudamos acima a falsidade material (falsificação de documento publico e
particular) que consiste na alteração da forma do documento, construindo um novo ou alterando o que e
verdadeiro, ex. o falsificador obtém, numa gráfica, impressos semelhantes aos das carteiras de habilitação,
preenchendo-os com os dados do interessado e fazer nascer uma carta não emitida pelo órgão competente.
Já a falsidade ideológica por sua vez, prova uma alteração de conteúdo, que pode ser total ou parcial.
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Se processa por meio de ação penal pública incondicionada
Causa de aumento de pena: Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete o crime
prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se
a pena de sexta parte.
Exemplo prático: Mévio habilitado na categoria B, consegue um emprego o qual necessita fazer entregas
utilizando moto. Para não perder o emprego, mévio se dirige até o órgão competente e fornecendo dados
falsos consegue fazer constar em uma habilitação categoria A.
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Tipo objetivo: O verbo núcleo do tipo (ação nuclear do tipo) está traduzido no verbo fazer uso (empregar,
utilizar ou aplicar) de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302.
Objeto material: É o documento falsificado ou alterado
Tipo subjetivo: É o dolo
Sujeito ativo: Qualquer pessoa. Para Fernando Capez ―exceção do próprio falsificador. Conforme já
estudado, este responderá apenas pela falsificação do documento, constituindo o uso post factum impunível
(progressão criminosa).‖.
Sujeito passivo: É o Estado, em segundo plano o terceiro prejudicado com o uso do documento falso.
Consumação: Com o efetivo uso do documento falso
Tentativa: Inadmissível.
Particularidades: É necessário que o agente tenha ciência da falsidade do documento, do contrário o fato
é atípico por ausência de dolo. Se o agente, no momento da utilização do documento, desconhecer sua
falsidade, responderá pelo crime em tela caso continue a usar o documento após ter ciência da falsidade.
Trata-se de crime de ação penal pública incondicionada.
Exemplo prático: Mévio, procurado pela justiça, resolve utilizar documentos falsos para não ser
reconhecido e recapturado.
DE OUTRAS FALSIDADES
FALSA IDENTIDADE
Considerações iniciais: Dispõe o art. 307 do C.P. ―Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para
obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem: Pena - detenção, de três
meses a um ano, ou multa, se o fato não constitui elemento de crime mais grave.‖. O crime em tela tem
como objeto jurídico tutelado a fé pública.
Tipo objetivo: O verbo núcleo do tipo (ação nuclear do tipo) está traduzido no verbo atribuir-se
(considerar como autor) ou atribuir (imputar) a terceiro falsa identidade (identidade e o conjunto de
características peculiares de uma pessoa determinada, que permite reconhece-la e individualiza-la,
envolvendo o nome, a idade, o estado civil, a filiação, o sexo, entre outros dados) para obter vantagem, em
proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem.
Objeto material: É a identidade
Tipo subjetivo: É o dolo. Fernando Capez completa ―exige-se também o chamado elemento subjetivo do
tipo, consistente no fim especial de obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou de causar dano a
outrem. (vontade)
Sujeito ativo: Qualquer pessoa.
Sujeito passivo: É o Estado, em segundo plano o terceiro eventualmente prejudicado.
Consumação: No momento do ato de atribuir-se ou atribuir a outrem falsa identidade. Não e necessário a
obtenção da vantagem, sendo esta apenas o exaurimento do crime
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Tentativa: Se a atribuição da identidade for por escrito e possível a tentativa.
Particularidades: No crime em tela não há emprego de documentos, o agente se limita declarar, de forma
verbal ou por escrito, dados falsos relativos a sua identidade pessoal. A vantagem a que se refere o artigo
pode ser tanto moral, patrimonial e etc. O crime em estudo e crime subsidiário, de forma que, cometido
delito mais grave, este restara absorvido, por exemplo, o indivíduo atribui a si ou a terceiro, falsa
identidade, isto é, faz declarações falsas a respeito de sua identidade pessoal ou de terceiro, induzindo ou
mantendo alguém em erro, com o intuito de obter indevida vantagem econômica para si ou para terceiro,
em prejuízo alheio, comete crime mais grave, qual seja, estelionato.
A ação é pública incondicionada
Exemplo prático: Tício, irmão gêmeo de Mévio, sabendo da dificuldade que seu irmão tem na matéria de
Direito Penal se passa por ele para fazer o exame da OAB.
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Aula 11 e 12 - Dos Crimes Contra a Administração Pública: Dos Crimes Praticados por Funcionário Público Contra
a Administração em Geral: Peculato e suas modalidades. Inserção de dados falsos em sistema de informações;
Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações.
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A ação é pública incondicionada.
Causa de aumento de pena: Aduz o § 2º do art. 327 ―A pena será aumentada da terça parte quando os
autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de
direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa
pública ou fundação instituída pelo poder público.‖.
Exemplo prático: Mévio, delegado de polícia, deixa de registrar nos autos a apreensão de dinheiro
encontrado em poder dos assaltantes de um restaurante, dele se apropriando.
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INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM SISTEMA DE INFORMAÇÕES
Considerações iniciais: Disciplina o art. 313-A do C.P. ―Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a
inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou
bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem
ou para causar dano: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.‖. O bem jurídico tutelado é a
administração pública. Conhecido como ―peculato-pirata‖.
Tipo objetivo: O verbo núcleo do tipo (ação nuclear do tipo) está traduzido no verbo inserir (introduzir ou
incluir) ou facilitar (permitir que alguém introduza ou inclua), o funcionário autorizado, a inserção de
dados falsos (informações que não condizem com a realidade), alterar (modificar ou mudar) ou excluir
(remover ou eliminar) indevidamente dados corretos (aqui os dados estão corretos, mas ao modificar ou
eliminar, pode haver prejuízo a administração publica ou terceiros) nos sistemas informatizados ou bancos
de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida (pode ser qualquer lucro, ganho,
privilegio ou benefício ilícito) para si ou para outrem ou para causar dano.
Objeto material: São os dados falsos ou verdadeiros de sistemas informatizados ou banco de dados
Tipo subjetivo: É o dolo, com elemento subjetivo de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou
para causar dano.
Sujeito ativo: Somente o funcionário público devidamente autorizado a lidar com o sistema informatizado
ou banco de dados. Caso o agente não tenha autorização para realizar as operações, haverá a configuração
do crime de prevaricação (CP, art. 319).
Sujeito passivo: É o Estado
Consumação: Com a prática de qualquer um das condutas tipificadas
Tentativa: É admissível
Particularidades: Este crime observa o aumento de pena previsto no art. 327, §2º, do C.P. A ação penal e
pública incondicionada.
Exemplo prático: Mévio, funcionário público devidamente autorizado a lidar com sistema informatizado
insere os dados de um amigo no sistema, para que ele possa a começar a receber beneficio previdenciário.
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As condutas devem ser praticadas ―sem autorização ou solicitação da autoridade competente‖. Havendo tal
autorização ou solicitação, competente, o fato é atípico.
Objeto material: É o sistema de informações ou o programa de informática.
Tipo subjetivo: É o dolo. O agente deve ter ciência de que o faz ―sem autorização ou solicitação de
autoridade competente‖.
Sujeito ativo: Somente o funcionário público
Sujeito passivo: É o Estado
Consumação: Quando houver a prática de qualquer das condutas típicas.
Tentativa: É admissível
Particularidades: A ação penal e pública incondicionada
Causa de aumento de pena: Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a metade se da
modificação ou alteração resulta dano para a Administração Pública ou para o administrado.
Exemplo prático: Tício, funcionário público, sem autorização resolve modificar os sistemas de
informação da repartição publica em que trabalha, qual tal pratica gera um dano irreparável a administração
pública.
CONCUSSÃO
Considerações iniciais: Disciplina o art. 316 do C.P. ―Exigir, para si ou para outrem, direta ou
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.‖. O bem jurídico tutelado pelo crime em tela é a
administração pública, considerando o seu interesse patrimonial e moral.
Observe que muito se assemelha a uma extorsão, entretanto praticada valendo-se da qualidade de
funcionário público, e não mediante violência e grave ameaça.
Tipo objetivo: O verbo núcleo do tipo (ação nuclear do tipo) está traduzido no verbo exigir (impor,
ordenar, reclamar, havendo um aspecto nitidamente impositivo na conduta) para si ou para outrem, direta
ou indiretamente (disfarçado ou camuflado), ainda que fora da função (férias, licença, afastamento) ou
antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida (pode ser qualquer lucro, ganho, privilégio ou
beneficio ilícito).
Objeto material: É a vantagem indevida
Tipo subjetivo: É o dolo. É necessário que o agente tenha ciência de que a vantagem exigida é ilegítima.
Se há erro ao supor a legitimidade da exigência, não haverá crime em face ao erro de tipo (art. 20 do C.P.).
O crime em estudo exige o chamado elemento subjetivo do tipo, pois a vantagem é ―para si ou para
outrem‖.
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Sujeito ativo: Somente o funcionário público
Sujeito passivo: É o Estado, em segundo plano pode ser a entidade de direito público ou outra pessoa
prejudicada.
Consumação: Com a exigência da vantagem indevida, sendo irrelevante o recebimento ou não da desta.
Tentativa: É possível na hipótese de exigência por escrito, não havendo possibilidade de verificação da
tentativa no caso de exigência feita de maneira oral.
Particularidades: É necessário que haja nexo causal entre a função pública desempenhada pelo agente e a
ameaça proferida.
O objeto material do crime é a vantagem indevida, se for exigido vantagem devida, o fato poderá
configurar crime de abuso de autoridade.
Caso haja mera solicitação, e não exigência, inexiste a concussão, podendo haver corrupção passiva (art.
317 do C.P.)
Observa-se o aumento de pena do artigo 327, §2º, do C.P.
A ação penal é pública incondicionada.
Exemplo prático: Mévio, policial militar, sabendo que no bar do senhor João possui jogo do bicho, exige
o valor de R$ 100,00 para não prende-lo.
EXCESSO DE EXAÇÃO
Considerações iniciais: Dispõe o §1º do art. 317 do C.P. ―Se o funcionário exige tributo ou contribuição
social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou
gravoso, que a lei não autoriza: Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.‖. O objeto jurídico
tutelado é administração pública, considerando o seu interesse patrimonial e moral.
Exação é a cobrança pontual de imposto. Sabe-se que permitida à cobrança de imposto, sendo crime a
cobrança em excesso.
Tipo objetivo: O verbo núcleo do tipo (ação nuclear do tipo) está traduzido no verbo exigir tributo ou
contribuição social que sabe ou deveria saber indevido (não há autorização para cobrança ou o valor já foi
quitado ou a quantia do tributo é excedente) ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou
gravoso, que a lei não autoriza (nesse caso o tributo e devido, mas a cobrança é feita de forma que causa
humilhação, tormento, vergonha ao contribuinte ou utilizando meios onerosos ou opressores que a lei não
autoriza).
Objeto material: É o tributo (impostos, taxas...) ou a contribuição social.
Tipo subjetivo: Na conduta exigência indevida, é o dolo. Necessário que o agente saiba que o tributo é
indevido, do contrario estaremos diante de erro de tipo.
Na conduta cobrança vexatória ou gravosa, é o dolo. E necessário a ciência da falta de autorização legal
Sujeito ativo: Somente o funcionário público
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Sujeito passivo: É o Estado
Consumação: Com a prática das condutas descritas no tipo penal, sendo irrelevante o recebimento do
tributo ou contribuição social.
Tentativa: Na exigência indevida, possível por meio escrito. Na cobrança vexatória ou gravosa e possível,
imagine a situação que a cobrança será feita através de carro de som e antes que se inicie e obstada.
Particularidades: Trata-se de normal penal em branco, sendo necessário consultar os meios de cobrança
de tributos e contribuições, para apurar se há excesso de exação.
A ação penal é publica incondicionada
Qualificadora: ―§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu
indevidamente para recolher aos cofres públicos: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.‖.
Verifica-se na qualificadora o elemento subjetivo do tipo ―proveito próprio ou de outrem‖. Consumando-se
com o efetivo desvio daquilo que foi recebido.
Exemplo prático: Tício, funcionário publico pertencente ao quadro do INSS, sabendo que a empresa X
não fez os depósitos de contribuição social resolve utilizar o caminhão de som para efetuar a cobrança na
porta da empresa.
CORRUPÇÃO PASSIVA
Considerações iniciais: Aduz o art. 317 do C.P. ―Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou
aceitar promessa de tal vantagem: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.‖. O objeto
jurídico tutelado no crime em epígrafe é a administração pública.
Tipo objetivo: O verbo núcleo do tipo (ação nuclear do tipo) está traduzido no verbo solicitar (pedir ou
requerer) ou receber (aceitar em pagamento ou simplesmente aceitar algo), para si ou para outrem
(proveito próprio ou alheio), direta (sem rodeios e pessoalmente) ou indiretamente (disfarçado ou
camuflado), ainda que fora da função (funcionário de férias, afastamentos regulares) ou antes de assumi-la,
mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem (consentir em receber dádiva
futura).
Objeto material: É a vantagem indevida
Tipo subjetivo: É o dolo. Neste crime verifica-se o elemento subjetivo do tipo na expressão ―para si ou
para outrem‖.
Sujeito ativo: Somente funcionário público.
Sujeito passivo: É o Estado e o particular (quando este não é o sujeito de corrupção ativa)
Consumação: No momento da solicitação ou aceitação da promessa, ainda que não se concretize. Não
havendo a solicitação ou a promessa, consuma-se com o recebimento.
Tentativa: Há a possibilidade da tentativa, por exemplo, na solicitação por escrito não recebida pelo
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destinatário.
Particularidades: Não se descaracteriza o crime pela preparação do flagrante quando já houve a
solicitação ou promessa de vantagem. Assim, não há o que falar em flagrante preparado ou crime
impossível.
O delito em tela não e necessariamente bilateral, para haver uma corrupção passiva não exigido uma
corrupção ativa.
A pessoa que corrompe o funcionário público não será participe do crime em estudo, esse terá cometido o
crime do art. 333 (corrupção ativa), aqui verificamos uma exceção da teoria unitária ou monista do crime.
A ação é pública incondicionada.
Causa de aumento de pena: § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou
promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever
funcional.
Forma privilegiada: § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com
infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem: Pena - detenção, de três meses a
um ano, ou multa.
Exemplo prático: Mévio, policial militar, solicita R$ 100,00 (cem reais) para não recolher o veiculo com
licenciamento atrasado.
PREVARICAÇÃO
Considerações iniciais: Dispõe o art. 319 do C.P. ―Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de
ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: Pena
- detenção, de três meses a um ano, e multa.‖. O bem jurídico tutelado pelo crime em tela é a administração
pública.
Tipo objetivo: O verbo núcleo do tipo (ação nuclear do tipo) está traduzido no verbo retardar (atrasar ou
procrastinar) ou deixar de praticar (desistir da execução), indevidamente (não permito por lei, infringindo
dever funcional), ato de ofício (ato que o funcionário público deve praticar, segundo seus deveres
funcionais, portanto o agente deve estar no exercício de suas funções) ou praticá-lo (executá-lo ou realiza-
lo) contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse (qualquer proveito, ganho ou vantagem, não
necessariamente pecuniária) ou sentimento pessoal (é a disposição afetiva do agente em relação a algum
bem ou valor)
Objeto material: É o ato de ofício (ato que o funcionário público deve praticar, segundo seus deveres
funcionais, portanto o agente deve estar no exercício de suas funções)
Tipo subjetivo: É o dolo, com elemento subjetivo do tipo verificado na vonta de ―satisfazer interesse‖ ou
―sentimento pessoal‖.
Sujeito ativo: Somente o funcionário público.
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Sujeito passivo: É o Estado
Consumação: Nos verbos retardar e deixar de praticar consuma-se com a não execução do ato de oficio.
No verbo praticar, com a prática do ato em contrário a lei.
Tentativa: Nos verbos retardar e deixar de praticar impossível à tentativa, por ser praticas omissivas, já no
verbo praticar e possível a tentativa.
Particularidades: A jurisprudência entende que não estará caracterizado o crime em estudo quando o
funcionário público possuir discricionariedade para a prática do ato de ofício.
Se a retardar ou deixar de praticar ocorrer por motivo de força maior, não há o que falar em crime.
O ato de oficio praticado contra a disposição expressa de lei, portanto sabe-se que deve haver uma lei
regulando o ato. A expressão lei deve ser interpretada de maneira estrita, sendo assim não há o crime em
tela quando o ato e praticado contra portaria, regulamento etc.
A ação e penal pública incondicionada.
Distinção: Na corrupção passiva verifica-se de maneira latente que o agente e movido pelo interesse de
receber vantagem indevida por parte de um terceiro. Na prevaricação o agente e movido pela satisfação de
um interesse ou sentimento pessoal.
Exemplo prático: Caio policial militar, por ter grande simpatia pela torcida de um time de futebol não
toma as providencias administrativas cabíveis, ante o estacionamento irregular do veiculo que transporta a
torcida.
Observação: Há o crime de prevaricação em presídio descrito no art. Art. 319-A do C.P. ―Deixar o Diretor
de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho
telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo:
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.‖
CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA
Considerações iniciais: Disciplina o art. 320 do C.P. ―Deixar o funcionário, por indulgência, de
responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência,
não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou
multa.‖.
Tipo objetivo: O verbo núcleo do tipo (ação nuclear do tipo) está traduzido no verbo deixar (omitir-se) o
funcionário, por indulgência (tolerância ou benevolência), de responsabilizar (não imputar
responsabilidade) subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte
competência, não levar (ocultar ou esconder algo de alguém) o fato ao conhecimento da autoridade
competente.
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Objeto material: É a infração não punida ou não comunicada
Tipo subjetivo: É o dolo, com elemento subjetivo do tipo contido na expressão por indulgência
Sujeito ativo: Somente funcionário público
Sujeito passivo: É o Estado
Consumação: Com a simples omissão
Tentativa: Por se tratar de crime omissivo, impossível à tentativa
Particularidades: É pressuposto do delito que haja anteriormente a prática de infração pelo funcionário
subordinado, compreendendo aquela tanto as faltas disciplinares, como cometimento de crimes.
A ação penal é pública incondicionada
Exemplo prático: Tício, funcionário público, toma conhecimento que Mévio, seu subordinado, praticou
infração no exercício do cargo, acaba tolerando a referida infração não promovendo sua responsabilização.
ADVOCACIA ADMINISTRATIVA
Considerações iniciais: Aduz o art. 321 do C.P. ―Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado
perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário: Pena - detenção, de um a três
meses, ou multa.‖. O bem jurídico tutelado é a administração pública.
Tipo objetivo: O verbo núcleo do tipo (ação nuclear do tipo) está traduzido no verbo patrocinar (proteger,
beneficiar ou defender), direta ou indiretamente, interesse privado (aquele que confronta com o interesse
público) perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário (é o prestígio junto aos
colegas ou a facilidade de acesso às informações ou à troca de favores investindo contra o interesse maior
da administração de ser imparcial ou isenta nas suas decisões e na sua atuação).
Objeto material: É o interesse privado
Tipo subjetivo: É o dolo
Sujeito ativo: Somente o funcionário público
Sujeito passivo: É o Estado, em segundo plano o terceiro prejudicado.
Consumação: Com a prática do patrocínio
Tentativa: É admissível
Particularidades: O termo advocacia pode dar entender tratar-se de tipo penal voltado somente para
advogados, o que condiz com a realidade, pois está no sentido de ―promoção de defesa‖ ou ―patrocínio‖.
O patrocínio expresso no tipo penal não exige contrapartida. É necessário que o funcionário, ao patrocinar
os interesses alheios, valha-se das facilidades que a função lhe proporciona.
O patrocínio pode ser de modo formal, petições, requerimentos e etc, ou solicitar a outros funcionários
verbalmente este ou aquele desfecho a um pedido.
Salienta-se que o interesse a ser patrocinado e qualquer tipo de interesse.
Qualificadora: Disciplina o Parágrafo único do art. 321 do C.P. ―Se o interesse é ilegítimo: Pena -
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detenção, de três meses a um ano, além da multa.‖. Observa-se que na qualificadora e expresso que o
interesse é ilícito.
Exemplo prático: Mévio, funcionário público do alto escalão do Governo, liga para um Policial Militar,
requerendo que ele não recolha o veiculo que acaba de abordar, haja vista pertencer a um grande amigo.
FUNCIONÁRIO PÚBLICO
Considerações iniciais: Disciplina o art. 327 do C.P. ―Considera-se funcionário público, para os efeitos
penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.‖.
Estamos diante de uma norma explicativa.
Funcionário Público por equiparação: ―§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo,
emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada
ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública.‖.
Aula 17 e 18 - Dos Crimes Praticados por Particular Contra a Administração em Geral: Usurpação de função
pública; Resistência; Desobediência; Dos Crimes Praticados por Particular Contra a Administração em Geral:
Desacato; Corrupção ativa.
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Qualificadora: ―Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem: Pena - reclusão, de dois a cinco
anos, e multa.‖. Salienta-se que a vantagem pode ser material ou moral.
Exemplo prático: Tício, escrivão de polícia, recepciona uma ocorrência na delegacia, decide por elaborar
o boletim de ocorrência e o assina, tomando assim todas as atribuições do delegado de policia.
RESISTÊNCIA
Considerações iniciais: Disciplina o art. 329 do C.P. ―Opor-se à execução de ato legal, mediante violência
ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio: Pena -
detenção, de dois meses a dois anos.‖. O bem jurídico tutelado é a administração pública
Tipo objetivo: O verbo núcleo do tipo (ação nuclear do tipo) está traduzido no verbo opor-se (colocar
obstáculo) à execução de ato legal (é o ato lícito; não confundir com ato injusto, haja vista uma coisa não
ser sinônimo da outra), mediante violência (vis corporalis) ou ameaça (vis compulsiva, que pode ser real ou
verbal, devendo estar revestida de poder intimidatório, capaz de incutir medo ao homem do tipo normal,
mas não precisa ser grave) a funcionário competente para executá-lo (fazê-lo cumprir) ou a quem lhe esteja
prestando auxílio (dando apoio).
Objeto material: É a pessoa agredida ou ameaçada.
Tipo subjetivo: É o dolo, com o elemento subjetivo do tipo consistente no fim de opor-se à execução de
ato legal.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa
Sujeito passivo: É o Estado, em segundo plano o funcionário público executar do ato legal, podendo ser
um particular se estiver auxiliando o funcionário público.
Consumação: No momento do emprego da violência ou ameaça contra o funcionário.
Tentativa: Plenamente possível, ressalva-se que no caso de ameaça só será possível caso realizada por
escrito.
Particularidades: A resistência passiva, isto é, aquela consistente em oposição a ordem legal sem
comportamento agressivo contra funcionário, não configura o crime, por exemplo, agarrar-se a um poste
para não ser preso. Ofensa não caracteriza ameaça, sendo assim poderemos estar diante do crime de
desacato.
O funcionário deve ser competente para execução do ato funcional. Se incompetente, o fato e atípico.
A violência praticada contra mais de um funcionário configura crime único.
Trata-se de ação pública incondicionada
Qualificadora: ―§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa: Pena - reclusão, de um a três
anos.‖.
Concurso de crimes: ―§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à
violência.‖.
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Exemplo prático: Soldados da Policia Militar, aborda Mévio, após consulta via Copom recebe a
informação que o abordado esta procurado. No momento que vai executar sua prisão, Mévio começa a
agredir os Policiais, mas acaba sendo algemado e conduzido para a delegacia.
DESOBEDIÊNCIA
Considerações iniciais: Aduz o art. 330 do C.P. ―Desobedecer a ordem legal de funcionário público: Pena
- detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.‖
Tipo objetivo: O verbo núcleo do tipo (ação nuclear do tipo) está traduzido no verbo desobedecer (não
ceder à autoridade ou força de alguém, resistir o infringir) a ordem legal (comando lícito) de funcionário
público.
Objeto material: É a ordem dada
Tipo subjetivo: É o dolo. Exige-se que ele tenha consciência da legalidade da ordem e da competência do
funcionário público para expedi-la. Inexiste dolo quando o não cumprimento da ordem decorre de força
maior.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa, inclusive o funcionário publico (desde que a ordem recebida não tenha
vinculo com sua atividade funcional)
Sujeito passivo: É o Estado, segundo plano o funcionário público competente para emitir a ordem.
Consumação: No momento que houver a desobediência a ordem, seja ela para o agente fazer (comissiva)
ou deixar de fazer algo (omissiva).
Tentativa: Somente possível na forma comissiva
Particularidades: Para a caracterização do crime de desobediência é preciso que haja ordem legal e
emanada de funcionário público competente.
A embriaguez exclui a culpabilidade, mesmo se completa e decorrente de caso fortuito de força maior.
A ação é pública incondicionada.
Exemplo prático: Policial Militar durante um bloqueio de trânsito da ordem de parada direta ao cidadão
Tício, que desobedece a ordem e se evadi, sendo preso instante depois.
CORRUPÇÃO ATIVA
Considerações iniciais: Disciplina o art. Art. 333 do C.P. ―Oferecer ou prometer vantagem indevida a
funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício: Pena – reclusão, de 2
(dois) a 12 (doze) anos, e multa.‖ Tem como objeto jurídico a administração pública.
Tipo objetivo: O verbo núcleo do tipo (ação nuclear do tipo) está traduzido no verbo oferecer (propor ou
apresentar para que seja aceito) ou prometer (obrigar-se a dar algo a alguém) vantagem indevida a
funcionário público, para determiná-lo (prescreve-lo) a praticar (executar ou levar a efeito), omitir (não
fazer) ou retardar (atrasar) ato de ofício (ato inerente às atividade do funcionário).
Objeto material: É a vantagem indevida, podendo ser de natureza patrimonial ou qualquer outra natureza,
moral ou sexual.
Tipo subjetivo: É o dolo. Há o elemento subjetivo do tipo especifico que é a vontade de fazer o
funcionário praticar, omitir ou retardar ato de ofício.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa
Sujeito passivo: É o Estado
Consumação: No momento em que o funcionário toma conhecimento da oferta ou da promessa,
irrelevante a aceitação ou recebimento.
Tentativa: Possível dependendo da forma que for praticada. Se verbal impossível, se por carta possivel
Particularidades: A corrupção pode ser praticada de todos os meios (gestos, atos, escritos, palavras...)
A corrupção pode ser antecedente (quando a vantagem e entregue antes da ação ou omissão) ou
subsequente (quando a vantagem é entregue depois da ação ou omissão do funcionário). A subsequente não
admite a corrupção ativa.
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Corrupção própria e impropria. Será própria quando o ato a ser praticado e ilegítimo, ilegal, ilícito; será
imprópria quando o ato a ser praticado e legitimo, licito legal.
A ação penal é pública incondicionada.
Exemplo prático: Mévio, logo após ser abordado com 100 toneladas de drogas, oferece R$ 20.000,00
(vinte mil reais) aos policiais para que não o prenda.
Aula 19 e 20 - Dos Crimes Contra a Administração da Justiça: Denunciação caluniosa; Comunicação falsa de crime
ou contravenção; Autoacusação falsa; Falso testemunho ou falsa perícia
AUTOACUSAÇÃO FALSA
Considerações iniciais: Disciplina o art. 341 do C.P. ―Acusar-se, perante a autoridade, de crime
inexistente ou praticado por outrem: Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.‖. O bem jurídico
tutelado é a administração da justiça.
Tipo objetivo: O verbo núcleo do tipo (ação nuclear do tipo) está traduzido no verbo acusar-se (é a
conduta do sujeito que se auto incrimina, chamando a si um crime que não praticou), perante a autoridade
(autoridade judiciaria ou policial, bem como o membro do Ministério Público), de crime inexistente (não
aceita a falsa imputação de contravenção penal) ou praticado por outrem (para configuração do tipo penal,
necessário que o sujeito se auto acuse da prática de crime cometido por outra pessoa, sem ter tomado parte
como coautor ou partícipe).
Objeto material: É a declaração falsa
Tipo subjetivo: É o dolo
Sujeito ativo: Qualquer pessoa, excluindo o autor, coautor ou participe do delito que constitui o objeto da
autoacusação falsa.
Sujeito passivo: É o Estado.
Consumação: Ocorre no instante em que a autoridade toma conhecimento da autoacusação
Tentativa: Somente admissível na autoacusação realizada por escrito.
Particularidades: Caso o agente, além de acusar-se, imputa falsamente a terceiros a participação no crime,
haverá concurso material entre a autoacusação e denunciação caluniosa.
A ação penal e pública incondicionada.
Exemplo prático: Mévio, com o intuito de proteger seu irmão, assumi a prática de um crime do qual não
teve participação ou foi autor.
Aula 21 e 22 - Coação no curso do processo; Exercício arbitrário das próprias razões; Fraude processual;
Favorecimento pessoal; Favorecimento real.
FRAUDE PROCESSUAL
Considerações iniciais: Aduz o art. 347 do C.P. ―Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil
ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.‖. O bem jurídico tutelado é a administração da justiça.
Tipo objetivo: O verbo núcleo do tipo (ação nuclear do tipo) está traduzido no verbo inovar (introduzir
uma novidade capaz de gerar engano) artificiosamente (usar um recurso engenhoso, malícia ou ardil), na
pendência de processo civil ou administrativo (não estão abrangidas as investigações de natureza civil e as
sindicâncias), o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito.
Segundo Nelson Hungria, o crime em estudo ―visa a coibir os artifícios tendentes ao falseamento da prova
e, consequentemente, aos erros de julgamento, seja em favor, seja em prejuízo de qualquer dos
interessados‖.
Objeto material: É a coisa, a pessoa ou o lugar que sofre a inovação.
Tipo subjetivo: É o dolo com a finalidade de induzir a erro o juiz ou o perito
Sujeito ativo: Qualquer pessoa.
Sujeito passivo: É o Estado, em segundo plano a pessoa prejudicada com a inovação artificiosa.
Consumação: Com a realização da fraude, ou seja, com a inovação artificiosa.
Tentativa: Perfeitamente possível
Particularidades: As inovações artificiosas devem ser idôneas a enganar o juiz ou o perito, do contrário,
se o artificio for grosseiro, não há falar em crime. O meio de empregado pelo agente deve ser idôneo para
conseguir o engano.
A ação penal é pública incondicionada
Causa de aumento de pena: ―Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir efeito em processo
penal, ainda que não iniciado, as penas aplicam-se em dobro.‖.
Exemplo: Tício, após matar Pedrita, coloca uma arma em sua mão para que fique parecendo um suicídio.
FAVORECIMENTO PESSOAL
Considerações iniciais: Disciplina o art. 348 do C.P. ―Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública
autor de crime a que é cominada pena de reclusão: Pena - detenção, de um a seis meses, e multa”. O bem
jurídico tutelado e a administração da justiça.
Tipo objetivo: O verbo núcleo do tipo (ação nuclear do tipo) está traduzido no verbo auxiliar (fornecer
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ajuda) a subtrair-se (fugir, esconder-se ou evitar a ação da autoridade que o busca) à ação de autoridade
pública (pode ser juiz, o promotor, o delegado ou qualquer outra que tenha legitimidade para buscar o
procurado) autor de crime a que é cominada pena de reclusão.
Objeto material: É a autoridade enganada
Tipo subjetivo: É o dolo. E necessário que o agente tenha ciência da situação do favorecido, isto é, de que
ele está sendo perseguido pela autoridade pública ou de que a perseguição certamente ocorrerá no futuro,
por ser autor de um crime. O desconhecimento dessa situação afasta o dolo, não havendo falar no crime em
tela.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa
Sujeito passivo: É o Estado
Consumação: Consuma-se o crime no momento em que o favorecido consegue, ainda que
momentaneamente, em razão do auxílio prestado, subtrair-se à ação da autoridade pública.
Tentativa: Haverá tentativa se, prestado o auxílio, o criminoso não consegue escapar da ação da autoridade
pública.
Particularidades: Não confundir favorecimento com participação, haja vista que o favorecimento e
indispensável que o auxílio seja prestado após o primeiro delito ter-se consumando. Caso houver
oferecimento de abrigo ou qualquer ajuda antes do cometimento do crime, trata-se de participação.
Não caracteriza o crime o favorecimento a autor de contravenção penal, da mesma forma se o autor for
inimputável.
A ação penal é pública incondicionada.
Figura privilegiada: ―§ 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão: Pena - detenção, de quinze dias
a três meses, e multa.‖.
Escusa absolutória: ―§ 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do
criminoso, fica isento de pena.‖.
A escusa alcança o unido estavelmente e todas as formas de filiação, inclusivo o parentesco por adoção.
Exemplo prático: Mévio, após ser condenado pelo crime de homicídio, foge e começa a ser procurado
pela justiça. Tício, ciente da condição de Mévio, ajeita um espaço em sua casa para que ele possa ficar
escondido.
FAVORECIMENTO REAL
Considerações iniciais: Disciplina o art. 349 do C.P. ―Prestar a criminoso, fora dos casos de coautoria ou
de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime: Pena - detenção, de um a seis meses, e
multa.‖ O objeto jurídico do crime em tela é a administração da justiça.
Tipo objetivo: O verbo núcleo do tipo (ação nuclear do tipo) está traduzido no verbo prestar auxilio
(ajudar ou dar assistência) a criminoso (há de ser a pessoa que comete o crime, não se incluindo os
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inimputáveis), fora dos casos de coautoria (aqui vale o participe também) ou de receptação (tipo especifico
para punição), destinado a tornar seguro o proveito do crime (a vantagem auferida com a pratica do delito)
Nas lições de Fernando Capez ―Nesta figura penal, assim como no crime previsto no art. 348, procura-se
impedir o favorecimento ao autor de crime; contudo, agora, o favorecimento consiste em tornar seguro o
proveito do delito. De forma secundária, a lei penal também visa proteger o patrimônio da vítima do crime
anterior.‖.
Objeto material: É a administração da justiça.
Tipo subjetivo: É o dolo com a finalidade tornar seguro o proveito do delito (elemento subjetivo do tipo)
A ausência de conhecimento da procedência criminosa do bem exclui o dolo, e, portanto, o tipo penal.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa, exceto o coautor ou participe do delito antecedente (que deu origem ao
proveito a ser seguro)
Sujeito passivo: É o Estado.
Consumação: Com a prestação de auxílio ao criminoso, irrelevante se o agente logrou êxito em tornar
seguro o proveito do delito antecedente.
Tentativa: Perfeitamente admissível
Particularidades: O crime em estudo não admite a escusa absolutória.
Na hipótese, se alguém, por exemplo, guardar a faca usada por um homicida, com o fim de atrapalhar as
investigações policiais e impedir a perseguição do delinquente, poderá haver o crime de favorecimento
pessoal.
A ação é pública incondicionada.
Exemplo prático: Tício, após roubar joias procura um lugar para que possa manter em segurança. Mévio
sabendo da necessidade do amigo recebe todo o proveito do crime e guarda em seu porão.
Aula 23 e 24 - Fuga de pessoa presa ou submetida à medida de segurança; Evasão mediante violência contra pessoa.
Arrebatamento de preso; Patrocínio infiel; Exploração de prestígio; Desobediência à decisão judicial sobre perda ou
suspensão de direito.
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Nas lições de Fernando Capez o crime em estudo ―Visa impedir que terceiros frustrem a execução da pena
ou da medida de segurança pelo preso ou detento, isto é, promovam ou facilitem sua fuga. Veja-se que o
tipo penal não pune a fuga do preso, pois não se pode repreender o direito à liberdade.
Objeto material: É a pessoa fugitiva
Tipo subjetivo: É o dolo, podendo ocorrer a titulo de culpa.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa
Sujeito passivo: É o Estado
Consumação: Quando houver a fuga da pessoa legalmente presa ou submetida a medida de segurança.
Tentativa: É admissível, salvo quando se der por meio da omissão.
Particularidades: A conduta pode ser praticada tanto no interior do estabelecimento prisional, quanto fora
dele (viatura policial, hospital)
A ação penal e pública incondicionada.
Qualificadora: ―§ 1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou por mais de uma pessoa, ou mediante
arrombamento, a pena é de reclusão, de dois a seis anos.‖.
―§ 3º - A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se o crime é praticado por pessoa sob cuja custódia ou
guarda está o preso ou o internado.‖ (ex. o carcereiro que deliberadamente deixa aberta a cela do preso e o
portão da cadeia)
Concurso material: ―§ 2º - Se há emprego de violência contra pessoa, aplica-se também a pena
correspondente à violência.‖.
Modalidade culposa: ―§ 4º - No caso de culpa do funcionário incumbido da custódia ou guarda, aplica-se
a pena de detenção, de três meses a um ano, ou multa.‖.
Exemplo prático: Mévio, durante visita ao seu amigo Tício no presidio, consegue arrumar um forma para
que ele fuja e após prover a distração dos carcereiros conclui o seu intento.
ARREBATAMENTO DE PRESO
Considerações iniciais: Disciplina o art. Art. 353 do C.P. ―Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do poder
de quem o tenha sob custódia ou guarda: Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da pena
correspondente à violência.‖ O bem jurídico tutelado é a administração da justiça.
Tipo objetivo: O verbo núcleo do tipo (ação nuclear do tipo) está traduzido no verbo arrebatar (tirar com
violência) preso (é somente a pessoa cuja prisão foi decretada, incluindo-se aqueles que, cautelarmente,
foram detidos - prisão temporária, preventiva ou semelhante – e os que estão cumprindo pena), a fim de
maltratá-lo (submetê-lo a maus tratos), do poder de quem o tenha sob custódia ou guarda.
Objeto material: É a preso arrebatado.
Tipo subjetivo: É o dolo, com a finalidade de submeter o preso a maus-tratos (elemento subjetivo do tipo)
Sujeito ativo: Qualquer pessoa.
Sujeito passivo: É o Estado, em segundo plano o preso arrebatado.
Consumação: Com a efetiva subtração do preso, isto é, a retirada dele do poder de quem detém sobre ele a
guarda ou custódia, irrelevante a ocorrência de maus-tratos, por constitui mero exaurimento do crime.
Tentativa: Perfeitamente possível
Particularidades: A ação e pública incondicionada.
Exemplo prático: Tício, após ter sua prisão decretada, estava sendo transferido de presídio, quando foi
efetivo se desembargue para entrar no estabelecimento prisional, foi arrebatado por populares que passaram
a agredi-lo de maneira constante.
EXPLORAÇÃO DE PRESTÍGIO
Considerações iniciais: Dispõe o art. 357 do C.P. ―Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra
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utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito,
tradutor, intérprete ou testemunha: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.‖. O bem jurídico tutelado
é a administração da justiça.
Tipo objetivo: O verbo núcleo do tipo (ação nuclear do tipo) está traduzido no verbo solicitar (pedir ou
buscar) ou receber (aceitar e pagamento) dinheiro ou qualquer outra utilidade (de natureza material ou
moral), a pretexto de influir (tendo por finalidade inspirar ou insuflar) em juiz , jurado, órgão do Ministério
Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha.
Esse crime, consoante a doutrina, na realidade, constitui verdadeiro estelionato, uma vez que o agente
obtém vantagem ilícita induzindo o indivíduo em erro. A fraude consiste em afirmar que exerce influência
sobre aquelas pessoas.
Objeto material: É o dinheiro ou a utilidade recebida ou solicitada
Tipo subjetivo: É o dolo, com o fim especifico de influi na ação do juiz, jurado, membro do Ministério
Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa, mas e mais comum a pratica desse crime por advogado.
Sujeito passivo: É o Estado
Consumação: No momento em que é realizado o pedido do dinheiro ou de qualquer outra vantagem,
independentemente de a vítima aceitar ou não a solicitação. Na conduta receber, o delito consuma-se com a
efetiva obtenção da vantagem.
Tentativa: Admite-se na conduta solicitar se for por escrito. Na conduta receber ocorre no momento que o
agente e impedido, por circunstancias alheias a sua vontade, de obter a vantagem.
Particularidades: O dinheiro solicitado pelo agente não deve destinar-se ao juiz, promotor de justiça,
funcionário da justiça, perito oficial, tradutor ou intérprete oficial etc., pois, caso for destinado as pessoas
descritas acima, haverá o crime de corrupção ativa e passiva.
Exemplo prático: Advogado que, dizendo-se pessoa bastante influente no Tribunal de Justiça, solicita
dinheiro a seu cliente, a pretexto de lograr uma sentença que lhe seja favorável.
DA AÇÃO PENAL
Disciplinado no art. 3º da referida lei “Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública
incondicionada.”
Trata-se aqui dos tipos de ação penal, sendo que para processar um agente público pelos crimes dessa lei,
será por meio de ação penal pública incondicionada, exclusividade do ministério público, caso este se
mantenha inerte, poderá o ser intentada a ação penal privada subsidiaria da pública, tendo como prazo de
decadencial de 6 (seis) meses.
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Figura equiparada: Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem mantém, na mesma cela, criança ou
adolescente na companhia de maior de idade ou em ambiente inadequado, observado o disposto na Lei nº
8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).
Inovação artificiosa
Considerações gerais: O artigo 23 da nova lei de abuso de autoridade traz em seu corpo, o seguinte texto
“inovar artificiosamente, no curso de diligência, de investigação ou de processo, o estado de lugar, de
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coisa ou de pessoa, com o fim de eximir-se de responsabilidade ou de responsabilizar criminalmente
alguém ou agravar-lhe a responsabilidade: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.”
Observe que o tipo penal tem o intuito de punir o agente que para eximir-se de responsabilidade ou com a
intenção de responsabilizar criminalmente alguém ou piorar (agravar) a responsabilidade, inova
artificiosamente (realiza algo novo de forma ardilosa), modificando o lugar, coisa ou pessoa.
Exemplo, um policial militar recebe uma ligação particular do irmão, o qual informa que acaba de atropelar
uma pessoa. Ao chegar ao local dos fatos, verifica uma pessoa atropelada em óbito, um veículo batido e
uma pessoa desacordada dentro do veículo, sem mais nenhum testemunha no local. O PM junto com o
irmão, pega o corpo em óbito coloca debaixo do veículo que esta com a pessoa desacordada a fim de
demonstrar que a culpa não foi do seu irmão e sim da outra pessoa.
Veja que no exemplo, o perito de forma artificiosa inovou o estado de pessoa e lugar, alterando tanto o
corpo como toda a cena criminosa, a fim de eximir a responsabilidade do irmão e responsabilizar alguém.
Figura equiparada: Aduz o Parágrafo único. “Incorre na mesma pena quem pratica a conduta com o
intuito de:
I - eximir-se de responsabilidade civil ou administrativa por excesso praticado no curso de diligência;
II - omitir dados ou informações ou divulgar dados ou informações incompletos para desviar o curso da
investigação, da diligência ou do processo.”
O inciso I fala em responsabilidade administrativa, esclarecendo que o Policial Militar que no curso de um
processo administrativo resolve inovar artificiosamente o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com os de
eximir-se da responsabilidade, responderá por crime de abuso de autoridade.
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Obtenção dolosa de prova ilícita
Considerações gerais: Aduz o art. 25 “Proceder à obtenção de prova, em procedimento de investigação
ou fiscalização, por meio manifestamente ilícito: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.”
O agente público usando de meios ilícitos consegue obter provas contra um suposto investigado ou pessoa
que esta sob fiscalização, além da inadmissibilidade da prova obtida, incorra o agente no crime em estudo.
Exemplo, um policial militar aborda uma pessoa próxima a uma comunidade, após busca pessoal encontra
certa quantia em dinheiro, bem como o celular do abordado. Após questionamentos, o abordado declara já
ter sido preso por tráfico de drogas, mas que estava ali só de passagem e o dinheiro e fruto de seu trabalho
como lavador de carros. Desconfiado do testemunho o policial consegue acessar os dados do “whatsapp”
do abordado e descobre que todo o dinheiro provém do tráfico e que estava indo buscar mais com seus
comparsas, em ato continuo leva para a Delegacia onde e preso.
Nesse exemplo, o policial no momento que acessa os dados do celular do preso e obtém as conversas que
levam a prisão em flagrante, só ira cometer o crime se tiver agido em dolo especifico do artigo 1º.
Figura equiparada: Dispõe o parágrafo único “Incorre na mesma pena quem faz uso de prova, em
desfavor do investigado ou fiscalizado, com prévio conhecimento de sua ilicitude.”
Sendo assim, não só a obtenção de prova manifestamente ilícita e crime de abuso de autoridade, utiliza-la
sabendo que provém de ilicitude, também incorre em prática do crime, lembrando que para tanto deve o
agente ter o dolo específico. Por exemplo, o Juiz mesmo tendo o conhecimento que a prova foi obtida de
maneira ilícita decide aceita-la no processo e a utiliza-la para sentenciar o réu, mas fez isso para buscar a
verdade real dos fatos (princípio consagrado do direito penal), não incorre no crime por que não agiu sobre
a égide do dolo especifico do artigo 1º.
Exigir informação
Considerações gerais: Disciplina o artigo 33 que “Exigir informação ou cumprimento de obrigação,
inclusive o dever de fazer ou de não fazer, sem expresso amparo legal: Pena - detenção, de 6 (seis) meses
a 2 (dois) anos, e multa.”
Esse crime não está muito ligado com a prática policial, mas a figura equiparada a seguir esta presente no
dia a dia do policial militar.
Figura equiparada: Aduz o parágrafo único que “Incorre na mesma pena quem se utiliza de cargo ou
função pública ou invoca a condição de agente público para se eximir de obrigação legal ou para obter
vantagem ou privilégio indevido.”
Estamos diante da famosa ―carteirada‖, onde o agente público utiliza sua posição para se esquivar de
obrigações, deveres legais.
Exemplo, um Juiz de direito conduzindo seu veiculo em estado nítido de embriaguez, ao seu abordado pela
viatura da Policial Militar, já desce do veículo dizendo ―quero ver que vai ter coragem de iniciar uma
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fiscalização e mais, terá coragem de me prender, sou Juiz dessa cidade‖.
Observe no exemplo que o magistrado utilizou da função pública para se eximir de obrigação legal e ainda
de obter vantagem, vejam que o dolo específico (beneficiar a si mesmo) está totalmente imbricado na
conduta.
Imagine outro exemplo, um Policial Militar na rodovia a mais de 180 km por hora em seu veiculo, quando
e abordado por equipes da Policia Rodoviária. Ao desembarcar do veículo se apresenta como Policial
Militar, mas informa que estava naquela velocidade por que esta socorrendo sua mãe que esta no banco
desmaiada.
Veja que nessa conduta ele não utilizou a ―carteirada‖, ele se apresentou (obrigação funcional) e informou
os fatos que estavam ocorrendo, podendo as viaturas da Polícia Rodoviária tomar todos os procedimentos
administrativos cabíveis, devendo prover o socorro ou autorizar a continuidade do socorro.
Considerações iniciais
A Lei n. 11.343/2006, que dispõe sobre medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção
social de usuários e dependentes de drogas e estabelece normas para repressão à produção não autorizada e
ao tráfico ilícito de drogas. Com a leitura da lei percebe-se nitidamente que não tem o propósito único de
punir, mas também de prevenir o tráfico e uso indevidos, cuidando igualmente do tratamento e da
recuperação do dependente.
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Com a lei, foi adotado um conceito legal desta categoria jurídica chamada drogas, que não ficou restrito à
categoria dos entorpecentes, nem das substâncias causadoras de dependência física ou psíquica.
Consideram-se drogas todas as substâncias ou produtos com potencial de causar dependência, com a
condição de que estejam relacionadas em dispositivo legal competente.
Conforme dicção do art. 14, I, a, do Decreto n. 5.912/06, caberá ao Ministério da Saúde, publicar listas
atualizadas periódicas.
Ao referir-se a drogas, portanto, a lei criou normas penais em branco, cujo preceito deve ser
complementado por norma de natureza extrapenal, no caso Portaria do Serviço de Vigilância Sanitária, do
Ministério da Saúde. Assim, se for constatada a existência de alguma substância entorpecente não
relacionada na Portaria n. 344/98, por força do princípio da legalidade, sua produção, comercialização,
distribuição ou consumo não constituirá crime de tráfico ou de porte para consumo pessoal.
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O § 6º do art. em estudo, disciplina “para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se
refere o caput, nos incisos I, II e III, a que injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo,
sucessivamente a: I - admoestação verbal; II - multa.”
I - admoestação verbal; (consistir em censura verbal feita pelo juiz, concitando o agente a cumprir a medida
que lhe foi aplicada.)
II - multa. (consiste em sanção pecuniária, aplicável ao agente que, injustificadamente, se recuse a cumprir
as penas de prestação de serviços à comunidade e comparecimento a programa ou curso educativo. Deve
suceder a admoestação verbal. O art. 29 dispõe ―Na imposição da medida educativa a que se refere o inciso
II do § 6º do art. 28, o juiz, atendendo à reprovabilidade da conduta, fixará o número de dias-multa, em
quantidade nunca inferior a 40 (quarenta) nem superior a 100 (cem), atribuindo depois a cada um, segundo
a capacidade econômica do agente, o valor de um trinta avos até 3 (três) vezes o valor do maior salário
mínimo.‖)
Tráfico de drogas
Considerações iniciais: Disciplina o art. 33 “Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar,
adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar,
prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização
ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze)
anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.” O bem jurídico tutelado é a
saúde pública. O crime em estudo esta no rol dos crimes hediondos.
Tipo objetivo: O verbo núcleo do tipo (ação nuclear do tipo) está traduzido em diversos verbos, em 18
(dezoito), os quais a doutrina classifica como tipo misto alternativo. Passamos analisar um a um:
Importar: é trazer a droga para dentro do território nacional, por via aérea, marítima ou terrestre. Consuma-
se o delito quando são transpostas as fronteiras do País, no momento em que o agente penetra no território,
mar territorial ou espaço aéreo nacional.
Exportar: consiste em fazer a mercadoria sair do território nacional. A exportação, assim como a
importação, é crime de perigo abstrato, presumindo-se o dano para a comunidade internacional. A lei só
pune a exportação clandestina e irregular da droga, uma vez que é permitida a exportação de drogas com
finalidade científica ou terapêutica.
Remeter: significa mandar, entregar, enviar, encaminhar, expedir, desde que dentro do País (caso contrário,
será importação ou exportação).
Preparar: consiste na combinação de substâncias para a formação da droga. Assim, só ocorre o delito de
preparação quando as substâncias empregadas na composição da droga não são tóxicas em si mesmas.
Caso contrário, se os componentes já forem substâncias proibidas, sua combinação será mero exaurimento.
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Produzir: é criar, seja em pequena ou em grande escala. Assim, a extração da mescalina do cacto peyote
seria classificada como produzir, ao passo que a transformação da cocaína bruta em cloridrato de cocaína,
solúvel em água, para ser injetada, tipificar-se-ia como preparar. A produção diz respeito a drogas
sintéticas, que são produzidas em laboratório. A preparação é uma combinação rudimentar. A distinção,
todavia, é sutil.
Fabricar: é a produção em escala e por meio industrial.
Adquirir: é obter mediante troca, compra ou a título gratuito.
Vender: é a alienação a título oneroso, com recebimento de dinheiro ou qualquer outra mercadoria em
troca. Compreende, portanto, a compra e a troca.
Expor à venda: é exibir a droga a possíveis compradores, com a finalidade de venda. Trata-se de conduta
permanente: enquanto a droga estiver exposta para a venda, o agente pode ser preso em flagrante.
Oferecer: significa sugerir a aquisição, mediante pagamento ou troca, ou a aceitação gratuita. No
oferecimento, o traficante vai em direção ao potencial usuário ou adquirente e lhe apresenta a proposta.
Ter em depósito: é reter a coisa à sua disposição, ou seja, manter a substância para si mesmo.
Transportar: pressupõe o emprego de algum meio de transporte. Trata-se de delito instantâneo, que se
consuma no momento em que o agente leva a droga por um meio de locomoção qualquer.
Trazer consigo: é levar a droga junto a si, sem o auxílio de algum meio de locomoção. É o caso do agente
que traz a droga em bolsa, pacote, nos bolsos, em mala ou no próprio corpo.
Guardar: é a retenção da droga em nome e à disposição de outra pessoa
Prescrever: é receitar. Trata-se da única conduta do art. 33 que configura crime próprio, pois só pode ser
praticada por profissional que possa receitar a droga, por exemplo, médico ou dentista.
Ministrar: é injetar, inocular, aplicar.
Entregar a consumo: Apenas fez menção à entrega a consumo, ainda que gratuita.
Fornecer: significa dar, entregar. O fornecimento pode ser a título oneroso ou gratuito. A diferença entre a
venda e o fornecimento oneroso está em que este último é mais um abastecimento. Fornecedor é aquele que
abastece os estoques do vendedor. Assim, o fornecimento seria uma venda contínua a determinada pessoa.
Quanto ao fornecimento gratuito, pode ser eventual.
Objeto material: é a droga
Tipo subjetivo: é o dolo
Sujeito ativo: qualquer pessoa, exceto no verbo prescrever
Sujeito passivo: é a coletividade
Consumação: como vimos, consuma-se o delito com a prática de uma das ações previstas no tipo.
Algumas condutas são permanentes, como guardar, ter em depósito, trazer consigo e expor à venda. Nesses
casos, enquanto dita conduta estiver sendo praticada, o momento consumativo prolonga-se no tempo. As
demais modalidades são instantâneas. O crime consuma-se em um momento determinado.
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Tentativa: de difícil configuração, uma vez que, diante da grande variedade de condutas, a tentativa de
uma das formas já é a consumação de outra.
Figuras equiparadas: Disciplina o § 1º do art. em estudo “Nas mesmas penas incorre quem: I - importa,
exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito,
transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação
de drogas; II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com determinação legal
ou regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas; III -
utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse, administração, guarda ou
vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas. IV - vende ou entrega
drogas ou matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas, sem autorização
ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado, quando
presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente.”
Demais crimes dentro do art. em estudo: Dispõe o § 2º “Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso
indevido de droga: Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-
multa.”
Induzir é dar a ideia, isto é, fazer nascer a ideia de usar a droga na cabeça de uma pessoa que sequer havia
cogitado tal hipótese. Instigar é reforçar uma ideia já existente, incrementando o ânimo de quem já estava
inclinado a fazer uso da droga. Auxiliar é dar apoio efetivo, estrutural, material ao usuário.
O elemento subjetivo exigível na espécie é o dolo, a vontade livre e consciente de auxiliar, induzir ou
instigar. Nas lições de Fernando Capez “A ação precisa ser dirigida a uma pessoa determinada, não
bastando a propaganda genérica feita sem destinação específica, para configurar induzimento ou
instigação”
Para a consumação, é necessário que ocorra o efetivo consumo da droga. Tem-se admitido a tentativa,
quando o uso não chega a se efetivar por circunstâncias alheias à vontade do agente.
Convém mencionar que o Supremo Tribunal Federal, na Arguição de Descumprimento de Preceito
Fundamental (ADPF) n. 187, em decisão unânime, excluiu do campo de incidência da norma do art. 287 as
manifestações em favor da descriminalização de substâncias psicotrópicas, em especial, a denominada
―marcha da maconha‖, por estar acobertada pelos direitos constitucionais de reunião e de livre expressão
do pensamento.
O §3º “Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para
juntos a consumirem: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a
1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28.”
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Trata-se este crime de cessão gratuita e eventual de droga. Vejam que a lei não cuida de qualquer cessão
gratuita e eventual de drogas, pois exige que a droga seja oferecida para pessoa do relacionamento do
agente e, mais, com a finalidade de juntos a consumirem.
Se a cessão não for eventual, mas constante, ainda que gratuita, poderá haver a caracterização do tráfico
ilícito de drogas.
Causa de diminuição de pena (tráfico privilegiado): Aduz o § 4º “Nos delitos definidos no caput e no §
1º deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, desde que o agente seja
primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização
criminosa”
A concessão do benefício não configura direito público subjetivo do réu, mas mera faculdade do julgador,
haja vista o legislador deixar claro que poderão ser reduzidas.
Os requisitos constantes são cumulativos e não alternativos.
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Associação para o tráfico
Considerações iniciais: Disciplina o art. 35 da lei de drogas, “Associarem-se duas ou mais pessoas para o
fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 desta
Lei: Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos)
dias-multa.” O objeto jurídico do crime é a saúde pública
Tipo objetivo: O verbo núcleo do tipo (ação nuclear do tipo) está traduzido no verbo ―associar-se‖
(agregar-se, unir-se). Exige-se o fim de praticar qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e
34 desta Lei.
Tipo subjetivo: é o dolo em associar-se em duas ou mais pessoas em caráter estável, com a finalidade
especial de cometer um ou mais delitos de tráfico.
Sujeito ativo: qualquer pessoa,
Sujeito passivo: é a coletividade
Consumação: dá-se com a formação da associação para o fim de cometer tráfico, independentemente da
eventual prática dos crimes pretendidos pelo bando.
Tentativa: não se admite.
Particularidades: Nos ensinamentos de Fernando Capez “o fato de duas pessoas, ocasionalmente,
encontrarem-se na porta de um colégio e decidirem, naquele mesmo instante, induzir um estudante a
consumir entorpecente não constitui associação criminosa, pois se trata de mera reunião casual, sem
qualquer estrutura, ajuste prévio ou estabilidade que possa indicar a permanência de uma associação.”
Figura equiparada: Parágrafo único do art. em estudo dispõe, “Nas mesmas penas do caput deste artigo
incorre quem se associa para a prática reiterada do crime definido no art. 36 desta Lei.”
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Sujeito ativo: Trata-se de crime próprio, sendo assim só pode ser cometido por médico, o dentista,
(conduta de prescrever e ministrar) o farmacêutico ou o profissional de enfermagem (conduta de ministrar)
Sujeito passivo: é a coletividade, em segundo plano a pessoa que recebe a dose.
Consumação: no momento em que é feita a prescrição ou a aplicação culposa, mesmo que não ocorra a
aquisição da substância.
Tentativa: Inadmissível, por se tratar de crime culposo.
Particularidades: Dispõe o paragrafo único do art. em estudo “O juiz comunicará a condenação ao
Conselho Federal da categoria profissional a que pertença o agente.”.
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No inciso IV embora não preveja expressamente a lei, a causa de aumento é aplicada sem prejuízo das
penas correspondentes à violência, à grave ameaça, ao porte ilegal de arma e a eventual resultado danoso
advindo do processo de intimidação.
O inciso V traz o trafico interestadual, caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o
Distrito Federal. Disciplina a Súmula 587 do STJ: ―Para a incidência da majorante prevista no art. 40, V, da
Lei n. 11.343/2006, é desnecessária a efetiva transposição de fronteiras entre estados da Federação, sendo
suficiente a demonstração inequívoca da intenção de realizar o tráfico interestadual‖.
O inciso VI, visa proteger as pessoas sem plena capacidade de entendimento, de discernimento ou de
autodeterminação, seja pela idade, seja por qualquer outra causa, e que, por essa razão, seriam mais
facilmente influenciadas e atingidas pela difusão do vício.
Destarte, o inciso VII, aplica-se ao traficante que financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes
previstos nos arts. 33 a 37 da lei, ou seja, além de participar desses crimes também os financiar. Em sendo
apenas o financiador dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34, estará configurado o crime do art.
36.
Fiança, sursis, graça, indulto, anistia, liberdade provisória e penas restritivas de direitos
Considerações: Dispõe o art. 44 da lei de drogas, “Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º , e 34 a
37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória,
vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos.”
Explicações: Em 1º de setembro de 2010, o Plenário da Suprema Corte, ao julgar o HC 97.256/RS, Rel. M
in. Ayres Britto, declarou, por maioria, a inconstitucionalidade incidental da parte final do art. 44 da Lei n.
11.343/2006, bem como da expressão ―vedada a conversão em penas restritivas de direitos‖, prevista no §
4º do art. 33 do mesmo diploma legal.
Alterações introduzidas pela Lei n. 11.46407, os crimes hediondos e assemelhados, dentre eles o de tráfico,
passaram a comportar a concessão de liberdade provisória sem fiança (art. 2º, II), sendo alterado, por
consequência, o teor do art. 44 da Lei de Drogas. Essa posição, entretanto, ressaltamos mais uma vez, não é
pacífica.
Particularidades: Disciplina o Parágrafo único do artigo em estudo “Nos crimes previstos no caput deste
artigo, dar-se-á o livramento condicional após o cumprimento de dois terços da pena, vedada sua
concessão ao reincidente específico.”
Dependência e inimputabilidade
Considerações iniciais: Dispõe o art. 45 da lei de drogas, “É isento de pena o agente que, em razão da
dependência, ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior, de droga, era, ao tempo da ação
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ou da omissão, qualquer que tenha sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.”
Explicações: Dependência consiste em uma relação de natureza fisiológica que se estabelece entre o
indivíduo e a droga, pela qual o primeiro, devido ao uso inicial da substância, acaba por desenvolver uma
patológica necessidade de continuar a consumi-la, a tal ponto que a brusca interrupção do seu consumo
provoca distúrbios fisiológicos capazes de ocasionar intenso sofrimento físico, com possibilidade de levar o
usuário ao coma e à morte. A dependência psíquica é a vontade incontrolável de usar a droga,
independentemente de existir alguma dependência física. É uma compulsão invencível, um desejo mais
forte que o autocontrole ditado pela razão.
Na hipótese de caso fortuito ou força maior, o indivíduo não é doente, nem possui qualquer dependência,
tendo sido vítima do acaso. É o caso do indivíduo que é amarrado por assaltantes, e recebe droga injetada
até perder a capacidade de discernimento. S e a incapacidade for total, será absolvido do crime praticado,
qualquer que tenha sido a infração, sem a imposição de medida de segurança, tratando-se de absolvição
própria (medida de segurança para quê? Ele não é doente, nem dependente). S e a incapacidade for parcial,
receberá condenação com pena diminuída, também não se cogitando de medida de segurança. (art. 46)
Particularidades: Dispõe o Parágrafo único do artigo em estudo, “Quando absolver o agente,
reconhecendo, por força pericial, que este apresentava, à época do fato previsto neste artigo, as condições
referidas no caput deste artigo, poderá determinar o juiz, na sentença, o seu encaminhamento para
tratamento médico adequado.”
77
Encaminhamento do autor do fato ao JECRIM, ou, na falta deste, lavratura de termo de
compromisso de a ele comparecer.
Requisição dos exames e perícias necessários: constatação da substância entorpecente, perícia em
eventuais petrechos apreendidos, exame de corpo de delito etc.
No JECRIM, apresentação imediata ao juiz de direito.
Realização da audiência preliminar: presente o autor do fato e seu defensor, poderá o Ministério Público
propor a transação, que deverá restringir-se à aplicação de advertência, prestação de serviços à comunidade
ou comparecimento a programa ou curso educativo. Não propondo o Ministério Público a transação,
dissentindo o juiz, não poderá ele propô-la, devendo suspender a audiência e encaminhar os autos ao
Procurador-Geral de Justiça, por aplicação analógica do disposto no art. 28 do Código de Processo Penal.
Aceita a proposta de transação pelo autor do fato e seu defensor, segue-se a homologação do juiz e a
imposição da pena.
Não aceita a proposta de transação pelo autor do fato ou seu defensor, o Ministério Público oferecerá
denúncia oral, observando-se o rito dos arts. 77 e seguintes da Lei n. 9.099/95.
ENTREGA VIGIADA
Considerações iniciais: Dispõe o inciso II do art. 53 da lei em estudo “a não-atuação policial sobre os
portadores de drogas, seus precursores químicos ou outros produtos utilizados em sua produção, que se
encontrem no território brasileiro, com a finalidade de identificar e responsabilizar maior número de
integrantes de operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível.”
Explicações: o objetivo dessa forma de investigação é permitir que todos os integrantes da rede de
narcotraficantes sejam identificados e presos, além de garantir maior eficiência na investigação, uma vez
que, se a remessa da droga é interceptada antes de chegar ao seu destino, será ignorado o destinatário ou, se
conhecido, não se poderá incriminá-lo. Por razões de política criminal, considera-se mais conveniente não
interceptar imediatamente o carregamento de droga, seus precursores químicos ou outros produtos
utilizados em sua produção, para conseguir um resultado mais positivo, qual seja o desbaratamento de toda
a organização criminosa.
79
Diversos são os tratados os quais o Brasil é signatário que tratando do assunto com o intuito de erradicar tal
prática, tanto que o inciso acima transcrito foi extraído da Convenção Americana de Direito Humanos,
chamada de Pacto de São José da Costa Rica.
Após alguns episódios ocorridos no decorrer dos anos, houve forte pressão internacional para que o Brasil
tivesse uma lei de combate a tortura, sendo promulgada em 1997 a lei 9.455.
80
A alínea ―c‖ também denominada pela doutrina como tortura racional, fato que ocorre pelo simples fatos
de ser o agente contrário a um determinada raça ou religião
A ausência dos propósitos acima, não haverá crime de tortura, mas eventualmente outra figura típica
Pena: reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos.
Tortura-pena
Considerações iniciais: Disciplina o inciso II do art. 1º da lei de tortura “submeter alguém, sob sua
guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou
mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.”
Tipo objetivo: A conduta, a ação nuclear, a conduta do tipo, está descrita no verbo ―submeter”
Particularidades: O crime em comento funciona como forma de castigo pessoa ou medida de caráter
preventivo aplicada contra a pessoa sob guarda, poder ou autoridade (lembrando que a ausência desses
requisitos, poderá ser enquadrada em outro tipo penal).
Este crime também denominado pela doutrina como tortura-pena ou tortura castigo
Pena: reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos.
Figura equiparada
Considerações: Aduz o §1º do art. 1º da lei em estudo que “Na mesma pena incorre quem submete pessoa
presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato
não previsto em lei ou não resultante de medida legal.”
Esta figura penal é considerada subsidiária em relação ao crime de abuso de autoridade previsto no art. 4º,
b, da Lei n. 4.898/65.
A pena que o parágrafo faz referência é a do art.1º, sendo assim de reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos.
Este crime é denominado pela doutrina como tortura do encarcerado.
Saliente aqui que o sujeito ativo neste crime e um sujeito especifico, podendo ser apenas a ―pessoa presa
ou sujeito a medida de segurança”.
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Tortura qualificada pelo resultado
Considerações: Disciplina o §3º do art. 1º da lei de tortura “Se resulta lesão corporal de natureza grave
ou gravíssima, a pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos; se resulta morte, a reclusão é de 8
(oito) a 16 (dezesseis) anos.”
Trata-se de hipóteses de crime preterdoloso ou preterintencional, em que o agente, querendo a tortura,
ocasiona na vítima lesões corporais graves ou gravíssimas, ou, ainda, a morte. Não se confunde o crime em
tela com o homicídio qualificado por tortura, já que neste último o agente visa a finalidade morte,
empregando o meio tortura para alcançá-lo.
Efeito da condenação
Considerações: Disciplina o §5º do art. 1º da lei de tortura “A condenação acarretará a perda do cargo,
função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.”
Aplicável apenas ao sujeito ativo funcionário público, no exercício ou em razão da função pública.
Regime inicial
Considerações: Disciplina o §7º do art. 1º da lei de tortura “O condenado por crime previsto nesta Lei,
salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.”
Obrigatório o regime inicial aqui exposto, não cabendo a discricionariedade do juiz.
E possível a progressão de pena, respeitado o intervalo legal.
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Extraterritorialidade
Considerações: Disciplina o art. 2º da lei de tortura “O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime
não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em
local sob jurisdição brasileira.”
Demonstra-se acima uma exceção ao princípio da territorialidade exposto no art. 5º do Código Penal (“art.
5º Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao
crime cometido no território nacional.”), sendo aqui expressa uma hipótese de extraterritorialidade
incondicionada.
Ato Infracional
Por disposição expressa no código penal, art. 27, os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente
inimputáveis, sendo assim, não poderia ser diferente na esteira do ECA, que em seu art. 104 disciplina
“São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei.
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada a idade do adolescente à data do fato.”
Por tanto, aos menores de dezoito anos que vierem a cometer ato infracional, serão aplicadas medidas
socioeducativas e não penas (reclusão, detenção e prisão simples).
O ato infracional está descrito no art. 103 “Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou
contravenção penal.”, sendo assim, todas as infrações penais (crimes e contravenções penais) descritas em
nosso ordenamento jurídico, quando praticada por menor de dezoito anos, considerar-se-á ato infracional.
Disciplina o art. 112 “Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao
adolescente as seguintes medidas:
I - advertência; (admoestação verbal, reduzida a termo e assinada, art. 115 do ECA)
II - obrigação de reparar o dano; (restituição da coisa, ou, outra forma de compensação, art. 116 do ECA)
83
III - prestação de serviços à comunidade; (realização de tarefas gratuitas de interesse geral, não excedente
a seis meses, art. 117)
IV - liberdade assistida; (menor será acompanhado por pessoa capacitada, designada pela autoridade
competente, por um prazo mínimo de seis meses, art. 118 e incisos)
V - inserção em regime de semi-liberdade; (utilizado como forma de transição para o meio aberto,
possibilita ao menor a realização de atividade externas, ficando obrigatório a escolarização e a
profissionalização, art. 120 e incisos)
VI - internação em estabelecimento educacional; (constitui medida privativa de liberdade, qual trataremos
em breve)
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e
a gravidade da infração.
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de trabalho forçado.
§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão tratamento individual e
especializado, em local adequado às suas condições.” (a eles não serão aplicadas medidas de segurança,
mas sim, medidas socioeducativas)
84
§ 6º Em qualquer hipótese a desinternação será precedida de autorização judicial, ouvido o Ministério
Público.
§ 7o A determinação judicial mencionada no § 1º poderá ser revista a qualquer tempo pela autoridade
judiciária.” (grifo nosso)
A norma mostra de maneira clara o prazo máximo de internação, e também a idade limite do internado.
O art. 122, dispõe em quais situações poderá ser aplicada a medida socioeducativa de internação, haja vista
ser um medida restritiva de liberdade. Vale salientar que as situações expressas são taxativas.
“Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada quando:
I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência a pessoa;
II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves;
III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta.
§ 1º O prazo de internação na hipótese do inciso III deste artigo não poderá ser superior a três meses.
§ 1o O prazo de internação na hipótese do inciso III deste artigo não poderá ser superior a 3 (três) meses,
devendo ser decretada judicialmente após o devido processo legal.
§ 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, havendo outra medida adequada”. (grifo nosso)
Como podemos analisar nos artigos acima transcritos, há diversas regras a serem seguidas para que um
menor tenha sua liberdade cerceada, bem como a manutenção do cerceamento requer diversos cuidados
DOS CRIMES
DOS CRIMES EM ESPÉCIE
Dispõe o art. 225 do ECA “Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados contra a criança e o adolescente,
por ação ou omissão, sem prejuízo do disposto na legislação penal.”
Sendo assim, trataremos adiante dos crimes praticados contra os menores.
Todos os crimes a seguir dispostos são de ação pública incondicionada (art. 227 do ECA)
Recém-criado pela lei 13.869/2019(lei de abuso de autoridade), o art. 227-A dispõe “os efeitos da
condenação prevista no inciso I do caput do art. 92 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940
(Código Penal), para os crimes previstos nesta Lei, praticados por servidores públicos com abuso de
autoridade, são condicionados à ocorrência de reincidência.”
“Parágrafo único. A perda do cargo, do mandato ou da função, nesse caso, independerá da pena
aplicada na reincidência.”
Privação de liberdade da criança ou do adolescente, fora dos casos permitidos ou sem observância
das formalidades legais
Considerações iniciais: Disciplina o art. 230 do ECA “Privar a criança ou o adolescente de sua
liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem
85
escrita da autoridade judiciária competente: Pena - detenção de seis meses a dois anos.” Tem como
objeto jurídico a integridade física e psíquica do adolescente.
Tipo objetivo: O verbo núcleo do tipo, a ação nuclear, a conduta do tipo está descrita no verbo ―privar”
(impedir, deter), a criança ou o adolescente (aqueles elencados no art. 1 do ECA), nos casos dispostos no
artigo transcrito acima.
Sendo assim, fica claro que a privação da liberdade do menor sem que esteja em flagrante de ato
infracional e considerado crime, para isso devera o agente estar munido de ordem escrita da autoridade
judiciário, na ausência dessa também será inviável a apreensão do menor.
Salienta o descrito no art. 106 do ECA “Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em
flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente.”
Sujeito ativo: qualquer pessoa
Sujeito passivo: a criança ou adolescente
Tipo subjetivo: é o dolo
Consumação: com a privação de liberdade da criança ou do adolescente fora das hipóteses legais
Tentativa: admissível
Figura equiparada: Dispõe o paragrafo único do artigo em estudo “na mesma pena aquele que procede à
apreensão sem observância das formalidades legais.”
Venda, fornecimento ou entrega, sem justa causa, a criança ou adolescente de produtos cujos
componentes possam causar dependência física ou psíquica
Considerações iniciais: Dispõe o art. 243 do ECA “Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda
que gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou a adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa,
outros produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica: Pena - detenção de 2
(dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato não constitui crime mais grave.” O bem jurídico tutelado nesse
crime e a integridade física e psíquica.
Tipo objetivo: O verbo núcleo do tipo (ação nuclear do tipo) está traduzido nos verbos ―fornecer‖,
―servir‖, ―ministrar‖ e ―entregar‖. Não haverá crime se ocorrer justa causa para a prática da conduta, nas
hipóteses em que o objeto material do crime for representado por produtos cujos componentes podem
causar dependência física ou psíquica, ainda que por utilização indevida (―cola de sapateiro‖, acetona, éter,
esmalte de unha, bebida alcoólica etc.). Com relação à bebida alcoólica, não há que falar em justa causa,
caracterizando-se o delito com a simples prática de qualquer modalidade de conduta.
Sujeito ativo: qualquer pessoa
Sujeito passivo: a criança ou o adolescente
Tipo subjetivo: é o dolo
Consumação: com a prática de qualquer uma das condutas
Tentativa: admissível
INTRODUÇÃO
No âmbito penal, dentro do Estatuto do Idoso, o legislador optou por tipos penais autônomos, com o intuito
de tutelar a vida, a integridade física, a saúde, a liberdade, a honra, a imagem e o patrimônio do idoso.
Alguns tipos penais merecem destaque, haja vista estarem expressos no nosso Código Penal, mas caso
ocorrido contra o idoso, em respeito ao principio da especialidade, restará configurado o deste estatuto,
como por exemplo, a omissão de socorro ao idoso, abandono de idoso entre outros, disposto em breve.
É de suma importância delinear a quem essa lei tem o escopo de regular direitos, com isso a lei tomou o
devido cuidado de nos demonstrar quem será considerado idoso.
O art. 1º do estatuto em epigrafe disciplina “é instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os
direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.”
Destarte, cabe a nós agentes públicos no limite de nossa competência, fiscalizar e fazer com que o estatuto
seja devidamente aplicado, sendo que a sua inobservância poderá acarretar crimes, que passamos a
demonstrar.
96
DOS CRIMES EM ESPÉCIE
Omissão de socorro
Considerações iniciais: Dispõe o art. 97 do Estatuto do Idoso, “Deixar de prestar assistência ao idoso,
quando possível fazê-lo sem risco pessoal, em situação de iminente perigo, ou recusar, retardar ou
dificultar sua assistência à saúde, sem justa causa, ou não pedir, nesses casos, o socorro de autoridade
pública: Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.” Tem como objeto jurídico a proteção à
vida ou saúde da pessoa idosa
Tipo objetivo: O verbo núcleo do tipo (ação nuclear do tipo) está traduzido nos verbos ―deixar‖ (largar,
abandonar), ―recusar‖ (negar, não prestar, opor), ―retardar‖ (procrastinar, demorar), ―dificultar‖
(obstaculizar, criar empecilho) e pela expressão ―não pedir‖ (não solicitar, não requerer). Trata-se de crime
omissivo puro. Constituem circunstâncias elementares do tipo a possibilidade de prestar assistência e
também a ausência de risco pessoal ao agente. Entretanto, nesses casos, existe a obrigação de pedir o
socorro da autoridade pública.
Sujeito ativo: qualquer pessoa
Sujeito passivo: a pessoa idosa
Tipo subjetivo: é o dolo
Consumação: com a omissão
Tentativa: como se trata de crime omissivo, não comporta a tentativa
Causa de aumento de pena: Disciplina o parágrafo único do artigo em estudo, “A pena é aumentada de
metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.”
Trata-se de figura preterdolosa, pois o resultado adveio de culpa, querendo o agente o resultado lesão
corporal ou morte, estaremos diante de concurso de crimes.
Abandono de idoso
Considerações iniciais: Dispõe o art. 98 do Estatuto do Idoso, “Abandonar o idoso em hospitais, casas de
saúde, entidades de longa permanência, ou congêneres, ou não prover suas necessidades básicas, quando
obrigado por lei ou mandado: Pena – detenção de 6 (seis) meses a 3 (três) anos e multa.” Tem como
objeto jurídico a proteção à vida ou saúde da pessoa idosa
Tipo objetivo: O verbo núcleo do tipo (ação nuclear do tipo) está traduzido no verbo “abandonar”
(desamparar, largar) e pela expressão “não prover” (não fornecer, não abastecer, não providenciar). Nessa
última modalidade de conduta, deve o agente estar obrigado por lei ou mandado a prover ao idoso suas
necessidades básicas.
Sujeito ativo: qualquer pessoa
Sujeito passivo: a pessoa idosa
Tipo subjetivo: é o dolo
97
Consumação: dar-se-á com o efetivo abandono ou com o não provimento das necessidades básicas do
idoso
Tentativa: por se tratar de crime omissivo não comporta tentativa
Maus-tratos a idoso
Considerações iniciais: Dispõe o art. 99 do Estatuto do Idoso, ―expor a perigo a integridade e a saúde,
física ou psíquica, do idoso, submetendo-o a condições desumanas ou degradantes ou privando-o de
alimentos e cuidados indispensáveis, quando obrigado a fazê-lo, ou sujeitando-o a trabalho excessivo ou
inadequado: Pena – detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e multa.”. O crime em tela tem como intuito
tutelar a proteção à vida e à saúde da pessoa idosa
Tipo objetivo: O verbo núcleo do tipo (ação nuclear do tipo) está traduzido no verbo “expor”, no caso e
expor a perigo que significa periclitar, colocar em risco. A conduta pode desenvolver-se pela submissão do
idoso a condições desumanas ou degradantes, mediante a privação de alimentos e cuidados indispensáveis
e a sua sujeição a trabalho excessivo ou inadequado.
Sujeito ativo: qualquer pessoa
Sujeito passivo: o idoso
Tipo subjetivo: é o dolo
Consumação: com a exposição do idoso a perigo de dano
Tentativa: admissível nas formas comissivas (ação)
Formas qualificadas: O crime em estudo restara qualificado no imperativo do ―§1o quando, “se do fato
resulta lesão corporal de natureza grave: Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos.” Ou quando,
“§2o Se resulta a morte: Pena – reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.”
Trata-se de figura preterdolosa, pois o resultado adveio de culpa, querendo o agente o resultado lesão
corporal ou morte, estaremos diante de concurso de crimes.
Outros crimes
Considerações: Disciplina o art. 100, “Constitui crime punível com reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um)
ano e multa”. Nesse artigo, cada um dos seus incisos constituirá um crime apenado na forma descrita no
art. 100 (6 meses a 1 anos), os quais analisaremos do I ao IV.
Impedimento de acesso a cargo público
Considerações iniciais: Dispõe o inciso I do art. 100, “obstar o acesso de alguém a qualquer cargo
público por motivo de idade”
Tipo objetivo: O verbo núcleo do tipo (ação nuclear do tipo) está traduzido no verbo “obstar” (impedir,
obstaculizar), por conta da idade o acesso a cargo público de qualquer natureza.
Sujeito ativo: qualquer pessoa
98
Sujeito passivo: qualquer pessoa, observe que o texto legal não faz referência ao idoso, utiliza a expressão
―alguém‖.
Tipo subjetivo: é o dolo
Consumação: com a efetiva obstaculização ou impedimento de acesso ao cargo público
Tentativa: admite-se
Particularidade: Há elemento normativo no crime em análise que é a expressão ―por motivo de idade‖, ou
seja, o impedimento ou a obstaculização foi perpetrada por único e exclusivo motivo de idade.
Salienta-se que a idade não precisa ser igual ou superior de 60 anos.
Apropriação indébita
Considerações iniciais: Disciplina o art. 102 do estatuto em estudo, “Apropriar-se de ou desviar bens,
proventos, pensão ou qualquer outro rendimento do idoso, dando-lhes aplicação diversa da de sua
finalidade: Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa.”. Tem como objeto jurídico a proteção do
patrimônio do idoso
Tipo objetivo: O verbo núcleo do tipo (ação nuclear do tipo) está traduzido no verbo “apropriar-se”
(assenhorear-se, tornar-se dono, fazer sua a coisa) e ―desviar‖ (desencaminhar, alterar o destino).
Sujeito ativo: qualquer pessoa que tenha posse ou detenção do patrimônio do idoso.
Sujeito passivo: a pessoa idosa
Tipo subjetivo: é o dolo
Consumação: com a efetiva apropriação ou desvio
Tentativa: admissível.
Particularidades: O dispositivo em comento não faça menção expressa, é necessário que o sujeito ativo
tenha a posse ou detenção do bem, provento, pensão ou qualquer outra renda do idoso. Trata-se de
modalidade especial de apropriação indébita inserida no Estatuto para a tutela específica do patrimônio do
idoso. Caso o agente se aproprie ou desvie e não tenha a posse ou detenção da remuneração ou renda do
idoso, estará configurado outro ilícito penal contra o patrimônio (furto, estelionato, roubo etc.).
100
Aula 39 e 40 - Leis de crimes ambientais.
101
§ 1º Incorre nas mesmas penas:
...
III – quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou
transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos
e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença
ou autorização da autoridade competente.
§ 3º São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias e
quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro
dos limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras.
§ 4º A pena é aumentada de metade, se o crime é praticado:
I – contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, ainda que somente no local da infração;
II – em período proibido à caça;
III – durante a noite;
IV – com abuso de licença;
V – em unidade de conservação;
VI – com emprego de métodos ou instrumentos capazes de provocar destruição em massa.
§ 5º A pena é aumentada até o triplo, se o crime decorre do exercício de caça profissional.
§ 6º As disposições deste artigo não se aplicam aos atos de pesca.
Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou
domesticados, nativos ou exóticos: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que
para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.
§ 1º-A Quando se tratar de cão ou gato, a pena para as condutas descritas no caput deste artigo será de
reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, multa e proibição da guarda.
§ 2º A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço), se ocorre morte do animal.
Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgão
competente: Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem:
...
III – transporta, comercializa, beneficia ou industrializa espécimes provenientes da coleta, apanha e pesca
proibidas.
Art. 36. Para os efeitos desta Lei, considera-se pesca todo ato tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar,
apreender ou capturar espécimes dos grupos dos peixes, crustáceos, moluscos e vegetais hidróbios,
suscetíveis ou não de aproveitamento econômico, ressalvadas as espécies ameaçadas de extinção,
constantes nas listas oficiais da fauna e da flora.
102
Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando realizado:
I – em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família;
II – para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destruidora de animais, desde que
legal e expressamente autorizado pela autoridade competente;
III – (Vetado);
IV – por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão competente.
Considerações gerais sobre os crimes contra a fauna: Dos crimes tratados do art. 29 até o art. 34, são
todos ataques contra a fauna (coletivo de animais de dada região), como é possível depreender da leitura do
§ 3º do art. 29. Muito importante lembrar que os crimes do art. 29 não se aplicam ao ato de pescar,
conforme §6 º. Salienta-se ainda que o crime do art. 29 só ocorrera caso o sujeito ativo cometa os atos
“sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a
obtida” (elemento normativo), ou seja, caso o agente cometa os atos com permissão, licença ou autorização
pra fazer, não incorrerá na prática desse crime. O artigo fazer referência a palavra espécime que e qualquer
exemplar ou amostra de um material ou ser vivo, por exemplo um único cachorro doméstico, por exemplo,
é um espécime do gênero Canis, que abrange todas as espécies de cães do mundo, sendo assim diferente do
que e espécie significa um grupo de indivíduos com características comuns.
O art. 32 no §1º apresenta elemento normativo “quando existirem recursos alternativos”.
O art. 32 no §1º-A, dispõe sobre recente atualização da lei, que passou a prever pena maior para os casos de
maus-tratos a cães e gatos.
O elemento normativo no art. 34. “Em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados
por órgão competente”.
No inciso III: “Coleta, apanha e pesca proibidas”.
O art. 36 e uma norma penal complementar ou explicativa.
O art. 37 tipo penal permissivo
Sujeito ativo: Os sujeitos ativos dos crimes contra a fauna podem ser qualquer pessoa
Sujeito passivo: sempre a coletividade, em todos os crimes
Tipo subjetivo: de todos os crimes é o dolo
Consumação: com a prática das condutas descritas nos artigos em estudo.
Tentativa: em todos os artigos e plenamente possível.
103
multa, ou ambas as penas cumulativamente.
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.
Art. 41. Provocar incêndio em mata ou floresta: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e multa.
Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e
demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano: Pena –
detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
Art. 44. Extrair de florestas de domínio público ou consideradas de preservação permanente, sem prévia
autorização, pedra, areia, cal ou qualquer espécie de minerais: Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 1
(um) ano, e multa.
Art. 51. Comercializar motosserra ou utilizá-la em florestas e nas demais formas de vegetação, sem
licença ou registro da autoridade competente: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
Art. 52. Penetrar em Unidades de Conservação conduzindo substâncias ou instrumentos próprios para
caça ou para exploração de produtos ou subprodutos florestais, sem licença da autoridade competente:
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e multa.
Considerações gerais sobre os crimes contra a flora: Flora é o conjunto de plantas de determinado lugar.
Para a doutrina tradicional, assim como nos crimes contra o consumo, haveria crimes de perigo abstrato
(por determinação legal ou previsão da lei). Para a doutrina moderna, trata-se de crimes de lesão, já que a
relação ambiental contra a flora é atingida. Convém salientar que nos tipos dos arts. 38, pressupõe-se a
efetiva ocorrência do dano.
A maioria dos crimes previstos contra a flora comporta elemento normativo (todos grifados), devendo ser
observado para a real prática do crime.
Sujeito ativo: em todos os crimes, qualquer pessoa pode ser o sujeito ativo
Sujeito passivo: sempre a coletividade
Tipo subjetivo: todos os crimes a titulo de dolo
Consumação: com as praticas das condutas (verbos) dos tipos penais
Tentativa: em todos os crimes e admissível
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apresentação do Certificado de Registro de Colecionador, Atirador e Caçador ou do Certificado de
Registro de Arma de Fogo válido, desde que a munição transportada seja acondicionada em recipiente
próprio, separado das armas. (Redação dada pelo Decreto nº 10.629, de 2021)
§ 3º Os colecionadores, os atiradores e os caçadores poderão portar uma arma de fogo de porte municiada,
alimentada e carregada, pertencente a seu acervo cadastrado no Sigma, no trajeto entre o local de guarda
autorizado e os de treinamento, instrução, competição, manutenção, exposição, caça ou abate, por meio da
apresentação do Certificado de Registro de Arma de Fogo e da Guia de Tráfego válida, expedida pelo Comando do
Exército. (Redação dada pelo Decreto nº 10.629, de 2021).
...
§ 6º Para fins do disposto no § 3º, considera-se trajeto qualquer itinerário realizado entre o local de guarda
autorizado e os de treinamento, instrução, competição, manutenção, exposição, caça ou abate, independentemente
do horário, assegurado o direito de retorno ao local de guarda do acervo. (Incluído pelo Decreto nº 10.629, de
2021)
107
32 Smith &WessonLong 177,17 Permitido
109
7mm Mauser (7x57) 3327,22 Restrito
110
Magnum
111
300 RugerCompact Magnum 4857,44 Restrito
Omissão de cautela
Considerações iniciais: Dispõe o art. 13 “deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que
menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que
esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade: Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.”
Objeto jurídico deste crime e a proteção da incolumidade pública.
Tipo objetivo: O verbo núcleo do tipo (ação nuclear do tipo) está traduzido no verbo ―deixar”, caracteriza
crime omissivo,
Sujeito ativo: qualquer pessoa responsável pela arma
Sujeito passivo: a coletividade
Tipo subjetivo: culpa, manifestada pela negligência
Consumação: crime se consuma com a omissão (negligência) do agente. A posição que vem sendo mais
aceita na jurisprudência é a de que o apoderamento da arma é imprescindível, pois configura o resultado
involuntário do crime culposo.
Tentativa: não se admite, pois se trata de crime omissivo próprio, culposo.
Figura equiparada: Disciplina o parágrafo único do art. em estudo, “nas mesmas penas incorrem o
114
proprietário ou diretor responsável de empresa de segurança e transporte de valores que deixarem de
registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de
extravio de arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte
quatro) horas depois de ocorrido o fato.”. Salienta-se que no caso deste parágrafo estamos diante de crime
próprio (só cometido pelo proprietário ou diretor responsável)
116
Sujeito ativo: qualquer pessoa
Sujeito passivo: a coletividade
Tipo subjetivo: é o dolo
Consumação: com a prática de uma ou mais condutas descritas no tipo penal, sendo que a prática de mais
de uma conduta não implica em concurso de crimes
Tentativa: em tese é admissível, embora que seja de difícil configuração.
Particularidades: o crime em estudo é considerado crime hediondo, conforme o parágrafo único do art. 1º
da lei n. 8072/90.
Para a configuração do crime é irrelevante se a arma estiver municiada ou não, haja vista o crime ser de
mera conduta e de perigo abstrato, consumando independentemente da ocorrência de efetivo prejuízo para
a sociedade.
Verifica-se nesse tipo penal, elemento normativo jurídico do tipo traduzida na expressão ―sem autorização
e em desacordo com determinação legal ou regulamentar”
Causa de aumento de pena: Dispõe o art. 20 “Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é
aumentada da metade se forem praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6º, 7º e
8º desta Lei.”
121
Aula 49 e 50 - Código de defesa do Consumidor.
Introdução
Entende-se por consumidor e assim dispõe o art. 2º sendo, “toda pessoa física ou jurídica que adquire ou
utiliza produto ou serviço como destinatário final”. O paragrafo único dispõe “Equipara-se a consumidor
a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.”
O art. 3º dispõe quem é considerado fornecedor “Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou
privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de
produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou
comercialização de produtos ou prestação de serviços.”.
O objeto da relação entre consumidor e fornecer se perfaz através de produto ou serviços, sendo
disciplinado pelos §§1º e 2º do art. 3º “§1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou
imaterial.” “§2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração,
inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações
de caráter trabalhista.”
122
recomendações escritas ostensivas, sobre a periculosidade do serviço a ser prestado.”
Tipo objetivo: O verbo núcleo do tipo (ação nuclear do tipo), a conduta, está traduzido no verbo ―omitir”,
em relação ao caput do art. e na conduta equiparada a conduta esta traduzida no verbo “deixar de alertar”,
sendo assim já a possível deduzir que em ambos estamos diante de um crime omissivo próprio
Tipo subjetivo: dolo e culpa
Consumação: ocorre com a omissão de sinalização ou de dizeres acerca da nocividade ou periculosidade
do produto. No que tange ao §1º consuma-se com a ausência de alerta
Tentativa: não se admite, por se tratar de crime omissivo
Particularidades: Aduz o §2º “Se o crime é culposo: Pena – Detenção de um a seis meses ou multa.”.
Sendo assim, ficando claro que o crime se processa pelo elemento subjetivo dolo ou culpa.
Propaganda enganosa
Considerações iniciais: Dispõe o art. 66 do CDC “Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir
informação relevante sobre a natureza, característica, qualidade, quantidade, segurança, desempenho,
durabilidade, preço ou garantia de produtos ou serviços: Pena - Detenção de três meses a um ano e
multa.”
Figura equiparada: Disciplina o § 1º “incorrerá nas mesmas penas quem patrocinar a oferta.”
Tipo objetivo: O verbo núcleo do tipo (ação nuclear do tipo), a conduta, no ―fazer afirmação falsa ou
enganos”, como se sabe, fazer e uma palavra que caracteriza ação, sendo assim um crime comissivo. Há
tem a conduta “omitir informação relevante”, o verbo ja nos ajuda a verificar que se trata de crime
omissivo
Sujeito ativo: Considerando a figura equiparada temos como sujeito ativo além do fornecedor, aquele que
patrocinar, ou seja, o patrocinador.
Tipo subjetivo: dolo e culpa
Consumação: no fazer (crime comissivo), consuma-se com a afirmação falsa enganosa, no omitir (crime
omissivo), consuma-se com a omissão da informação relevante.
Tentativa: admissível apenas na modalidade comissiva
Particularidades: Aduz o § 2º “Se o crime é culposo: Pena – Detenção de um a seis meses ou multa.”
Sendo assim, ficando claro que o crime se processa pelo elemento subjetivo dolo ou culpa.
Exemplo jurisprudencial: “Se o agente, gerente de posto de gasolina, a quem cabia sua administração,
com o objetivo promocional, afixa faixa com o fim de atrair clientela, se compromete a conceder benefício
ao consumidor se atendido por este o requisito exigido para tal e, ao depois, se nega a assim proceder,
apesar de satisfeita a exigência, com este agir realiza o tipo incriminado previsto no Código do
Consumidor, em face da falsidade da informação sobre serviços, induzindo o consumidor a engano”
(TACrimRJ – RDC, 18/196).‖
123
Publicidade enganosa
Considerações iniciais: Disciplina o art. 67 do CDC “Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria
saber ser enganosa ou abusiva: Pena Detenção de três meses a um ano e multa.”
Tipo objetivo: O verbo núcleo do tipo (ação nuclear do tipo), a conduta, traduzida nos verbos “fazer ou
promover”, verifica-se condutas comissivas.
Sujeito ativo: tanto o profissional que faz a publicada enganosa ou abusiva ou o que a promove
Tipo subjetivo: dolo, sendo o direto e o eventual (deveria saber)
Consumação: com a veiculação da publicidade, sem a necessidade de uma vitima especifica, haja vista a
proteção a coletividade.
Tentativa: admissível
Particularidades: se o agente induzir o consumidor a erro e for verificado o prejuízo efetivo, estará
tipificado o crime disposto no art. 7º, VII, da Lei n. 8.137/90 (crimes contra a ordem tributária, econômica
e contra as relações de consumo, e dá outras providências.)
Exemplo jurisprudencial: “O agente que, usando nome semelhante ao de instituição tradicional de
ensino, faz publicidade de cursos por correspondência, sugerindo através de prospectos que os mesmos se
tratam de cursos oficiais promovidos por aquela escola, incorre nas penas do art. 67, da Lei 8.078/90 pois
presente o intuito de enganar pessoas” (TACrim – RJD, 28/73).‖
Cobrança vexatória
Considerações iniciais: Disciplina o art. 71 do CDC “Utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça,
coação, constrangimento físico ou moral, afirmações falsas, incorretas ou enganosas ou de qualquer outro
procedimento que exponha o consumidor, injustificadamente, a ridículo ou interfira com seu trabalho,
descanso ou lazer: Pena – Detenção de três meses a um ano e multa.”
Tipo objetivo: O verbo núcleo do tipo (ação nuclear do tipo), a conduta, traduzida no verbo “utilizar”,
pode se dizer que é fazer uso de, empregar, usar, meios para a cobrança que coloque o exponha o
consumidor a ridículo ou interfira com seu trabalho, descanso ou lazer.
Sujeito ativo: nesse caso pode ser o fornecedor (credor) ou quem efetuar a cobrança
Tipo subjetivo: dolo
Consumação: com o emprego de meios abusivos para a cobrança da dívida
Tentativa: admissível
CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES
Considerações iniciais: A aplicação das circunstâncias agravantes a seguir, não impede a das
circunstâncias agravantes genéricas dos art. 65 e 66 do Código Penal.
Disciplina o art. 76 “São circunstâncias agravantes dos crimes tipificados neste código:
I - serem cometidos em época de grave crise econômica ou por ocasião de calamidade;
II - ocasionarem grave dano individual ou coletivo;
III - dissimular-se a natureza ilícita do procedimento;
IV - quando cometidos:
a) por servidor público, ou por pessoa cuja condição econômico-social seja manifestamente superior à da
vítima;
b) em detrimento de operário ou rurícola; de menor de dezoito ou maior de sessenta anos ou de pessoas
portadoras de deficiência mental interditadas ou não;
V - serem praticados em operações que envolvam alimentos, medicamentos ou quaisquer outros produtos
ou serviços essenciais .”
INTRODUÇÃO
A Lei 11.340/2006 tem como escopo criar instrumentos para enfrentar um problema que assola uma grande
parte das mulheres pelo mundo, que é a violência de gênero,
Também denominada popularmente de ―Lei Maria da Penha‖, foi criada após a Sr. Maria da Penha
Fernandes, procurar organismos internacionais, por ter ficado indignada em ver seu ex-marido que havia a
sido o percursor de sua paraplegia, depois de efetuar um disparo de arma de fogo em suas costas não ser
preso em nenhuma de suas condenações. A busca por justiça fez com que o Estado Brasileiro, em 2001,
125
fosse condenado pela Organização dos Estados Americanos (OEA), por negligência e omissão em relação à
violência domestica, recomendando a tomada de providências a respeito do caso.
Vale ressaltar que o Brasil e signatário da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra as Mulheres (promulgada pelo Decreto n. 4.377/2002) e da Convenção
Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher (Convenção de Belém do Pará
– 1994 – promulgada pelo Decreto n. 1.973/96).
131
proibir) e ―negar‖ (recusar, repudiar). A recusa ou impedimento de acesso ao estabelecimento comercial
deve dar-se pela negativa em servir, atender ou receber o cliente ou comprador, condutas estas resultantes
do preconceito racial.
Sujeito ativo: qualquer pessoa
Sujeito passivo: o Estado, em segundo plano o cliente ou comprador discriminado.
Tipo subjetivo: dolo
Consumação: com a efetiva recusa ou impedimento de acesso, pela negativa em servir, atender ou receber.
Tentativa: admissível na conduta impedir, mas de difícil verificação
Impedir o acesso
Considerações: Do art. 7º ate o art. 14, são crimes em que por motivo de preconceito a pessoa e impedida
de acessar um determinado local, sendo assim iremos coloca-los em sequência, com as explicações devidas
em seguida
“Art. 7º Impedir o acesso ou recusar hospedagem em hotel, pensão, estalagem, ou qualquer
estabelecimento similar.
Pena: reclusão de três a cinco anos.
Art. 8º Impedir o acesso ou recusar atendimento em restaurantes, bares, confeitarias, ou locais
semelhantes abertos ao público.
Pena: reclusão de um a três anos.
132
Art. 9º Impedir o acesso ou recusar atendimento em estabelecimentos esportivos, casas de diversões, ou
clubes sociais abertos ao público.
Pena: reclusão de um a três anos.
Art. 10. Impedir o acesso ou recusar atendimento em salões de cabeleireiros, barbearias, termas ou casas
de massagem ou estabelecimento com as mesmas finalidades.
Pena: reclusão de um a três anos.
Art. 11. Impedir o acesso às entradas sociais em edifícios públicos ou residenciais e elevadores ou escada
de acesso aos mesmos:
Pena: reclusão de um a três anos.
Art. 12. Impedir o acesso ou uso de transportes públicos, como aviões, navios barcas, barcos, ônibus,
trens, metrô ou qualquer outro meio de transporte concedido.
Pena: reclusão de um a três anos.
Art. 13. Impedir ou obstar o acesso de alguém ao serviço em qualquer ramo das Forças Armadas.
Pena: reclusão de dois a quatro anos.
Art. 14. Impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma, o casamento ou convivência familiar e social.
Pena: reclusão de dois a quatro anos.”
Todos tem como objeto jurídico a tutela do direto à igualdade, do respeito à personalidade e à dignidade da
pessoa.
Tipo objetivo: conforme se verifica nos tipos penais acima, são três verbos distintos, sendo eles ―impedir‖
(obstar, obstaculizar, proibir), ―recusar‖ (não aceitar, repelir) e ―obstar‖ (impedir, obstaculizar).
Sujeito ativo: qualquer pessoa
Sujeito passivo: o Estado, em segundo plano a pessoa discriminada.
Tipo subjetivo: dolo
Consumação: com a prática das condutas descritas no tipo penal
Tentativa: admite-se nas condutas impedir e obstar, mas de difícil verificação.
Particularidades: se os fatos não se derem por preconceito, não esta caracterizado os crimes acima
Divulgação do nazismo
Considerações iniciais: Aduz o §1º do art. 20 da lei em estudo “Fabricar, comercializar, distribuir ou
veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou
gamada, para fins de divulgação do nazismo. Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.”
Tipo objetivo: tem como conduta, representada nos verbos ―fabricar‖ (produzir, construir),
―comercializar‖ (negociar, exercer comércio), ―distribuir‖ (espalhar, dividir, repartir) ou ―veicular‖
(divulgar, propagar)
Sujeito ativo: qualquer pessoa
Sujeito passivo: o Estado
Tipo subjetivo: dolo
Consumação: com a prática de qualquer um dos verbos
Tentativa: admissível
Particularidades: Há a necessidade que os atos tem o fim especifico de divulgação do nazismo. Salienta-
se que a cruz suástica é um símbolo religioso, tanto que para os budistas representava a felicidade, a boa
sorte.
134
crimes são considerados hediondos, sendo assim uma lei especifica, a do nosso estudo atual, conterá um rol
taxativo para demonstrar todos os crimes considerados hediondos, não podendo o juiz ignorar sua
classificação no momento oportuno, como também não poderá dar característica de hediondo a um crime
que não esteja no rol legal.
Vale salientar que os delitos militares não são caracterizados como crimes hediondos, haja vista não
constarem na relação do art. 1º da lei de Crimes Hediondos.
Esclarecemos que os crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e terrorismo não são considerados
crimes hediondos (não consta no rol do art. 1º), mas de acordo com o art. 2º, são equiparados aos
hediondos, sendo aplicado o mesmo tratamento mais severo, proibindo anistia, graça ou indulto e de fiança.
136
Dispõe o art. 2º, II, da lei em estudo, ―Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de: II - fiança.
No passado, além da vedação a concessão de fiança, havia também a proibição de liberdade provisória, que
foi extinta no ano de 2007, através da lei 11.464, que passou a permitir a liberdade provisória aos crimes
hediondos e equiparados.
Sabe que na legislação brasileira há a possibilidade de liberdade provisória com ou sem fiança.
Sendo assim, aos agentes que praticarem crimes que estejam no rol dos hediondos, poderão ser
beneficiados pela liberdade provisória sem fiança, haja vista a fiança ser inadmitida nos crimes hediondos.
Esta posição encontra divergência entre a doutrina e jurisprudência.
DELAÇÃO PREMIADA
Dispõe o parágrafo único do art. 8º “O participante e o associado que denunciar à autoridade o bando ou
quadrilha, possibilitando seu desmantelamento, terá a pena reduzida de um a dois terços.”
Essa causa de redução de pena somente se aplica ao crime de associação criminosa (anteriormente
denominado bando ou quadrilha) para a prática de crimes hediondos e assemelhados, ou seja, o disposto no
referido parágrafo único se aplica somente ao caput do art. 8º e não ao tipo penal básico do art. 288 do
Código Penal.
138
Sendo assim, para a formação de um organização criminosa e necessário os seguintes requisitos:
- associação de 4 ou mais pessoas;
- estrutura interna na organização;
- ordenação de funções;
- divisão de tarefas entre seus integrantes;
- dispensa a constituição formal, com atas e assembleias;
- unidos com a finalidade de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza;
- mediante a prática de infrações penais com pena máxima em abstrato igual ou superior a 4 anos, ou que
sejam de caráter transnacional e, nesse caso, não há relevância da reprimenda fixada em abstrato pela lei.
São requisitos cumulativos, ou seja, para preencher o conceito de organização criminosa, é necessário
cumular todos esses requisitos.
Disciplina o §2º do art. 1º da lei em análise, os crime organizado por extensão “Esta Lei se aplica
também:
I - às infrações penais previstas em tratado ou convenção internacional quando, iniciada a execução no
País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;
II - às organizações terroristas, entendidas como aquelas voltadas para a prática dos atos de terrorismo
legalmente definidos do tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;”
Isso que dizer, que as situações exposta acima fogem ao conceito de organização criminosa, mas por
provocarem intensa danosidade social, merecem o rigor estatal, sendo assim, aplicada a lei das
organizações criminosas.
141
Colaboração premiada
A colaboração premiada como meio de prova na lei das organizações criminosas esta disciplinada no art. 4º
e seus inicios e parágrafos, o qual vejamos:
“Art. 4º O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois
terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha
colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo criminal, desde que dessa
colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados:
I - a identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das infrações penais por
eles praticadas;
II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa;
III - a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização criminosa;
IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas pela
organização criminosa;
V - a localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada.‖
Além da redução de pena, há ainda as seguintes previsões legais de benefícios para os colaboradores,
expostas nos §§2º a 5º:
“§ 2º Considerando a relevância da colaboração prestada, o Ministério Público, a qualquer tempo, e o
delegado de polícia, nos autos do inquérito policial, com a manifestação do Ministério Público, poderão
requerer ou representar ao juiz pela concessão de perdão judicial ao colaborador, ainda que esse
benefício não tenha sido previsto na proposta inicial, aplicando-se, no que couber, o art. 28 do Decreto-
Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal).
§ 3º O prazo para oferecimento de denúncia ou o processo, relativos ao colaborador, poderá ser suspenso
por até 6 (seis) meses, prorrogáveis por igual período, até que sejam cumpridas as medidas de
colaboração, suspendendo-se o respectivo prazo prescricional.
§ 4º Nas mesmas hipóteses do caput deste artigo, o Ministério Público poderá deixar de oferecer denúncia
se a proposta de acordo de colaboração referir-se a infração de cuja existência não tenha prévio
conhecimento e o colaborador:
I - não for o líder da organização criminosa;
II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos termos deste artigo.
§ 5º Se a colaboração for posterior à sentença, a pena poderá ser reduzida até a metade ou será admitida
a progressão de regime ainda que ausentes os requisitos objetivos.”
Vale salientar que a lei mesmo falando da redução de pena, não obriga o juiz a faze-la, haja vista o disposto
no § 1° “ Em qualquer caso, a concessão do benefício levará em conta a personalidade do colaborador, a
natureza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do fato criminoso e a eficácia da
colaboração.”
142
Então poderá haver casos que o colaborador não será beneficiado com redução, se não houver o
preenchimento dos requisitos acima. O juiz verificando que há o preenchimento dos requisitos, teremos a
mitigação da sanção penal e demais benesses
“§8º O juiz poderá recusar a homologação da proposta que não atender aos requisitos legais,
devolvendo-a às partes para as adequações necessárias. “
A colaboração pode ocorrer em qualquer fase da persecução penal, até mesmo após o trânsito em julgado,
pois a lei não estabeleceu qualquer limite temporal para o benefício.
A colaboração ineficaz, isto é, que não auxiliar no desvendamento dos crimes, não terá nenhum efeito
benéfico para o réu.
Da Ação Controlada
Disciplinada no art. 8º da Lei do Crime Organizado a ação controlada consiste “em retardar a intervenção
policial ou administrativa relativa à ação praticada por organização criminosa ou a ela vinculada, desde
que mantida sob observação e acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais
eficaz à formação de provas e obtenção de informações.”
Ou seja, consiste em retardar a intervenção policial ou administrativa relativa à ação praticada por
organização criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que
a medida legal se concretize no momento mais eficaz à formação de provas e obtenção de informações.
Para o haja o retardamento da ação policial, devera o juiz e o ministério publico estarem ciente “§1º O
retardamento da intervenção policial ou administrativa será previamente comunicado ao juiz competente
que, se for o caso, estabelecerá os seus limites e comunicará ao Ministério Público.”
143
(Juizado Especial Criminal).
Princípio da legalidade: também se aplica às contravenções penais. Não há contravenção penal sem lei
anterior que a defina.
Princípio da retroatividade da lei mais benéfica: também se aplica às contravenções penais.
Tempo da contravenção penal: aplica-se a regra do art. 4º do Código Penal – Teoria da Atividade:
considera-se praticada a contravenção penal no momento da ação ou da omissão, ainda que outro seja o
momento do resultado.
Sujeito ativo: qualquer pessoa. A pessoa jurídica não pode ser sujeito ativo de contravenção penal.
Sujeito passivo: qualquer pessoa, física ou jurídica, incluindo o Estado e a coletividade.
Formas de conduta: a contravenção penal pode ser praticada por ação ou omissão.
Consumação: consuma-se a contravenção penal quando nela se reúnem todos os elementos de sua
definição legal (art. 14, I, do CP).
Prisão em flagrante em contravenção penal: em tese, é cabível. Entretanto, sendo a contravenção
infração penal de menor potencial ofensivo, aplica-se o disposto no art. 69, parágrafo único, da Lei n.
9.099/95: ―ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou
assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança‖.
Prisão temporária: não é admissível nas contravenções penais, uma vez que a Lei n. 7.960/89 refere-se
expressamente a ―crimes‖.
Prisão preventiva: não é admissível nas contravenções penais, uma vez que os arts. 312 e 313 do Código
de Processo Penal referem-se apenas a ―crime‖.
Territorialidade: com relação às contravenções penais, o Brasil adotou o Princípio da Territorialidade,
sem exceções. “Art. 2º A lei brasileira só é aplicável à contravenção praticada no território nacional.”
Elemento subjetivo: é a voluntariedade “Art. 3º Para a existência da contravenção, basta a ação ou
omissão voluntária. Deve-se, todavia, ter em conta o dolo ou a culpa, se a lei faz depender, de um ou de
outra, qualquer efeito jurídico.”
Damásio de Jesus esclarece que “a contravenção, assim como o crime, exige dolo e culpa, conforme a
descrição típica. O dolo se apresenta como elemento subjetivo implícito no tipo; a culpa, como elemento
normativo. Ausentes, o fato é atípico”.
Consumação: reunindo-se todos os elementos de sua definição legal, estará consumada a contravenção
penal, igual disposto no art. 14, I, do CP “ Art. 14 - Diz-se o crime: I - consumado, quando nele se reúnem
todos os elementos de sua definição legal”
Tentativa: disciplinado no art. 4º da lei em comento “Não é punível a tentativa de contravenção.”
Penas principais da Contravenção Penal: Dispõe o art. 5º “As penas principais são: I – prisão simples.
II – multa.”
Prisão Simples: o art. 6º disciplina sobre a pena de prisão simples “A pena de prisão simples deve ser
144
cumprida, sem rigor penitenciário, em estabelecimento especial ou seção especial de prisão comum, em
regime semi-aberto ou aberto.”
Não há em nosso País um estabelecimento penal exclusivo para o cumprimento da prisão simples, sendo
assim o condenado fica em seção especial de prisão comum. O condenado deve ficar separado dos
condenados a penas de reclusão ou detenção (“§ 1º O condenado a pena de prisão simples fica sempre
separado dos condenados a pena de reclusão ou de detenção.”)
Vale ressaltar que não cabe regime fechado para as contravenções penais
Limites das penas: o art. 10 da lei em comento dispõe “A duração da pena de prisão simples não pode,
em caso algum, ser superior a cinco anos, nem a importância das multas ultrapassar cinquenta contos.”
Medidas de segurança: Disciplina o art. 13 da lei em estudo “Aplicam-se, por motivo de contravenção, os
medidas de segurança estabelecidas no Código Penal, à exceção do exílio local.”
Como sabido, a medida de segurança e aplicado ao infrator que for considerado inimputável.
Ação penal: Aduz o art. 17 da lei “A ação penal é pública, devendo a autoridade proceder de ofício.”,
sendo assim, não há o que se falar em contravenção penal condicionada a representação do ofendido ou
processada através de queixa-crime.
Todas as contravenções penais, independentemente de rito especial, são processadas perante o Juizado
Especial Criminal, seguindo o rito previsto na Lei n. 9.099/95.
PARTE ESPECIAL
DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À PESSOA
Fabrico, comércio, ou detenção de armas ou munição
Considerações iniciais: Dispõe o art. 18 da Lei de Contravenções Penais “Fabricar, importar, exportar,
ter em depósito ou vender, sem permissão da autoridade, arma ou munição: Pena – prisão simples, de três
meses a um ano, ou multa, de um a cinco contos de réis, ou ambas cumulativamente, se o fato não
constitue crime contra a ordem política ou social.”.
Vale ressaltar que este tipo penal foi parcialmente revogado (derrogado) pelo Estatuto do desarmamento,
no que se refere a arma de fogo, tendo total aplicabilidade sobre as armas brancas
Armas brancas, são as que não constituem armas de fogo, tais como estiletes, canivetes, facas, punhais,
adagas, machados, espadas etc.
Tipo objetivo: demonstrado nas condutas do verbo ―fabricar‖ (dar origem, manufaturar, produzir),
―importar‖ (introduzir no país), ―exportar‖ (fazer sair do país), ―ter em depósito‖ (possuir, ter à sua
disposição) e ―vender‖ (comercializar, alienar).
Sujeito ativo: qualquer pessoa
145
Sujeito passivo: é a coletividade
Tipo subjetivo: é o dolo
Consumação: com a prática de qualquer dos verbos
Tentativa: inadmissível (art. 4º)
Particularidades: a conduta deve ser praticada ―sem a permissão da autoridade‖, havendo permissão
estaremos diante de um fato atípico.
Porte de arma
Considerações iniciais: Dispõe o art. 19 da Lei em estudo “Trazer consigo arma fora de casa ou de
dependência desta, sem licença da autoridade: Pena – prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou
multa, de duzentos mil réis a três contos de réis, ou ambas cumulativamente”
Vale ressaltar que este tipo penal foi parcialmente revogado (derrogado) pelo Estatuto do desarmamento,
no que se refere à arma de fogo, tendo total aplicabilidade sobre as armas brancas.
Tipo objetivo: demonstrado nas condutas ―trazer consigo‖, que significa portar, ter ao alcance, deter.
Sujeito ativo: qualquer pessoa
Sujeito passivo: é a coletividade
Tipo subjetivo: é o dolo
Consumação: com a prática da conduta disposta no tipo penal
Causa de aumento de pena: Disciplina o § 1º A pena é aumentada de um terço até metade, se o agente já
foi condenado, em sentença irrecorrível, por violência contra pessoa.
Particularidade: Aduz o §2º “Incorre na pena de prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de
duzentos mil réis a um conto de réis, quem, possuindo arma ou munição: a) deixa de fazer comunicação ou
entrega à autoridade, quando a lei o determina; b) permite que alienado menor de 18 anos ou pessoa
inexperiente no manejo de arma a tenha consigo; c) omite as cautelas necessárias para impedir que dela
se apodere facilmente alienado, menor de 18 anos ou pessoa inexperiente em manejá-la.”
Vias de fato
Considerações iniciais: Dispõe o art. 21 da lei em comento “Praticar vias de fato contra alguem: Pena –
prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de cem mil réis a um conto de réis, se o fato não
constitue crime.”
Vias de fato, é a violência contra a pessoa, sem produção de lesões corporais.
Tipo objetivo: vem expressa pelo verbo ―praticar‖, que significa fazer, realizar, executar.
Sujeito ativo: qualquer pessoa
Sujeito passivo: qualquer pessoa
Tipo subjetivo: é o dolo
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Consumação: com a efetiva pratica do fato descrito no tipo penal
Particularidades: considerada infração penal subsidiaria, ou seja, só se consuma se o fato não constituir
crime
Causa de aumento de pena: Dispõe o parágrafo único. “Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) até a
metade se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.”
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disciplinado das atividades laboriosas, emanado do poder público competente, estabelecendo o horário de
funcionamento de indústrias, fábricas, igrejas, bares, restaurantes e quaisquer outros estabelecimentos
comerciais.
Jogo do bicho
Considerações iniciais: Disciplina o art. 58 da Lei de Contravenções Penais “Explorar ou realizar a
loteria denominada jogo do bicho, ou praticar qualquer ato relativo à sua realização ou exploração: Pena
– prisão simples, de quatro meses a um ano, e multa, de dois a vinte contos de réis.”
Revogação: o art. 58 da LCP foi revogado pelo art. 58 do Decreto-Lei n. 6.259, de 10 de fevereiro
de 1944, do seguinte teor:
“Art. 58. Realizar o denominado „jogo do bicho‟, em que um dos participantes, considerado comprador ou
ponto, entrega certa quantia com a indicação de combinações de algarismos ou nome de animais, a que
correspondem números, ao outro participante, considerado o vendedor ou banqueiro, que se obriga
mediante qualquer sorteio ao pagamento de prêmios em dinheiro. Penas: de 6 (seis) meses a 1 (um) ano de
prisão simples e multa de Cr$ 10.000,00 (dez mil cruzeiros) a Cr$ 50.000,00 (cinquenta mil cruzeiros) ao
vendedor ou banqueiro, e de 40 (quarenta) a 30 (trinta) dias de prisão celular ou multa de Cr$ 200,00
(duzentos cruzeiros) a Cr$ 500,00 (quinhentos cruzeiros) ao comprador ou ponto.
§ 1º Incorrerão nas penas estabelecidas para vendedores ou banqueiros:
a) os que servirem de intermediários na efetuação do jogo;
b) os que transportarem, conduzirem, possuírem, tiverem sob sua guarda ou poder, fabricarem, darem,
cederem, trocarem, guardarem em qualquer parte, listas com indicações do jogo ou material próprio para
a contravenção, bem como de qualquer forma contribuírem para a sua confecção, utilização, curso ou
emprego, seja qual for a sua espécie ou quantidade;
c) os que procederem à apuração de listas ou à organização de mapas relativos ao movimento do jogo;
d) os que por qualquer modo promoverem ou facilitarem a realização do jogo.
§ 2º Consideram-se idôneas para a prova do ato contravencional quaisquer listas com indicações claras
ou disfarçadas, uma vez que a perícia revele se destinarem à perpetração do jogo do bicho”.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARROS, Flávio Augusto Monteiro de. Direito Penal – Parte Geral. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2011;
Brasil. Plenário do Supremo Tribunal Federal. Acordão do Recurso Extraordinário 603.616 Rondônia.
Retirado do site http://www.stf.jus.br, ultimo acesso em 01/12/2019;
BITENCOURT, Cezar Roberto. Código Penal Comentado. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2015;
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. 20. ed. São Paulo: Saraiva, 2016;
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal – Parte Especial. 20. ed. vol. 2. São Paulo: Saraiva, 2016;
MASSON, Cleber. Direito Penal – Parte Geral. 12. ed. São Paulo: Método: 2018;
MASSON, Cleber. Direito Penal – Parte Especial. 11. ed. São Paulo: Método: 2017;
MILEO, Luís. Direito Penal-Parte Especial. Coleção Preparatória para Concursos Jurídicos. São Paulo:
Saraiva: 2016;
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial – 6.ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais: 2016;
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