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DIREITO TRIBUTÁRIO II
Prof. Ms. André Cardoso Berçot
Santos/SP
2020.2
SUMÁRIO
1. Linha do Tempo
HI FG OT LA CT DA CDA EF
Decadência Prescrição
Art. 173 CTN Art. 174 CTN
Excluir o crédito tributário é impedir, por força de lei, que ele seja lançado. Há duas hipóteses
legais em que, não obstante à ocorrência do fato gerador e o consequente nascimento da
obrigação tributária, não pode haver lançamento, pelo que não surgirá o crédito tributário,
nem, portanto, a obrigação de pagamento.
As duas causas de exclusão do crédito tributário estão previstas no art. 175 do CTN. Confira:
2.1. Isenção
A isenção sempre deve ser prevista em lei tributária municipal, estadual ou federal, dela
constando as condições e requisitos exigidos para a concessão, bem como a quais tributos se
aplica e, se for o caso, o prazo de sua duração (art. 150, §6º da CF c/c art. 176 do CTN).
➢ Atenção! Isenção não se confunde com imunidade tributária, pois mesmo com a
isenção, os fatos geradores continuam a ocorrer (exclui-se o lançamento). Lembre-se:
enquanto a imunidade é um recorte da própria competência (no âmbito
constitucional), a isenção é a mera dispensa do pagamento do tributo devido.
Isenções gratuitas (não onerosas) são benesses, atos de bondade, sendo usualmente
concedidas para quem está em situação de vulnerabilidade ou a quem, por sua condição,
mereça a compaixão do Ente. Estas podem ser revogadas a qualquer tempo pelo poder
concedente (art. 178 do CTN).
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Isenções onerosas são aquelas que não trazem apenas bônus para o contribuinte, mas
também um ônus como condição para o seu gozo (como por exemplo exercer determinada
atividade ou fazer certas adaptações no imóvel) e prazo certo (determinado) de duração.
As isenções onerosas não podem ser revogadas ou modificas livremente pelo poder
concedente (art. 178 do CTN e Súmula 544 do STF).
Ex.: isenção de IPI e IOF concedida às PCD’s para que adquiram veículos adaptados
às suas necessidades. Perceba-se que, nesse caso, o gozo do benefício depende da
comprovação da condição pessoal de deficiência.
A concessão da isenção individual não gera direito adquirido, pelo que deve ser
anulada de ofício sempre que se apure que o beneficiário não satisfazia ou deixou
de satisfazer as condições para a concessão do favor.
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Mas, se não houve dolo ou simulação na hora de obter o benefício, não haverá
cobrança de penalidade pecuniária. Além disso, nesse caso, a anulação só pode
ocorrer antes de prescrever o direito de cobrança do respectivo crédito.
Comprovação do vício é ônus do fisco.
Se, por outro lado, o benefício foi obtido com dolo ou simulação do beneficiário, ou
de terceiro em favor dele, haverá cobrança de multa. Além disso, nessa hipótese, o
tempo decorrido entre a concessão da isenção e sua revogação não será computado
para efeito da prescrição do direito à cobrança do crédito.
2.2. Anistia
Perdão da multa tributária devida por infração cometida antes da vigência da lei que a
concede.
➢ Fique atento! A anistia só pode ser concedida após o cometimento da infração (sob
pena de servir de incentivo à pratica de atos ilícitos) e antes do lançamento da multa
(penalidade pecuniária), pois se o crédito já está constituído, a dispensa somente pode
ocorrer por remissão, que é causa de extinção do crédito.
O art. 180, inciso I, do CTN, estabelece que não podem ser objeto de anistia os atos
qualificados em lei como crimes ou contravenções e os que, mesmo sem essa
qualificação, sejam praticados com dolo, fraude ou simulação pelo sujeito passivo
ou por terceiro em benefício daquele.
Logo, a conduta ilícita que não tenha decorrido de ato simulado, doloso ou
fraudulento deve, como regra, ser punida, mas pode, no entanto, ser anistiada.
Havendo simulação, dolo ou fraude, há dever de punição, ficando proibida a
concessão do perdão legal.
Por sua vez, o art. 180, inciso II, do CTN, estabelece que, salvo disposição em contrário,
não podem ser objeto de anistia as infrações resultantes de conluio entre duas ou
mais pessoas naturais ou jurídicas.
O pior, contudo, não é a redundância. Ocorre que o dispositivo ora analisado é iniciado
com a expressão “salvo disposição em contrário”, o que acaba por
contraditoriamente permitir – ao menos em tese – a concessão de anistia a infrações
cometidas mediante um dos mais graves comportamentos dolosos, o que seria proibido
pelo inciso I do art. 180 do CTN.
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Por se tratar de benefício fiscal que pode ser concedido em caráter individual
(limitado), aplicam-se à anulação (“revogação”, segundo o CTN) da anistia as
mesmas regras concernentes à anulação da isenção concedida em caráter
individual (CTN, art. 182 e seu parágrafo único).
Existem hipóteses em que o pagamento do crédito tributário não pode ser exigido pelo fisco,
por estar configurada alguma das causas de suspensão da exigibilidade do crédito, previstas
no art. 151 do CTN. Confira quais são essas causas:
➢ Atenção! Nem sempre é necessário que o crédito a ter sua exigibilidade suspensa já
tenha sido constituído. É possível, por exemplo, que seja concedida uma liminar em
mandado de segurança (preventivo) mesmo antes da constituição do crédito.
Nesse caso, a jurisprudência tem afirmado que a autoridade fiscal não fica impedida
de realizar o lançamento, pois o que a liminar suspende é a exigibilidade do crédito
e não a possibilidade de constituí-lo. Assim, o crédito pode e deve ser constituído
(sob pena de decadência), mas sem estipulação de prazo para pagamento, e sem
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Art. 206. Tem os mesmos efeitos previstos no artigo anterior a certidão de que conste a
existência de créditos não vencidos, em curso de cobrança executiva em que tenha sido
efetivada a penhora, ou cuja exigibilidade esteja suspensa.
3.1. Moratória
É a dilação do tempo para satisfação da obrigação. Sua previsão pode ser de caráter geral ou
individual (art. 152 do CTN). É a prorrogação ou adiamento do prazo legalmente fixado para
pagamento do tributo, concedida pelo credor. A moratória é possível em casos de situações
naturais, econômicas e sociais que dificultem o normal adimplemento das obrigações
tributárias. O instituto está previsto entre os arts. 152 e 155 do CTN.
Exemplo de moratória em caráter geral: a União, em face dos efeitos de uma crise
econômica, edita lei dilatando por três meses os prazos para pagamento da
contribuição para financiamento da seguridade social – COFINS, beneficiando a todos
os sujeitos passivos deste tributo.
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➢ Atenção! A moratória individual não gera direito adquirido e pode ser revogada
de ofício caso o beneficiário deixe de cumprir os requisitos estabelecidos (art. 155
do CTN)
O depósito do montante integral exigido pelo fisco, seja administrativa, seja judicialmente,
também é causa de suspensão da exigibilidade do crédito tributário. Assim, muito embora o
contribuinte não seja obrigado a depositar a quantia dele exigida, pode ele exercer esta opção
se assim desejar.
Já a desvantagem fica no fluxo de caixa, eis que, ao depositar a quantia integral no início do
litígio, o contribuinte se vê privado, desde logo, do capital de giro da empresa.
Assim, o contribuinte não pode ser forçado a depositar a quantia cobrada pelo fisco
para ter seu recurso ou ação julgados. Afinal, tal exigência violaria os princípios da
inafastabilidade da jurisdição (art. 5º, inciso XXXV, da CF) e da isonomia, já que,
diferentemente dos ricos, os menos abastados financeiramente nem sempre poderiam
depositar (administrativa ou judicialmente) a quantia exigida pelo fisco sem prejuízo
de sua própria subsistência, circunstância esta que acabaria por se tornar
discriminatória entre ricos e pobres por garantir apenas aos primeiros o direito ao
julgamento de suas insurgências.
Por fim, não custa registrar que o depósito somente suspende a exigibilidade do crédito
tributário se for integral. Isto é, mesmo que discorde do débito que lhe é imputado, se quiser
obter a suspensão da exigibilidade da dívida por meio de depósito, o contribuinte deve
depositar a integralidade da quantia exigida pelo fisco, o que inclui não só o montante
cobrado a título de tributo, mas também as importâncias exigidas a título de multa, juros e
correção monetária.
Note, pois, que o recurso administrativo é causa autônoma de suspensão do crédito, não
havendo que se falar em necessidade de depósito, como já adiantado (Súmula Vinculante 21).
Em geral, os tribunais administrativos são órgãos paritários, o que significa dizer que
possuem membros em igual número de representantes da fazenda e dos contribuintes. Sendo
em número par de conselheiros, a solução para os casos de empate nas deliberações, que
antes era atribuída ao chamado voto de qualidade (voto do presidente do órgão julgador,
sempre um representante da Fazenda), após a edição da MP nº 899/2019, convertida na lei
nº 13.988/2020, passou a ser a decisão mais favorável ao contribuinte.
Desde que presentes os requisitos do periculum in mora e fumus boni juris, que devem ser
provados documentalmente pelo contribuinte, deve o juiz conceder liminar determinando
que se suspenda o ato coator (art. 7º, inciso III, da Lei nº 12.016/09).
Uma vez concedida a liminar em MS, a exigibilidade do crédito tributário será considerada
suspensa (art. 151, IV, do CTN)
Assim como ocorre com a liminar nos Mandados de Segurança, a tutela provisória de urgência
concedida em ações de procedimento comum, como a Ação Anulatória, por exemplo, também
implica suspensão da exigibilidade do crédito tributário.
Os requisitos para sua concessão são probabilidade do direito e perigo de dano ou o risco
ao resultado útil do processo (art. 300 do CPC). Presentes os requisitos, é dever do juiz
conceder a tutela provisória perquirida, concessão esta cuja consequência é a suspensão da
exigibilidade do crédito tributário.
3.6. Parcelamento
É uma medida de política fiscal que visa a recuperar créditos tributários vencidos e a permitir
que contribuintes inadimplentes voltem a situação de regularidade fiscal.
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Como regra geral, o parcelamento do crédito tributário não exclui a incidência de juros e
multas (art. 155-A, § 1º, CTN). Contudo, a lei pode autorizar esta exclusão.
O parcelamento não é denúncia espontânea (art. 138 do CTN). Portanto, ao parcelar o débito,
o contribuinte não recebe o mesmo benefício de exclusão de responsabilidade sobre a multa.
O CTN prevê 12 formas de extinção do crédito tributário, listadas em 11 incisos do art. 156.
Veja:
4.1. Pagamento
É a maneira mais natural e óbvia de extinção do crédito tributário; por isso, a primeira listada
pelo legislador.
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Assim, não merece sequer consideração eventual alegação do contribuinte no sentido de que,
por não ter recebido o carnê de IPTU em sua residência, deixou de pagar o imposto. Como
visto, a obrigação é portável, pelo que se constata que é dever do contribuinte procurar o
credor até a data de vencimento da obrigação.
Basta que o fisco comprove o envio do carnê para o endereço cadastrado para que seja regular
a cobrança, mesmo que o carnê tenha sido posteriormente extraviado. Veja:
No caso de extravio do carnê, cabe ao contribuinte solicitar uma segunda via à Administração
Tributária, seja presencialmente na Prefeitura, seja por meio eletrônico.
4.2. Compensação
Prevista nos arts. 170 e 170-A, do CTN, a compensação ocorre quando duas pessoas, por
serem ao mesmo tempo credoras e devedoras uma da outra, podem extinguir suas obrigações
pelo simples encontro de contas. No caso, a compensação tributária ocorre, por óbvio, quando
fisco e contribuinte são credores um do outro.
➢ Fique atento! Somente pode ser vincendo o valor que a Fazenda Pública deve ao
sujeito passivo do tributo; jamais o crédito tributário, que deve sempre estar vencido.
➢ Atenção! Quando o contribuinte é credor do fisco (por exemplo, por ter pago
indevidamente determinada quantia, pensado tratar-se de montante efetivamente
devido), tem ele o direito de optar por receber seu crédito por meio de precatório ou
por meio de compensação. Veja:
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4.3. Transação
Com previsão no art. 171 do CTN, a transação é o negócio jurídico em que as partes, mediante
concessões mútuas, extinguem obrigações, terminando litígios.
São concessões por parte do Fisco, visando o interesse público (por exemplo, diminuição de
despesas desnecessárias para o Estado na cobrança de créditos de pequeno valor), e
concessões por parte do sujeito passivo (por exemplo, desistência de recurso interposto),
com a finalidade de atingir os interesses da coletividade.
4.4. Remissão
A remissão, prevista no art. 172 do CTN, é o perdão total ou parcial do crédito tributário
(tributo + juros + correção monetária + multa), sempre após o lançamento.
4.5. Decadência
Com previsão no art. 173 do CTN, a decadência é a perda do direito de a Fazenda Pública
constituir o crédito tributário pela ausência de lançamento no prazo de 5 anos.
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Ex.: fato gerador ocorrido em 20.03.2012. Neste caso, o lançamento poderia ter
sido efetuado nesta mesma data. Logo, obedecendo ao comando do art. 173, I, do
CTN, procuramos identificar o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o
lançamento poderia ter sido efetuado, que é, na hipótese, o dia 01.01.2013. O
interregno decadencial de cinco anos é contado, portanto, desta última data, razão
pela qual o prazo estará extinto para o fisco apenas no dia 01.01.2018.
b) da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício
formal, o lançamento anteriormente efetuado (art. 173, II, do CTN).
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No caso de tributo sujeito a lançamento por homologação (ICMS e IPI, por exemplo),
é preciso ter em mente que a mera entrega, pelo contribuinte, de declaração de
dívida (GIA ou DCTF, por exemplo) já é considerada como constituidora do crédito
tributário (STJ - Súmula 436).
Assim, quando o contribuinte deixa de entregar a declaração (e por óbvio não paga
o montante devido), não houve lançamento. Neste cenário, aplica-se a regra geral
do artigo 173, I, do CTN. Ou seja, o fisco possui 5 anos de prazo a contar do primeiro
dia do exercício seguinte para constituir o crédito tributário não declarado e não
pago. Essa é a interpretação que o STJ consagrou na Súmula 555. Veja:
Art. 150, §4º, do CTN - Se a lei não fixar prazo [para] a homologação, será ele
de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo
sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o
lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a
ocorrência de dolo, fraude ou simulação.
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Registre-se, por fim, que ao menos em tese, deveria o legislador ter incluído a decadência
como uma das formas de exclusão do crédito tributário. Afinal, a integral fluência do prazo
decadencial sem que o fisco promova o lançamento acaba por impedir a constituição do
crédito.
Todavia, como visto, a decadência está listada como forma de extinção do crédito, o que é de
se causar estranheza.
4.6. Prescrição
Com previsão no art. 174 do CTN, a prescrição é a perda da pretensão de cobrança do crédito
tributário (por meio da ação de execução fiscal) pela inércia do credor durante o prazo de 5
anos, contados da data da constituição definitiva do crédito tributário.
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Por força da regra disposta no art. 240, §1º, do CPC, a interrupção da prescrição,
operada pelo despacho que ordena a citação, ainda que proferido por juízo
incompetente, retroagirá à data de propositura da ação.
Assim, muito embora o despacho do juiz ordenando a citação seja considerado o marco
de interrupção da prescrição, este marco, por força do CPC, deve retroagir à data da
propositura da ação.
Logo, se ajuizada uma execução fiscal dentro do prazo de cinco anos contados da data
da constituição definitiva do crédito tributário, na prática, ela deve prosseguir
normalmente mesmo que o juiz tenha ordenado a citação após o vencimento do prazo
quinquenal.
Merece destaque, porém, o fato de que o protesto precisa necessariamente ser judicial,
não havendo que se falar em interrupção da prescrição por protesto extrajudicial de
CDA, por exemplo.
➢ Fique atento! No dia 09.11.2016, o Plenário do STF decidiu, por maioria, que o
protesto de certidões de dívida ativa é constitucional. Trata-se do julgamento
da ADIN nº 5.135, em que a Confederação Nacional da Indústria (CNI)
questionou norma (art. 1º da Lei 9.492/97) que incluiu, no rol dos títulos
sujeitos a protesto, as Certidões de Dívida Ativa (CDA) da União, dos Estados,
do Distrito Federal, dos Municípios e das respectivas autarquias e fundações
públicas.
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consegue o arresto de bens do devedor, terá, a partir de então, novo prazo de cinco anos
para o ajuizamento da competente ação de execução fiscal.
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Por fim, importa saber que embora a prescrição intercorrente possa ser reconhecida
de ofício pelo juiz (art. 40, §4º, da LEF) – ou seja, independentemente de manifestação
do executado –, deve o magistrado ouvir previamente a Fazenda Pública, sob pena
de nulidade da sentença caso o fisco comprove, em eventual recurso, a existência de
causa suspensiva ou interruptiva de prescrição não considerada pelo juiz.
Como visto, incumbe à Fazenda Pública comprovar, em sede de apelação, o tal prejuízo
advindo do reconhecimento da prescrição intercorrente sem sua prévia oitiva. Assim,
em respeito aos princípios da celeridade processual e da instrumentalidade das formas,
não é certo dizer que toda vez que o juiz reconhecer a prescrição intercorrente sem
ouvir a Fazenda Pública previamente estará configurada hipótese de nulidade da
sentença. O prejuízo precisa ser alegado e comprovado em sede de apelação.
Pode ocorrer quando das ações de procedimento comum, como declaratória e anulatória, por
exemplo (em que o depósito tenha sido realizado para garantir a suspensão da exigibilidade
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do crédito), bem como pode ocorrer no Mandado de Segurança, ou ainda nos Embargos à
Execução Fiscal (depósito judicial que garante a execução fiscal).
Esta forma de extinção do crédito tributário é exclusiva para os tributos lançados por
homologação como, por exemplo, o ICMS, o IPI e o ISS.
Como já visto, no lançamento por homologação, o sujeito passivo apura sozinho (ou com
ajuda de um contador) o montante de tributo devido e efetua o pagamento antecipado do
débito. Dizer que o pagamento é “antecipado” significa dizer, na verdade, que ele é feito sem
exame prévio da autoridade administrativa.
➢ Fique atento! A homologação pode ser expressa ou tácita. Será expressa quando o
fisco, dentro do prazo de cinco anos contados do pagamento, expressamente o
homologar. Por outro lado, será tácita quando, atingido o prazo de cinco anos sem
homologação expressa, o pagamento é considerado automaticamente homologado,
conforme disposto art. 150, §4º, do CTN.
Segundo o §2º do art. 164 do CTN, julgada procedente a consignação, o pagamento se reputa
efetuado e a importância consignada é convertida em renda; julgada improcedente a
consignação no todo ou em parte, cobra-se o crédito acrescido de juros de mora, sem prejuízo
das penalidades cabíveis.
A Fazenda Pública deve acatar a decisão, sem ingressar na via judicial, uma vez que decisão
administrativa é da própria autoridade tributária.
Ocorre com o esgotamento das vias recursais, sendo reconhecido judicialmente que o crédito
tributário não é devido.
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Esta hipótese de extinção do crédito tributário foi acrescida no CTN pela LC nº 104/01. Antes
disso, portanto, não era possível extinguir crédito tributário por meio de dação em
pagamento.
➢ Atenção! A dação em pagamento só pode ser feita em bens imóveis; nunca móveis.
➢ Fique atento! A dação deve ser precedida de avaliação do bem ou dos bens ofertados,
que devem estar livres e desembaraçados de quaisquer ônus, bem como deve abranger
a totalidade do crédito ou créditos que se pretende liquidar com atualização, juros,
multa e encargos legais, sem desconto de qualquer natureza, assegurando-se ao
devedor a possibilidade de complementação em dinheiro de eventual diferença entre
os valores da totalidade da dívida e o valor do bem ou dos bens ofertados em dação
(Requisitos impostos pela Lei nº 13.259/16).
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Constituição Federal
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
I - importação de produtos estrangeiros
➢ Exceção à legalidade:
Constituição Federal
Art. 153, §1º É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os
limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados
nos incisos I, II, IV e V.
Constituição Federal
Art. 150, §1º A vedação do inciso III, b (anterioridade do exercício), não se
aplica ao tributo previsto no art. 153, I (Imposto de Importação); e a
vedação do inciso III, c (noventena), não se aplica ao tributo previsto no art.
153, I.
➢ Critério Material
➢ Critério temporal
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➢ Apesar disso, o professor Luis Eduardo Schoueri defende a ideia de que, por ser
um imposto extrafiscal, que visa, portanto, a induzir comportamentos, a solução
para o caso acima deveria ser outra.
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Alíquota específica é aquela definida por uma quantia determinada de dinheiro por
unidade de quantificação dos bens importados (reais por metro, tonelada ou litro).
Alíquota ad valorem é aquela que incide sobre o valor, ou seja, é aquele percentual a
ser multiplicado por uma grandeza especificada em moeda corrente (base de cálculo
em reais) para a obtenção do montante do tributo a ser pago.
➢ Fique Atento! A legislação tenta estipular uma base de cálculo que diminua a
possibilidade de o importador apresentar à autoridade fiscal um valor irreal para a
mercadoria, apenas “para efeito de tributação”.
Assim, ao falar no “preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo
da importação, em uma venda em condições de livre concorrência” quis o legislador
permitir a tributação pelo valor real da mercadoria, que a rigor não dependeria do
que foi declarado à Alfândega.
É consenso, atualmente, que o valor aduaneiro deve ser apurado segundo as normas do
art. 7º do Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio – GATT.
5.6. Alíquota
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5.7. Lançamento
IMPORTANTE: Como todo tributo, o imposto de importação pode ser vir a ser lançado
de ofício quando, por exemplo, a autoridade administrativa perceber que o sujeito
passivo não antecipou o valor correto do tributo devido, sempre respeitado o prazo
decadencial.
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6. Imposto de exportação
Constituição Federal
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
II – exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados
➢ Exceção à legalidade:
Constituição Federal
Art. 153, §1º É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os
limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados
nos incisos I, II, IV e V.
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Constituição Federal
Art. 150, §1º A vedação do inciso III, b (anterioridade do exercício), não se
aplica ao tributo previsto no art. 153, II (Imposto de Exportação); e a
vedação do inciso III, c (noventena), não se aplica ao tributo previsto no art.
153, II.
➢ Critério Material
➢ Critério temporal
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Aqui também vale o raciocínio de que é irrelevante saber quando o negócio foi
fechado, pois o tributo será calculado com base na legislação vigente na data do
registro da exportação no SISCOMEX, mesmo que outra fosse a alíquota do IE na data
do encerramento das tratativas com o comprador ou na data da efetiva saída da
mercadoria do território nacional.
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➢ Fique Atento! Como se pode interpretar a partir do caput e do §1º do art. 2º, acima
reproduzidos, o Fisco não está vinculado ao valor consignado na “fatura”. Há regras
mínimas, estabelecidas no §3º do mesmo artigo, para fins de fixação de base de
cálculo.
Alíquota específica é aquela definida por uma quantia determinada de dinheiro por
unidade de quantificação dos bens exportados (reais por metro, tonelada ou litro).
Alíquota ad valorem é aquela que incide sobre o valor, ou seja, é aquele percentual
a ser multiplicado por uma grandeza especificada em moeda corrente (base de
cálculo em reais) para a obtenção do montante do tributo a ser pago.
6.6. Alíquota
6.7. Lançamento
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IMPORTANTE: Como todo tributo, o imposto de exportação pode vir a ser lançado de
ofício quando, por exemplo, a autoridade administrativa perceber que o sujeito passivo
não antecipou o valor correto do tributo devido, sempre respeitado o prazo
decadencial.
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Constituição Federal
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores
mobiliários;
Constituição Federal
Art. 153, §1º É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os
limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados
nos incisos I, II, IV e V.
O ouro pode ser: a) mercadoria (uma joia, por exemplo); ou b) meio de pagamento
(ativo financeiro ou instrumento cambial, por exemplo).
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pagar determinado débito, também não pode incidir ICMS sobre o ouro utilizado para
quitar débito semelhante.
Assim, o art. 153, §5º, da CF afirma que, quando for definido em lei como ativo
financeiro ou instrumento cambial, o ouro se sujeitará exclusivamente à incidência do
IOF.
Neste caso, o IOF incidirá apenas na operação de origem (primária) e a alíquota mínima
será de 1%, sendo o produto da arrecadação dividido da seguinte maneira: 30% para o
Estado ou DF e 70% para o Município de origem da operação.
Com previsão no art. 63 do CTN, o fato gerador do IOF ocorre em quatro hipóteses:
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7.7. Alíquota
7.8. Lançamento
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Constituição Federal
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
IV - produtos industrializados
Constituição Federal
Art. 153, §1º É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os
limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados
nos incisos I, II, IV e V.
Constituição Federal
Art. 150, §1º. A vedação do inciso III, b (anterioridade do exercício), não se
aplica ao tributo previsto nos art. 153, IV.
Constituição Federal
Art. 150, § 3º O imposto previsto no inciso IV:
I - será seletivo, em função da essencialidade do produto;
II - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada
operação com o montante cobrado nas anteriores;
Seletividade
Reduz a carga tributária incidente sobre um bem, conforme sua essencialidade. Assim,
quanto mais essencial o bem, menor deverá ser a tributação sobre ele, ao passo que os
bens mais supérfluos (menos essenciais ou que fazem mal à saúde, como cigarros e
bebidas alcóolicas) devem ser mais tributados. A previsão constitucional é no sentido
de que o IPI deve ser seletivo.
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Não-cumulatividade
O IPI é não cumulativo, ou seja, compensa-se o que for devido em cada operação com o
montante cobrado na operação anterior.
8.3. Imunidades
Constituição Federal
Art. 150, § 3º O imposto previsto no inciso IV:
III - não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao exterior
Constituição Federal
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é
vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
VI - instituir impostos sobre:
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.
II) O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial (CF - Art.
153, §5º da CF).
Constituição Federal
Art. 155, § 3º. À exceção dos impostos de que tratam o inciso II do caput
deste artigo e o art. 153, I e II, nenhum outro imposto poderá incidir sobre
operações relativas a energia elétrica, serviços de telecomunicações,
derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País.
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Com previsão no art. 46 do CTN, o critério material do fato gerador do IPI ocorre em
três hipóteses:
1. Primeira possibilidade
Desembaraço aduaneiro do produto de procedência estrangeira;
2. Segunda possibilidade
Saída do produto industrializado do estabelecimento do importador, do industrial,
do comerciante ou arrematante;
3. Terceira possibilidade
Arrematação do produto apreendido ou abandonado levado a leilão.
➢ Atenção! O parágrafo único do art. 46 do CTN traz regra que explica o que vem a ser
“industrialização”. Confira:
Com previsão no art. 47 do CTN, há três possíveis bases de cálculo para o IPI:
Primeira possibilidade
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Segunda possibilidade
Terceira possibilidade
8.7. Alíquota
8.8. Lançamento
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Constituição Federal
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
VI – propriedade territorial rural
A EC nº 42/03 incluiu o inciso III no §4º do art. 153 da CF, e assim autorizou que o
ITR seja fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim optarem, na forma da lei,
desde que tal opção não implique redução do imposto ou qualquer outra forma de
renúncia fiscal.
Caso faça a opção, o Município será o titular de 100% da arrecadação do ITR incidente
sobre os imóveis situados em seu território;
Por outro lado, caso o Município não opte por empregar a força de seu próprio aparato
fiscalizatório em prol da fiscalização e da arrecadação do ITR, a União repassará à
municipalidade apenas 50% do valor que arrecadar com a cobrança do tributo sobre
os imóveis daquele município.
Constituição Federal
Art. 158. Pertencem aos Municípios:
II – cinquenta por cento do produto da arrecadação do imposto da União
sobre a propriedade territorial rural, relativamente aos imóveis neles
situados, cabendo a totalidade na hipótese da opção a que se refere o art.
153, §4º, III.
9.3. Imunidades
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Já a pessoa “B” que possua dois imóveis na mesma região, cada um com 10 hectares,
não é imune, pois apesar de se encontrar em situação patrimonial inferior à de “A”, o
fato de possuir mais de um imóvel impede a incidência da regra imunizante.
A injustiça, no entanto, foi sanada pelo art. 3º, inciso II, da Lei 9.393/1996, que conferiu
isenção para os proprietários que possuam imóveis em tal situação.
De acordo com o art. 29 do CTN, o ITR tem como fato gerador a propriedade, o
domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, localizado fora da zona urbana do
Município.
Imóvel por natureza: é o solo com a sua superfície, os seus acessórios e adjacências
naturais, compreendendo as árvores e frutos pendentes, o espaço aéreo e o subsolo.
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➢ Atenção! Estão excluídos do fato gerador do ITR, portanto, os bens imóveis por
acessão física. Estes são tudo quanto o homem incorporar permanentemente ao
solo e que não puder ser retirado sem destruição, modificação, fratura ou dano.
Ex.: as sementes lançadas na terra e os edifícios e construções.
➢ Possuidor a qualquer título: quem obteve a posse plena do imóvel rural por meio de
ocupação, autorizada ou não pelo Poder Público ou pelo proprietário do bem, e desde
que sem subordinação (posse com animus domini).
➢ Fique atento! Aquele que tem a posse do imóvel por força de contrato de locação
ou de comodato não a tem com ares de definitividade, razão pela qual o STJ entende
que, nesses casos, ele não poderá ser considerado contribuinte do imposto.
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9.7. Alíquota
Por outro lado, sustentar que as alíquotas do ITR são inversamente proporcionais em
relação ao grau de utilização do imóvel é dizer, na verdade, que quanto maior for a
produtividade da propriedade, menor será a alíquota do imposto a incidir sobre ela.
Desta forma, variando de 0,03% a 20%, as alíquotas do ITR funcionam como claro
estímulo à produtividade. Veja a tabela:
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Assim, a maior alíquota prevista (20%) é aplicável aos latifúndios improdutivos (áreas
com mais de cinco mil hectares e menos de 30% de grau de utilização), ao passo que a
menor alíquota (0,03%) será aplicável às pequenas propriedades altamente produtivas
(áreas com menos de 50 hectares e com grau de utilização maior que 80%).
9.8. Lançamento
A necessidade de se fazer “declaração de ITR” não implica dizer que o referido imposto
seja lançado por declaração. Na verdade, a tal “declaração de ITR” é simples obrigação
tributária acessória do contribuinte, que serve, portanto, para auxiliar o fiscal da
Receita Federal no momento de decidir sobre a homologação, ou não, do pagamento
efetuado.
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Constituição Federal
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
III – renda e proventos de qualquer natureza
Constituição Federal
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
III - renda e proventos de qualquer natureza;
§ 2º O imposto previsto no inciso III:
I - será informado pelos critérios da generalidade, da universalidade e da
progressividade, na forma da lei;
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➢ Atenção! O STF entende que nem mesmo a lei poderia, a pretexto de definir o
conceito de renda ou provento, determinar a tributação por IR sobre algo que, de
fato, não represente acréscimo patrimonial.
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O IRPJ será apurado pelo lucro arbitrado nas hipóteses do art. 603 do
RIR/18. Dois exemplos:
1. quando o contribuinte, obrigado à tributação com base no lucro real,
não mantiver escrituração na forma das leis comerciais e fiscais,
ou deixar de elaborar as demonstrações financeiras exigidas pela
legislação fiscal;
2. quando a escrituração a que estiver obrigado o contribuinte revelar
evidentes indícios de fraudes ou contiver vícios, erros ou
deficiências que a tornem imprestável para:
a) identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive bancária;
ou
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10.7. Alíquota
A tabela de 2019 ainda não foi divulgada pela Receita Federal. Mas como base de
estudo, analisemos a tabela de 2018, referente ao ano-base 2017.
Parcela a
Base de cálculo mensal em
Alíquota % deduzir do
R$
imposto em R$
Até 1.903,98 – –
De 1.903,99 até 2.826,65 7,5% R$ 142,80
De 2.826,66 até 3.751,05 15,0% R$ 354,80
De 3.751,06 até 4.664,68 22,5% R$ 636,13
Acima de 4.664,68 27,5% R$ 869,36
➢ Atenção! Embora a tabela acima se refira ao ano de 2018, seus valores são os mesmos
desde 2015, o que significa dizer, na prática, que além de imposto se tornar mais caro
anualmente para quem já era sujeito passivo, cada vez mais brasileiros se tornam
contribuintes do IR. Isto porque, como o salário das pessoas tende a aumentar a cada ano
(mesmo que não se trate de aumento real, mas de mera recomposição das perdas
inflacionárias – a chamada “correção monetária”), cada vez mais pessoas entram na
primeira faixa de tributação ou progridem para faixa com alíquota maior.
10.8. Lançamento
A necessidade de se fazer “declaração de ajuste de IR” não implica dizer que o referido
imposto seja lançado por declaração. Na verdade, a tal “declaração de imposto de renda”
é simples obrigação tributária acessória do contribuinte, que serve, portanto, para auxiliar
o fiscal da Receita Federal no momento de decidir sobre a homologação, ou não, do
pagamento efetuado.
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Constituição Federal
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
VII – grandes fortunas, nos termos de lei complementar
Tudo depende de regulamentação por meio de Lei Complementar ainda não criada no
Brasil, sendo temerário, portanto, que se desenvolva qualquer raciocínio apriorístico.
O Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) traz regra específica quanto
ao destino da arrecadação do IGF, acaso seja criado. Veja:
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Impostos Estaduais
Constituição Federal
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos
sobre:
I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos;
Ocorre que está lei até hoje não foi editada, razão pela qual os Estados têm se valido da
regra constante no art. 24, §3º da CF para exercerem competência legislativa plena
sobre a matéria, disciplinando a questão por meio de lei própria (São Paulo, por
exemplo, fez isso no art. 4º da Lei Paulista 10.705/00).
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Na causa mortis: necessário atentar para o art. 1.784 do Código Civil, que estabelece
que “aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e
testamentários”.
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absurdo, já que o pagamento, que é forma de extinção do crédito tributário (art. 156, I,
do CTN), acaba sendo exigido antes mesmo da ocorrência do fato gerador do imposto.
Na doação de bem móvel: o fato gerador ocorre com a tradição, que, no Direito Civil,
é o ato de entregar o bem para outra pessoa (Código Civil, art. 1.267).
O CTN, no art. 42, acabou delegando para os legisladores estaduais e do Distrito Federal
a possiblidade de apontarem, por meio de leis próprias, o contribuinte do imposto. Isto
porque o CTN se resumiu a estabelecer que o sujeito passivo do imposto é "qualquer
das partes na operação tributada, como dispuser a lei".
Já nos casos de inventário extrajudicial e nos de doação, o valor de mercado dos bens e
direitos é o declarado pelo inventariante ou no contrato de doação, desde que haja
anuência da Fazenda Pública. Caso a Fazenda discorde do montante declarado, deve
instaurar procedimento administrativo de arbitramento da base de cálculo, para fins
de lançamento e notificação do contribuinte. Neste caso, o contribuinte poderá
impugnar o valor arbitrado pelo Fisco.
➢ Fique atento! O imposto é calculado sobre o valor total da soma dos bens e
direitos deixados pelo falecido ou doados, o que compreende: bens imóveis,
aplicações financeiras, poupanças, ações, veículos, etc.
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A Lei Paulista nº 10.705/00 (art. 9º, §2º), por exemplo, estabeleceu que, no caso
de transmissão não onerosa de domínio útil e de usufruto, a base de cálculo é
1/3 do valor de mercado do bem; ao passo que na transmissão não onerosa de
domínio direito e de nua-propriedade, a base de cálculo é de 2/3 do valor de
mercado do bem.
➢ Fique atento! Alguns bens podem ser levantados/resgatados sem passar pelo
processo de Inventário, como: FGTS, Seguros de Vida, PIS/PASEP, Restituição
de IR e, dependendo dos saldos, valores depositados em poupança e conta
corrente. Assim, estes bens não compõem a base de cálculo do imposto.
12.7. Alíquotas
O imposto tem alíquota máxima fixada pelo Senado Federal (art. 155, §1º, IV da CF).
Essa alíquota foi fixada em 8% pela Resolução 09/1992 do Senado.
Além disso, essa mesma resolução autorizou cada estado a fixar alíquotas
progressivas em caso de transmissão causa mortis, com base no valor do quinhão que
cada herdeiro receber. Essa progressividade foi considerada constitucional pelo STF
em fevereiro de 2013.
12.8. Lançamento
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Constituição Federal
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos
sobre:
II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de
serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação,
ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior;
Coisa é tudo que existe no universo, exceto pessoas. Bem é toda coisa com valor
econômico. E mercadoria é todo bem móvel que está no mundo dos negócios com
finalidade comercial.
Registre-se, ainda, que a venda de software é tributada (por ICMS, ou por ISS)
independentemente de haver ou não um bem corpóreo envolvido na transação. Ou
seja: o tributo incide sobre a comercialização do software mesmo quando a
aquisição é feita mediante transferência eletrônica de dados (download pela
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internet, por exemplo), sem que haja necessidade da existência de uma base física
(mídia de DVD).
O mesmo ocorre com roupas. Peças de roupas compradas prontas em lojas são
tributadas por ICMS, enquanto peças manufaturadas por alfaiates ou costureiras
diretamente sob encomenda do consumidor são tributadas por ISS (previsto no item
14.09 da lista anexa à LC nº 116/03).
➢ Fique atento! A energia elétrica que chega na residência das pessoas ou nos
estabelecimentos comerciais por meio dos sistemas de transmissão e de
distribuição de energia foi equiparada à mercadoria para fins de tributação por ICMS
(art. 155, §3º, da CF). Contudo, a água encanada não recebeu o mesmo tratamento
constitucional. Logo, sobre a água encanada, não há incidência de ICMS. Apesar
disso, a água mineral vendida em garrafas nos supermercados é considerada
mercadoria e está sujeita ao imposto, evidentemente.
Em regra, os serviços são tributados por ISS, de competência dos municípios. Contudo,
a CF determinou que três serviços fossem tributados por ICMS. São eles:
a) Transporte intermunicipal;
b) Transporte interestadual; e
c) Comunicação.
13.3.1. Transporte
Inicialmente, é necessário atentar para o fato de que o transporte tributado por ICMS é
aquele intermunicipal (entre dois municípios) ou interestadual (entre dois estados).
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13.3.2. Comunicação
➢ Fique atento! A súmula 334 do STJ estabelece que “o ICMS não incide no serviço
dos provedores de acesso à Internet”. Tal entendimento decorre da constatação
de que os provedores de internet apenas incorporam facilidades a um serviço já
existente (internet), de modo que os provedores se revelam como usuários, e não
como prestadores do serviço de telecomunicações.
➢ Atenção! Já a súmula 350 do STJ determina que “o ICMS não incide sobre o serviço
de habilitação de telefone celular”. Isto porque, no ato de habilitação de aparelho
celular, não ocorre qualquer serviço efetivo de telecomunicação, mas sim mera
disponibilização do serviço, de modo a assegurar ao usuário a possibilidade de
fruição do serviço de telecomunicações. Por conseguinte, o serviço de habilitação é
considerado atividade intermediária, não sujeita à incidência do tributo.
Quando o destinatário da mercadoria está situado em outro Estado, a quem deve caber
o produto da arrecadação do ICMS? Ao Estado que produziu a mercadoria (alienante)
ou àquele em que irá ocorrer o consumo (adquirente)?
Resposta: a ambos os Estados, de acordo com uma proporção específica.
A resposta para essa pergunta, contudo, passou por uma série de alterações legislativas
ao longo do tempo, até que sobreveio a Emenda Constitucional nº 87/2015, que
promoveu alterações definitivas sobre a questão da incidência do ICMS sobre as
operações interestaduais.
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Em resumo, têm-se hoje as seguintes diretrizes constitucionais (art. 155, §2º, incisos
VII e VIII, da CF):
Apesar de parecer complexa, o entendimento dessa tabela do ICMS fica mais simples
quando olhamos para ela seguindo apenas três passos:
Passo 3: na intersecção das duas linhas (Estado de origem x Estado de destino) você
obterá a alíquota interestadual aplicada na operação.
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OBS.2: É importante lembrar que esta tabela traz a alíquota geral (aplicável à maioria
dos produtos e serviços). Contudo, pode haver variação dessas alíquotas conforme o
caso.
OBS.3: Além disso, cabe observar que a aplicação da alíquota de ICMS interestadual
para produtos importados (representado por “EX” na tabela) é de 4% (de acordo
com Resolução Federal no. 13/2012).
A Lei Complementar nº 87/96 não define os fatos geradores do ICMS, mas, no seu art.
2º, enumera os fatos em que o legislador estadual pode atuar tipificando as hipóteses
de incidência. A maioria das situações já foi analisada nos itens anteriores, restando
fazer alguns comentários sobre pontos específicos.
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Importante observar que o fato gerador do ICMS é a circulação jurídica (e não física)
da mercadoria. A circulação jurídica é a que implica transferência de propriedade,
transferência de titularidade, saída do patrimônio do vendedor e ingresso na esfera
patrimonial do comprador.
Na mesma linha, nos casos em que o título jurídico não implica a transferência de
propriedade, como na locação e no comodato (empréstimo gratuito de coisas não
fungíveis), também não há fato gerador do ICMS. Confira-se:
Inicialmente, mister registrar que o ISS é residual em relação ao ICMS. Isto porque o
ICMS incide sobre os três serviços expressamente previstos na Constituição Federal
(comunicação, transporte interestadual e transporte intermunicipal), enquanto o ISS
tributa os demais serviços (resíduo), desde que previstos em lei complementar.
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➢ Atenção! Por fim, ressalte-se que ainda existe uma terceira situação, qual seja o caso
em que a lei complementar prevê o serviço como sujeito ao ISS, mas ressalva que as
mercadorias fornecidas devem ser tributadas pelo ICMS. Nesse caso, serão emitidas
duas notas fiscais: uma com o valor do serviço (com o destaque do ISS); e outra com
o valor da mercadoria (com o destaque do ICMS).
Segundo o disposto no art. 155, §2º, inciso IX, alínea a, da CF, o ICMS incidirá sobre a
entrada de bem ou mercadoria importados do exterior por pessoa física ou jurídica,
ainda que não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a sua
finalidade, assim como sobre o serviço prestado no exterior, cabendo o imposto ao
Estado onde estiver situado o domicílio ou o estabelecimento do destinatário da
mercadoria, bem ou serviço.
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não haverá incidência do ICMS, uma vez que se trata de alienação comum, caracterizada
pela ausência de habitualidade ou de volume que demonstre interesse comercial na
operação.
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XII, alínea i). Dessa forma, a alíquota efetiva do ICMS acaba por ser maior que a nominal,
uma vez que o tributo incide sobre seu próprio valor.
A título de exemplo, se uma mercadoria foi vendida ao valor de RS 1.000,00, com uma
alíquota de ICMS de 20%, o valor do tributo é de R$ 200,00, já embutidos no preço
(imposto "por dentro”). Por conseguinte, é correto afirmar que o ICMS incidiu sobre a
soma do valor pertencente ao comerciante (R$ 800,00) com o montante do próprio
tributo (R$ 200,00).
13.10. Alíquotas
Regras específicas de alíquota estão previstas na CF, especificamente no Art. 155, §2º,
incisos IV a VII. Vejamos:
13.11. Lançamento
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ofício quando constatar, por exemplo, que o sujeito passivo não antecipou o valor
correto do tributo devido. Neste caso, deve-se respeitar sempre o prazo decadencial.
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Constituição Federal
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos
sobre:
III - propriedade de veículos automotores.
➢ Previsão no CTN: Não tem (ele foi criado muito depois do CTN)
➢ Normas de regência: Lei de normas gerais (nacional) → não tem, já que este
imposto foi inserido na competência dos Estados e do
Distrito Federal com a edição da EC nº 27/85, quando ainda
não se exigia a edição de LC nacional para tratar de normas
gerais em matéria tributária. Atualmente, a edição, pelos
Estados, de legislação própria sobre o IPVA tem respaldo
legal no artigo 24, §3º da CF que diz que “inexistindo lei
federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a
competência legislativa plena, para atender as suas
peculiaridades”. E ainda está amparada pelo art. 34, §3º dos
ADCT, do qual se extrai que “promulgada a Constituição, a
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão
editar as leis necessárias à aplicação do sistema tributário
nacional nela previsto”.
Lei paulista → Lei nº 13.296/2008
Regulamento do IPVA (RIPVA) → Decretos esparsos
➢ Classificação: fiscal (há, contudo, certo feitio extrafiscal no IPVA paulista,
consubstanciado no fato de haver alíquotas menores para veículos utilitários e de
transporte coletivo).
➢ Função principal: arrecadatória.
Com relação aos princípios constitucionais tributários, necessário atentar para o fato
de que o IPVA respeita os princípios da legalidade e da anterioridade do exercício, mas
é exceção ao princípio da anterioridade nonagesimal, apenas quando a
majoração se der pela base de cálculo do imposto.
Assim, a majoração do IPVA pela base de cálculo ocorrida no mês de dezembro, por
exemplo, já opera efeitos no exercício financeiro seguinte, mesmo sem observar o
interregno mínimo de 90 dias.
➢ Atenção! Se a majoração, contudo, se der pela alíquota (e não pela base de cálculo),
então deverão ser observados todos os princípios constitucionais, inclusive o da
anterioridade nonagesimal.
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Critério material
Critério temporal
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O sujeito passivo deve ser o proprietário do veículo automotor, única pessoa que
possui relação pessoal e direta com a situação que constitui o fato gerador
(propriedade do veículo).
No caso do nosso Estado de SP, isso está previsto no art. 5º da Lei nº 13.296/2008.
No caso do nosso Estado de SP, a base de cálculo está prevista no art. 7º da Lei nº
13.296/2008.
14.6. Alíquotas
A partir da EC nº 24/2003, a CF passou a prever, no art. 155, §6º, que o IPVA terá
alíquotas mínimas fixadas pelo Senado Federal e poderá ter alíquotas
diferenciadas em função do tipo e utilização do veículo.
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14.7. Lançamento
O imposto é lançado de ofício, já que todo o procedimento é praticado pelo fisco, que
detém previamente as informações de que precisa ou as adquire por meio de
fiscalização. Logo, por não contar com a participação do sujeito passivo no iter
procedimental do lançamento, inequívoco tratar-se de imposto sujeito a lançamento de
ofício.
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Impostos Municipais
Constituição Federal
Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:
I - propriedade predial e territorial urbana;
Com relação aos princípios constitucionais tributários, necessário atentar para o fato
de que o IPTU respeita os princípios da legalidade e da anterioridade do exercício, mas
é exceção ao princípio da anterioridade nonagesimal, apenas quando a
majoração se der pela base de cálculo do imposto.
Assim, a majoração do IPTU pela base de cálculo ocorrida no mês de dezembro, por
exemplo, já opera efeitos no exercício financeiro seguinte, mesmo sem observar o
interregno mínimo de 90 dias.
➢ Atenção! Se a majoração, contudo, se der pela alíquota (e não pela base de cálculo),
então deverão ser observados todos os princípios constitucionais, inclusive o da
anterioridade nonagesimal.
➢ Fique atento! A base de cálculo do IPTU pode ser atualizada monetariamente por
decreto do prefeito. Isso porque correção monetária não implica em majoração
efetiva da base de cálculo, mas tão somente em recomposição do poder de compra
do dinheiro, que foi enfraquecido em razão das perdas inflacionárias.
Estatui o art. 32 do CTN que o IPTU tem como fato gerador a propriedade, o domínio
útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física localizado na zona
urbana do Município. Vamos desmembrar o estudo:
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Possuidor: quem obteve a posse plena do imóvel urbano por meio de ocupação,
autorizada ou não pelo Poder Público ou pelo proprietário do bem, e desde que sem
subordinação (posse com animus domini).
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Apostila de Direito Tributário II
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➢ Fique atento! Aquele que tem a posse do imóvel por força de contrato de locação
ou de comodato não a tem com ares de definitividade, razão pela qual o STJ entende
que, nesses casos, ele não poderá ser considerado contribuinte do imposto.
➢ Atenção! São bens imóveis por natureza (acessão natural) o solo com a sua
superfície, os seus acessórios e adjacências naturais, compreendendo as árvores e
frutos pendentes, o espaço aéreo e o subsolo.
De outro lado, são bens imóveis por acessão física tudo quanto o homem
incorporar permanentemente ao solo de modo que não se possa retirar sem
destruição, modificação, fratura ou dano (Ex.: semente lançada à terra, os edifícios e
construções).
O IPTU incide sobre os dois grupos de imóveis (por natureza e por acessão física), de
forma que, se o particular construir benfeitorias, ampliando a área construída do
imóvel, haverá agravamento do imposto incidente (diferente do que ocorre com o ITR).
O §1º do art. 32 do CTN estabelece que zona urbana é aquela que observa o requisito
mínimo da existência de melhoramentos (construídos ou mantidos pelo Poder
Público) indicados em pelo menos dois dos seus cinco incisos:
➢ Fique atento! Apesar da definição de zona urbana constante do CTN, que levaria a
crer que qualquer imóvel não contemplado com ao menos 2 dos melhoramentos
descritos acima estaria sujeito ao ITR, a questão não é assim tão simples.
Ocorre que os tribunais superiores (STJ e STF) entendem que, apesar da definição
de zona urbana existente no CTN, o critério da destinação do imóvel acaba
preponderando para fins de incidência de ITR.
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Mister atentar, contudo, para o fato de que a recíproca não é verdadeira. Ou seja:
caso o imóvel se encontre em área rural, o Município não pode cobrar IPTU, mesmo
que a destinação do bem seja meramente residencial.
Nem poderia ser diferente, já que o fato gerador incide apenas sobre os imóveis por
acessão física ou natural. Logo, bens móveis estão excluídos da base de cálculo.
15.6. Alíquota
A progressividade fiscal de alíquotas do IPTU está prevista no art. 156, §1º, inciso I, da
CF, dispositivo este que autoriza a progressão de alíquota em razão do valor do
imóvel.
Trata-se de aumento gradativo das alíquotas incidentes sobre os imóveis mais valiosos
(presumivelmente pertencentes a pessoas de maior capacidade contributiva), com o
claro intuito de incrementar a arrecadação, retirando mais de quem mais pode pagar.
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O art. 182, §4º, da CF faculta ao Poder Público municipal, mediante lei, exigir do
proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova
seu adequado aproveitamento.
➢ Importante! Para garantir que o objetivo constitucional não seja prejudicado pela
concessão de benefícios fiscais, o art. 7º, §3º, do Estatuto da Cidade (Lei nº
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O art. 156, §1º, inciso II, da CF, ainda prevê a possibilidade de haver diferenciação de
alíquota de IPTU de acordo com a localização e o uso do imóvel.
15.7. Lançamento
O imposto é lançado de ofício, já que todo o procedimento é praticado pelo fisco, que
detém previamente as informações de que precisa ou as adquire por meio de
fiscalização. Logo, por não haver participação do sujeito passivo no iter procedimental
do lançamento, inequívoco tratar-se de imposto sujeito a lançamento de ofício.
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Constituição Federal
Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:
II - transmissão intervivos, a qualquer título, por ato oneroso, de bens
imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis,
exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição;
16.3. Imunidades
Constituição Federal
Art. 156, §2º, inciso I - O ITBI não incide sobre a transmissão de bens ou direitos
incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital, nem sobre
a transmissão de bens ou direitos decorrente de fusão, incorporação, cisão ou
extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade preponderante do
adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens imóveis
ou arrendamento mercantil;
➢ Fique atento! A imunidade de ITBI também é aplicável nos casos em que, extinta a
sociedade, ocorrer a entrega de imóvel a um sócio, como parcela que lhe cabe
do capital social. Em resumo: a imunidade vale para quando o imóvel “entra” ou
“sai” da sociedade.
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Por fim, o §4º do art. 37 do CTN determina que “o disposto neste artigo não se aplica
à transmissão de bens ou direitos, quando realizada em conjunto com a da totalidade
do patrimônio da pessoa jurídica alienante”.
Critério material
Podendo ser extraído do próprio art. 156, inciso II, da CF, o critério material do fato
gerador do ITBI é a transmissão intervivos, a qualquer título, por ato oneroso, de
bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis,
exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição.
Ato oneroso → é alienação não gratuita, podendo ser, por exemplo, uma operação
de venda e compra, com pagamento em dinheiro, ou mesmo uma permuta, com
pagamento do imóvel adquirido sendo feito com outro imóvel, por exemplo. Nesta
hipótese, aliás, há dupla incidência do ITBI, já que cada um dos envolvidos na
operação está adquirindo um imóvel.
Bem imóvel por natureza (acessão natural) → é o solo com a sua superfície, os
seus acessórios e adjacências naturais, compreendendo as árvores e frutos
pendentes, o espaço aéreo e o subsolo.
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Direitos reais sobre imóveis → são aqueles elencados no art. 1.225 do Código
Civil. São eles:
a) a propriedade;
b) a superfície;
c) as servidões;
d) o usufruto;
e) o uso;
f) a habitação;
g) o direito do promitente comprador do imóvel;
h) o penhor;
i) a hipoteca;
j) a anticrese;
k) a concessão de uso especial para fins de moradia;
l) a concessão de direito real de uso; e
m) a laje.
➢ Atenção! Como o próprio art. 156, inciso II, da CF deixa claro, o ITBI não incide
sobre as transmissões de direitos reais de garantia (penhor, hipoteca e
anticrese). Assim, dos 13 direitos reais elencados acima, a transmissão de apenas 10
deles está sujeita à incidência de ITBI.
Critério temporal
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Não obstante a autonomia, a regra, na prática, tem sido que as leis municipais definam
como contribuinte o adquirente do bem ou direito.
O art. 38 do CTN dispõe que a base de cálculo do imposto é o valor venal dos bens ou
direitos transmitidos. Valor venal é o valor de mercado do bem imóvel por natureza
ou acessão física.
Apesar de a definição legal estabelecer a mesma base de cálculo para o IPTU e para o
ITBI - o valor venal do imóvel -, a jurisprudência admite que na prática os valores sejam
distintos. Isso porque, enquanto o cálculo do IPTU considera uma planta genérica de
valores, o ITBI é calculado a partir da transação efetivamente realizada (valor venal
real do bem), que, por óbvio, apresenta uma avaliação de mercado mais precisa.
Na prática, adota-se como base de cálculo do ITBI sempre o maior valor entre o valor
venal e o valor venal real.
16.8. Alíquotas
Nem a Constituição nem o CTN dispõem sobre a alíquota do ITBI. Compete, por
conseguinte, ao Município ou ao Distrito Federal estabelecer a alíquota do imposto
através de lei.
Alíquota progressiva
Apesar de súmula 656 do STF estabelecer que é inconstitucional a lei que estabelece
alíquotas progressivas para o ITBI com base no valor venal do imóvel, há sólido
entendimento doutrinário de que esta súmula será revogada no futuro.
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Assim, a súmula 656 do STF ainda vale por enquanto. Mas é necessário saber que,
em breve, a interpretação deve mudar.
16.9. Lançamento
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Constituição Federal
Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:
III – serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II,
definidos em lei complementar;
Estabelece o art. 156, §3º, inciso II, da CF, que compete à lei complementar excluir a
incidência do ISS sobre as exportações de serviços para o exterior, o que foi
disciplinado pelo art. 2º, inciso I, da LC nº 116/03.
Além disso, o inciso III do mesmo §3º, estabelece ser incumbência da lei complementar
(nacional) regular a forma e as condições como isenções, incentivos e benefícios
fiscais serão concedidos e revogados (o que foi feito no art. 8º-A da LC nº 116/03).
A regra tem o objetivo de restringir a autonomia municipal no exercício da competência
relativa ao tributo, dificultando a deflagração de guerra fiscal.
➢ Fique atento! Se, a despeito da proibição legal, o Município ou Distrito Federal não
respeitar a alíquota mínima, a lei ou ato normativo que autorizou a benesse será
considerada nula, surgindo, para o prestador, o direito de restituição do valor
efetivamente pago a título de ISS (§§2º e 3º do art. 8º-A da LC nº 116/03).
A redação do art. 156, inciso III, da CF, é clara ao estabelecer que compete aos
municípios instituir o imposto sobre serviços de qualquer natureza, desde que estes
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serviços não estejam no campo de incidência do ICMS, o que revela que, como regra, o
ISS é residual em relação ao ICMS.
Ao definir o fato gerador do ISS, o art. 1º da LC nº 116/03 estabeleceu que o ISS tem
como fato gerador a prestação de serviços constantes da lista anexa, ainda que
esses não se constituam como atividade preponderante do prestador.
Assim, para ser tributável por ISS, o serviço precisa estar previsto na lista anexa à LC
nº 116/03.
➢ Fique atento! A referida lista anexa é composta de 40 itens, cada qual com um ou
mais subitens.
Prestação de serviço
Afinal, já que na locação de bens o locador não tem obrigação de fazer (mas sim de dar
ao locatário determinado bem para seu uso por certo período), não poderia haver
incidência de ISS nessas hipóteses.
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➢ Atenção! Pelo conceito histórico do STF, que classificava prestação de serviço como
vinculada a uma obrigação de fazer, a atividade de streaming não poderia ensejar a
tributação por ISS, já que ela não pressupõe um fazer.
A hipótese parece se ajustar aos itens 16.02 (outros serviços de transporte de natureza
municipal) e 26.01 (serviços de coleta, remessa ou entrega de correspondências,
documentos, objetos, bens ou valores, inclusive pelos correios e suas agências
franqueadas; courrier e congêneres) da lista anexa.
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Exceções
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17.8. Alíquota
O art. 156, §3º, inciso I, da CF, estabelece que cabe à lei complementar fixar alíquotas
mínima e máxima de ISS.
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17.9. Lançamento
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