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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 2
REVISÃO ............................................................................................................................................... 3
TEORIA GERAL DO NEGÓCIO JURÍDICO ................................................................................ 3
FATOS JURÍDICOS ..................................................................................................................... 3
ATOS JURÍDICOS ....................................................................................................................... 5
DO NEGÓCIO JURÍDICO ........................................................................................................... 7
Elementos Constitutivos do Negócios Jurídicos ...................................................................... 7
Vícios ou Defeitos do Negócio Jurídico .................................................................................. 11
Teoria das Nulidades do Negócio Jurídico ............................................................................. 18
JURISPRUDÊNCIA ............................................................................................................................ 24
REFERÊNCIA ..................................................................................................................................... 29

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INTRODUÇÃO

Caro(a) Aluno(a),

A preparação para concursos públicos exige profissionalismo, métrica e


inteligência. Cada minuto despendido deve ser bem gasto! Por isso, uma preparação
direcionada, focada nos pontos com maior probabilidade de cobrança no seu certame,
pode representar a diferença entre aprovação e reprovação.

É fundamental “atacar” os pontos nucleares de cada matéria, com vistas à


antecipação dos temas com maiores chances de cobrança em sua prova. Pensando
nisso, elaboramos um material que vai ajudá-lo a revisar temas importantes que
poderão ser cobrados em seu certame.

Com base nos últimos concursos para Procuradoria em todo o Brasil, um tema
da disciplina Direito Civil bastante frequente nas provas, e que certamente estará no
edital do próximo concurso da PGE/SC, é Negócio Jurídico. Portanto, tendo em vista
a relevância do tema, é importante o aluno revisá-lo. Bons estudos!!!

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REVISÃO

TEORIA GERAL DO NEGÓCIO JURÍDICO

FATOS JURÍDICOS

As Pessoas (Naturais ou Jurídicas) ao desenvolverem suas atividades na


sociedade podem com suas atitudes gerar consequências jurídicas. Essas atitudes
juridicamente relevantes são denominadas Fatos Jurídicos.

Os Fatos Jurídicos em sentido amplo podem ser divididos em:

▪ Fatos Jurídicos Naturais (fatos jurídicos em sentido


estrito)

▪ Fatos Jurídicos Humanos (atos jurídicos em sentido


amplo).

Os Fatos Jurídicos Humanos, ou atos jurídicos em sentido amplo, são,


as situações juridicamente relevantes que tem origem em uma vontade humana, que
as criam, modificam, transferem ou extinguem direitos, subdividem-se em:

▪ Lícitos

▪ Ilícitos

Os Fatos Jurídicos Lícitos são os que a lei defere os efeitos almejados pelo
agente. Praticados conforme determina o Ordenamento Jurídico, produzindo efeitos
voluntários, queridos pelo agente.

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Denominados pela Professora Maria Helena Diniz (2003, p. 246) de
voluntários (lícitos) e involuntários (ilícitos). Os atos jurídicos em sentido amplo
lícitos ainda são divididos em atos jurídicos em sentido estrito ou meramente
lícitos e negócios jurídicos, sendo que alguns autores ainda disciplinam uma
terceira categoria o ato-fato jurídico.

Todas as ações das pessoas que são juridicamente relevantes para o Direito
são consideradas como Fatos Jurídicos e, por isso, são também denominados Fatos
Jurídicos em sentido amplo.

Caio Mário da Silva Pereira clarifica que dois fatores constituem o fato jurídico:
um fato, isto é uma eventualidade que atue sobre o direito subjetivo; e uma
declaração da norma jurídica que confere efeitos jurídicos àquele fato. Maria Helena
Diniz (2003, p. 248) salienta: “É o acontecimento, previsto em norma jurídica, em
razão do qual nascem, se modificam, subsistem e se extinguem relações jurídicas.”

Os Fatos Jurídicos Naturais, por sua vez, também denominados Fatos


Jurídicos em sentido estrito, são as situações sociais juridicamente relevantes que
decorrem, em regra, da própria natureza, sem intervenção humana, subdividem-se
em:

▪ Ordinários

▪ Extraordinários

Os Fatos Naturais Ordinários são os fatos naturais “previsíveis” ou


“comuns”, como o nascimento, maioridade, morte, decurso do tempo, aluvião,
avulsão.

Os Fatos Naturais Extraordinários são os fatos naturais que decorrem de


“eventos não previsíveis” ou “especiais”, tais como terremoto, maremoto, raio,
tempestade destruidoras, ou seja, casos fortuitos ou força maior. Podem ser
classificados em:
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▪ Caso Fortuito

▪ Força Maior

▪ "Factum Principis"

Os dois primeiros são configurados como fatos capazes de alterar os fatos


jurídicos já existentes ou ainda criar novas relações jurídicas. O "factum principis" tem
a mesma similaridade com os dois supracitados, no entanto, distingue-se uma vez
que essa modificação acontece devido à presença do Estado intervindo para que isso
ocorra.

ATOS JURÍDICOS

Os atos jurídicos dividem-se em:

▪ Ato Jurídico em sentido estrito ou Ato Lícito

▪ Atos-fatos Jurídicos ou Atos Ilícitos

Tais atos são alicerçados ou não no consentimento da pessoa jurídica ou física


em sua ação sistematizada da vontade que lhes dá existência imediata e
consequentemente efeitos jurídicos.

▪ Ato Jurídico em sentido estrito ou Ato Lícito

O Ato Jurídico em Sentido Estrito, ou meramente lícito, é um ato praticado


pelo agente, com manifestação de vontade, predeterminado pela norma, sem que o
agente possa qualificar diferente a sua vontade. A ação humana resume-se a uma
mera intenção de praticar o ato prescrito na lei, por isso é que nem todos os
princípios do Negócio Jurídico aplicam-se aos Atos Jurídicos em Sentido Estrito.

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É o que diz Maria Helena Diniz, (2003, 267) acerca do ato jurídico: “Ato
Jurídico strictu sensu que surge como mero pressuposto de efeito jurídico,
preordenado pela lei, sem função e natureza de auto regulamento”.

Diante disso, o ato jurídico pode ser entendido como sendo na verdade um
acontecimento oriundo da vontade de uma pessoa física ou jurídica, que produz
efeitos de ordem jurídica.

Mas é importante frisar que para tal aplicação da vontade se faz imprescindível
que exista a ocorrência de um acontecimento lícito fundado em direito, que não esteja
em desacordo com o nosso então ordenamento jurídico.

São exemplos de atos jurídicos: notificação para constituir mora do devedor;


reconhecimento de filho; ocupação; uso de coisa; perdão; confissão; tradição; etc.

▪ Atos-fatos Jurídicos ou Atos Ilícitos

O ato ilícito é derivado da manifestação da vontade humana, sendo praticado


em desacordo com a ordem jurídica, violando direito subjetivo. Dessa forma, é a
conduta realizada juntamente com a infração de um dever legal previamente
estipulado, resultando dano, prejuízo para outrem, o que gera o dever
de ressarcimento a vítima.

O ato ilícito produz efeitos jurídicos, sendo estes por sua vez não desejados
pelo agente, mas impostos pela lei, conforme os artigos 186 e 187 do CC/2002:

“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão


voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral,
comete ato ilícito.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um


direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
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limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela
boa-fé ou pelos bons costumes.”

Contudo não causam direitos, mas sim deveres, como o dever de reparar o
dano: “Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (artigos. 186 e 187), causar dano a outrem,
fica obrigado a repará-lo.”

Vale frisar que boa parte da nossa doutrina vigente não recepciona como
jurídico o ato ilícito, por se apresentar de forma contraria ao dispositivo normativo,
embora este produza efeitos que ensejam responsabilidade civil.

Porém, hoje se admite que estes atos integrem a categoria dos atos jurídicos,
tomando como base os efeitos que eles geram ou produzem.

DO NEGÓCIO JURÍDICO

Sua existência só é possível em decorrência da vontade das partes envolvidas.


Isto é, consiste na declaração vontade privada, diferindo dos fatos já que não é um
mero acontecimento, destinados a produzir efeitos que o agente pretende e o Direito
reconhece. A vontade própria do Estado só se manifesta em determinadas situações
que se faz necessário a fim da exigência de uma obrigação ou para que algo seja
cumprido.

Elementos Constitutivos do Negócios Jurídicos

▪ Elementos Essenciais Comuns ou Gerais dos Negócios Jurídicos:

Conforme é descrito no Código Civil, para que um negócio jurídico seja


considerado pleno, é necessário que ele reúna três fatores: vontade, objeto lícito,
determinado e possível e agente capaz (Pinto et Alli, 2007, pág. 271).

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Tal fato é perceptível no artigo 104, incisos I e II do Código Civil, determinando
que "Art. 104 – A validade do negócio jurídico requer: I – agente capaz; II – objeto
lícito, possível, determinado ou determinável".

▪ Vontade: segundo é apresentado por Gama (2006, pág. 386), a


vontade consiste na manifestação do anseio ou do desejo de uma das partes
ou de ambas as partes. É dividida em uma tríade:

- Vontade Expressa: consiste na manifestação escrita ou mesmo identificada


a partir de um gesto que possibilite a concordância ou discordância. Essa forma ainda
estende-se ao comportamento e inclui a linguagem que é utilizada por uma das partes.

- Vontade Tácita: é passível de ser identificada, tendo como base a forma de


agir de um indivíduo.

- Vontade Presumida: inclui todos os comportamentos que estão descritos ou


ainda enquadrados no texto da legislação.

Não obstante, carece ainda salientar que a Declaração de Vontade pode


configurar em duas formas distintas:

Declaração Direta: consiste na declaração mediante a informação de


consentimento ou não para que o negócio jurídico para que o Negócio jurídico
ocorra, por parte de um ou de ambos os envolvidos.

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Declaração Indireta: é caracterizada quando há a utilização de algum
instrumento ou meio – podendo incluir desde SEDEX e AR até mesmo a
utilização de um procurador.

Já no que tange a situação de absolutamente capazes, admite-se o


representante já que o representado na esfera judicial não existe por si só.
Quanto à questão dos relativamente incapazes, há uma dicotomia, caso ele se
manifeste será considerada direta e ao passo que for representado por terceiros,
será considerado indireto.

▪ Objeto – em conceituação, é aquilo sobre o que incide um direito


ou uma obrigação. Pode ser classificado em duas espécies distintas:

- Objeto Jurídico – é o que está estabelecido por um indivíduo como matéria


sobre qual versará o negócio jurídico. A guisa de exemplificação, as prestações de
um serviço ou um comportamento que o obrigue.

- Objeto Material – são os bens sobre as quais incidem os poderes de uma


relação jurídica iniciada

Faz-se mister ainda discorrer acerca dos requisitos necessários para que um
objeto seja qualificado para ser matéria de um negócio jurídico, conforme estabelecido
pela legislação. São elencados três (03) condições: licitude, determinável, possível.

- Objeto Lícito: é aquele que não contraria nenhuma predeterminação


estabelecida em lei, estando em conformidade aos bons costumes, à ordem pública e
à moral. Caso a matéria em questão seja ilícita, o negócio jurídico será considerado
nulo e não produz nenhum efeito na esfera jurídica.

- Objeto Determinado ou Determinável: durante a celebração de um negócio


deve ser determinado o objeto sobre o qual será versado, devendo ser descriminado
o gênero e a quantidade.

- Objeto Possível: durante o negócio jurídico, o objeto sobre o qual é tratado


carece ser possível juridicamente ou fisicamente. Vedando, dessa forma,
exacerbações e exageros impossíveis de serem realizados.
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▪ Agente Capaz ou Capacidade – o Direito Civil estabelece que o agente
capaz deva ser uma pessoa dotada de consciência e vontade, sendo reconhecida
pelo Ordenamento Pátrio como apta para exercer todos e quaisquer atos da vida
civil.

Logo, o indivíduo que celebra o negócio jurídico tem que atender ao requisito
mínimo para ser considerado plenamente capaz, na esfera civil, ou seja, maior de
dezoito (18) anos e sem nenhuma restrição determinada pela legislação.

Quando é praticada por absolutamente incapaz (menor de dezesseis (16)


anos), o negócio será configurado como nulo, já se for praticado pelos indivíduos
considerados relativamente capazes – idade entre dezesseis (16) e dezoito (18) -,
estará sujeito à anulação.

- Fator Legitimidade: é relativo à titularidade que possibilita que o indivíduo


determine as diretrizes sobre específico bem, de modo a tornar verdadeiro o ato
pactuado. Isto é, se objeto é dono ou não para transacionar o objeto.

- Fator Legalidade: se fundamenta na premissa que o objeto ou ato do negócio


sofre ou não alguma restrição judicial, como, por exemplo, é a situação de hipotecas
ou alienação. Nesses casos há uma restrição legal uma vez que a comercialização de
determinado bem foi dada como garantia para o pagamento de dívida contraída.

▪ Elementos Particulares:

Apesar de não ser um elemento elencado entre os elementos necessários a


forma, é a materialização da vontade como se constitui o negócio jurídico, é
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determinado no artigo 104, inciso III, como um requisito para a validade ou não (Pinto
et Alli, 2007, pág. 271). "Art. 104 – A validade do negócio jurídico requer: III – forma
prescrita ou não defesa em lei".

- Forma – não se pode fazer de forma aleatória já que depende de alguns


requisitos pré-determinados seja pela formalidade seja pelo que a legislação
determinada (tipificação).

No que tange a formalidade, pode ser público ou particular. O primeiro se


fundamenta nos moldes emitidos pela legislação, podendo ser tanto pelo Estado
quanto por um de seus funcionários. Ao passo que a particular não necessita da
interferência de um funcionário do Estado, tendo que salientar que ambos seguirão a
formalidade de contrato particular.

▪ Elementos Naturais:

Abrangem todos os efeitos que decorrem da celebração do negócio jurídico,


não se fazendo necessário qualquer menção expressa, já que a própria legislação
determina as consequências na esfera jurídica.

▪ Elementos Acidentais:

São as estipulações ou cláusulas acessórias, que ambas as partes podem


adicionar em seu negócio a fim de modificar alguma das consequências naturais. A
ramificação civil da Ciência Jurídica elenca: condição, termo e modo ou encargo.

Vícios ou Defeitos do Negócio Jurídico

▪ Vícios de Consentimento

Os vícios de consentimentos estão relacionados à formação e declaração da


vontade da pessoa. Pode-se dizer que eles surgem no negócio jurídico em que o

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declarante está viciado, havendo fatos, anomalias que fazem com que a vontade
seja manifestada de uma forma que não era a real pretensão da pessoa.

Os vícios de consentimento, de acordo com o Código Civil de 2002, são:

- Erro ou Ignorância

- Dolo

- Coação

- Lesão

- Estado de perigo

- Erro ou Ignorância

O erro consiste falsa ideia da realidade, do real estado ou situação das coisas.
A pessoa supõe que é uma coisa, mas na verdade se trata de outra, podendo tornar
o negócio anulável. Neste caso, o agente erra sozinho, não sendo induzido a errar,
pois se fosse, caracterizar-se-ia como dolo.

A atual codificação, diz em seu artigo 138, que são anuláveis os negócios
celebrados com erro, desde que este seja substancial.

Nesse sentido, o erro é substancial quando interessar à natureza do negócio


(error in negotio), sendo aquele em a pessoa ao manifestar sua vontade pretendendo
praticar certo ato acaba praticando outro, ou seja, erro quanto à espécie de
negócio; quando interessar ao objeto principal da declaração (error in corpore) ou a
alguma das qualidades a ele essenciais (error in substantia). O primeiro diz respeito
ao objeto da negociação. Surge quando o agente supõe que está adquirindo certo
objeto ou coisa e, entretanto adquire outro objeto. Já outro (error in substantia) diz
respeito à característica, qualidade do objeto da negociação, característica essa que

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o torna único; quando interessar à identidade ou qualidade da pessoa (error in
persona) seria quando interessar às qualidades da pessoa em torno da declaração
de vontade. Somente nestes casos de erro, que se consegue a anulação do
negócio celebrado.

Um exemplo simples de erro é quando uma pessoa vai a uma relojoaria com
o intuito de comprar um relógio de ouro, mas ao chegar à loja não especifica, não
diz à vendedora que deseja e um relógio de ouro. Então compra um relógio
acreditando que é de ouro maciço, mas que na verdade é folheado a ouro.

- Dolo

O dolo define-se como a indução maliciosa a cometer o erro. Nota-se neste


que neste caso, o agente declarante da vontade não erra sozinho, o erro não é
espontâneo, ele é induzido a praticar ato que não seja de sua real vontade.

O dolo consiste em sugestões ou manobras maliciosamente levadas a efeito


por uma parte, a fim de conseguir da outra uma emissão de vontade que lhe traga
proveito, ou a terceiro.

Quanto aos tipos de dolo, o código civil trata de duas classificações: dolo
principal e dolo acidental. Entretanto, no artigo 145 do CC, diz que o negócio jurídico
só é anulado por dolo quando este for a sua causa, isto é, o negócio só é anulável
se este foi celebrado em consequência de que o agente foi induzido pela outra parte.

Dolo Principal (dolus causans dans contratui): é aquele em que é a causa


determinante da confirmação do negócio jurídico. Configura-se quando o negócio é
realizado e uma das partes utiliza-se de artifícios maliciosos para fazer que a outra
parte erre e realize o negócio normalmente. Em síntese, o agente é enganado acerca
da real situação e persuadido, fazendo com que acreditasse que aquele ato esteja
certo, e se não fosse induzido, não teria realizado o negócio.

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Dolo Acidental: como diz o artigo 146 do Código Civil de 2002: “O dolo
acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental quando, a seu
despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo”. Portanto, define-se
como aquele dolo que não é causa daquele ato (dolus incidens). Neste caso, o
agente realizaria o negócio em benefício próprio e independente da ação maliciosa
de outrem, porem o comportamento desta outra pessoa acaba influenciando nas
condições estipuladas. Essa espécie de dolo não torna o negócio anulável, apenas
obriga a parte que enganou a satisfazer a vítima por perdas e danos.

Dolo por Terceiro: é outro tipo de dolo, mas não muito importante, que ocorre
quando a parte que se aproveitar da outra tiver ciência ou não dos fatos. Se o autor
do dolo tinha conhecimento acerca dos fatos, o negócio torna-se anulável, mas se
não tiver conhecimento, o negócio não é anulável, entretanto a parte prejudicada
poderá requer perdas e danos.

- Coação

É conceituada como sendo a pressão física ou psicológica que é usada


contra o negociante a fim de obriga-lo a realizar atos que não lhe interessam
que não são do seu querer. A princípio a pessoa não tinha desejo, intensão de
realizar certo negócio, mas ela é forçada por outrem que se utiliza de algum motivo
ou fato a celebrar tal negócio. Neste caso, não há manifestação de vontade, que é
o elemento mais essencial para a efetivação do negócio. Em geral, existem as
seguintes espécies de coação:

Coação absoluta: que surge quando há violência física, isto é, o coator utiliza
de força física para obrigar uma pessoa a realizar certo ato ou negócio jurídico, e,
portanto, não possui nenhum consentimento da vítima, tornando o negócio ou ato
nulo, invalido.

Coação relativa ou moral: surge quando há uma violência, uma pressão,


psicológica ou moral. Nesta, o coator faz ameaças a vítima e a deixa escolhas, ou
seja, a pessoa realiza certo ato ou sofrerá as consequências da ameaça. Um
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exemplo que pode ser usado, é quando uma pessoa que esta portando arma de
fogo, ameaça outra pessoa, dizendo que se ela não realize certo negócio, ela irá
morrer.

- Estado de Perigo

O estado de perigo consiste em uma situação que o agente esta, como o


próprio nome diz, em perigo de vida. Constitui-se como a situação em que o
negociante, temeroso de grave estado de perigo, seja seu ou de sua família, assume
obrigação desproporcional e excessiva, e, sendo esta necessidade conhecida
pela outra parte por quem salva.

- Lesão

A lesão está preconizada, no Código Civil de 2002, em seu artigo 157. Para
que haja a lesão numa relação jurídica, é preciso que existam dois requisitos, sendo
um objetivo e o outro subjetivo.

O requisito objetivo diz respeito à onerosidade da prestação de uma parte


da relação, isto é, ao sacrifício, ao gasto que a pessoa irá ter em seu patrimônio
econômico. Portanto, a onerosidade deverá ser excessiva, ao tanto que a tornará
desproporcional à outra prestação, e consequentemente fazendo com o indivíduo
perca o interesse em manter o vínculo.

No que diz respeito ao requisito subjetivo, está relacionado com a pessoa


que compõe a relação jurídica. É a situação pessoal do indivíduo formador da
relação jurídica, sendo esta situação de premente necessidade ou por inexperiência
em celebrar negócios.

▪ Vícios Sociais

Nos denominados vícios sócias do negócio jurídico, ocorre o contrário dos


vícios do consentimento, pois enquanto este o defeito se encontra na declaração de
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vontade de umas das partes da relação processual, aquele se caracteriza pelo fato
de o defeito se encontrar na intenção do indivíduo em manifestar a sua vontade, em
que esta intenção é voltada para o fim de prejudicar o meio social, ou seja, para
enganar a sociedade, para enganar terceiros. Os vícios são:

- Fraude Contra Credores

- Simulação

- Da Fraude Contra Credores

“É todo artificio malicioso que uma pessoa emprega com intenção de


transgredir direito ou prejudicar interesses de terceiros” (Venosa, 2004, p. 49).

Nesses casos, o devedor quer fraudar, prejudicar interesses de terceiros ou


ainda burlar a lei. Entende-se que fraudar credores é o ato praticado pelo devedor,
que já está insolvente, ou que por praticar este ato, se torna insolvente causando
prejuízos aos credores.

É importante deixar claro que insolvente, é aquela pessoa que já não possui
patrimônio, condições econômicas de adimplir, de pagar o que deve.

Dessa forma, caracteriza-se pelo fato de o devedor, de um ou mais credores,


que assume obrigações com estes, mas não tem como cumprir a prestação, ou
quando possui condições, se desfaz de seu patrimônio, tornando-se insolvente, e,
portanto, não tendo como cumprir com a prestação que lhe cabe.

Observa-se então que existem dois requisitos, sendo o primeiro a má-fé do


devedor, ou seja, a malícia, o fato deste manifestar a sua vontade com o
planejamento de causar prejuízo para com o credor. O segundo requisito, diz
respeito à intenção do devedor de prejudicar o credor, tendo a consciência de
que está produzindo um dano. Esses requisitos, como se pode ver, são ambos de
ordem subjetiva.
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Esta modalidade de vício do negócio jurídico, está prevista legalmente nos
artigos 158 a 165 do Código Civil de 2002. Preceitua, nesse contexto, o mencionado
artigo 158 do CC/02, o qual cita quais as hipóteses que podem ocorrer à fraude
contra credores, in verbis:

Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão


de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por
eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore,
poderá ser anulado pelos credores quirografários, como
lesivos dos seus direitos.”

§ 1o Igual direito assiste aos credores cuja garantia se


tornar insuficiente.

§ 2o Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos


podem pleitear a anulação deles.

Pela leitura do caput do art. 158 do Código Civil, observa-se que


consequentemente o negócio se tornará anulável.

- Da Simulação

Esta espécie de vicio social do negócio jurídico, está estabelecida no


artigo 167 do Código Civil Brasileiro de 2002, que diz:

“É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá


o que se dissimulou se válido for na substância e na
forma”. § 1º Haverá simulação nos negócios jurídicos
quando:

I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a


pessoas diversas daquelas às quais realmente se
conferem, ou transmitem;
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II - contiverem declaração, confissão, condição ou
cláusula não verdadeira;

III - os instrumentos particulares forem


antedatados, ou pós-datados.

§ 2º Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-


fé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado.

Preliminarmente, simulação, significa enganar, iludir. Tal ilusão se configura


no fato de a manifestação da vontade das partes, se diverge da real intenção destas
ao celebrar o pacto jurídico. Nesse contexto, há o conluio das partes, que
intencionalmente celebram o negócio manifestando a falsa vontade, a falsa
realidade, mas o real querer delas é intrinsicamente divergente do que foi declarado.

Em resumo, há a manifestação da vontade das partes em pactuar e produzir


os efeitos inerentes ao negócio jurídico, mas no plano dos fatos, estes efeitos
existem para iludir, enganar terceiros que não estejam envolvidos na relação, sobre
a real situação que está acontecendo entre as partes, sendo o conteúdo do pacto
inverídico.

Teoria das Nulidades do Negócio Jurídico

A Nulidade do negócio jurídico é a sanção imposta pela norma jurídica que


determina a privação dos efeitos jurídicos do negócio praticado em desobediência ao
que prescreve.

A Nulidade Absoluta é uma penalidade que, ante a gravidade do atentado à


ordem jurídica, consiste na privação da eficácia jurídica que teria o negócio, caso fosse
conforme a lei; um ato que resulta em nulidade é como se nunca tivesse existido
desde sua formação, pois a declaração de sua invalidade produz efeito ex tunc;
são nulos os atos negociais inquinados por vícios essenciais, não podendo ter
obviamente, qualquer eficácia jurídica, por exemplo, quando lhe faltar qualquer
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elemento essencial, ou seja, se for praticado por pessoa absolutamente incapaz; se
tiver objeto ilícito ou impossível; se não se revestir de forma prescrita em lei; quando
for praticado com infração à lei e os bons costumes, mesmo tendo os elementos
essenciais; e quando a lei taxativamente o declarar nulo ou lhe negar efeito.

Já a Nulidade Relativa ou Anulabilidade refere-se a negócios que se acham


inquinados de vício capaz de lhes determinar a ineficácia, mas que poderá ser
eliminado, restabelecendo-se a sua normalidade; gera efeitos ex nunc, de modo
que o negócio produz efeitos até esse momento; serão anuláveis os atos negociais:
se praticados por pessoa relativamente incapaz, sem a devida assistência; se viciados
por erro, dolo, coação, simulação ou fraude; se a lei assim o declarar, tendo em vista
a situação particular em que se encontra determinada pessoa.

Distinções entre nulidade e anulabilidade:

- A absoluta é decretada no interesse da coletividade, tendo eficácia erga


omnes; a relativa, no interesse do prejudicado, abrangendo apenas as pessoas que
alegaram;

- A nulidade pode ser arguida por qualquer interessado, pelo MP e pelo juiz de
ofício; a anulabilidade só poderá ser alegada pelos prejudicados ou seus
representantes, não podendo ser decretada de ofício pelo juiz;

- A absoluta não pode ser suprida pelo juiz, nem ratificada; a relativa pode ser
suprida e ratificada;

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- A nulidade, em regra, não prescreve; a anulabilidade é prescritível em prazos
mais ou menos exíguos.

Vale salientar que a Convalidação é a transformação de ato anulável em ato


plenamente válido, enquanto que a Ratificação é a aprovação, a confirmação ou a
homologação de ato jurídico praticado pela parte contrária, ou de ato anulável, pela
própria parte.

Ato jurídico inexistente é aquele que contém grau de nulidade tão relevante,
que nem chega a entrar no mundo jurídico, independendo de ação para ser declarado
como tal; é inconvalidável.

Ato jurídico ineficaz é o ato jurídico perfeito, válido somente entre as partes,
mas que não produz efeitos perante terceiros (ineficácia relativa) ou então não produz
efeito perante ninguém (ineficácia absoluta).

Os Fatos Jurídicos em sentido amplo podem ser divididos


em:
▪ Fatos Jurídicos Naturais (fatos jurídicos em sentido
Fatos estrito)
Jurídicos ▪ Fatos Jurídicos Humanos (atos jurídicos em sentido
amplo).
Os Fatos Jurídicos Humanos, ou atos jurídicos em
sentido amplo, são, as situações juridicamente relevantes
que tem origem em uma vontade humana, que as criam,
modificam, transferem ou extinguem direitos, subdividem-se
em:
▪ Lícitos
▪ Ilícitos
Os atos jurídicos dividem-se em:
Atos Jurídicos ▪ Ato Jurídico em sentido estrito ou Ato Lícito
▪ Atos-fatos Jurídicos ou Atos Ilícitos
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Negócio De acordo com o Art. 104, Incisos: I, II, CC/02:
Jurídico
"Art. 104 – A validade do negócio jurídico requer:
I – agente capaz;
II – objeto lícito, possível, determinado ou determinável".
Vícios ou Os vícios de consentimento, são:
Defeitos do ▪ Erro ou Ignorância
Negócio ▪ Dolo
Jurídico ▪ Coação
▪ Lesão
▪ Estado de perigo
Os vícios sócias são:
▪ Fraude Contra Credores
▪ Simulação
Nulidade Do A nulidade do negócio jurídico é a sanção imposta pela
Negócio norma jurídica que determina a privação dos efeitos jurídicos
Jurídico do negócio praticado em desobediência ao que prescreve.
Pode ser:
▪ Nulidade Absoluta
▪ Nulidade Relativa ou Anulabilidade

1 Teoria Geral do Fato Jurídico. Disponível em:< https://fborsonaro.wordpress.com/2016/06/15/teoria-geral-do-fato-juridico/ > Acesso


em: 29 de Dezembro de 2017.

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Defeitos Vício Efeito

Erro Vontade Anulável

Dolo Vontade Anulável

Coação Vontade Anulável

Lesão Vontade Anulável

Estado de Perigo Vontade Anulável

Fraude contra Credores Social Anulável

Simulação Social Nulo

2
Direito Civil – Negócio Jurídico. Disponível em:<https://www.youtube.com/watch?v=bImvWWt8HOA> Acesso em: 29 de Dezembro de
2017.
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3

3
Invalidade do negócio jurídico. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8611>
Acesso em: 29 de Dezembro de 2017.
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JURISPRUDÊNCIA

Venda do bem pelo sócio antes da desconsideração da personalidade jurídica


e do redirecionamento da execução para a pessoa física
Direito Civil Negócio jurídico Fraude contra credores

Origem: STJ

Ementa Oficial
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS DE
TERCEIRO.
ALIENAÇÃO DE IMÓVEL POR SÓCIO DA PESSOA JURÍDICA ANTES DO
REDIRECIONAMENTO DA EXECUÇÃO. DESCONSIDERAÇÃO DA
PERSONALIDADE JURÍDICA. FRAUDE À EXECUÇÃO NÃO CONFIGURADA.
1. Cinge-se a controvérsia em determinar se a venda de imóvel realizada por sócio de
empresa executada, após a citação desta em ação de execução, mas antes da
desconsideração da personalidade jurídica da empresa, configura fraude à execução.
2. A fraude à execução só poderá ser reconhecida se o ato de disposição do bem for
posterior à citação válida do sócio devedor, quando redirecionada a execução que
fora originariamente proposta em face da pessoa jurídica.
3. Na hipótese dos autos, ao tempo da alienação do imóvel corria demanda executiva
apenas contra a empresa da qual os alienantes eram sócios, tendo a desconsideração
da personalidade jurídica ocorrido mais de três anos após a venda do bem. Inviável,
portanto, o reconhecimento de fraude à execução.
4. Recurso especial não provido.
(REsp 1391830/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado
em 22/11/2016, DJe 01/12/2016)

Impossibilidade de convalidação de negócio jurídico celebrado mediante a


falsificação de assinatura de sócio
Direito Civil Negócio jurídico Fraude contra credores

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Origem: STJ

Ementa Oficial
RECURSOS ESPECIAIS. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE. 1.
ALTERAÇÃO CONTRATUAL REALIZADA MEDIANTE FALSIFICAÇÃO DA
ASSINATURA DO SÓCIO CONTROLADOR DA EMPRESA. CONVALIDAÇÃO
ADMITIDA PELAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS. 2. NEGÓCIO JURÍDICO NULO DE
PLENO DIREITO. AUSÊNCIA DE MANIFESTAÇÃO DA VONTADE DO
DECLARANTE. ILICITUDE DA OPERAÇÃO REALIZADA. INTELIGÊNCIA DO ART.
166, II, DO CÓDIGO CIVIL. 3.
IMPOSSIBILIDADE DE RATIFICAÇÃO (CONVALIDAÇÃO). ART. 169 DO CÓDIGO
CIVIL. NORMA COGENTE. NULIDADE ABSOLUTA (EX TUNC). VIOLAÇÃO AO
INTERESSE PÚBLICO. NEGÓCIO REALIZADO POR MEIO DE COMETIMENTO DE
CRIME PREVISTO NO CÓDIGO PENAL. SUPRIMENTO DA NULIDADE PELO JUIZ.
INVIABILIDADE. ART. 168, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CC/02. 4. A MANUTENÇÃO
DO ARQUIVAMENTO, PERANTE A JUNTA COMERCIAL, DE DECLARAÇÃO CUJA
ASSINATURA DE UM DOS SIGNATÁRIOS É SABIDAMENTE FALSA REVELA,
AINDA, OFENSA AO PRINCÍPIO DA VERDADE REAL, NORTEADOR DOS
REGISTROS PÚBLICOS. 5. SOMENTE COM A RENOVAÇÃO (REPETIÇÃO) DO
NEGÓCIO, SEM OS VÍCIOS QUE O MACULARAM, SERIA POSSÍVEL VALIDAR A
TRANSFERÊNCIA DO CONTROLE SOCIETÁRIO DA EMPRESA, O QUE NÃO
OCORREU NO CASO CONCRETO.
6. RECURSOS PROVIDOS.
1. Hipótese em que as instâncias ordinárias concluíram que, embora tenha havido a
falsificação da assinatura do sócio majoritário nas alterações contratuais arquivadas
na Junta Comercial, em que se transferiu o controle societário da empresa Servport -
Serviços Portuários e Marítimos Ltda. para os réus, o referido negócio foi convalidado,
pois o autor lavrou escritura pública ratificando o ocorrido e dando ampla, geral e
irrevogável quitação.
2. A questão posta em discussão trata de nulidade absoluta, pois o art. 166, inciso II,
do Código Civil proclama ser nulo o negócio quando for ilícito o seu objeto, valendo
ressaltar que essa ilicitude não é apenas do bem da vida em discussão, mas, também,

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da própria operação jurídica realizada, a qual, no caso, configura, inclusive, crime
previsto no Código Penal.
2.1. Com efeito, embora não haja qualquer vício no objeto propriamente dito do
negócio jurídico em questão (cessão das cotas sociais da empresa Servport), a
operação realizada para esse fim revela-se manifestamente ilícita (falsificação da
assinatura de um dos sócios), tornando o negócio celebrado nulo de pleno direito,
sendo, portanto, inapto a produzir qualquer efeito jurídico entre as partes.
3. A teor do disposto nos arts. 168, parágrafo único, e 169, ambos do Código Civil, a
nulidade absoluta do negócio jurídico gera, como consequência, a insuscetibilidade
de convalidação, não sendo permitido nem mesmo ao juiz suprimir o vício, ainda que
haja expresso requerimento das partes.
4. Ademais, a manutenção do arquivamento de negócio jurídico perante a Junta
Comercial, cuja assinatura de um dos declarantes é sabidamente falsa, ofende, ainda,
o princípio da verdade real, o qual norteia o sistema dos registros públicos.
5. Se as partes tinham interesse em manter a transferência das cotas da empresa
Servport, deveriam renovar (repetir) o negócio jurídico, sem a falsificação da
assinatura de quaisquer dos envolvidos, ocasião em que os efeitos seriam válidos a
partir de então, isto é, a alteração do quadro societário somente se daria no momento
do novo negócio jurídico, o que, contudo, não ocorreu na espécie.
6. Recursos especiais providos.
(REsp 1368960/RJ, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA,
julgado em 07/06/2016, DJe 10/06/2016)

Simulação alegada pelo réu em sede de contestação


Direito Civil Negócio jurídico Fraude contra credores

Origem: STJ

Ementa Oficial
RECURSO ESPECIAL - AÇÃO DE IMISSÃO DE POSSE CUMULADA COM
AÇÃO CONDENATÓRIA - COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA FIRMADO COM
CLÁUSULA DE RETROVENDA - AO CONCLUIR QUE O NEGÓCIO JURÍDICO FOI

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CELEBRADO NO INTUITO DE GARANTIR CONTRATO DE MÚTUO USURÁRIO E,
PORTANTO, CONSISTIU EM SIMULAÇÃO PARA OCULTAR A EXISTÊNCIA DE
PACTO COMISSÓRIO, O TRIBUNAL DE ORIGEM PROCEDEU À REFORMA DA
SENTENÇA PROFERIDA PELO MAGISTRADO SINGULAR, JULGANDO
IMPROCEDENTES OS PEDIDOS VEICULADOS NA DEMANDA - PACTO
COMISSÓRIO - VEDAÇÃO EXPRESSA - ARTIGO 765 DO CÓDIGO CIVIL 1916 -
NULIDADE ABSOLUTA - MITIGAÇÃO DA REGRA INSERTA NO ARTIGO 104 DO
DIPLOMA CIVILISTA (1916) - POSSIBILIDADE DE ARGUIÇÃO COMO MATÉRIA DE
DEFESA - INSURGÊNCIA RECURSAL DA PARTE AUTORA.
Ação de imissão de posse cumulada com ação condenatória ajuizada pelo
promissário comprador em face de um dos alienantes, visando à desocupação do
imóvel, bem assim ao ressarcimento dos prejuízos experimentados (aluguéis).
Sentença de procedência reformada pelo Tribunal de origem, ao reputar demonstrada
a simulação e o pacto comissório firmado entre as partes e, portanto, a nulidade do
compromisso de compra e venda com cláusula de retrovenda, julgando
improcedentes os pedidos veiculados na demanda.
1. A ausência de debate, pelas instâncias ordinárias, do conteúdo normativo dos
dispositivos apontados como violados impede o conhecimento das teses recursais
subjacentes, porquanto não configurado o necessário prequestionamento. Incidência
do óbice inserto na Súmula 211/STJ.
2. É nulo o compromisso de compra e venda que, em realidade, traduz-se como
instrumento para o credor ficar com o bem dado em garantia em relação a obrigações
decorrentes de contrato de mútuo usurário, se estas não forem adimplidas. Isso
porque, neste caso, a simulação, ainda que sob o regime do Código Civil de 1916 e,
portanto, concebida como defeito do negócio jurídico, visa encobrir a existência de
verdadeiro pacto comissório, expressamente vedado pelo artigo 765 do Código Civil
anterior (1916).
2.1 Impedir o devedor de alegar a simulação, realizada com intuito de encobrir ilícito
que favorece o credor, vai de encontro ao princípio da equidade, na medida em que o
"respeito aparente ao disposto no artigo 104 do Código Civil importaria manifesto
desrespeito à norma de ordem pública, que é a do artigo 765 do mesmo Código", que
visa, a toda evidência, proteger o dono da coisa dada em garantia (Cf. REsp nº

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21.681/SP, Rel. Ministro Eduardo Ribeiro, Terceira Turma, DJ 03/08/1992) 2.2 Inexiste
para o interessado na declaração da nulidade absoluta de determinado negócio
jurídico, o ônus de propor ação ou reconvenção, pois, tratando-se de objeção
substancial, pode ser arguida em defesa, bem como pronunciada ex officio pelo
julgador.
3. Recurso especial conhecido em parte e, na extensão, não provido.
(REsp 1076571/SP, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em
11/03/2014, DJe 18/03/2014)

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REFERÊNCIA

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BECCARIA, Cesare Bonesana. Dos delitos e das penas. Tradução Maurício Barca;
revisão da tradução Camila de Souza Olivetti. Diadema. SP: Germape, 2003.

CAVALCANTE, Márcio André Lopes. VADE MECUM DE JURISPRUDÊNCIA DIZER


O DIREITO. 2. ed. rev. e ampl. Salvador: Jus Podivm, 2017.

CHAVES, Rodrigo Costa. A prescrição e a decadência no Direito Civil. Boletim


Jurídico. <http://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp?id=281> (Acesso em 22
out. 2017)

DINIZ, Maria Helena. Código Civil Anotado. 15ª ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva,
2010, p. 867 e 873.

_________________. Curso de Direito Civil Brasileiro – Teoria Geral do Direito


Civil (ed. 21ª rev., aum. e atual.). São Paulo: Saraiva, 2003.

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FERNANDES, Francisco; LUFT, Celso Pedro; GUIMARÃES, F. Marques. Dicionário


Brasileiro Globo (ed. 53ª). São Paulo: Globo S.A., 2000.

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GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de Direito Civil,
volume I: parte geral. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.

GAMA, R. R. Dicionário Básico Jurídico (ed. 1ª). Campinas: Russel, 2006.

GUSMÃO, Gustavo. Os Fatos Jurídicos e sua Classificação. Disponível em:


<http://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp?id=97>. Acesso dia 09 de
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MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil: Direito das Coisas. v.


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PENTEADO JÚNIOR, Cássio M. C. O negócio jurídico no novo Código Civil.


Disponível em: < http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=5279>. Acesso dia 13 de
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PINTO, Antonio Luiz de Toledo; WINDT, Márcia Cristina Vaz dos Santos; CÉSPEDES,
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REALE. Miguel. Nova Fase do Direito Moderno. São Paulo: Editora Saraiva, 1998.

RIBEIRO, Alex Sandro. Capacidade e legitimação nos Negócios


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TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil: volume único. 3. ed. rev., atual. e ampl.
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Disponível em: https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia

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