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NEGÓCIOS JURÍDICOS
DIREITO CIVIL
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Fato jurídico em sentido amplo é todo acontecimento, natural ou humano,
apto a criar, modificar ou extinguir relações jurídicas. Nem todo fato material
é fato jurídico, porque fato jurídico é apenas aquele relevante para o direito.
O fato jurídico em sentido amplo divide-se em fato jurídico em sentido
estrito (que, por sua vez, subdivide-se em ordinário e extraordinário), ato-
fato e ação humana (essa bifurca-se em ato jurídico em sentido amplo e ato
ilícito).
O fato jurídico em sentido estrito é todo acontecimento natural relevante
para o direito. São fatos da natureza, que não dependem da vontade do
homem. Podem ser ordinários, que são os comuns (nascimento, morte
natural, decurso do tempo, p. ex.), ou extraordinários, os quais têm carga de
imprevisibilidade ou inevitabilidade (p. ex., inesperado furacão no litoral que
causa efeitos jurídicos).
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• Fatos correspondentes à previsão de norma
jurídica.
“Os acontecimentos da vida humana precisam ‘tocar’ o direito para que se
qualifiquem como jurídicos” (M. Amália Alvarenga) .
Fato jurídico
• Atos jurídicos – fatos jurídicos humanos
• Condutas juridicamente relevantes
• Ação (ato, acto, actio, ação)
• Omissão, quando a ação era devida
• Criação, transferência, modificação e extinção de dir. e
obr.
• Classificação:
• Atos lícitos – praticado em acordo com o que determina
o Direito, produzindo efeitos legais esperados.
• Atos ilícitos – em desacordo com o ordenamento jurídico
Atos jurídicos
Ato-fato jurídico é uma categoria intermediária, tem algo do fato da natureza e algo da
ação do homem. No ato-fato, embora o comportamento derive do homem e deflagre
efeitos jurídicos, é desprovido de voluntariedade e consciência em direção ao resultado
jurídico existente.
Ex.: uma pessoa, ao contemplar um quadro num museu, tem uma micro-hemorragia no
nariz e espirra sangue na obra-prima. Realizou um comportamento humano voluntário? É
ato ou fato jurídico? Ato reflexo é voluntário ou não? Isso é um ato (provém do homem)
ou é um fato (provém da natureza)? Há comportamentos que estão entre o fato e o ato,
que são o ato-fato.
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O ato jurídico em sentido amplo sofre uma subdivisão: ato jurídico em
sentido estrito (ato não negocial, é um simples comportamento
humano voluntário e consciente, cujos efeitos estão previamente
determinados em lei; não há autonomia negocial ou livre iniciativa; são
meros atos materiais, comportamentos humanos, atos reais, atos da
vida, atos de comunicação; p. ex., percepção de um fruto,
apropriando-se dele) e negócio jurídico (dotado da liberdade na
escolha de seus efeitos, fruto da autonomia privada, embora a
autonomia hoje esteja limitada por valores constitucionais, já que foi
reconstruída a partir da constitucionalização do direito civil; p. ex.,
testamento, contrato).
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+ + + + Autonomia - - - -
• Ato jurídico – manifestação de simples intenção, com
consequência pré-estabelecida pela lei. (Ex:
emancipação; reconhecimento de paternidade).
• Negócio jurídico – manifestação qualificada de vontade,
com intenção de adquirir, modificar ou extinguir
direitos, conforme intenção dos agentes.
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c) Ato-fato jurídico (ou ato real)
Além desses conceitos, parte considerada da doutrina traz o
denominado ato-fato jurídico.
Paulo Lôbo estabelece que os atos-fatos jurídicos são atos, ou
comportamentos humanos, em que não houve vontade, ou tendo
havido vontade, o direito não a considerou.
Nos atos-fatos jurídicos, a vontade não integra o suporte fático, visto
que é a lei que faz o ato-fato jurídico, atribuindo consequências ou
efeitos independentemente da parte ou do sujeito
ter desejado ou não estes efeitos.
Exemplo: descoberta de um tesouro sem querer.
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ATO-FATO???
Pontes de Miranda.
NEGÓCIO JURÍDICO
ORDINÁRIOS
FATOS JURÍDICOS
SENTIDO ESTRITO
EXTRAORDINÁRIOS
FATOS ATO FATO
JURÍDICOS
ILÍCITOS
• PARA MIGUEL REALE, “NEGÓCIO JURÍDICO É AQUELA ESPÉCIE DE ATO JURÍDICO QUE,
ALÉM DE SE ORIGINAR DE UM ATO DE VONTADE, IMPLICA NA DECLARAÇÃO EXPRESSA
DA VONTADE, INSTAURADORA DE UMA RELAÇÃO ENTRE DOIS OU MAIS SUJEITOS TENDO
EM VISTA UM OBJETIVO PROTEGIDO PELO ORDENAMENTO JURÍDICO”.
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• Há quem defenda que o Código Civil teria adotado a primeira das teorias,
a partir de uma interpretação açodada do art. 112 do CC.
• A maioria da doutrina, porém, sustenta que houve a adoção de uma
posição intermediária, compatibilizando a vontade pretendida (vale
dizer, afasta-se a exclusiva interpretação literal) com a vontade
externada, a exemplo do art. 112 do CC.
• Ocorre que as duas vontades têm que ser consideradas, o negócio é o
que se pensa e o que se declara.
• As teorias se conjugam. Se o que foi declarado não correspondeu ao
pensado, é porque houve um vício de vontade (erro, dolo, etc.).
• O art. 112, do CC, estatui que nas declarações de vontade se atenderá
mais à intenção nela consubstanciada do que ao sentido literal da
linguagem.
• Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas
consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem. 20
• Ainda além vão Cristiano Chaves, Rosenvald e Felipe Braga Netto ao
afirmarem que hoje não basta a intenção, tampouco a vontade, e
apontam o art. 113 do CC, ressaltando a importância da boa-fé e dos
usos como guias para a interpretação do negócio jurídico.
• Espécies:
• Subjetiva: estado de consciência, ânimo
• Violação: dolo
• Objetiva: modelo de conduta social paradigmático da
pessoa reta, honesta e proba.
Boa-fé
• Função interpretativa: o NJ deve ser interpretado como se
visasse a atingir o resultado que dele licitamente se espera.
CC, Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos
do lugar de sua celebração.
Boa-fé objetiva e NJ
• Proibição de comportamento contraditório – vedação de agir contra comportamento prévio.
• Ex: Ex: Saraiva, Danilo. Comprou DDAA, pediu tradução, prometeu remuneração, mas na hora do
contrato de edição recusa-se a (i) dar crédito e (ii) remunerar o prometido, sabendo que o tradutor não
poderá vender a tradução para outra editora pois a Saraiva já comprou os DDAA.
• Dever de informação e esclarecimento – as comunicações típicas da obrigação devem ser claras e
transparentes.
• Ex: Ausência de comunicação sobre fator de risco relevante em contrato de seguro - benefício indevido.
• Seguro de vida e suicídio. Se houve premeditação, não é devido. Se não houve, é nula a cláusula contratual
que isente seguradora.
• Cobrança de valores sem especificar a quê se referem - proibição.
• Dever de cooperação e lealdade – cada parte deve realizar as condutas necessárias à eficácia do negócio
(coop.), não podendo causar prejuízos desnecessários à outra (leal.)
• Dever de proteção e cuidado – agir para impedir danos à integridade de terceiros.
• Dever de sigilo – não divulgar informações que possam expor ou prejudicar a parte.
• Ex: Ex funcionário tem dever de sigilo em relação a informações estratégicas da ex empregadora
(segredos de tecnologia, p. ex.)
Deveres secundários
Teorias explicativas da natureza jurídica do negócio jurídico
É uma teoria mais objetiva e afirmava que o negócio jurídico teria a sua essência, não na vontade interna, mas na
vontade externa ou declarada.
Afirma que o núcleo essencial do negócio jurídico seria a vontade interna, a intenção do agente; o negócio jurídico se
explica pela intenção do agente.
Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do
que ao sentido literal da linguagem.
Qual a teoria que se aplica?? A vontade interna é refletida por meio da externa
Teoria da pressuposição: sustenta a invalidade do negócio jurídico quando a certeza subjetiva do declarante
não se confirmar ao tempo da execução do negócio. (influenciou a teoria da imprevisão)
Questões especiais envolvendo a manifestação de vontade: reserva mental,
declarações não sérias e o silêncio
No que concerne à manifestação da vontade, a doutrina destaca três questões que
merecem maior aprofundamento, quais sejam, a “reserva mental”, as “declarações não
sérias” e o “silêncio”.
Por reserva mental entende-se a hipótese em que a vontade declarada destoa
da vontade real, tendo o agente o objetivo de enganar a contraparte do negócio jurídico,
ainda que não gere prejuízos ao enganado.
O Código Civil de 2002, em regra inovadora, disciplinou o tema em seu art. 110,
estabelecendo ser irrelevante a reserva mental, salvo se a outra parte dela tinha
conhecimento.
Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva
mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento.
Assim, caso aquele que emite a declaração de vontade faça a reserva mental, vale a
vontade declarada, sendo inoponível a reserva ao suposto enganado.
Por outro lado, se ambas as partes conheciam a reserva, estar-se-ia diante de simulação
ou vício semelhante (a ser estudada adiante). 26
Por declarações não sérias entende-se a hipótese em que não
existe a intenção de conclusão do negócio.
Cristiano Chaves, Nelson Rosenvald e Felipe Netto afirmam que “a
consciência de que se está praticando um ato jurídico não é
necessária”, e ilustram com a assertiva de que muitas vezes
estamos praticando atos jurídicos sem que disso tenhamos
consciência (pagar a passagem do ônibus – contrato de transporte;
pedir um café na padaria – contrato de compra e venda), mas “a
consciência dos efeitos contextualizados daquilo que se está
manifestando ou declarando” é relevante, e citam, como exemplo,
a hipótese em que alguém, em um leilão, faz um movimento
involuntário de levantar a mão, o que não pode ser tido como um
lance. 27
Por fim, o silêncio, que nos termos do art. 111 do CC,
“importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o
autorizarem, e não for necessária a declaração de
vontade expressa”.
Convém destacar outras regras do CC sobre os efeitos do
silêncio, previstas nos arts. 147, 326, 432, 539, 659 e 1.807,
que devem ser lidos oportunamente.
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Interpretação do negócio jurídico
No que concerne à interpretação do negócio jurídico, convém
destacar a norma contida do art. 114 do CC, fixando regra de
interpretação estrita para os negócios jurídicos benéficos e a
renúncia.
A doutrina aponta que o princípio da conservação do negócio
jurídico, positivado no art. 184 do CC e também presente no
art. 51, parágrafo 2º do CDC, deve estar sempre presente
quando da análise do negócio jurídico, buscando atender à
efetividade do contrato.
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II. Classificação do negócio jurídico
As classificações do negócio jurídico servem tanto para o negócio jurídico quanto para o ato
jurídico stricto sensu.
a) Quanto às manifestações de vontade dos envolvidos
Negócios jurídicos unilaterais: a declaração de vontade emana de apenas uma pessoa. Ex.:
testamento, renúncia. É possível também falar em:
o Negócios unilaterais receptícios: em que a declaração deve ser levada ao conhecimento
do destinatário, momento em que passará a produzir efeitos (ex.: promessa de
recompensa).
o Negócios unilaterais não receptícios: em que o conhecimento do destinatário é
irrelevante (ex.: testamento).
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b) Quanto às vantagens patrimoniais dos envolvidos
• Negócios jurídicos gratuitos: há um ato de liberalidade. Ex.:
doação.
• Negócios jurídicos onerosos: em ambos os lados há sacríficos
de vontades. Ex.: compra e venda.
• Negócios jurídicos neutros: são aqueles em que não há uma
atribuição patrimonial determinada. Ex.: instituição de um bem
de família voluntário.
• Negócios jurídicos bifrontes: são aqueles em que poderão ser
gratuitos ou poderão ser onerosos, a depender do contrato. Ex.:
mandato, depósito, etc. Se o sujeito está recebendo pelo
mandato, será oneroso, senão será gratuito.
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Por fim, os negócios jurídicos neutros não revelam
atribuição patrimonial, motivo pelo qual não são tidos por
gratuitos ou onerosos; são negócios jurídicos em que há
uma destinação especial de um bem, a exemplo da
constituição de um bem de família, ou da imposição da
cláusula de impenhorabilidade, inalienabilidade e
incomunicabilidade;
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c) Quanto aos efeitos no aspecto temporal
• Negócios jurídicos inter vivos: destinam-se a produzir efeitos
durante a vida dos negociantes.
• Negócios jurídicos mortis causa: destinam-se a produzir
efeitos após a morte de determinada pessoa. Ex.: testamento
e o legado.
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d) Quanto à necessidade ou não de solenidades e
formalidades
• Negócios jurídicos formais ou solenes: são aqueles
que obedecem a uma forma ou solenidade para ser
concluído.
• Negócios jurídicos informais: não é necessário forma
ou solenidade para o ato. Ex.: locação e prestação de
serviços.
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f) Quanto às condições especiais dos negociantes
• Negócios jurídicos impessoais: o negócio jurídico não depende
de qualquer condição dos envolvidos. A prestação pode ser
cumprida tanto pelo contratante ou por terceiros. Ex.: caso não
queira comprar o carro numa loja, compra o mesmo carro noutra.
• Negócios jurídicos pessoais (intuito personae): o negócio
jurídico depende de uma condição especial de um dos
negociantes. Trata-se de uma obrigação infungível. Ex.:
contratação de um pintor para fazer um quadro na casa do
sujeito, contratação de um show da Ivete Sangalo.
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g) Quanto ao momento de aperfeiçoamento
• Negócios jurídicos consensuais: o negócio jurídico já
gera efeitos a partir do momento em que ocorre o
acordo de vontades. Ex.: compra e venda.
• Negócios jurídicos reais: o negócio jurídico gera
efeito a partir da entrega do objeto (tradição). Ex.:
comodato e mútuo.
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h) Principais e acessórios: classificação que leva
em conta eventual relação de dependência entre
um contrato e outro.
Exemplo da fiança, que é um contrato acessório
em relação aquele contrato de que serve de
garantia, tido como contrato principal;
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i) Causais e abstratos: os negócios jurídicos causais são
aqueles que se mantêm ligados à causa de sua pactuação,
a exemplo dos contratos; ao passo que abstratos são
aqueles que se desvinculam de sua causa, produzindo
efeitos de forma independente do contrato que lhes deu
origem, a exemplo dos títulos de créditos;
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j) Constitutivos e declarativos: classificação que leva em conta o
momento em que os efeitos do negócio jurídico se produzem –
os constitutivos geram efeitos ex nunc, vale dizer, não
retroagem, ao passo que os declarativos geram efeitos ex tunc,
vale dizer, retroagem ao momento em que o objeto do contrato
se implementou;
k) Típicos e atípicos: são típicos aqueles que estão previstos em
lei, ao passo que atípicos aqueles que não estão; nesse sentido,
cabe lembrar que o art. 425 do CPC permite a pactuação de
contratos atípicos;
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l) Simples e mistos: entende-se por simples os negócios
jurídicos marcados por uma única causa, e mistos os negócios
jurídicos “que resultam de uma reunião de vários negócios
jurídicos, com causas ou funções econômico-sociais
potencialmente distintas, como a locação de uma loja em
shopping center” (Cristiano Chaves, Nelson Rosenvald e Felipe
Netto).
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QUANTO A NÚMERO DE DECLARANTES: UNILATERAIS – ÚNICA MANIFESTAÇÃO DE VONTADE, PODENDO SER
RECEPTÍCIOS (DESTINATÁRIO DEVE SABER PARA TER EFEITOS, COMO REVOGAÇÃO DE PROCURAÇÕES) OU NÃO
RECEPTÍCIOS (NÃO PRECISA DE CIÊNCIA DO DESTINATÁRIO, COMO TESTAMENTOS); BILATERAIS – COM DUAS
MANIFESTAÇÕES DE VONTADE COINCIDENTES SOBRE O MESMO OBJETO, O QUE SE CHAMA DE
CONSENTIMENTO MÚTUO OU ACORDO DE VONTADES, PODENDO SER SIMPLES (UMA PARTE AUFERE
VANTAGEM) OU SINALAGMÁTICOS (VANTAGENS RECÍPROCAS, DERIVA DO VOCÁBULO GREGO SINALAGMA, QUE
SIGNIFICA CONTRATO COM RECIPROCIDADE); PLURILATERAIS - QUE SÃO CONTRATOS QUE ENVOLVEM MAIS DE
DUAS PARTES, COMO CONTRATO DE SOCIEDADE COM MAIS DE DOIS SÓCIOS E OS CONSÓRCIOS DE BENS; A
DOUTRINA TRATA COMO ACORDOS.
QUANTO ÀS VANTAGENS PATRIMONIAIS: PODEM SER GRATUITOS – QUANDO APENAS UMA DAS PARTES
AUFERE VANTAGEM OU BENEFÍCIO, COMO DOAÇÃO E COMODATO; ONEROSOS – QUANDO AMBOS OS
CONTRATANTES AUFEREM VANTAGENS ÀS QUAIS CORRESPONDEM UM SACRIFÍCIO OU UMA
CONTRAPRESTAÇÃO. OS ONEROSOS PODEM SER COMUTATIVOS (PRESTAÇÕES CERTAS E DETERMINADAS) OU
ALEATÓRIOS (CARACTERIZADOS PELA INCERTEZA, O RISCO É A ESSÊNCIA DO NEGÓCIO); BIFRONTES – SÃO OS
QUE PODEM SER ONEROSOS OU GRATUITOS, SEGUNDO A VONTADE DAS PARTES, COMO O MÚTUO, O
MANDATO, O DEPÓSITO. NEM TODO CONTRATO GRATUITO PODE SE TORNAR ONEROSO, COMO POR EXEMPLO A
DOAÇÃO E O COMODATO, POIS, NESTES CASOS TORNAR-SE-IAM VENDA E LOCAÇÃO, RESPECTIVAMENTE,
SEGUNDO ORLANDO GOMES; NEUTROS - CARACTERIZAM-SE PELA DESTINAÇÃO DO BEM, UMA VINCULAÇÃO DO
BEM COMO A CLÁUSULA DE INCOMUNICABILIDADE E INALIENABILIADEDE.
QUANTO AO MODO DE EXISTÊNCIA: PRINCIPAIS – SÃO OS QUE TEM EXISTÊNCIA PRÓPRIA E NÃO DEPENDEM DE
ELEMENTOS DO NEGÓCIO JURÍDICO E
PLANOS DE ANÁLISE DO NEGÓCIO JURÍDICO
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Noções gerais
• Os negócios jurídicos possuem elementos essenciais e elementos
acidentais.
• São essenciais os elementos que constituem os requisitos do próprio
negócio jurídico, situando-se nos planos da existência e validade.
• Por seu turno, são acidentais os elementos que não integram a estrutura
essencial dos negócios jurídicos, mas podem ser pactuados pelas partes,
integrando o plano da eficácia.
• ATENÇÃO! Os elementos essenciais, justamente porque não podem
faltar, são chamados por alguns autores de “pressupostos do negócio
jurídico”, podendo-se falar em pressupostos de existência e pressupostos
de validade. Para essa nomenclatura, ao lado dos pressupostos existiriam
os elementos acidentais.
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• São 4 elementos essenciais:
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• São 3 elementos acidentais:
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Planos de análise do negócio jurídico
EFICÁCIA
TRICOTOMIA ELEMENTOS
ACIDENTAIS
VALIDADE
ESCADA PONTEANA
REQUISITOS
EXISTÊNCIA
ELEMENTOS
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• Para existir negócio jurídico é necessário que tenha:
• • Partes
• • Vontade
• • Objeto
• • Forma
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PLANO DE EXISTÊNCIA
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• a) Vontade livre e de boa-fé: como se depreende da leitura
do dispositivo, a lei elenca apenas 3 requisitos essenciais; a
doutrina elenca a vontade como elemento essencial do
negócio jurídico, destacando que para a existência do
negócio jurídico há que se atender à manifestação de
vontade, e que para a validade dessa manifestação de
vontade seja satisfeita, impõe-se a atenção à liberdade do
agente e a sua boa-fé;
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• Vontade ou consentimento deve ser livre
• O consentimento para um negócio pode ser expresso ou tácito.
• O art. 111 do CC contraria um ditado popular, pois estabelece que o
silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o
autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa.
• Portanto, via de regra, quem cala não consente. Isso porque João calou-
se, motivo pelo qual não consentiu, salvo se os usos, costumes ou
circunstância o autorizem, e não seja declaração expressa de vontade
necessária.
• Segundo art. 112, nas declarações de vontade se atenderá mais à
intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da
linguagem. Adota-se aqui a teoria subjetiva dos contratos e negócios
jurídicos. Isto quer diz que não importa somente aquilo que está
literalmente escrito, devendo ser necessário saber a intenção das
partes.
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• O STJ já decidiu que a doação feita a um Santo, deverá ser considerada como
doada a uma igreja católica, representante daquele Santo. Veja, ainda que
esteja escrito que foi doado a um Santo, é preciso considerar efetivamente o
que pleiteava a pessoa doadora.
• No art. 113, os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-
fé objetiva e os usos do lugar de sua celebração. Trata-se de aplicação da
teoria objetiva dos negócios jurídicos. Isso porque, na interpretação dos
contratos, é necessário se valer da boa-fé objetiva, ou seja, a partir dos
comportamentos que são esperados com aquele tipo de contrato.
• O art. 114 estabelece que os negócios jurídicos benéficos e a renúncia
interpretam-se estritamente. Em contratos gratuitos, como doação e
comodato, não podem dar um efeito ampliativo ao contrato, devendo ser
dado um efeito restritivo.
• Ex.: se João doou um carro, e não fez referência à aparelhagem de som, não
se pode entender que João doou toda a aparelhagem, visto que o contrato
gratuito deve ser interpretado restritivamente. 55
• b) Agente capaz: Convém destacar aqui que a
incapacidade absoluta gera a nulidade do negócio
jurídico (CC, art. 166, I), ao passo que a relativa gera a
anulabilidade (CC, art. 171, I); ainda, que os
relativamente incapazes são assistidos na celebração
do negócio jurídico ao passo que os absolutamente
incapazes são representados (CC, art. 1.690);
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• Capacidade geral
• É possível que o negócio seja firmado por absolutamente incapaz ou por
relativamente incapaz? SIM, desde que esteja representado, em caso de
absolutamente incapaz, ou assistido, caso relativamente incapaz.
• • Não estando representado o absolutamente incapaz, o negócio será nulo.
• • Não estando assistido o relativamente incapaz, o negócio será anulável.
• No tocante à incapacidade relativa de uma das partes, o CC diz que esta
incapacidade não pode ser arguida pela outra parte, ou seja, invocada pelo
capaz em benefício próprio. E também não pode aproveitar cointeressados
capazes, salvo se o objeto for indivisível.
• A alegação de incapacidade é uma exceção pessoal. Isto é, se foi celebrado
um contrato com um menor, de 17 anos, relativamente incapaz, não poderá
o capaz alegar a menoridade da outra parte para fins de anulação do
contrato. Somente o relativamente incapaz poderá alegar, visto que a
norma é protetiva. 57
• A alegação de incapacidade é uma exceção pessoal. Isto é, se foi celebrado
um contrato com um menor, de 17 anos, relativamente incapaz, não poderá
o capaz alegar a menoridade da outra parte para fins de anulação do
contrato. Somente o relativamente incapaz poderá alegar, visto que a
norma é protetiva.
• Da mesma forma, se João celebra um contrato com o adolescente de 17
anos, Antônio, e com Carlos, de 20 anos. Carlos, que é cointeressado,
também não poderá arguir a incapacidade de Antônio para fins de anulação
do contrato, salvo se o objeto for indivisível.
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• Capacidade especial (Legitimação)
• Existem determinados atos em que é necessário um plus na
capacidade, ou seja, é necessária autorização específica para realizar
certos atos, sendo isto denominado de legitimação,
• No caso de venda de bens imóveis entre cônjuges, é necessária a
autorização do outro cônjuge, denominando-se de outorga conjugal.
Neste caso, haverá uma capacidade especial.
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ATENÇÃO! duas regras específicas sobre a capacidade do agente na
celebração do negócio jurídico merecem especial atenção:
(i) nos termos do art. 105 do CC, a incapacidade relativa é hipótese que
só pode ser invocada por aquele a quem ela aproveita e não pela
contraparte;
(ii) nos termos do art. 180 do CC, o menor que tenha dolosamente
ocultado sua condição não poderá invocar essa circunstância em sua
defesa, o que se coloca como aplicação do princípio geral do direito de
que a ninguém é lícito beneficiar-se da própria torpeza.
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ATENÇÃO! além da capacidade, há que se atentar ao conceito
de legitimação, que consiste na hipótese em que o
ordenamento jurídico exige uma especial condição do
agente para que a prática do ato seja válida.
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• c) Objeto lícito, possível, determinado ou determinável:
• c.1) em relação à licitude: o negócio jurídico que for contrário à ordem
jurídica será considerado ilícito, vale dizer, ainda que tenha existência
social (ex: venda de maconha), não terá proteção jurídica. Mas não é
só: a doutrina moderna destaca que também serão ilícitos os negócios
jurídicos que atentem contra a autodeterminação humana;
• c.2) em relação à possibilidade: a impossibilidade pode ser física
(exemplo clássico: venda de terreno na lua) ou jurídica (exemplo: venda
de bem público de uso comum do povo). No que concerne à
impossibilidade, o art. 106 do CC traz regra importante, distinguindo as
consequências da impossibilidade relativa da impossibilidade absoluta,
merecendo leitura atenta.
• c.3) em relação à determinabilidade do objeto: é imprescindível que o
objeto sobre o qual recairá o negócio jurídico seja individualizado ou
passível de individualização; 62
• d) Forma prescrita ou não defesa em lei: em regra, a forma do negócio
jurídico é livre, o que só se altera em caso de expressa determinação
legal (art. 107).
• É possível ainda que a vontade das partes imponha a exigência de
instrumento público, na forma do art. 109 do CC.
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• forma deve ser prescrita, ou seja, a lei traz a forma, ou a forma pode ser não
defesa em lei, de forma que não contrarie a lei.
• Como regra, a declaração de vontade não necessita de uma forma especial,
salvo quando a lei o exigir. Vige o princípio da liberdade das formas.
• Em casos especiais, a lei prevê a necessidade de uma formalidade.
• É necessário diferenciar formalidade de solenidade:
• • solenidade: necessidade de escritura pública.
• • formalidade: exigência de uma formalidade qualquer. Ex.: forma escrita.
• Formalidade é gênero e solenidade é espécie.
• Se houver desrespeito à forma ou for preterida de alguma solenidade essencial
para o negócio, este negócio será nulo, conforme art. 166, incisos IV e V, do CC
• O art. 109 do CC diz que, no negócio jurídico celebrado com a cláusula de não
valer sem instrumento público, este é da substância do ato.
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• Ou seja, caso alguém celebre um negócio e estabeleça uma cláusula de
não valer sem instrumento público, passará este a ser da substância do
ato. Portanto, a imposição de um negócio solene pode decorrer das
intenção das partes, razão pela qual sua inobservância poderá implicar
nulidade do negócio.
• O art. 108 vai estabelecer que a escritura pública somente será exigida
nos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência,
modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor
superior a 30 vezes o maior salário mínimo vigente no País.
• Aqui há uma função social, pois quem compra um imóvel com valor até
30 salários mínimos tem em seu favor a presunção de que não tenha
condições de arcar com a escritura pública.
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• Esses são os requisitos de validade do negócio jurídico. Não tendo o negócio
jurídico tais requisitos, será ele nulo de pleno direito. Ou seja, nulidade
absoluta.
• O negócio também poderá ser anulável, existindo casos de nulidade relativa.
• A nulidade poderá ser total ou parcial:
• • nulidade total: ocorre quando todo o negócio jurídico é anulado.
• • nulidade parcial: ocorre quando apenas parte do negócio jurídico é
anulado.
• O art. 184 diz que, respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de
um negócio jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta for separável.
Na primeira parte, este dispositivo consagra o princípio da conservação dos
negócios jurídicos, tendo em vista a função social do contrato.
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CC. Art. 104 – a validade do NJ requer: Existência
• Declaração de vontade (tácita, expressa);
• Finalidade negocial (adquirir, modificar, extinguir);
• Coisa negociada
I – Agente capaz;
II – Objeto lícito, possível, determinado(ável)
• Possibilidade física Validade
• Possibilidade jurídica
• Efeito pretendido não pode ser proibido- p. ex., vender herança de pessoa viva. A pessoa pode
vender seus bens desde que respeite a legítima, 50% do total, sob pena de anulação do negócio.
III – Forma prescrita / não defesa em lei
Existência e validade do NJ
ADJETIVAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO
PLANO DE VALIDADE VÁLIDO INVÁLIDO
SÃO OS ELEMENTOS DE EXISTÊNCIA QUALIFICADOS
Art. 106. A impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se for relativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que ele
estiver subordinado.
Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir.
Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição,
transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País.
Art. 109. No negócio jurídico celebrado com a cláusula de não valer sem instrumento público, este é da substância do ato.
Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela
o destinatário tinha conhecimento.
Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade
expressa.
Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem.
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.
Independentemente do
PRESCREVE A FORMA PARA valor, não se exige escritura A LEI PRESCEVE A FORMA COMO
EFEITO DE PROVA EM JUÍZO pública para celebrar PRESSUPOSTO DE VALIDADE
contratos de promessa de
compra e venda ou que
Art. 227. Salvo os casos expressos, a tenham por objeto aquisição
prova exclusivamente testemunhal só se Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura
de imóvel sujeito ao SFH
admite nos negócios jurídicos cujo valor pública é essencial à validade dos negócios jurídicos
(artigo 61, lei 4.380/64)
não ultrapasse o décuplo do maior que visem à constituição, transferência, modificação
salário mínimo vigente no País ao tempo ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor
em que foram celebrados. superior a trinta vezes o maior salário mínimo
vigente no País.
Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito
a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário
tinha conhecimento.
O QUE SE PASSA NA MENTE DO SUJEITO É IRRELEVANTE. PORÉM SE O DESTINATÁRIO CONHECE DA RESERVA MENTAL O ATO
SERÁ INEXISTENTE, COMO ENSINA MOREIRA ALVES. O CC REVOGADO TRATAVA COMO CASO DE ANULABILIDADE POR
SIMULAÇÃO, O QUE SERÁ CONSIDERADO CASO HAJA INTENÇÃO DE PREJUDICAR TERCEIROS OU VIOLAR A LEI. (PABLO STOLZE
DEFENDE QUE É DOLO – NEGÓCIO É ANULÁVEL); SE O OUTRO TEM CONHECIMENTO E SE UNE AO SUJEITO QUE TEM
RESERVA MENTAL PARA PREJUDICAR OUTREM HAVERÁ SIMULAÇÃO.
SISTEMA DE INVALIDADES INVALIDADE DO NEGÓCIO NULIDADE
JURÍDICO ANULABILIDADE
2) NULIDADE
Conceito: é a sanção imposta pela lei aos atos e negócios jurídicos realizados sem observância dos requisitos essenciais, impedindo-os de
produzir os efeitos que lhes são próprios.
Ofendem preceitos de ordem pública que interessam à sociedade – o interesse público é lesado
Espécies de nulidade
a) absoluta: é a verdadeira nulidade – vícios que não podem ser sanados; artigo 166 e 167do
CC.
b) relativa: é a denominada anulabilidade – vícios que podem ser sanados; artigos 138 – 165
do CC.
c) total: atinge todo o negócio jurídico.
d) parcial: afeta apenas parte do negócio jurídico; artigo 184 do CC: “a nulidade parcial do
negócio jurídico não prejudicará na parte válida, se esta for separável”
PRINCÍPIO DA CONSERVAÇÃO DO ATO OU DO NEGÓCIO JURÍDICO
75
Elementos acidentais do negócio jurídico: plano da
eficácia
• No último degrau estão os efeitos, mas com relação às partes ou com
relação a terceiros.
• São elementos da eficácia de um negócio:
• • Condição (evento futuro e incerto)
• • Termo (evento futuro e certo)
• • Encargo ou modo (ônus introduzido numa liberalidade)
• • Regras relativas ao inadimplemento do negócio jurídico que vão
levar à resolução (juros, cláusula penal, perdas e danos, regime de
bens, etc.
76
• Diz-se “acidental” o elemento que não é da essência do
negócio jurídico, mas admite-se que as partes possam pactuá-
lo na expectativa de melhor atender aos objetivos buscados
com o negócio jurídico. São de três tipos: condição, termo e
encargo.
• a) Condição: nos termos do art. 121 do CC, consiste na
“cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das
partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro
e incerto”.
77
• São elementos da condição:
• • vontade exclusiva das partes
• • assunção de uma condição
• • condição de evento futuro e incerto, que pode ou não
acontecer
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• Classificam-se a condição quanto à licitude:
• • condições lícitas: estão de acordo com o ordenamento.
• • condições ilícitas: contrariam o ordenamento, a ordem pública ou os
bons costumes. Nulificam o negócio que está relacionado com aquela
condição. Ex.: não se pode vender um carro, sob a condição de que João
mate José. Este negócio é nulo, pois não se poderá executar a obrigação.
• Quanto às possibilidades:
• • condições possíveis: são aquelas que podem ser cumpridas físicas ou
juridicamente.
• • condições impossíveis: são aquelas que não podem ser cumpridas,
podendo derivar de uma razão natural ou de uma razão jurídica. Neste
caso, haverá nulidade absoluta. Ex.: João diz que venderá o seu carro sob a
condição de Pedro viajar a Júpiter dentro de 2 anos. Essa condição, apesar
de não ser ilícita, é impossível.
79
• Quanto à origem:
• • condição causal: são aquelas que têm origem em evento natural. Ex.: João vende um
bem a Pedro se chover amanhã.
• • condição potestativa: a eficácia do negócio dependerá de um elemento volitivo, da
vontade humana. As condições potestativas podem ser subclassificadas em: o
meramente potestativas: dependem das vontades intercaladas de duas pessoas. São
lícitas. Ex.: liberalidade instituída em favor de uma pessoa, dependente do seu
desempenho artístico. Se a pessoa cantar no espetáculo da escola, a mãe vai dar uma
viagem para a Disney. Neste caso, será meramente potestativa, pois dependem de
vontade intercalada de duas pessoas.
• o puramente potestativas: quando dependem da vontade unilateral, ao puro arbítrio de
uma das partes. Neste caso, são ilícitas. Ex.: João dará a viagem para a Disney se ele
mesmo quiser. Isto não se trata de uma condição, em verdade.
• • condição mista: é aquela que depende de um ato volitivo e de um evento natural. Ex.:
João dará a viagem para a Disney a Pedro, se ele cantar na apresentação da escola e
estiver chovendo na hora.
80
• Quanto aos efeitos:
• • condições suspensivas: são aquelas que, enquanto não se verificarem as condições,
o negócio jurídico não gera efeitos. Ex.: venda a contento. O aperfeiçoamento do
negócio só ocorrerá com a aprovação ad gustum do comprador. A venda está a
contento do comprador. Ou seja, somente passará a produzir efeitos quando o
comprador aprovar.
• • condições resolutivas: são aquelas que, enquanto não se verificar a condição, ela
não traz nenhuma consequência para o negócio jurídico, cabendo inclusive o exercício
do direito sob condição. Ex.: retrovenda. É o fato do vendedor exigir o direito de
recompra daquele bem. Se não for exercida a retrovenda, o negócio (compra e venda)
produzirá plenamente os seus efeitos.
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• ATENÇÃO! O art. 125 do CC dispõe que “Subordinando-se a eficácia do negócio
jurídico à condição suspensiva, enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido
o direito, a que ele visa”. Em outras palavras, o negócio jurídico existe e é valido, mas a
sua eficácia está condicionada ao implemento do evento futuro e incerto; assim, diz-se
que não há “direito adquirido” mas sim “expectativa de direito”. Pense no exemplo de
um contrato de seguro: o segurado tem a expectativa de direito a uma indenização,
que por sua vez está condicionada ao implemento do sinistro (condição);
implementado o sinistro, o titular passa a ter direito adquirido aquela indenização.
Vide ainda art. 6º, parágrafo 2º, da LINDB.
• ATENÇÃO! suponha um negócio jurídico sobre o qual penda uma condição
suspensiva; digamos que o objeto seja novamente negociado, contrariando o disposto
no primeiro negócio jurídico. O que ocorre se for implementada a condição prevista
inicialmente, passando a ter eficácia o primeiro negócio jurídico? O art. 126 do CC
resolve a questão, atribuindo eficácia retroativa à condição: “Se alguém dispuser de
uma coisa sob condição suspensiva, e, pendente esta, fizer quanto àquela novas
disposições, estas não terão valor, realizada a condição, se com ela forem
incompatíveis”.
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• B) Termo
• Termo também é um elemento acidental do negócio.
• O termo faz com que a eficácia do negócio fique subordinada à ocorrência de
um evento futuro e certo. Se for futuro incerto, é condição.
• Classificam-se o termo em:
• • Termo inicial (dia a quo):
• A partir deste termo o negócio passa a produzir efeitos.
• Enquanto o termo inicial não ocorre, não inicia o exercício do direito
decorrente do contrato. Mas não suspende a aquisição do direito, visto que o
evento é futuro e certo, já estando este evento incorporado ao patrimônio do
contratante. É apenas o exercício que demanda a ocorrência de um termo.
• Quem celebra o contrato sob condição suspensiva não tem o direito, mas
apenas expectativa do direito. É bem diferente do termo, pois neste o sujeito
tem o direito.
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• • Termo final (dias ad quem):
• Tem eficácia resolutiva, pondo fim às consequências derivadas daquele negócio.
• Prazo é o lapso entre o termo inicial e o termo final.
• O art. 132 traz regras específicas para contagem dos prazos:
• • Salvo disposição legal ou convencional em contrário, computam-se os prazos, excluído o dia
do começo, e incluído o do vencimento.
• • Se o dia do vencimento cair em feriado, considerar-se-á prorrogado o prazo até o seguinte
dia útil.
• • Meado considera-se, em qualquer mês, o seu 15º quinto dia, ainda que se trate do mês de
fevereiro.
• • Os prazos de meses e anos expiram no dia de igual número do de início, ou no imediato, se
faltar exata correspondência. Ex.: celebrado o contrato no dia 30 mês de agosto. E daqui a seis
meses o contrato vence, sendo no dia 30 de fevereiro. Como não exista 30 de fevereiro, será no
dia 1º de março.
• • Os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a minuto.
• O art. 135 estabelece que, ao termo inicial e final aplicam-se, no que couber, as disposições
relativas à condição suspensiva e resolutiva. 85
• Classificação dos termos:
• • Quanto à origem: o termo legal: fixado pela própria norma jurídica.
Diferencia-se da condição, que é fixada exclusivamente pela vontade
das partes.
• o termo convencional: fixado pelas partes.
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• O art. 137 estabelece que se considera não escrito o encargo
ilícito ou impossível, salvo se constituir o motivo
determinante da liberalidade, caso em que se invalida o
negócio jurídico.
• Via de regra, considera-se que o encargo é não escrito, mas
se for para considerá-lo como não escrito, será conservado o
negócio sem o respectivo encargo. Todavia, sendo o encargo
o motivo determinante para a liberalidade, aí o negócio será
invalidado.
89
90
Em síntese
• Plano da eficácia do negócio jurídico: os elementos que interferem na eficácia jurídica
do negócio são chamados de acidentais, porque podem ou não ocorrer. São eles:
condição, termo e modo ou encargo.
• Condição: acontecimento futuro e incerto que subordina a eficácia do negócio jurídico.
Deve ser estipulada pelas partes, não pode ser imposta por lei. Pode ser suspensiva ou
resolutiva, não pode ser ilícita. A condição meramente potestativa é ilícita, porque
deriva do exclusivo arbítrio de uma das partes. A simplesmente potestativa também
depende da vontade de uma das partes, mas alia-se a fatores circunstanciais que a
amenizam, por isso não é ilícita.
• Termo: acontecimento futuro e certo que interfere na eficácia jurídica do negócio.
Diferentemente da condição suspensiva, o termo inicial suspende apenas o exercício,
mas não os direitos e obrigações decorrentes do negócio.
• Modo ou encargo: ônus que se atrela a uma liberalidade. O encargo não suspende a
aquisição nem o exercício do direito, salvo quando expressamente imposto no negócio
jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva. 91
• Efeitos produzidos do NJ válido (n relações
jurídicas)
Eficácia do NJ
• Eficácia e direito intertemporal
• O art. 2.035 do CC diz que a validade dos negócios e demais atos jurídicos,
constituídos antes da entrada em vigor do Código Civil de 2002, obedece ao
disposto nas leis anteriores, referidas no art. 2.045, mas os seus efeitos (sua
eficácia), salvo se houver sido prevista pelas partes, determinada forma de
execução, se subordinam aos preceitos produzidos após a vigência deste
Código.
• Em outras palavras, no plano da validade vale a regra que vigia no momento de
celebração do contrato. Com o CC/02, as regras continuam válidas, mesmo que
tenha havido mudanças.
• No entanto, os efeitos que se produzirem após a entrada em vigor do CC/02, se
sujeitam a ele.
• Perceba que o art. 2.035 não fala de existência, estando subentendida na
validade. Outra situação é o fato de que devem ser aplicadas as normas
incidentes no momento da produção dos efeitos, e não da celebração do
contrato. 93
• Ex.: supondo que tenha sido celebrado um contrato na
vigência do Código Civil de 1916, e trazia uma multa
exagerada no contrato, causando uma onerosidade excessiva.
Com o CC/02, o contrato será considerado válido, celebrado
conforme as regras do CC/16, mas ele foi descumprido na
vigência do CC/02. Como cláusula penal e multa estão ligadas
à eficácia, é possível que o juiz aplique o art. 403 do CC/02, o
qual consagra a possibilidade de o magistrado reduzir
equitativamente a cláusula penal que for exagerada.
94
REPRESENTAÇÃO
• Trata-se de hipótese em que, por lei (exemplo, absolutamente incapazes) ou por
vontade das partes (exemplo, constituição de um procurador), permite-se que um
terceiro pratique atos em favor do representado.
• O art. 117 do CC dispõe sobre a hipótese designada pela doutrina de “negócio
consigo mesmo”.
• Pensemos no seguinte exemplo: A constitui B como representante para realização de
um negócio jurídico de compra e venda de um carro; B, agindo em nome de A, aliena
o seu próprio carro para A. Nos termos da lei, o referido negócio jurídico será
anulável, independentemente de prejuízo ao representado.
• Já o art. 119 do CC trata da hipótese de conflito entre os interesses do representado
e o negócio praticado pelo representante, dispondo sobre a anulabilidade do ato.
• O mesmo dispositivo, no parágrafo único, fixa o prazo decadencial de 180 dias para a
anulação do negócio, a contar da conclusão do negócio ou da cessação da
incapacidade. 95