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Faculdade de Direito de Franca

1º Ano

Teoria do Fato Jurídico

cildo.giolo@direitofranca.br
Fato Não Jurídico e Fato Jurídico

A PASSAGEM PARA O MUNDO JURÍDICO

Mundo dos Fatos Mundo do Direito


FATOS
(Eventos ou
FATOS condutas)
(Eventos ou FATOS
( Eventos ou
condutas) condutas)
FATOS
(Eventos ou
condutas)

FATO JURÍDICO

SUPORTE FÁTICO
(Incidência de Norma Jurídica) Existência Independente
FATOS
(Eventos ou
FATOS condutas)
(Eventos ou
condutas)
Fato Jurídico em Sentido Amplo – Suporte Fático
• CONCEITO DE SUPORTE FÁTICO - Previsão pela norma jurídica ou pelo Direito, da hipótese
fática condicionante do fato jurídico.

• É algo (evento ou conduta) que poderá ocorrer no mundo e que, por ter sido considerado
relevante, tornou-se objeto do Direito através da norma jurídica, jurisprudência, doutrina,
costume etc.

• É um conceito do mundo dos fatos e não do mundo jurídico, porque somente depois de
que se concretizam (ocorram) no mundo os seus elementos, é que, pela incidência da
norma, surgirá o fato jurídico e, portanto, poderá falar em existência no mundo jurídico.
Razão pela qual tem existência independente.
Teoria do Fato Jurídico
Todo acontecimento, NATURAL ou HUMANO,
Fato jurídico qualificado pela atuação humana, apto a criar, alterar. manter ou extinguir
FATO JURÍDICO
sendo que o interessa é o resultado. (Sentido Amplo) relações jurídicas.

Ação humana (positiva ou


negativa), contrária ao direito
Todo acontecimento FATO JURÍDICO AÇÃO que cause prejuízo material ou
ATO-FATO
NATURAL que gere efeitos (Sentido Estrito) HUMANA moral a outrem.
jurídicos.

Ex: Chuvas Comum LÍCITA ILÍCITA


de verão. (Ordinário) Comporta (Ato Jurídico) (Ato Ilícito)
mento
HUMANO
voluntário
Ex: Furacão. Incomum e Ato Jurídico
(Extraordinário) consciente (Sentido Estrito)
que gera Comportamento
efeitos HUMANO voluntário e
jurídicos consciente que gera
pré-deter- efeitos jurídicos
minados Negócio Jurídico
conforme a liberdade
na lei.
de quem pactua.
Teoria do Fato Jurídico – Sob a ótica da licitude
Teoria do Fato Jurídico: Sob o ponto de vista da vontade
Não há FATO JURÍDICO Vontade é
vontade (Sentido Amplo) irrelevante

Vontade é
essencial
FATO JURÍDICO AÇÃO
ATO-FATO
(Sentido Estrito) HUMANA

Comum LÍCITA ILÍCITA


(Ordinário) (Ato Jurídico) (Ato Ilícito)

Ato Jurídico
Incomum
(Sentido Estrito)
(Extraordinário)

Negócio Jurídico
Fato Jurídico em Sentido Amplo
• CONCEITO DE FATO JURÍDICO EM SENTIDO AMPLO – Todo acontecimento, natural ou
humano, que determine a ocorrência de uma aquisição, modificação, conservação ou
extinção de direitos e/ou obrigações.

• EFEITOS DO FATO JURÍDICO:


• Aquisição de Direitos – “Ocorre a aquisição de um direito com a sua incorporação ao
patrimônio e à personalidade do titular” (Gonçalves). “É a conjunção do direito com seu
titular” (Stolze).

Exemplo: surge o direito de propriedade quando o bem se subordina a seu titular, ao se


comprar algo.
Fato Jurídico em Sentido Amplo
– Formas de Aquisição:

• originária ou derivada: de acordo com a existência ou não de uma relação jurídica


anterior com o direito ou bem objeto da relação, sem interposição ou transferência
de outra pessoa;
• gratuita ou onerosa: de acordo com a existência ou não de uma contraprestação
para a aquisição do direito;
• a título universal ou singular: se o adquirente substitui o sucedido na totalidade (ou
em uma quota-parte) de seus direitos ou apenas de uma ou algumas coisas
determinadas;
• simples ou complexa: se o fato gerador da relação jurídica se constituir em um único
ato ou numa necessária simultaneidade ou sucessividade de fatos.
Fato Jurídico em Sentido Amplo
• DIREITO FUTURO
– Expectativa de Direito - é a mera possibilidade de sua aquisição, não estando amparada
pela legislação em geral, uma vez que ainda não foi incorporada ao patrimônio jurídico
da pessoa. Exemplo: tratativas para celebração de um contrato.
– Direito Eventual - situações em que o interesse do titular ainda não se encontra
completo, pelo fato de não se terem realizado todos os elementos básicos exigidos pela
norma jurídica. Exemplo: na sucessão legítima, mesmo que protegido pela lei, só se
consolida com a morte do autor da herança.
– Direito Condicional - é aquele que somente se perfaz se ocorrer determinado
acontecimento futuro e incerto. Como exemplo, podemos lembrar uma promessa de
cessão de direitos autorais, caso determinada obra alcance a 10.ª edição. Se o livro for
um best-seller, realizar-se-á o direito; se ficar “encalhado”, o direito ficará limitado ao
advento da condição.
Fato Jurídico em Sentido Amplo
B. Modificação de direitos - Ainda que não haja alteração da sua essência, é perfeitamente
possível a prática de atos ou a ocorrência de fatos jurídicos que impliquem a modificação
de direitos.

– Essa modificação pode-se dar tanto no conteúdo ou objeto das relações jurídicas
(modificação objetiva) quanto no que se refere a seus titulares (modificação subjetiva).
– Em relação à primeira, a alteração pode ser tanto de quantidade — volume — ou
qualidade — conteúdo — de objeto ou direitos.
– Já a modificação subjetiva, que é alteração da titularidade do objeto ou direito, pode-se
dar tanto pela substituição do sujeito ativo ou passivo quanto pela multiplicação ou
concentração de sujeitos ou mesmo o desdobramento da relação jurídica.
Fato Jurídico em Sentido Amplo
C. Conservação de direitos – Atos destinados ao resguardo (defesa) de direitos, caso estes
sejam ameaçados por quem quer que seja. É o exemplo evidente das tutelas de urgência.

D. Extinção de direitos - Os fatos e atos jurídicos podem levar à extinção de direitos,


trazendo a doutrina especializada toda uma série de exemplos, como é o caso do
perecimento do objeto, a alienação, a renúncia, o abandono, o falecimento do titular, a
decadência, a abolição de um instituto jurídico, a confusão, o implemento de condição
resolutiva, o escoamento de prazo ou mesmo o aparecimento de direito incompatível com
o direito atualmente existente e que o suplanta. Exemplo: o falecimento.
Teoria do Fato Jurídico
FATO JURÍDICO
(Sentido Amplo)

FATO JURÍDICO AÇÃO


ATO-FATO
(Sentido Estrito) HUMANA

Comum LÍCITA ILÍCITA


(Ordinário) (Ato Jurídico) (Ato Ilícito)

Ato Jurídico
Incomum
(Sentido Estrito)
(Extraordinário)

Negócio Jurídico
Fato Jurídico em Sentido Estrito
• CONCEITO – É todo acontecimento natural com efeitos na órbita jurídica. Existem os
acontecimentos que não têm estes efeitos (Exemplo: Uma chuva em alto-mar). São os
fatos da natureza, independentes de ato humano como dado essencial.

• Espécies de Fato Jurídico em Sentido Estrito:

– ORDINÁRIOS - são fatos da natureza de ocorrência comum, costumeira, cotidiana: o


nascimento, a morte natural, o decurso do tempo.

– EXTRAORDINÁRIOS - são fatos inesperados, às vezes imprevisíveis: um terremoto, uma


enchente, o caso fortuito e a força maior, etc.
Fato Jurídico em Sentido Estrito
• CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR
“São fatos imprevisíveis aqueles eventos que constituem o que a doutrina tem denominado
de força maior e de caso fortuito.
Não distinguiremos estas categorias, visto que há grande divergência doutrinária na
caracterização de cada um dos eventos.
Alguns autores entendem que a força maior é o acontecimento imprevisível e inevitável
originário da vontade do homem, como é o caso da greve, por exemplo, sendo o caso
fortuito o evento imprevisível produzido pela natureza, como os terremotos, as
tempestades, os raios e os trovões”. (José dos Santos Carvalho Filho)
Álvaro Vilaça tem o mesmo entendimento.
Fato Jurídico em Sentido Estrito
• CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR
Outros autores afirmam que a diferença entre estes dois instituto pela previsibilidade
“Caso fortuito é o evento proveniente de ato humano, imprevisível e inevitável, que
impede o cumprimento de uma obrigação, tais como: a greve, a guerra etc. Não se
confunde com força maior, que é um evento previsível ou imprevisível, porém inevitável,
decorrente das forças da natureza, como o raio, a tempestade etc.” (Sílvio de Salvo
Venosa).
“Caso fortuito como o evento totalmente imprevisível decorrente de ato humano ou de
evento natural. Já a força maior constitui um evento previsível, mas inevitável ou
irresistível, decorrente de uma ou outra causa”. (Flávio Tartuce).
No entanto, há entendimento contrário, como o de Caio Mário da Silva Pereira, dentre
outros.
Fato Jurídico em Sentido Estrito
• CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR
Não obstante ilustres doutrinadores contribuírem com diversos conceitos Sílvio Venosa
simplifica ao dizer que não há interesse público na distinção dos conceitos, até porque o
Código Civil Brasileiro não fez essa distinção conforme a redação abaixo transcrita:

Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força
maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado.

Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos
efeitos não era possível evitar ou impedir.

Caso fortuito + Força maior = Fato/Ocorrência imprevisível ou difícil de prever que gera um ou
mais efeitos/consequências inevitáveis.
Teoria do Fato Jurídico
FATO JURÍDICO
(Sentido Amplo)

FATO JURÍDICO AÇÃO


ATO-FATO
(Sentido Estrito) HUMANA

Comum LÍCITA
Real
(Ordinário) (Ato Jurídico)

Incomum ILÍCITA
Indenizativo
(Extraordinário) (Ato Ilícito)

Caducificante
Ato-Fato Jurídico
• CONCEITO - “Comportamentos humanos aos quais a lei atribui consequências,
independentemente de estes terem sido pretendidos ou não” (Paulo Lôbo). Consiste em
comportamento que, embora derive da atuação humana, é desprovido de vontade
consciente em direção ao resultado que se pretende atingir. Para o fato para existir ele
necessita de um ato humano, mas a vontade não é relevante. Não importa se houve ou
não vontade em praticar o ato. É ressaltada a consequência do ato, ou seja, o fato
resultante.

• No ato-fato jurídico, o ato humano é realmente da substância desse fato jurídico, mas não
importa para a norma se houve, ou não, intenção de praticá-lo.

• O que interessa é a consequência do ato, ou seja, o fato resultante, sem se dar maior
significância se houve vontade ou não de realizá-lo.
Ato-Fato Jurídico
• Exemplo: compra e venda feita por crianças.

• Ninguém discute que a criança, ao comprar o doce no boteco da esquina, não tem a
vontade direcionada à celebração do contrato de consumo.

• Melhor do que considerar, ainda que apenas formalmente, esse ato como negócio jurídico,
portador de intrínseca nulidade por força da incapacidade absoluta do agente, é enquadrá-
lo na noção de ato-fato jurídico, dotado de ampla aceitação social.

Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:


I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
Ato-Fato Jurídico - Classificação
A. ATOS-FATOS REAIS (ou atos reais) - São os atos humanos de que resultam consequências
fáticas. O fato resultante que importa para a configuração do fato jurídico, não o ato
humano como elemento volitivo.

– Exemplos: São exemplos de ato real a caça; a pesca; o fato de o louco pintar um quadro
e lhe adquirir a propriedade (especificação); o mesmo ocorrendo com uma criança que
descobre tesouro enterrado no quintal lhe adquirindo a propriedade (invenção).

– Pouco importa, para o Direito, se houve vontade na procura do tesouro ou na pintura de


uma tela, pois o que interessa é o resultado que se obteve, gerando a propriedade
legítima nestes casos.
Ato-Fato Jurídico - Classificação
B. ATOS-FATOS JURÍDICOS INDENIZATIVOS - É o ato humano não contrário a direito
(portanto, lícito), do qual decorre prejuízo a terceiro e o dever de indenizar. O ato não é
ilícito, não há uma vontade (intenção) de causar o prejuízo. É praticado no exercício
regular de um direito ou em estado de necessidade, causando dano a patrimônio de
terceiro, gerando o dever de indenizar.

– Exemplo: É o caso da deterioração ou destruição de coisa alheia, ou a lesão pessoal, a


fim de remover perigo iminente, em que se aceita a licitude do ato, mas se determina a
indenização, na forma dos arts. 160, II, c/c o art. 1.519 do Código Civil de 1916, e do art.
188, II, c/c os arts. 929 e 930 do Código Civil de 2002.
Ato-Fato Jurídico - Classificação
B. ATOS-FATOS JURÍDICOS INDENIZATIVOS - É o ato humano não contrário a direito
(portanto, lícito), do qual decorre prejuízo a terceiro e o dever de indenizar. O ato não é
ilícito, não há uma vontade (intenção) de causar o prejuízo. É praticado no exercício
regular de um direito ou em estado de necessidade, causando dano a patrimônio de
terceiro, gerando o dever de indenizar.

– Exemplo: É o caso da deterioração ou destruição de coisa alheia, ou a lesão pessoal, a


fim de remover perigo iminente, em que se aceita a licitude do ato, mas se determina a
indenização, na forma dos arts. 160, II, c/c o art. 1.519 do Código Civil de 1916, e do art.
188, II, c/c os arts. 929 e 930 do Código Civil de 2002.
Ato-Fato Jurídico - Classificação
Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo
iminente.
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o
tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a
remoção do perigo.
Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem
culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram.
Art. 930. No caso do inciso II do art. 188 , se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra
este terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao
lesado.
Parágrafo único. A mesma ação competirá contra aquele em defesa de quem se causou o
dano (art. 188, inciso I).
Ato-Fato Jurídico - Classificação
C. ATOS-FATOS JURÍDICOS CADUCIFICANTES - São os fatos jurídicos cujo efeito é a extinção
de determinado direito – decadência – ou da ação que o assegura – prescrição –,
independentemente de ato ilícito (ou verificação de elemento volitivo) de seu titular.

– Exemplo: Quando um titular de um direito se mantém inerte em certo lapso de tempo


independentemente de seu querer ou de sua culpa, o que pode gerar a perda de seu
direito, como ocorre na perda da propriedade em virtude da usucapião. A prescrição e a
decadência se dão pelo decurso do prazo. São exemplos os artigos 205 e 206 do Código
Civil Brasileiro.
Ato-Fato Jurídico – Exemplos de Usucapião
Prescrição e Decadência

• O decurso do tempo tem grande influência na aquisição e na


extinção de direitos, pois “dormientibus non succurrit jus” (O
Direito não socorre aos que dormem).

• Grande é a semelhança entre a prescrição e a decadência. Em


ambos, há uma inação ou omissão (um não fazer) injustificada por
certo lapso de tempo, que faz perecer um direito.
Prescrição - Conceito
• É a perda da pretensão de reparação do direito violado, em virtude da inércia
do seu titular, no prazo fixado em lei (Stolze).

• É uma exceção que alguém tem contra aquele que não exerceu, durante um
lapso de tempo fixado em norma, sua pretensão ou ação. (Pontes de
Miranda)

• Pretensão é a exigência de subordinação do interesse alheio ao interesse


próprio. O direito material violado dá origem à pretensão, que é deduzida em
juízo por meio da ação.
Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição,
nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206.
Decadência - Conceito
• DECADÊNCIA (ou caducidade, ou prazo extintivo) é o direito outorgado para ser exercido
em determinado prazo, caso não for exercido, extingue-se.
• “A perda do direito ou a da faculdade não exercida no prazo fatal estabelecido em lei.”
(Paulo Dourado de Gusmão)
• “A supressão do direito pela inatividade de seu titular que deixou escoar o prazo legal ou
voluntariamente determinado para seu exercício, sendo esse seu principal efeito.” (Maria
Helena Diniz)

• OBJETO DA DECADÊNCIA - é o direito que nasce, por vontade da lei ou do homem,


subordinado à condição de seu exercício em limitado lapso de tempo.
Teoria do Fato Jurídico
FATO JURÍDICO
(Sentido Amplo)

FATO JURÍDICO AÇÃO


ATO-FATO
(Sentido Estrito) HUMANA

Comum LÍCITA ILÍCITA


(Ordinário) (Ato Jurídico) (Ato Ilícito)

Ato Jurídico
Incomum
(Sentido Estrito)
(Extraordinário)

Negócio Jurídico
Ato Jurídico em Sentido AMPLO
• CONCEITO – Esta modalidade na classificação dos Ato Jurídico
fatos jurídicos em sentido amplo engloba aqueles “Lato Sensu”
nos quais a vontade ocupa a função de elemento
central.
Ato humano
• A vontade tem que ser exteriorizada, pois Consciência Resultado
volitivo
enquanto os nossos desejos permanecem
internos, apenas em nossos pensamentos, não há
como se pretender disciplinar suas consequências Vontade Protegido
mediante a aplicação de uma norma jurídica.
• Ela se dá através da manifestação (mera intenção)
Não proibido
ou da declaração (exteriorização). Manifestação
(permitido)
• No que diz respeito aos resultados, esse atos
podem ser protegidos pela lei (ex: direito de
propriedade adquirido pela registro da escritura) Declaração
ou permitidos ou não proibidos (ex: contratos em
geral).
ESPÉCIES DE ATO JURÍDICO
ATO JURÍDICO EM SENTIDO ESTRITO NEGÓCIO JURÍDICO
• A vontade se limita a compor o suporte • O poder da vontade das partes regula os
fático, pois os efeitos já estão efeitos da relação jurídica dentro de
preestabelecidos. certos limites.
• Efeitos ex lege (necessários). • Efeitos ex voluntate (desejados pela
partes).
• Os efeitos são inalteráveis pela conta das • Permite-se a escolha da categoria jurídica
partes. e a estruturação do seu conteúdo.
EXEMPLOS
Fixação de domicílio, reconhecimento de Testamento, casamento, contratos em geral
filiação, confissão, interrupção da prescrição, (locação, compra e venda, etc).
perdão, quitação, dentre outros.
Ato Jurídico em Sentido ESTRITO
• CONCEITO – É a simples manifestação de vontade, sem conteúdo negocial, que determina
a produção de efeitos legalmente previstos. Aqui está uma categoria de ato jurídico lícito
que, por não gozar da mesma importância atribuída ao negócio jurídico, carece de
adequado tratamento legal e desenvolvimento teórico.

• Neste tipo de ato, não existe propriamente uma declaração de vontade manifestada com o
propósito de atingir, dentro do campo da autonomia privada, os efeitos jurídicos
pretendidos pelo agente (como no negócio jurídico), mas sim um simples comportamento
humano deflagrador de efeitos previamente estabelecidos por lei.

• Essa espécie de ato jurídico lícito apenas concretiza o pressuposto fático contido na
norma jurídica.
Ato Jurídico em Sentido ESTRITO
• ELEMENTO CARACTERIZADOR – Ato humano originário de sua vontade. Entretanto, o
agente não goza de ampla liberdade de escolha na determinação dos efeitos resultantes de
seu comportamento, como se dá no negócio jurídico (um contrato, por exemplo).
– O elemento básico, porém, é a exteriorização da manifestação de vontade (por meio da
manifestação ou da declaração.).
– Em um negócio jurídico (contrato), há a possibilidade de estabilização de vontades e o
ato jurídico em sentido estrito (pesca, ocupação de coisa móvel etc., não há essa
possibilidade, por ser mais simples, sem um complexo ciclo cognitivo-deliberativo.

• ESPÉCIES - Nesta linha de raciocínio, podemos Ato Jurídico em


tipificar os atos jurídicos em sentido estrito em: Sentido Estrito

Atos Materiais Participações


Ato Jurídico em Sentido Estrito - Espécies
• a) ATOS MATERIAIS - consistem na simples atuação humana, baseada em uma vontade
consciente, tendente a produzir efeitos jurídicos previstos em lei. Observe-se que essa
“vontade consciente” não é requisito do ato-fato jurídico;

– Embora haja vontade consciente na atuação do sujeito (na origem), esta não é
orientada à consecução dos efeitos, que se produzem independentemente do seu
querer.

– Apontem-se os seguintes exemplos de atos materiais: a ocupação, a percepção de


frutos, a fixação de domicílio, a despedida sem justa causa de empregado não estável, a
denúncia (resilição unilateral) de um contrato por tempo indeterminado etc.
Ato Jurídico em Sentido Estrito - Espécies
• b) PARTICIPAÇÕES – são também espécie de ato jurídico não negocial ou “stricto sensu”,
são atos de mera comunicação, dirigidos a determinado destinatário, e sem conteúdo
negocial. Dentro dessa perspectiva, podem ser mencionados os seguintes exemplos: a
intimação, a notificação, o aviso, a confissão etc.

– O que é imprescindível, porém, é que haja algum tipo de manifestação de vontade,


mesmo que esta não esteja destinada ao efeito jurídico emprestado pela norma.
Teoria do Fato Jurídico
FATO JURÍDICO
(Sentido Amplo)

FATO JURÍDICO AÇÃO


ATO-FATO
(Sentido Estrito) HUMANA

Comum LÍCITA ILÍCITA


(Ordinário) (Ato Jurídico) (Ato Ilícito)

Ato Jurídico
Incomum
(Sentido Estrito)
(Extraordinário)

Negócio Jurídico
Ato Ilícito
• CONCEITO - É o ato praticado com infração ao dever legal e genérico de não lesar outrem.
Sua consequência no campo privado está na responsabilidade civil que consiste no dever
de indenizar o dano.
• O ato ilícito como ato jurídico em sentido amplo é fonte de obrigação, ao estabelecer
relação jurídica entre os sujeitos, vinculando-os ao ressarcimento do prejuízo causado.
• O ato ilícito ou omissão pode ser causado por Ação ou Omissão. Doloso, se a ação ou
omissão for voluntária, intencional. Culposo se a ação ou omissão for involuntária, mas o
dano ocorre.
• O ato ilícito, conforme o art. 186 do Código Civil, é o praticado em desacordo com a ordem
jurídica, violando direito subjetivo. Causa dano a outrem, criando o dever de reparar tal
prejuízo, como se observa da leitura dos artigos 927 e 944 do Código Civil, seja ele moral
ou patrimonial (Súmula 37 do STJ).
Ato Ilícito
• ATO-ILÍCITO SUBJETIVO - Conduta permeada pelo elemento culpa. Para haver o ilícito
subjetivo civil é necessário dano. O dano é elemento do ato ilícito de natureza subjetiva no
Direito Civil, conforme o art. 186 CC.

• ATO-ILÍCITO OBJETIVO - Abuso do direito. Fatos humanos que, de alguma forma, violarão a
ordem jurídica. Analisa-se a conduta no exercício de direitos subjetivos que excedem os
limites impostos pela função social, função econômica.
Ato Ilícito

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos
bons costumes.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a
repará-lo.

Violação de Dano à Ato Ilícito


Direito outrem Subjetivo
Ato Ilícito
Abuso de Dano à Ato Ilícito
Direito outrem Objetivo
Ato Ilícito
• CULPA - Não basta apenas a imputabilidade do agente para gerar o ato ilícito, necessário
se faz que tenha agido com culpa. Sua conduta deve ser reprovável, sendo este o segundo
pressuposto. Culpa é não cumprir uma obrigação vigente.
Culpa (Sentido Amplo)

Ação ou omissão voluntária,


Dolo intencional que causa prejuízo a
outrem.

Imprudência Falta de cuidado; de precaução.

Culpa (Sentido
Negligência Omissão; inobservância do dever.
Estrito)
Na culpa, o agente não
possui a vontade de Falta de técnica necessária para
Imperícia
prejudicar o outro, ou realizar determinada atividade.
produzir o resultado.
Não há má-fé.
Ato Ilícito
• CULPA EM SENTIDO ESTRITO – Modalidades:
– IMPRUDÊNCIA - Consiste em praticar uma ação sem as necessárias precauções, isto é,
agir com precipitação, inconsideração, ou inconstância. É a atuação intempestiva e
irrefletida. Exemplos: Ultrapassar veículo pelo acostamento; Não utilizar equipamentos
de proteção individual; Tocar ou aproximar-se em demasia de condutores energizados.
– NEGLIGÊNCIA - É a omissão voluntária de diligência ou cuidado, falta ou demora no
prevenir ou obstar um dano. Exemplos: Permitir que seus empregados trabalhem sem
o uso do EPI’s; Deixar de alertar sobre situação de risco ou não cobrar cuidados
necessários de segurança.
– IMPERÍCIA - É a falta de especial habilidade, ou experiência ou de previsão no exercício
de determinada função, profissão, arte ou ofício. Exemplos: Empregado não treinado
ou não preparado para a tarefa que lhe foi designada; Empregado que desconhece
detalhes técnicos de máquinas ou equipamentos.
Ato Ilícito – Linha do Tempo das Modalidades de Culpa

IMPRUDÊNCIA

NEGLIGÊNCIA Fato
Danoso

IMPERÍCIA
Ato Ilícito – Outras Classificações de Culpa
• CULPA “IN ELIGENDO” - Quando provém da falta de cautela ou providência na escolha do
preposto ou pessoa a quem é confiada a execução de um ato, ou serviço. Exemplo: o fato
de manter ao serviço o empregado não legalmente habilitado ou sem aptidões requeridas,
ou seja, a má escolha pelo representante ou preposto. Responsabilidade do Diretor, pelo
encarregado de obras que descumpre normas de segura.
• CULPA “IN VIGILANDO” - É a que origina da inexistência de fiscalização por parte do patrão
sobre a atividade de seus empregados ou prepostos. Exemplo: Responsabilidade do
encarregado de obras, por acidente causado por seu funcionário, por falta de fiscalização.
• CULPA “IN COMITENDO” - É a que o sujeito pratica ato positivo (doloso ou culposo), na
forma de imprudência. Exemplo: Excesso de velocidade.
• CULPA “IN OMITENDO” - É a que o sujeito pratica ato negativo, ou seja, um não fazer
(doloso ou culposo), na forma de negligência. Exemplo: Andar com o carro com os pneus
carecas ou com rachaduras, andar com o carros que sabe que está com problemas nos
freios.
Ato Ilícito – Responsabilidade Civil
• CONCEITO DE RESPONSABILIDADE CIVIL - é o dever de reparar os danos provocados numa
situação em que uma pessoa sofre prejuízos jurídicos como consequência de atos ilícitos
praticados por outrem.
Ato Ilícito – Responsabilidade Civil
• CONCEITO DE RESPONSABILIDADE CIVIL - é o dever de reparar os danos provocados numa
situação em que uma pessoa sofre prejuízos jurídicos como consequência de atos ilícitos
praticados por outrem.

Nexo de
Culpa Dano
(Sentido Amplo) Causalidade

• CULPA – Inexecução, voluntária ou não, de um dever que o agente podia conhecer e observar.
• NEXO CAUSAL - É o vínculo existente entre a conduta do agente e o resultado por ela
produzido.
• DANO - é o mal, prejuízo, ofensa material ou moral causada por alguém a outrem, detentor de
um bem juridicamente protegido.
Ato Ilícito – Classificação da Responsabilidade Civil
• Quanto à origem da relação jurídica:

– RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA - quando necessária a comprovação de culpa do


agente causador do dano como pressuposto necessário do dano indenizável;

– RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA - quando importante comprovar somente a


ocorrência do dano e o nexo causal. A lei impõe a certas pessoas em determinadas
situações, a obrigação de reparar um dano cometido, sem questionar a existência de
culpa, bastando provar o dano e o nexo de causalidade.
Ato Ilícito – Classificação da Responsabilidade Civil
• EXEMPLOS DE RESPONSABILIDADE OBJETIVA:
CF, Art. 37. [...] § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras
de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a
terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

CC, Art. 927. [...] Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente
de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida
pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

CDC, Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa,


pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos
serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
Ato Ilícito – Classificação da Responsabilidade Civil
• Quanto à origem da relação jurídica em:

– RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL (arts. 389, 395 e ss) – é a responsabilidade que


decorre do descumprimento de relação contratual (ou inadimplemento). O ônus da
prova é em regra do inadimplente, pois o inadimplemento presume-se culposo, o
lesado está em posição mais favorável. (Exemplo: passageiro do táxi que é ferido em
acidente, contrato de adesão, o motorista feriu a cláusula de incolumidade);
– RESPONSABILIDADE CIVIL EXTRACONTRATUAL (arts. 186, 187 e 927) – é a que decorre
do descumprimento do dever legal de conduta, imposto genericamente. também
conhecida como aquiliana, o agente não tem vínculo contratual com a vítima, mas, tem
vínculo legal, uma vez que, por conta do descumprimento de um dever legal, o agente
por ação ou omissão, com nexo de causalidade e culpa ou dolo, causará à vítima um
dano. Ao lesado incumbe o ônus da prova da culpa ou dolo do causador do dano
(Exemplo: pedestre que é atropelado pelo carro, tem que provar a imprudência do
condutor).

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