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FILOSOFIA DO DIREITO · O CASO DOS EXPLORADORES DE CAVERNAS

Tese de defesa no caso dos exploradores de caverna

jusbrasil.com.br
13 de Outubro de 2023

Tese de defesa no caso dos


exploradores de caverna
Tese de defesa no caso dos exploradores de caverna
na perspectiva do ordenamento jurídico e social
brasileiro do ano de 2016.
Publicado por Ofir José há 7 anos

Resumo:

A obra se passa na data de fictícia de maio de 4999, e nos relata


a história de 05 membros de uma “Sociedade Espeliológica”
que decidem explorar uma caverna, ocorre que já estando lá
dentro e bem afastados da entrada ocorre um desmoronamento
e os deixa presos por mais de 30 dias até que a equipe de so-
corro conseguisse resgatá-los, no decorrer do caso nos depara-
mos com as dificuldades encontradas por eles e dos meios utili-
zados para sobreviver à luz do ordenamento jurídico brasileiro
atual e sua licitude.

FACULDADE DE DIREITO DO SUL DE MINAS

Tese de defesa no caso dos exploradores de caverna na


perspectiva do ordenamento jurídico e social brasileiro
do ano de 2016

Acadêmico: Ofir José da Silva

 CURTIR  COMENTAR    
Pouso Alegre / MG
Outubro de 2016
FILOSOFIA DO DIREITO · O CASO DOS EXPLORADORES DE CAVERNAS

Tese de defesa no caso dos exploradores de caverna

TESE DE DEFESA NO CASO DOS EXPLORADORES DE


CAVERNA NA PERSPECTIVA DO ORDENAMENTO JU-
RÍDICO E SOCIAL BRASILEIRO DO ANO DE 2016

DOS FATOS

Os quatro acusados são membros da Sociedade Espeleológica -


uma organização amadorística de exploração de cavernas, em
princípios de maio do ano de 4299, adentrou eles no interior de
uma caverna de rocha calcária no Planalto Central Commonwe-
alth. Ocorre que já bem distantes da entrada da caverna, ocor-
reu um desmoronamento de terra onde pesados blocos de pe-
dra foram projetados de maneira a bloquear completamente a
sua única abertura. A equipe de socorro foi prontamente envi-
ada ao local, porém a tarefa revelou-se extremamente difícil,
sendo necessário compor as forças de resgate com o acréscimo
de homens e máquinas, fato que demandava elevados gastos.
Um enorme campo temporário de trabalhadores, engenheiros,
geólogos e outros técnicos foram instalados, o trabalho de de-
sobstrução foi muitas vezes frustrado por novos deslizamentos
de terra, sendo que em um destes, dez operários contratados vi-
eram a óbito. Ocorre que os exploradores tinham levado con-
sigo apenas escassas provisões e sabido era que não havia subs-
tância animal ou vegetal na caverna que lhes permitisse subsis-
tir, então houve grande temor que eles morressem antes que o
acesso até o ponto em que se encontravam se tornasse possível.
No vigésimo dia a partir da ocorrência soube-se que os explora-
dores tinham levado um rádio transistorizado capaz de receber
e enviar mensagens instalou-se prontamente um aparelho se-
melhante no acampamento, estabelecendo-se comunicação.
Pediram estes que lhes informassem quanto tempo seria ne-
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Tese de defesa no caso para


cessário dos exploradores
liberá-los,de
e acaverna
resposta foi que precisavam de pelo
menos dez dias, desde que não ocorressem novos deslizamen-
tos e os exploradores perguntaram então se havia algum mé-
dico no acampamento e ao descreverem sua condição e as ra-
ções de que dispunham, solicitaram uma opinião acerca da pro-
babilidade de subsistirem sem alimento por esse período, o
presidente da comissão respondeu-lhes que seria pouco prová-
vel essa possibilidade e então o rádio dentro da caverna silen-
ciou durante oito horas, ao retornar a comunicação, Whetmore,
falando em seu próprio nome e em representação dos demais,
indagou se eles seriam capazes de sobreviver por mais dez dias
se se alimentassem da carne de um deles, o presidente da co-
missão respondeu, a contragosto, em sentido afirmativo.

Whetmore inquiriu se seria aconselhável que tirassem a sorte


para determinar qual deles deveria ser sacrificado, como ne-
nhum dos médicos respondeu, ele perguntou se havia um juiz
ou outra autoridade que se dispusesse a ajudar, como ninguém
os quis aconselhar, ainda insistiu na busca de um sacerdote
que pudesse responder àquela interrogação, mas não se encon-
trou nenhum disposto, depois disto cessaram as mensagens de
dentro da caverna.

Quando os homens foram finalmente libertados soube-se que,


no trigésimo terceiro dia após sua entrada na caverna, Whet-
more tinha sido morto e servido de alimento a seus compa-
nheiros, segundo os acusados, Whetmore foi o primeiro a pro-
por que buscassem alimento na carne de um dentre eles, foi ele
também quem propôs a forma de tirar a sorte, chamando a
atenção dos acusados para um par de dados que casualmente
trazia consigo. Ocorre que os acusados inicialmente hesitaram
adotar um comportamento tão desatinado, mas, após o diálogo
acima relatado, concordaram com o plano proposto e depois de
muita discussão com respeito aos problemas matemáticos que
o caso suscitava, chegaram por fim a um acordo sobre o mé-
todo a ser empregado para a solução do problema: os dados.
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Tese de defesa no caso dos antes


Entretanto, exploradores de caverna
que estes fossem lançados, Whetmore decla-
rou que desistia do acordo, pois havia refletido e decidido espe-
rar outra semana antes de adotar um expediente tão terrível e
odioso.

Os réus o acusaram de violação do acordo e procederam ao lan-


çamento dos dados e quando chegou à vez da vítima, um dos
acusados atirou-os em seu lugar, e ele declarou que não tinha
objeções a fazer, tendo então a “má sorte”. Após o resgate e
submetidos a um tratamento para desnutrição e choque emoci-
onal, foram denunciados pelo homicídio de Roger Whetmore.

DOS FUNDAMENTOS

1- DO TERROR PISICOLÓGICO ANTE AO SACRIFÍCIO

É de natureza humana que quando encontra-se em risco de


morte eminente, eleve ao máximo sua aptidão física, por conta
da descarga enorme de adrenalina no organismo.

Esperar mais uma semana antes de prosseguir com o acordo


poderia ser fatal por razões óbvias: desequilíbrios no orga-
nismo, debilidades gerais, etc. Os exames clínicos feitos em
dois acusados revelou que os mesmos estão com baixa visão e
problemas nos rins. Se tivessem passado mais alguns dias sem
comer poderia haver quedas de pressão, arritmias cardíacas, re-
dução das proteínas, diminuição do tamanho dos órgãos-in-
cluindo o cérebro-, etc. Enfim, sem alimentação o quadro se
converteria em morte por insuficiência hepática ou falência dos
órgãos.

No caso em epigrafe, após a apresentação da ideia de sacrifício


de um deles em favor dos demais, criou-se um ambiente de
forte pressão ao psicológico, uma preocupação tal qual, de que
forma seria feita a escolha, e gerando uma única certeza, que
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Tese de defesa no casomorreria.


alguém dos exploradores de caverna
É praticamente impossível para qual-
quer ser humano manter o seu controle emocional di-
ante do iminente risco de morte, complementado ainda
pelo medo de ser sacrificado enquanto dorme ou apunhalado
pelas costas, gerando contenda e desconfiança entre eles.

Ocorre que nesse momento “nasce” uma situação de perigo


atual, e de injusta agressão eminente e diante de um risco de
vida o homem faz de tudo para sobreviver, inclusive tirar a vida
de outrem para não perder a sua. Uma situação de pavor, que
só pode ser compreendida por alguém que passou por situação
semelhante, uma busca imensa de sobreviver.

2 - DO ESTADO DE NECESSIDADE E PERIGO ATUAL

Podemos destacar que existiam naquela situação extraordinária


elementos que caracterizam o “Estado de Necessidade” – que é
o instinto de sobrevivência, frente ao art. 4º do CP - “Consi-
dera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão,
ainda que outro seja o momento do resultado”, porém estamos
diante da inexistência de um ambiente jurídico ou político o
que caracteriza um fato atípico, além uma condição não pre-
vista no ordenamento, e na ocasião as normas jurídicas se en-
contravam inválidas.

Como citado anteriormentem a situação a qual os exploradores


se encontravam era crítica, fome e falta de alimentos, o medo
da morte, a incerteza de o resgate chegar a tempo aliada a forte
pressão psicologia e o medo de servir de alimento para os de-
mais gerou uma situação tão adversa que com certeza enqua-
dra-se dentro do que se entende por estado de necessidade.
Vale lembrar que o sacrifício veio após um período de 21 dias
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Tese de defesa
semno alimentos,
caso dos exploradores
e a únicade maneira
caverna de se manterem vivos foi co-
mendo a carne de um deles, não havia outro modo para os ex-
ploradores se alimentarem, e sendo água e comida indispensá-
veis à vida, não tendo eles alternativas, pois havia o risco de
morte por desnutrição, sendo inviável aguardar a morte natural
de um dos indivíduos para se alimentarem de sua carne, visto o
lapso temporal exigido, diminuindo ainda mais as chances de
sobrevivência, sendo adiado o máximo possível à medida ex-
trema de sobrevivência conforme relatos dos réus.

Portanto, observa-se evidentemente a presença do estado de


necessidade como excludente de ilicitude a fim de provar a ine-
xistência de crime, visto que os sobreviventes usaram de meio
necessário, para salvar suas vidas, onde o elemento subjetivo
era única e exclusivamente a sobrevivência.

O agente que pratica o fato em estado de necessidade terá o be-


nefício da excludente de ilicitude referida por se tratar de caso
extraordinário, conforme previsão legal no Código Penal
Brasileiro:

Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:


I - em estado de necessidade; II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exer-
cício regular de direito.

Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem


pratica o fato para salvar de perigo atual, que não pro-
vocou por sua vontade, nem podia de outro modo evi-
tar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas cir-
cunstâncias, não era razoável exigir-se.
Ainda de acordo com o texto do art. 26 - É isento de pena o
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Tese de defesa no caso


agente dos por
que, exploradores
doença de cavernaou
mental desenvolvimento mental in-
completo ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omis-
são, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Entende-se que no período em que estavam afastados da socie-
dade, os acusados sofreram variações mentais causadas pelas
circunstâncias do meio em que se encontravam o que influen-
ciou no comportamento psicossocial deles. Não possuía desta
forma, o discernimento mental mínimo necessário para tornar
o sacrifício punível.

3-DA LEGITIMA DEFESA

Eis a previsão legal da legitima defesa no Código Penal


Brasileiro:

Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:


I - em estado de necessidade; II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exer-
cício regular de direito.

Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando


moderadamente dos meios necessários, repele injusta
agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de
outrem.

Havia uma única certeza durante o período em que os explora-


dores viveram seu cárcere, a de que um deles seria sacrificado
em prol dos demais, porém havia também uma dúvida, quem
seria? A qualquer momento, alguém seria escolhido, ou ocorre-
ria de todos se unirem contra um o que certamente gera uma
situação de injusta agressão iminente, contra um deles. Neste
caso, o indivíduo valoriza mais a própria vida que á vida de
quem lhe quer morto, tendo como única defesa tirar a vida de
quem lhe ameaça. Ocorre ainda que a ideia de canibalismo veio
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Tese de defesa
donopróprio
caso dosWhetmore,
exploradores o
deque
caverna
o tornou o principal alvo de des-
confiança, pois obviamente por ter proposto tal atrocidade era o
que possuía maior vontade de manter-se vivo e ainda sendo
este o causador do terror social vivenciado por todos. Portanto,
observa-se evidentemente a presença da legitima defesa como
excludente de ilicitude a fim de provar a inexistência de crime,
pois os demais usaram de meio necessário, para salvar suas vi-
das, onde o elemento subjetivo era única e exclusivamente a re-
pelir o comportamento perigoso de Whetmore.

4- DO SILÊNCIO DAS AUTORIDADES E CONFIRMA-


ÇÃO TÁCITA

O pacto ou contrato não foi proposto pelo mais forte e nem


pelo mais velho, a ideia de sacrificar um dos presentes foi dada
pela própria vítima e até então aceito por todos inclusive por
ele, a situação de poder moral torna-se válida quando passa a
ser aceita pela maioria e então quando Whetmore desisti retira-
se da lista de possíveis vítimas, ocorre que os demais réus con-
tinuaram com o “contrato” pois para o acordo ser justo todos
teriam que participar e, sendo a maioria a favor do pacto, seria
desfavorável para os acusados que um deles não participasse do
sorteio e depois comesse da carne de um deles.

Então como estudamos nos primeiros períodos do curso de di-


reito, o direito positivo, tanto suas disposições legisladas
quanto seus precedentes, devem ser interpretados segundo seu
propósito evidente e a finalidade social, conforme acompanha-
mos no caso dos exploradores aqui julgados, as evidências são
mais que claras e comprovam estes sacrificaram a vida do com-
panheiro com uma única intensão: SOBREVIVER entende-se
aqui que a justiça surge no momento em que o acordo é fir-
mado entre os cinco, fato que manteria a igualdade de chances
para todos.
Não cabe a sociedade externa nem mesmo ao júri aqui presente
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Tese de defesa no caso uma


esperar dos exploradores de caverna da tomada, pois em um mo-
atitude diferente
mento ainda de lucidez de Whetmore, antes de tomarem a deci-
são de sacrificá-lo, foi questionado se seria aconselhável que ti-
rassem a sorte para determinar qual dentre eles deveria ser sa-
crificado, NENHUM médico, juiz, autoridade governamental,
integrantes da missão de salvamento ou sacerdote ali presentes
se atreveu a responder, "TODOS" se omitiram. Portanto está in-
vocada aqui a excludente de culpabilidade, devido a erro de
proibição, dado pelo silêncio, os exploradores viram-se desco-
bertos da proteção do Estado; logo, provavelmente, deveriam
estar descobertos de suas regras também.

Com qual legitimidade os acusam? O Estado teve a oportuni-


dade de prevenir tal conduta tida como odiosa, e essa foi sem
dúvidas a última opção que eles tiveram, pois tudo foi feito a
fim de se aguardar o resgate, mas o mesmo Estado que agora os
condena foi aquele que se omitiu mesmo sabendo o terror e a
necessidade extrema pela qual passavam os réus, não deixando
outra escolha a não ser a drástica que tomaram.

5 – DO PERDÃO JUDICIAL

É óbvio e que uma vida tem menos valor se comparada a uma


pluralidade de vidas, pode parecer frio, mas destacamos que foi
aqui sacrificado o direito de um indivíduo para garantir o di-
reito a vida, além da integridade física dos sobreviventes, pois
se esperassem que um deles morresse de forma natural como a
acusação alega o quadro de desnutrição de todos se agravaria
ainda mais dificultando sua recuperação, além do fato de even-
tualmente haver conflitos entre eles também prejudicando a
integridade psicológica de ambos.
O fato de matar alguém já por sí só um fardo pesado, o que se
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Tese de defesa no caso dos


aumenta exploradores
ainda mais se de a
caverna
vítima for alguém próximo como
eram estes cinco amigos, que estavam acostumados e habitua-
dos a conviver constantemente juntos tanto em explorações
quanto em suas casas e ambientes familiares.

Portanto não havendo solução diversa da tomada, tem-se uma


situação que não importa o tempo que passem na prisão ou
mesmo que paguem com qualquer outro tipo de pena, por mais
que ao final do cumprimento de suas sentenças não devam
mais nada nem para o Estado e nem para a sociedade, ainda as-
sim estariam com o peso da culpa e as fortes cenas protagoni-
zadas por eles naquela caverna ao tirarem a vida de um amigo
com o intuito de alimentarem-se dele, sentença alguma será ca-
paz de remediar esse sentimento que os acompanhará pelo
resto de suas vidas, então temos aqui também afastada a con-
duta do elemento da culpabilidade, com base no art. 120 do
CP – “A sentença que conceder perdão judicial não será consi-
derada para efeitos de reincidência”, tendo em vista que o per-
dão judicial é o instituto por meio do qual o juiz, embora reco-
nheça a prática do crime, deixa de aplicar pena, desde que se
apresentem determinadas circunstancias excepcionais que tor-
nam inconvenientes ou desnecessárias a imposição de sanção
penal ao réu.

6 - DO DESRESPEITO PARA COM VERBAS PÚBLICAS

Segundo o estudo do caso, para que se obtivessem sucesso no


resgate dos exploradores, houve a necessidade de gastos altíssi-
mos tanto por parte da sociedade espeleológica quanto da eco-
nomia pública, fora a perda da vida de 10 operários envolvidos
no resgate por conta de novos deslizamentos.
Então qual o objetivo de excessivos gastos, se após o resgate
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Tese de defesa
dosnoexploradores
caso dos exploradores
iriam de caverna
condena-los? É uma afronta e total des-
caso com o erário público, a operação de salvamento gerou um
grande desprendimento de dinheiro público, e a finalidade era
de salvar vidas, porém se caso condenados aqui os réus, sua fi-
nalidade será desvirtuada e não haverá justiça ao condena-los,
além disso, também houve a morte de dez operários durante o
trabalho de resgaste, e uma sentença desfavorável aos sobrevi-
ventes, tornaria totalmente vã a morte dos operários, desres-
peito também seus familiares.

7 – DAQUELE QUE DEU CAUSA AO FATO

Segundo texto do art. 13 do CP – “O resultado, de que depende


a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu
causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o re-
sultado não teria ocorrido”.

§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omi-


tente devia e podia agir para evitar o resultado. O de-
ver de agir incumbe a quem:

a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou


vigilância;

b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de im-


pedir o resultado;

Temos com entendimento de causa, aquilo sem o qual a morte


não teria acontecido, porém de acordo com o estudo do caso, a
quem poderíamos culpar por ter dado causa ao sacrifício? A Ro-
ger Whetmore por ter sido o criador da ideia? Aos engenheiros
da equipe de resgate que afirmaram ser necessários ainda mais
dez dias, criando enorme ansiedade e expectativa no ambiente?
Ao médico por confirmar que eles não tinham condições de
passar mais dez dias vivos sem alimentos e confirmar que po-
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Tese de defesa no casosobreviver


deriam dos exploradores de caverna
ao alimentarem-se de carne de um deles? As
autoridades que ao serem questionadas se omitiram e mesmo
pressupondo que eles poriam em execução o plano de sobrevi-
vência ainda assim não os orientaram para que não o fizessem?
Enfim, todos aqui envolvidos tiveram tanto a oportunidade
quanto a competência necessária para tentar evitar a pratica de
tal conduta e mesmo assim não o fizeram, então por qual mo-
tivo que agora os julgam?

DO PEDIDO

Um dos mais antigos aforismas da sabedoria jurídica ensina


que um homem pode infringir a letra da lei sem violar a própria
lei.

Conforme exposto supra, chegamos à óbvia conclusão de que


não houve nenhum crime, uma vez que de acordo com o texto
constitucional para que se caracterize crime é obrigatoriamente
necessária existência de fato típico, ilícito e culpável, uma vez
que foram afastados aqui os elementos de ilicitude e culpabili-
dade tem-se por certo a inexistência de crime.

O sacrifício de um homem foi necessário para a subsistência


dos demais homens ali presentes e foi à única forma encon-
trada ali. Portanto se não há mais evidencias que comprovam o
crime, não há aqui que se falar em pena, pois no nosso ordena-
mento jurídico é impossível condenar alguém, se este não co-
metera nenhum crime.

Portanto pede-se que sejam declarados inocentes os sobrevi-


ventes, consequentemente a completa absolvição e extinção do
processo pela ausência de fato classificado como crime.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Constituição da Republica Federativa do Brasil. Brasília: Se-
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Tese de defesa no caso


nado, dos exploradores de caverna
1988.

Código Penal Brasileiro - DECRETO-LEI No 2.848, DE 7 DE


DEZEMBRO DE 1940). Brasília: Senado, 1940.

FULLER, Lon L. O Caso dos Exploradores de Cavernas. 2008.

Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/artigos/tese-de-defesa-no-caso-dos-exploradores-


de-caverna/448397146

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