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TESE CONCLUSIVA DE ACUSAÇÃO – O CASO DOS EXPLORADORES DE CAVERNA

SAUDAÇÕES

Boa noite! É com grande satisfação que a promotoria se faz presente hoje nessa sessão de
julgamento, a fim de defender os interesses do Estado em prol da sociedade. Aos nossos
ilustríssimos representantes da promotoria, com os quais, tenho a honra de poder dividir o
trabalho neste plenário, recebam os meus cumprimentos. Aos brilhantes advogados, aqui
presentes, estes na missão de defensores, é de grande importância que tenhamos profissionais iguais
aos Doutores que exerçam com tamanha maestria as funções de suas competências. Tenho certeza
que será um trabalho de muita técnica, sem quaisquer problemas pessoais. Acolham os nossos
cumprimentos. Os demais aqui presentes, gostaria de agradecer pela vossa assistência, bem como
cumprimentá-los em nome da promotoria. E por fim, nossas saudações aos mais nobres e
importantes neste plenário. Os senhores jurados, membros do Conselho de Sentença, elevados
nessa ocasião ao grau de autoridade máxima. Recebam os nossos mais sinceros cumprimentos.
Muito bem, Com a licença de vossas excelências, irei discorrer de maneira sucinta e objetiva sobre
o mérito em questão, que já foram apresentadas as senhoras e aos senhores deste plenário, pelos
doutores que me antecederam.

INTRODUÇÃO

No que me concerne, eu acredito que a nossa lei vigente conduzirá sabiamente à monstruosa
conclusão de que estes homens acusados, de fato, são assassinos. Quero fundamentar a minha
conclusão sob o prisma de duas premissas independentes, cada uma das quais é por si só suficiente
para justificar a condenação dos réus. Uma poderia ser usada como alternativa para a manutenção
dos espeleólogos na caverna até o resgate

A primeira destas premissas esta baseada no que diz respeito a geofagia. Geofagia é a prática de
alimenta-se tanto social quanto culturalmente de minerais da terra, tais como barro, areia, argila
entre outros. Ao aprofundar no mérito da questão, consta nos autos que os cinco homens que
estavam na caverna são formados em Espeleologia, ainda como se não bastasse, relataram então
suas condições físicas aos médicos, os quais lhes disseram que teriam poucas possibilidades de
sobrevivência até findar o tempo estipulado. A transmissão via rádio foi interrompida e estabelecida
após oito horas, quando um dos espeleólogos, Roger Whetmore, falando em nome do grupo,
perguntou à comissão se poderiam sobreviver por mais de dez dias caso alimentassem da carne de
um deles, sendo que a resposta, a contragosto, foi afirmativa.

Partindo dessa primeira premissa, desmembra-se todo o acontecido curso de Medicina traz estudos
sobre a geofagia ou a prática de comer terra ou argila, que tem o propósito de adaptação de animais
e seres humanos ao ambiente. Ainda assim, é apontado que essa prática é capaz de oferecer ao
organismo compostos minerais de suprema importância, como cálcio, sódio, magnésio, ferro, além
de ser capaz de inibir no organismo a ação de toxinas originárias de outros alimentos e do próprio
ambiente.

Ao penetrar mais ainda nesse aspecto, o médico e cientista Philip T. B. Starks,  2012 no estudo que
consta no seu texto sobre a geofagia, apresenta relatos consistentes. Essa prática é vista como um
hábito de sobrevivência para a espécie animal, principalmente em épocas que a disponibilidade de
alimentos convencionais tenha sido quase escassa. Além do mais, há relatos também de que
humanos tinham o hábito de usar argila em tratamentos medicinais, principalmente para tratar
doenças intestinais desde 460 a.C., já algumas tribos que habitavam a América, utilizavam terra
para temperar alimentos. Na etnia Tiv, da Nigéria, o desejo de comer terra era associado à gravidez,
isso durante o século XIX.
Partindo do ponto de o solo ser rico em nutrientes e saciável a ponto de nutrir o corpo humano
durante meses, isso sem querer entrar no mérito do solo conter vermes que são extremamente ricos
em proteínas garantindo assim a sobrevivência dos cinco arqueólogos sem a necessidade de tirar o
bem maior que é a liberdade a vida. Diante do exposto, os médicos durante a transmissão via rádio,
induziram os membros ao ato de homicídio pelo fato de ocultar outros meios de sobrevivência,
sendo que foi instrução acadêmica o conhecimento do ato de ingerir argila e terra, pois como o
próprio Manual da Estatística e Diagnóstico de Transtornos Mentais[4], cujo os autores que tiveram
como principalmente autoria para a construção da obra foram Donald W. Black[5] e Jon E.
Grant[6], que é um livro que todo estudante de Medicina tem o conhecimento e que traz a
informação do comportamento do corpo humano durante esse.

Em segundo e último lugar, não havia em hipótese alguma, a necessidade de atentar contra a vida
de Roger Whetmore, uma vez que o ATO DE MATAR não condiz com os nossos princípios éticos e
valores morais. Partindo desta segunda premissa, quero fundamentar a conclusão da nossa acusação
sob a perspectiva da Ética katiana. Esta grande obra do filósofo Imannuel Kant está desenvolvida,
sobretudo, no livro Fundamentação da Metafísica dos Costumes (1785). Nele, o autor busca
estabelecer um embasamento racional para as ações humanas. Segundo a ética de Kant, todo
principio moral, tem sua origem na razão humana. Na razão pura. E dentro da nossa razão existe
uma ordem que o filósofo chama de imperativo categórico que aparece formulado de duas maneiras
diferentes.
Cada uma das duas formulações se complementam e formam o eixo central da moral kantiana.
Nela, as ações devem ser orientadas pela razão, sempre saindo do particular, da ação individual,
para o universal, da lei moral:
1. Devemos tratar as pessoas sempre como um fim e nunca como um meio.
Nessa segunda formulação, Kant reforça a ideia de que a humanidade deve ser sempre o objetivo da
ética. Todas as nossas ações devem estar subordinadas ao respeito à vida.
Deste modo, um ser humano jamais pode ser entendido como um instrumento para se alcançar
qualquer tipo de objetivos. É categórico que Roger Whetmore foi usado como instrumento para o
alcance do objetivo da maioria. Kant, nesse momento contraria, por exemplo, a ideia de que “os fins
justificam os meios” ou qualquer visão utilitária da ética. Matar uma vida pra saciar a fome,
privando-a de uma vez por todas da sua liberdade de viver, seria esse, de fato, o objetivo principal
desses quatro assassinos? Não houve o respeito a vida de Whetmore, não houve empatia para com o
mesmo. Não houve sequer o respeito pela desistência do senhor Roger.
A segunda e última formulação dá conta da racionalidade humana, da capacidade de julgar e de agir
determinado por um fim.
2. Devemos agir de maneira que a nossa ação devesse servir de lei universal para todos os
seres racionais, ou seja, o ser humano deve tomar como princípio a ideia de que sua ação possa
servir como lei para todas as pessoas. Ou seja, com base na razão, a boa ação é a que está em
conformidade com aquilo que devemos fazer. Sabendo disso, não restam dúvidas, senhores, de que
se a ação efetuada pelos quatro acusados contra a vida de Roger Whetmore devesse servir como
parâmetro de lei universal, o valor ao maior bem que a humanidade tem que é a vida, seria extinto.
CONCLUSÃO
Portanto, matar alguém, é crime de assassinato é banalizar aquilo que a humanidade tem de mais
precioso: a liberdade, a vida. Uma vez que o dispositivo da lei vigente N.C.S.A (n.s) 12 – A , que
diz que qualquer que deliberadamente privar a vida de outro, será punido com a morte. Portanto,
diante dos argumentos expostos por mim e pelos meus colegas doutores que me precederam, nós
nos posicionamos em favor da condenação do réus. Muito obrigado.

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