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O CASO DOS EXPLORADORES DE CAVERNAS

Síntese:

• A obra “O caso dos exploradores de cavernas”, escrita pelo autor Lon. L. Fuller, relata
uma história ficcionada que fala sobre cinco exploradores pertencentes a uma
Associação de Exploração de Cavernas. No livro, durante uma das expedições que os
cinco membros realizaram, houve um deslizamento que acabou por fechar a entrada da
caverna, deixando assim os indivíduos presos, sem qualquer forma de sair do local.

• Como os homens não chegaram a retornar da expedição, os seus familiares acionaram


as autoridades do que se passava e foi de seguida acionado também um grupo de
resgaste para a caverna. Os exploradores ficaram trinta e dois dias presos no lugar,
como não tinham qualquer tipo de alimentação, um membro do grupo chamado Roger
Whetmore deu a ideia de que para não morrerem á fome deveriam consumir a carne de
algum membro do grupo.

• No final de uma discussão o autor da ideia, Roger Whetmore foi designado a cometer
esse sacrifício e servir de alimento aos restantes integrantes do grupo, foi morto no
vigésimo terceiro dia. No princípio, os outros estavam contra esta ideia, mas seria algo
que favorecia a maioria.

• Após o resgate e a recuperação dos exploradores, foram todos acusados pelo homicídio
de Whetmore. Durante o julgamento os arguidos enviaram um comunicado para o chefe
executivo do tribunal a requisitar que a pena fosse levada a apenas seis meses. Os
acusados de seguida apelaram a um Tribunal de segunda instância, e alegaram vício.

Desenvolvimento do caso:

• O presidente Truepenny começa o caso a narrar a história. Argumenta que a decisão


do Tribunal de primeira instância foi feita de uma forma exagerada e que o caso devia
ser revisto de uma forma mais delicada, mesmo assim o presidente acha que foi uma
decisão justa, mas que deveria ser tratada de outra forma. Na opinião do presidente a
justiça apenas seria feita através da inocência dos arguidos, mas isso iria contra as leis
de homicídio que regulam aquele estado. Ainda diz que “qualquer um que, de própria
vontade, retira a vida de outrem deverá ser punido com a morte”. Para o presidente
Truepenny contrariar a lei é inaceitável sendo ele um positivista – ou seja ele seguirá a
lei pois a vê como o único guia da vida individual e em sociedade. Sendo assim,
considera que a decisão do tribunal está correta. No final ele considera-os culpados.

• O juiz Foster já chega a discordar de Truepenny. Afirma que a lei deve ser cumprida,
mas que esta situação não se aplica á jurisdição da “Lei Positiva” e sim da “Lei
Natural”, pois não depende do Estado ou das leis e apenas segue a questão da natureza
humana e a sua sobrevivência. Logo o caso não pode ser julgado pela “Lei positiva”.
Quando dentro da caverna os acusados estavam sob a “Lei Natural”, dentro desta os
seus atos são justificáveis pois foram feitos em prol da sua sobrevivência. Com isto
Foster inocenta os arguidos.
• O juiz Tatting critica Foster por ele comparar a “Lei Natural” e “Lei Positiva”, e
argumenta dizendo que não existem limites de onde o estado natural inicia-se. E fala
ainda que a ordem natural não pode ter maior importância do que a importância da vida.
Questiona também a legitima defesa, pois foi um ato que foi discutido entre os
exploradores. Contudo Tatting fala que não faria sentido condenar os exploradores á
pena de morte, pois morreram trabalhadores a tentar resgata-los. Por último declara-se
incapaz de tomar uma decisão, porque coloca em causa os seus princípios morais e
abdica do seu voto.

• O juiz Keen defende que os princípios morais não devem ser o fundamento das
decisões dos juristas, devem ser fundamentadas pela lei de um país. Keen diz que
concorda com os outros juízes, mas diz que não deixa que as suas questões pessoais não
levem em consideração na aplicação da lei. Keen é um juiz claramente positivista, e
critca o juiz Foster dizendo que um juiz deve seguir a lei, para assegurar estabilidade
jurídica. O juiz Keen acha que não deve ser aplicada esta lei apenas porque ela suprime
a vontade própria. Logo Keen considera os exploradores culpados.

• O juiz Handy defende que as pessoas são governadas umas pelas outras e não por
teorias, a sua visão não se encaixa na lei natural nem na lei positiva. Ele acha que o
sentimento da população é importante, o juiz formula-se na opinião do povo. E como a
opinião do povo é a favor da libertação dos arguidos com uma pena reduzida, Handy
acha os acusados de inocentes.

Considerações finais sobre o caso:


- A Suprema Corte ficou dividida acerca das votações feitas, foram dois votos a favor e dois
votos contra. Por isso decidiram que a decisão do Tribunal de primeira instância seria a usada, e
os acusados seriam condenados á pena de morte por enforcamento.
- O autor Lon. L. Fuller., nesta história fictícia tenta realizar um debate entre os dois ramos de
Direito (Positivo/Natural) através da argumentação feita entre os juízes do caso e como a
condenação pode mudar de acordo com a lei.
- Na minha opinião uma decisão jurídica como estas deve trazer as leis escritas, mas também os
aspetos do caso que o envolvem. O direito não se limita a uma decisão automática, define-se
também pela sociedade.

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