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O caso dos denunciantes invejosos tem o mesmo estilo do livro “O Caso dos Exploradores de
Caverna”, mas tanto o caso como os fatores que o envolvem são distintos. “O Caso dos
Denunciantes Invejosos” envolve a “justiça de transição”, que é uma mudança geral na lei de um
momento político para outro. Um paralelo importante com a realidade é o fim das ditaduras do
século XX e o início da democracia em alguns países.
O contexto é uma nação com 20 milhões de habitantes que vivera muitas décadas de pacifismo
(governo democrático), porém teve os últimos anos marcados por um governo despótico dos
chamados “Camisas-Púrpuras”.
Apesar de não alterarem as leis nacionais, os déspotas não a seguiram. Deram aos juízes
maior liberdade para desfechar os casos, dando mais poder ao Judiciário – tanto que o poder
jurídico tornou-se arbitrário.
Os “Camisas-Púrpuras” surgiram num momento em que o Estado passava por uma crise
econômica muito forte como uma solução para todos os problemas, fazendo promessas
impossíveis e também possíveis – alteração do ordenamento jurídico e melhorias na economia,
por exemplo.
Deve ser levado em conta o fato de todos os aliados ou simpatizantes do partido dos
Camisas-Púrpuras foram anistiados, em detrimento dos da oposição, que foram penalizados.
O caso dos denunciantes invejosos consiste num grupo de pessoas que cometeram
denúncias por crimes cuja pena era capital – a pessoa que perdesse seus documentos e não se
apresentasse em cinco dias era morta, por exemplo. Uns possuíam o desejo de servir ao partido,
de fazer “justiça”, outros possuíam interesses pessoais envolvidos no caso e a morte de alguns
seria apenas uma facilitação para que seus planos pessoais fossem postos em prática.
Este tópico se dedica a resumir a opinião dada por cada um dos cinco deputados encarregados
de opinar sobre o caso e de cinco professores que acrescentaram suas opiniões a fim de
enriquecer o debate jurídico e relacioná-las com as teorias da justiça, as fontes do direito e casos
concretos que envolvam a mesma temática.
Primeiro Deputado
O primeiro deputado é bem político, tanto que ele deixa claro que o caso dos denunciantes
invejosos é um caso mais de ideologia do que de juridicidade.
Ele diz que “nada pode ser feito em relação aos chamados Denunciantes Invejosos”, ou
seja, que deixasse do jeito que tinha ficado com a lei que era vigente na época em que as denúncias
aconteceram.
Segundo Deputado
O segundo deputado também acha que o passado deve ser deixado no passado – que os
denunciantes invejosos devem ser anistiados.
Terceiro Deputado
O terceiro deputado já se mostra mais “pés no chão”. Ele cita alguns casos de fácil
resolução, como um caso em que uma pessoa denunciou às autoridades um homem que havia
perdido seus documentos e não avisado no prazo estipulado de cinco dias, levando-o à morte. A
mulher do assassinado tinha um caso com o denunciante e a denúncia feita foi com o intuito de
“tirar a pedra” do caminho do denunciante.
Esse denunciante deveria ser penalizado na visão do terceiro deputado, porém há casos
mais difíceis em que não se sabe se o denunciante deveria ser culpado ou não.
Na concepção dele, os casos difíceis não devem ser anistiados pelo fato de se encerrarem
em dilemas.
Quarto Deputado
O quarto deputado concorda com o terceiro no que tange à análise de cada caso, mas não
concorda em resolver rapidamente os casos e usar as leis então vigentes. Para ele, deve ser criado
novo ordenamento a fim de tratar deste caso específico.
Quinto Deputado
Ele fundamenta sua decisão num autor que diz que o Direito Penal traz consigo a
possibilidade de o homem se vingar e que o momento histórico do país fazia com que se permitisse
a vingança. Ele não queria envolver o Judiciário neste meio, deixando ao povo a responsabilidade
de resolver o caso como bem entendesse, ainda que alguns inocentes “se machucassem”.
O professor faz uma breve citação da história para falar o porquê de o jurista não elaborar as leis,
mas apenas aplica-las.
É normal pedir a um arquiteto ou a um engenheiro que façam uma casa, a uma costureira
que faça uma roupa e a um marceneiro que faça uma mesa e por que não pedir a um jurista que
faça as leis?
Segundo ele, a figura do jurista – ou operador do direito – passou a ser mal vista na Idade
Média, onde surgiu um jargão alemão que diz “advogados, cristãos malvados”.
Diante disto, não há o que discutir com base em teorias do direito, justiça ou quaisquer outras,
mas sim penalizar os denunciantes invejosos com base no sentimento de justiça social, que está
cravado no coração de todo o povo.
O professor Wendelin não só rejeita a opinião do professor Goldenage como também a condena.
Para Wendelin, os denunciantes invejosos devem ficar impunes, pois tanto eles atuaram
de acordo com a lei que estava em vigor, como grande parte da população aceitava esta lei.
Ela não está interessada em dar sua opinião acerca do caso dos denunciantes invejosos,
mas sim em propor uma reforma do sistema jurídico com o novo governo que chegou ao poder.
Na visão da professora, aqueles que opinaram a favor da punição desse denunciante invejoso estão
reproduzindo o pensamento de que a mulher é propriedade do homem, pois o amante seria punido
porque não fez um “acordo lícito” com o outro homem acerca da “propriedade” deste.
Satene é direito e diz que denunciantes desta natureza devem ser punidos independentemente de
sexo, cor ou raça.
Além disto, se opõe ao pensamento de Sting que defende que o legislador usa as leis para defender
a propriedade – incluindo a mulher, que é, na visão dela, vista como propriedade do homem –
mostrando que a Constituição é criada com base em princípios presentes na sociedade e que o
juiz recorre aos princípios para aplicar uma lei.
A professora Bernadotti concorda com Sting, mas não se aprofunda em defende-la. Rejeita os
pontos de vista de Goldenage e de Satene, mas também não se aprofunda em refutá-los. Ela apenas
dá sua opinião a favor da punição dos denunciantes invejosos de uma forma diferenciada de todas
as formas vistas até aqui.
Deve-se considerar que os denunciantes invejosos agiram de acordo com a lei que estava
vigente e, como estavam dentro da legalidade, não devem ser punidos juridicamente, uma vez
que, de acordo com a lei, foram justos.
Vale frisar que os operadores do direito que corroboraram de alguma forma com o regime
ditatorial devem ser punidos, também, de alguma maneira.