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UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA – UNIVERSO

PRÓ-REITORIA ACADÊMICA - DIREÇÃO GERAL


GESTÃO DO CURSO DE DIREITO – CAMPUS SÃO GONÇALO
COORDENAÇÃO DO NEPAC

CASO DANIELLA PEREZ: o impacto da morte da atriz no rol da lei


8.072/90

ESTER DA SILVA COSTA CHAVES

SÃO GONÇALO/RJ
2022
ESTER DA SILVA COSTA CHAVES

CASO DANIELLA PEREZ:


o impacto da morte da atriz no rol da lei 8.072/90

Projeto de trabalho de conclusão de curso


apresentado como requisito parcial para a
obtenção do título de bacharel em Direito,
pela Universidade Salgado de oliveira –
UNIVERSO, Campus São Gonçalo/RJ.

Orientadora: Simone Brilhante de Mattos

SÃO GONÇALO/RJ
2022
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............... ................................................................1-4
2 REFERENCIAL TEÓRICO...............................................................5
3 CRONOGRAMA...............................................................................6
4 REFERÊNCIA...................................................................................7-8
INTRODUÇÃO

Nesta presente tese, iremos analisar um dos crimes que mais indignou o
Brasil, argumentando e questionando a visão da sociedade em relação à morte
da atriz Daniella Ferrante Perez Gazolla, considerando os atos executórios para
a consumação do crime, a intenção, e o motivo. Portanto, o presente trabalho
tem o propósito de analisar a visão da sociedade em relação à torpeza do
homicídio qualificado já apontado, e o desprezo em relação ao Direito à Vida e
ao Princípio da Dignidade da Pessoa Humana.
Ao investigarmos o caso da atriz, nos damos conta da importância de
princípios constitucionais elencados como “Princípios e Garantias
Fundamentais” na nossa atual Carta Magna, que são cláusulas pétreas, e jamais
devem ser suprimidos, e nos perguntamos: por que esse crime indignou tanto
o Brasil? Seria pela idade de Daniella? Pelos atos executórios? Pelo motivo
torpe? Mesmo sabendo que a lei não retroage, traria, essa lei, algum benefício
para as mães que perderam os seus filhos na época?
Em 29 de dezembro de 1992, o Brasil, que aguardava ansiosamente por mais
um capítulo da novela das 20h, “De Corpo e Alma”, da autora e escritora Glória
Perez, descobria a morte da atriz e filha da autora, Daniella Perez.
Daniella Ferrante Perez Gazolla, era uma atriz e dançarina de 22 anos, que
estava ganhando o coração do país ao interpretar Yasmin, a atriz principal da
trama, que fazia “par amoroso” com Caio, papel do ator Fábio Assunção e,
também com o jovem ator Guilherme de Pádua, que interpretava o “Bira”.
Nesse mesmo dia, em razão das anotações feitas pelo advogado Hugo da
Silveira, das placas dos carros Volkswagen Santana de placa LM-1115 que foi
adulterada para (OM-1115) e do carro Ford Escort Preto de placa WL- 4055, a
polícia chegou ao autor do crime: Guilherme de Pádua.

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Devido ao motivo torpe, levando em consideração que não se havia motivos
para a morte de Daniella, senão os alegados pelo autor do crime, e aos atos da
execução, demonstrados no laudo cadavérico da vítima, que apresentava,
aparentemente, 18 lesões perfurocortantes, concentrando-se, a sua maioria, no
coração, e não se podendo afirmar, até hoje, qual foi o instrumento utilizado
pelo autor, já que o acusado o lançou, com toda a sua força, ao mar, foi gerada
uma enorme consternação nacional.
Essa comoção nacional, juntamente com o desejo de justiça da família de
Daniella, originou a primeira Iniciativa Popular, com mais de 1 milhão de
assinaturas de todo o país, incluindo, assim, o homicídio qualificado no rol da
lei de Crimes Hediondos.
Com a morte de Daniella e de outras pessoas, como a menina Miriam
Brandão, e com a busca de punição para os réus, Glória Perez, apoiada por
outras mães e pela sociedade, recorreu à Lei dos Crimes Hediondos, que são
os crimes considerados repugnantes perante à sociedade, todavia, essa lei só
elencava crimes relativos ao patrimônio. Após se indignar com a lei, a autora
foi orientada pelo seu advogado sobre a possibilidade de um dispositivo
constitucional que permite que a população elabore uma lei, chamado de
Iniciativa popular, regulamentado pela lei 9.709/98, e previsto, também, no artigo
61, parágrafo 2°, da Constituição Federal.
Com essa informação, Glória Perez divulgou publicamente um projeto que
dizia que, para os casos praticados com primariedade e crueldade, o réu não
tivesse direito à primariedade, e cumprisse a pena em concreto. Com a ausência
da internet, as pessoas se locomoviam para outros estados levando as listas,
ficavam em filas de teatro, de eventos, shoppings, e, mesmo assim, o abaixo-
assinado, que contou com as assinaturas de líderes importantes, artistas, e a
população, chegou à marca de 1,3 milhão de assinaturas, de todo o país, em
menos de três meses.

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Depois do feito, respeitando o prazo previsto em lei e os requisitos para a
apresentação do projeto, a autora só tinha aquela semana para a aprovação, já
que o Congresso iria entrar em recesso. Caso perdesse o prazo, as assinaturas
não teriam mais validade. Com o quórum presente, ao saberem do que se
tratava o projeto de lei, este se desfez rapidamente, já que esta lei não os
interessava. Vendo esse descaso dos parlamentares e o clamor público, o
Senador Humberto Lucena, que presidia o plenário, votou o projeto por
“Urgência Urgentíssima”, meio pelo qual há a dispensa das formalidades
regimentais, e se delibera a matéria instantaneamente, validando o projeto, já
que havia um líder que representava esse número.
Aprovada a redação feita pelo Ministério Público, pelo Congresso, a partir de
maio de 1994, a Lei dos Crimes Hediondos passaria a ter uma nova redução: a
inclusão do homicídio qualificado como um crime que fere princípios
resguardados pela Constituição, como o Direito à Vida e a Dignidade da Pessoa
Humana.
Embora sabendo que a lei não retroage, as mães envolvidas nesse manifesto
dizem que o maior intuito era fazer justiça, demonstrando solidariedade para os
casos futuros de aplicação dessa lei.
Além das mães, a sociedade teve esse sentimento de “dever cumprido”, já
que foi um desejo nacional. Uma forma de dizer que Daniella, Miriam, e tantos
outros, mereciam viver. Segundo a sociedade, não mudar a lei penal e não se
manifestar, seria o mesmo que concordar com a violação desses princípios.
Segundo o documentário, Guilherme de Pádua saiu da prisão em 1999, após
cumprir 6 anos e 9 meses em regime fechado. Paula Thomaz cumpriu menos de
7 anos da sentença. Atualmente, Guilherme se casou novamente e se tornou
pastor. Paula é advogada e também se casou. Paula foi condenada por danos
morais e despesas do funeral de Daniella e alegou não ter fundos por 20 anos.
Em 2022, foi decretada a penhora de seu apartamento.

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O objetivo central é a valorização da vida e da dignidade da pessoa humana,
e, como já dito pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de
Moraes: “O direito à vida é o mais fundamental de todos os direitos, já que se
constitui em pré-requisito à existência e exercício de todos os demais direitos.”
Quanto à metodologia, esse trabalho utilizou métodos e técnicas de
pesquisas em leis, sites, documentário e entrevista. A mudança na lei 8.072/90,
as sentenças dos acusados, a entrevista do acusado ao jornalista Marcelo
Rezende no Domingo Espetacular – Record TV e o documentário da HBO Max:
PACTO BRUTAL - O Assassinato de Daniella Perez.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

Como referência bibliográfica e interesse de pesquisa, temos a lei 8.072/90,


alterada pela emenda 8.930/94, o artigo 5°, caput da Constituição Federal, e
artigo 1°, lll, da Constituição Federal, com o intuito de dignificar a vida humana
e punir, de maneira mais severa, os crimes posteriores
Ao falarmos de “Dignidade da Pessoa Humana” e “Direito à Vida", nos
referimos à direitos básicos, inerentes a todo o ser humano, e, no caso aqui
tratado, mostramos como esses princípios foram tratados de forma tão trivial,
desvalorizando a vida e a dignidade de Daniella.
O caso em tela, embora ocorrido em 1992, porém relembrado em 2022, por
meio do documentário “Pacto Brutal - O Assassinato de Daniella Perez”, nos
traz uma reflexão de como o direito à vida foi e tem sido “banalizado”, levando
em consideração os motivos alegados pelos executores desses e dos
posteriores crimes.
Quando falamos de “crimes hediondos”, falamos dos crimes inafiançáveis e
imprescritíveis, prenunciados em seu artigo 1°. E, em seu artigo 2°, que esses
são insuscetíveis de anistia, graça ou indulto. Embora o artigo 5°, LXlll, não
restrinja o indulto, recentemente, após julgar o Habeas Corpus n° 81.810/SP, o
Supremo Tribunal Federal entendeu que a não concessão do indulto é
constitucional.
Portanto, a inclusão do Homicídio Qualificado no rol da Lei de Crimes
Hediondos foi uma resposta da sociedade quanto à desvalorização da vida,
relembrando, que é um princípio constitucional, e jamais deve ser violado.

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3. CRONOGRAMA

ANO 2022/2°

Fases/meses Ago Set Out Nov Dez

Levantamento bibliográfico

Análise e revisão do material

Leituras e fichamentos

Redação primeiro capítulo

Redação segundo capítulo

Redação terceiro capítulo

Introdução e Considerações Finais

Revisão

Apresentação e defesa pública

Entrega da redação final

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4. REFERÊNCIA

MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. 13ª Ed. São Paulo: Editora Atlas
S.A., 2003, p.50.

Pacto Brutal - O Assassinato de Daniella Perez – HBO Max

Marcelo Rezende entrevista Guilherme de Pádua - Domingo Espetacular

09/12/12 - Marcelo Rezende entrevista Guilherme de Pádua - Domingo

Espetacular 09/12/12 - @e10oficial

VADE MECUM, 29° EDIÇÃO, 2020

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm

LEI QUE DISPÕE SOBRE OS CRIMES HEDIONDOS 8.072/90


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8072compilada.htm

INICIATIVA POPULAR “DANIELLA PEREZ OU GLÓRIA PEREZ”


https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=
219155

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URGÊNCIA URGÊNTÍSSIMA

”https://www.congressonacional.leg.br/legislacao-e-publicacoes/glossario-
legislativo/-/legislativo/termo/urgencia_urgentissima

LAUDO CADAVÉRICO - DANIELLA PEREZ


https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1996/8/23/cotidiano/37.html

ENTENDIMENTO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL SOBRE O INDULTO DA


LEI 8.072/90
https://jus-vigilantibus.jusbrasil.com.br/noticias/1005943/condenado-por-
crime-hediondo-nao-pode-ser-beneficiado-com-indulto-natalino

SENTENÇA GUILHERME DE PÁDUA


https://www.instagram.com/p/CgkBkWPFwRo/

SENTENÇA PAULA THOMAZ


https://www.youtube.com/watch?v=OlMalMXeAgQ

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