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Professor Stanley Costa / E-mail: stanley-marcus@hotmail.com / Instagram: @ProfStanleyCosta
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Direito Civil Esquematizado
Professor Stanley Costa
Conforme as lições de Maria Helena Diniz: “O fato jurídico lato sensu é o elemento
que dá origem aos direitos subjetivos, impulsionando a criação da relação jurídica,
concretizando as normas jurídicas. Realmente, do direito objetivo não surgem
diretamente os direitos subjetivos; é necessária uma “força” de propulsão ou causa, que
se denomina “fato jurídico”1.
Enfim, podemos realmente considerar que “o mundo jurídico nada mais é senão o
mundo dos fatos jurídicos”3. A sociedade existe e se desenvolve em razão de fatos
jurídicos, inclusive aqueles considerados ilícitos.
Os fatos jurídicos em sentido amplo são divididos em (1) fatos jurídicos naturais
(fato jurídico em sentido estrito ou stricto sensu) e (2) fatos jurídicos humanos (ato
jurídico em sentido amplo ou lato sensu). Os fatos jurídicos naturais podem ser (1.1)
ordinários ou (1.2) extraordinários. Os fatos jurídicos humanos dividem-se em (2.1) ato
jurídico lícito (que não contraria o direito) ou (2.2) ato ilícito (que atenta contra o
1
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, vol. 01: teoria geral do direito civil. 33. Ed.
São Paulo: Saraiva, 2016, p. 423.
2
GAGLIANO, Pablo Stolze e PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Manual de direito civil: volume único. 2.
Ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018, p. 154.
3
PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcante. Tratado de Direto Privado. Atualizado por Vilson
Rodrigues Alves. Tomo 1. Campinas: Bookseller, 1999.
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Direito Civil Esquematizado
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direito). Ainda, os atos jurídicos lícitos são classificados em (2.1.1) ato meramente lícito
(ou ato jurídico em sentido estrito) e (2.1.2) negócio jurídico, enquanto que os atos
ilícitos podem ser (2.2.1) ilícitos civis ou (2.2.2) ilícitos penais. Existe, por fim, uma figura
sobre a qual paira grande discussão, inclusive sobre a sua existência, trata-se do (3) ato-
fato jurídico.
Ordinário
Fato Natural
(FJ Stricto Sensu)
Extraordinário
Fato Jurídico
Ato-Fato Jurídico Ato Jurídico Stricto
(Lato Sensu) Sensu
(meramente lícito)
Ato Jurídico Lícito
Fato Humano
(Ato Jurídico Lato Negócio Jurídico
Sensu)
Ato Ilícito
Os fatos jurídicos naturais (fatos jurídicos em sentido estrito) são aqueles que
independem da vontade humana para serem configurados, ocorrem sem influência
direta da vontade humana (nada impede que indiretamente a vontade humana esteja
presente). Decorrem de simples manifestação da natureza.
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Para justificar que os exemplos acima são fatos jurídicos, basta observar que o
nascimento determina o começo da personalidade; a morte o seu fim; a maioridade a
aquisição da capacidade plena; o incêndio e terremoto que destruíram os imóveis
causaram a perda parcial ou total do direito real de propriedade; e as mortes das vítimas
do terremoto, culminaram na abertura das sucessões e consequente transmissão das
heranças aos sucessores.
Os fatos jurídicos humanos, por conseguinte, são aqueles que têm origem na
vontade humana, exteriorizada e consciente, razão pela qual são também chamados de
atos jurídicos em sentido amplo (fatos jurígenos). O termo ato sugere uma ação (ato de
agir), por isso diz-se que o ato jurídico está diretamente relacionado à conduta humana.
Trata-se da ação humana capaz de produzir efeitos jurídicos. Essa modalidade se
subdivide em ato jurídico lícito (que não contraria o direito) e ato ilícito (que atenta
contra o direito). Ainda, os atos jurídicos lícitos são classificados em ato meramente
lícito (ou ato jurídico em sentido estrito) e negócio jurídico, enquanto que os atos ilícitos
podem ser ilícitos civis ou ilícitos penais.
“(...) a vontade humana tem grande relevância e deve estar presente para a
configuração do aludido ato jurídico. Todavia, não terá a vontade humana
força para regrar os efeitos do ato”5.
4
CHAVES DE FARIAS, Cristiano. ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil - Vol. 1. Salvador:
JusPodivm, 2016, p. 582.
5
FIGUEIREDO, Luciano e FIGUEIREDO Roberto. Direito Civil – Parte Geral. Salvador: JusPodivm,
2018, p. 425.
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São exemplos de atos jurídicos meramente lícitos: a) notificação para constituir
mora a do devedor; b) notificação do locatário para retomada do imóvel alugado por
prazo determinado; c) reconhecimento voluntário de paternidade; c) renúncia da
herança; d) confissão; e) quitação; f) fixação de domicílio e etc.
O NEGÓCIO JURÍDICO, por sua vez, é a conduta praticada pelo agente com
manifestação de vontade, cujos efeitos também são escolhidos por ato voluntário
(autonomia privada). O agente manifesta e delibera a sua vontade. A vontade é o fato
gerador do negócio jurídico e, também, determinante dos seus efeitos. Deste modo,
determina a doutrina que a eficácia do negócio jurídico é ex voluntate. São exemplos de
negócios jurídicos: a) contratos; b) testamento; c) casamento.
6
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Comentários ao Novo Código Civil. V. 3, 2 ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2003, p.5.
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norma jurídica, ou seja, a ação humana é essencial para que exista, mas o elemento
volitivo é irrelevante para a produção dos seus efeitos, não importando para o direito
se houve vontade em praticá-lo ou não.
Como a intenção não possui relevância para a produção dos efeitos, os atos-fatos
jurídicos não exigem capacidade de fato (de exercício) do agente, podendo ser
praticados por absolutamente incapazes sem representação ou relativamente incapazes
sem assistência. Em verdade, nem ao menos se discute o plano da validade, não se fala
em nulidade ou anulabilidade de atos-fatos jurídicos.
Nada obstante surgir da vontade humana, de logo a despreza, eis que para a
produção de seus efeitos ela (a vontade humana) pode ser até não
intencional. Nestes casos, pouco importa a intenção da vontade na prática
do ato.
“(...) Há certas ações humanas que a lei encara como fatos, sem levar em
consideração a vontade, a intenção ou a consciência do agente, demandando
apenas o ato material predeterminado. (...) No ato-fato jurídico ressalta-se a
consequência do ato, o fato resultante, sem se levar em consideração a
vontade de praticá-lo.
7
FIGUEIREDO, Luciano e FIGUEIREDO Roberto. Direito Civil – Parte Geral. Salvador: JusPodivm,
2018, p. 426.
8
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro – Parte Geral. Vol. 1. 16ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2018, p. 357 – 358.
9
GAGLIANO, Pablo Stolze e PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Manual de Direito Civil. 2ª ed. São Paulo:
Saraiva Educação, 2018, p. 153 – 155.
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Direito Civil Esquematizado
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realizá-lo (...) no ato-fato a vontade humana, o elemento psíquico, é
completamente irrelevante para a sua configuração, embora seja indiscutível
a deflagração de efeitos (...).
São fatos jurídicos em cujos suportes fáticos existem atos humanos, porém
a norma jurídica não se importa com a vontade em praticá-los. São atos,
segundo Pontes de Miranda, que o direito recebe como fatos. Não lhes é
essencial a capacidade de fato ou de exercício (incapazes, como crianças ou
loucos, podem praticá-los). (...) Há, portanto, em relação aos atos-fatos, duas
verdades fundamentais: a) eles, como dissemos, não exigem capacidade de
fato (também chamada de capacidade de exercício ou capacidade negocial).
Os civilmente incapazes, portanto, podem praticar os atos-fatos; b)
justamente porque a capacidade não é importante, os atos-fatos não passam
pelo plano da validade (não faz sentido, portanto, dizer que um ato-fato é
inválido – nulo ou anulável).
10
FARIAS, Cristiano Chaves de, BRAGA NETTO, Felipe e ROSENVALD Nelson. Manual de Direito
Civil. 3ª ed. Salvador: Juspodivm, 2018, p. 512-513.
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