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DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO

AULA 02: PESSOAS JURÍDICAS


Prof. Lauro Escobar

AULA 02

= PESSOAS JURÍDICAS =

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DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 02: PESSOAS JURÍDICAS
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Aula 02
Pessoas Jurídicas

Itens específicos do edital publicado que serão abordados nesta aula


→ PESSOA JURÍDICA. Conceito. Classificação. Começo e fim de sua existência
legal. Desconsideração.

Legislação a ser consultada → CÓDIGO CIVIL: arts. 40 até 69 (Pessoas


Jurídicas). Ler também o art. 75, CC (domicílio da Pessoa Jurídica).

Sumário
INTRODUÇÃO E CONCEITO .................................................................... 03
Natureza Jurídica .............................................................................. 04
Pressupostos de Existência e Elementos Caracterizadores ................. 05
Representação .................................................................................. 06
CLASSIFICAÇÃO GERAL ......................................................................... 07
Pessoa Jurídica de Direito Público ...................................................... 09
Pessoa Jurídica de Direito Privado ..................................................... 17
Organizações Sociais de Interesse Público ......................................... 23
Início da Existência Legal. Constituição ................................................. 32
Registro ............................................................................................ 33
DOMICÍLIO ........................................................................................... 35
Responsabilidade .................................................................................. 35
Extinção ................................................................................................ 39
Grupos Despersonalizados .................................................................... 40
Desconsideração da Personalidade Jurídica ........................................... 42
RESUMO ESQUEMÁTICO DA AULA .......................................................... 49
Bibliografia Básica ................................................................................ 53
EXERCÍCIOS COMENTADOS (FGV) ......................................................... 54
EXERCÍCIOS COMENTADOS (FCC) ......................................................... 62

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INTRODUÇÃO
O homem, desde seus primórdios, sempre teve necessidade de se agrupar
para garantir a subsistência e atingir fins comuns. A necessidade de circulação de
riquezas como fator de desenvolvimento, fez com que se estabelecessem nas
sociedades grupos de atuação conjunta na busca de objetivos semelhantes. E o
Direito, ante a necessidade crescente de agilidade nas negociações, não ignorou
estas unidades coletivas. Portanto, a pessoa jurídica é fruto desta evolução
histórica-social.

CONCEITO
De forma técnica Pessoa Jurídica pode ser definida como a união de
pessoas naturais ou de patrimônios, com o objetivo de atingir determinadas
finalidades, sendo reconhecida pela ordem jurídica como sujeito de direitos e
obrigações. Assim, como sujeito de relações jurídicas, possui personalidade
jurídica individual e própria (autônoma), independente da personalidade das
pessoas naturais que a compõe, principalmente quanto ao patrimônio.

Observação. A doutrina usa outras expressões para se referir às pessoas


jurídicas, tais como: pessoa moral, ideal, intelectual, coletiva, abstrata, fictícia,
“ente de existência ideal”, etc. Na realidade tais expressões não foram adotadas
pelo nosso ordenamento jurídico, mas sim por leis de outros países, sendo
“importadas” pela nossa doutrina. Mas os examinadores aproveitam e pedem essa
a terminologia nas provas. Não é raro cair a seguinte indagação em um concurso:
“quais as características da pessoa moral?” À primeira vista pode-se pensar que
pessoa moral é sinônimo de pessoa física (pois somente uma pessoa física é que
teria, digamos, ‘moral’). No entanto, o correto é dizer que pessoa moral
(expressão adotada pela França) é sinônimo de pessoa jurídica. Portanto,
prestem atenção quanto aos sinônimos usados nas questões pelos
examinadores, pois podem “derrubar” um excelente candidato, que conhece a
matéria, mas desconhecia a expressão.

PROTEÇÃO JURÍDICA
As pessoas jurídicas têm direito à personalidade (identificação, liberdade
para contratar, boa reputação, etc.), aos direitos reais (pode ser proprietária,
usufrutuária, etc.), aos direitos industriais (art. 5°, inciso XXIX da CF/88), aos
direitos obrigacionais (podendo comprar, vender, alugar ou contratar de uma
forma geral) e até mesmo aos direitos sucessórios (podem adquirir bens causa
mortis, ou seja, por testamento).
Segundo o art. 52, CC, aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a
proteção dos direitos da personalidade. Isso quer dizer que os dispositivos
relativos aos direitos da personalidade da pessoa natural (arts. 11 a 21, CC)
também podem ser aplicados em relação à pessoa jurídica, no que couber.

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Portanto, em relação ao Direito Civil, a pessoa jurídica tem direito tanto
à tutela preventiva, como repressiva de seus direitos da personalidade, podendo
ser vítima e sofrer danos morais, tendo, inclusive, o direito de acionar o Poder
Judiciário para exigir reparação desses danos. Trata-se da Súmula 227 do
Superior Tribunal de Justiça: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral”. No
entanto o próprio STJ deixou claro que isso somente ocorre hipótese em que
haja ferimento à sua honra objetiva.

Convém aqui fazer uma diferenciação entre honra subjetiva e objetiva.


Honra subjetiva é o sentimento que cada um tem a respeito de seus próprios
atributos (físicos, intelectuais, morais, etc.); é o que cada um pensa de si mesmo
em relação a seus atributos; é a autoestima. Já honra objetiva é a reputação,
aquilo que os outros pensam a seu respeito; o conceito que a pessoa goza perante
a comunidade em que está inserida. As pessoas naturais têm a proteção das “duas
honras”. Já a pessoa jurídica, por não ter honra subjetiva (não tem autoestima ou
sentimentos, não sente dores, emoções, humilhações ou constrangimentos
pessoais), só é indenizada no aspecto da honra objetiva, ou seja, em relação ao
conceito que goza junto a terceiros, que pode ficar abalado por atos que lhe afetem
no mundo civil e comercial onde atua (reputação, bom nome, marca idônea,
patrimônio, etc.). A jurisprudência do STJ também admite a possibilidade da
pessoa jurídica ser vítima de coação moral, desde que esta se refira a atos jurídicos
contrários à sua finalidade e à sua reputação.
Complementando, também segundo jurisprudência do STJ, a pessoa
jurídica de direito público não tem direito à indenização por danos morais
relacionados à violação da honra ou da imagem. De modo geral, a doutrina e
jurisprudência nacionais só têm reconhecido a elas direitos fundamentais de
caráter processual ou relacionados à proteção constitucional da autonomia,
prerrogativas ou competência de entidades e órgãos públicos, ou seja, direitos
oponíveis ao próprio Estado, e não ao particular.

NATUREZA JURÍDICA
Diversas teorias tentam identificar a natureza da personalidade da pessoa
jurídica. Uma corrente doutrinária nega a sua existência (negativista). Mas a
corrente afirmativista é a majoritária. E esta se divide basicamente em dois
grupos, sendo que cada um deles possui uma vasta subdivisão: a) Teorias da
Ficção (a pessoa jurídica é apenas uma criação artificial da lei ou da doutrina);
b) Teorias da Realidade (realidade orgânica ou objetiva, realidade jurídica,
realidade técnica, etc.).
Como nosso curso é objetivo, visando concursos públicos, vamos deixar
de lado a análise de cada uma dessas teorias sobre natureza da pessoa jurídica e
vamos nos ater somente ao que tem prevalecido nas provas.

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Direto ao Ponto: de todas as teorias existentes sobre o tema, a que melhor
se adapta ao nosso sistema jurídico, sendo acolhida pelos mais renomados
doutrinadores e que tem caído em concursos (e é isso o que nos interessa), é a
TEORIA DA REALIDADE TÉCNICA. Realidade porque a existência continua
distinta da de seus membros e depende de formalização em registro público.
Técnica porque admite ser desconsiderada em determinadas hipóteses (que
veremos mais adiante). Assim, a pessoa jurídica existe de fato (ente real e
não uma mera abstração), sendo, portanto, sujeito de direitos e obrigações.
O próprio Estado reconhece a existência de grupos de pessoas que se unem na
busca de determinados fins, entendendo ser necessária a existência de
personalidade jurídica própria, distinta da dos membros que a compõe.
Assim, a personalidade jurídica é um atributo concedido a estes entes coletivos
por meio do ordenamento jurídico, sem que isso possa redundar em facilidade
para que seus componentes a utilizem como um instrumento de fraudes à lei ou
aos direitos de terceiros (permite-se, em casos especiais, a desconsideração).

PRESSUPOSTOS DE EXISTÊNCIA DA PESSOA JURÍDICA


São considerados elementos essenciais da personificação da pessoa jurídica:
A) VONTADE HUMANA CRIADORA. Trata-se da affectio societatis,
ou seja, intenção específica dos sócios em constituir uma entidade com
personalidade distinta da de seus membros.
B) LICITUDE DE SUA FINALIDADE. Deve ter objeto lícito abrangendo
em seu conceito: a moralidade dos atos e os objetivos perseguidos.
C) OBEDIÊNCIA AOS REQUISITOS IMPOSTAS PELA LEI. As pessoas
jurídicas somente existem porque a lei assim o permite. Portanto, ela necessita
se submeter aos requisitos impostos pela própria lei, entre eles, como veremos
adiante, a elaboração dos atos constitutivos e seu respectivo registro.
Costuma-se inserir nesse item também o princípio da tipicidade (ou
taxatividade), ou seja, deve haver previsão legal de personificação pela forma
pretendida pelas partes, pois pode ocorrer que haja uma organização lícita que
não encontra na lei a necessária previsão como pessoa jurídica, como a
sociedade conjugal, o espólio, etc.

ELEMENTOS CARACTERIZADORES ESSENCIAIS DA PESSOA JURÍDICA


A) Autonomia: ou seja, a pessoa jurídica existe de forma distinta e
autônoma em relação aos membros que a compõe.
B) Patrimônio próprio: decorre do item anterior. Tanto a pessoa
jurídica, como cada um de seus membros possuem patrimônios próprios e
inconfundíveis.

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C) Responsabilidade civil e criminal: as pessoas jurídicas são
civilmente responsáveis pelos atos de seus empregados e prepostos (art. 932,
III, CC), bem como por crimes ao meio ambiente (art. 225, CF/88).

D) Ilegitimidade para a prática de certos atos: apesar da pessoa


jurídica ter aptidão para a prática de atos da vida civil, por não ter existência
biológica, não pode praticar atos em que o atributo da humanidade é
pressuposto, como casar, adotar, fazer testamento, doar órgãos, etc. No
entanto, como vimos, possui direito à proteção jurídica ao nome, domicílio,
propriedade material e intelectual, nacionalidade, etc.

REPRESENTAÇÃO
Por não poder atuar por si mesma, a pessoa jurídica deve ser
representada por uma pessoa física, ativa e/ou passivamente, exteriorizando
sua vontade, nos atos judiciais ou extrajudiciais. Prevê o art. 46, III, CC que no
registro da pessoa jurídica se declarará o modo porque se administra e representa,
ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente. Pelo art. 47, CC, todos os
atos negociais exercidos pelo representante, dentro dos limites de seus
poderes estabelecidos no estatuto social, obrigam a pessoa jurídica, que deverá
cumpri-los. No entanto, se o representante extrapolar estes poderes,
responderá pessoalmente pelo excesso, ou seja, a sociedade fica isenta de
responsabilidade perante terceiros pelo ato do administrador que extrapolar os
limites do ato constitutivo (exceto se foi beneficiada com a prática do ato, quando
então passará a ter responsabilidade na proporção do benefício auferido). A
doutrina chama isso de teoria ultra vires societatis (além do conteúdo da
sociedade), caracterizada pelo abuso de poder do administrador, ocasionando
violação do objeto social lícito para o qual foi constituída a empresa. Isso funciona
como uma forma de proteção da pessoa jurídica, responsabilizado apenas o
sócio.
1. Pessoas Jurídicas de Direito Público Interno → são representadas em
juízo, ativa e passivamente (art. 75, incisos I a IV, do Código de Processo Civil de
2015):
a) União → pela Advocacia-Geral da União, diretamente ou mediante órgão
vinculado.
b) Estados e Distrito Federal → por seus Procuradores.
c) Municípios → por seu Prefeito ou Procurador.

d) Autarquias e Fundações de Direito Público → por quem a lei do ente


designar.

2. Demais Pessoas Jurídicas → em regra é a pessoa indicada em seu ato


constitutivo. Na omissão, a representação será exercida por seus diretores (art.

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75, VIII, CPC/2015). As sociedades e as associações irregulares serão
representadas pela pessoa a quem couber a administração de seus bens (art. 75,
IX, CPC/2015).
Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva (gerência colegiada),
as decisões serão tomadas pela maioria dos votos, salvo se o ato constitutivo
dispuser de modo diverso (art. 48, CC). Se houver vacância geral na administração
o Juiz deverá nomear um administrador provisório (ad hoc), nos termos do art.
49, CC.
Como no mundo dos negócios é praticamente impossível o administrador
de uma grande empresa estar presente a todos os eventos, pode-se outorgar
mandato, que é uma espécie de contrato. Ou seja, transfere-se parte dos poderes
para que uma terceira pessoa (mandatário) pratique atos em nome da pessoa
jurídica (mandante).

Não confundir Mandatário X Preposto


Segundo o art. 653, CC, “opera-se o mandato quando alguém recebe de
outrem poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses”. Já
o preposto é uma figura que encontramos no Direito do Trabalho. Trata-se de
um empregado da empresa, que preferencialmente exerce cargo de gerente ou
outro de confiança e que tenha conhecimento dos fatos constantes da reclamatória
trabalhista, com capacidade para defender ou esclarecer os temas e devidamente
autorizado (carta de preposição) a representá-la junto à Justiça do Trabalho.

PRAZOS PARA ANULAÇÃO


Sobre esse tema, as questões de concurso costumam pedir duas espécies
de prazo de anulação (observem que ambos são de três anos):
A) Anulação da Constituição da Pessoa Jurídica. Art. 45, parágrafo
único, CC: decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas
jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da
publicação de sua inscrição no registro.
B) Anulação das Decisões dos Administradores. Art. 48, parágrafo
único, CC: decai em três anos o direito de anular as decisões tomadas por
maioria de votos em administração coletiva, quando violarem a lei ou estatuto, ou
forem eivadas de erro, dolo, simulação ou fraude.

CLASSIFICAÇÃO GERAL DAS PESSOAS JURÍDICAS

A) Quanto à Nacionalidade  Elas podem ser consideradas como


nacionais ou estrangeiras, tendo em vista sua articulação e subordinação
à ordem jurídica que lhe conferiu personalidade, sem se ater, em regra, à

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nacionalidade dos membros que a compõe e à origem do controle financeiro.
Sociedade Nacional é a organizada conforme a lei brasileira e tem no País a
sede de sua administração (arts. 1.126 a 1.133, CC). A Sociedade Estrangeira
é a que necessita de autorização (decreto) do Chefe do Poder Executivo para
funcionar, ficando sujeita aos Tribunais brasileiros quanto aos atos aqui
praticados (arts. 1.134 a 1.141, CC); ela é obrigada a ter, permanentemente,
representante no Brasil, com poderes para resolver quaisquer questões e receber
citação judicial pela sociedade. Possuem algumas restrições legais.

B) Quanto à Estrutura Interna


1) Universitas Personarum: nelas, o mais importante é o conjunto
de pessoas, que apenas coletivamente goza de certos direitos e os exerce por
meio de uma vontade única. O objetivo é o bem-estar de seus membros. Ex.: as
sociedades (de uma forma geral) e as associações.
2) Universitas Bonorum: nelas, o mais importante é o patrimônio
personalizado destinado a um determinado fim e que lhe dá unidade. O objetivo
é o bem-estar da sociedade. Ex.: fundações. O patrimônio e as finalidades
(objeto) das fundações são seus elementos essenciais.

C) Quanto às Funções e Capacidade  Podem ser divididas em pessoas


jurídicas de direito público e pessoas jurídicas de direito privado (art. 40, CC).
Este é o item mais importante, pois é o que tem maior incidência em
concursos. Daremos agora uma visão geral e panorâmica sobre o tema. A
seguir vamos analisar cada uma das espécies e subespécies, de forma minuciosa.

I. DIREITO PÚBLICO
A) Interno (art. 41, CC)
1) Administração Direta: União, Estados, Distrito Federal, Territórios e
Municípios.
2) Administração Indireta: Autarquias, Associações e demais entidades
criadas por lei (Fundações Públicas de Direito Público).
B) Externo (art. 42, CC): Estados estrangeiros e demais pessoas regidas
pelo Direito Internacional Público.

II. DIREITO PRIVADO (art. 44, CC)


A) Universitas Personarum
1) Sociedades
a) Simples.
b) Empresária.
2) Associações, Partidos Políticos e Organizações Religiosas.
3) Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI).

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B) Universitas Bonorum
1) Fundações Particulares (segundo a doutrina também as fundações
públicas de direito privado).

ATENÇÃO A principal diferença entre as pessoas jurídicas de direito


público e de direito privado (que interessa ao Direito Civil) é a disponibilidade
patrimonial. Enquanto os bens das pessoas jurídicas de direito privado são
disponíveis e sujeitas a penhora e usucapião, os bens das de direito público
possuem a característica da impenhorabilidade e da impossibilidade de usucapião,
por serem consideradas como de patrimônio público de interesse da coletividade,
já que é mantido pela arrecadação de impostos pagos pelos contribuintes. No
entanto os bens públicos dominicais podem ser alienados, desde que presentes os
requisitos legais (art. 101, CC).

I. PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO

O Estado é a pessoa jurídica de direito público por excelência. Todo Estado


independente é formado por três elementos essenciais: a) povo; b) território; e
c) governo soberano. Costuma-se dizer que o Estado é o povo, em dado território,
politicamente organizado, segundo sua livre e soberana vontade.

I.1) PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO EXTERNO


Segundo o art. 42, CC, são pessoas jurídicas de direito público externo os
Estados estrangeiros (outros países soberanos, como o Uruguai, Canadá,
Dinamarca, etc.) e todas as pessoas que forem regidas pelo direito
internacional público, ou seja, as uniões aduaneiras com o objetivo de facilitar
o comércio exterior (ex.: Mercosul) e os organismos internacionais, como a ONU
(Organização das Nações Unidas), OEA (Organização dos Estados Americanos),
FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação - Food and
Agriculture Organization), etc. Certa vez vi cair em um concurso: A Santa Sé é:
...? Ora, a Santa Sé (também chamada de “Sé Apostólica”) é considerada como
um sujeito de direito internacional (pessoa jurídica de direito público externo),
pois as relações e acordos diplomáticos com outros Estados soberanos são com
ela estabelecidos. Costuma-se dizer que a Santa Sé difere do Vaticano (ou Estado
da Cidade do Vaticano), pois este é um instrumento para a independência da Santa
Sé, tendo natureza e identidade própria enquanto representação do governo
central (cúpula governativa) da Igreja Católica; o Vaticano seria um território
sobre o qual a Santa Sé tem soberania.

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I.2) PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO INTERNO
São aquelas cuja atuação se restringe aos interesses e limites territoriais
do Estado. É a nossa nação, politicamente organizada, nos moldes previstos na
Constituição Federal de 1988.

A) PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO INTERNO DA


ADMINISTRAÇÃO DIRETA OU CENTRALIZADA (art. 41, I, II e III, CC)  São
elas: União, Estados-membros, Distrito Federal, Territórios e os Municípios
legalmente constituídos.
Costuma-se dizer que o Brasil é detentor de soberania, ou seja, não deve
obediência jurídica a nenhum outro Estado. É juridicamente ilimitada no plano
interno e somente encontra limites na soberania de outro País. Já as demais
entidades dentro do Brasil são detentoras de autonomias. A autonomia dos entes
da federação brasileira está devidamente delimitada pelo Direito. Esta autonomia,
na verdade, é o exercício do poder do Estado com a observância dos parâmetros
jurídicos estabelecidos em uma norma de hierarquia superior (em outras palavras:
a própria Constituição Federal).
A União designa a nação brasileira, nas suas relações com os Estados-
membros que a compõe e com os cidadãos que se encontram em seu território.
Os Estados federados (Estados-membros) possuem autonomia
administrativa, competência e autoridade legislativa, executiva e judiciária sobre
os negócios locais.
Os Municípios legalmente constituídos também se encaixam nesta
classificação, pois foram assegurados pela Constituição Federal; eles têm
interesses e economia próprios.
Também há previsão expressa em relação ao Distrito Federal. Mas em
relação a ele a natureza jurídica é controvertida. Alguns dizem que ele é um
município anômalo; outros que é uma autarquia territorial; outros que é uma
circunscrição territorial assemelhada aos territórios. Finalmente outros afirmam
que é “mais do que um município e menos que um Estado”. Possui previsão
expressa no art. 32, CF/88. Vejamos: a) o Distrito Federal rege-se por uma Lei
Orgânica (típica de Municípios) e não por uma Constituição Estadual (típica dos
Estados-membros); b) o Poder Legislativo é exercido pela Câmara Legislativa
(mistura de Câmara de Vereadores – Poder Legislativo Municipal e Assembleia
Legislativa – Poder Legislativo Estadual) composta por Deputados Distritais
eleitos, acumulando as competências legislativas reservadas aos Estados e
Municípios; c) o Chefe do Poder Executivo é um Governador (típico dos Estados)
Distrital e não um Prefeito (típico dos Municípios); d) é proibida a sua divisão em
municípios. Há uma grande crítica em relação ao texto do art. 18, §1o, CF/88, pois

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ele afirma que Brasília é a Capital Federal, quando se devia ter mantido a nossa
tradição e correção técnica afirmando que “o Distrito Federal é a capital da União”.
Na realidade Brasília é o nome de uma das Regiões Administrativas do
Distrito Federal (RA-I). Ela é um núcleo urbano, uma cidade que serve de centro
político à União, mas não pode ser considerada como um Município, juridicamente
falando. Esta região, em termos urbanos, compreende as “Asas” Sul e Norte e a
área central do chamado “Plano Piloto”. No entanto a Lei Orgânica do Distrito
Federal não menciona os limites de Brasília. Já as demais aglomerações urbanas
situadas fora do Plano Piloto pertencem a outras Regiões Administrativas. Embora
o Decreto n° 19.040/98 tenha proibido a expressão, ainda se costuma usar o
termo cidade-satélite (ex.: Gama, Taguatinga, Brazlândia, Sobradinho, Planaltina,
Ceilândia, Guará, etc.).
Chamo atenção para os Territórios. Como sabemos, já não existem mais
os Territórios no Brasil. Mas apesar de não mais existirem há previsão expressa
na Constituição Federal, possibilitando a criação de eventual novo Território, por
meio de Lei Complementar (arts. 18, §2° e 48, inciso VI, CF/88). Para o Direito
Civil ele será considerado como sendo uma pessoa jurídica de direito público
interno, pois há previsão expressa no art. 41, inciso II, CC.
Alguns autores classificam os territórios como “autarquias territoriais”
dando a entender que seriam pessoas jurídicas de direito público interno de
administração indireta (há uma grande discussão sobre este tema, mas diversos
civilistas preferem classificá-los como de administração direta).

DIRETO AO PONTO. Podemos dizer que o Brasil, nos termos da


Constituição Federal de 1988, possui:
a) Forma de Governo: republicano (eletividade e temporariedade dos
mandatos do Chefe do Poder Executivo).
b) Forma de Estado: federal (descentralização política: em um mesmo
território há diferentes entidades políticas autônomas – União, Estados, Distrito
Federal, Municípios).
c) Sistema de Governo: presidencialista (Presidente da República é o único
Chefe do Poder Executivo, acumulando as funções de Chefe de Estado e Chefe
de Governo, cumprindo mandato por prazo determinado, não dependendo da
confiança do Poder Legislativo para a investidura e o exercício do cargo).

CONCLUSÃO: O Brasil é uma República Federativa, com sistema


Presidencialista. Além disso, possui como Regime de Governo o Estado
Democrático e de Direito.

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Observação doutrinária importante para concursos
União e República Federativa do Brasil são expressões sinônimas?
Resposta: ambas são expressões usadas para designar o mesmo ente. No
entanto a doutrina estabelece uma importante diferença. O termo União é
usado no plano interno; trata-se da pessoa jurídica de direito público interno,
entidade federativa autônoma em relação aos Estados-membros, Distrito Federal
e Municípios, possuindo competências administrativas e legislativas determinadas
constitucionalmente. Lembrem-se de que entre os entes da Federação (ex.: a
União e os Estados-membros) não há hierarquia, mas sim uma coordenação
harmônica de poderes distribuídos pela Constituição. Já a expressão República
Federativa do Brasil é usada no plano externo, para identificar o Brasil
perante os outros países (relações internacionais). Neste caso seria uma pessoa
jurídica de direito público externo (ou internacional), integrada pela União,
Estados, Distrito Federal e Municípios. A União representa o Estado Federal nos
atos de Direito Internacional, mas quem pratica efetivamente os atos de Direito
Internacional é a República Federativa do Brasil, juridicamente representada por
um órgão da União: a Presidência da República.
RESUMINDO
República Federativa do Brasil: pessoa jurídica de direito público externo
(ou internacional).
União: pessoa jurídica de direito público interno; é apenas uma das
entidades que forma o Estado Federal, e que, por determinação
constitucional (art. 21, I, CF/88) tem competência exclusiva de representá-
lo em suas relações internacionais.

B) PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO INTERNO DE


ADMINISTRAÇÃO INDIRETA OU DESCENTRALIZADA (art. 41, IV e V, CC) 
São entidades descentralizadas, criadas por lei, com personalidade jurídica própria
para o exercício de atividade de interesse público. São elas: a) Autarquias. b)
Associações Públicas (Lei n° 11.107/05). c) Demais entidades de caráter público
criadas por lei. Vejamos cada um destes itens:

AUTARQUIAS
São pessoas jurídicas de direito público, que desempenham atividade
administrativa típica, com capacidade de autoadministração nos limites
estabelecidos em lei. Embora ligadas ao Estado, elas desfrutam de certa
autonomia, possuindo patrimônio e orçamento próprio, mas sob o controle
do Executivo que o aprova por Decreto e depois o remete ao controle do
Legislativo. As autarquias não têm capacidade política (isto é, não podem
legislar e criar o próprio Direito, devendo obedecer a legislação administrativa à

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qual estão submissas), porém podem baixar instruções normativas (que não são
consideradas leis em sentido estrito).
Elas são criadas por lei específica (iniciativa privativa do chefe do Poder
Executivo), com personalidade jurídica de direito público; integram a
administração indireta, possuindo atribuições estatais destinadas à realização de
obras e serviços públicos, de cunho social, geralmente ligadas a área da saúde,
educação, etc. (excluem-se, portanto as de natureza econômica ou industrial).
Portanto elas devem atuar em setores que exigem especialização por parte do
Estado, com organização própria, administração mais ágil e pessoal especializado.
Seus bens são considerados públicos.
A autarquia nasce com a vigência da lei que a instituiu, não havendo
necessidade de registro. Da mesma forma, sua extinção também deve ser feita
por meio de lei específica (princípio da simetria das formas jurídicas). Seus atos
são considerados como administrativos. Como possui personalidade jurídica
própria, ela se desliga do ente criador. Portanto, se alguém quiser discutir
judicialmente a revisão de sua aposentadoria, deve ingressar com ação judicial
não contra a União (entidade criadora), mas contra o próprio INSS como entidade
autônoma e com patrimônio próprio. Ex.: INSS (Instituto Nacional do Seguro
Social), INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), CVM
(Comissão de Valores Mobiliários), CADE (Conselho Administrativo de Defesa
Econômica), IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis), Imprensa Oficial do Estado, etc.

ASSOCIAÇÕES PÚBLICAS
O art. 241, CF/88 autorizou a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios a realizarem mediante lei os chamados consórcios públicos e os
convênios de cooperação entre os entes federados, autorizando a gestão
associada de serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de
encargo, serviços, pessoal e bem bens essenciais à continuidade dos serviços
transferidos. A Lei n° 11.107/05 regulou os consórcios públicos, cumprindo o
disposto na Constituição sendo uma nova forma de se prestar um serviço público.
Essa lei optou por atribuir personalidade jurídica aos consórcios públicos, dando-
lhes a forma de uma associação, podendo ser de pessoa jurídica de direito
público (associação pública) ou de direito privado.
Quando o consórcio público for pessoa jurídica de direito privado, assumirá
a forma de “associação civil”, sendo que aquisição da personalidade ocorre com a
inscrição dos atos constitutivos no registro civil das pessoas jurídicas. Mesmo
assim, estes consórcios estão sujeitos às normas de direito público no que diz
respeito à realização de licitação, celebração de contratos, prestação de contas,
admissão de pessoal, etc.

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Quando criado com personalidade de direito público, o consórcio público
se apresenta como uma associação pública. O consórcio público será constituído
por contrato, cuja celebração dependerá de prévia subscrição de protocolo de
intenções. As questões de prova em concurso têm entendido que as associações
públicas são uma espécie de autarquia (e não uma nova espécie de entidade da
administração indireta).

FUNDAÇÕES PÚBLICAS
Fundação, de uma forma geral, é uma instituição do direito privado. Sua
criação resulta da iniciativa de uma pessoa (física ou jurídica), que destina um
acervo de bens particulares (que adquirem personalidade jurídica) para a
realização de finalidades sociais, sem natureza lucrativa (educacional,
assistencial, etc.). Compreende sempre: patrimônio e finalidade.
No entanto, as fundações também podem ter personalidade jurídica de
direito público, segundo dispõe a sua norma instituidora. Ultimamente o Poder
Público tem instituído fundações para a execução de algumas atividades de
interesse coletivo, sem finalidade lucrativa (assistência social, assistência médica
e hospitalar, educação e ensino, pesquisa científica, atividades culturais, proteção
ao meio ambiente, etc.). Elas integram a administração pública indireta no
nosso sistema jurídico, pois uma pessoa política faz a dotação patrimonial e
destina recursos orçamentários para a manutenção da entidade. No entanto, como
suas atividades não são exclusivas do Poder Público costuma-se dizer que elas
exercem atividades atípicas do Poder Público.
As fundações públicas se assemelham às fundações particulares, mas se
diferenciam nos seguintes aspectos: enquanto a fundação privada é criada a partir
de um ato (inter vivos ou causa mortis) de um particular e com patrimônio deste,
a fundação pública é criada mediante uma lei específica, a partir de um patrimônio
público. Ex.: FUNASA (Fundação Nacional da Saúde), FUNARTE (Fundação
Nacional das Artes), FUNAI (Fundação Nacional do Índio), FBN (Fundação
Biblioteca Nacional), IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), IPEA
(Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), FUB (Fundação Universidade de
Brasília), etc.
Se observarmos o art. 41, CC, que arrola as pessoas jurídicas de direito
público, vamos concluir que ele não menciona a “fundação”, como sendo uma de
suas espécies. No entanto, segundo a doutrina, as fundações públicas estariam
implícitas na expressão “demais entidades de caráter público criadas por lei”. E
Constituição Federal de 1988, em especial após a Emenda Constitucional n° 19/98
(art. 37, XIX), reforçou esta posição.

Observação 01. Sobre este tema, os civilistas são bem objetivos: fundação
pública é uma pessoa jurídica de direito público interno (apesar de não haver

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previsão expressa neste sentido). Ponto! Porém... para os administrativistas a
coisa não é tão simples (vou falar sobre isso de forma superficial, pois o tema não
traz interesse maior ao Direito Civil). Para o Direito Administrativo a posição mais
aceita é que existem duas espécies de fundações públicas:
a) Fundações públicas com personalidade jurídica de direito público:
criadas diretamente pela edição de uma lei específica (Poder Legislativo). Elas
adquirem a personalidade jurídica com a vigência da lei instituidora. Na realidade
elas são espécies do gênero autarquias (são também chamadas de fundações
autárquicas ou autarquias fundacionais), sujeitando-se ao regime jurídico do
direito público (idêntico ao das autarquias), com todas as suas prerrogativas e
restrições. Segundo a doutrina somente estas pertenceriam ao direito público.
b) Fundações públicas com personalidade jurídica de direito privado:
há uma autorização dada em lei para criação da entidade; após isso o Poder
Executivo elabora os atos constitutivos da fundação e a seguir deve providenciar
a inscrição no registro competente. Somente após esse registro ela adquire a
personalidade. Possuem um caráter híbrido; parte regulada pelo direito privado e
parte pelo direito público. Segundo a doutrina elas pertencem ao direito privado
(seus bens não são públicos, não estão sujeitas ao regime de precatórios, etc.).

Observação 02. Segundo a doutrina (principalmente ligada ao Direito


Administrativo), todos os temas que falamos acima são espécies de autarquias.
Explico! Há quem sustente que autarquia representa um gênero, sendo
dividida em:
a) Autarquias comuns ou ordinárias: são aquelas a que nos referimos
mais acima como item autônomo.
b) Autarquias sob regime especial: são aquelas em que a lei instituidora
prevê determinados instrumentos aptos a lhes conferir maior grau de autonomia
perante o Poder Público do que as autarquias comuns. Os exemplos clássicos são
o BACEN (Banco Central do Brasil) e a USP (Universidade de São Paulo). Embora
não haja uma previsão expressa da lei, também estão incluídas nesse item as
agências reguladoras, entidades que possuem alto grau de especialização
técnica, incumbidas de normatizar e fiscalizar a prestação de certos serviços de
grande interesse público (ou seja, de deveres específicos do Estado, que podem
implicar na restrição da liberdade empresarial em prol do interesse público,
impedindo práticas anticoncorrencial e de abuso do poder econômico, protegendo
os interesses dos usuários e assegurando a universalização dos serviços públicos).
O Estado, ao invés de assumir diretamente o exercício de uma atividade
empresarial, intervém nessas atividades de domínio econômico, utilizando
instrumentos de autoridade. Por terem natureza autárquica devem ser
constituídas por meio de lei de iniciativa exclusiva do Poder Executivo. Ex.:
ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações), ANEEL (Agência Nacional de

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Energia Elétrica), ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), ANP (Agência
Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), ANA (Agência Nacional de
Águas), etc. Fala-se, também em “agências executivas”. Estas, no entanto, não
são uma espécie de entidade, mas sim uma qualificação que pode ser conferida
pelo poder público às autarquias em geral ou às fundações públicas que com ele
celebrem contrato de gestão (art. 37, §8°, CF/88; ver também o art. 51 da Lei n°
9.649/98). Ou seja, se uma autarquia cumpre determinadas metas estabelecidas
em um contrato, o Poder Público a qualifica como agência executiva. Com isso
amplia-se a sua autonomia gerencial, orçamentária e financeira (sem prejuízo, é
evidente, do controle a que se sujeitam todas as entidades da administração
indireta).
c) Autarquias fundacionais (há quem as chame de fundações
autárquicas): são as fundações públicas com personalidade de direito público a
que nos referimos acima. Na realidade o regime jurídico a que se sujeitam estas
fundações e as autarquias comuns é idêntico. A diferença é simplesmente
conceitual: define-se as autarquias como um serviço público personificado, em
regra típico do Estado e estas fundações como um patrimônio personalizado
destinado a finalidade específica de interesse social.
d) Associações públicas: são os consórcios públicos que falamos acima.

Observação 03. Há ainda quem acrescente outras duas espécies de


autarquias: a) autarquias territoriais: são os territórios federais, responsáveis
pela execução dos serviços públicos em determinadas áreas geográficas; b)
autarquias corporativas (ou profissionais): exercem o poder de polícia sobre
determinadas profissões. Ex.: Conselho Federal de Medicina (CFM), Conselho
Regional de Engenharia e Agronomia (CREA), Conselho Regional de Corretores de
Imóveis, etc. O STF considerou que tais órgãos de fiscalização profissional são
tidos como autarquias, integrantes da Administração Pública, sendo, por tal
motivo, seus servidores selecionados por concurso público (aplicam-se as regras
das pessoas jurídicas de direito público). No tocante à Ordem dos Advogados
do Brasil (OAB), desde o julgamento da ADI 3.26/DF (Rel. Min. Eros Grau –
2006), era considerada como categoria ímpar das personalidades jurídicas
existentes (“serviço público independente”), não sendo autarquia e não se
submetendo ao Poder Público (não é parte da Administração Pública) e, por
consequência, não se lhe exigindo concurso público para contratação de
funcionários. No entanto, o Informativo 837 do STF, ao comentar o RE
595.332/PR (Rel. Min. Marco Aurélio – 2016), que a OAB é uma autarquia
corporativista. Já o acórdão deixou claro que: “Compete à Justiça Federal
processar e julgar ações em que a Ordem dos Advogados do Brasil, quer mediante
o Conselho Federal, quer seccional, figure na relação processual”, atraindo a
incidência do art. 109, I, CF/88.

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DIFERENÇAS BÁSICAS: AUTARQUIA X FUNDAÇÃO PÚBLICA

AUTARQUIAS FUNDAÇÕES
Atividades típicas (exclusivas) Atividades atípicas da
Atribuições
ou atípicas da Administração. Administração.
Apenas Direito Público. Direito Público ou Privado.
Regime Jurídico

Exclusivamente público. Exclusivamente público ou


Dotação
público e privado
Patrimonial

Comuns, especiais, Fundações de Direito Público


Espécies
fundacionais, associações (autárquicas) e de Direito
públicas (além das territoriais e Privado.
corporativas).

Observação 04. A doutrina majoritária entende que as fundações públicas


não estão sujeitas ao controle e fiscalização do Ministério Público (art. 66,
CC), pois estas, integrando a administração pública indireta, estão sujeitas ao
controle da administração direta. No entanto há uma decisão do STF (ADIN 2794-
8) que entende que “é atribuição do Ministério Público Federal a veladura pelas
fundações federais de direito público (...)”. Assim, deve-se tomar muito cuidado
ao resolver questões com essa afirmação, pois após a decisão do Supremo, a
tendência é a de se considerar que o Ministério Público também “vele” (em sentido
amplo) por todas as espécies de fundações (de forma contrária ao meu
entendimento).

II. PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO

A pessoa jurídica de direito privado é instituída por iniciativa dos


particulares em geral. Segundo o art. 44, CC, são pessoas jurídicas de direito
privado I. as associações; II. as sociedades; III. as fundações; IV. as
organizações religiosas (incluído pela Lei nº 10.825/03); V. os partidos políticos
(incluído pela Lei n° 10.825/03); e VI. as empresas individuais de
responsabilidade limitada – EIRELI (incluído pela Lei n° 12.441/11).

OBSERVAÇÕES
01) Segundo a doutrina os sindicatos entram no item associação, pois o
Enunciado 142 das Jornadas de Direito Civil do CJF afirma que o sindicato possui
natureza associativa.
02) Enunciado 144 das Jornadas de Direito Civil do CJF: “A relação das
pessoas jurídicas de Direito Privado, constante do art. 44, incisos I a V, do Código

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Civil, não é exaustiva (ou seja, é apenas exemplificativa, podendo ser
reconhecidas outras espécies pessoas de direito privado).

1. FUNDAÇÕES PARTICULARES (arts. 62 até 69, CC)


Segundo a doutrina as fundações são universalidades de bens (resultam
da afetação de um patrimônio e não da união de indivíduos), personificados, em
atenção ao fim que lhes dá unidade. Exemplos: Fundação São Paulo
(mantenedora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), Fundação Ayrton
Senna, etc. Portanto, dois são seus elementos fundamentais: a) patrimônio;
b) finalidade (que é imutável e não pode visar lucro). São criadas a partir de uma
escritura pública (ato inter vivos) ou de um testamento (causa mortis).
Portanto elas não podem ser criadas por instrumento particular.
Fundação é o complexo de bens livres colocados por uma pessoa física ou
jurídica, a serviço de um fim lícito e determinado, com alcance social pretendido
por seu instituidor, de modo permanente e estável e em atenção ao disposto
em seu estatuto. Uma pessoa (natural ou jurídica) separa parte de seu patrimônio,
criando a fundação para atingir objetivo não-econômico. A partir de sua criação,
o patrimônio da fundação não pertence à pessoa que a criou, uma vez que passa
a ter personalidade própria. Ex.: a Fundação Roberto Marinho não pode ser
confundida com a Rede Globo de Televisão.
Há duas maneiras de formação das fundações: direta (o próprio
instituidor cuida de todo o necessário e depois a administra) e fiduciária (o
instituidor delega a outrem a organização e administração da obra projetada). A
fundação criada por ato inter vivos em geral é direta (embora mais raramente
também possa se revestir da forma fiduciária). Já a fundação instituída causa
mortis (testamento) é criada e administrada de forma fiduciária.
De acordo com o parágrafo único, do art. 62, CC (redação dada pela
Lei n° 13.151/15) a fundação somente poderá constituir-se para fins de
assistência social, cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico,
educação, saúde, segurança alimentar e nutricional, defesa, preservação e
conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável,
pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de
sistemas de gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos
técnicos e científicos, promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos
direitos humanos e atividades religiosas. Segundo o Enunciado n° 9 das Jornadas
de Direito Civil do CJF esse dispositivo (agora ampliado) “deve ser interpretado de
modo a excluir apenas as fundações com fins lucrativos”.
Para a criação de uma fundação pressupõem-se:
Dotação de bens livres: o instituidor destina determinados bens que
comporá o patrimônio da fundação, apto a produzir rendas ou serviços que

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possibilite alcançar os objetivos visados. Podem ser imóveis ou móveis
(veículos, computadores, inclusive dinheiro), desde que sejam “bens livres”,
ou seja, que não estejam hipotecados, penhorados, nem sejam bem de
família. Resumindo: bens que podem ser alienados sem prejuízo de terceiros.
Elaboração de estatutos com base em seus objetivos. Eles devem ser
submetidos à apreciação do Ministério Público estadual que os fiscalizará. O
próprio MP pode elaborar os estatutos, caso o mesmo não seja feito por quem
de direito.
Embora não se possa alterar a finalidade pela qual a fundação foi
instituída (objetivo imutável), pode haver a reforma dos seus estatutos,
desde que (art. 67, CC): a) seja deliberada por dois terços dos competentes
para gerir e representar a fundação; b) não contrarie ou desvirtue o seu fim;
c) seja aprovada pelo órgão do Ministério Público no prazo máximo de
45 dias, findo o qual ou no caso de o Ministério Público a denegar, poderá o
juiz supri-la, a requerimento do interessado. Se não houver unanimidade da
alteração do estatuto, de haver a impugnação pela minoria vencida no prazo
decadencial de 10 dias (art. 68, CC).
Especificação dos fins (como enumerado acima, previsto no parágrafo
único, do art. 62, CC). A contrário senso, não pode ter finalidade econômica
ou fútil e, a exemplo da associação, se gerar receita, esta deve ser revertida
para ela mesma.
Previsão do modo de administrá-la: embora seja interessante que a
fundação preveja o modo pelo qual ela deva ser administrada, este item não
é essencial para sua existência.

Resumindo e exemplificando. José decide instituir uma fundação para


incentivar determinada pesquisa científica. Inicialmente ele vai até um Cartório de
Notas e, por meio de escritura pública, doa R$ 2 milhões para custear a fundação
(é chamada dotação especial de bens livres). Em seguida é elaborado o estatuto
da fundação, que deve ser submetido à análise do Ministério Público. Sendo
aprovado o estatuto será registrado no cartório de Registro Civil de Pessoas
Jurídicas (RCPJ) e a fundação passa a ter existência legal.
Nascimento: como vimos, as fundações nascem com o registro de seus atos
constitutivos no Registro Civil de Pessoas Jurídicas.
Características
• Seus bens, em regra, são inalienáveis (não podem ser vendidos ou doados)
e impenhoráveis (não pode recair penhora). Para uma eventual venda de
seus bens é necessário ingressar com uma ação judicial, onde é consultado
o Ministério Público. Posteriormente o Juiz decide, determinando se é ou não

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caso de venda desses bens. Como regra o produto da venda deve ser
aplicado na própria fundação.
• O fundador é obrigado a transferir para a fundação a propriedade sobre os
bens dotados; se não o fizer, os bens serão registrados em nome dela por
ordem judicial.
• Não há sócios.
• Os estatutos são suas leis básicas.
• Os administradores devem prestar contas ao Ministério Público.

Supervisão das Fundações Privadas


As fundações privadas são supervisionadas pelo Ministério Público do
Estado onde estiverem situadas (art. 66, CC), através da curadoria das
fundações, que deve zelar pela sua constituição e funcionamento. Se estenderem
a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada um deles, ao
respectivo Ministério Público (art. 66, §2°, CC).

ATENÇÃO O art. 66, §1°, CC foi alterado pela Lei n° 13.151/15. O


dispositivo anterior havia sido alvo de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade
(ADIN 2794-8), sendo que o Supremo Tribunal Federal declarou sua
inconstitucionalidade. Atualmente a lei determina que se a fundação funcionar no
Distrito Federal ou em Territórios, a competência para fiscalização é do Ministério
Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).
Imunidade: as fundações privadas que se caracterizem como entidades
educacionais e assistenciais podem gozar de imunidade tributária, nos termos do
art. 150, VI, “c”, CF/88, desde que cumpram alguns requisitos legais.
Término
Não há um prazo determinado para o funcionamento de uma fundação. No
entanto, nada impede que o próprio instituidor estabeleça um prazo para esse
funcionamento. Por outro lado, as fundações serão extintas se (art. 69, CC): a)
tornarem-se ilícitas (o Ministério Público pode ingressar com ação visando sua
extinção), impossíveis ou inúteis as suas finalidades; b) vencido o prazo de sua
existência.
Uma vez extinta a fundação, o destino do seu patrimônio será o previsto
nos estatutos. Caso os estatutos sejam omissos, seu patrimônio será destinado,
por determinação judicial, a outras fundações com finalidades semelhantes.

2. PARTIDOS POLÍTICOS
Os partidos políticos são entidades integradas por pessoas com ideias
comuns (pelo menos em tese...), tendo por finalidade conquistar o poder para a
consecução de um programa. São associações civis que visam assegurar, no

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interesse do regime democrático, a autenticidade do sistema representativo e
defender os direitos fundamentais definidos na Constituição Federal. De acordo
com o art. 17, §2°, CF/88 e a Lei n° 10.825/03, os partidos políticos, embora
tenham um caráter público, passaram a ser considerados como pessoas jurídicas
de direito privado, tendo natureza de associação civil. Os estatutos devem
ser registrados no cartório competente do Registro Civil de Pessoas Jurídicas da
Capital Federal e no Tribunal Superior Eleitoral (Lei n° 9.096/95).

3. ORGANIZAÇÕES RELIGIOSAS
As organizações religiosas são pessoas jurídicas de direito privado,
formadas pela união de indivíduos com o propósito de culto, por meio de doutrina
e ritual próprios, para manifestação da espiritualidade humana. Atualmente a Lei
n° 10.825/03 (que alterou o Código Civil) deixou bem claro que elas são pessoas
jurídicas de direito privado, tendo também natureza de associação civil. Noa
podem ter finalidade econômica. É vedado ao poder público negar-lhe o
reconhecimento ou registro de seus atos constitutivos necessários a seu
funcionamento (art. 44, §1°, CC). Tal dispositivo está em consonância com o texto
constitucional (art. 5°, VI, CF/88). No entanto, a liberdade de funcionamento não
afasta o controle de legalidade e legitimidade constitucional de seu registro, nem
a possibilidade de reexame pelo Judiciário da compatibilidade de seus atos com a
lei e com os seus estatutos.

Enunciado 142 da III Jornada de Direito Civil do CJF: “Os partidos


políticos, os sindicatos e as associações religiosas possuem natureza
associativa, aplicando-se-lhes o Código Civil”.

4. ASSOCIAÇÕES (arts. 53 até 61, CC)


As associações são caracterizadas pela união de pessoas que se
organizam para fins não econômicos (comunhão de esforços para um fim
comum). Possui uma delimitação mais ampla que a fundação (esta se restringe a
fins culturais, religiosos, morais ou de assistência). A associação pode ser de
pessoas físicas ou de pessoas jurídicas (ex.: ABIA → Associação Brasileira das
Indústrias da Alimentação, etc.).
O órgão máximo da associação não é o diretor-presidente, mas a
Assembleia Geral. Sua competência e atribuições encontra-se estabelecido no
art. 59, CC. O membro da associação é o associado. Ele possui um vínculo direto
com a finalidade da associação, não possuindo qualquer vínculo com os demais
associados.
Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocas (art.
53, e seu parágrafo único, CC), de forma diversa das sociedades, onde há este
vínculo. É direito básico do associado votar e ter acesso às estruturas
culturais/recreativas, não se podendo criar uma forma de associado que não tenha

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esses direitos mínimos. No entanto é possível a existência de uma categoria
de associados com vantagens especiais (art. 55, CC), tais como o associado
remido (que não paga taxa de administração), etc.
Salvo autorização estatutária, é vedada a transmissibilidade da qualidade
de associado (art. 56, CC). É admissível a exclusão de um associado se houver
justa causa nos termos do estatuto, após o trâmite de um procedimento
administrativo que assegure o contraditório e a ampla defesa, bem como recurso
(art. 57, CC); trata-se do “devido processo legal privado”: eficácia horizontal dos
direitos fundamentais.
As associações, de acordo com a sua finalidade, podem ser classificadas
em três grupos: a) interesse pessoal dos próprios associados, sem objetivo de
lucro (ex.: associações científicas, religiosas, recreativas, esportivas, literárias; b)
realização de uma obra estranha ao interesse pessoal dos associados, e que fique
sob a dependência da associação ou se torne dela autônoma (ex.: associações
pias ou beneficentes, educacionais, políticas); embora seus associados possam
visar interesse pessoal, sua finalidade primordial é a de prover uma obra de
caridade em benefício de terceiros; c) quando ficam subordinadas a uma obra
dirigida autonomamente por terceiras pessoas (ex.: utilidade pública). Portanto
seu objeto é bem mais amplo do que o das fundações.
O art. 5° da CF/88 (incisos XVII a XXI), ao dispor sobre as associações,
estabelece que: a) é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de
caráter paramilitar; b) a criação de associações e, na forma da lei, a de
cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em
seu funcionamento; c) as associações só poderão ser compulsoriamente
dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no
primeiro caso, o trânsito em julgado; d) ninguém poderá ser compelido a associar-
se ou permanecer associado (o STF já decidiu que ninguém pode ser obrigado a
pagar mensalidade de “associação de moradores” se não tem interesse nos
serviços oferecidos – RE 431.106); e, e) as entidades associativas, quando
expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados
judicial ou extrajudicialmente.
O fato de uma associação possuir determinado patrimônio e realizar
negócios para aumentar esse patrimônio não a desnatura, pois não irá
proporcionar ganhos pessoais aos associados. Portanto, elas não estão impedidas
de gerar renda para manter sua existência ou aumentar suas atividades. O que
não se admite é que a renda auferida seja partilhada na forma de lucro entre os
associados. Ex.: associação esportiva que monta um restaurante em sua sede e
uma loja de artigos esportivos para venda (camisetas, bolas, distintivos, réplicas
de troféus e medalhas conquistadas, etc.).

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Estabelece o Enunciado 534 da VI Jornada de Direito Civil do CJF: “As
associações podem desenvolver atividade econômica, desde que não haja
finalidade lucrativa”.
O ato constitutivo da associação é o seu estatuto que deve conter os
requisitos mínimos do art. 54, CC. Esse estatuto deve ser registrado no Registro
Civil de Pessoas Jurídicas. Com ele passa a ter aptidão para ser sujeito de direitos
e obrigações, possuindo capacidade patrimonial e adquirindo vida própria, que não
se confunde com a de seus membros. Se não houve registro a associação existe,
mas será considerada irregular (associação não personificada); será tida como
mera relação contratual disciplinada pelo seu estatuto. A convocação dos órgãos
deliberativos deve ser feita na forma do estatuto, garantindo-se a 1/5 dos
associados o direito de promovê-la.
Finalmente, estabelece o art. 61, CC que dissolvida a associação, o
remanescente do seu patrimônio líquido será destinado à entidade de fins não
econômicos designada no estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos
associados, à instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou
semelhantes.
Observação: A doutrina afirma que os sindicatos têm natureza associativa.
No entanto eles possuem um viés de representação política de uma categoria.
Já as associações têm um cunho cultural, esportivo, artístico, sem uma
competência legal para representação da categoria, mas tão somente de
associados a ela.

ORGANIZAÇÕES SOCIAIS TERCEIRO SETOR


Terceiro setor é uma terminologia sociológica que dá significado a todas
as iniciativas privadas de utilidade pública com origem na sociedade civil. A
expressão é uma tradução do inglês third sector, vocábulo muito utilizado nos
Estados Unidos para definir as diversas organizações sem vínculos diretos com
o Primeiro Setor (setor público, o Estado) e o Segundo Setor (setor privado, o
mercado). Em outras palavras, o terceiro setor é o conjunto de entidades da
sociedade civil com fins públicos e não lucrativos. Ex.: ONG e OSCIP.
• As ONGS (Organizações Não Governamentais) são grupos organizados,
sem fins lucrativos, constituídas formal e autonomamente, caracterizadas
por ações de solidariedade no campo das políticas públicas e pelo legítimo
exercício de pressões políticas em proveito de populações excluídas das
condições da cidadania. Por não terem finalidade econômica, organizam-se
como fundações ou associações.
• OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público): é um
título fornecido pelo Ministério da Justiça, cuja finalidade é facilitar o
aparecimento de parcerias e convênios com todos os níveis de governo e

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órgãos públicos (federal, estadual e municipal), permitindo que doações
realizadas por empresas possam ser descontadas no imposto de renda. Na
realidade OSCIPs são ONGs criadas por iniciativa privada, que obtêm um
certificado emitido pelo poder público federal ao comprovar o cumprimento
de certos requisitos, especialmente aqueles derivados de normas de
transparência administrativas. Em contrapartida, podem celebrar com o poder
público os chamados termos de parceria, desde que os seus objetivos sociais
e as normas estatutárias atendam os requisitos da lei. Esses termos também
preveem sanções e penalidades em caso de descumprimento das obrigações
assumidas. Elas são reguladas pela Lei n° 9.790/1999 (com as alterações da
Lei n° 13.019/2014). Um grupo só recebe a qualificação de OSCIP depois que
o estatuto da instituição que se pretende formar tenha sido analisado e
aprovado pelo Ministério da Justiça. A OSCIP deve cumprir todas os requisitos
previstos no Código Civil para a constituição de associação. Além disso, deve
se enquadrar em categorias como: promoção da assistência social; promoção
da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico; promoção
gratuita da educação; promoção gratuita da saúde; meio ambiente, etc.
OSCIP X ONG. De modo geral, a OSCIP é uma qualificação jurídica atribuída
a uma entidade privada (sem fim lucrativo) que atua em área típica do setor
público com interesse social; há previsão expressa na lei. Já a ONG não tem
previsão legal expressa; trata-se de uma sigla (e não um tipo específico de
organização) usada de maneira genérica para identificar organizações do
terceiro setor sem fins lucrativos e cumprindo um papel de interesse público.
Assim, OSCIP é o reconhecimento oficial e legal de uma ONG. Em parceria
com o poder público, utilizará recursos privados e públicos para suas finalidades,
dividindo o encargo administrativo e de prestação de contas. Trata-se de uma
opção institucional e não uma obrigação. Finalizando, pode-se afirmar que toda
OSCIP é uma ONG, mas nem toda a ONG é uma OSCIP (pois uma ONG pode
não ter a qualificação, seja por que não preenche os requisitos legais, seja porque
assim não deseja ser reconhecida).

5. SOCIEDADES
Sociedade é espécie de corporação dotada de personalidade jurídica própria
e instituída por meio de um contrato social (que é o seu ato constitutivo), com
o objetivo de exercer atividade econômica e partilhar lucros. Assim, duas ou
mais pessoas, visando realizar negócios lucrativos, resolvem criar uma entidade e
aplicar nela dinheiro e serviço, formalizando por escrito o ato constitutivo; ao se
tornarem sócias elas passam a ter o direito de participar dos resultados
econômicos da entidade criada. Ela está prevista em outro tópico do Código Civil,
dentro do Livro II da Parte Especial (Do Direito de Empresa), a partir do art. 981.
Prevê este dispositivo: Celebram contrato de sociedade as pessoas que

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reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício
de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. Parágrafo
único. A atividade pode restringir-se à realização de um ou mais negócios
determinados.
Características das Sociedades em Geral
• Pluralidade: devem ser formadas por duas ou mais pessoas. A lei admite
exceções, as chamadas sociedades unipessoais que veremos adiante, as quais
possuem apenas um sócio.
• Affectio Societatis: intenção específica dos sócios em constituir a sociedade,
com personalidade distinta da de seus membros e permanecerem unidos, para
a execução de uma ou mais atividades econômicas.
• Exploração da atividade econômica: devem ter o propósito de executar
atividades ligadas à produção ou circulação de bens ou serviços.
• Contribuição de bens ou serviços: o capital social de ser constituído,
mediante contribuição de seus sócios, tanto em forma de bens (dinheiro,
imóveis, veículos, aparelhos, etc.), como em serviços (trabalho a ser
desenvolvido com conhecimentos técnicos especiais em benefício da
sociedade). Observação: a possibilidade de contribuição em serviços não é
admitida em algumas espécies de sociedades, como nas sociedades limitadas
e nas sociedades por ações.
• Fins lucrativos: devem ter o intuito de gerar novos recursos para serem
distribuídos entre os sócios. O atual Código Civil deixou bem claro que a
finalidade lucrativa é o que distingue uma associação de uma sociedade.
Tanto isso é verdade que o art. 1.008, CC estabelece que é nula a estipulação
contratual que exclua qualquer sócio de participar dos lucros e das perdas
(princípio da vedação de cláusula leonina). Atenção: repartir o lucro de forma
diferenciada não viola a lei; o que é proibido é que algum sócio seja excluído
da participação nos lucros.

Natureza das Sociedades


A) Sociedades Empresárias (o que anteriormente chamávamos de sociedades
comerciais)  são as que visam finalidade lucrativa (lucro repartido entre os
sócios), mediante exercício de atividade mercantil (ex.: compra e venda
mercantil). Segundo o art. 982, CC, “salvo exceções expressas, considera-se
empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de
empresário sujeito a registro (Registro Público de Empresas Mercantis); e simples
as demais. Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se
empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa”.

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Requisitos da sociedade empresária
Material: toda sociedade empresária realiza uma atividade econômica
organizada (atividade empresarial), nos termos do art. 966: Considera-se
empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada
para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Parágrafo único. Não
se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza
científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou
colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de
empresa.
Formal: registro na Junta Comercial (Registro Público de Empresa).

B) Sociedades Simples (o que anteriormente chamávamos de sociedades civis)


 também visa fim econômico (lucro), mediante exercício de atividade não
mercantil. Em regra, são constituídas por profissionais de uma mesma área, ou
por prestadores de serviços técnicos. Ex.: escritório de advocacia, sociedade
imobiliária, clínica dentária, etc. Seus atos constitutivos devem ser inscritos no
Registro Civil de Pessoas Jurídicas (RCPJ). São regidas pelas normas previstas na
Parte Especial do Código (arts. 997 a 1.038), que disciplina seu contrato social,
direitos e obrigações dos sócios, sua administração, dissolução, etc.

Observação. Diferenças. Ambas têm como finalidade a obtenção de lucro.


No entanto na sociedade simples não existe atividade típica empresária (que se
dá com a produção ou circulação de bens ou serviços). Atualmente vêm-se
utilizando as expressões: organização e atividade (ao invés de objeto) para
distinguir a sociedade empresária da simples. Ou seja, a classificação se dá em
função do exercício da atividade econômica organizada para a produção ou
circulação de bens ou serviços. Havendo a organização dos fatores de produção
(capital, mão de obra, tecnologia e insumos) se considera caracterizada a empresa
e o empresário será quem a exerce.
Sociedade Empresária é aquela que conjuga os requisitos do art. 982, CC.
Além disso, há uma impessoalidade, pois seus sócios atuam como meros
articuladores de fatores de produção (capital, trabalho, tecnologia e matéria
prima), a exemplo de um banco ou de uma revendedora de veículos. O seu registro
é feito na Junta Comercial e sujeitam-se à legislação falimentar.
Sociedade Simples tem como característica principal a pessoalidade: os
seus sócios não são meros articuladores de fatores de produção, uma vez que eles
prestam e supervisionam direta e pessoalmente a atividade desenvolvida. Em
geral, são sociedades prestadoras de serviços, a exemplo da sociedade de
advogados, médicos, engenheiros, etc. O seu registro é feito, em geral, no
Registro Civil de Pessoas Jurídicas (CRPJ). Uma banca de advocacia, por maior

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que seja, sob o aspecto material, é uma sociedade simples, até porque seu registro
continua sendo feito no RCPJ e na OAB (e não na Junta Comercial).
Tipos Societários
Tanto as sociedades empresárias como as sociedades simples podem
assumir os seguintes tipos societários:
• Sociedade em Comandita Simples (C/S)
• Sociedade em Nome Coletivo (N/C)
• Sociedade Limitada (Ltda.)
• Sociedade Anônima (S/A)
• Sociedade em Comandita por Ações (C/A)
As sociedades simples que não adotarem um desses tipos serão regidas
pelas normas próprias das sociedades simples (art. 983, segunda parte, CC e arts.
997 até 1.038, CC). Toda Sociedade Anônima e toda Sociedade em Comandita por
Ações terá sempre natureza empresarial. Por outro lado, toda Sociedade
Cooperativa terá sempre natureza simples, independentemente de seu objeto.

Observações Importantes

01) Sociedade Simples e Sociedade Empresária não são tipos societários, mas
sim naturezas de sociedades. A sociedade simples possui regras próprias de
funcionamento (arts. 997/1.038, CC). Já a sociedade empresária não possui
regras próprias, mas pode assumir algum dos tipos societários (arts. 1.039 a
1.092, CC).
02) A Sociedade Simples também pode optar por adotar qualquer dos tipos
societários previstos na lei, inclusive as sociedades por ações.
03) Toda Sociedade por Ações (S/A e C/A) é uma sociedade empresária,
independentemente de seu objeto (seja ele de natureza simples ou de natureza
empresária).
04) Dessa forma, se uma Sociedade Simples adotar o tipo societário Sociedade
Anônima (que é sociedade por ações) será considerada automaticamente como
Sociedade Empresária por força de lei (primeira parte do parágrafo único do art.
982, CC), estando sujeita às regras de registro empresarial próprio, à escrituração
própria e obrigatória do empresário, à Lei das S/A e de Falências, etc.

É possível a sociedade entre cônjuges? O art. 977, CC faculta aos cônjuges


contratar sociedades, entre si ou com terceiros, desde que não sejam casados
sob o regime da comunhão universal de bens, ou do da separação obrigatória.

É possível a existência de uma sociedade que tenha apenas um sócio?


Nossa legislação admite, em situações excepcionais, que uma sociedade possa
ser formada por apenas um sócio (sociedade unipessoal). Hipóteses:

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• Sociedade Unipessoal Temporária do art. 1.033, IV, CC: digamos que a
sociedade tenha dois sócios e um deles morreu. Essa sociedade poderá
funcionar normalmente com apenas um sócio durante 180 dias. Após esse
prazo, se não for regularizada será extinta. No entanto, atualmente o sócio
remanescente tem a opção de transformar o registro de sociedade em registro
de empresário individual de responsabilidade limitada (EIRELI).
• Sociedade Unipessoal Temporária do art. 206, I, “d” da Lei das S/A:
permite-se o funcionamento de uma sociedade por ações com apenas um sócio
até a próxima assembleia geral (que é anual). Após isso, se não for
regularizada a situação, dissolve-se a Companhia.
• Sociedade Subsidiária Unipessoal Integral (art. 251, da Lei das S/A):
segundo esse dispositivo uma sociedade por ações pode ser formada por
apenas um sócio quando esse for uma sociedade brasileira.
• Empresa Pública Unipessoal: é possível a criação de uma empresa, sendo
que todos os recursos pertencem a somente um ente da Federação; sua
criação depende de prévia autorização legislativa (art. 37, XX, CF/88), como
no caso da Caixa Econômica Federal.

Atenção As empresas públicas e as sociedades de economia mista,


apesar de fazerem parte da administração indireta ou descentralizada e
terem capital público, sujeitas aos princípios informadores da Administração, são
dotadas de personalidade jurídica de direito privado. Interessante mencionar
o art. 173, §1°, II CF/88: “§1°. A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa
pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem
atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação
de serviços, dispondo sobre (...) II. A sujeição ao regime jurídico próprio das
empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais,
trabalhistas e tributários”. Dessa forma elas são regidas pelas normas
empresariais, tributárias e trabalhistas, mas com as cautelas do direito público
(sujeitam-se ao controle do Estado → administrativo, financeiro e jurisdicional,
devendo fazer concurso público para a investidura de servidores, etc.). Podem
perseguir fins não lucrativos, como também atividades lucrativas.

Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista


Embora não seja matéria específica de Direito Civil (sequer estão previstas
no Código Civil) penso que é interessante mencioná-las, nem que seja de forma
superficial. Ambas são integrantes da administração pública indireta. No
entanto o Decreto-Lei n° 200/67 (alterado pelo Decreto-Lei n° 900/69) as
descreve como pessoas jurídicas de direito privado, criadas pelo Estado como
instrumento de sua atuação no domínio econômico. Ou seja, são os chamados
“braços do Estado-empresário”. A criação de ambas depende de lei específica.

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Após isso o Poder Público elabora os atos constitutivos e depois providencia o seu
registro. É com o registro que ela adquire a personalidade jurídica. A doutrina
costuma afirmar que ambas possuem “natureza híbrida”: formalmente são
pessoas jurídicas de direito privado; no entanto elas não atuam integralmente sob
as regras do Direito Privado. Na prática elas têm seu regime jurídico determinado
pela natureza de suas atividades (objeto), pois ambas podem atuar na exploração
de atividades econômicas (nessa hipótese sujeitam-se ao regime jurídico próprio
das empresas privadas, previsto no art. 173, CF/88) ou na prestação de serviços
públicos (nessa hipótese sujeitam-se ao regime administrativo próprio das
entidades públicas, previsto no art. 175, CF/88).

Observações
01) Embora haja uma dualidade no objeto (exploração de atividade econômica
ou prestação de serviços públicos), segundo posicionamentos doutrinários
modernos, as empresas públicas e as sociedades de economia mista, qualquer que
seja o objeto, não estão sujeitas à falência, por força da nova lei de falências (Lei
n° 11.101/2005) que em seu art. 2°, I, afirma: “Esta lei não se aplica a: I.
empresa pública e sociedade de economia mista (...)”. Outro ponto é que ainda
que ambas estejam sujeitas ao regime das empresas privadas (quando exploram
atividade econômica), continuam obrigadas à licitação.
02) O Supremo Tribunal Federal considera impenhoráveis os bens das
empresas públicas e das sociedades de economia mista, sempre que seu objeto
de atuação seja a prestação de serviço público de prestação obrigatória pelo
Estado.
Empresas Públicas: são pessoas jurídicas de personalidade de direito
privado, integrantes da administração indireta, instituídas pelo Poder Público,
mediante autorização de lei específica a se constituir com capital próprio e
exclusivamente público, para exploração de atividade econômica ou
prestação de serviços públicos ou coordenadora de obras públicas, podendo
se revestir de qualquer das formas de organização empresarial (Ltda., S/A,
etc.). Ex.: Empresa Brasileira de Correios de Telégrafos (EBTC), Caixa
Econômica Federal (CEF), Casa da Moeda, Serviço de Processamento de
Dados (SERPRO), EMURB, etc.

Sociedades de Economia Mista: são pessoas jurídicas integrantes da


administração indireta, mas também de personalidade de direito privado,
instituídas pelo Poder Público mediante autorização legal, constituídas com
patrimônio público e particular, destinadas à exploração de atividades
econômicas ou serviços de interesse coletivo (públicos), sendo que sua forma
é sempre a de uma Sociedade Anônima. Embora haja a conjugação de
capital público e privado, as ações com direito a voto (controle acionário)

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devem pertencer em sua maioria ao Poder Público. Ex.: Banco do Brasil,
Petrobrás, etc.

Diferenças Empresa Pública Sociedade de Economia Mista

Pode revestir-se de qualquer das


Forma formas admitidas em direito Reveste-se obrigatoriamente na
Jurídica (sociedades civis, sociedades forma de sociedade anônima.
comerciais, Ltda., S/A, etc.).

É formado pela conjugação de


Composição É formado apenas com recursos
recursos públicos e de recursos
do Capital públicos.
privados.

Suas causas serão processadas e


Não foi contemplada com o foro
julgadas pela Justiça Federal, exceto as
Foro processual da Justiça Federal, sendo
de falência, as de acidente do trabalho
Processual suas causas processadas e julgadas
e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à
na Justiça Estadual.
Justiça do Trabalho.

6. EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA


A Lei n° 12.441/2011, alterando o Código Civil, inseriu no rol das pessoas
jurídicas (art. 44, VI), também a empresa individual de responsabilidade limitada
(EIRELI). Até então nosso ordenamento não permitia a formação de uma
empresa com apenas um sócio (a não ser em casos excepcionais). O que se tinha
era o “empresário individual”. No entanto, este era considerado como a própria
pessoa natural (e não jurídica), sendo que seu patrimônio pessoal se confundia
com o utilizado no empreendimento, o que era considerado uma temeridade, pois
no caso de execução por dívidas geradas pela empresa, os bens pessoais do
empresário seriam vendidos para cobrir o passivo da empresa. Ou seja, o
empresário individual possui responsabilidade ilimitada. Para fugir disso,
geralmente era criada uma “sociedade” limitada, mas formada por “sócios
laranjas”. Ex.: pessoa criava uma sociedade com 100 cotas, sendo que reservava
97 para si e distribuía 1 para sua esposa, 1 para um filho e outra para outro filho.
A nova lei corrigiu esta distorção, não sendo mais necessária a criação dessa
“sociedade”. Agora separa-se o patrimônio da empresa de seus bens individuais,
criando uma espécie de “patrimônio de afetação” sobre o qual incidirão somente
os deveres da empresa e não os da pessoa natural (salvo, como veremos mais
adiante, a desconsideração da personalidade).
No que se refere à organização, a EIRELI é constituída por uma única
pessoa como titular da integralidade do capital social, sendo que o valor
deste não pode ser inferior a 100 vezes o maior salário mínimo vigente no País.
Assim, estabelecem-se limites para esta opção de pessoa jurídica, deixando de
fora os empresários de menor porte. Se o salário mínimo aumentar o titular não

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precisa aumentar seu capital, pois a exigência da lei é apenas no momento da
constituição. Observação: há um piso mínimo, mas não há um teto máximo.
Quanto ao nome empresarial, que identifica o empreendedor nas
realizações empresariais e contratuais, ele poderá adotar o próprio nome ou sua
abreviação, bem como um nome distinto da pessoa natural. No entanto o nome
adotado deverá conter como sinal distintivo a expressão “EIRELI” após a firma
ou denominação adotada. Exemplos: José João EIRELI; ou J.J. EIRELI, ou J.J.
Comercial EIRELI; ou ainda Alfa Comercial EIRELI. A pessoa natural que constituir
empresa individual de responsabilidade limitada somente poderá figurar em uma
única empresa dessa modalidade, o que a diferencia das demais sociedades, uma
vez que nestas os sócios podem ter outro empreendimento sem qualquer
problema.
A EIRELI pode ser originária ou derivada. Originária quando a pessoa
inicia do zero a atividade empresarial. Derivada quando resulta da transformação
de um empresário individual ou de uma sociedade, em EIRILI. Assim, se uma
sociedade limitada deixar de possuir pluralidade de sócios, ela poderá ser
transformada em uma EIRELI. Anteriormente esta situação implicava numa
verdadeira corrida contra o tempo do sócio remanescente, pois ele era obrigado a
procurar um novo sócio no prazo de 180 dias, sob pena de ver sua sociedade
extinta caso permanecesse na condição de apenas um sócio.

A V Jornada de Direito Civil do CJF aprovou o Enunciado 468


explicando a natureza jurídica da EIRELI: “A Empresa Individual de
Responsabilidade Limitada (EIRELI) não é sociedade, mas novo ente
jurídico personificado”. Portanto, ela é uma pessoa jurídica constituída por
apenas uma pessoa (usa-se a expressão “titular”, ao invés de “sócio”), tendo
natureza especial, bem como tratamento específico no novo art. 980-A, CC.
Aplicam-se à EIRELI, no que couber, as regras previstas para as sociedades
limitadas, sendo que o Enunciado 469 do CJF estabelece que o patrimônio da
EIRELI responde pelas dívidas da pessoa jurídica, não se confundindo com o
patrimônio da pessoa natural que a constitui, sem prejuízo da aplicação do
instituto da desconsideração da personalidade jurídica (do qual falaremos mais
adiante). Finalmente, estabelece o Enunciado 470 do CJF que os atos
constitutivos da EIRELI devem ser arquivados no registro competente, para fins
de aquisição de personalidade jurídica. A falta de arquivamento ou de registro de
alterações dos atos constitutivos configura irregularidade superveniente.
Finalmente, estabelece a Instrução Normativa n° 117/2011, do Departamento
Nacional do Registro do Comércio (DNRC): “A EIRELI é pessoa jurídica constituída
por único titular, que deverá ser pessoa física”.

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RESUMINDO A EIRELI (ver art. 980-A e seus parágrafo, CC): a) é pessoa
jurídica (e não física) de direito privado (possui personalidade jurídica; deve ser
registrada); não é uma nova espécie de sociedade; b) seu capital inicial deve ser
de no mínimo 100 vezes o maior salário mínimo, totalmente integralizado por seu
único titular (pessoa física); c) pode ser criada de forma originária ou derivada;
d) cada pessoa só pode constituir uma única EIRELI; e) responsabilidade limitada
até o valor do capital social (são regidas, no que couber, pelas normas das
sociedades limitadas); f) firma ou denominação seguida da expressão EIRELI.

DISTINÇÕES
Associação X Sociedade
• Semelhanças: conjunto de pessoas, que apenas coletivamente goza de
certos direitos e os exerce por meio de uma vontade única.
• Distinções: Associação → não há fim lucrativo (ou de dividir resultados,
embora tenha patrimônio), formado por contribuição de seus membros para a
obtenção de fins culturais, esportivos, religiosos, etc. Sociedade → visa fim
econômico ou lucrativo, que deve ser repartido entre os sócios.
Associação X Fundação
• Semelhanças: ambas não visam finalidade lucrativa.
• Distinções: Fundação → atribuição de personalidade jurídica a um patrimônio;
possui objeto mais restrito. Fiscalização do MP. Associação → aglomeração
orgânica de pessoas (naturais ou jurídicas); possui um objeto mais amplo para
sua criação (admite também objeto recreativo, esportivo, etc.).

INÍCIO DA EXISTÊNCIA LEGAL DA PESSOA JURÍDICA. CONSTITUIÇÃO.


Enquanto a pessoa natural surge com um fato biológico (o nascimento com
vida...), a pessoa jurídica tem seu início, em regra, com um ato jurídico ou uma
norma. No entanto há diferenças entre elas quanto a forma de constituição:
1) Pessoas Jurídicas de Direito Público → sua existência se dá em razão
da lei e do ato administrativo, bem como de fatos históricos, previsão
constitucional, tratados internacionais, etc. São regidas pelo Direito Público. Um
País surge quando afirma sua existência em face dos outros. Os Estados-membros
têm o reconhecimento de sua existência quando instituídos na própria Constituição
Federal deste País. Já os Municípios, peculiaridade de nosso regime federativo,
também têm sua autonomia assegurada pela Constituição, tendo seu início no
provimento que os criou (são regidas pelas Constituições estaduais e pelas Leis
Orgânicas). As autarquias e demais pessoas jurídicas de direito público são criadas
e organizadas por leis, que estabelecem todas as condições para o exercício de
seus direitos e obrigações. Assim elas nascem com a própria lei.

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2) Pessoas Jurídicas de Direito Privado → o fato que lhes dá origem é a
vontade humana convergente (affectio societatis). Sua criação possui duas
fases: a elaboração dos atos constitutivos e o seu respectivo registro.
Primeira Fase: Elaboração dos Atos Constitutivos  A pessoa jurídica se
constitui, por escrito, por ato jurídico unilateral inter vivos ou causa mortis em
relação às fundações e por ato jurídico bilateral ou plurilateral em relação às
sociedades e as associações.
• Regra: a) Fundações → Escritura Pública ou Testamento; b) Associações (sem
fim lucrativo) → Estatuto. b) Sociedades simples ou empresárias (com
finalidade lucrativa) → Contrato Social (no caso do capital social ser dividido
em quotas: Sociedade em Nome Coletivo, Comandita Simples e Limitada) ou
Estatuto Social (no caso do capital social ser dividido em ações: Sociedade
Anônima e Comandita por Ações).
Segunda Fase: Registro do Ato Constitutivo  Para que a pessoa jurídica
exista legalmente, é necessário inscrever os contratos, estatutos ou compromissos
no seu registro peculiar. Antes do registro é chamada de “sociedade de fato”.
• Regra: a) Sociedades Empresárias → Registro Público de Empresas Mercantis
(Junta Comercial); b) Demais pessoas jurídicas → Registro Civil de Pessoas
Jurídicas. Quaisquer alterações supervenientes nestas instituições devem ser
averbadas no mesmo registro.

ATENÇÃO Algumas entidades necessitam de uma Terceira Fase:


autorização prévia do governo para existir e funcionar. Ex.: instituições
financeiras (art. 18, Lei n° 4.595/64), sociedades seguradoras (art. 757, CC),
administradoras de consórcios, entidades de previdência complementar (art. 67,
Lei Complementar n° 109/2001), universidades, sociedades estrangeiras, bolsa
de valores, casas lotéricas, etc. (confiram também o art. 21, XII, CF/88 e art. 45,
CC).

REGISTRO
Como vimos, somente com o registro a pessoa jurídica adquire a
personalidade. Tal registro se dá no Registro Civil das Pessoas Jurídicas. No
entanto uma sociedade empresária deve ser registrada no Registro Público de
Empresas Mercantis e Atividades Afins (Lei n° 8.934/94), sendo competente para
tais atos as Juntas Comerciais.
Art. 1.150, CC: O empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao
Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e a
sociedade simples ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas (...).
O registro é ato formal e solene, pois se trata de requisito essencial
para a validade do ato instituidor da pessoa jurídica. Segundo o art. 46, CC o

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registro deve conter os seguintes elementos: a) a denominação, os fins, a sede,
o tempo de duração e o fundo social (quando houver); b) o nome e a
individualização dos fundadores ou instituidores e dos diretores; c) forma de
administração e representação ativa e passiva, judicial e extrajudicial; d)
possibilidade e modo de reforma do estatuto social; e) previsão da
responsabilidade subsidiária dos sócios pelas obrigações sociais; f) condições de
extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio. A ausência de algum
desses elementos é causa de anulabilidade do estatuto, cuja ação decai no
prazo de 03 (três) anos (art. 45, parágrafo único, CC).
Uma pessoa jurídica começa a existir no momento em que é efetuado o
seu registro, passando a ter aptidão para ser sujeito de direitos e obrigações,
obtendo capacidade patrimonial, adquirindo vida própria e autônoma, não
se confundindo com a personalidade de seus membros. Dispõe o art. 45, CC:
“Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a
inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando
necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no
registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo”.
É interessante deixar claro que se uma sociedade que ainda não foi
registrada estiver praticando atos, nos termos do art. 986, CC, será regida pelas
normas da sociedade comum (que é uma espécie do gênero sociedade sem
personalidade jurídica) e subsidiariamente pelas normas da sociedade simples
(espécie do gênero sociedades personificadas). Isso quer dizer que a sociedade
existe de fato. Porém, nos termos do art. 990, CC não há separação de patrimônio,
ou seja, todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas
obrigações da sociedade.

Atenção
• Personalidade da Pessoa Natural: nascimento com vida. O registro de
nascimento possui efeito declaratório, pois quando ele é feito, a condição de
pessoa já havia sido adquirida. O registro apenas declara uma situação pré-
existente: o nascimento com vida.
• Personalidade da Pessoa Jurídica: registro. O registro neste caso possui
efeito constitutivo, pois é com ele que a pessoa jurídica “nasce” ou se constitui
juridicamente como ente autônomo (art. 45, CC). Lembrando: efeito
declaratório apenas reconhece a existência (ou inexistência) de uma situação
jurídica; efeito constitutivo cria ou modifica a relação jurídica.
• Observação importante para concursos: digamos que uma sociedade
funcionou durante cinco anos sem ser registrada. Após este prazo, resolveram
registrá-la. Pergunta-se: o registro retroage desde o início das atividades da
sociedade ou somente a partir do registro? Resposta: enquanto não efetivado

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o registro não se reconhece a personalidade da pessoa jurídica; quando ela for
registrada, os efeitos desse registro são sempre para o futuro (efeito ex nunc),
não se retroagindo. Nesse caso não se pode legitimar o passado.

DOMICÍLIO DAS PESSOAS JURÍDICAS


As pessoas jurídicas também possuem domicílio (art. 75, CC), que é a sua
“sede jurídica”, onde os credores podem demandar o cumprimento das
obrigações. Situações legais:
• União → Distrito Federal.
• Estados e Territórios → suas respectivas Capitais.
• Municípios → o lugar onde funciona a Administração Municipal (a sede
municipal).
• Demais Pessoas Jurídicas → Regra: o lugar onde elegerem domicílio
especial nos seus estatutos ou atos constitutivos. Na omissão é o local onde
funcionam as respectivas diretorias e administrações. Essa regra se aplica também
às autarquias, empresas públicas e outros órgãos da administração indireta. Tendo
a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um
deles será considerado domicílio para os atos nele praticados. Admite-se,
portanto, a pluralidade domiciliar da pessoa jurídica, desde que tenha
estabelecimentos em lugares diferentes (ex.: filiais, agências, escritórios de
representação, etc. – art. 75, §1°, CC). Finalmente estabelece o art. 75, §2°, CC
que se “a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por
domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma
das suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela
corresponder”.

RESPONSABILIDADE CIVIL DAS PESSOAS JURÍDICAS


A responsabilidade civil das pessoas jurídicas em geral pode ser de
natureza contratual ou extracontratual.
1) Responsabilidade Contratual: as pessoas jurídicas (seja de direito
privado ou público) são responsáveis por seus atos. Ou seja, elas respondem
pelos danos decorrentes de suas condutas. Se assumiram determinada
obrigação, se assinaram determinado contrato, devem cumpri-lo da forma como
foi estipulado. Lembrando que o administrador que realizou os atos assim
procedeu nos limites dos poderes que lhe foram conferidos no ato constitutivo,
devendo a pessoa jurídica responder também pelas perdas e danos (além dos
juros, correção monetária e honorários advocatícios). O fundamento legal desta
regra encontra-se nos arts. 47 e 389, CC. Portanto, na responsabilidade
assumida por meio de uma obrigação contratual, as pessoas jurídicas devem
responder com seus bens por esse inadimplemento (não cumprimento) contratual.

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2) Responsabilidade extracontratual (ou aquiliana): nesse caso vigora
a regra geral do neminem laedere (ou seja, a ninguém se deve lesar). Reprime-
se a prática dos atos ilícitos em geral, impondo a obrigação de reparação
de eventuais danos. Ela tem fundamento nos arts. 186 e 187 combinados com o
art. 927, CC. Além disso, estabelece o art. 932, CC: “São também responsáveis
pela reparação civil: (...) III. O empregador ou comitente, por seus empregados,
serviçais e prepostos no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão
dele”. Assim, para a caracterização da responsabilidade extracontratual não é
necessário que o ato seja praticado pelo administrador.
No entanto, há uma nuance entre a responsabilidade das pessoas jurídicas
de direito público e as de direito privado. Vejamos:
A) Pessoa Jurídica de Direito Privado. Neste caso existem duas formas
de responsabilidade:
1) Por ato próprio  nesta hipótese a responsabilidade é direta e subjetiva
(art. 47, CC). Isto porque a pessoa jurídica responde pelos atos de seus órgãos
(os diretores e os administradores estão apenas cumprindo as determinações
das suas assembleias).
2) Por ato de terceiro  nesta hipótese a responsabilidade é indireta e
objetiva. Determina o Código Civil que as pessoas jurídicas de direito privado são
civilmente responsáveis pelos atos danosos praticados por seus empregados,
serviçais ou prepostos (representantes) no exercício do trabalho que lhes competir
ou em razão dele (art. 932, III, CC). Por tal motivo trata-se de responsabilidade
indireta. Ou seja, a pessoa jurídica irá responder por uma conduta praticada por
terceiro (ex.: empregado), mas que, em razão de um vínculo com a pessoa
jurídica, gera a responsabilidade desta. Acrescenta o art. 933, CC que esta
responsabilidade independe de culpa (em sentido amplo) de seus agentes,
sócios ou representantes. Portanto a responsabilidade é do tipo objetiva.
Observem que neste caso a pessoa jurídica nada fez de irregular; quem agiu de
forma errônea foi o dirigente ou o empregado. Mas ainda assim ela irá responder
por este ato. Além disso, essa responsabilidade também será solidária, pois a
vítima pode reclamar os danos tanto da pessoa jurídica, como do agente causador
do prejuízo. Ex.: O motorista de caminhão de uma empresa, embriagado, atropela
e mata um pedestre; a família da vítima pode ingressar com ação judicial de
responsabilidade civil somente contra a empresa, somente contra o motorista, ou
contra ambos, posto que tanto a empresa, como o motorista são responsáveis
solidários. Se preferir ingressar com a ação somente contra a empresa, esta terá
o direito de regresso contra o empregado.

B) Pessoa Jurídica de Direito Público. A partir de 1946 a responsabilidade


passou a ser prevista na própria Constituição da República, principalmente em
virtude da criação dos chamados direitos individuais de segunda geração. Com

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base no princípio da igualdade de todos perante a lei (todos têm encargos
equitativamente distribuídos), não seria justo que, para benefício de toda uma
coletividade, somente uma pessoa sofresse os ônus. Inicia-se, então a chamada
Teoria da Responsabilidade Objetiva do Estado. A pessoa lesada apenas deve
provar que houve uma conduta por parte do Estado, que ela sofreu um dano e
que houve um nexo de causalidade entre a conduta e o dano. Ou seja, a vítima
não tem mais o ônus de provar culpa ou dolo do funcionário.
Vigora atualmente a Teoria do Risco Administrativo. Nela o Estado
responde objetivamente, porém não em qualquer hipótese. Permite-se que a
responsabilidade do Estado seja afastada em situações onde consiga provar a
culpa exclusiva da vítima (no caso de culpa concorrente apenas se atenua sua
responsabilidade, diminuindo o valor da indenização), o caso fortuito ou a força
maior, a ausência de nexo causal, etc. As pessoas jurídicas de direito público e as
de direito privado prestadoras de serviços públicos (abrangendo as
concessionárias e permissionárias) têm responsabilidade civil:
Pelos danos que seus agentes (sentido amplo), nessas qualidades,
causarem a terceiros (art. 37, §6°, CF/88 e art. 43, CC). Art. 43, CC: “As
pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por
atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros,
ressalvados direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por
parte destes, culpa ou dolo”. Art. 37, §6°, CF/88: “As pessoas jurídicas de
direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos
responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a
terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de
dolo ou culpa”. Percebam que o texto constitucional foi mais abrangente do
que o Código Civil ao inserir também as pessoas jurídicas de direito privado
que sejam prestadoras de serviços públicos, incluindo não só as
concessionárias, como aquelas que agem por delegação, como é o caso dos
notários e tabeliães.
Trata-se de responsabilidade de ressarcimento de danos, do tipo objetiva,
isto é, a responsabilidade existe independentemente de culpa do funcionário. Há
que se provar a conduta (positiva ou negativa), a lesão (dano patrimonial ou
moral) e o nexo causal (a lesão foi causada pela conduta). Não se analisa
eventual culpa. Provados aqueles elementos (conduta, dano e nexo), o Estado
deve indenizar. Também não se indaga da licitude ou ilicitude da conduta
administrativa. Ou seja, às vezes, mesmo agindo licitamente o Estado pode ser
obrigado a indenizar um particular. Ex.: quando o Estado realiza uma obra que
em tese irá beneficiar muitas pessoas, pode causar prejuízo a uma pessoa em
especial. A obra realizada é lícita. Mas se causar prejuízo a um particular, esse
deve ser indenizado (ex.: seu imóvel foi desvalorizado com a obra).

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Os mesmos dispositivos citados (art. 37, §6°, CF/88 e art. 43, CC)
autorizam ao Poder Público o chamado direito de regresso contra o causador do
dano, se houver culpa ou dolo de sua parte. Lembrando que quando se fala
“culpa”, devemos entender seu sentido amplo, abrangendo tanto a culpa em
sentido estrito (o agente praticou uma conduta, mas não teve a intenção da
ocorrência de um resultado específico, porém este acabou acontecendo por
imprudência, negligência ou imperícia do agente) como o dolo (o agente teve a
intenção de praticar a conduta, desejando ou assumindo o risco pelos resultados
advindos de sua conduta). Assim, o Estado responde de forma objetiva (ou seja,
independentemente de culpa). Mas se o Estado for condenado e ficar provada a
culpa ou o dolo do funcionário, o Estado poderá acionar regressivamente o seu
agente. Logo, a responsabilidade do funcionário é do tipo subjetiva, pois deve
estar comprovada a sua culpa em sentido amplo (que abrange o dolo ou a culpa
em sentido estrito) no evento.
Por atos de terceiros e por fenômenos da natureza. Neste caso, a
responsabilidade é somente subjetiva. Ou seja, deve-se provar a culpa da
Administração (ex.: casos de enchentes ou depredações por movimentos
populares, já previstos pela administração). Trata-se de uma exceção à regra
de que o Estado responde de forma objetiva.

Observações
01) A doutrina e a jurisprudência de forma majoritária entendem que na
hipótese de uma conduta omissiva por parte do Estado, a sua responsabilidade
dependeria de demonstração de culpa da sua parte. Seria então mais um caso de
responsabilidade subjetiva do Estado. No entanto há quem sustente, também
nesse caso, de responsabilidade objetiva.
02) O Supremo Tribunal Federal já decidiu que as ações fundadas na
responsabilidade objetiva só podem ser ajuizadas contra a pessoas jurídica. No
entanto, se o autor se dispõe a provar a culpa ou dolo do servidor
(responsabilidade subjetiva), abrindo mão de uma vantagem, poderá movê-la
diretamente contra o causador do dano. Isso pode ser mais vantajoso porque a
execução contra o particular é menos demorada (não há a expedição dos famosos
precatórios). E se preferir mover a ação contra ambos, deverá também arcar com
o ônus de provar a culpa do funcionário.
03) Cabe ação contra o Estado ainda quando não se identifique o funcionário
causador do dano (“culpa anônima da administração”).
04) A pessoa jurídica também pode ser penalmente responsável, na hipótese
de crimes ambientais (art. 225, §3°, CF/88 e art. 3° da Lei n° 9.605/98).

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EXTINÇÃO DA PESSOA JURÍDICA
A existência da pessoa jurídica (em relação às sociedades e às associações)
termina:
• Dissolução deliberada e voluntária de seus membros (extinção
convencional) por unanimidade de votos e mediante distrato. Distrato é a
rescisão de um contrato. A dissolução voluntária pode ser amigável ou
judicial (quando não há concordância quanto a seus termos). Nesse último
caso é ressalvado o direito de terceiros e da minoria. Assim, se a minoria
desejar a continuidade da sociedade, impossível será sua dissolução
amigável (haverá então uma sentença judicial), a menos que o contrato
contenha cláusula que preveja a extinção por maioria simples. No entanto,
se a minoria tentar extinguir a pessoa jurídica, não conseguirá.
• Morte de seus membros (extinção natural).
• Quando a lei assim determinar (extinção legal).
• Decurso do prazo, se constituída por prazo determinado.
• Dissolução por decisão judicial: procedimento falimentar (em regra para as
sociedades empresárias) ou liquidação (em regra para sociedade simples).
Nesse caso independe a vontade dos sócios.
• Administrativa: decorre da cassação da autorização de funcionamento,
específica para algumas entidades (ex.: instituições financeiras que
dependem de autorização do Banco Central).

É importante notar que a extinção da pessoa jurídica não se opera de modo


instantâneo. Qualquer que seja o fator extintivo tem-se o fim da entidade.
Porém, se houver bens em seu patrimônio e dívidas a resgatar, ela continuará em
fase de liquidação. Assim, mesmo dissolvida uma pessoa jurídica, ela ainda pode
subsistir, mantendo a personalidade para fins de liquidação (pagamento das
dívidas e partilha do remanescente entre os sócios). Somente após o
encerramento da liquidação é que se promove o cancelamento da inscrição da
pessoa jurídica no respectivo registro (art. 51, CC), dando-se baixa nos atos
constitutivos.

Destino do patrimônio na dissolução


Tratando-se de uma sociedade (finalidade lucrativa), cada sócio terá
direito ao seu quinhão; o remanescente do patrimônio social será partilhado entre
os sócios ou seus herdeiros.
Tratando-se de uma associação (sem finalidade lucrativa), seus bens
serão destinados: conforme o previsto nos estatutos; se não houver previsão,
serão destinados a estabelecimento municipal, estadual ou federal que possua
finalidades semelhantes aos seus.

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GRUPOS DESPERSONALIZADOS
Como vimos, as sociedades, as associações, as fundações, etc., possuem
personalidade jurídica. Mas nem todo grupo ou ente que objetiva um determinado
fim é dotado de personalidade jurídica. Os grupos despersonalizados (ou entes
com personificação anômala) constituem um conjunto de direitos e
obrigações, de pessoas e bens, sem personalidade jurídica, que geralmente
se formam independentemente da vontade de seus membros. No entanto, apesar
de não terem personalidade, possuem capacidade processual, isto é,
capacidade para postular em juízo (ou seja, ser autor ou réu em uma ação judicial
– vide art. 75, Código de Processo Civil/2015). Citamos como principais exemplos:
• Sociedades em Comum (sociedades de fato ou irregulares)  são
sociedades empresárias que não estão juridicamente constituídas, não
possuindo, portanto, personalidade jurídica. Para alguns doutrinadores,
sociedades de fato e sociedade irregulares são expressões sinônimas. Outros,
contudo, as distinguem: nas sociedades de fato não há qualquer instrumento
firmado pelos sócios, não há qualquer ato constitutivo (estatuto ou contrato
social); já nas sociedades irregulares há um contrato firmado entre os sócios,
pode até haver um ato constitutivo, porém o mesmo não foi levado a registro. De
uma forma geral a lei tutela esse tipo de sociedade, em virtude da teoria da
aparência. Ela pode elaborar e registrar o ato constitutivo no cartório competente
a qualquer momento, ocasião em que passará a ser uma sociedade personificada,
podendo escolher uma das cinco formas societárias (nome coletivo, comandita
simples, limitada, sociedade anônima ou comandita por ações). Elas não podem
requerer falência de outras empresas e nem requerer a sua recuperação judicial.
A lei determina que os sócios respondem de forma solidária e
ilimitadamente pelas obrigações da sociedade, não havendo qualquer
benefício de ordem (todo e qualquer sócio pode ser acionado para o pagamento
das dívidas contraídas pela sociedade, não necessitando que seja acionado
primeiro quem contratou pela sociedade). Isto porque os credores da sociedade
são credores dos sócios, não havendo autonomia da pessoa jurídica. Estão
previstas nos arts. 986 a 990, CC.
• Massa Falida  decretando-se a falência de uma sociedade, a pessoa
perde o direito à administração e à disposição do patrimônio, sendo que os as
coisas e os direitos são arrecadados; a reunião desses bens recebe o nome de
massa falida. O administrador judicial da massa falida a representa ativa e
passivamente (ou seja, pode ser autor ou réu de uma ação judicial), conforme o
art. 75, V, CPC/2015). Lembrando que a expressão “administrador judicial” foi
inserida em nosso ordenamento pela Lei n° 11.101/2005 (que regula a
recuperação judicial e extrajudicial, bem como a falência do empresário e da
sociedade empresária), em substituição à expressão “síndico da massa falida”

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usada pela antiga Lei de Falências (Decreto-Lei n° 7.661/45) e que ainda costuma
cair nas provas.
• Espólio  é o conjunto de direitos e obrigações ou uma simples massa
patrimonial deixada pelo de cujus; é a herança, propriamente dita. O
inventariante prestará compromisso legal e irá representar ativa e
passivamente, em juízo ou fora dele os interesses do espólio (art. 75, VII,
CPC/2015).
• Herança Jacente e Vacante  é o conjunto de bens deixados pelo
falecido, enquanto não entregue a um sucessor devidamente habilitado. Ocorre a
herança jacente quando a pessoa morre sem deixar testamento, sem deixar
herdeiro certo e determinado, ou deixando herdeiros, eles renunciam (art. 1.819,
CC). Os bens são arrecadados e ficam sob a guarda e administração de um
curador nomeado pelo Juiz, que irá representá-la em juízo (art. 75, VI,
CPC/2015). São expedidos editais e aguarda-se um ano. Se ninguém aparecer se
dizendo herdeiro a herança é declarada vacante (art. 1.820, CC). Os bens
arrecadados passarão ao domínio do Poder Público (em sentido amplo). Ainda
assim, aguardam-se mais cinco anos desde a abertura da sucessão. Só então os
bens arrecadados passarão definitivamente ao domínio do Município ou do
Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se
ao domínio da União quando situados em território federal.

CONDOMÍNIO ESPECIAL (condomínio em edificações). Trata-se de uma


questão controvertida. Alguns autores o consideram como ente
despersonalizado; outros, como tendo personalidade anômala. No entanto a
corrente mais moderna afirma que possui personalidade jurídica própria. No
concurso como eu faço? Penso que seguindo a tendência do Direito devemos
considerá-lo como tendo personalidade jurídica. Inicialmente porque esclarece
o Enunciado 144 CJF (já visto) que o rol de pessoas jurídicas do art. 44 é
meramente exemplificativo. Além disso, hoje em dia um condomínio é obrigado a
ter CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas). Há quem diga que no
condomínio também há uma affectio societatis (lembram-se desta expressão
falada no início deste ponto?), havendo aptidão à titularidade de direitos e
deveres, podendo adquirir imóveis, materiais para construção, conservação e
administração do edifício em seu nome. Finalmente devemos acrescentar que o
Enunciado 90, alterado pelo 246 da I e III Jornadas de Direito Civil do CJF, orienta
que: “Deve ser reconhecida personalidade jurídica ao condomínio edilício nas
relações jurídicas”. Lembrando que cabe a representação do condomínio (ativa e
passiva) ao síndico ou administrador (que pode ser uma pessoa física ou
jurídica).

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DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA

Como vimos, a pessoa jurídica é um sujeito de direitos e obrigações, tendo


existência independente dos membros que a compõem (princípio da autonomia da
pessoa jurídica). Como costumo dizer: pessoa jurídica é uma coisa... pessoas
físicas que integram a pessoa jurídica é outra coisa. Há uma separação patrimonial
entre os bens da pessoa jurídica e os bens dos sócios e administradores. Partindo
desta ideia, a pessoa jurídica somente responde pelos débitos dentro dos limites
do capital social, ficando a salvo o patrimônio individual dos sócios que a
compõe.
Devido a essa exclusão de responsabilidade dos sócios, que vigorava de
forma plena em nosso Direito, a pessoa jurídica, por vezes, se desviava de seus
princípios e finalidades, cometendo abusos, fraudes e desonestidades (evidente
que se tratava de uma minoria; não vamos aqui generalizar), provocando uma
reação na doutrina e na jurisprudência. Em alguns casos a pessoa jurídica servia
apenas como um escudo ou um manto protetor de distorções e fraudes levadas a
efeito pelas pessoas físicas. Visando coibir tais abusos, surgiu a figura da
desconsideração da pessoa jurídica. Desconsiderar significa ignorar ou não
levar em conta a distinção criada pela ficção legal entre os dois patrimônios. Com
isso, são alcançados os bens das pessoas físicas que se escondem dentro de uma
pessoa jurídica para a prática de atos ilícitos ou abusivos. Trata-se de uma
exceção.
A doutrina da desconsideração pretende o afastamento temporário da
personalidade jurídica da entidade para permitir que os credores prejudicados
possam satisfazer os seus direitos no patrimônio pessoal do sócio ou administrador
que cometeu o ato abusivo.

Curiosidade Histórica
Anteriormente não havia no Brasil uma previsão expressa na lei. Quem
primeiro tratou do tema no Brasil foi o Prof. Rubens Requião. Relata a doutrina
que o primeiro caso na história abordando o tema ocorreu na Inglaterra em um
famoso processo que ficou conhecido como “Salomon versus Salomon & Co. Ltd.”,
julgado pela House of Lords (Câmara dos Lordes), em 1897. Uma pessoa chamada
Aaron Salomon constituiu uma sociedade com seis sócios, todos eles membros de
sua família, cedendo uma ação para cada e reservando outras vinte mil para si. A
empresa (pessoa jurídica), que passava por dificuldades financeiras, emitiu títulos
privilegiados, sendo que o próprio Salomon (pessoa física) os adquiriu. A pessoa
jurídica Salomon & Cia. Acabou falindo... No entanto, antes disso, pagou seu
débito para com a pessoa física Aaron Salomon (que era o credor com privilégios).

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A empresa não conseguiu pagar os demais credores, que não tinham preferências.
Entendeu-se inicialmente que Aaron usou a companhia apenas como “escudo”
para lesar os demais credores. A tese inicialmente vingou: Aaron teria agido com
má-fé. No entanto a Câmara dos Lordes (uma espécie de segunda instância)
acabou por entender que a conduta de Aaron foi legal, pois ele (pessoa física) não
poderia responder pelas dívidas de sua empresa (pessoa jurídica). Ocorre que
apesar da tese ter sido perdedora no final do processo, acabou ganhando adeptos
e repercutiu nos Estados Unidos, onde ganhou força e se espalhou vitoriosa.
Posteriormente retornou para os países europeus e se difundiu.
Como se trata de um instituto que teve início no Direito anglo-saxão
(Inglaterra e EUA) é comum, inclusive em concursos, a utilização de expressões
inglesas: disregard of the legal entity (desconsideração da pessoa jurídica) ou
disregard doctrine (doutrina da desconsideração), ou piercing the corporate veil
(perfurando ou rasgando o véu da corporação) ou lifting the corporate veil
(levantando ou desvelando o véu da corporação).
No Brasil, inicialmente, tratava-se apenas de uma doutrina. Com o tempo
a teoria foi ganhando força e os juízes começaram a aplicá-la como uma questão
de justiça, de equidade, coibindo assim os abusos e enriquecimentos sem causa
(princípios que vedam o abuso de direito e da fraude contra credores). Com o
tempo a teoria foi ganhando força e foi se formando uma sólida jurisprudência.
O passo seguinte foi a previsão do instituto em lei. Portanto, a desconsideração
já era aplicada mesmo antes da positivação em lei. O estatuto legal pioneiro no
Brasil sobre o tema foi o Código de Defesa do Consumidor (Lei n° 8.078/90 –
CDC), ainda em vigor, nos seguintes termos:
Art. 28: “O Juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade
quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder,
infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A
desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de
insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica causada por má
administração” (...) §5º: “também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica
sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de
prejuízos causados aos consumidores”.

A seguir o instituto foi se espalhando por todo o Direito brasileiro, como na


Lei Antitruste (Lei n° 8.884/94, art. 18); Lei do Meio Ambiente (Lei n° 9.605/98,
art. 4°) e acabou chegando ao Código Civil de forma expressa:
Art. 50, CC: “Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado
pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o Juiz decidir, a
requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir
no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam
estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa
jurídica”.

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Por esse dispositivo civil permite-se ao Juiz (somente ele e não uma
autoridade administrativa ou mesmo o Ministério Público), de forma fundamentada
(não pode agir de ofício, ou seja, sem ser provocado por um interessado),
ignorar os efeitos da personificação da sociedade, para atingir e vincular também
as responsabilidades dos sócios, com intuito de impedir a consumação de
fraudes e abusos, desde que causem prejuízos e danos a terceiros. Os sócios e
administradores serão então incluídos no polo passivo do processo, respondendo
com seus bens particulares nos negócios jurídicos praticados em nome da pessoa
jurídica pelos danos causados a terceiros.
Uma pessoa lesada por uma empresa pode ser ressarcida por meio das
próprias pessoas que constituíram a empresa. Neste caso específico e
determinado, o Juiz não leva em consideração a pessoa jurídica (daí o termo
“desconsideração da pessoa jurídica”), decidindo como se a própria pessoa física
tivesse realizado o negócio. No entanto, o Juiz deve agir com cautela ao decidir
pela desconsideração. Deve examinar cada caso em particular, se foram
preenchidos todos os requisitos legais para decretação da medida.
Segundo entendimento jurisprudencial a desconsideração não depende de
ação específica e autônoma, podendo ser incidental ao processo que se cobra o
cumprimento das obrigações da empresa. Pela corrente majoritária referente ao
art. 50, CC, dispensa-se a prova do dolo específico do sócio ou administrador.
REQUISITOS. O art. 50, CC exige, de forma alternativa, os seguintes
requisitos para a desconsideração da personalidade jurídica: a) desvio de
finalidade; b) confusão patrimonial.
a) Considera-se desvio de finalidade: realização de atividades fora das
autorizadas no contrato social para a pessoa jurídica; exercício de atividades
ilícitas; utilização da pessoa jurídica para o fim de enriquecimento de seus sócios
em detrimento da saúde administrativa da empresa (retirada de capital
financeiro fazendo com que o patrimônio deixe de ser capaz de suprir as
obrigações), etc.
b) Confusão patrimonial: quando não se distingue os bens do sócio e os da
empresa (ex.: bem imóvel utilizado para os interesses da pessoa jurídica é
adquirido e colocado em nome do sócio).

Cuidado Fique atento quanto à forma de elaboração da questão. Às vezes


ela pode se referir somente ao Código Civil e às vezes somente ao Código de
Defesa do Consumidor. Observem que a redação de cada estatuto é diferente e
os requisitos para que haja a desconsideração em cada caso também são
diferentes, pois cada lei adotou uma teoria diferente (veremos isso melhor
abaixo). Observem que o art. 50, CC impede que o juiz aja de ofício; pois a
lei só permite a desconsideração se houver “requerimento da parte ou do

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Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo”. No entanto o STJ já
admitiu a declaração de ofício da desconsideração em um caso de falência e
outro de relação de consumo (CDC), pois nessas legislações não está expressa
essa exigência.

Atenção Desconsideração X Despersonificação (despersonalização)


A decisão judicial que desconsidera a personalidade jurídica da sociedade
não desfaz o seu ato constitutivo, nem acarreta em sua dissolução. Trata apenas
de uma suspensão episódica e transitória (breve) da eficácia desse ato, que
permanece válido e eficaz para todos os outros fins, permitindo a manutenção
posterior de suas atividades (princípio da continuidade da empresa); é uma
exceção à regra em que a pessoa jurídica tem existência distinta de seus
membros. Já a despersonificação (ou despersonalização) é a dissolução judicial
que aniquila, dissolve a pessoa jurídica em caráter definitivo, cancelando seu
registro (efeito ex nunc – daqui em diante), não se operando de modo instantâneo,
sendo necessária a liquidação.
Enunciados
• Enunciado 7 da I Jornada de Direito Civil do CJF: “Só se aplica a desconsideração
da personalidade jurídica quando houver a prática de ato irregular, e
limitadamente, aos administradores ou sócios que nela hajam incorrido”.
• Enunciado 281 da IV Jornada de Direito Civil do CJF: “A aplicação da teoria da
desconsideração, descrita no art. 50 do Código Civil, prescinde da demonstração
de insolvência da pessoa jurídica”. Segundo o entendimento do STJ, “a mera
demonstração de insolvência da pessoa jurídica ou de dissolução irregular
de empresa sem a devida baixa na junta comercial, por si sós, não ensejam
a desconsideração da personalidade jurídica. Nos termos da teoria
adotada pelo CC, é a intenção ilícita e fraudulenta que autoriza a aplicação do
instituto”.
• Enunciado 282 da IV Jornada de Direito Civil do CJF: “O encerramento
irregular das atividades da pessoa jurídica, por si só, não basta para
caracterizar abuso de personalidade jurídica”.

ATENÇÃO Como já dissemos, a desconsideração da personalidade jurídica


não acarreta a extinção ou torna nula a pessoa jurídica desconsiderada
(ou seja, não atinge a existência da pessoa jurídica), nem atinge a validade dos
demais atos praticados; ela apenas “afasta” a personalidade da pessoa jurídica,
buscando no patrimônio dos sócios os meios para indenizar os lesados,
mantendo-se, no mais, a integridade da sociedade e de suas atividades.
Por isso também é chamada de “superação episódica da autonomia da pessoa
jurídica”. Como se trata de medida excepcional, tem-se entendido que a

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desconsideração somente pode atingir os bens da pessoa que incorreu na prática
do ato irregular, após a observância dos parâmetros exigidos pela lei.

EFEITOS DA DESCONSIDERAÇÃO: a) parcial: além de não fulminar a


personalidade jurídica (que permanece para os demais efeitos), alcança somente
o patrimônio do sócio ou administrado faltoso; b) especializado: refere-se
apenas a certas e determinadas obrigações da pessoa jurídica, ou seja, aquelas
que tenham sido objeto do pedido de desconsideração; c) temporário: encerra-
se quando afastado o prejuízo para quem invocou sua aplicação.

Observações Doutrinárias e Jurisprudenciais Importantes


01) A respeito da desconsideração, fala-se em Teoria Maior e Teoria
Menor. Vejamos.
A) PELA TEORIA MAIOR a desconsideração não pode ser aplicada com a
mera demonstração de estar a pessoa insolvente para o cumprimento de suas
obrigações para com seus credores. Exige-se maior apuro e precisão na
constatação dos requisitos legais para a decretação da medida. Além do
prejuízo causado aos credores, deve estar configurado que os sócios agiram com
desvio de finalidade, ou ainda que houve confusão patrimonial entre os bens da
pessoa física e os bens da pessoa jurídica. É a regra geral em nosso sistema
jurídico, adotada pelo Código Civil e também pelo art. 28, caput, do Código de
Defesa do Consumidor (Lei n° 8.078/90 - CDC). Essa teoria ainda possui uma
subdivisão; a) teoria maior objetiva: quando há confusão patrimonial, situação
mais fácil de ser comprovada; b) teoria maior subjetiva: pressupõe o desvio de
finalidade, elemento com maior dificuldade de ser comprovado, pois a intenção
que o sócio possui em frustrar os interesses do credor deve ser demonstrada.
B) PELA TEORIA MENOR dispensa-se um raciocínio mais cuidadoso para
a incidência da desconsideração, sendo mais fácil de ser aplicada. Não se exige a
demonstração de eventual abuso da personalidade; basta que haja o
descumprimento (inadimplemento) da obrigação e verificação de prejuízo para os
credores, sem analisar os reais motivos que levaram a sociedade a deixar de
honrar seus compromissos. Porém, seu âmbito de aplicação fica restrito ao
Direito Ambiental (art. 4°, Lei n° 9.605/1998) e ao Direito do Consumidor
(art. 28, §5°, do CDC: “Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica
sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento
de prejuízos causados aos consumidores”). Para esta teoria o risco empresarial
normal às atividades econômicas não pode ser suportado pelo terceiro que
contratou com a pessoa jurídica, mas sim pelos sócios e/ou administradores. Há
quem também sustente essa teoria no caso das relações trabalhistas (TST: “não
se mostra razoável imputar aos empregados os riscos da atividade econômica,
pertencentes ao empregador”).

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Dica em relação ao CDC: aplica-se a teoria maior em relação ao caput,
do art. 28; aplica-se a teoria menor em relação ao §5°, do art. 28.
02) Se a desconsideração incidir sobre uma Sociedade Limitada, entende o STJ
que os sócios administradores respondem integralmente com o seu patrimônio
pelas dívidas contraídas pela sociedade, não havendo limitação em relação às
quotas sociais de cada sócio. Isso seria temerário, indevido e resultaria na
desestabilização do instituto da desconsideração da personalidade jurídica, até
porque nos dispositivos legais sobre o tema não há qualquer restrição acerca de
a execução contra os sócios ser limitada às suas respectivas quotas.
03) Segundo a doutrina, na chamada firma individual (em que o patrimônio da
empresa e do titular se confundem), bem como na sociedade em comum
(sociedade de fato ou irregular: que não possuem personalidade jurídica, pois não
estão juridicamente constituídas), não há que se falar em desconsideração, pois
nesses casos a responsabilidade já é ilimitada.
04) Fala-se em DESCONSIDERAÇÃO INVERSA, como modalidade autônoma,
quando se vincula o patrimônio da pessoa jurídica, para responsabilizá-la por uma
obrigação contraída pelo sócio. Exemplo: uma pessoa muito rica transfere todos
os seus bens para uma pessoa jurídica da qual possui o controle absoluto. Assim,
embora tecnicamente não seja proprietário dos bens, continua a desfrutar de
todos eles. E se a pessoa física contrair uma dívida, em tese, o credor não pode
executar tais bens, pois eles não são dela, mas sim da pessoa jurídica. O devedor
assim procede para lesar a pessoa de quem pediu o dinheiro emprestado. Outro
exemplo comum é o do marido, sócio de uma empresa, sabendo que em virtude
do divórcio terá de partilhas seus bens com o cônjuge, “esconde” seu patrimônio
no nome da empresa. Notem que nesses exemplos, o sócio esconde seus bens de
credores pessoais (e não credores da empresa). Por meio da “desconsideração
inversa” se desconsidera a pessoa física do sócio para atingir o patrimônio
da pessoa jurídica e esta responda perante terceiros, pelas dívidas contraídas
pela pessoa física. Enunciado 283 da IV Jornada de Direito Civil do CJF: “É cabível
a desconsideração da personalidade jurídica denominada ‘inversa’ para alcançar
bens de sócio que se valeu da pessoa jurídica para ocultar ou desviar bens
pessoais, com prejuízo a terceiros”. O STJ também admite tal modalidade de
desconsideração sob a ótica da interpretação teleológica, baseado “nos princípios
éticos e jurídicos que norteiam nosso ordenamento jurídico, vedando o abuso de
direito e a fraude contra credores”.
05) Fala-se em DESCONSIDERAÇÃO INDIRETA, nos casos em que há
sociedades controladoras, controladas e coligadas (arts. 1.097 a 1.101, CC) e que
uma delas se vale da condição dominante para cometer fraudes e abusos
contra seus credores. A controlada seria apenas uma longa manus da
controladora. Nesse caso a desconsideração se aplica a toda e qualquer sociedade

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que se encontre inserida no mesmo grupo econômico, a fim de alcançar a efetiva
fraudadora que está sendo encoberta pelas demais pertencentes ao agrupamento.
Na prática há casos de difícil solução por não se saber bem que é a controladora.
E mais. Às vezes uma pessoa jurídica age no País com pouco ou nenhum
patrimônio e está totalmente em mãos de uma empresa escritural estrangeira (as
chamadas off shores), praticando irregularidades. É um caso de difícil solução,
cabendo ao Juiz avaliar este aspecto e onerar o patrimônio do verdadeiro
responsável pelo fato, sempre que um prejuízo injusto for ocasionado a terceiros.
06) Fala-se em DESCONSIDERAÇÃO EXPANSIVA, nos casos onde se tem por
finalidade atingir o patrimônio do sócio oculto de determinada sociedade que
se esconde por meio de uma interposta pessoa (chamada de “laranja ou testa de
ferro”). Ou seja, o sócio se utiliza de uma sociedade que está no nome de um
terceiro (que não tem patrimônio algum), mas que ele (sócio oculto) detém o total
poder de controle. Dessa forma o sócio oculto, real causador do dano, não seria
responsabilizado por eventual inadimplemento da sociedade, preservando seu
patrimônio, recaindo a responsabilidade sobre a terceira pessoa.
07) Como uma evolução da desconsideração da personalidade jurídica tem-se
adotado a Teoria da Sucessão de Empresas, pela qual, nos casos em que ficar
patente a ocorrência de fraude poderá o magistrado estender as responsabilidades
de uma empresa para outra (denominadas empresa sucedida e sucessora,
respectivamente).
08) Como a lei não faz ressalvas, entende-se que as pessoas jurídicas de direito
privado sem fins lucrativos ou de fins não-econômicos também são atingidas
pela teoria da desconsideração. Neste sentido é o Enunciado 284 da IV Jornada
de Direito Civil do CJF: “Art. 50. As pessoas jurídicas de direito privado sem fins
lucrativos ou de fins não-econômicos estão abrangidas no conceito de abuso da
personalidade jurídica”. No entanto, nesse caso, a desconsideração atinge
somente os seus dirigentes (que a representam na forma dos estatutos) e não
os associados em geral.
09) Último Ponto. Não confundir a desconsideração com a teoria da ultra vires
societatis (além do conteúdo da sociedade). A regra geral é que os atos dos
administradores vinculam a pessoa jurídica pela qual são responsáveis. No
entanto, de acordo com tal teoria, a sociedade poderá ficar isenta de
responsabilidade quando provado que os administradores excederam os
poderes que lhes são conferidos. Assim, o dever de indenizar deverá ser imputado
exclusivamente ao administrador. As hipóteses estão no art. 1.015, parágrafo
único, CC. Não há uma desconsideração, até porque o sócio não se esconde atrás
da pessoa jurídica. Por isso ele responde por atos próprios, aplicando-se, para a
reparação do dano causado, a norma contida na legislação civil (arts. 186 e 927,
CC).

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Resumo Esquemático da Aula


CONCEITO
Pessoa Jurídica (moral ou coletiva) é a união de pessoas naturais (físicas) ou de
patrimônios, com o objetivo de atingir certos fins, reconhecida pela lei como sujeito de
direitos e obrigações. Possui personalidade jurídica própria e individual, distinta da dos
membros que a compõe. Aplica-se a elas, no que couber, a proteção dos direitos da
personalidade da pessoa natural. Súmula 227 do STJ: “A pessoa jurídica pode sofrer
dano moral” (restrita às hipóteses de ferimento à sua honra objetiva, isto é, o conceito
que goza no meio social: patrimônio, reputação, bom nome, etc.).

PRESSUPOSTOS DE EXISTÊNCIA
a) Vontade humana criadora (affectio societatis); b) Licitude dos objetivos; c) Obediência
aos requisitos legais (existência e capacidade reconhecidas pela lei).

NATUREZA JURÍDICA
Corrente majoritária → Teoria da Realidade Técnica (a pessoa jurídica existe de
fato e não como mera abstração).

CARACTERÍSTICAS
a) existência distinta da de seus membros; b) patrimônio próprio e diverso do de
seus integrantes; c) responsabilidade civil e criminal; d) ilegitimidade para certos atos
(ex.: fazer testamento).

CLASSIFICAÇÃO PRINCIPAL
A) Pessoas Jurídicas de Direito Público
1. Externo (art. 42, CC) → a) Estados estrangeiros; b) outras pessoas regidas
pelo Direito Internacional Público (ONU, OEA, uniões aduaneiras como o
MERCOSUL, Santa Sé, etc.
2. Interno (art. 41, CC) → O Estado.
a) Administração Direta ou Centralizada → União, Estados Membros, Distrito
Federal, Territórios e Municípios.
b) Administração Indireta ou Descentralizada → autarquias comuns ou
especiais (agências reguladoras); associações públicas (consórcios: Lei n°
11.107/05); demais entidades de caráter público criadas por lei (fundações
públicas de direito público).
B) Pessoas Jurídicas de Direito Privado (art. 44, CC)
1. Espécies
a) Fundações Particulares: universalidades de bens personificados em
atenção ao fim que lhes dá unidade (arts. 62/69, CC). Registro da escritura
pública ou testamento. Elementos Fundamentais: a) Patrimônio (dotação
de bens livres que passam a ser inalienáveis); b) Finalidade: especificação dos
objetivos (em regra imutáveis e sem finalidade lucrativa, previstos no
parágrafo único, do art. 62, CC). São supervisionadas pelo Ministério Público.
b) Partidos Políticos (Lei n° 10.825/03).
c) Organizações Religiosas (Lei n° 10.825/03).

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d) Associações: união de pessoas, sem finalidade lucrativa (seu objetivo
pode ser moral, cultural, esportivo, beneficente, etc.). Liberdade de associação
para fins lícitos (art. 5°, XVII, CF/88). Entre os associados não há direitos e
obrigações recíprocas. Registro do Estatuto. Incluem-se os sindicatos.
e) Sociedades: pessoas naturais que formalizam por escrito uma união de
esforços, aplicando dinheiro e serviço para a realização de negócios lucrativos.
Natureza: simples ou empresárias → ambas visam finalidade lucrativa; a
diferença está no objeto: exercício (ou não) de atividade própria de empresário
sujeito ao registro previsto no art. 967, CC. As sociedades simples são
constituídas em geral por profissionais liberais ou prestadores de serviço.
Palavras chaves: organização e atividade. Tipos Societários: Nome Coletivo,
Comandita Simples, Conta de Participação (não personificada), Limitada,
Sociedade Anônima e Comandita por Ações.
Obs.: empresas públicas e sociedades de economia mista são integrantes da
administração indireta, no entanto são consideradas como pessoas jurídicas de
direito privado, pois foram criadas pelo Estado como instrumento de sua atuação
no domínio econômico.
f) Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI - Lei n°
12.441/11): a) é pessoa jurídica (e não física) de direito privado (possui
personalidade jurídica, devendo ser registrada); atividade empresarial; não é
uma nova espécie de sociedade; b) capital inicial de no mínimo 100 vezes o
maior salário mínimo, totalmente integralizado por seu único titular (pessoa
física); c) pode ser criada de forma originária ou derivada; d) cada pessoa só
pode constituir uma única EIRELI; e) responsabilidade limitada até o valor do
capital social (são regidas, no que couber, pelas normas das sociedades
limitadas); f) firma ou denominação seguida da expressão EIRELI.
2. Principal diferença entre as pessoas jurídicas de direito privado e direito
público: disponibilidade patrimonial. Os bens das pessoas jurídicas de direito
privado são disponíveis e sujeitas a penhora e usucapião. Os bens das pessoas
jurídica de direito público são impenhoráveis e imprescritíveis (impossibilidade de
usucapião), embora os dominicais possam ser alienados, quando presentes os
requisitos legais.
3. Início
a) Ato Constitutivo: ato jurídico unilateral inter vivos ou causa mortis
(fundações) ou ato jurídico bilateral ou plurilateral (associações e sociedades).
Fundações → escritura pública ou testamento. Associações → Estatuto.
Sociedade (simples ou empresárias) → Contrato Social ou Estatuto Social.
b) Registro Público: inscrição dos contratos, estatutos ou compromissos no
seu registro peculiar: Sociedade empresária → Junta comercial; demais
pessoas jurídicas de direito privado → Registro civil das pessoas jurídicas;
Sociedade simples de advogados → Registro na Ordem dos Advogados do Brasil.
A existência da pessoa jurídica de direito privado inicia-se com a
inscrição do ato constitutivo no respectivo registro (art. 45, CC).
Requisitos: art. 46, CC. Algumas pessoas jurídicas necessitam de autorização
do executivo.
4. Domicílio: sede jurídica, onde os credores podem demandar o cumprimento das
obrigações.

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a) Direito Público: art. 75, incisos I, II e III, CC. União → Distrito Federal;
Estados e Territórios → suas respectivas Capitais; Municípios → o lugar onde
funciona a Administração Municipal (a sede municipal).
b) Demais Pessoas Jurídicas (art. 75, IV, CC) → Regra: o lugar onde elegerem
domicílio especial nos seus estatutos ou atos constitutivos. Na omissão, o local
onde funcionam as respectivas diretorias e administrações. Diversos
estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado
domicílio para os atos nele praticados. Admite-se, portanto, a pluralidade
domiciliar da pessoa jurídica. Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no
estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às
obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do
estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder.
5. Extinção: a) Convencional: dissolução deliberada de seus membros, conforme
quorum previsto nos estatutos ou na lei; b) Legal: hipóteses em que a lei
determina; c) Administrativa: dependem de autorização do governo e praticam
atos nocivos ou contrários aos seus fins; d) Natural: morte de seus membros e não
ficou estabelecido se prosseguirá com seus herdeiros; decurso de prazo (quando
for constituída por prazo); e) dissolução judicial. Após a dissolução a personalidade
da pessoa jurídica ainda pode subsistir para fins de liquidação (pagamento de
dívidas e partilha do remanescente entre os sócios). Após o encerramento da
liquidação → cancelamento da inscrição da pessoa jurídica no respectivo registro
(art. 51, CC).
6. Grupos Despersonalizados: conjunto de direitos e obrigações, pessoas e bens,
sem personalidade jurídica, mas com capacidade processual (representação) →
sociedades em comum (sociedade de fato ou irregulares), massa falida, espólio,
herança jacente e vacante, etc.

REPRESENTAÇÃO
A pessoa jurídica deve ser representada ativa e passivamente por uma pessoa física,
exteriorizando sua vontade. Se o representante extrapolar estes poderes, ele responderá
pessoalmente pelo excesso (teoria ultra vires societatis: além do conteúdo da
sociedade).
1. Pessoas Jurídicas de Direito Público Interno → são representadas em juízo,
ativa e passivamente (art. 75, I a IV, CPC/2015): a) União → Advocacia-Geral da União,
diretamente ou outro órgão vinculado; b) Estados e Distrito Federal → Procuradores. c)
Municípios → Prefeito ou Procurador. d) Autarquias e Fundações de Direito Público →
quem a lei do ente designar.
2. Demais Pessoas Jurídicas → em regra é a pessoa indicada em seu ato
constitutivo; na omissão, a representação será exercida por seus diretores (art. 75, VIII,
CPC/2015).

RESPONSABILIDADE
1. Responsabilidade Contratual: tanto as pessoas jurídicas de direito público como
as de direito privado são responsáveis pelo que estiver disposto no contrato firmado,
respondendo com seus bens pelo eventual descumprimento de cláusulas contratuais (art.
389, CC). Nos termos do CDC, têm responsabilidade objetiva por fato e vício do produto.
Obs.: ambas também possuem responsabilidade penal (atividade lesiva ao meio
ambiente: art. 3°, da Lei n° 9.605/98).

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2. Responsabilidade Extracontratual:
a) Pessoa Jurídica de Direito Privado. Regra → Responsabilidade indireta, ou
seja, a pessoa jurídica deve reparar o dano causado pelo seu representante que agiu
de forma contrária ao direito. Além disso, é solidária, pois em razão do vínculo entre
a pessoa jurídica e seus funcionários, a vítima pode reclamar os danos tanto da
pessoa jurídica como do agente causador do dano. Não há presunção de culpa (in
eligendo ou in vigilando): arts. 931, 932, III, 933, CC.
b) Pessoa Jurídica de Direito Público. Regra → Responsabilidade objetiva. Deve
indenizar todos os danos que seus funcionários, nessa qualidade, por atos
comissivos, causem aos direitos de particulares. O Estado, como regra, responde
independentemente de culpa (em sentido amplo), tendo direito a ação de regresso
contra o funcionário causador do dano, se provada a culpa deste. Art. 37, §6°, CF/88
e art. 43, CC. Teoria do risco administrativo: permite-se que a responsabilidade
seja afastada em algumas hipóteses (ex.: ausência de nexo de causalidade entre a
conduta e o dano, culpa exclusiva da vítima, caso fortuito ou força maior, etc.).

DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA


Regra → Princípio da autonomia de pessoa jurídica. Exceção: desconsideração, em
razão de fraudes ou abuso. Disregard of the legal entity. Art. 50, CC → Em caso de abuso
da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão
patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando
lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de
obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da
pessoa jurídica. Em resumo: estendem-se aos bens dos sócios e/ou administradores a
execução por dívidas da pessoa jurídica. Legitimidade ativa (podem requerer): parte
interessada (lesada) e o Ministério Público quando lhe couber intervir.
Requisitos: a) descumprimento de obrigação (e até insolvência da pessoa jurídica);
b) abuso da personalidade (desvio de finalidade ou confusão patrimonial). Não acarreta
a extinção da pessoa jurídica. Somente a demonstração de insolvência ou a dissolução
irregular da pessoa jurídica não ensejam a desconsideração da personalidade jurídica,
pois é a intenção ilícita e fraudulenta que autoriza a aplicação do instituto. A
desconsideração também está prevista em outras leis (ex.: Lei n° 8.078/90 – CDC, art.
28 e seu §5°). Desconsideração X Despersonalização: no primeiro caso há a
desconsideração episódica (breve) da personalidade; no segundo caso a pessoa jurídica
é extinta, dissolvida.
Espécies. Teoria Maior: maior apuro e precisão na constatação dos requisitos legais
para a decretação da medida (ex.: Código Civil e art. 28, caput, CDC). Teoria Menor:
dispensa-se um raciocínio mais cuidadoso para a incidência da desconsideração, sendo
mais fácil de ser aplicada (Direito Ambiental e art. 28, §5°, CDC). Desconsideração
Comum: atinge bens da empresa que foram colocados em nome dos sócios. Inversa:
atinge bens dos sócios que foram colocados no nome da empresa. Indireta: atinge bens
da empresa controladora que estão em nome da controlada/coligada. Expansiva: atinge
o patrimônio do sócio oculto de determinada sociedade que se esconde por meio de uma
interposta pessoa (chamada de “laranja ou testa de ferro”).

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BIBLIOGRAFIA BÁSICA

Para a elaboração desta aula foram consultadas as seguintes obras:

DINIZ, Maria Helena – Curso de Direito Civil Brasileiro. Editora Saraiva.


FARIAS, Cristiano Chaves de e ROSENVALD, Nelson – Curso de Direito Civil.
Editora JusPODIVM.
GAGLIANO, Pablo Stolze e PAMPLONA, Rodolfo Filho – Novo Curso de Direito
Civil. Editora Saraiva.
GOMES, Orlando – Direito Civil. Editora Forense.
GONÇALVES, Carlos Roberto – Direito Civil Brasileiro. Editora Saraiva.
MAXIMILIANO, Carlos – Hermenêutica e Aplicação do Direito. Editora Freitas
Bastos.
MONTEIRO, Washington de Barros – Curso de Direito Civil. Editora Saraiva.
NERY, Nelson Jr. e Rosa Maria de Andrade – Código Civil Comentado. Editora
Revista dos Tribunais.
PEREIRA, Caio Mário da Silva – Instituições de Direito Civil. Editora Forense.
RODRIGUES, Silvio – Direito Civil. Editora Saraiva.
SERPA LOPES, Miguel Maria de – Curso de Direito Civil. Editora Freitas Bastos.
SILVA, De Plácido e – Vocabulário Jurídico. Editora Forense.
VENOSA, Silvio de Salvo – Direito Civil. Editora Atlas.

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Exercícios Comentados Específicos da Banca


Fundação Getúlio Vargas

01) (FGV – TJ/RO – Técnico Judiciário – 2015) Sobre o tema “pessoas


jurídicas”, é correto afirmar que:
(A) os Estados estrangeiros, a União e o Distrito Federal são pessoas jurídicas de
direito público externo;
(B) todas as entidades de caráter público criadas por lei são pessoas jurídicas de
direito público interno;
(C) as pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis
por atos de seus agentes, desde que não tenham eles condições de responder
com seu patrimônio pelo ressarcimento dos prejuízos causados à vítima;
(D) os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito público interno;
(E) as associações são constituídas por pessoas que se organizam para fins
econômicos.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada. Dispõe o art. 42, CC: São pessoas
jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que
forem regidas pelo direito internacional público. União e Distrito Federal são
pessoas jurídicas de direito público interno. A letra “b” está correta nos exatos
termos do art. 41, V, CC. A letra “c” está errada. Dispõe o art. 43, CC: As pessoas
jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus
agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito
regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou
dolo. A letra “d” está errada. Art. 44, CC: São pessoas jurídicas de direito privado:
V. os partidos políticos. A letra “e” está errada. Art. 53, CC: Constituem-se as
associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos.
Gabarito: “B”.

02) (FGV – DPE/RO – Analista Jurídico – 2015) Em decorrência de uma


falha de informação, foi publicada matéria inverídica em periódico do
grupo de publicidade O MOMENTO S/A, a respeito da escola de ensino
médio EDUCANTE LTDA, sobre hipóteses de tráfico de entorpecentes no
estabelecimento de ensino, envolvendo professores, funcionários e
alunos da escola. Ajuizada ação de responsabilidade civil pela entidade
de ensino, é CORRETO afirmar que:
(A) é viável o êxito na condenação de indenização por danos materiais e morais;
(B) é viável o êxito na condenação de indenização apenas por danos materiais;
(C) é viável o êxito na condenação de indenização apenas por danos morais;

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(D) não é viável o êxito na condenação por qualquer indenização, por se tratar
de escola;
(E) não é viável o êxito na condenação por qualquer indenização, em virtude da
liberdade de imprensa.
COMENTÁRIOS. É possível tanto a condenação pelos danos materiais, como os
morais, nos termos do art. 52, CC (Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber,
a proteção dos direitos da personalidade) e na súmula 227 do STJ (A pessoa
jurídica pode sofrer dano moral.). Lembrando. Dano Material: prejuízo financeiro
sofrido pela vítima, seja física ou jurídica, causando redução do seu patrimônio.
Esse dano pode ser de duas espécies: a) dano emergente: o que efetivamente o
lesado perdeu; b) lucro cessante: o que razoavelmente deixou de ganha. Dano
Moral: é a lesão aos direitos da personalidade; ofende, não o patrimônio da
pessoa, mas sim seus direitos de personalidade. Gabarito: “A”.

03) (FGV – TJ/AM – Assistente Técnico Judiciário – 2013) A respeito das


pessoas jurídicas, analise as afirmativas a seguir.
I. Os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito público interno.
II. As autarquias são pessoas jurídicas de direito público interno.
III. As sociedades de fato e o espólio são pessoas jurídicas de direito público
interno.
Assinale:
(A) se somente a afirmativa I estiver correta.
(B) se somente a afirmativa II estiver correta.
(C) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
(D) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
(E) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
COMENTÁRIOS. O item I está errado, pois os partidos políticos, nos termos do
art. 44, V, CC são pessoas jurídicas de direito privado. O item II está correto, pois
as autarquias realmente são pessoas jurídicas de direito público (art. 41, IV, CC).
O item III está errado, pois as sociedades de fato e o espólio fazem parte do que
se costuma chamar “grupos despersonalizados”. Gabarito: “B” (apenas a
afirmativa II está correta).

04) (FGV – TJ/AM – Oficial de Justiça Avaliador – 2013) José constituiu


uma fundação, por escritura pública, realizando a dotação de
determinados bens livres e especificando que a fundação se destinaria a
atividades religiosas. Considerando a disciplina jurídica das fundações e
o contexto fático descrito acima, analise as afirmativas a seguir.
I. As fundações são sempre de natureza pública e seguem as regras das
autarquias.
II. O registro civil da fundação tem natureza constitutiva.
III. O fim escolhido por José somente é permitido para constituição de uma
associação.

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Assinale:
(A) se somente a afirmativa III estiver correta.
(B) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
(C) se somente a afirmativa II estiver correta.
(D) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
(E) se somente a afirmativa I estiver correta.
COMENTÁRIOS. A afirmativa I está errada, pois as fundações podem ser públicas
ou particulares. O art. 44, III, CC é claro ao afirmar que as fundações podem ser
pessoas jurídicas de direito privado. A afirmativa II está correta. As fundações
são criadas a partir de uma escritura pública (ato inter vivos) ou de um testamento
(causa mortis). A seguir deve ocorrer o registro desses atos constitutivos no
Registro Civil de Pessoas Jurídicas. Assim, o registro, neste caso, possui efeito
constitutivo; é com ele que pessoa jurídica “nasce” ou se constitui juridicamente.
A assertiva III está errada, especialmente em relação à expressão “somente”.
Isso porque no caso concreto José estabeleceu que a finalidade da fundação seria
religiosa e o parágrafo único do art. 62, CC permite a instituição da fundação
particular para esta finalidade. Assim, o fim utilizado por José é compatível para a
criação de uma fundação. Gabarito: “C” (somente a afirmativa II está correta).

05) (FGV – Delegado de Polícia do Estado do Maranhão – 2012) Sobre


pessoas jurídicas, é CORRETO afirmar que
(A) os partidos políticos e as empresas individuais de responsabilidade limitada
não são pessoas jurídicas de direito privado.
(B) é vedado ao Poder Público negar reconhecimento ou registro dos atos
constitutivos das organizações religiosas, sendo permitido, porém, determinar as
formas de organização, estruturação interna e funcionamento.
(C) a qualidade de associado é intransmissível, não podendo o estatuto dispor de
forma contrária.
(D) após a constituição de uma fundação por negócio jurídico entre vivos, o
instituidor tem a faculdade de não transferir-lhe a propriedade, ou outro direito
real, sobre os bens dotados.
(D) os atos dos administradores, exercidos nos limites dos poderes determinados
nos atos constitutivos, obrigam a pessoa jurídica.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada nos termos do art. 44, V e VI: São
pessoas jurídicas de direito privado: os partidos políticos e as empresas individuais
de responsabilidade limitada. A letra “b” está errada, pois segundo o §1° do art.
44, CC, são livres a criação, a organização, a estruturação interna e o
funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-
lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu
funcionamento. A letra “c” está errada, pois prevê o art. 56, CC que a qualidade
de associado é intransmissível, se o estatuto não dispuser o contrário. A letra “d”
está errada nos termos do art. 64: Constituída a fundação por negócio jurídico
entre vivos, o instituidor é obrigado a transferir-lhe a propriedade, ou outro direito
real, sobre os bens dotados, e, se não o fizer, serão registrados, em nome dela,
por mandado judicial. A letra “e” está correta, pois é o que afirma literalmente o

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art. 47, CC: Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos
limites de seus poderes definidos no ato constitutivo. Gabarito: “E”.

06) (FGV – TRE/PA – Analista Judiciário – 2010) Pessoa jurídica de direito


privado com estabelecimento na cidade de Belém, no Pará, onde se reúne
a diretoria, possuindo outros estabelecimentos em municípios de diversos
Estados e em Brasília, tem por domicílio
(A) qualquer cidade do País onde tiver realizado negócios.
(B) necessária e exclusivamente a cidade de Belém, no Pará.
(C) cada uma das capitais dos Estados em cujos Municípios possuir
estabelecimentos.
(D) cada um dos estabelecimentos para os atos nele praticados.
(E) Brasília, por ser a Capital Federal.
COMENTÁRIOS. Estabelece o art. 75, §1°, CC que se a pessoa jurídica tiver
diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado
domicílio para os atos nele praticados. Gabarito: “D”.

07) (FGV – Procurador do Tribunal de Contas do Município do Rio de


Janeiro – 2008) A respeito das associações, não é correto afirmar que:
(A) são pessoas jurídicas de direito privado.
(B) são vinculadas a fins não-econômicos.
(C) os sócios estabelecem entre si direito e obrigações.
(D) são reguladas por estatutos.
(E) permitem a existência de associados com vantagens especiais.
COMENTÁRIOS. A associação (associação em geral; a questão não fala em
associação pública) é pessoa jurídica de direito privado (letra “a” correta),
caracterizada pela união de pessoas que se organizam para fins não econômicos
(letra “b” correta). O ato constitutivo é o seu estatuto (letra “d” correta) que deve
conter os requisitos do art. 54, CC, sendo registrado no Registro Civil de Pessoas
Jurídicas, e, com isso, passando ter aptidão para ser sujeito de direitos e
obrigações. A letra “c” está errada. Inicialmente porque o membro da associação
é o associado (e não sócio como na alternativa). Além disso, ele possui vínculo
direto com a finalidade da associação, não possuindo qualquer vínculo com os
demais associados; não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocas
(art. 53 e seu parágrafo único, CC), de forma diferente das sociedades, onde há
este vínculo. No entanto é possível a existência de uma categoria de associados
com vantagens especiais, nos termos do art. 55, CC (letra “e” correta). Gabarito:
“C”.

08) (FGV – SEFAZ/NITERÓI/RJ – Fiscal de Tributos – 2015) Firmino


adquiriu uma casa no bairro Fonseca, em área fechada, abrangida pela associação
de moradores denominada MORAR BEM. No local há uma guarita com uma cancela
e quatro porteiros, que são pagos pela associação e que se revezam trabalhando
na segurança do local. A área é mantida sempre limpa por três funcionários
contratados pela associação. Todos os moradores do local pagam uma taxa de
manutenção de cento e oitenta reais mensais, que bastam para o pagamento das

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despesas. Ocorre que Firmino se recusa a pagar a referida taxa. Nesse caso, é
correto afirmar que:
(A) para fins de evitar locupletamento sem causa de Firmino, é viável a cobrança
judicial da taxa pela associação;
(B) pelo princípio da solidariedade, é viável a cobrança judicial da taxa pela
associação;
(C) por ser absolutamente ilegal, não há obrigação de Firmino pagar a taxa;
(D) por ter previsão legal expressa, é viável a cobrança judicial da taxa pela
associação;
(E) por não ter aderido expressamente à associação, não há obrigação de Firmino
pagar a taxa.
COMENTÁRIOS. Segundo decisão do Supremo Tribunal Federal (RE 431.106), o
pagamento de mensalidade a associação depende da livre e espontânea vontade
do cidadão em associar-se. Foi este o entendimento aplicado para aceitar recurso
contra a Associação de Moradores Flamboyant, do Rio de Janeiro, que cobrava na
Justiça mensalidades de um morador não associado. Na ação, o morador afirmava
que já tinha dois lotes no local quando a associação foi criada e que não tinha
interesse nos serviços oferecidos. O ministro Marco Aurélio, relator do caso
ressaltou que ninguém deve fazer ou deixar de fazer alguma coisa que não está
prevista em lei. Portanto, não se pode compelir alguém a associar-se ou a
permanecer associado. O seu entendimento foi seguido, de forma unânime, pelos
ministros Luiz Fux, Dias Toffoli e Cármen Lúcia. Gabarito: “E”.

09) (FGV – Procurador do Tribunal de Contas do Município do Rio de


Janeiro – 2008) A fundação pode ser criada por:
(A) testamento.
(B) escritura particular.
(C) documento levado a registro no Cartório de Títulos e Documentos.
(D) escritura pública.
(E) testamento e escritura pública.
COMENTÁRIOS. Pessoalmente não gosto desta forma de elaborar questões.
Poderia ser anulada (mas não foi). Se lermos a letra “a”, vamos concluir que ela
está certa. A pessoa mais afoita poderia assinalá-la de imediato, sem ler as demais
alternativas, pois ela realmente está correta... Seguindo adiante, veremos que a
letra “d” também está correta... Finalmente a letra “e” contém as duas
modalidades previstas nas letras “a” e “d”. Portanto ela está mais completa e é
esta que deve ser assinalada. De fato, nos termos do art. 62, CC as fundações
podem ser criadas a partir de uma escritura pública (inter vivos) ou de um
testamento (causa mortis). Gabarito: “E”.

10) (FGV – Procurador do Tribunal de Contas dos Municípios do Pará –


2008) Analise as afirmativas a seguir:
I. As fundações somente podem ser constituídas para fins morais, culturais,
religiosos ou de assistência.

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II. Os partidos políticos são considerados pessoas jurídicas de direito privado.
III. As associações são espécie de sociedade sem fim lucrativo.
Assinale:
(A) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
(B) se somente a afirmativa I estiver correta.
(C) se todas as afirmativas estiverem corretas.
(D) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
(E) se somente a afirmativa III estiver correta.
COMENTÁRIOS. O item I está correto nos termos do parágrafo único, do art. 62,
CC. O item II está correto nos termos do art. 44, V, CC. E o item III está errado,
pois uma associação é a união de pessoas que se organizam para fins não
econômicos (art. 53, CC). Gabarito: “A”.

11) (FGV – TJ/AM – Assistente Técnico Judiciário – 2013) A respeito da


desconsideração da personalidade jurídica, assinale a afirmativa
CORRETA.
(A) a desconsideração da personalidade jurídica importará na extinção da pessoa
jurídica.
(B) o Ministério Público está legitimado a requerer a desconsideração da
personalidade, quando lhe couber intervir no processo.
(C) o desvio de finalidade é a única causa de desconsideração da personalidade.
(D) a desconsideração da personalidade jurídica importa na extensão dos efeitos
de todas as relações obrigacionais aos bens particulares dos administradores da
pessoa jurídica.
(E) a parte somente poderá requerer a desconsideração da personalidade se
ocorrer confusão patrimonial.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois a desconsideração da personalidade
jurídica não importa na extinção da pessoa jurídica; ela apenas “afasta” a
personalidade da pessoa jurídica, buscando nos patrimônio dos sócios os meios
para indenizar os lesados. A letra “b” está certa, pois o art. 50, CC permite que
haja o requerimento do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo.
A letra “c” está errada, pois além do desvio de finalidade o art. 50, CC ainda prevê
a confusão patrimonial como fundamento para se requerer a desconsideração da
pessoa jurídica. A letra “d” está errada, pois a desconsideração não se estende a
todas as relações obrigacionais, mas apenas para certas e determinadas relações
de obrigações. A letra “e” está errada, pois como vimos a confusão patrimonial
também não é o único fundamento para se requerer a desconsideração. Gabarito:
“B”.

12) (FGV – Advogado do Banco de Santa Catarina – 2004) No que diz


respeito às pessoas jurídicas, assinale a afirmativa CORRETA.
(A) a teoria da desconsideração da pessoa jurídica é aplicável em caso de abuso
na utilização da entidade para prejudicar terceiros ou fraudar a lei. Portanto,

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admite-se, excepcionalmente, a aplicação da teoria da aparência na citação de
pessoa jurídica.
(B) as pessoas jurídicas não têm existência distinta das dos seus membros.
(C) os sócios, individualmente, têm legitimidade para defender os interesses da
sociedade, em nome próprio, contra terceiros.
(D) serão representadas em juízo apenas ativamente, por quem os respectivos
estatutos designarem, ou, não os designando, por seus diretores.
(E) serão representadas em juízo apenas passivamente, por quem os respectivos
estatutos designarem, ou, não os designando, por seus diretores.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta nos termos do art. 50, CC. A letra “b”
está errada, pois a desconsideração da pessoa jurídica é exceção. Ainda vigora a
regra de que as pessoas jurídicas possuem existência distinta da de seus
membros. A letra “c” está errada, pois os sócios não têm legitimidade individual
para defender os interesses da pessoa jurídica. A representação da pessoa jurídica
deve ser feita por uma pessoa física, que irá exteriorizar a sua vontade. Em regra
essa pessoa é a indicada no próprio ato constitutivo da pessoa jurídica; na sua
omissão, a representação será exercida por seus diretores. As letras “d” e “e”
estão erradas, pois a representação judicial ou extrajudicial se dá ativa e
passivamente. Gabarito: “A”.

13) (FGV – Fiscal de Rendas do Estado do Rio de Janeiro – ICMS/2009)


Com relação à desconsideração da personalidade jurídica, assinale a
alternativa CORRETA.
(A) implica a extinção da pessoa jurídica.
(B) constitui uma construção jurisprudencial que nunca encontrou positivação na
legislação nacional.
(C) implica que obrigações da sociedade sejam estendidas aos bens particulares
dos administradores e sócios e está prevista apenas no Código Civil.
(D) implica que obrigações da sociedade sejam estendidas aos bens particulares
dos administradores e sócios e está prevista, no sistema jurídico brasileiro,
apenas no Código Civil e no Código de Defesa do Consumidor.
(E) implica que obrigações da sociedade sejam estendidas aos bens particulares
dos administradores e sócios e está prevista, no sistema jurídico brasileiro, no
Código Civil, no Código de Defesa do Consumidor e na Lei 8.884/94 (Lei de
Defesa da Concorrência).
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois a desconsideração da personalidade
jurídica não representa a extinção da pessoa jurídica, mas que as obrigações da
sociedade sejam estendidas aos bens particulares dos administradores e sócios.
As letras “b” “c” e “d” estão erradas, pois embora a teoria da desconsideração
tenha nascido de construção jurisprudencial, atualmente há diversos dispositivos
de lei prevendo a sua aplicação, inclusive o Código Civil e o Código de Defesa do
Consumidor. Por este motivo a alternativa correta é a letra “e”. Gabarito: “E”.

14) (FGV – Auditor Fiscal Tributário da Receita Municipal de Cuiabá/MT –


2016) Rodrigo e Manuela decidem desenvolver conjuntamente a atividade
empresarial de fornecimento de materiais médico-hospitalares. Para tanto,

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realizam contrato válido com a finalidade de constituir a sociedade empresarial.
Ocorre que o contrato social não foi levado à inscrição no respectivo registro.
Considerando a situação descrita, assinale a afirmativa correta.
(A) A pessoa jurídica já possui existência legal, sendo certo que com a assinatura
do contrato social haverá a separação patrimonial.
(B) A pessoa jurídica já possui existência legal, sendo certo que a assinatura do
contrato social é a única etapa necessária para a existência legal da pessoa
jurídica.
(C) A pessoa jurídica não possui existência legal, pois para tanto há a necessidade
de levar o contrato social ao respectivo registro.
(D) A pessoa jurídica não possui existência legal, porém já há uma sociedade de
fato com patrimônio separado da dos seus membros.
(E) A pessoa jurídica não possui existência legal, sendo que a falta de registro
torna o contrato social firmado absolutamente nulo.
COMENTÁRIOS. Art. 45, CC: Começa a existência legal das pessoas jurídicas de
direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro,
precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo,
averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.
Gabarito: “C”.

15) (FGV – Auditor Fiscal Tributário da Receita Municipal de Cuiabá/MT –


2016) A Associação de Amigos das Aves (AAA), por meio de Maria Helena, sua
representante e presidente, celebra contrato de locação com Orlando, tendo como
objeto imóvel de propriedade deste. O imóvel servirá de sede da associação,
conforme consta do contrato de locação. Após assinado o contrato e de posse das
chaves do imóvel, Maria Helena passa a nele residir com sua filha. Após seis meses
de locação, a AAA deixa de pagar os valores referentes ao aluguel, num total de
R$ 12.000,00. Depois de uma tentativa frustrada de cobrança amigável dos
aluguéis atrasados, Orlando ingressa com uma ação de cobrança contra a AAA e
Maria Helena. Ao fim do processo, somente Maria Helena é condenada a pagar o
valor dos aluguéis atrasados, tendo em vista que a AAA dispunha somente de R$
100,00 em seu patrimônio. Tendo a situação descrita como referência, assinale a
afirmativa correta.
(A) A ação de cobrança deveria ter sido intentada contra a associação, sendo
certo que Maria Helena jamais poderá ser obrigada a pagar os valores devidos,
com fundamento no princípio da separação patrimonial.
(B) A ação de cobrança deveria ter sido intentada contra a associação, sendo
certo que Maria Helena somente poderá ser obrigada a pagar os valores devidos
se houver a desconsideração da personalidade da sociedade.
(C) A ação de cobrança deveria ter sido intentada contra a associação e contra
Maria Helena, na medida em que esta passa a residir no imóvel locado pela
associação, tornando-se sua comodatária.
(D) A ação de cobrança deveria ter sido intentada somente contra Maria Helena,
na medida em que ela é a representante da pessoa jurídica.

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(E) A ação de cobrança deveria ter sido intentada somente contra Maria Helena,
na medida em que a associação não possui meios de pagamento da dívida.
COMENTÁRIOS. A verdadeira locatária do imóvel é a referida Associação e não
Maria Helena (ainda que ela seja sua representante e presidente). Assim, a ação
deveria ter sido proposta somente contra a pessoa jurídica. Sendo a ação
proposta também contra pessoa que não seja o outro sujeito da relação contratual,
ocorre, em relação a ela, o que se chama de “ilegitimidade passiva ad causam”.
Portanto Maria Helena não poderia ter sido condenada, pois faltou, em relação a
ela, uma das condições da ação. Somente se houvesse a desconsideração de
personalidade jurídica da Associação (o que não ocorreu) é que Maria Helena, nos
termos do art. 50, CC, poderia integrar a lide. Gabarito: “B”.

Exercícios Comentados
Fundação Carlos Chagas

01) (FCC – Ministério Público de Contas do Estado do Mato Grosso –


Analista de Contas – Direito – 2013) União de pessoas que se organizam
para fins não econômicos é conceito que se aplica às
(A) associações.
(B) sociedades anônimas.
(C) sociedades empresariais.
(D) fundações.
(E) sociedades simples.
COMENTÁRIOS. Estabelece o art. 53, CC: “Constituem-se as associações pela
união de pessoas que se organizem para fins não econômicos”. Gabarito: “A”.

02) (FCC – TRT/20ª Região/SE – Juiz do Trabalho – 2013) Analise as


afirmações abaixo
I. Sem exceções, os direitos da personalidade são intransmissíveis.
II. As pessoas jurídicas não são abrangidas pela proteção dos direitos da
personalidade.
III. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e
todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público.
IV. As organizações religiosas são consideradas pessoas jurídicas de direito
privado.
Estão CORRETAS as afirmações
(A) II e IV, apenas.
(B) III e IV, apenas.

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(C) I, III e IV, apenas.
(D) II, III e IV, apenas.
(E) I, II, III e IV.
COMENTÁRIOS. O item I está errado. Já vimos na aula anterior. Embora os
direitos da personalidade sejam intransmissíveis e irrenunciáveis, são admitidas
exceções, conforme o art. 11, CC. O item II está errado. Estabelece o art. 52, CC
que se aplica às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da
personalidade. O item III está correto nos termos do art. 42, CC. O item IV está
correto nos termos do art. 44, CC. Gabarito: “B”.

03) (FCC – TRT/5ª Região/BA – Técnico Judiciário – 2013) No que pertine


à natureza dos entes que integram a Administração pública e o regime
jurídico a eles aplicável, é CORRETO afirmar que:
(A) as autarquias compõem a Administração pública direta, porque se constituem
em pessoas jurídicas de direito público sujeitas aos princípios informadores da
Administração pública.
(B) as sociedades de economia mista não integram a Administração pública
descentralizada, porque se constituem em pessoas jurídicas de direito privado,
enquanto às empresas públicas se aplicam as normas que compõem o regime
jurídico de direito público.
(C) as empresas públicas e as sociedades de economia mista integram a
Administração pública indireta e se sujeitam ao regime típico das empresas
privadas; as autarquias e fundações compõem a Administração pública direta.
(D) as autarquias, empresas públicas e sociedades de economia mista integram
a Administração pública indireta ou descentralizada, porque referidas pessoas
jurídicas têm personalidade de direito privado, sendo instituídos pelas formas
previstas na legislação civil.
(E) as autarquias, empresas públicas e sociedades de economia mista integram
a Administração pública indireta ou descentralizada do Estado, sujeitas a
princípios informadores da Administração, tal como o que exige a realização de
concurso público para a investitura de servidores em cargo ou emprego público.
COMENTÁRIOS. As autarquias, empresas públicas e sociedades de economia
mista integram a Administração pública indireta ou descentralizada. No entanto
enquanto as autarquias possuem personalidade de direito público, as empresas
públicas e as sociedades de economia mista possuem personalidade direito
privado. Gabarito: “E”.

04) (FCC – TJ/PE – Juiz de Direito – 2013) São pessoas jurídicas de direito
privado, segundo o Código Civil,
(A) os partidos políticos e as empresas individuais de responsabilidade limitada.
(B) as fundações e os condomínios em edificação.
(C) as pessoas jurídicas que forem regidas pelo direito internacional público,
quando as respectivas sedes se acharem em países estrangeiros.

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(D) as associações, inclusive as associações públicas, em razão da atividade que
exercerem.
(E) as organizações religiosas e as autarquias.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta, pois o art. 44, CC arrola os partidos
políticos e as empresas individuais de responsabilidade limitada (EIRELI) como
pessoas jurídicas de direito privado. A letra “b” está errada, pois o dispositivo
citado não insere em seu rol os condomínios em edificação. A letra “c” está errada,
pois as pessoas jurídicas regidas pelo direito internacional público são pessoas
jurídicas de direito público externo (art. 42, CC). As letras “d” e “e” estão erradas,
pois as associações públicas e as autarquias são pessoas jurídicas de direito
público (art. 41, IV, CC). Gabarito: “A”.

05) (FCC – TCE/AM – Analista Técnico de Controle Externo – 2013) As


autarquias
(A) são pessoas jurídicas de direito público, com capacidade de
autoadministração, nos limites estabelecidos pela lei, não dotadas de capacidade
política.
(B) sujeitam-se ao mesmo regime jurídico das pessoas públicas políticas (União,
Estados e Municípios), com capacidade de autoadministração e criação do próprio
direito.
(C) são pessoas jurídicas de direito privado, dotadas de autonomia administrativa
e orçamentária em face do princípio da especialidade.
(D) sujeitam-se ao regime privado, com especialização institucional e autonomia
administrativa, submetidas à tutela do ente instituidor.
(E) sujeitam-se ao regime público, não se submetendo ao controle tutelar do
ente instituidor em face do princípio da especialidade e da autonomia
administrativa.
COMENTÁRIOS. As autarquias são pessoas jurídicas de direito público, que
desempenham atividade administrativa típica, com capacidade de
autoadministração nos limites estabelecidos em lei, possuindo patrimônio e
orçamento próprio, mas sob o controle do Executivo, não tendo capacidade política
(isto é, não podem legislar e criar o próprio Direito, devendo obedecer a legislação
administrativa à qual está submissa), porém podem baixar instruções normativas,
que não são consideradas leis em sentido estrito. Elas são criadas por lei
específica, possuindo atribuições estatais destinadas à realização de obras e
serviços públicos, de cunho social, geralmente ligadas à área da saúde, educação,
etc. (excluem-se, portanto as de natureza econômica ou industrial). A autarquia
nasce com a vigência da lei que a instituiu, não havendo necessidade de registro.
Gabarito: “A”.

06) (FCC – TRT/1ª Região/RJ – Analista Judiciário – 2013) Sobre as


associações, de acordo com o Código Civil brasileiro, é correto afirmar:
(A) compete privativamente à assembleia geral especialmente convocada alterar
o estatuto de uma associação, cujo quorum para aprovação será sempre de, no
mínimo, dois terços dos associados.

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(B) se o associado for titular de quota ou fração ideal do patrimônio da
associação, a transferência daquela não importará, de per si, na atribuição da
qualidade de associado ao adquirente ou ao herdeiro, salvo disposição diversa do
estatuto.
(C) a convocação dos órgãos deliberativos far-se-á na forma do estatuto,
garantido a um sexto dos associados o direito de promovê-la.
(D) constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para
fins não econômicos, havendo entre os associados direitos e obrigações
recíprocos.
(E) o estatuto da associação não será nulo se não contiver a forma de gestão
administrativa e de aprovação das respectivas contas, que será decidida em
assembleia geral especialmente convocada para este fim.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois estabelece o art. 59, CC: Compete
privativamente à assembleia geral: I. destituir os administradores; II. alterar o
estatuto. Parágrafo único. Para as deliberações a que se referem os incisos I e II
deste artigo é exigido deliberação da assembleia especialmente convocada para
esse fim, cujo quorum será o estabelecido no estatuto, bem como os critérios de
eleição dos administradores. A letra “b” está certa nos termos do art. 56, parágrafo
único, CC. A letra “c” está errada, pois determina o art. 60, CC que a convocação
dos órgãos deliberativos far-se-á na forma do estatuto, garantido a 1/5 (um quito)
dos associados o direito de promovê-la". A letra “d” está errada, pois estabelece
o art. 53, CC que constituem-se as associações pela união de pessoas que se
organizem para fins não econômicos. Parágrafo único. Não há, entre os
associados, direitos e obrigações recíprocos". Finalmente a letra “e” está errada,
pois o art. 54, CC prevê que, sob pena de nulidade, o estatuto das associações
conterá (...) VII. a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas
contas. Gabarito: “B”.

07) (FCC – TRT/1ª Região/RJ – Analista Judiciário – 2013) A “Fundação


Juju” foi regularmente criada para atuar no benefício de crianças carentes
e está em plena atividade na cidade do Rio de Janeiro. Uma das pessoas
competentes para gerir e representar a Fundação Juju pretende alterar o
seu estatuto. Para tanto, a alteração não pode contrariar o fim da
Fundação e, além disso, deverá ser deliberada
(A) pela maioria absoluta dos competentes para gerir e representar a fundação
e aprovada pelo órgão do Ministério Público, com possibilidade de suprimento
judicial caso este denegue a aprovação.
(B) por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação e
aprovada pelo órgão do Ministério Público, com possibilidade de suprimento
judicial caso este denegue a aprovação.
(C) pela maioria simples dos competentes para gerir e representar a fundação e
homologada pelo Juiz competente, após aprovação pelo Ministério Público.
(D) pela maioria absoluta dos competentes para gerir e representar a fundação
e homologada pelo Juiz competente, após aprovação do Ministério Público.

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(E) por todas as pessoas competentes para gerir e representar a fundação e
homologada pelo Juiz competente, após aprovação do Ministério Público.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 67, CC, para que se possa alterar o estatuto da
fundação é necessário que a reforma: I. seja deliberada por dois terços dos
competentes para gerir e representar a fundação; II. não contrarie ou desvirtue o
fim desta; III. seja aprovada pelo órgão do Ministério Público, e, caso este a
denegue, poderá o juiz supri-la, a requerimento do interessado. Gabarito: “B”.

08) (FCC – PGE/BA – Analista da Procuradoria do Estado – 2013) Em


respeito às associações e às fundações, considere:
I. Constituem-se associações pela união de pessoas organizadas para fins não
econômicos, havendo entre os associados direitos e obrigações recíprocos.
II. Fundações somente poderão constituir-se para fins religiosos, morais,
culturais ou de assistência, nesses conceitos compreendidas as fundações para
fins científicos, educacionais ou de promoção do meio ambiente.
III. Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir
categorias com vantagens especiais.
Está CORRETO o que se afirma em
(A) II, apenas.
(B) I, II e III.
(C) II e III, apenas.
(D) I e II, apenas.
(E) I e III, apenas.
COMENTÁRIOS. O item I está errado, pois estabelece o art. 53, CC que
constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins
não econômicos. Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e
obrigações recíprocos. O item II está correto nos termos do parágrafo único do
art. 62, CC (lembrando que a atual legislação ampliou as hipóteses) e o item III
nos termos do art. 55, CC. Gabarito: “C” (somente estão corretos os itens II e
III).

09) (FCC – AL/RN – Analista Administrativo – 2013) No tocante às


fundações, considere:
I. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister, dentre outros
requisitos, que a reforma seja deliberada por um terço dos competentes para
gerir e representar a fundação.
II. A fundação somente poderá constituir-se para fins religiosos, políticos,
morais, culturais ou de assistência.
III. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas. Se
estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada
um deles, ao respectivo Ministério Público.

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IV. Vencido o prazo de existência da fundação, em regra, o órgão do Ministério
Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando-se
o seu patrimônio.
Está CORRETO o que se afirma APENAS em
(A) II, III e IV.
(B) I e II.
(C) I e IV.
(D) III e IV.
(E) I, III e IV.
COMENTÁRIOS. O item I está errado, pois determina o art. 67, I, CC que o
quorum é de dois terços. O item II está errado, pois o parágrafo único do art. 62,
CC não faz menção a fins políticos. O item III está correto, nos termos do art. 66,
CC. O item IV está correto nos termos do art. 69, CC. Gabarito: “D” (somente
estão corretos os itens III e IV).

10) (FCC – TJ/PE – Titular de Serviços de Notas e de Registros – 2013)


Em relação às associações, é CORRETO afirmar:
(A) a exclusão do associado depende unicamente das disposições estatutárias,
podendo ocorrer por ato imotivado dos órgãos deliberativos, se assim dispuser o
estatuto.
(B) os associados devem ter iguais direitos e, em consequência, é vedado que se
estabeleçam no estatuto categorias com vantagens especiais.
(C) como regra, a qualidade de associado é transmissível livremente.
(D) entre os associados, são estabelecidos direitos e obrigações recíprocos.
(E) compete privativamente à assembleia geral, especialmente convocada para
esses fins, destituir os administradores e alterar o estatuto associativo.
COMENTARIOS. A letra “a” está errada. De acordo com o art. 57, CC, a exclusão
do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em
procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos
no estatuto. A letra “b” está errada, pois de acordo com o art. 55, CC, os
associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir categorias
com vantagens especiais. A letra “c” está errada, pois prevê o art. 56, CC que a
qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não dispuser o contrário.
A letra “d” está errada, pois determina o parágrafo único do art. 53, CC que não
há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos. A letra “e” está correta,
pois prevê o art. 59, CC: Compete privativamente à assembleia geral: I. destituir
os administradores; II. alterar o estatuto. Parágrafo único. Para as deliberações a
que se referem os incisos I e II deste artigo é exigido deliberação da assembleia
especialmente convocada para esse fim, cujo quorum será o estabelecido no
estatuto, bem como os critérios de eleição dos administradores. Gabarito: “E”.

11) (FCC – TJ/PE – Titular de Serviços de Notas e de Registros – 2013)


Para que se possa alterar o estatuto de uma fundação é mister que a
reforma:

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DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
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I. seja deliberada por metade mais um dos membros competentes para gerir
e representar a fundação.
II. não contrarie ou desvirtue sua finalidade.
III. seja aprovada pelo órgão do Ministério Público e, caso este a denegue,
poderá o juiz supri-la, a requerimento do interessado.
Está CORRETO o que se afirma em
(A) II e III, apenas.
(B) I e III, apenas.
(C) I e II, apenas.
(D) I, II e III.
(E) I, apenas.
COMENTARIOS. Segundo prevê o art. 67, CC, para que se possa alterar o
estatuto da fundação é necessário que a reforma: I. seja deliberada por dois terços
dos competentes para gerir e representar a fundação (item I errado); II. não
contrarie ou desvirtue o fim desta (item II correto); III. seja aprovada pelo órgão
do Ministério Público, e, caso este a denegue, poderá o juiz supri-la, a
requerimento do interessado (item III correto). Gabarito: “A”. (corretos
somente os itens II e III).

12) (FCC – AL/RN – Analista Administrativo – 2013) Hipoteticamente


considere: A Igreja Nossa Senhora do Rosário de Fátima e o Partido
Nacional da Libertação. Nestes casos, as entidades mencionadas são
pessoas jurídicas de direito
(A) público e privado, respectivamente.
(B) público.
(C) privado e público, respectivamente.
(D) privado.
(E) público anômalas.
COMENTÁRIOS. As organizações religiosas, bem como os partidos políticos são
considerados como pessoas jurídicas de direito privado (art. 44, IV e V, CC).
Gabarito: “D”.

13) (FCC – TRT/1ª Região – Analista Judiciário – 2013) A empresa Y, que


atua no ramo de cosméticos, situada na cidade do Rio de Janeiro, tem
administração coletiva exercida pelos seus dez sócios, nos termos preconizados
pelo seu Estatuto Social. Em uma reunião de diretoria, a maioria dos presentes
decide tomar uma decisão para o futuro da empresa que contraria o estatuto social
e a lei. Neste caso, para Manoel, um dos sócios, inconformado com a
decisão tomada pela diretoria da empresa, o direito de anular esta decisão
decairá, de acordo com o CC, em
(A) três anos.
(B) um ano.
(C) dois anos.

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DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
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(D) quatro anos.
(E) cinco anos.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 48, CC, se a pessoa jurídica tiver administração
coletiva, as decisões se tomarão pela maioria de votos dos presentes, salvo se o
ato constitutivo dispuser de modo diverso. Parágrafo único. Decai em três anos o
direito de anular as decisões a que se refere este artigo, quando violarem a lei ou
estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulação ou fraude. Gabarito: “A”.

14) (FCC – TCE/PI – Auditor – 2013) As fundações de direito privado


(A) não poderão ser criadas para fins econômicos ou lucrativos.
(B) serão instituídas por escritura pública ou instrumento particular, mediante a
dotação especial de bens livres e suficientes para os fins a que se destinam.
(C) poderão ter seus estatutos alterados por deliberação da maioria absoluta dos
competentes para geri-la, devendo ser a alteração necessariamente aprovada
pelo juiz.
(D) terão seus estatutos elaborados pelo instituidor, sob pena de ineficácia da
dotação.
(E) só poderão ser extintas tornando-se impossível ou inútil a finalidade a que
visam.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta, pois uma fundação somente pode se
constituir para os fins previstos no art. 62, parágrafo único, CC, não podendo ter
finalidade lucrativa. A letra “b” está errada, pois ela pode ser instituída por
testamento. A letra “c” está errada, pois necessita de aprovação de 2/3 dos
componentes e do Ministério Público (art. 67, III, CC). A letra “d” está errada, pois
os estatutos podem ser elaborados por outra pessoa (forma fiduciária). A letra “e”
está errada, pois há outras hipóteses de extinção, nos termos do art. 69, CC.
Gabarito: “A”.

15) (FCC – TRT/15ª Região/Campinas/SP – Analista Judiciário – 2013) A


respeito das fundações é CORRETO afirmar:
(A) A fundação deve ser instituída por escritura pública, através de dotação
especial de bens, sendo que seu ato constitutivo não pode fixar prazo para sua
existência.
(B) A alteração do estatuto da fundação deve ser aprovada pelo órgão do
Ministério Público, não podendo o juiz supri-la a requerimento do interessado.
(C) Se a fundação tiver sede no Rio de Janeiro, mas as suas atividades se
estenderem por mais de um Estado, caberá, em cada um deles, ao respectivo
Ministério Público o encargo de por ela velar.
(D) A fundação criada para fins econômicos será submetida à fiscalização do
Ministério Público e do Banco Central.
(E) a fundação criada para fins políticos deverá ter o seu estatuto registrado no
Tribunal Regional Eleitoral do lugar da sua sede.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada. Se por um lado não há prazo de duração
para funcionamento de uma fundação, por outro lado, nada impede que o
instituidor possa fixá-lo. A letra “b” está errada, pois o juiz pode suprir, nos termos

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do art. 67, III, CC. A letra “c” está correta nos termos do art. 66, §2°, CC. A letra
“d” está errada, pois além de não poder ser criada fundação com finalidade
econômica (parágrafo único do art. 62, CC), também não há fiscalização do Banco
Central. A letra “e” está errada, pois também não pode ser criada fundação com
objetivos políticos, somente para os fins previstos no parágrafo único do art. 62,
tais como culturais, religiosos, assistenciais, etc.; além disso, o registro delas é
feito no Registro Civil de Pessoas Jurídicas. Gabarito: “C”.

16) (FCC – TRT/6ª Região/PE – Magistratura do Trabalho – 2013)


Angélico, desejando criar uma entidade sem finalidades econômicas e
com objetivo religioso imutável, mediante dotação de bens livres e
declarando a maneira de administrá-la,
(A) poderá, por escritura pública ou testamento, instituir uma fundação.
(B) deverá criar uma sociedade sem fins lucrativos, por instrumento público ou
particular.
(C) somente poderá criar uma organização religiosa.
(D) deverá criar uma empresa individual de responsabilidade limitada.
(E) somente poderá instituí-la por testamento na forma de uma associação.
COMENTÁRIOS. Estabelece o art. 62, CC: Para criar uma fundação, o seu
instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens
livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de
administrá-la. Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins
religiosos, morais, culturais ou de assistência. Gabarito: “A”.

17) (FCC – TRT/15ª Região/Campinas – Analista Judiciário – 2013)


Joaquim é sócio majoritário e administrador de empresa produtora de alimentos
enlatados e embutidos. Durante muitos anos, a empresa experimentou sucesso
empresarial. No entanto, depois que o Ministério da Saúde passou a desestimular
a ingestão deste tipo de alimento, a empresa deixou de honrar compromissos com
fornecedores, que ajuizaram e venceram ações de cobrança. Contudo, quando do
cumprimento das sentenças, verificou-se que a empresa não possuía bens
penhoráveis. Neste caso, de acordo com o Código Civil, a personalidade
jurídica deverá ser desconstituída
(A) a requerimento da parte, se comprovado abuso da personalidade jurídica,
caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial.
(B) necessária e automaticamente, pois é dever do juiz zelar pela efetividade das
decisões judiciais.
(C) apenas em relação a Joaquim, independentemente de quaisquer requisitos,
por ostentar a qualidade de sócio majoritário e administrador da empresa.
(D) a requerimento da parte ou de ofício, se comprovado abuso da personalidade
jurídica, caracterizado pelo inadimplemento das obrigações.
(E) a requerimento da parte, se comprovado abuso da personalidade jurídica,
caracterizado pela inexistência de bens penhoráveis à época do cumprimento da
sentença.

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DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
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COMENTÁRIOS. Nos casos em que a personalidade da pessoa jurídica é utilizada
para fugir das suas finalidades e para lesar terceiros a personalidade jurídica deve
ser desconsiderada, decidindo o julgador como se o ato ou negócio houvesse sido
praticado pela própria pessoa natural. Não se trata de considerar nula a pessoa
jurídica o extingui-la definitivamente, mas, apenas desconsiderá-la
temporariamente. A letra “a” é a única se adéqua ao texto do art. 50, CC.
Gabarito: “A”.

18) (FCC – AL/PB – Procurador da Assembleia Legislativa – 2013) Quanto


às pessoas jurídicas, é CORRETO afirmar:
(A) em razão de culpa na escolha, obrigam a pessoa jurídica quaisquer atos de
seus administradores, exercidos nos limites ou não dos poderes definidos no ato
constitutivo.
(B) são pessoas jurídicas de direito público interno a União, os Estados, o Distrito
Federal, autarquias e todas as fundações.
(C) começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com o início
efetivo de suas atividades empresariais.
(D) tendo a pessoa jurídica administração coletiva, as decisões serão tomadas
por unanimidade, a não ser que seu ato constitutivo disponha de modo diverso.
(E) decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de
direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de
sua inscrição no registro.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois estabelece o art. 47, CC: Obrigam
a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos limites de seus
poderes definidos no ato constitutivo. A letra “b” está errada, pois generalizou
“todas as fundações”. Somente as fundações públicas são consideradas pessoas
jurídicas de direito público. As demais são de direito privado (art. 44, III, CC). A
letra “c” está errada, pois estabelece o art. 45, CC: Começa a existência legal das
pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no
respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação
do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar
o ato constitutivo. A letra “d” está errada, pois prescreve o art. 48, CC: Se a
pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarão pela maioria
de votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso. A
letra “e” está correta, nos exatos termos do parágrafo único do art. 45, CC.
Gabarito: “E”.

19) (FCC – TRT/12ª Região/SC – Analista Judiciário – 2013) No tocante


às pessoas jurídicas:
(A) começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com o início
efetivo de suas atividades ao público.
(B) de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus
agentes que, nessa qualidade, causem danos a terceiros, ressalvado direito
regressivo contra os causadores do dano, se houver por parte destes culpa ou
dolo.

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(C) a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das
instituições religiosas é condicional, por ser laico o Estado brasileiro, que deverá
autorizar ou não seu reconhecimento e registro.
(D) os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito público interno.
(E) as autarquias e as associações públicas são pessoas jurídicas de direito
privado.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois segundo o art. 45, CC, começa a
existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato
constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização
ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações
por que passar o ato constitutivo. A letra “b” está correta nos exatos termos do
art. 43, CC. A letra “c” está errada, pois segundo o art. 44 §1°, CC, são livres a
criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações
religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro
dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento. A letra “d” está errada,
pois prevê o art. 44, CC que são pessoas jurídicas de direito privado: (...) V. os
partidos políticos. Finalmente a letra “e” está errada, pois estabelece o art. 41,
CC: São pessoas jurídicas de direito público interno: (...) IV. as autarquias,
inclusive as associações públicas. Gabarito: “B”.

20) (FCC – PGE/BA – Analista da Procuradoria do Estado – 2013) No que


se refere à pessoa jurídica, é CORRETO afirmar:
(A) a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado começa com a
inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando
necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no
registro todas as alterações pelas quais passar o ato constitutivo.
(B) os atos de seus administradores, como regra, não a obrigam, salvo se
excessivos aos limites dos poderes definidos no ato constitutivo.
(C) as decisões, se tiver ela administração coletiva, serão tomadas por
unanimidade, a não ser que o ato constitutivo disponha de modo diverso.
(D) se sua administração vier a faltar, o juiz, a requerimento de qualquer
interessado, a extinguirá, determinando sua liquidação.
(E) como regra, o patrimônio dela e de seus sócios confunde-se para efeito de
garantia dos débitos contraídos.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta nos termos do art. 45, CC. A letra “b”
está errada, pois estabelece o art. 47, CC que obrigam a pessoa jurídica os atos
dos administradores, exercidos nos limites de seus poderes definidos no ato
constitutivo. A letra “c” está errada, pois o art. 48, CC, prevê que se a pessoa
jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarão pela maioria de votos
dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso. A letra “d”
está errada, pois dispõe o art. 49, CC que se a administração da pessoa jurídica
vier a faltar, o juiz, a requerimento de qualquer interessado, nomear-lhe-á
administrador provisório. Finalmente a letra “e” está errada, pois uma vez
registrada a pessoa jurídica começa a existir, obtendo capacidade patrimonial,
adquirindo vida própria e autônoma, não se confundindo com a personalidade

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e patrimônio de seus membros. Se houver abuso da personalidade jurídica pela
confusão patrimonial, pode o juiz decidir pela desconsideração da personalidade
jurídica, nos termos do art. 50, CC. Gabarito: “A”.

21) (TRT/9ª Região – Magistratura do Trabalho – 2013) Assinale a


alternativa CORRETA:
(A) o espólio é uma espécie de pessoa jurídica.
(B) adquire personalidade jurídica a sociedade empresarial com a aprovação de
seus atos constitutivos pela assembleia geral.
(C) segundo o Código Civil, o juiz pode decidir pela desconsideração da
personalidade jurídica da empresa, independentemente de haver abuso da
personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão
patrimonial.
(D) no direito civil brasileiro, incapacidade e menoridade são consideradas
institutos idênticos.
(E) O direito positivo brasileiro admite a empresa individual de responsabilidade
limitada.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada. Espólio é o conjunto de direitos e deveres
pertencentes à pessoa falecida (de cujus). É a massa patrimonial que permanece
coesa até a distribuição dos quinhões hereditários aos herdeiros. Possui natureza
transitória, pois nasce com a morte de alguém e dura até a partilha do patrimônio.
Trata-se de uma universalidade de bens. Não é pessoa jurídica e nem pessoa
física, pois não tem personalidade jurídica. É representado processualmente pelo
inventariante (art. 75, VII, CPC/2015). A letra “b” está errada, pois segundo o art.
45, CC, começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a
inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário,
de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas
as alterações por que passar o ato constitutivo. A letra “c” está errada, pois para
haver a desconsideração da pessoa jurídica é necessário que haja abuso da
personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão
patrimonial (art. 50, CC). A letra “d” está errada, pois menoridade e incapacidade
são conceitos diferentes. Menor é a pessoa natural que não tem 18 anos; ser maior
ou menor decorre da idade. Já incapacidade é a restrição legal ao exercício dos
atos da vida civil. Geralmente o menor é incapaz. Mas pode ocorrer que um menor
seja emancipado (menor capaz). Finalmente a letra “e” está correta, pois a Lei n°
12.441/2011 inseriu no rol das pessoas jurídicas (art. 44, CC) o inciso VI, ou seja,
a empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI). Gabarito: “E”.

22) (FCC – Agente Fiscal de Rendas – ICMS/SP – 2013) No tocante às


pessoas naturais e jurídicas:
(A) somente as pessoas naturais possuem atributos da personalidade e, assim,
apenas elas podem sofrer danos morais.
(B) a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado começa com o início
efetivo de suas atividades civis ou empresariais.
(C) as autarquias, União, Estados e Municípios, bem como os partidos políticos,
são pessoas jurídicas de direito público interno.

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(D) as associações, as fundações, as organizações religiosas, os partidos políticos
e as empresas individuais de responsabilidade limitada são pessoas jurídicas de
direito privado.
(E) a personalidade civil da pessoa natural começa do nascimento com vida,
evento a partir do qual serão protegidos também os direitos do nascituro.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada. Inicialmente porque o art. 52, CC prevê
que aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da
personalidade. Além disso, estabelece a Súmula 227 do Superior Tribunal de
Justiça: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral”. A letra “b” está errada, pois
estabelece o art. 45, CC: Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito
privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida,
quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-
se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. A letra “c”
está errada somente no tocante aos partidos políticos, pois nos termos do art. 44,
V, CC, eles são pessoas jurídicas de direito privado. A letra “d” está correta nos
termos do art. 44, CC. A letra “e” está errada, pois protegem-se os direitos dos
nascituros desde a concepção. Dispõe o art. 2°, CC: A personalidade civil da
pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção,
os direitos do nascituro. Gabarito: “D”.

23) (FCC – TRT/2ª Região – Analista Judiciário – 2014) No jornal da


Capital "Semanário da Zona Leste”, foram publicadas em editorial
denúncias graves contra o restaurante "Alho e Óleo”, afirmando sua falta
de condições sanitárias, em razão das quais seu movimento de clientes
caiu por volta de 50%. Meses mais tarde, prova-se que as denúncias eram
falsas, mas parte da clientela jamais retornou. Nessas circunstâncias,
poderá o advogado do restaurante, ao acionar o jornal,
(A) pleitear apenas danos materiais, pois os danos morais são cabíveis
exclusivamente às pessoas naturais ou físicas, inexistindo atributos da
personalidade às pessoas jurídicas nesse sentido.
(B) pleitear tanto danos materiais, pelo que o restaurante deixou de lucrar, como
danos morais, pois pessoas jurídicas também possuem atributos da
personalidade e, no caso, foi lesada sua honra objetiva.
(C) pleitear apenas danos morais, pela lesão à honra objetiva da pessoa jurídica,
que, no caso, englobam os danos materiais, não podendo ser cumulados.
(D) pleitear danos materiais por lucros cessantes e por danos emergentes, bem
como danos morais por lesão à honra objetiva e subjetiva da pessoa jurídica.
(E) nada poderá fazer, judicialmente, pois o direito de crítica jornalística é amplo,
não respondendo o jornal pela falsidade posteriormente verificada da notícia que
fez veicular, ainda que em editorial que explicite seu posicionamento sobre a
matéria.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 52, CC aplica-se, às pessoas jurídicas, no que
couber, a proteção dos direitos de personalidade relativos à pessoa natural (arts.
11 a 21, CC). Assim, a capacidade jurídica da pessoa jurídica não se limita à esfera
patrimonial, uma vez que tem direito ao nome, à marca, à imagem, à propriedade,

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ao segredo, etc. Segundo a doutrina ela tem honra objetiva, pois tem patrimônio,
reputação, bom nome, etc. Estabelece a Súmula 227 do Superior Tribunal de
Justiça: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral”. Concluindo: o restaurante
poderá pleitear tanto os danos materiais (emergentes e/ou cessantes) como os
morais. Gabarito: “B”.

24) (FCC – TJ/CE – Juiz de Direito – 2014) A empresa individual de


responsabilidade limitada é
(A) ente despersonalizado, porque suas atividades são exercidas pela pessoa
física ou jurídica que a instituir.
(B) pessoa jurídica de direito privado, que só poderá ser instituída por outra
pessoa jurídica também de direito privado, mas não terá capital social.
(C) pessoa jurídica de direito privado e será constituída por uma única pessoa
titular da totalidade do capital social.
(D) pessoa jurídica de direito privado cuja personalidade se confunde com a de
seu instituidor e não possui capital social.
(E) pessoa jurídica de direito público, ou de direito privado, segundo seja seu
instituidor uma pessoa natural ou um ente público.
COMENTÁRIOS. A resposta se dá com a conjugação de dois dispositivos.
Segundo o art. 44, CC: São pessoas jurídicas de direito privado: (...) VI. as
empresas individuais de responsabilidade limitada. Mais adiante, estabelece o art.
980-A, CC: A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por
uma única pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente
integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo
vigente no País. Complementando, a Instrução Normativa n° 117 do DNRC dispõe
que: “A EIRELI é pessoa jurídica constituída por único titular, que deverá ser
pessoa física”. Gabarito: “C”.

25) (FCC – TRT/1ª Região/RJ – Magistratura do Trabalho – 2014) A


respeito da fundação, é CORRETO afirmar:
(A) constituída com bens insuficientes, serão eles convertidos em títulos da dívida
pública, como regra, até que seu rendimento perfaça capital bastante para sua
viabilização.
(B) não pode ter alterado seu estatuto, em nenhuma hipótese, pois sua finalidade
é imutável.
(C) pode ser constituída somente por negócio jurídico entre vivos, vedado
testamento por ser incompatível com sua natureza jurídica.
(D) poderá constituir-se para qualquer fim lícito, inclusive empresarial, cultural,
de assistência ou religioso.
(E) se constituída por ato entre vivos, o instituidor é obrigado a transferir-lhe a
propriedade, ou outro direito real, sobre os bens dotados e, se não o fizer, serão
registrados em nome dela por mandado judicial.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois nos termos do art. 63, CC, quando
insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão, se de

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outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se
proponha a fim igual ou semelhante. A letra “b” está errada, pois o art. 67, CC
permite a alteração do estatuto, desde que cumpridas algumas formalidades. A
letra “c” está errada, pois segundo o art. 62, caput, CC, a fundação pode ser
constituída por escritura pública (inter vivos) ou por testamento (causa mortis), A
letra “d” está errada, pois nos termos do parágrafo único do art. 62, CC a fundação
pode se constituir, entre outras finalidades, as religiosas, morais, culturais ou de
assistência. No entanto, não pode ter fins empresariais. A letra “e” está correta
nos exatos termos do art. 64, CC. Gabarito: “E”.

26) (FCC – SABESP – Advogado – 2014) A desconsideração da


personalidade jurídica
(A) acarreta a extinção da pessoa jurídica.
(B) deve ser decretada, inclusive nas relações civis, sempre que a pessoa jurídica
se tornar insolvente, não importando a razão que a tenha levado à insolvência.
(C) pode atingir sócio que não tenha sido designado administrador pelo contrato
social.
(D) atinge, em qualquer hipótese, apenas os sócios de maior capital.
(E) é decretada, imediatamente, se a administração da pessoa jurídica vier a
faltar.
COMENTÁRIOS. A desconsideração da personalidade jurídica não acarreta a
extinção da pessoa jurídica; ela apenas afasta a personalidade da pessoa jurídica,
buscando no patrimônio dos sócios os meios para indenizar os lesados (letra “a”
errada). Não é em qualquer hipótese de insolvência da pessoa jurídica que se
decreta; isso somente pode ser feito nos casos especificados em lei. A letra “c”
está correta, pois a desconsideração da personalidade jurídica, por ser decorrente
da decretação da ineficácia da personalidade, atinge a todos: tanto o sócio
majoritário quanto o minoritário; tanto o que tem poder de gestão quanto aquele
que não o tenha, em suma: todos que estavam protegidos pela personalidade da
sociedade. Daí porque, por consequência, a letra “d” está errada. Finalmente a
letra “e” está errada, pois não há previsão legal desta hipótese. Gabarito: “C”.

27) (FCC – TJ/PE – Juiz de Direito – 2015) Segundo a legislação civil


vigente,
(A) a proteção dos direitos da personalidade é de aplicação irrestrita para as
pessoas jurídicas.
(B) aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da
personalidade.
(C) apenas quanto à utilização do nome é que se aplica às pessoas jurídicas a
proteção dos direitos da personalidade.
(D) para caracterização de dano moral à pessoa jurídica é imprescindível que
também ocorra dano patrimonial.
(E) às pessoas jurídicas não se concede indenização por dano moral.

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COMENTÁRIOS. Segundo o art. 52, CC: Aplica-se às pessoas jurídicas, no que
couber, a proteção dos direitos da personalidade. Aplica-se, também, a Súmula
227 do Superior Tribunal de Justiça: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral”.
No entanto o próprio STJ deixou claro que isso somente ocorre hipótese em que
haja ferimento à sua honra objetiva (é a reputação, aquilo que os outros pensam
a seu respeito; o conceito que a pessoa goza perante a comunidade em que está
inserida). Gabarito: “B” (questão igual caiu na prova da FCC: TRT/5ª Região/BA
– Analista Judiciário – 2013).

28) (FCC – TJ/AL – Juiz de Direito – 2015) São pessoas jurídicas de direito
público externo
(A) a União e os Estados federados, quando celebram contratos internacionais.
(B) somente os organismos internacionais, como a Organização das Nações
Unidas.
(C) apenas os Estados estrangeiros.
(D) os Estados estrangeiros e a União.
(E) os Estados estrangeiros e aquelas regidas pelo direito internacional público.
COMENTÁRIOS. Art. 42, CC: São pessoas jurídicas de direito público externo os
Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito
internacional público. Gabarito: “E”.

29) (FCC – TRE/RR – Analista Judiciário – 2015) No tocante as pessoas


jurídicas, considere:
I. As organizações religiosas e os partidos políticos são pessoas jurídicas de
direito privado.
II. O prazo decadencial para anular a constituição das pessoas jurídicas de
direito privado, por defeito do ato respectivo, é de dois anos a contar da
publicação de sua inscrição no registro.
III. Em regra, se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se
tomarão pela maioria de votos dos presentes. Neste caso, o prazo decadencial
para anular as referidas decisões que violarem a lei ou estatuto é de dois anos.
IV. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da
personalidade.
Está CORRETO o que se afirma APENAS em
(A) II e III.
(B) I, II e IV.
(C) III e IV.
(D) I, II e III.
(E) I e IV.
COMENTÁRIOS. O item I está correto, nos termos do art. 44, III e IV, CC. O
item II está errado. Nos termos do parágrafo único, do art. 45, CC o prazo é de
três anos. O item III está errado. Nos termos do parágrafo único, do art. 48, CC

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o prazo também é de três anos. O item IV está correto, nos exatos termos do art.
52, CC. Gabarito: “E”.

30) (FCC – TCM/GO – Procurador do Ministério Público de Contas – 2015)


No tocante às fundações, considere:
I. Constituem elas um acervo de bens, que recebe personalidade jurídica para
a realização de fins determinados, de interesse público, de modo permanente
e estável.
II. Podem ser constituídas para fins científicos, educacionais ou de promoção
do meio ambiente, mesmo que com fins lucrativos.
III. Quando insuficientes para constituí-las, os bens a ela destinados serão, se
de outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que
se proponha a fim igual ou semelhante.
IV. Os fins ou objetivos da fundação não podem em princípio ser modificados,
a não ser pela vontade unânime de seus dirigentes.
Está CORRETO o que se afirma em
(A) III e IV, apenas.
(B) I, II, III e IV.
(C) I, II e IV, apenas.
(D) I, III e IV, apenas.
(E) I e III, apenas.
COMENTÁRIOS. O item I está correto. Podemos conceituar fundação como o
complexo de bens livres colocados por uma pessoa (natural ou jurídica), a serviço
de um fim lícito e determinado (especial), com alcance social pretendido por seu
instituidor (interesse público), de modo permanente e estável e em atenção ao
disposto em seu estatuto. Dois são seus elementos fundamentais: a) patrimônio;
b) finalidade (que é imutável e não pode visar lucro). São criadas a partir de uma
escritura pública (ato inter vivos) ou de um testamento (causa mortis). O item II
está errado. Segundo o parágrafo único do art. 62, CC, a fundação não poderá ter
finalidade econômica. O item III está correto de acordo com o texto literal do art.
63, CC. O item IV está errado. Segundo o art. 67, CC, para que se altere o estatuto
da fundação é necessário: I. que seja deliberada por dois terços dos competentes
para gerir e representar a fundação; II. não contrarie ou desvirtue o fim desta;
III. seja aprovada pelo órgão do Ministério Público, e, caso este a denegue, poderá
o juiz supri-la, a requerimento do interessado. Gabarito: “E” (somente os itens I
e III estão corretos).

31) (FCC – TCM/GO – Procurador do Ministério Público de Contas – 2015)


Morrinhos Futebol Clube é uma associação esportiva sem fins lucrativos,
que decide, para aumentar seus ganhos, montar um restaurante em sua
sede, aberto aos associados e familiares, bem como uma loja para vender
camisas dos uniformes de seus jogadores, bolas e réplicas dos troféus
conquistados. Essa conduta

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(A) não é possível, pois associações não podem ter fins econômicos, o que se
caracterizaria em ambas as situações, só podendo a imagem da associação ser
cedida onerosamente a terceiros.
(B) é possível, mesmo com ganhos pessoais aos associados, pois associações
podem ter os mesmos fins econômicos que uma sociedade por quotas de
responsabilidade limitada.
(C) é possível, desde que não haja ganhos pessoais aos associados, pois a
realização eventual de negócios para manter ou aumentar o patrimônio da
associação não a desnatura.
(D) é possível somente em relação à venda de uniformes, bolas e troféus, pois a
abertura de um restaurante, mesmo que sem ganhos pessoais aos associados,
desnatura sua condição de associação, por não ter nexo com suas atividades
esportivas.
(E) é possível somente em relação à abertura do restaurante, desde que somente
para os associados e familiares, pois a venda de uniformes, bolas e troféus, por
ser livre à população em geral, tem fins lucrativos que a desnaturam enquanto
associação.
COMENTÁRIOS. As associações são caracterizadas pela união de pessoas que
se organizam para fins não econômicos (comunhão de esforços para um fim
comum). O fato de uma associação possuir determinado patrimônio e realizar
negócios para aumentar esse patrimônio não a desnatura, pois não irá
proporcionar ganhos pessoais aos associados. Portanto, elas não estão
impedidas de gerar renda para manter sua existência ou aumentar suas
atividades. O que não se admite é que a renda auferida seja partilhada na forma
de lucro entre os associados. Complementando, estabelece o Enunciado 534 da VI
Jornada de Direito Civil do CJF: As associações podem desenvolver atividade
econômica, desde que não haja finalidade lucrativa. Gabarito: “C”.

32) (FCC – TRE/PB – Analista Judiciário – 2015) No tocante às pessoas


jurídicas, é INCORRETO afirmar:
(A) A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios, as autarquias e as
associações públicas são pessoas jurídicas de direito público interno.
(B) Não se aplica, em qualquer hipótese, a proteção dos direitos da personalidade
tratando-se de incompatibilidade legal de institutos.
(C) São de direito privado, dentre outras, as organizações religiosas, os partidos
políticos e as empresas individuais de responsabilidade limitada.
(D) Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a
inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando
necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo.
(E) Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de
direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação
de sua inscrição no registro.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta nos termos do art. 41, CC. A letra “b”
está errada. Art. 52, CC: Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção

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dos direitos da personalidade. A letra “c” está correta nos termos do art. 44, CC.
As letras “d” e “e” estão corretas nos termos do art. 45 e de seu parágrafo único,
respectivamente. Gabarito: “B”.

33) (FCC – TCM/RJ – Procurador – 2015) No que concerne às fundações,


é INCORRETO afirmar:
(A) Constituída a fundação por negócio jurídico entre vivos, o instituidor é
obrigado a transferir-lhe a propriedade, ou outro direito real, sobre os bens
dotados, e, se não o fizer, serão registrados, em nome dela, por mandado
judicial.
(B) Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou
testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina,
e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.
(C) Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados
serão, se de outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra
fundação que se proponha a fim igual ou semelhante.
(D) Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma seja
deliberada pela unanimidade dos membros competentes para gerir e representar
a fundação, bem como que a reforma não contrarie ou desvirtue o fim desta.
(E) Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação, ou
vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer
interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando-se o seu patrimônio, salvo
disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação,
designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta nos termos do art. 64, CC. A letra “b”
está correta nos termos do art. 62, CC. A letra “c” está correta nos termos do art.
63, CC. A letra “d” está correta nos termos do art. 67, CC: Para que se possa
alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma: I. seja deliberada por dois
terços (não é necessária a unanimidade dos membros mencionado na questão)
dos competentes para gerir e representar a fundação; II. não contrarie ou
desvirtue o fim desta; III. seja aprovada pelo órgão do Ministério Público no prazo
máximo de 45 (quarenta e cinco) dias, findo o qual ou no caso de o Ministério
Público a denegar, poderá o juiz supri-la, a requerimento do interessado (o que
está sublinhado esta de acordo com a redação dada pela Lei n° 13.151/2015). A
letra “e” está correta nos termos do art. 69, CC. Gabarito: “D”.

34) (FCC – TRT/9ª Região/PR – Analista Judiciário – 2015) G e R são


sócios da pessoa jurídica Tex, a qual, em razão da crise econômica, deixou de
honrar compromissos com o fornecedor Xis, que requereu, em ação de execução,
a penhora dos bens de G e R. De acordo com o Código Civil, o pedido deverá ser
(A) indeferido, pois a desconsideração da personalidade jurídica somente é
possível com a decretação da falência.
(B) deferido, independentemente de qualquer requisito, pois os sócios
respondem, em regra, direta e pessoalmente pelas obrigações contraídas pela
pessoa jurídica.

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(C) deferido apenas se comprovado que Tex não possui recursos para pagamento
do débito.
(D) indeferido, pois em nenhuma hipótese os sócios respondem pelas obrigações
contraídas pela pessoa jurídica.
(E) deferido se comprovado abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo
desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial.
COMENTÁRIOS. Constata-se pela leitura da questão que foi a pessoa jurídica
Tex que deixou de honrar seus compromissos com o fornecedor Xis. Se esse
fornecedor está demandando G e R, sócios da empresa Tex, requerendo a
penhora de seus bens, é sinal que está desejando a desconsideração da
personalidade jurídica da empresa. Isso é possível na hipótese do art. 50, CC: Em
caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade,
ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do
Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas
e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares
dos administradores ou sócios da pessoa jurídica. Gabarito: “E”.

35) (FCC – Procurador da Prefeitura de Campinas/SP – 2016) Lourenço


adquiriu imóvel em localidade servida por “Associação de Moradores”, à qual
Lourenço não se associou. Passado um mês em que se instalou no local, Lourenço
recebeu, da associação, boleto de cobrança de taxa de manutenção, à qual não
anuiu, bem como comunicado dando conta de que, em Assembleia Geral realizada
um ano antes, decidiu-se que todas as pessoas que se instalassem no bairro
seriam obrigadas a pagar contribuição, independentemente de anuência prévia,
tendo em vista a necessidade de custeio de despesas, dentre as quais a
contratação de segurança privada. O estatuto da referida associação nada dispõe
sobre a transmissibilidade da qualidade de associado. De acordo com
jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça, referida
deliberação
(A) atingirá Lourenço, independentemente de qualquer requisito, se comprovado
que Lourenço se beneficia dos serviços mantidos pela Associação de Moradores.
(B) não atinge Lourenço, porque as taxas de manutenção criadas por associações
de moradores não obrigam os não associados ou que a elas não anuíram.
(C) atinge Lourenço, porque a associação impõe, aos associados, direitos e
obrigações recíprocos.
(D) atinge Lourenço, porque, no silêncio do estatuto, presume-se que a qualidade
de associado se transmite do antigo para o novo proprietário do imóvel.
(E) não atinge Lourenço, porque as taxas de manutenção criadas por associações
de moradores, independentemente do que dispõe o estatuto, não possuem
caráter obrigatório, ainda que os associados tenham a elas anuído.
COMENTÁRIOS. Jurisprudência dominante do STJ: REsp n° 1.280.871-SP.
Relator Designado: Min. Marco Buzzi. Ementa: “Associação de Moradores.
Condomínio de fato. Cobrança de taxa de manutenção de não associado ou que a
ela não anuiu. Impossibilidade. 1. Para efeitos do art. 543-C do CPC/1973, firma-
se a seguinte tese: As taxas de manutenção criadas por associações de

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moradores não obrigam os não associados ou que a elas não anuíram. 2.
No caso concreto, recurso especial provido para julgar improcedente a ação de
cobrança”. O STF também já decidiu que ninguém pode ser obrigado a pagar
mensalidade de “associação de moradores” se não tem interesse nos serviços
oferecidos – RE 431.106. Gabarito: B.

36) (FCC – SEGEP/MA – Procurador do Estado – 2016) No cumprimento


de sentença condenatória transitada em julgado, de natureza não fiscal
nem ligada às relações de consumo, a Procuradoria do Estado do
Maranhão constatou que a empresa X Ltda. não possuía bens suficientes
ao pagamento do débito. Pretendendo a desconsideração da
personalidade jurídica da empresa X, a Procuradoria do Estado do
Maranhão deverá, de acordo com o Código Civil, comprovar
(A) abuso da personalidade jurídica.
(B) que o inadimplemento se deu por ato do cotista majoritário.
(C) a mera insolvência.
(D) má gestão, ainda que o administrador não tenha dado causa a confusão
patrimonial ou a desvio de finalidade.
(E) que a existência da pessoa jurídica dificulta o ressarcimento do erário,
apenas.
COMENTÁRIOS. Art. 50, CC: Em caso de abuso da personalidade jurídica,
caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz
decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber
intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de
obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios
da pessoa jurídica. Nota-se que o Código Civil adotou a chamada Teoria Maior
(abuso da personalidade), de forma diferente do CDC e da legislação ambiental
que adotaram a chamada Teoria Menor, que é mais fácil de ser aplicada, por não
necessitar da prova do abuso da personalidade, bastando que haja o
descumprimento (inadimplemento) da obrigação e verificação de prejuízo para os
credores. Gabarito: “A”.

37) (FCC – TRT/11ª Região – AM/RR – Técnico Judiciário – Área


Administrativa – 2017) A respeito das pessoas jurídicas, é correto afirmar
que
(A) as associações públicas são pessoas jurídicas de direito privado.
(B) velará pelas fundações o Ministério Público Federal, quando estenderem a
atividade por mais de um Estado da Federação.
(C) as associações não podem ter finalidade econômica, mesmo com expressa
previsão estatutária.
(D) os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito público.
(E) o registro dos atos constitutivos das organizações religiosas depende de
autorização do poder público.

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COMENTÁRIOS. Letra A, incorreta. Art. 41, CC: São pessoas jurídicas de direito
público interno: (...) IV. as autarquias, inclusive as associações públicas. Letra B,
incorreta. Art. 66, §2°, CC: Se estenderem a atividade por mais de um
Estado, caberá o encargo, em cada um deles, ao respectivo Ministério Público.
Letra C, correta. Art. 53, CC: Constituem-se as associações pela união de pessoas
que se organizem para fins não econômicos. Letra D, incorreta. Art. 44, CC:
São pessoas jurídicas de direito privado: (...) V. os partidos políticos. Letra E,
incorreta. Art. 44, §1°, CC: São livres a criação, a organização, a estruturação
interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder
público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e
necessários ao seu funcionamento. Gabarito: “C”.

38) (FCC – TRT/24ª Região/MS – Analista Judiciário – Oficial de Justiça


Avaliador – 2017) Sobre as pessoas jurídicas, à luz do Código Civil:
(A) O prazo decadencial para anulação da constituição das pessoas jurídicas de
direito privado, por defeito do ato respectivo, é de 5 anos, contado o prazo da
publicação da sua inscrição no registro.
(B) Os partidos políticos são considerados pessoas jurídicas de direito público.
(C) O juiz poderá nomear administrador provisório à sociedade, a requerimento
de qualquer interessado, se a administração da pessoa jurídica vier a faltar.
(D) Se uma determinada pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões
se tomarão, em regra, por no mínimo 1/3 dos votos dos presentes.
(E) Cassada a autorização para funcionamento da pessoa jurídica ela não
subsistirá para os fins de liquidação, uma vez que possui efeitos imediatos.
COMENTÁRIOS. Letra A, incorreta. Art. 45, parágrafo único, CC: Decai em três
anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado,
por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no
registro. Letra B, incorreta. Art. 44, CC: São pessoas jurídicas de direito
privado: V. os partidos políticos. Letra C, correta. Art. 49, CC: Se a administração
da pessoa jurídica vier a faltar, o juiz, a requerimento de qualquer interessado,
nomear-lhe-á administrador provisório. Letra D, incorreta. Art. 48, CC: Se a
pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarão pela maioria
de votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso.
Letra E, incorreta. Art. 51, CC: Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou
cassada a autorização para seu funcionamento, ela subsistirá para os fins de
liquidação, até que esta se conclua. Gabarito: “C”.

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LISTA DE EXERCÍCIOS SEM COMENTÁRIOS


(somente exercícios referentes a FGV)
01) (FGV – TJ/RO – Técnico Judiciário – 2015) Sobre o tema “pessoas
jurídicas”, é correto afirmar que:
(A) os Estados estrangeiros, a União e o Distrito Federal são pessoas jurídicas de
direito público externo;
(B) todas as entidades de caráter público criadas por lei são pessoas jurídicas de
direito público interno;
(C) as pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis
por atos de seus agentes, desde que não tenham eles condições de responder
com seu patrimônio pelo ressarcimento dos prejuízos causados à vítima;
(D) os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito público interno;
(E) as associações são constituídas por pessoas que se organizam para fins
econômicos.

02) (FGV – DPE/RO – Analista Jurídico – 2015) Em decorrência de uma


falha de informação, foi publicada matéria inverídica em periódico do
grupo de publicidade O MOMENTO S/A, a respeito da escola de ensino
médio EDUCANTE LTDA, sobre hipóteses de tráfico de entorpecentes no
estabelecimento de ensino, envolvendo professores, funcionários e
alunos da escola. Ajuizada ação de responsabilidade civil pela entidade
de ensino, é CORRETO afirmar que:
(A) é viável o êxito na condenação de indenização por danos materiais e morais;
(B) é viável o êxito na condenação de indenização apenas por danos materiais;
(C) é viável o êxito na condenação de indenização apenas por danos morais;
(D) não é viável o êxito na condenação por qualquer indenização, por se tratar
de escola;
(E) não é viável o êxito na condenação por qualquer indenização, em virtude da
liberdade de imprensa.

03) (FGV – TJ/AM – Assistente Técnico Judiciário – 2013) A respeito das


pessoas jurídicas, analise as afirmativas a seguir.
I. Os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito público interno.
II. As autarquias são pessoas jurídicas de direito público interno.
III. As sociedades de fato e o espólio são pessoas jurídicas de direito público
interno.
Assinale:
(A) se somente a afirmativa I estiver correta.
(B) se somente a afirmativa II estiver correta.
(C) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.

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(D) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
(E) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.

04) (FGV – TJ/AM – Oficial de Justiça Avaliador – 2013) José constituiu uma
fundação, por escritura pública, realizando a dotação de determinados bens livres
e especificando que a fundação se destinaria a atividades religiosas. Considerando
a disciplina jurídica das fundações e o contexto fático descrito acima, analise as
afirmativas a seguir.
I. As fundações são sempre de natureza pública e seguem as regras das
autarquias.
II. O registro civil da fundação tem natureza constitutiva.
III. O fim escolhido por José somente é permitido para constituição de uma
associação.
Assinale:
(A) se somente a afirmativa III estiver correta.
(B) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
(C) se somente a afirmativa II estiver correta.
(D) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
(E) se somente a afirmativa I estiver correta.

05) (FGV – Delegado de Polícia do Estado do Maranhão – 2012) Sobre


pessoas jurídicas, é CORRETO afirmar que
(A) os partidos políticos e as empresas individuais de responsabilidade limitada
não são pessoas jurídicas de direito privado.
(B) é vedado ao Poder Público negar reconhecimento ou registro dos atos
constitutivos das organizações religiosas, sendo permitido, porém, determinar as
formas de organização, estruturação interna e funcionamento.
(C) a qualidade de associado é intransmissível, não podendo o estatuto dispor de
forma contrária.
(D) após a constituição de uma fundação por negócio jurídico entre vivos, o
instituidor tem a faculdade de não transferir-lhe a propriedade, ou outro direito
real, sobre os bens dotados.
(D) os atos dos administradores, exercidos nos limites dos poderes determinados
nos atos constitutivos, obrigam a pessoa jurídica.

06) (FGV – TRE/PA – Analista Judiciário – 2010) Pessoa jurídica de direito


privado com estabelecimento na cidade de Belém, no Pará, onde se reúne a
diretoria, possuindo outros estabelecimentos em municípios de diversos Estados
e em Brasília, tem por domicílio
(A) qualquer cidade do País onde tiver realizado negócios.
(B) necessária e exclusivamente a cidade de Belém, no Pará.
(C) cada uma das capitais dos Estados em cujos Municípios possuir
estabelecimentos.
(D) cada um dos estabelecimentos para os atos nele praticados.

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(E) Brasília, por ser a Capital Federal.

07) (FGV – Procurador do Tribunal de Contas do Município do Rio de


Janeiro – 2010) A respeito das associações, não é correto afirmar que:
(A) são pessoa jurídicas de direito privado.
(B) são vinculadas a fins não-econômicos.
(C) os sócios estabelecem entre si direito e obrigações.
(D) são reguladas por estatutos.
(E) permitem a existência de associados com vantagens especiais.

08) (FGV – SEFAZ/NITERÓI/RJ – Fiscal de Tributos – 2015) Firmino


adquiriu uma casa no bairro Fonseca, em área fechada, abrangida pela associação
de moradores denominada MORAR BEM. No local há uma guarita com uma cancela
e quatro porteiros, que são pagos pela associação e que se revezam trabalhando
na segurança do local. A área é mantida sempre limpa por três funcionários
contratados pela associação. Todos os moradores do local pagam uma taxa de
manutenção de cento e oitenta reais mensais, que bastam para o pagamento das
despesas. Ocorre que Firmino se recusa a pagar a referida taxa. Nesse caso, é
correto afirmar que:
(A) para fins de evitar locupletamento sem causa de Firmino, é viável a cobrança
judicial da taxa pela associação;
(B) pelo princípio da solidariedade, é viável a cobrança judicial da taxa pela
associação;
(C) por ser absolutamente ilegal, não há obrigação de Firmino pagar a taxa;
(D) por ter previsão legal expressa, é viável a cobrança judicial da taxa pela
associação;
(E) por não ter aderido expressamente à associação, não há obrigação de Firmino
pagar a taxa.

09) (FGV – Procurador do Tribunal de Contas do Município do Rio de


Janeiro – 2010) A fundação pode ser criada por:
(A) testamento.
(B) escritura particular.
(C) documento levado a registro no Cartório de Títulos e Documentos.
(D) escritura pública.
(E) testamento e escritura pública.

10) (FGV – Procurador do Tribunal de Contas dos Municípios do Pará –


2008) Analise as afirmativas a seguir:
I. As fundações somente podem ser constituídas para fins morais, culturais,
religiosos ou de assistência.
II. Os partidos políticos são considerados pessoas jurídicas de direito privado.
III. As associações são espécie de sociedade sem fim lucrativo.
Assinale:

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(A) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
(B) se somente a afirmativa I estiver correta.
(C) se todas as afirmativas estiverem corretas.
(D) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
(E) se somente a afirmativa III estiver correta.

11) (FGV – TJ/AM – Assistente Técnico Judiciário – 2013) A respeito da


desconsideração da personalidade jurídica, assinale a afirmativa
CORRETA.
(A) a desconsideração da personalidade jurídica importará na extinção da pessoa
jurídica.
(B) o Ministério Público está legitimado a requerer a desconsideração da
personalidade, quando lhe couber intervir no processo.
(C) o desvio de finalidade é a única causa de desconsideração da personalidade.
(D) a desconsideração da personalidade jurídica importa na extensão dos efeitos
de todas as relações obrigacionais aos bens particulares dos administradores da
pessoa jurídica.
(E) a parte somente poderá requerer a desconsideração da personalidade se
ocorrer confusão patrimonial.

12) (FGV – Advogado do Banco de Santa Catarina – 2004) No que diz


respeito às pessoas jurídicas, assinale a afirmativa correta.
(A) a teoria da desconsideração da pessoa jurídica é aplicável em caso de abuso
na utilização da entidade para prejudicar terceiros ou fraudar a lei. Portanto,
admite-se, excepcionalmente, a aplicação da teoria da aparência na citação de
pessoa jurídica.
(B) as pessoas jurídicas não têm existência distinta das dos seus membros.
(C) os sócios, individualmente, têm legitimidade para defender os interesses da
sociedade, em nome próprio, contra terceiros.
(D) serão representadas em juízo apenas ativamente, por quem os respectivos
estatutos designarem, ou, não os designando, por seus diretores.
(E) serão representadas em juízo apenas passivamente, por quem os respectivos
estatutos designarem, ou, não os designando, por seus diretores.

13) (FGV – Fiscal de Rendas do Estado do Rio de Janeiro – ICMS/2009)


Com relação à desconsideração da personalidade jurídica, assinale a
alternativa CORRETA.
(A) implica a extinção da pessoa jurídica.
(B) constitui uma construção jurisprudencial que nunca encontrou positivação na
legislação nacional.
(C) implica que obrigações da sociedade sejam estendidas aos bens particulares
dos administradores e sócios e está prevista apenas no Código Civil.

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DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 02: PESSOAS JURÍDICAS
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(D) implica que obrigações da sociedade sejam estendidas aos bens particulares
dos administradores e sócios e está prevista, no sistema jurídico brasileiro,
apenas no Código Civil e no Código de Defesa do Consumidor.
(E) implica que obrigações da sociedade sejam estendidas aos bens particulares
dos administradores e sócios e está prevista, no sistema jurídico brasileiro, no
Código Civil, no Código de Defesa do Consumidor e na Lei 8.884/94 (Lei de
Defesa da Concorrência).

14) (FGV – Auditor Fiscal Tributário da Receita Municipal de Cuiabá/MT –


2016) Rodrigo e Manuela decidem desenvolver conjuntamente a atividade
empresarial de fornecimento de materiais médico-hospitalares. Para tanto,
realizam contrato válido com a finalidade de constituir a sociedade empresarial.
Ocorre que o contrato social não foi levado à inscrição no respectivo registro.
Considerando a situação descrita, assinale a afirmativa correta.
(A) A pessoa jurídica já possui existência legal, sendo certo que com a assinatura
do contrato social haverá a separação patrimonial.
(B) A pessoa jurídica já possui existência legal, sendo certo que a assinatura do
contrato social é a única etapa necessária para a existência legal da pessoa
jurídica.
(C) A pessoa jurídica não possui existência legal, pois para tanto há a necessidade
de levar o contrato social ao respectivo registro.
(D) A pessoa jurídica não possui existência legal, porém já há uma sociedade de
fato com patrimônio separado da dos seus membros.
(E) A pessoa jurídica não possui existência legal, sendo que a falta de registro
torna o contrato social firmado absolutamente nulo.

15) (FGV – Auditor Fiscal Tributário da Receita Municipal de Cuiabá/MT –


2016) A Associação de Amigos das Aves (AAA), por meio de Maria Helena, sua
representante e presidente, celebra contrato de locação com Orlando, tendo como
objeto imóvel de propriedade deste. O imóvel servirá de sede da associação,
conforme consta do contrato de locação. Após assinado o contrato e de posse das
chaves do imóvel, Maria Helena passa a nele residir com sua filha. Após seis meses
de locação, a AAA deixa de pagar os valores referentes ao aluguel, num total de
R$ 12.000,00. Depois de uma tentativa frustrada de cobrança amigável dos
aluguéis atrasados, Orlando ingressa com uma ação de cobrança contra a AAA e
Maria Helena. Ao fim do processo, somente Maria Helena é condenada a pagar o
valor dos aluguéis atrasados, tendo em vista que a AAA dispunha somente de R$
100,00 em seu patrimônio. Tendo a situação descrita como referência, assinale a
afirmativa correta.
(A) A ação de cobrança deveria ter sido intentada contra a associação, sendo
certo que Maria Helena jamais poderá ser obrigada a pagar os valores devidos,
com fundamento no princípio da separação patrimonial.
(B) A ação de cobrança deveria ter sido intentada contra a associação, sendo
certo que Maria Helena somente poderá ser obrigada a pagar os valores devidos
se houver a desconsideração da personalidade da sociedade.

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DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 02: PESSOAS JURÍDICAS
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(C) A ação de cobrança deveria ter sido intentada contra a associação e contra
Maria Helena, na medida em que esta passa a residir no imóvel locado pela
associação, tornando-se sua comodatária.
(D) A ação de cobrança deveria ter sido intentada somente contra Maria Helena,
na medida em que ela é a representante da pessoa jurídica.
(E) A ação de cobrança deveria ter sido intentada somente contra Maria Helena,
na medida em que a associação não possui meios de pagamento da dívida.

GABARITO SECO = FGV


01) B 05) E 09) E 13) E
02) A 06) D 10) A 14) C
03) B 07) C 11) B 15) B
04) C 08) E 12) A

GABARITO SECO = FCC


01) A 11) A 21) E 31) C
02) B 12) D 22) D 32) B
03) E 13) A 23) B 33) D
04) A 14) A 24) C 34) E
05) A 15) C 25) E 35) B
06) B 16) A 26) C 36) A
07) B 17) A 27) B 37) C
08) C 18) E 28) E 38) C
09) D 19) B 29) E
10) E 20) A 30) E

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