Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
AULA 02
= PESSOAS JURÍDICAS =
www.pontodosconcursos.com.br
Aula 02
Pessoas Jurídicas
Sumário
INTRODUÇÃO E CONCEITO .................................................................... 03
Natureza Jurídica .............................................................................. 04
Pressupostos de Existência e Elementos Caracterizadores ................. 05
Representação .................................................................................. 06
CLASSIFICAÇÃO GERAL ......................................................................... 07
Pessoa Jurídica de Direito Público ...................................................... 09
Pessoa Jurídica de Direito Privado ..................................................... 17
Organizações Sociais de Interesse Público ......................................... 23
Início da Existência Legal. Constituição ................................................. 32
Registro ............................................................................................ 33
DOMICÍLIO ........................................................................................... 35
Responsabilidade .................................................................................. 35
Extinção ................................................................................................ 39
Grupos Despersonalizados .................................................................... 40
Desconsideração da Personalidade Jurídica ........................................... 42
RESUMO ESQUEMÁTICO DA AULA .......................................................... 49
Bibliografia Básica ................................................................................ 53
EXERCÍCIOS COMENTADOS (FGV) ......................................................... 54
EXERCÍCIOS COMENTADOS (FCC) ......................................................... 62
CONCEITO
De forma técnica Pessoa Jurídica pode ser definida como a união de
pessoas naturais ou de patrimônios, com o objetivo de atingir determinadas
finalidades, sendo reconhecida pela ordem jurídica como sujeito de direitos e
obrigações. Assim, como sujeito de relações jurídicas, possui personalidade
jurídica individual e própria (autônoma), independente da personalidade das
pessoas naturais que a compõe, principalmente quanto ao patrimônio.
PROTEÇÃO JURÍDICA
As pessoas jurídicas têm direito à personalidade (identificação, liberdade
para contratar, boa reputação, etc.), aos direitos reais (pode ser proprietária,
usufrutuária, etc.), aos direitos industriais (art. 5°, inciso XXIX da CF/88), aos
direitos obrigacionais (podendo comprar, vender, alugar ou contratar de uma
forma geral) e até mesmo aos direitos sucessórios (podem adquirir bens causa
mortis, ou seja, por testamento).
Segundo o art. 52, CC, aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a
proteção dos direitos da personalidade. Isso quer dizer que os dispositivos
relativos aos direitos da personalidade da pessoa natural (arts. 11 a 21, CC)
também podem ser aplicados em relação à pessoa jurídica, no que couber.
NATUREZA JURÍDICA
Diversas teorias tentam identificar a natureza da personalidade da pessoa
jurídica. Uma corrente doutrinária nega a sua existência (negativista). Mas a
corrente afirmativista é a majoritária. E esta se divide basicamente em dois
grupos, sendo que cada um deles possui uma vasta subdivisão: a) Teorias da
Ficção (a pessoa jurídica é apenas uma criação artificial da lei ou da doutrina);
b) Teorias da Realidade (realidade orgânica ou objetiva, realidade jurídica,
realidade técnica, etc.).
Como nosso curso é objetivo, visando concursos públicos, vamos deixar
de lado a análise de cada uma dessas teorias sobre natureza da pessoa jurídica e
vamos nos ater somente ao que tem prevalecido nas provas.
REPRESENTAÇÃO
Por não poder atuar por si mesma, a pessoa jurídica deve ser
representada por uma pessoa física, ativa e/ou passivamente, exteriorizando
sua vontade, nos atos judiciais ou extrajudiciais. Prevê o art. 46, III, CC que no
registro da pessoa jurídica se declarará o modo porque se administra e representa,
ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente. Pelo art. 47, CC, todos os
atos negociais exercidos pelo representante, dentro dos limites de seus
poderes estabelecidos no estatuto social, obrigam a pessoa jurídica, que deverá
cumpri-los. No entanto, se o representante extrapolar estes poderes,
responderá pessoalmente pelo excesso, ou seja, a sociedade fica isenta de
responsabilidade perante terceiros pelo ato do administrador que extrapolar os
limites do ato constitutivo (exceto se foi beneficiada com a prática do ato, quando
então passará a ter responsabilidade na proporção do benefício auferido). A
doutrina chama isso de teoria ultra vires societatis (além do conteúdo da
sociedade), caracterizada pelo abuso de poder do administrador, ocasionando
violação do objeto social lícito para o qual foi constituída a empresa. Isso funciona
como uma forma de proteção da pessoa jurídica, responsabilizado apenas o
sócio.
1. Pessoas Jurídicas de Direito Público Interno → são representadas em
juízo, ativa e passivamente (art. 75, incisos I a IV, do Código de Processo Civil de
2015):
a) União → pela Advocacia-Geral da União, diretamente ou mediante órgão
vinculado.
b) Estados e Distrito Federal → por seus Procuradores.
c) Municípios → por seu Prefeito ou Procurador.
I. DIREITO PÚBLICO
A) Interno (art. 41, CC)
1) Administração Direta: União, Estados, Distrito Federal, Territórios e
Municípios.
2) Administração Indireta: Autarquias, Associações e demais entidades
criadas por lei (Fundações Públicas de Direito Público).
B) Externo (art. 42, CC): Estados estrangeiros e demais pessoas regidas
pelo Direito Internacional Público.
AUTARQUIAS
São pessoas jurídicas de direito público, que desempenham atividade
administrativa típica, com capacidade de autoadministração nos limites
estabelecidos em lei. Embora ligadas ao Estado, elas desfrutam de certa
autonomia, possuindo patrimônio e orçamento próprio, mas sob o controle
do Executivo que o aprova por Decreto e depois o remete ao controle do
Legislativo. As autarquias não têm capacidade política (isto é, não podem
legislar e criar o próprio Direito, devendo obedecer a legislação administrativa à
ASSOCIAÇÕES PÚBLICAS
O art. 241, CF/88 autorizou a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios a realizarem mediante lei os chamados consórcios públicos e os
convênios de cooperação entre os entes federados, autorizando a gestão
associada de serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de
encargo, serviços, pessoal e bem bens essenciais à continuidade dos serviços
transferidos. A Lei n° 11.107/05 regulou os consórcios públicos, cumprindo o
disposto na Constituição sendo uma nova forma de se prestar um serviço público.
Essa lei optou por atribuir personalidade jurídica aos consórcios públicos, dando-
lhes a forma de uma associação, podendo ser de pessoa jurídica de direito
público (associação pública) ou de direito privado.
Quando o consórcio público for pessoa jurídica de direito privado, assumirá
a forma de “associação civil”, sendo que aquisição da personalidade ocorre com a
inscrição dos atos constitutivos no registro civil das pessoas jurídicas. Mesmo
assim, estes consórcios estão sujeitos às normas de direito público no que diz
respeito à realização de licitação, celebração de contratos, prestação de contas,
admissão de pessoal, etc.
FUNDAÇÕES PÚBLICAS
Fundação, de uma forma geral, é uma instituição do direito privado. Sua
criação resulta da iniciativa de uma pessoa (física ou jurídica), que destina um
acervo de bens particulares (que adquirem personalidade jurídica) para a
realização de finalidades sociais, sem natureza lucrativa (educacional,
assistencial, etc.). Compreende sempre: patrimônio e finalidade.
No entanto, as fundações também podem ter personalidade jurídica de
direito público, segundo dispõe a sua norma instituidora. Ultimamente o Poder
Público tem instituído fundações para a execução de algumas atividades de
interesse coletivo, sem finalidade lucrativa (assistência social, assistência médica
e hospitalar, educação e ensino, pesquisa científica, atividades culturais, proteção
ao meio ambiente, etc.). Elas integram a administração pública indireta no
nosso sistema jurídico, pois uma pessoa política faz a dotação patrimonial e
destina recursos orçamentários para a manutenção da entidade. No entanto, como
suas atividades não são exclusivas do Poder Público costuma-se dizer que elas
exercem atividades atípicas do Poder Público.
As fundações públicas se assemelham às fundações particulares, mas se
diferenciam nos seguintes aspectos: enquanto a fundação privada é criada a partir
de um ato (inter vivos ou causa mortis) de um particular e com patrimônio deste,
a fundação pública é criada mediante uma lei específica, a partir de um patrimônio
público. Ex.: FUNASA (Fundação Nacional da Saúde), FUNARTE (Fundação
Nacional das Artes), FUNAI (Fundação Nacional do Índio), FBN (Fundação
Biblioteca Nacional), IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), IPEA
(Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), FUB (Fundação Universidade de
Brasília), etc.
Se observarmos o art. 41, CC, que arrola as pessoas jurídicas de direito
público, vamos concluir que ele não menciona a “fundação”, como sendo uma de
suas espécies. No entanto, segundo a doutrina, as fundações públicas estariam
implícitas na expressão “demais entidades de caráter público criadas por lei”. E
Constituição Federal de 1988, em especial após a Emenda Constitucional n° 19/98
(art. 37, XIX), reforçou esta posição.
Observação 01. Sobre este tema, os civilistas são bem objetivos: fundação
pública é uma pessoa jurídica de direito público interno (apesar de não haver
AUTARQUIAS FUNDAÇÕES
Atividades típicas (exclusivas) Atividades atípicas da
Atribuições
ou atípicas da Administração. Administração.
Apenas Direito Público. Direito Público ou Privado.
Regime Jurídico
OBSERVAÇÕES
01) Segundo a doutrina os sindicatos entram no item associação, pois o
Enunciado 142 das Jornadas de Direito Civil do CJF afirma que o sindicato possui
natureza associativa.
02) Enunciado 144 das Jornadas de Direito Civil do CJF: “A relação das
pessoas jurídicas de Direito Privado, constante do art. 44, incisos I a V, do Código
2. PARTIDOS POLÍTICOS
Os partidos políticos são entidades integradas por pessoas com ideias
comuns (pelo menos em tese...), tendo por finalidade conquistar o poder para a
consecução de um programa. São associações civis que visam assegurar, no
3. ORGANIZAÇÕES RELIGIOSAS
As organizações religiosas são pessoas jurídicas de direito privado,
formadas pela união de indivíduos com o propósito de culto, por meio de doutrina
e ritual próprios, para manifestação da espiritualidade humana. Atualmente a Lei
n° 10.825/03 (que alterou o Código Civil) deixou bem claro que elas são pessoas
jurídicas de direito privado, tendo também natureza de associação civil. Noa
podem ter finalidade econômica. É vedado ao poder público negar-lhe o
reconhecimento ou registro de seus atos constitutivos necessários a seu
funcionamento (art. 44, §1°, CC). Tal dispositivo está em consonância com o texto
constitucional (art. 5°, VI, CF/88). No entanto, a liberdade de funcionamento não
afasta o controle de legalidade e legitimidade constitucional de seu registro, nem
a possibilidade de reexame pelo Judiciário da compatibilidade de seus atos com a
lei e com os seus estatutos.
5. SOCIEDADES
Sociedade é espécie de corporação dotada de personalidade jurídica própria
e instituída por meio de um contrato social (que é o seu ato constitutivo), com
o objetivo de exercer atividade econômica e partilhar lucros. Assim, duas ou
mais pessoas, visando realizar negócios lucrativos, resolvem criar uma entidade e
aplicar nela dinheiro e serviço, formalizando por escrito o ato constitutivo; ao se
tornarem sócias elas passam a ter o direito de participar dos resultados
econômicos da entidade criada. Ela está prevista em outro tópico do Código Civil,
dentro do Livro II da Parte Especial (Do Direito de Empresa), a partir do art. 981.
Prevê este dispositivo: Celebram contrato de sociedade as pessoas que
Observações Importantes
01) Sociedade Simples e Sociedade Empresária não são tipos societários, mas
sim naturezas de sociedades. A sociedade simples possui regras próprias de
funcionamento (arts. 997/1.038, CC). Já a sociedade empresária não possui
regras próprias, mas pode assumir algum dos tipos societários (arts. 1.039 a
1.092, CC).
02) A Sociedade Simples também pode optar por adotar qualquer dos tipos
societários previstos na lei, inclusive as sociedades por ações.
03) Toda Sociedade por Ações (S/A e C/A) é uma sociedade empresária,
independentemente de seu objeto (seja ele de natureza simples ou de natureza
empresária).
04) Dessa forma, se uma Sociedade Simples adotar o tipo societário Sociedade
Anônima (que é sociedade por ações) será considerada automaticamente como
Sociedade Empresária por força de lei (primeira parte do parágrafo único do art.
982, CC), estando sujeita às regras de registro empresarial próprio, à escrituração
própria e obrigatória do empresário, à Lei das S/A e de Falências, etc.
Observações
01) Embora haja uma dualidade no objeto (exploração de atividade econômica
ou prestação de serviços públicos), segundo posicionamentos doutrinários
modernos, as empresas públicas e as sociedades de economia mista, qualquer que
seja o objeto, não estão sujeitas à falência, por força da nova lei de falências (Lei
n° 11.101/2005) que em seu art. 2°, I, afirma: “Esta lei não se aplica a: I.
empresa pública e sociedade de economia mista (...)”. Outro ponto é que ainda
que ambas estejam sujeitas ao regime das empresas privadas (quando exploram
atividade econômica), continuam obrigadas à licitação.
02) O Supremo Tribunal Federal considera impenhoráveis os bens das
empresas públicas e das sociedades de economia mista, sempre que seu objeto
de atuação seja a prestação de serviço público de prestação obrigatória pelo
Estado.
Empresas Públicas: são pessoas jurídicas de personalidade de direito
privado, integrantes da administração indireta, instituídas pelo Poder Público,
mediante autorização de lei específica a se constituir com capital próprio e
exclusivamente público, para exploração de atividade econômica ou
prestação de serviços públicos ou coordenadora de obras públicas, podendo
se revestir de qualquer das formas de organização empresarial (Ltda., S/A,
etc.). Ex.: Empresa Brasileira de Correios de Telégrafos (EBTC), Caixa
Econômica Federal (CEF), Casa da Moeda, Serviço de Processamento de
Dados (SERPRO), EMURB, etc.
DISTINÇÕES
Associação X Sociedade
• Semelhanças: conjunto de pessoas, que apenas coletivamente goza de
certos direitos e os exerce por meio de uma vontade única.
• Distinções: Associação → não há fim lucrativo (ou de dividir resultados,
embora tenha patrimônio), formado por contribuição de seus membros para a
obtenção de fins culturais, esportivos, religiosos, etc. Sociedade → visa fim
econômico ou lucrativo, que deve ser repartido entre os sócios.
Associação X Fundação
• Semelhanças: ambas não visam finalidade lucrativa.
• Distinções: Fundação → atribuição de personalidade jurídica a um patrimônio;
possui objeto mais restrito. Fiscalização do MP. Associação → aglomeração
orgânica de pessoas (naturais ou jurídicas); possui um objeto mais amplo para
sua criação (admite também objeto recreativo, esportivo, etc.).
REGISTRO
Como vimos, somente com o registro a pessoa jurídica adquire a
personalidade. Tal registro se dá no Registro Civil das Pessoas Jurídicas. No
entanto uma sociedade empresária deve ser registrada no Registro Público de
Empresas Mercantis e Atividades Afins (Lei n° 8.934/94), sendo competente para
tais atos as Juntas Comerciais.
Art. 1.150, CC: O empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao
Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e a
sociedade simples ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas (...).
O registro é ato formal e solene, pois se trata de requisito essencial
para a validade do ato instituidor da pessoa jurídica. Segundo o art. 46, CC o
Atenção
• Personalidade da Pessoa Natural: nascimento com vida. O registro de
nascimento possui efeito declaratório, pois quando ele é feito, a condição de
pessoa já havia sido adquirida. O registro apenas declara uma situação pré-
existente: o nascimento com vida.
• Personalidade da Pessoa Jurídica: registro. O registro neste caso possui
efeito constitutivo, pois é com ele que a pessoa jurídica “nasce” ou se constitui
juridicamente como ente autônomo (art. 45, CC). Lembrando: efeito
declaratório apenas reconhece a existência (ou inexistência) de uma situação
jurídica; efeito constitutivo cria ou modifica a relação jurídica.
• Observação importante para concursos: digamos que uma sociedade
funcionou durante cinco anos sem ser registrada. Após este prazo, resolveram
registrá-la. Pergunta-se: o registro retroage desde o início das atividades da
sociedade ou somente a partir do registro? Resposta: enquanto não efetivado
Observações
01) A doutrina e a jurisprudência de forma majoritária entendem que na
hipótese de uma conduta omissiva por parte do Estado, a sua responsabilidade
dependeria de demonstração de culpa da sua parte. Seria então mais um caso de
responsabilidade subjetiva do Estado. No entanto há quem sustente, também
nesse caso, de responsabilidade objetiva.
02) O Supremo Tribunal Federal já decidiu que as ações fundadas na
responsabilidade objetiva só podem ser ajuizadas contra a pessoas jurídica. No
entanto, se o autor se dispõe a provar a culpa ou dolo do servidor
(responsabilidade subjetiva), abrindo mão de uma vantagem, poderá movê-la
diretamente contra o causador do dano. Isso pode ser mais vantajoso porque a
execução contra o particular é menos demorada (não há a expedição dos famosos
precatórios). E se preferir mover a ação contra ambos, deverá também arcar com
o ônus de provar a culpa do funcionário.
03) Cabe ação contra o Estado ainda quando não se identifique o funcionário
causador do dano (“culpa anônima da administração”).
04) A pessoa jurídica também pode ser penalmente responsável, na hipótese
de crimes ambientais (art. 225, §3°, CF/88 e art. 3° da Lei n° 9.605/98).
Curiosidade Histórica
Anteriormente não havia no Brasil uma previsão expressa na lei. Quem
primeiro tratou do tema no Brasil foi o Prof. Rubens Requião. Relata a doutrina
que o primeiro caso na história abordando o tema ocorreu na Inglaterra em um
famoso processo que ficou conhecido como “Salomon versus Salomon & Co. Ltd.”,
julgado pela House of Lords (Câmara dos Lordes), em 1897. Uma pessoa chamada
Aaron Salomon constituiu uma sociedade com seis sócios, todos eles membros de
sua família, cedendo uma ação para cada e reservando outras vinte mil para si. A
empresa (pessoa jurídica), que passava por dificuldades financeiras, emitiu títulos
privilegiados, sendo que o próprio Salomon (pessoa física) os adquiriu. A pessoa
jurídica Salomon & Cia. Acabou falindo... No entanto, antes disso, pagou seu
débito para com a pessoa física Aaron Salomon (que era o credor com privilégios).
PRESSUPOSTOS DE EXISTÊNCIA
a) Vontade humana criadora (affectio societatis); b) Licitude dos objetivos; c) Obediência
aos requisitos legais (existência e capacidade reconhecidas pela lei).
NATUREZA JURÍDICA
Corrente majoritária → Teoria da Realidade Técnica (a pessoa jurídica existe de
fato e não como mera abstração).
CARACTERÍSTICAS
a) existência distinta da de seus membros; b) patrimônio próprio e diverso do de
seus integrantes; c) responsabilidade civil e criminal; d) ilegitimidade para certos atos
(ex.: fazer testamento).
CLASSIFICAÇÃO PRINCIPAL
A) Pessoas Jurídicas de Direito Público
1. Externo (art. 42, CC) → a) Estados estrangeiros; b) outras pessoas regidas
pelo Direito Internacional Público (ONU, OEA, uniões aduaneiras como o
MERCOSUL, Santa Sé, etc.
2. Interno (art. 41, CC) → O Estado.
a) Administração Direta ou Centralizada → União, Estados Membros, Distrito
Federal, Territórios e Municípios.
b) Administração Indireta ou Descentralizada → autarquias comuns ou
especiais (agências reguladoras); associações públicas (consórcios: Lei n°
11.107/05); demais entidades de caráter público criadas por lei (fundações
públicas de direito público).
B) Pessoas Jurídicas de Direito Privado (art. 44, CC)
1. Espécies
a) Fundações Particulares: universalidades de bens personificados em
atenção ao fim que lhes dá unidade (arts. 62/69, CC). Registro da escritura
pública ou testamento. Elementos Fundamentais: a) Patrimônio (dotação
de bens livres que passam a ser inalienáveis); b) Finalidade: especificação dos
objetivos (em regra imutáveis e sem finalidade lucrativa, previstos no
parágrafo único, do art. 62, CC). São supervisionadas pelo Ministério Público.
b) Partidos Políticos (Lei n° 10.825/03).
c) Organizações Religiosas (Lei n° 10.825/03).
REPRESENTAÇÃO
A pessoa jurídica deve ser representada ativa e passivamente por uma pessoa física,
exteriorizando sua vontade. Se o representante extrapolar estes poderes, ele responderá
pessoalmente pelo excesso (teoria ultra vires societatis: além do conteúdo da
sociedade).
1. Pessoas Jurídicas de Direito Público Interno → são representadas em juízo,
ativa e passivamente (art. 75, I a IV, CPC/2015): a) União → Advocacia-Geral da União,
diretamente ou outro órgão vinculado; b) Estados e Distrito Federal → Procuradores. c)
Municípios → Prefeito ou Procurador. d) Autarquias e Fundações de Direito Público →
quem a lei do ente designar.
2. Demais Pessoas Jurídicas → em regra é a pessoa indicada em seu ato
constitutivo; na omissão, a representação será exercida por seus diretores (art. 75, VIII,
CPC/2015).
RESPONSABILIDADE
1. Responsabilidade Contratual: tanto as pessoas jurídicas de direito público como
as de direito privado são responsáveis pelo que estiver disposto no contrato firmado,
respondendo com seus bens pelo eventual descumprimento de cláusulas contratuais (art.
389, CC). Nos termos do CDC, têm responsabilidade objetiva por fato e vício do produto.
Obs.: ambas também possuem responsabilidade penal (atividade lesiva ao meio
ambiente: art. 3°, da Lei n° 9.605/98).
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
Exercícios Comentados
Fundação Carlos Chagas
04) (FCC – TJ/PE – Juiz de Direito – 2013) São pessoas jurídicas de direito
privado, segundo o Código Civil,
(A) os partidos políticos e as empresas individuais de responsabilidade limitada.
(B) as fundações e os condomínios em edificação.
(C) as pessoas jurídicas que forem regidas pelo direito internacional público,
quando as respectivas sedes se acharem em países estrangeiros.
28) (FCC – TJ/AL – Juiz de Direito – 2015) São pessoas jurídicas de direito
público externo
(A) a União e os Estados federados, quando celebram contratos internacionais.
(B) somente os organismos internacionais, como a Organização das Nações
Unidas.
(C) apenas os Estados estrangeiros.
(D) os Estados estrangeiros e a União.
(E) os Estados estrangeiros e aquelas regidas pelo direito internacional público.
COMENTÁRIOS. Art. 42, CC: São pessoas jurídicas de direito público externo os
Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito
internacional público. Gabarito: “E”.
04) (FGV – TJ/AM – Oficial de Justiça Avaliador – 2013) José constituiu uma
fundação, por escritura pública, realizando a dotação de determinados bens livres
e especificando que a fundação se destinaria a atividades religiosas. Considerando
a disciplina jurídica das fundações e o contexto fático descrito acima, analise as
afirmativas a seguir.
I. As fundações são sempre de natureza pública e seguem as regras das
autarquias.
II. O registro civil da fundação tem natureza constitutiva.
III. O fim escolhido por José somente é permitido para constituição de uma
associação.
Assinale:
(A) se somente a afirmativa III estiver correta.
(B) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
(C) se somente a afirmativa II estiver correta.
(D) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
(E) se somente a afirmativa I estiver correta.