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DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO

AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA


Prof. Lauro Escobar

AULA 04

= FATOS JURÍDICOS – 1ª PARTE =

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DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA
Prof. Lauro Escobar

Aula 04
Fatos Jurídicos – 1ª Parte
Prescrição e Decadência

Itens específicos do edital publicado que serão abordados nesta aula


→ FATOS JURÍDICOS (1ª Parte). Fato e Ato Jurídico. Prescrição. Decadência.

Subitens → Fato Jurídico. Conceito. Classificação. Aquisição. Resguardo.


Modificação. Extinção de Direitos. Prescrição. Conceito. Disposições Gerais. Efeitos.
Causas impeditivas, suspensivas e interruptivas. Prazos. Decadência. Conceito.
Disposições Gerais. Espécies. Efeitos. Prazos.

Legislação a ser consultada → Código Civil: arts. 189 até 211.

Sumário
Introdução ....................................................................................... 03
Classificação Geral dos Fatos ............................................................ 08
Prescrição e Decadência como Fato Jurídico ..................................... 11
PRESCRIÇÃO .................................................................................... 12
Disposições Gerais ...................................................................... 15
Causas Impeditivas e Suspensivas .............................................. 21
Causas Interruptivas .................................................................. 25
Prazos Prescricionais .................................................................. 28
Ações Imprescritíveis ................................................................. 31
DECADÊNCIA ................................................................................... 33
Espécies de Decadência .............................................................. 35
Prazos Decadenciais ................................................................... 37

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Quadro Comparativo: Prescrição e Decadência ................................. 41
RESUMO ESQUEMÁTICO DA AULA ..................................................... 42
Bibliografia Básica ........................................................................... 46
EXERCÍCIOS COMENTADOS (FGV) .................................................... 47
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES (FCC) ............................................. 56

INTRODUÇÃO
Como vimos, uma RELAÇÃO JURÍDICA é formada por três elementos:
Elemento Subjetivo: são as pessoas envolvidas; os sujeitos de direito e suas
relações. O sujeito ativo é o titular do direito oriundo da relação. O sujeito
passivo é aquele sobre o qual recai um dever decorrente da obrigação
assumida pela relação e que deve respeitar o direito do sujeito ativo.
Elemento Objetivo: é o objeto do direito; o bem jurídico pretendido pelo
sujeito ativo. Divide-se em objeto imediato, que é a prestação (a obrigação
de dar, fazer ou não fazer) e objeto mediato (o bem em si: móvel ou imóvel,
divisível ou indivisivel, fungível ou infungível, etc.).
Elemento Imaterial: é o vínculo que se estabelece entre os sujeitos e os
bens. Este é o FATO JURÍDICO. É o fato propulsor idôneo à produção de
consequências jurídicas. Será o ponto desta e da próxima aula. Vejamos.
Toda relação jurídica possui um ciclo vital: nasce, se desenvolve, pode ser
conservada, modificada ou transferida e se extingue. Há sempre um fato que
antecede o surgimento de um direito subjetivo.

FATO, portanto, é uma ocorrência, um evento, um acontecimento.

O tema “Fatos, Atos e Negócios Jurídicos” deve ser visto bem devagar. Por
isso, o desmembramos em duas aulas. Esta primeira é introdutória. Costumo fazer
isso também nas aulas presenciais. Primeiro dou essa parte teórica. Os alunos, de
uma forma geral, não gostam muito dessa primeira parte do tema. Mas ela é
imprescindível. Por isso vou tentar torná-la mais agradável... Falaremos hoje
sobre alguns conceitos, classificações, e, principalmente da prescrição e da
decadência. Na realidade este será o ponto central da aula. Depois, na próxima
aula, passaremos para uma parte mais dinâmica, onde veremos o Negócio
Jurídico e seus elementos constitutivos, além da ineficácia (nulidade e
anulabilidade) do Negócio Jurídico.
Comecemos, então.
Como dissemos, fato é um acontecimento. No entanto, os fatos podem
ser classificados. Há fatos que não interessam ao Direito. A doutrina os chama de

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“fatos comuns, meramente materiais ou ajurídicos”. São os acontecimentos
naturais ou as condutas humanas, cuja ocorrência não traz o potencial de
repercutir na ordem jurídica. Exemplo: quando uma pessoa passeia por um jardim,
está praticando um fato comum, que não sofre a incidência do direito. Porém, se
essa pessoa que está passeando comprar um saco de pipocas, alugar uma bicicleta
ou pisar sobre o gramado, causando danos à vegetação ou mesmo alimentar os
animais em um zoológico (condutas consideradas como proibidas), tais fatos
passarão a interessar ao direito, causado repercussões. Portanto, para que um
acontecimento seja considerado como fato jurídico é necessário que esse
acontecimento, de alguma forma, cause algum reflexo no âmbito do Direito.
Seja este reflexo lícito ou ilícito. Observem a seguinte classificação:

FATO: qualquer ocorrência ou acontecimento.


Fato Comum: ação humana ou fato da natureza que não interessa ao Direito
(por isso, não será objeto do nosso estudo).
Fato Jurídico (em sentido amplo – lato sensu): Fato + Direito. É o fato
qualificado pelo Direito. Ou seja, é o acontecimento natural ou humano ao qual
o Direito atribui efeitos e relevância jurídica. Ex.: um contrato de locação é
um fato jurídico (mais do que isso, é um negócio jurídico), pois tanto o locador,
como o locatário assumem compromissos e ficam vinculados um ao outro.
Deste vínculo surgem efeitos, ou seja, reflexos no campo do Direito (direitos
e deveres para ambas as partes). Vamos agora conceituar os fatos jurídicos:

Acontecimentos previstos em norma de direito, em razão dos quais


nascem, se modificam, subsistem e se extinguem as relações jurídicas.

Para efeito de memorização dos elementos do fato jurídico, costumo usar


a expressão A.R.M.E. (Aquisição, Resguardo, Modificação e Extinção) de Direitos.
Vejamos:

AQUISIÇÃO DE DIREITO → É a conjunção (união) dos direitos com seu titular.


Ocorre a aquisição de um direito com a incorporação do patrimônio à
personalidade do titular. Dessa forma, surge a propriedade quando o bem se
subordina a seu titular. Ex.: quando eu acho um livro abandonado (e não perdido)
ou quando eu compro um automóvel de um amigo, eu me torno proprietário
destes bens; adquiri direitos sobre eles. Os direitos podem ser adquiridos de
forma:
a) Originária: o direito nasce no momento em que o titular se apossa ou se
apropria de um bem de maneira direta, sem a participação de outra pessoa; não
há qualquer relação com o titular anterior e mesmo que tivesse, não há
transmissão pelo seu titular (ex.: pescar um peixe em alto-mar, achar coisa
abandonada, etc.).

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b) Derivada: ocorre quando há uma transferência ou transmissão do
direito de propriedade (sucessão), existindo uma relação jurídica entre o titular
anterior (sucedido) e o atual (sucessor). Ex.: quando eu vendo um carro ou uma
casa a propriedade do bem passa de uma pessoa para outra, daí ser considerada
como derivada; outro exemplo é a aquisição de direitos pelos herdeiros.
Lembrando que o direito é adquirido com todas as qualidades e defeitos do título
anterior.
A aquisição ainda pode ser classificada em:
c) Gratuita: quando não há uma contraprestação na aquisição; só o
adquirente aufere vantagem. Ex.: pessoa recebe um bem por doação; neste caso
não há contraprestação (o mesmo ocorre quando se recebe uma herança).
d) Onerosa: quando há uma contraprestação na aquisição; há benefícios
recíprocos. Ex.: pessoa adquire o bem por meio de uma compra → se por um lado
a pessoa recebeu o bem, por outro lado ela teve que parar por ele, havendo uma
contraprestação na aquisição (o mesmo ocorre na troca e na locação).

RESGUARDO DE DIREITOS (proteção, conservação ou defesa) → São atos


praticados pela pessoa que servem para proteger os seus direitos. Ou seja, o
titular de um direito deve praticar atos conservatórios preventivos (garantindo
seu direito contra eventual e futura violação) ou repressivos (são os que visam
restaurar eventual direito violado). Costuma-se dizer que não pode haver direito
subjetivo sem a correspondente proteção.
Exemplo: Direito de Retenção. Uma pessoa possui uma casa (o bem não é dela,
mas ela está na posse de boa-fé, ou seja, acredita que a casa seja sua). Esse
possuidor realiza benfeitorias necessárias (conserto dos alicerces ou do telhado)
ou úteis (construção de garagem). Posteriormente o real proprietário move uma
ação contra o possuidor de boa-fé e ganha a ação. O possuidor deve ir embora,
sair da casa e devolvê-la. No entanto, como realizou benfeitorias, deve ser
indenizado por elas. Se a outra parte não indenizar, o possuidor pode reter o
bem (a casa) até que seja indenizada pelas benfeitorias (art. 1.219, CC). Outros
exemplos: arresto (que é a apreensão judicial de coisa litigiosa ou de bens para
a segurança da dívida; o que se quer é que se assegure o pagamento da dívida);
sequestro (que é o depósito judicial da coisa litigiosa para garantia do direito sobre
a coisa; o que se quer é a preservação da própria coisa); protesto, etc. A defesa
pode ser:
a) Extrajudicial: são hipóteses de defesa de direitos sem ser necessário
ingressar em juízo. Ex.: quando se estabelece uma cláusula penal (multa) em um
contrato o que se quer na verdade é estabelecer uma garantia para o cumprimento
deste contrato. Outros exemplos: o sinal (também chamado de arras) que é um
adiantamento da quantia que será paga também para garantir o cumprimento da

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obrigação; a fiança, que serve para garantir o pagamento da dívida (se o devedor
principal não pagar a dívida, o credor poderá acionar o fiador), etc.
b) Judicial: são as ações judiciais para proteção de direitos. Recorre-se à
autoridade judicial competente para restabelecer um direito já violado ou para
proteger um direito ameaçado. Lembrando que para a propositura de uma ação
judicial é necessário ter um interesse legítimo (econômico ou moral). Ex.:
Mandado de Segurança (que visa proteger um direito líquido e certo); Interdito
Proibitório (que é uma ação possessória, que visa proteger uma pessoa de
eventuais ameaças a sua posse), etc.

Lembrem-se do brocardo: “A todo DIREITO corresponde uma AÇÃO


que o assegura”. Se houver ameaça ou violação a um direito subjetivo, este será
protegido por meio de uma ação judicial (art. 5°, XXXV, CF/88 “a lei não excluirá
da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de direito”). Imaginem o
seguinte exemplo: sabemos que “todo cidadão tem o direito de ir, vir e
permanecer”. Esse é um Direito que temos; dizemos que este é um direito
material. Agora... e se uma autoridade policial diz que você está preso em
flagrante, sem ter um motivo plausível para esta prisão? É o famoso “teje preso”.
O que você faria?? Com certeza você entraria com um Habeas Corpus!!! Ora, o
Habeas Corpus é uma Ação. Assim, nós temos um Direito (no caso o direito de
locomoção, de ir, vir e permanecer)! Violado este Direito, surge a Ação (no caso
o Habeas Corpus)! Prevê o art. 5°, LXVIII, CF/88: “conceder-se-á habeas-corpus
sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação
em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder”.
O mesmo pode ocorrer com uma propriedade. Eu comprei um sítio. Paguei
por ele. Tenho a escritura e o registro. Portanto é meu, eu tenho direito de
propriedade. Mas alguém invadiu a minha propriedade. O que eu posso fazer?
Com certeza entrarei com uma ação... no caso Ação Reivindicatória. Portanto,
voltando e reforçando a ideia... “a todo direito corresponde uma ação”.
AÇÃO é o meio que o titular do direito dispõe para obter a atuação do
Poder Judiciário, no sentido de solucionar litígios relativos a interesses jurídicos
(art. 17, CPC/2015 → “Para postular em juízo é necessário ter interesse e
legitimidade” – neste sentido a Súmula 409 do Supremo Tribunal Federal).
Sabemos que no Brasil nós não podemos fazer “justiça pelas próprias
mãos”, sob pena até de cometermos um crime (exercício arbitrário das próprias
razões – art. 345, Código Penal). Se uma pessoa me deve seis meses de aluguel
eu não posso ir até sua casa, lhe dar uns ‘tabefes’ e exigir o pagamento devido ou
simplesmente colocá-la no ‘olho da rua’. Não! O correto é ingressar com uma ação
de despejo por falta de pagamento e requerer também o pagamento dos aluguéis
atrasados. No entanto, admite-se, excepcionalmente, a autodefesa ou

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autotutela de um direito, como no caso da legítima defesa da posse (art. 1.210,
§1°, CC), do penhor legal, etc.

MODIFICAÇAO DE DIREITOS (transformação) → Os direitos podem sofrer


modificações relativas ao seu conteúdo (objeto) ou a seus titulares (pessoas), sem
que haja alteração em sua substância. A modificação do direito pode:
a) Objetiva: diz respeito ao conteúdo ou objeto da relação jurídica. Pode ser
qualitativa, quando um direito se converte em outra espécie (o credor de uma
saca de feijão aceita o equivalente em dinheiro; uma pessoa está devendo uma
quantia em dinheiro e o credor aceita um terreno em substituição) ou
quantitativa, quando diz respeito ao volume do objeto.
b) Subjetiva: substituição da titularidade do direito, ou seja, de uma das
pessoas (sujeito ativo ou passivo) envolvidas na obrigação, podendo ser inter
vivos (contrato) ou causa mortis. Ex.: testamento – morrendo o titular de um
direito este se transmite aos seus sucessores. Outros exemplos: desapropriação,
venda de um bem, etc. Alguns autores afirmam que a transmissão dos direitos
seria um quinto elemento do Fato Jurídico. Obs.: há direitos que não comportam
modificação no sujeito por serem personalíssimos (também chamados de
intuitu personae).

EXTINÇÃO DE DIREITOS → quando sobrevém uma causa que elimina os seus


elementos essenciais. Notem que o perecimento deve ser total. Se for parcial, o
direito persiste sobre o remanescente desta parte. Se a extinção puder ser
atribuída a alguém, este será o responsável pelos prejuízos, devendo ressarci-los.
Vejamos os principais exemplos de extinção dos direitos (entre outros):
• Perecimento do objeto (ex.: anel que cai em um rio profundo e é levado pela
correnteza) ou perda das qualidades essenciais do objeto (ex.: campo de
plantação que é invadido pelo mar).
• Renúncia: quando o titular de um direito, dele se despoja, sem transferi-lo a
quem quer que seja; ele abre mão de um direito que teria (ex.: renúncia à
herança).
• Abandono (ou derrelição): intenção do titular de se desfazer da coisa não
querendo ser mais seu dono (ex.: jogar um par de sapatos velho no lixo).
• Alienação: que é o ato de transferir o objeto de um patrimônio a outro, de
forma onerosa (compra e venda) ou gratuita (doação).
• Falecimento do titular, sendo direito personalíssimo, e por isso, intransferível.
• Confusão: numa só pessoa se reúnem as qualidades de credor e devedor.
• Prescrição ou Decadência: será o tema desta aula de forma
pormenorizada.

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Bem... com isso encerramos esta parte introdutória sobre os elementos
do fato jurídico. Vejamos agora a CLASSIFICAÇÃO GERAL DOS FATOS
JURÍDICOS. O quadro abaixo nos dará uma visão geral sobre o tema.

CLASSIFICAÇÃO GERAL DOS FATOS

A) FATO COMUM → Acontecimento sem repercussão no Direito.


B) FATO JURÍDICO → Acontecimento natural ou humano ao qual o Direito atribui
efeitos (A.R.M.E.). Fato + Direito. Também chamado de Fato Jurídico em Sentido
Amplo.
I. FATO JURÍDICO NATURAL (Fato Jurídico em Sentido Estrito ou Stricto
Sensu) → é o acontecimento natural (independe da vontade do sujeito de
direito), mas que decorrem efeitos. Divide-se:
1. Ordinários: são os que normalmente podem acontecer (previsíveis):
nascimento, morte (por causas naturais), implemento de certa idade (16,
18, 21, 35, 70 anos), aluvião (art. 1.250, CC), avulsão (art. 1.251, CC),
decurso de tempo (como a prescrição, a decadência, a usucapião), etc.
Todos estes fatos produzem efeitos jurídicos relevantes.
2. Extraordinários: são os que ocorrem de forma inesperada
(imprevisíveis). Exemplos clássicos: “caso fortuito” ou “força maior”. Têm
importância ao direito por excluírem, como regra, a responsabilidade:
destruição de bens móveis e imóveis em virtude de uma tempestade,
desabamento de prédios em virtude de um terremoto, incêndio de uma
fábrica em razão de um raio, naufrágio de um navio em virtude de um
maremoto, tsunami, etc.

II. FATO JURÍDICO HUMANO (ou simplesmente ATO) → é o acontecimento


que conta com a participação humana. Abrange tanto os atos lícitos como os
ilícitos. Veremos este tema na próxima aula, de forma mais detalhada. Por
enquanto, é importante que se saiba:
1) ATO LÍCITO também chamado de ato jurídico em sentido amplo (lato
sensu) ou ato jurídico voluntário, previsto no art. 185, CC) → praticado em
conformidade com a ordem jurídica:
a) ATO JURÍDICO EM SENTIDO ESTRITO (stricto sensu): há a
participação humana, voluntária, consciente e lícita. No entanto, os efeitos
são impostos pela lei e não pela vontade das partes interessadas, não
havendo regulamentação da autonomia privada. Não há liberdade de
escolha nos efeitos jurídicos produzidos, pois estes são automaticamente

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conferidos pela lei. Também é chamado de “ato não-negocial”. Assim, a
vontade é importante formação do ato, mas não quanto à produção dos
efeitos deste ato, uma vez que decorrem da lei. Exemplos mais comuns:
reconhecimento de filho, fixação de domicílio, emancipação voluntária feita
pelos pais, abandono (derrelição), ocupação, percepção de frutos de uma
árvore, confissão, atos de comunicação processual, como a notificação, etc.
b) NEGÓCIO JURÍDICO: há um comportamento humano e os efeitos
desse comportamento são ditados pela própria manifestação de vontade;
os efeitos são desejados pelas partes. Há, portanto, autonomia
privada; autorregulação de interesses particulares, em maior ou menor
grau. As partes podem definir os efeitos que vão ocorrer em função da
conduta praticada. Exemplos mais comuns: contratos e testamentos.

2) ATO ILÍCITO (ou involuntário): é o praticado em desacordo com a


ordem jurídica (arts. 186 e 187, CC). Na realidade, muitas vezes a conduta
é voluntária e consciente, havendo a transgressão a um dever jurídico.
No entanto, a doutrina costuma chamar esses atos de involuntários porque
os efeitos da sua prática é que são involuntários (ou seja, impostos
pela lei). A consequência da prática do ato ilícito é o surgimento do dever
de reparar o dano causado. Ao invés de criarem um direito, criam
deveres e obrigações. Reforçando: quando se fala em fato jurídico
involuntário, não é a conduta que é involuntária, mas sim os efeitos
decorrentes dessa conduta. O ato ilícito pode atuar nas seguintes áreas do
Direito:
a) Penal: violação de um dever tipificado como crime, pressupondo
um prejuízo causado à sociedade; desrespeitado, compromete-se a ordem
social (norma de ordem pública); a sanção é pessoal, ou seja, é a pessoa
do infrator imputável que irá responder pela conduta (não se transmite a
responsabilidade a terceiros).
b) Administrativo: violação de um dever que se tem para com a
administração; a sanção também é pessoal.
c) Civil: violação de um dever contratual ou legal, pressupondo um
dano a terceiro; a sanção é patrimonial, ou seja, atinge o patrimônio do
lesante (como regra).

Costuma-se dizer que enquanto o ato lícito é fonte de direito, o ato ilícito é
fonte de responsabilidade (obrigações).

Observações
01) Parte da doutrina considera que o ato ilícito se enquadra na noção de
ato jurídico. Daí alguns editais de concurso estabelecem: “Ato Jurídico: ato lícito

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e ilícito”. Porém a doutrina majoritária discorda. Para ela, se ato jurídico é toda
ação humana lícita, o ato ilícito seria reservado para uma categoria própria, não
podendo ser enquadrado como ato jurídico. Podemos concluir: o ato ilícito é um
fato jurídico (humano), porém não é um ato jurídico.
02) Parte da doutrina também se refere ao “ato-fato jurídico”. Não há
previsão dessa categoria no atual Código Civil, ficando tudo no plano
doutrinário. Seria uma categoria intermediária entre o ato da natureza e o
fato do homem. Ocorre nas situações em que um ser humano pratica uma conduta
lícita, sendo que esta gera uma consequência jurídica, ainda que a pessoa não
tenha vontade que esse efeito se concretize. Trata-se do evento que, embora
oriundo de uma conduta humana, produz efeitos na órbita jurídica,
independentemente da vontade de os produzir (não há necessidade da vontade
humana para a produção de efeitos). Os exemplos clássicos disso são o de uma
criança de 10 anos que compra um doce em uma padaria ou de um louco que
pinta um quadro que se torna uma obra de arte (ele se torna proprietário da obra
sem ter a intenção para tanto). Em ambos os casos não há uma vontade
direcionada à celebração de um contrato de consumo.

Feitas essas observações vamos analisar os itens do quadro acima. O


primeiro deles é o Fato Jurídico Natural. A doutrina também o chama de fato
jurídico em sentido estrito ou fato jurídico stricto sensu. São expressões
sinônimas, mas que costumam cair e confundem...

Fato Natural é o acontecimento natural (independe da vontade


humana) do qual decorrem efeitos jurídicos, criando, modificando ou
extinguindo direitos. Como vimos, podem ser classificados em:
1. Ordinários  São aqueles que normalmente ocorrem; são previsíveis.
Pergunto: o que há de mais certo em nossa vida? – A morte! Ela ocorrerá
independente de nossa vontade! E trará uma série de consequências jurídicas. Se
por um lado a morte extingue a personalidade de uma pessoa, por outro lado cria
inúmeros direitos e obrigações para os sucessores do falecido. Portanto a morte é
o exemplo clássico de fato natural. Lógico que estou falando da morte por causas
naturais (costumo brincar: “a morte morrida”). Pois um homicídio (brincando
ainda: “a morte matada”) é crime, e, portanto, ato ilícito. Outros exemplos de fato
jurídico natural ordinário: o nascimento (início da personalidade), a maioridade
(cessação da incapacidade), o decurso de tempo que juridicamente se apresente
sob a forma de prazo (intervalo de dois termos), a usucapião (matéria que
pertence ao Direito das Coisas), além da prescrição e da decadência, etc. Estes
últimos temas são importantíssimos e serão analisados de forma autônoma, ainda
nesta aula.

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2. Extraordinários  São causas ligadas ao caso fortuito ou à força maior,
onde se configura uma imprevisibilidade e inevitabilidade do evento, além da
ausência de culpa pelo ocorrido. Não há uma unanimidade dos autores para se
conceituar e diferenciar tais institutos. Para alguns, caso fortuito seria um evento
da natureza, imprevisível e inevitável (ex.: uma tempestade, um terremoto, um
tsunami, etc.). Já força maior é o que decorre de uma atuação humana
imprevisível e inevitável interferindo no ato (ex.: uma greve). Para outros o
conceito é exatamente o inverso. Para outros ainda, o caso fortuito decorre de
uma causa desconhecida (ex.: explosão de uma caldeira em uma usina) e na força
maior conhece-se a causa, que é fato da natureza (ex.: raio que provoca um
incêndio). Outros autores tratam ambos os termos como sinônimos. Sílvio Venosa
assim leciona: “caso fortuito e força maior são situações invencíveis, que refogem
às forças humanas, ou às forças do devedor, impedindo e impossibilitando o
cumprimento da obrigação”. Geralmente costuma cair nas provas (especialmente
em Direito Civil) as expressões “caso fortuito” ou “força maior” e não a situação
propriamente dita. E quando cai a situação (ex.: um terremoto), basta o aluno
saber classificá-la o fato como “fato jurídico natural (ou fato jurídico em sentido
estrito – stricto sensu) extraordinário”.

PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA COMO FATO JURÍDICO

As obrigações jurídicas não são eternas. Se eu empresto determinada


quantia em dinheiro a uma pessoa eu não posso ficar cobrando esta dívida a vida
inteira. Eu tenho um prazo determinado para exigir o cumprimento da
obrigação; se não cobrar dentro deste prazo não poderei mais fazê-lo. Assim, para
que haja uma tranquilidade na ordem jurídica, fundada na necessidade de
estabilidade social, da certeza do direito e de que as relações jurídicas não se
prorrogam indefinidamente, surgiram os institutos da prescrição e da decadência.
No entanto, como veremos mais adiante, alguns direitos são imprescritíveis (ex.:
direito de reconhecimento de paternidade, direito ao nome, alimentos, etc.).
Assim, o decurso do tempo, aliado a inércia do titular do direito, faz com
que a situação de afronta ao direito prevaleça sobre o próprio direito. Ex.: o credor
de uma dívida em dinheiro, que não recebeu o que lhe é devido, tem o direito de
ajuizar uma ação para cobrar esta dívida. Mas se ele deixa de ajuizar a ação
cabível, após certo tempo, perde o direito de fazê-lo, consolidando-se uma
situação contrária a seus interesses, mas que ocorreu por sua própria culpa; por
sua desídia. Há um brocardo em latim, muito conhecido, que diz: dormientibus
non succurrit jus (o direito não socorre aos que dormem).
O fundamento primordial dessa proteção a situações consolidadas no
tempo (ainda que contrárias ao direito de alguém) é a paz social. Assim, impede-

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se que esta paz seja perturbada, a qualquer tempo, por quem se sinta lesado em
algum direito. Ora, se o próprio interessado não cuidou de defender seus direitos
no tempo estabelecido em lei, vamos interpretar esta conduta como uma
“renúncia ao direito”, pois ele aceitou de forma inerte a afronta que lhe foi feita.
Não se trata de achar este instituto justo ou injusto. Não é esta a preocupação da
lei. O que se busca é uma questão de segurança jurídica, de tranquilidade e paz
social. Ninguém se veria seguro em seus direitos, se a qualquer tempo pudesse
vê-los na contingência de serem contestados por fatos ocorridos há muito tempo.

Elementos comuns da prescrição e decadência. Os dois institutos são


causas extintivas decorrentes do não exercício de um direito em determinado
prazo. Requisitos: a) inércia do titular do direito; b) decurso de tempo para
o exercício desse direito.

Atenção Embora o Direito Civil trace as regras gerais sobre prescrição e


decadência, este tema é comum a todas as matérias do Direito. O Direito Penal,
Administrativo, Tributário, Comercial, Trabalhista... todas elas tratam do assunto.
Lógico que cada matéria possui as suas peculiaridades. Vamos dar o enfoque
apenas sob a ótica do Direito Civil. Se cair uma questão sobre esse tema,
observem bem em sua prova, qual ramo do Direito está sendo abordado. Reforço:
o que vamos falar aqui se refere ao Direito Civil (embora muita coisa possa ser
aproveitada por outras matérias).

Curiosidade (já vi isso cair isto em alguns concursos recentes...)


O Código Civil anterior não mencionava a expressão decadência. Para ele tudo era
prescrição. Ele possuía um artigo que dizia: “Prescreve... ” e elencava uma série
de situações. Era a doutrina que analisando item por item daquela relação dizia o
que era prescrição e o que era decadência. Mas mesmo assim, não havia um
consenso sobre todos os temas. Resumindo: era uma bagunça... atualmente a
matéria está mais fácil. O Código diz exatamente o que é prescrição e o que é
decadência. Ele conceitua ambos os institutos. E menciona as situações e os
prazos de um e outro caso. Além disso, ainda existem alguns “macetes de
concurso” que facilitam a diferenciação. Vou mencioná-los mais adiante.

I. PRESCRIÇÃO
(arts 189 a 206, CC)

DIREITO SUBJETIVO é a faculdade que o ordenamento reconhece a


alguém de exigir de outrem determinado comportamento. Representa a estrutura
da relação poder-dever, em que o poder de uma das partes corresponde ao dever
da outra. A infração deste dever resulta (nas relações jurídicas patrimoniais) um

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dano para o titular do direito subjetivo. Por isso, todo direito subjetivo deve
(ou deveria) ser protegido por uma ação. No momento em que este direito é
violado surge a possibilidade de se exigir do devedor uma ação ou omissão, que
permite a composição do dano ocorrido. A doutrina chama este direito de exigir
de pretensão.
Pretensão é o bem jurídico que uma pessoa deseja alcançar por meio da
via judicial, uma vez que a obrigação não foi satisfeita de forma extrajudicial; ou
seja, é o poder de exigir de outrem, coercitivamente, o cumprimento de um dever
jurídico. A pretensão é deduzida em juízo por meio de uma ação (que é o
instrumento para se exigir a pretensão). Violado um direito nasce para o seu titular
a pretensão. A partir daí surge a possibilidade de se fazer valer em juízo este
direito violado e também se inicia a contagem do prazo prescricional. Portanto, o
prazo prescricional se inicia no momento em que o direito é violado... e morre no
último dia do prazo prescricional. Havendo violação ao direito e o titular deste
permanecer inerte, a consequência será a perda da pretensão.
Não confundir pretensão (possibilidade conferida ao credor de exigir do
devedor o cumprimento da prestação) com direito de ação (direito de pedir ao
Estado a prestação de sua atividade jurisdicional analisando o caso concreto). O
que a prescrição extingue é a pretensão (e não a ação), que surge exatamente
quando o direito material subjetivo é violado, porque, nesse momento, pode o
sujeito exigir coercitivamente o cumprimento de certo dever jurídico. Já o direito
de ação não está sujeito à prescrição, pois qualquer pessoa pode, a qualquer
tempo, sentindo necessidade de tutela jurisdicional, recorrer ao Estado em busca
de Justiça.

DIRETO AO PONTO Prescrição é a perda da pretensão do titular de


um direito subjetivo, em virtude de sua inércia durante um prazo
determinado previsto em lei.
Reforçando: o que caracteriza a prescrição é que ela extingue uma pretensão
alegável em juízo por meio de uma ação, mas não o direito propriamente dito.
Trata-se de uma sanção aplicada a pessoa que foi negligente, pois não fez valer
seu direito no prazo adequado, operando-se tanto em relação às pessoas naturais
(físicas), como em relação às jurídicas. Portanto, a prescrição tem por objeto
direitos patrimoniais e disponíveis (como exemplo as obrigações), não
abrangendo os direitos de personalidade, os relacionados ao estado da pessoa e
os direitos de família (que são imprescritíveis, conforme veremos adiante). Assim,
a prescrição se por um lado extinguir determinada situação jurídica, por outro lado
consolida relações que se prolongaram no tempo sem reclamação.
• A quem a prescrição favorece? Ao devedor que não pagou seu débito e não
foi acionado em tempo oportuno para fazê-lo!

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• A quem a prescrição prejudica? Ao credor que ao ter o direito violado, pois
o devedor não pagou a dívida, ficou inerte e não o acionou judicialmente dentro
do prazo fixado em lei!

Requisitos da Prescrição: a) violação de um direito e nascimento da


pretensão (possibilidade de se ingressar com uma ação); b) inércia do titular do
direito violado; c) continuidade desta inércia durante prazo fixado em lei (decurso
de tempo); d) inexistência de impedimentos ou causas suspensivas ou
interruptivas do prazo.
Embora esta expressão seja bem técnica, precisamos mencioná-la, pois
muitos concursos a exigem. Trata-se da actio nata. Isto é, não pode correr a
prescrição enquanto não nascer a ação possível de ser ajuizada pela violação do
direito.

Vamos agora dar um exemplo completo


Digamos que eu tenha emprestado certa quantia em dinheiro a uma pessoa,
estabelecendo prazo de 06 (seis) meses para que a importância seja devolvida. A
partir do momento em que eu empresto o dinheiro, surge o direito ao crédito.
Se o devedor pagar a dívida dentro do prazo estabelecido a obrigação se extingue
pelo seu cumprimento. Mas se ele não me pagar no prazo, haverá a violação ao
direito de crédito. Neste momento “nasce” a pretensão (actio nata), que é a
possibilidade de se exigir judicialmente o direito que foi violado. A partir daí eu já
posso ingressar com uma ação pleiteando meu direito. Mas nada é eterno... eu
tenho um prazo estabelecido na lei para fazer valer meu direito. Devo exercer
o direito dentro desse prazo, pois se assim eu não fizer, inicia-se a contagem do
prazo prescricional. Se eu entrar com a ação dentro do prazo, eu exerci meu
direito. Mas... e se eu não ingressar com a ação dentro do prazo? – Ora, a minha
pretensão de ver o crédito satisfeito prescreveu... Eu não posso mais entrar com
a ação. Na realidade eu até “posso” entrar com a ação... mas esta ação está fadada
ao fracasso, pois basta que a outra parte alegue (e mesmo que não alegue o juiz
poderá reconhecer de ofício) que a ação será extinta! E eu ainda deverei suportar
todos os encargos da ação (custas processuais, honorários advocatícios de ambas
as partes, etc.). Com a prescrição eu perco o instrumento jurídico para fazer valer
meu direito. Agora eu pergunto... e se o devedor pagar espontaneamente a dívida
que estava prescrita? O pagamento valeu? E o devedor, percebendo que a dívida
estava prescrita, pode se arrepender do pagamento que fez e pedir a devolução
do dinheiro? Resposta: de fato, a dívida estava prescrita, mas a pessoa que pagou
não pode mais pedir de volta o dinheiro. Se ela pagar espontaneamente a dívida
prescrita, este pagamento valeu! E por quê? –Porque o direito material (que é o
meu direito ao crédito, que nasceu no dia em que eu fiz o empréstimo) ainda
existia. Ele não foi extinto pela prescrição. A pessoa ainda estava me devendo. A

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prescrição atingiu apenas a pretensão; com a prescrição eu perdi o instrumento
judicial para cobrar a dívida. E não o direito ao crédito. Com a prescrição perde-
se apenas o direito à pretensão (consequentemente não há mais ação para
exercer o direito em juízo). Mas o direito em si (o direito ao crédito) ainda se
mantém intacto (embora sem proteção jurídica). Portanto a pessoa pagou algo
que existia, valendo este pagamento, mesmo que a ação esteja prescrita, não se
podendo pedir a devolução da quantia paga.
Aliás, dívida prescrita é um excelente exemplo de obrigação natural,
isto é, de uma obrigação sem proteção judicial, pois não pode ser exigida pelo
credor e o devedor só paga se quiser; mas, pagando, não pode pedir a restituição
do valor desembolsado. O art. 882, CC assim prevê: “Não se pode repetir o que
se pagou para solver dívida prescrita ou cumprir obrigação judicialmente
inexigível” (lembrando que repetir, em sentido jurídico, significa pedir de volta).

Vamos recordar. A prescrição não serve para proteger o lesante. Trata-se


de uma punição ao próprio lesado por sua inércia. Baseia-se no interesse social
de pacificação das demandas. Ela extingue a pretensão. Extinta a pretensão
perde-se o direito de ajuizar a ação, ou seja, perde-se o direito de resolver a
pendência judicialmente. Todavia, o direito em si (o direito material, o direito
propriamente dito) permanece incólume, só que sem proteção jurídica para
solucioná-lo.

DISPOSIÇÕES GERAIS SOBRE A PRESCRIÇÃO

Vejamos cada item do Código Civil de forma pormenorizada:


EXCEÇÃO (art. 190, CC)
Determina o Código Civil: “A exceção prescreve no mesmo prazo em
que a pretensão” (art. 190, CC). Inicialmente cabe um esclarecimento quanto a
esta frase, em especial àqueles que não têm formação jurídica. A expressão
“exceção” possui basicamente dois sentidos. De uma forma geral significa
aquilo que foge à regra; que não se inclui em determinada situação; dá uma ideia
de ressalva, de reserva, de exclusão. No entanto, na técnica jurídica o vocábulo
significa outra coisa: indica uma forma de defesa realizada por uma das partes
(em geral o réu) em um processo para opor-se a um direito do adversário.
Substitua no texto legal a expressão exceção por defesa... veja como ficou mais
fácil!
O autor de uma ação deduz uma pretensão (exigindo do réu o cumprimento
de um dever jurídico). E o réu pode se defender por meio de uma exceção. Muitas
vezes esta defesa é indireta, pois o réu, sem negar categoricamente o fato alegado
pelo autor, alega outro fato ou direito com o objetivo de elidir ou paralisar a ação
proposta. Exemplos: o autor ingressa com uma ação (deduzindo uma pretensão:

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cobrando uma dívida) e o réu alega como defesa que já foi processado, sendo que
a ação foi julgada improcedente por aquele mesmo fato (neste caso falamos em
exceção de coisa julgada); ou alega que já há uma ação pendente sobre o mesmo
assunto (exceção de litispendência); ou que aquele juízo é incompetente para
apreciar este tipo de questionamentos (exceção de incompetência); ou que ele
não é parte legítima no processo (exceção de ilegitimidade processual); etc.
Outro exemplo: “A” possui um crédito contra “B”, mas este se encontra
prescrito. Portanto “A” não pode exigir de “B” o pagamento da dívida. Ocorre que
“B” ingressou contra “A” uma ação cobrando este por outra dívida. Pergunta-se:
“A” pode se defender alegando a compensação desta dívida com a outra da qual
é credor, mas se encontra prescrita? Resposta: Não! Ora, se está prescrita a
pretensão (o crédito de “A” contra “B”), prescrita também está a defesa (exceção),
que no caso se daria com a compensação. Assim, se o direito não pode ser alegado
como modalidade de ataque (pretensão), também não poderá ser invocado como
meio de defesa (exceção: no caso a compensação).

Resumindo: o que o art. 190, CC quer dizer é que o prazo dado para a
manifestação do contradireito (que é a exceção ou a defesa) é exatamente o
mesmo que a lei estipula para que o titular da ação exerça sua pretensão. Por isso
costuma-se dizer que “a exceção (defesa) nasce com o exercício da pretensão”.
RENÚNCIA (art. 191, CC)
Renúncia é um ato unilateral, produzindo efeitos sem necessidade da
manifestação de vontade da outra parte. Uma dívida está prescrita. O credor não
tem mais como cobrar a dívida judicialmente. Mesmo assim o devedor pode
renunciar a esta prescrição. Dispõe a lei que esta renúncia pode ser expressa
ou tácita, e só valerá, sendo feita sem prejuízo de terceiro, depois que a
prescrição se consumar. Apesar de pequeno, este dispositivo é muito
importante, cai muito nas provas e exames, além de trazer diversas consequências
jurídicas. Vamos por partes.
Inicialmente nosso Código não admite a renúncia prévia ou
antecipada. Ou seja, o devedor não pode renunciar à prescrição antes dela
ocorrer, até porque, não se pode renunciar algo que ainda não temos ou que ainda
não existe. Ex.: Digamos que eu seja um credor. O devedor não pagou o que deve.
Eu tenho um prazo para entrar com a ação. Mas eu não entrei com a ação no
prazo legal. Portanto ocorreu a prescrição. Mas, mesmo prescrita a dívida, o
devedor pode pagar o que deve. E se ele assim proceder (pagando a dívida após
o prazo prescricional) estará renunciando à prescrição. Portanto a renúncia é um
ato do devedor. No entanto o devedor somente pode renunciar à prescrição após
a consumação desta. Enquanto o prazo prescricional estiver fluindo, o devedor
não pode renunciar ela. Isto para não destruir a sua eficácia prática. Se assim não
fosse o credor poderia inserir uma cláusula abusiva em um contrato. Ex.: o credor

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insere no contrato uma cláusula em que o devedor renuncia (isto é, desiste do
direito de alegar) de forma antecipada, eventual e futura prescrição. A lei proíbe
esta conduta. Caso contrário qualquer credor poderia colocar uma cláusula no
contrato de que o seu direito permaneceria válido e eficaz até o momento que ele,
credor, desejasse e eventualmente ingressasse com a ação judicial. Ou seja,
poderia propor a ação quando quisesse.
Outra coisa: não pode haver renúncia à prescrição quando esta for em
prejuízo de terceiros. Ex.: A deve a B e C determinada quantia (duas dívidas
autônomas). Em relação a B a dívida está prescrita. Resta então A pagar C. No
entanto A renuncia a prescrição em relação a B e paga sua dívida em relação a
ele. A seguir alega que não tem mais dinheiro para pagar C. Ora, a dívida estava
prescrita. B não tinha mais como cobrar a dívida. E A ao pagar B, renunciou à
prescrição, mas prejudicou os direitos de C. Portanto esta conduta não é
permitida. Trata-se de uma evidente fraude contra credores, sendo que C pode
anular a renúncia e pedir a entrega do dinheiro para si.
A renúncia pode ser classificada em:
a) Expressa: o prescribente (pessoa a quem a prescrição aproveitaria; o
devedor) abre mão do direito de forma explícita. Ex.: devedor redige um
documento por escrito abrindo mão da prescrição; como isso possibilita-se ao
credor acionar o devedor exigindo o crédito que estaria prescrito.
b) Tácita: o interessado pratica determinado ato incompatível com a
prescrição. O exemplo clássico é o próprio pagamento da dívida prescrita. Se eu
pago uma dívida que está prescrita, eu estou renunciando tacitamente à
prescrição. Outro exemplo é o requerimento que o devedor faz de “parcelamento
do débito”; com esta conduta ele demonstra que quer pagar a dívida prescrita,
embora em prestações.

Cuidado com as expressões usadas pelos examinadores (todas


erradas): “não pode haver renúncia à prescrição”; “a renúncia só pode ser
expressa”; “só pode ser tácita”; “pode ser expressa ou tácita e ocorrer antes de
sua consumação”, etc.

ALEGAÇÃO (art. 193, CC)


A prescrição pode ser alegada em qualquer fase do processo, mesmo
em grau de recurso pela parte a que aproveita, ou seja, pela parte interessada
com a sua declaração. Uma ação geralmente é interposta perante um Juiz singular
(primeira instância), seguindo um trâmite processual. A prescrição pode ser
alegada em qualquer momento deste trâmite: na contestação, na audiência de
oitiva de testemunhas, nos debates, no julgamento, etc. Após a sentença do Juiz,
as partes podem recorrer da decisão. O processo então será encaminhado para

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um Tribunal, que é o órgão de segunda instância. Também no Tribunal a prescrição
pode ser arguida.

Atenção A doutrina aponta que não é cabível a alegação de prescrição na


fase de liquidação em processo de execução, nem em fase de liquidação da
sentença. Ou seja, o processo de conhecimento já se findou. Agora somente
vamos executar o que ficou decidido anteriormente. Segundo a doutrina, não tem
cabimento alegar a prescrição somente no momento em se vai executar o que já
foi exaustivamente debatido. Também se tem entendido que embora o art. 193
diga que a prescrição possa ser alegada “em qualquer grau de jurisdição”, ela não
poderia ser alegada, pela primeira vez, perante o Superior Tribunal de Justiça
(STJ) e o Supremo Tribunal Federal (STF), pois estes Tribunais são considerados
como instâncias especiais e extraordinárias. Eles somente poderiam conhecer
de recursos nos quais tenha havido prévio debate da matéria em outras
instâncias (chamamos isso de pré-questionamento).

EFEITOS ESSENCIAIS DA PRESCRIÇÃO


• Um contrato não pode conter cláusula declarando que um direito é
imprescritível. Só a lei pode fazê-lo e mesmo assim em circunstâncias muito
especiais, conforme veremos.
• Os prazos prescricionais não podem ser alterados pelos particulares,
ainda que haja um acordo de vontades entre eles (art. 192, CC), seja para
reduzi-los, aumentá-los ou mesmo suprimi-los, uma vez que se trata de
matéria de ordem pública. Não existe prazo prescricional convencional.
Todos os prazos prescricionais são legais. É a lei que determina em que
prazo determinada pretensão prescreve (veremos esses prazos mais
adiante), impedindo que eles sejam alterados.
• Prescrevendo o principal, prescrevem todos os acessórios.
• Antes de consumada é irrenunciável: não se pode renunciar a prescrição
que ainda não ocorreu.
• Os relativamente incapazes (art. 4°, CC) (art. 4°, CC) e as pessoas jurídicas
têm direito a ação regressiva contra os seus assistentes ou representantes
legais que derem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente (art.
195, CC). Ex.: foi nomeado um curador para um rapaz com 16 anos
(relativamente incapaz), sendo que ele possuía um crédito vencido. O curador
(assistente legal) sabe disso, não ingressa com a ação para cobrar o crédito
e ocorre a prescrição. Em relação ao crédito, nada mais pode ser feito; está
prescrito. Mas posteriormente o rapaz poderá acionar o curador em razão de
sua não-alegação do direito. Trata-se de mais uma forma de se proteger e
preservar o patrimônio de incapazes ou das empresas. Entende a doutrina

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que a responsabilidade é subjetiva (é necessária a prova do dolo ou da
negligência do agente).
• Suspensa a prescrição em favor de um credor solidário, somente se
suspenderá a prescrição em favor dos demais se a obrigação for indivisível.
Ex.: Antônio se comprometeu a entregar um cavalo de raça para Bernardo e
Carlos de forma solidária. Assim, eles são credores solidários de um bem
indivisível (o cavalo). Se por algum motivo o prazo prescricional for suspenso
em relação a Bernardo, este prazo, por força de lei (art. 201, CC), também
ficará suspenso em relação a Carlos, pois a obrigação além de solidária é
indivisível. No entanto, se a obrigação for divisível (dinheiro) a prescrição
somente ficará suspensa em relação a Bernardo, correndo normalmente em
relação ao outro credor. Falarei um pouco mais sobre este assunto mais
adiante.

Cuidado Todos os efeitos citados acima têm uma grande incidência em


concursos públicos!!!
Pessoas a quem aproveita
A prescrição pode ser alegada e aproveita tanto às pessoas físicas como às
jurídicas. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra seu
sucessor (art. 196, CC), a título universal (herança) ou singular (legado). Ex.:
Antônio tem um direito de ação em face de Bernardo. Digamos que o prazo
prescricional é de dez anos. Passados sete anos Antônio não ingressou com a ação
e faleceu. Neste caso Carlos, herdeiro de Antônio, disporá apenas do prazo faltante
para exercer a pretensão (ou seja, três anos). O prazo não parou em razão da
morte de Antônio. Ou seja, a morte não interrompe e nem suspende o prazo
prescricional, que continua a fluir normalmente contra os sucessores.
No entanto... (como não podia deixar de ser...) há uma exceção a essa
regra: na hipótese em que o sucessor é absolutamente incapaz. Neste caso a
prescrição não corre (fica impedida ou suspensa, como veremos adiante).
Aproveitando o exemplo acima: Antônio faleceu e Carlos, seu único filho, tem 12
anos de idade. Neste caso a morte de Antônio fará com que o prazo prescricional
fique paralisado (suspenso) e somente se reiniciará quando Carlos completar 16
anos (pois passa a ser relativamente incapaz).
Finalmente em relação a este tópico: prescrevendo o direito principal,
prescrevem também os acessórios. Exemplo: se a dívida principal prescreveu, com
ela prescreveu também a multa contratual (trata-se da aplicação da regra, que
aqui também se aplica, de que “os acessórios acompanham o principal").

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Declaração de Ofício (ex officio)

Indagação Importante: um Juiz, no curso de uma ação judicial, pode


reconhecer a prescrição, mesmo que a outra parte não tenha alegado, ou seja,
mesmo que não tenha sido provocado para decidir a respeito? Ex.: digamos que
uma eventual pretensão já esteja prescrita. Eu tenho ciência deste fato, mas,
assumindo o risco, ingresso com a ação judicial mesmo assim... A outra parte não
alega a prescrição (dizemos na gíria que ela “engoliu barriga” ou “comeu bola”).
O Juiz percebe que ocorreu a prescrição. Pergunto: pode o Juiz reconhecer a
prescrição sem que a mesma tenha sido alegada (chamamos isso de declaração
ex officio)?
A lei era taxativa no sentido de que o Juiz não podia suprir de ofício a
alegação de prescrição, salvo se favorecesse a pessoa absolutamente incapaz.
Era o que dispunha o art. 194, CC. No entanto a Lei n° 11.280 de 16 de fevereiro
de 2006 revogou o art. 194, CC e alterou o dispositivo do anterior CPC a
respeito. Ocorre que a redação do CPC/2015 assim dispõe sobre o tema:
Art. 332, §1°: “O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido
se verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição”. No entanto,
estabelece o parágrafo único do art. 487: “Ressalvada a hipótese do §1° do
art. 332, a prescrição e a decadência não serão reconhecidas sem que antes seja
dada às partes oportunidade de manifestar-se”.
Concluindo: atualmente o Juiz pode reconhecer a prescrição (e também a
decadência) independentemente de requerimento da outra parte liminarmente
(logo que a demanda foi proposta). No entanto, sendo a outra parte citada e
instaurada a relação processual o juiz somente poderá reconhecer a prescrição e
a decadência depois de dar às partes oportunidade para manifestação.
Requisitos para se reconhecer a prescrição
• Pretensão a ser exercida: a pretensão nasce com a violação de um direito.
• Inércia do titular desta pretensão: não exercício do direito.
• Decurso de prazo: continuidade da inércia durante certo lapso de tempo
fixado em lei.
• Ausência de algum fato ou ato a que a lei confira eficácia impeditiva,
suspensiva ou interruptiva de curso prescricional, conforme veremos logo
adiante.

Causas Impeditivas, Suspensivas e Interruptivas da Prescrição


Como vimos, violado o direito subjetivo surge a pretensão. E a partir daí
começa a correr o prazo prescricional para se ingressar com a ação adequada. No
entanto a lei prevê situações em que o prazo sequer inicia seu fluxo, ainda que já
surgida a pretensão (são as causas impeditivas) ou que suspendem o curso da

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prescrição já iniciada (causas suspensivas) ou fazem com que o prazo seja
reiniciado (causas interruptivas).

A relação das hipóteses impeditivas, suspensivas e interruptivas é


taxativa. Ou seja, as causas estão expressamente previstas na lei, não se
podendo fazer uma “interpretação extensiva”. Estas causas só podem ser
estabelecidas por lei (trata-se de norma de ordem pública). Vejamos cada uma
das situações previstas no Código Civil.

CAUSAS IMPEDITIVAS E SUSPENSIVAS


(arts. 197, 198 E 199, CC)

A expressão “não corre a prescrição” (prevista nos artigos 197, 198, 199
e 200, CC) indica uma causa impeditiva ou suspensiva do prazo prescricional.
A diferença entre impedimento e suspensão é sutil. Ambas possuem o mesmo
regime jurídico. Porém se diferenciam:
Causas impeditivas são circunstâncias que impedem que o curso
prescricional se inicie, em razão do estado de uma pessoa individual ou
familiar (atendendo a razões de confiança, amizade, parentesco e de ordem
moral). A contagem do prazo não se inicia enquanto durar a impossibilidade
jurídica do impedimento. Ou seja, se o prazo ainda não começou a fluir a
causa ou obstáculo impede que ele comece.
Causas suspensivas são circunstâncias que paralisam temporariamente
o prazo prescricional que já estava em curso, sem prejuízo do tempo já
decorrido. O prazo prescricional vinha fluindo normalmente, sendo que
ocorreu um fato que o fez paralisar. Neste momento a contagem do prazo
fica suspensa. Superado esse fato, o prazo prescricional volta a correr de
onde parou, aproveitando-se e computando-se o prazo já decorrido antes do
fato.

Resumindo: nas causas impeditivas o prazo nem começou a contar; nas


causas suspensiva o prazo começou a fluir, mas parou, voltando a contagem
quando cessar o motivo da “parada”.

Impedimento do Prazo Prescricional


ANOS

IMPEDIMENTO 1º 2º 3º 4º 5º

O prazo somente começa a fluir após a cessação da circunstância que


impede que o curso prescricional se inicie.

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Suspensão do Prazo Prescricional
Ano Ano
1º 2º 3º 4º 5º
Prazo
Fluxo de prazo Cessada a
prescricional de 05 anos, Suspenso suspensão, o prazo
onde já decorreram 03 anos. retoma seu fluxo
pelo saldo (no caso
são mais 02 anos).

NÃO CORRE A PRESCRIÇÃO:


Entre os cônjuges na constância da sociedade conjugal (art. 197, I, CC).
Observem que dependendo do momento em que a dívida venceu pode ser
hipótese de impedimento ou de suspensão do prazo. Ex.: uma mulher
empresta determinada quantia a seu namorado. Antes do vencimento da
dívida credora e devedor se casam (não importa saber qual o regime de bens
adotado pelo casal). O prazo prescricional sequer se inicia, pois não corre
prescrição na constância do casamento. É hipótese de impedimento. Se o
marido não pagar a dívida e eles se separarem a mulher teria (ao menos em
tese) o direito de cobrar a dívida. No entanto se a dívida venceu antes do
casamento, o prazo prescricional já se iniciou, começou a correr... Após isso,
sem que haja o pagamento da dívida, credora e devedor se casam. Neste
momento o prazo fica suspenso. Se eles se separarem o prazo prescricional
voltará a fluir pelo tempo que ainda resta. Enunciado 296 da IV Jornada de
Direito Civil do CJF: “Não corre prescrição entre os companheiros, na
constância da união estável”.
Entre ascendentes e descendentes durante o poder familiar (art. 197,
II, CC). Exemplo: vamos supor que um casal se divorciou, sendo que eles
tinham um filho com oito anos; a guarda do menor ficou com a mãe e o pai foi
obrigado, por sentença judicial, a prestar pensão alimentícia mensal a seu
filho. Ocorre que o pai nunca cumpriu a obrigação. A prescrição somente terá
início quando o filho completar 18 anos (fim do poder familiar), pouco
importando se o pai ou a mãe contraíram novas núpcias.

Observação: há uma polêmica se a prescrição corre entre avós e netos, pois


a lei foi genérica (“ascendentes e descendentes”). Não há dúvidas de que avós e
netos estão numa relação de parentesco em linha reta. O avô é ascendente do
neto, e, consequentemente, o neto é descendente do avô. Ocorre que o dispositivo
legal também exige que haja uma relação de “poder familiar”. Como somente há
poder familiar entre pais e filhos (art. 1.630, CC) entende-se que entre avô e neto
pode correr a prescrição. E mesmo que se tratasse de tratasse de pais e filhos,
não haveria causa de impedimento ou suspensão da fluência do prazo prescricional
caso houvesse sido afastado o poder familiar (ex.: procedimento judicial de
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destituição, maioridade, etc.). Neste sentido já caiu uma questão elaborada pelo
CESPE (Advogado SERPRO – 2013).
Entre tutelados ou curatelados e seus tutores e curadores, durante a
tutela ou curatela (art. 197, III, CC). É a mesma justificativa em relação ao
menor e seus pais. Protege-se, assim, o interesse do incapaz quanto à falta de
zelo de seus representantes legais (tutores e curadores).
Contra os incapazes de que trata o art. 3°, CC (art. 198, I, CC). Ex.: vamos
imaginar que uma pessoa que é credora de outra, faleça. O de cujus (falecido)
deixou um filho que tem oito anos de idade. Essa criança nem ao menos sabe
de seus direitos e que têm créditos a receber. Por isso, para protegê-la, o CC
determina que não corre prescrição contra ela, pois é absolutamente incapaz.
Aguarda-se, assim, que complete 16 anos (e seja relativamente incapaz);
somente a partir daí o fluxo do prazo prescricional terá início. No entanto a
prescrição pode correr “a favor” dos absolutamente incapazes. Ex.: quando o
incapaz é o devedor e o credor não o aciona no tempo certo; neste caso opera-
se a prescrição, pois ela foi favorável ao incapaz.

Resumindo:
a) Prescrição contra absolutamente incapazes → não corre.
b) Prescrição contra relativamente incapazes → corre normalmente.
c) Prescrição a favor de incapazes (absoluta ou relativamente) → corre
normalmente.

Contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados,


ou dos Municípios (art. 198, II, CC).
Contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de
guerra (art. 198, III, CC).
Pendendo condição suspensiva (art. 199, I, CC): acompanhem o
desenvolvimento lógico neste exemplo: eu lhe darei um carro se você passar
no concurso (condição suspensiva). Enquanto você não passar no concurso,
isto é, enquanto a condição não for realizada, você não adquire o direito. Se
não houve a aquisição do direito, ainda não há uma ação para proteger o
direito. E se não há uma ação que se possa exercitar o prazo prescricional não
se inicia.
Não estando vencido o prazo (art. 199, II, CC). Trata-se do mesmo princípio
do item anterior. Se o prazo de uma dívida ainda não venceu, ainda não se
pode exigir o seu pagamento. E se ainda não se pode exigi-lo o prazo
prescricional também não pode ter início.
Pendendo ação de evicção (art. 199, III, CC), suspende-se também a
prescrição em andamento. Evicção é a perda da propriedade para terceiro em

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virtude de ato jurídico anterior e de sentença judicial. Exemplo: há um litígio
para se saber quem é o proprietário de um imóvel. Enquanto não resolvido
este litígio definitivamente, o prazo prescricional não pode ter início. Mais uma
vez trata-se do princípio da actio nata (a prescrição não corre enquanto não
nascer a ação possível de ser ajuizada).
Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo
criminal não correrá a prescrição antes da respectiva sentença
definitiva (art. 200, CC). Ex.: foi instaurado um processo criminal em que A
é acusado de matar B. A alega que não matou (negativa de autoria). Neste
caso a decisão criminal irá influir no Direito Civil. Em regra, há independência
entre as esferas criminal, civil e administrativa (art. 935, CC). Mas em algumas
situações (ex.: a existência ou não do fato delituoso e a negativa de autoria),
a decisão criminal faz coisa julgada no cível. Portanto, deve-se aguardar o
desfecho do processo criminal. Somente depois que a questão for resolvida no
Juízo Criminal (decisão final com trânsito em julgado), apontando a autoria e
a materialidade do delito é que se inicia o prazo prescricional. No nosso
exemplo: aguarda-se a sentença criminal. Se A for condenado criminalmente,
a partir desta condenação inicia-se o prazo de prescrição para que os familiares
de B ingressem com eventual ação de reparação de danos pela prática do ato
ilícito no Juízo Cível.

Vejamos agora um exemplo prático em relação aos efeitos da


suspensão da prescrição: imaginem um direito qualquer, cujo prazo
prescricional previsto na lei seja de cinco anos. Passaram-se três anos e a pessoa
não entrou com a ação judicial adequada. Após esse período (três anos), surge
uma causa suspensiva da prescrição. A partir deste momento o prazo fica
paralisado, suspenso. Durante o período em que o prazo esteve parado, ele não é
computado. Posteriormente a circunstância que fez com que o prazo fosse
suspenso, deixou de existir. O prazo volta a correr. O credor tem direito de
ingressar com a ação de cobrança. Mas só pelo prazo que resta. No exemplo dado
só restam dois anos. Ou seja: cinco anos (prazo inicial) menos três anos (prazo
que já havia ocorrido), é igual a dois anos (o que ainda resta). Assim, é esse o
prazo que resta para se ingressar com a ação, antes do prazo fatal da prescrição.
O prazo volta a correr contado da data em que havia parado.

Observação Importante
Vamos reforçar e aprofundar um tema já visto, mas que é muito
importante. Quando um examinador deseja tornar a prova mais difícil, utiliza o
dispositivo previsto no art. 201, CC: “Suspensa a prescrição em favor de um dos
credores solidários, só aproveitam os outros se a obrigação for indivisível”.

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Se uma obrigação tiver credores solidários (ou seja, duas ou mais
pessoas são credoras de outra e qualquer desses credores pode exigir do devedor
a prestação por inteiro), mas o objeto é divisível (ex.: dinheiro) e ocorreu uma
causa de suspensão de prescrição para apenas um dos credores, a prescrição
ficará suspensa apenas em relação este credor (ou seja, em relação aos demais
credores o prazo continua a correr normalmente). Exemplo: três pessoas são
credoras de uma quarta de uma importância em dinheiro. Um dos credores se
tornou absolutamente incapaz. Neste caso o prazo prescricional somente não corre
(fica suspenso) contra o incapaz, correndo normalmente contra os demais, pois a
obrigação de entregar dinheiro é divisível.
Por outro lado, se a obrigação solidária for indivisível, uma vez suspensa a
prescrição em favor de um dos credores, tal suspensão aproveitará (será
estendida) aos demais credores. Exemplo: dois credores, sendo que um tem 13
anos (absolutamente incapaz) têm direito de receber um cavalo puro-sangue
reprodutor (obrigação indivisível). Neste caso o prazo prescricional somente
começará a fluir para todos quando o incapaz completar 16 anos (pois a partir daí
ele deixa de ser absolutamente incapaz). Isso porque, sendo o direito indivisível,
a prescrição também fica “indivisível” (aproveita a todos).

Resumindo:
Suspensa a prescrição para um dos credores solidários:
a) Obrigação divisível (ex.: dinheiro) → a suspensão não se estende aos
demais credores e continua a correr normalmente para eles.
b) Obrigação indivisível (ex.: cavalo) → a suspensão se estende aos demais
credores; o prazo prescricional fica paralisado para todos.

CAUSAS INTERRUPTIVAS
(arts. 202 a 204, CC)

São circunstâncias que impedem o fluxo normal do prazo prescricional,


inutilizando o tempo já decorrido, de modo que o prazo recomeça a correr
a partir da data do ato que o interrompeu, ou seja, o período já decorrido é
inutilizado e o prazo volta a correr novamente por inteiro. A contagem recomeça
do zero. Exemplo: o prazo prescricional é de cinco anos. Após três anos de fluência
de prazo foi o mesmo interrompido. Este prazo recomeça do zero. A parte tem
mais cinco anos para entrar com a ação apropriada. O efeito é instantâneo: o
prazo recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do
processo para a interromper.

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Suspensão X Interrupção
A grande diferença ente suspensão e interrupção da prescrição é que na
suspensão o prazo é temporariamente paralisado, de forma que superado o fato
suspensivo, a prescrição continua a correr computando-se o tempo que já tinha
decorrido (recomeça a correr pelo tempo faltante). Já na interrupção a causa
interruptiva faz com que o prazo já iniciado seja desconsiderado, começando a ser
contado de novo desde o início.
Outra coisa: Na interrupção, em regra, exige-se um comportamento
ativo, uma provocação do credor (ex.: protesto ou notificação judicial). Já na
suspensão exige-se apenas a ocorrência de um fato previsto na lei; ocorrido este,
o prazo prescricional é suspenso de forma automática.

São causas que INTERROMPEM a prescrição (art. 202, CC):


Despacho do Juiz, mesmo incompetente, que determinar a citação, se
o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual. Aqui é
necessário fazer uma conexão com o novo Código de Processo Civil: Art. 240:
A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente, induz
litispendência, torna litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor, ressalvado
o disposto nos arts. 397 e 398 da Lei n° 10.406/2002 (Código Civil). §1° A
interrupção da prescrição, operada pelo despacho que ordena a
citação, ainda que proferido por juízo incompetente, retroagirá à data
de propositura da ação. §4° O efeito retroativo a que se refere o §1° aplica-
se à decadência e aos demais prazos extintivos previstos em lei.
Protesto judicial (trata-se de uma ação judicial, na verdade uma medida
cautelar prevista no CPC) ou protesto cambial (ou seja, o protesto
extrajudicial de um título de crédito como o protesto de um cheque, de uma
nota promissória ou de uma duplicata). Ambas as situações se destinam a
prevenir responsabilidade, ressalvar e conservar direitos ou manifestar
qualquer intenção de modo formal. Tais providências refletem um
comportamento ativo do credor, demonstrando a sua intenção de agir, de ver
seu crédito pago, constituindo o devedor em mora e interrompendo a
prescrição.
A apresentação do título de crédito em juízo de inventário, ou em
concurso de devedores. A habilitação do credor em inventário, na falência ou
nos autos de insolvência civil, constitui comportamento que também
demonstra a intenção do credor em interromper a prescrição.
Qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor. Mora é o
retardamento no cumprimento de uma obrigação. Assim, “constituir o devedor
em mora” é um ato do credor fixando a responsabilidade do devedor no
retardamento da obrigação. Ex.: interpelação judicial, notificação judicial,

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ações cautelares de uma forma geral, etc. Cuidado: a notificação extrajudicial
(feita por Cartórios – Ofícios de Registro de Títulos e Documentos) não
interrompe o prazo prescricional.
Qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe
reconhecimento do direito do devedor. Ex.: pagamento de uma parcela do
débito, pedido de prorrogação de prazo para pagamento da dívida, etc. (nesta
hipótese não há uma atividade do credor, mas sim do devedor).

Atenção No Direito Civil a interrupção da prescrição só pode ocorrer


uma única vez (art. 202, CC). Tal restrição é benéfica, evitando inúmeras
interrupções abusivas, a má-fé e o adiamento da solução das pendências.

Exemplo prático de uma hipótese de interrupção do prazo de prescrição:


imaginem novamente um direito qualquer, cujo prazo prescricional seja de cinco
anos. Passaram-se três anos e a pessoa não entrou com a ação judicial. Após esse
prazo, surge uma causa interruptiva da prescrição (ex.: credor ingressa com uma
notificação ou protesta um título de crédito). Neste caso o prazo “zera”, ou seja,
volta à estaca zero. O prazo reinicia o seu curso. A pessoa tinha cinco anos para
exercer o direito. Passaram-se três e não exerceu. Com a interrupção devolve-se
o prazo de cinco anos para ingressar com a ação principal. Observem o quadro
abaixo:

Interrupção do Prazo Prescricional


Ano Ano
1º 2º 3º 1º 2º 3º 4º 5º
Fluxo de um prazo Interrompido, o prazo fluirá
prescricional de 05 Prazo por mais 05 anos; inicia-se
anos, onde já Interrompido novamente, mas por apenas
decorreram 03 anos. uma vez mais.

Quem pode promover a interrupção da prescrição?


Nos termos do art. 203, CC, a interrupção da prescrição poderá ser
promovida pelo próprio titular do direito e também por aqueles que tenham algum
interesse jurídico (ainda que não sejam credores diretos). Assim, têm
legitimidade para o ato:
• O próprio titular do direito.
• Quem legalmente o represente (ex.: assistentes dos relativamente incapazes,
mandatários, representantes da pessoa jurídica, etc.).
• Terceiros que tenham legítimo interesse (ex.: credor, herdeiro, fiador ou
avalista da pessoa que tem crédito a receber e que está em via de prescrição,
etc.).

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Reflexos da interrupção da prescrição (art. 204, CC)
Eis outro dispositivo que os examinadores gostam para complicar um
pouco... Em princípio a interrupção da prescrição beneficia apenas quem a
promove. Assim, em regra, no caso de pluralidade de credores, o fato de um
credor promover a interrupção, tal fato beneficiará apenas quem alegou a
interrupção, não se estendendo aos demais credores. Da mesma forma, como
regra, se houver a pluralidade de devedores e o credor interrompeu a prescrição
em relação a apenas um deles, este fato prejudicial não será estendido aos demais
devedores. No entanto há exceções:
• Se for obrigação solidária (passiva ou ativa) a interrupção efetuada contra
um devedor atingirá (prejudicando) os demais; e a interrupção aberta por um
dos credores atingirá (beneficiando) os demais. Isto porque na solidariedade
os vários credores são considerados com um só credor e, da mesma forma,
todos os devedores são considerados como um só devedor.
• A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não
prejudicará os outros herdeiros, a menos quando se tratar de obrigação
indivisível (ex.: entrega de um cavalo). Isto porque a solidariedade não se
transmite aos herdeiros, salvo se a obrigação for indivisível.
• Finalmente, se um credor interrompe a prescrição contra o devedor de uma
obrigação principal (ex.: locação), interrompe-se, também, eventual prazo
prescricional contra o devedor da obrigação acessória (ex.: fiança). Lembrem-
se mais uma vez da regra: “o acessório segue o principal”.

PRAZOS PRESCRICIONAIS
Prazo prescricional é o espaço de tempo que decorre entre seu termo inicial
e final. O art. 205, CC optou por um critério simplificado de 10 anos para o prazo
prescricional geral, tanto para as ações pessoais como para as reais, salvo
quando a lei não lhe haja fixado prazo menor. Assim, para sabermos em quanto
tempo prescreve uma determinada ação, devemos proceder da seguinte forma:
primeiramente verificamos se a ação que desejamos propor está prevista em
algum dos parágrafos do art. 206, CC. Se encontrarmos a situação prevista em
algum dispositivo, o prazo é o nele determinado expressamente. Porém, se
analisamos todas as situações legais e não encontramos a ação que desejamos
propor aplica-se a regra geral de 10 anos do art. 205, CC. Assim, temos duas
espécies de prazo:
Ordinário (ou comum): 10 (dez) anos em ações pessoais (ex.: uma ação
de cobrança que envolve duas pessoas: credor e devedor) ou reais (ex.: uma
ação que envolve posse, propriedade, hipoteca, etc.), alusivas ao patrimônio
do titular da pretensão. Art. 205, CC: “A prescrição corre em dez anos,
quando a lei não lhe haja fixado prazo menor”.

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Especial: são prazos mais exíguos (de um a cinco anos), pois há uma
presunção de que é conveniente reduzir o prazo geral para possibilitar o
exercício de certos direitos de forma a evitar que acontecimentos do passado
remoto possam ainda ser questionados. Estão previstos no art. 206 e todos
os seus parágrafos do CC. A diferença dos prazos repousa em uma valoração
feita pelo legislador, bem como em condições pessoais dos titulares das
pretensões. Não se discute se eles são longos ou curtos; são fixados pela
lei, que é a única fonte deles em nosso sistema.
Destacamos como mais importantes (somente pelo fato de que há maior
incidência em concursos públicos):
02 (dois) anos: pretensão para haver prestações alimentares, a partir da
data em que se vencerem. É a única hipótese que prescreve em dois anos.
Observação Importante: É interessante deixar claro que o direito aos
alimentos é imprescritível (a fome reclama urgência!). O direito não cessa
pelo seu não exercício. A qualquer tempo, surgindo a necessidade, eles
poderão ser pleiteados. O que se opera é a prescrição em relação aos valores
dos alimentos vencidos, ou seja, as prestações alimentares fixadas
judicialmente e não pagas e nem exigidas no prazo legal. Lembrando,
também, que o não pagamento da pensão alimentícia fixada em sentença
judicial pode gerar a prisão do devedor inadimplente. Esta prisão, autorizada
pela atual Constituição Federal, está plenamente justificada em face do bem
jurídico protegido, que no caso é a sobrevivência digna de seres humanos
incapazes de prover seu próprio sustento.
03 (três) anos: pretensão de reparação por ato ilícito (ou seja, este é o
prazo prescricional para as ações de responsabilidade civil em geral, em
relação a danos materiais e/ou morais); conta-se o prazo a partir da data da
prática do ato (e não após a constatação de eventual incapacidade para o
trabalho). Outras: pretensão para haver o pagamento de títulos de crédito,
a contar do vencimento (ressalvadas as disposições de lei especial);
pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos.
04 (quatro) anos: pretensão relativa à tutela, a contar da data da aprovação
das contas (é a única hipótese que prescreve em quatro anos).
05 (cinco) anos: pretensão dos profissionais liberais em geral (médicos,
advogados, contadores, etc.), pelos seus honorários, contado o prazo da
conclusão do serviço.
VAMOS AGORA CITAR TODOS OS PRAZOS PRESCRICIONAIS
Art. 206, §1°, CC: Prescrevem em 01 (um) ano:
a) A pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a
consumo no próprio estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos
alimentos.

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b) A pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele,
contado o prazo:
– Para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em
que é citado para responder à ação de indenização proposta pelo terceiro
prejudicado, ou da data que a este indeniza, com a anuência do segurador;
– Quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão.
c) A pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais,
árbitros e peritos, pela percepção de emolumentos, custas e honorários;
d) A pretensão contra os peritos, pela avaliação dos bens que entraram para a
formação do capital de sociedade anônima, contado da publicação da ata da
assembleia que aprovar o laudo;
e) A pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou acionistas e os
liquidantes, contado o prazo da publicação da ata de encerramento da liquidação
da sociedade.
Art. 206, §2°, CC: Prescreve em 02 (dois) anos:
A pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se
vencerem.
Art. 206, §3°, CC: Prescrevem em 03 (três) anos:
a) A pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos.
b) A pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou
vitalícias.
c) A pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações
acessórias, pagáveis, em períodos não maiores de um ano, com capitalização
ou sem ela.
d) A pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa;
e) A pretensão de reparação civil.
f) A pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má-fé,
correndo o prazo da data em que foi deliberada a distribuição.
g) A pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por violação da lei ou
do estatuto, contado o prazo:
– Para os fundadores, da publicação dos atos constitutivos da sociedade
anônima;
– Para os administradores, ou fiscais, da apresentação, aos sócios, do
balanço referente ao exercício em que a violação tenha sido praticada, ou
da reunião ou assembleia geral que dela deva tomar conhecimento;
– Para os liquidantes, da primeira assembleia semestral posterior à violação.
h) A pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do
vencimento, ressalvadas as disposições de lei especial.
i) A pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado,
no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório. Não confundir essa
hipótese com a prevista no art. 206, §1°, CC, pois essa última trata do contrato
de seguro (voluntário), enquanto que o art. 206, §3° trata do seguro
obrigatório. Ex.: DPVAT – Danos Pessoais causados por Veículos Automotores

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de vias Terrestres. Ele é obrigatório, pois há a Lei n° 6.194/74 determina a
obrigatoriedade de seu pagamento. Observe que, na definição não se
enquadram trens, barcos, bicicletas e aeronaves e nem cobre danos materiais
(roubo, colisão ou incêndio do veículo), somente danos pessoais.
Art. 206, §4°, CC: Prescreve em 04 (quatro) anos:
– A pretensão relativa à tutela, a contar da data da aprovação das contas.
Art. 206, §5°, CC: Prescrevem em 5 (cinco) anos
a) A pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento
público ou particular.
b) A pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais,
curadores e professores pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão
dos serviços, da cessação dos respectivos contratos ou mandato.
c) A pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo.

Observação Importante Contas de água, luz, gás, etc. e


descumprimento contratual. Não há uma posição definitiva sobre a prescrição
das contas de água, luz, gás, telefone, etc. A doutrina majoritária afirma que a
prescrição seria de cinco anos (encaixaria na situação “dívidas líquidas constantes
de instrumento particular”). No entanto tenho visto decisões judiciais (inclusive do
STJ) que apontam o prazo de dez anos, isso porque, como a situação não se
amolda perfeitamente em uma das situações específicas previstas em lei, deve ser
aplicada a regra geral do art. 205, CC. Pelo mesmo motivo (ausência de prazo
expressamente previsto no art. 206, CC), o STJ vem decidindo que os danos
decorrentes de descumprimento contratual podem ser pleiteados em até dez
anos, de acordo com a regra geral do art. 205, CC, que estabelece esse prazo
quando a lei lhe não fixar prazo menor.

AÇÕES IMPRESCRITÍVEIS
A prescritibilidade é a regra. No entanto, há exceções. São
imprescritíveis as ações que versam sobre:
• Os direitos que protegem a personalidade, como a vida, a honra, o
nome, a liberdade, a intimidade, a própria imagem, as obras literárias,
artísticas ou científicas, etc.
• O estado da pessoa, como filiação (ex.: investigação de paternidade),
condição conjugal (separação judicial, divórcio), interdição dos incapazes,
cidadania, etc. Uma pergunta que sempre me fazem é a seguinte: um filho
nascido fora de um casamento pode mover ação de investigação de
paternidade a qualquer momento? Não há prescrição para isso? Quanto a
este tema há uma Súmula do Supremo Tribunal Federal a respeito (n° 149):
“É imprescritível a ação de investigação de paternidade, mas não o é a de
petição de herança”. Portanto não há prazo par mover ação de investigação
de paternidade. No entanto, a ação de petição de herança prescreve.

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Como vimos os prazos prescricionais especiais estão previstos no art. 206,
CC. A petição de herança não está prevista naquele rol. Logo cai na regra
geral do art. 205, CC, cujo prazo é de 10 anos (contados a partir da abertura
da sucessão, ou seja, da morte do de cujus).
• O direito de família no que concerne à questão inerente à pensão
alimentícia, vida conjugal, regime de bens, etc.
• Ações referentes aos bens públicos de qualquer natureza. Lembrem-se
que não pode haver usucapião de bens públicos, conforme o art. 102,
CC. Súmula 340 STF: “Desde a vigência do Código Civil, os bens
dominicais, como os demais bens públicos, não podem ser adquiridos por
usucapião”. Usucapião não deixa de ser uma espécie de prescrição. Alguns
autores inclusive a chamam de prescrição aquisitiva.
• Ação para anular inscrição do nome empresarial feita com violação de lei
ou do contrato (art. 1.167, CC).

Observações Finais sobre Prescrição


1) Quando se inicia e quando termina a contagem do prazo
prescricional? Em relação à contagem dos prazos, prevalece o princípio que
prevê a exclusão do primeiro dia e inclusão do dia do vencimento. Se o dia
final cair em um sábado, domingo ou feriado, prorroga-se para o primeiro dia útil
subsequente. Isso foi harmonizado em razão de dispositivo do Código Civil (art.
132: Salvo disposição legal ou convencional em contrário, computam-se os
prazos, excluído o dia do começo, e incluído o do vencimento). O STJ também já
firmou esse entendimento.

2) O que é prescrição intercorrente? É a prescrição que ocorre dentro


do próprio processo, ou seja, o prazo prescricional corre mesmo após a ação ter
sido proposta. Isso pode ocorrer no processo civil? Em geral, o STJ entende
que a prescrição intercorrente não pode ocorrer no processo civil
brasileiro (Súmula 106: “Proposta a ação no prazo fixado para o seu exercício,
a demora na citação, por motivos inerentes ao mecanismo da Justiça, não justifica
o acolhimento da arguição de prescrição ou decadência”), uma vez que o
reconhecimento da prescrição intercorrente sacrificaria o credor por conta da
demora do Poder Judiciário. No entanto, o próprio STJ entende ser possível o
reconhecimento da prescrição intercorrente em uma situação específica.
Vejamos. Agravo Regimental no Recurso Especial 1.245.412-MT, Rel. Min. Luis
Felipe Salomão (DJ 17.06.2015): “(...) De acordo com precedentes do Superior
Tribunal de Justiça, a prescrição intercorrente só poderá ser reconhecida no
processo executivo se, após a intimação pessoal da parte exequente para dar
andamento ao feito, a mesma permanece inerte”.

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II. DECADÊNCIA
(arts. 207 a 211, CC)

Como vimos, direito subjetivo é a faculdade que o ordenamento


reconhece a alguém de exigir de outrem determinado comportamento. Entretanto
existem alguns direitos subjetivos que não fazem nascer pretensões, pois são
destituídos dos respectivos deveres. O objetivo desses direitos é constituir,
modificar ou desconstituir relações jurídicas. Eles são chamados de potestativos.
DIREITO POTESTATIVO é o poder que o agente tem de influir na esfera
jurídica de outrem, constituindo, modificando ou extinguindo direitos, sem que
este possa fazer qualquer coisa, senão sujeitar-se a sua vontade. Ex.: aceitar ou
renunciar à herança. Ninguém pode me obrigar a aceitar uma herança; eu aceito
se eu quiser. E a minha conduta em não aceitar a herança pode refletir em outras
pessoas (nos meus filhos que não terão direito a estes bens, nos outros herdeiros
que poderão acrescer o seu quinhão, etc.). Mas estas outras pessoas (lado passivo
da relação jurídica) limitam-se apenas em se sujeitar ao exercício da minha
vontade. Por isso a doutrina costuma usar a seguinte expressão: direito
potestativo é um direito de sujeição. Observem que não há um dever da minha
parte. E, não havendo dever, não se pode falar em descumprimento.
Consequentemente, não há pretensão.
Outro exemplo: uma jovem se casou e descobre posteriormente que seu marido
é um bandido perigoso e procurado pela justiça por já ter sido condenado. Neste
caso ocorreu o chamado “erro essencial sobre pessoa”, prevista no art. 1.557, II,
CC. Esta jovem pode anular seu casamento. E possui um prazo decadencial de
03 (três) anos para isso, de acordo com o art. 1.560, III, CC. Mas ninguém pode
obrigá-la a isso. Ela ingressará com a ação anulatória “se quiser”. Mas não o
fazendo no prazo, não poderá mais fazê-lo. Pode até se separar por outro motivo,
mas não anular o casamento. Notem que nos exemplos fornecidos não há uma
relação de crédito e débito (como na prescrição); não tem por conteúdo uma
contraprestação. Não há sequer pretensão, por isso não há o direito de exigir ou
cobrar um crédito. Outros exemplos: aceitar ou não a proposta de um contrato
de locação ou de oferta de emprego; possibilidade do patrão em demitir ou não
um funcionário, etc.
Observem: o tempo limita o exercício dos direitos potestativos pela inércia do
respectivo titular. Caducidade (em sentido amplo) significa extinção de direitos de
uma forma geral. Já a expressão decadência é usada em sentido estrito,
consubstanciando na perda dos direitos potestativos, uma vez que foi
ultrapassado o prazo que a lei estabeleceu para o seu exercício. Reforce-se: o
prazo para o exercício de um direito potestativo é sempre decadencial.

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DIRETO AO PONTO Decadência é a perda do direito potestativo (e não
da pretensão do titular de um direito subjetivo, como na prescrição) em razão de
seu não exercício em um prazo pré-determinado.

Como falei acima, o Código Civil atual apresenta mais uma inovação
quanto ao tema, disciplinando, expressamente, a decadência nos arts. 207 a
211. Com a decadência, extingue-se próprio direito existente pelo seu não
exercício no prazo estabelecido, de modo que nada mais resta. Em concursos é
muito comum o uso da “decadência é a perda de um direito potestativo”.
O Código Civil estabelece prazos para que a pessoa exerça o seu direito
potestativo. Não se exercendo este direito dentro de determinado prazo, por não
haver neste direito uma prestação, ela jamais poderá fazê-lo; tem-se a extinção
do próprio direito.
Se alguém paga um débito cujo prazo eventualmente já havia sido atingido
pela decadência, essa pessoa tem direito à restituição da importância paga,
porque não mais existia o direito àquele crédito. Lembrem-se que se alguém pagar
algo que estava prescrito não pode pedir de volta o que pagou. O pagamento
valeu. Por quê? Porque o direito material ainda existia. Mas se alguém paga algo
em que ocorreu a decadência, pode pedir o dinheiro de volta, pois pagou algo que
não existe mais, sob o ponto de vista jurídico. Não há mais o direito material.
Costumamos dizer que ainda existe a dívida sob o ponto de vista moral;
moralmente a pessoa ainda estaria devendo. Mas juridicamente a dívida não mais
existe, pois a decadência atingiu o próprio direito; a dívida em si.

Decadência X Prescrição
Entre muitas outras diferenças (elaboramos um quadro comparativo mais
adiante), a doutrina costuma enfatizar o seguinte:
Embora inércia do titular do direito e decurso de tempo para o exercício
desse direito sejam seus pontos comuns, na decadência o prazo começa a fluir no
momento em que nasce o direito; surge, simultaneamente com o direito
potestativo. Já o prazo prescricional só se inicia quando o direito é violado; quando
ocorre a lesão ao direito subjetivo. Além disso, os prazos prescricionais resultam
exclusivamente da lei; já na decadência, como veremos, os prazos podem ser
legais ou convencionais.

Enquanto a prescrição atinge a pretensão (direito subjetivo), a


decadência atinge o próprio direito, o direito material (direito
potestativo).

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Atenção

Direito de Ação X Direito Material


Para ficar bem claro que na prescrição perde-se o direito à pretensão e na
decadência perde-se o direito material, costumo sempre diferenciar o que é um
direito material e o que é um direito de ação. Já falamos sobre isso. Vamos
reforçar... Vou inicialmente usar um exemplo do Direito Penal. A nossa
Constituição Federal estabelece uma série de Direitos e Garantias. Um deles é o
direito de locomoção; o direito de ir, vir e permanecer (art. 5°, inciso LXVIII).
Logo o direito de locomoção é um direito propriamente dito, é um direito material.
Se uma autoridade viola esse direito, ou seja, determina a prisão da pessoa de
forma ilegal, o que esta pessoa deve fazer?? Ingressar com uma ação!!! Qual o
nome desta ação? – Habeas Corpus. O Habeas Corpus é, então, uma ação.
Portanto: Direito Material → o direito de locomoção; a liberdade. Direito de Ação
→ Habeas Corpus. Outro exemplo, agora no Direito Civil: eu empresto
determinada quantia de dinheiro a um conhecido. Qual é o meu direito? De receber
de volta o dinheiro que eu emprestei (direito ao crédito). Este é o meu direito
material; o meu direito propriamente dito. Se a pessoa não me paga o que está
devendo, está violando meu direito material. O não pagamento da dívida faz
“nascer” o meu direito à pretensão. Ou seja, o meu direito de cobrar judicialmente
o que ele me deve. Portanto: Direito Material → o de receber o que eu emprestei;
Direito de Ação → a ação de cobrança que devo propor.

Direitos Subjetivos X Direitos Potestativos


Os direitos subjetivos envolvem uma prestação do devedor. As
ações decorrentes da violação do direito subjetivo têm natureza condenatória,
sujeitas a prazos prescricionais. Ou seja, seu eu ingresso com uma ação contra
o réu eu desejo que ele seja condenado a cumprir a obrigação a que se
comprometeu. Ex.: todas as ações de cobrança em geral pela qual se pretende
que o réu pague determinada quantia em dinheiro ou cumpra determinada
prestação.
Já os direitos potestativos revelam uma sujeição de uma pessoa à
outra, sendo que seu exercício independe da vontade da outra pessoa. As ações
decorrentes do exercício de direitos potestativos (que não são suscetíveis de
violação) são constitutivas (positivas e/ou negativas), sujeitas a prazos
decadenciais. Ex.: as ações anulatórias em geral (anulação do contrato por
erro, dolo, em razão de incapacidade relativa do agente).

ESPÉCIES DE DECADÊNCIA
O objeto da decadência é o direito que por determinação legal ou
convencional (vontade humana unilateral ou bilateral), está subordinado à

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condição de exercício em certo espaço de tempo, sob pena de extinção. A
decadência pode ser classificada em:

A) DECADÊNCIA LEGAL
Ocorre quando o prazo estiver previsto em lei. As hipóteses de decadência
por determinação legal são as previstas expressamente no Código Civil e em
leis especiais.
Exemplos: prazo para alegar defeito oculto em algum produto que adquiriu;
prazo para anular um negócio jurídico por ter algum defeito relativo ao
consentimento (erro, dolo, coação, etc. – art. 178, CC). Segundo o art. 209, CC a
decadência resultante de prazo legal não pode ser renunciada pelas
partes (nem antes e nem depois de consumada), sob pena de nulidade
absoluta. Isto porque as hipóteses legalmente previstas versam sobre questões
de ordem pública, não cabendo às partes afastar sua incidência legal.

B) DECADÊNCIA CONVENCIONAL
Ocorre quando sua previsão decorrer de uma cláusula pactuada pelas
partes em um contrato (autonomia privada). A contrario sensu (entendimento
doutrinário) do art. 209, CC que proíbe a renúncia da decadência fixada em lei,
pode-se concluir que é possível a renúncia à decadência convencional, tendo-se
em vista a autonomia privada.
Exemplo clássico: oferta, em uma loja de eletrodomésticos, de venda válida
somente por alguns dias (a chamada “liquidação total”; ou “queima de estoques”,
etc.). Exercido o direito afasta-se a decadência, uma vez que esta se dá quando o
direito não é exercido. Assim, se você não aproveitar a oferta dentro do prazo
marcado, não poderá mais ir à loja para “aproveitar a oferta”. Como a oferta não
existe mais, também o direito a ela se extinguiu. Outros exemplos: as partes
podem convencionar no contrato um determinado prazo para que um direito seja
exercido; não o sendo neste prazo, ocorre a decadência convencional. As partes
podem estabelecer no contrato prazo para o exercício do direito de
arrependimento. Testador deixa determinados bens a uma pessoa (legado)
estabelecendo um prazo para que o beneficiário venha solicitar a sua entrega. Loja
de sapatos que estabelece um prazo de 30 dias para a troca de mercadoria
vendidas em liquidação. Uma revendedora de automóveis pode conceder a
chamada “garantia estendida”.

Arguição
Pelo art. 210, CC o Juiz deve (trata-se de um dever e não mera faculdade)
conhecer e decretar a decadência legal, mesmo que não haja provocação das
partes, no momento em que a detectar. Falamos que neste caso o Juiz pode agir
ex officio. Este direito é irrenunciável (diferentemente da prescrição, em que
se pode renunciar, embora somente após a sua consumação). Na decadência legal

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há um interesse social em se ver extinto o direito pelo seu não exercício no prazo
previsto em lei. Por analogia entende-se que a decadência pode ser arguida em
qualquer estado da causa e em qualquer instância.
Em que pese a revogação do art. 194, CC (referente à prescrição), se o
prazo decadencial foi estipulado pelas partes (convencional), o Juiz não pode
reconhecer a decadência de ofício. Isto porque foram os próprios contratantes (e
não a lei) que estabeleceram o prazo decadencial para o exercício do direito.
Portanto somente eles é que teriam o direito de alegá-la, em qualquer fase do
processo ou grau de jurisdição. Tal regra de extrai do art. 211, CC.

Resumindo:
Prescrição: possibilidade do Juiz reconhecer de ofício.
Decadência legal: possibilidade do Juiz reconhecer de ofício.
Decadência convencional: Juiz não pode reconhecer de ofício; somente a
reconhece se provocado pelo interessado;
Lembrando que a parte interessada pode alegar a prescrição e a decadência em
qualquer grau de jurisdição (arts. 193 e 211, CC).

Efeitos
O efeito da decadência é a extinção do próprio direito em decorrência
de inércia do titular para o seu exercício. O efeito tempo é devastador: extingue
o direito, extinguindo, indiretamente, a ação.
Em regra, não se aplicam à decadência todas aquelas normas que
impedem, suspendem ou interrompem a prescrição (art. 207, CC). Portanto o
prazo decadencial corre contra todos (efeito erga omnes). Nem mesmo aquelas
pessoas contra as quais não corre a prescrição ficam livres de seu efeito. A única
exceção é a hipótese do art. 208, combinado com o art. 198, I, ambos do CC,
pois o prazo decadencial não corre contra os absolutamente incapazes
(embora possa correr “a favor”).
Concluindo: salvo a hipótese mencionada pela lei, a decadência somente pode
ser obstada pelo efetivo exercício do direito, dentro do lapso de tempo
prefixado.
A exemplo da prescrição, os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas
também têm direito de ação regressiva contra os seus assistentes ou
representantes legais que deram causa à decadência ou não a alegaram
oportunamente (art. 208, combinado com o art. 195, ambos do CC).

PRAZOS DECADENCIAIS (Principais)


Como vimos, atualmente os prazos prescricionais estão expressamente
discriminados nos artigos 205 e 206, CC. Logo, todos os demais prazos

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estabelecidos pelo Código Civil são decadenciais. Citamos alguns, de forma
exemplificativa (em vermelho, os que têm maior incidência em concursos):
• 03 dias: sendo a coisa móvel, inexistindo prazo estipulado para exercer o
direito de preempção (preferência), após a data em que o comprador tiver
notificado o vendedor (art. 516, CC).
• 30 dias: contados da tradição da coisa para o exercício do direito de propor
a ação em que o comprador pretende o abatimento do preço da coisa móvel
recebida com vício redibitório ou rescindir o contrato e reaver o preço pago,
mais perdas e danos (art. 445, CC) – ação estimatória.
• 60 dias: para exercer o direito de preempção, inexistindo prazo estipulado,
se a coisa for imóvel, após a data em que o comprador tiver notificado o
vendedor (art. 516, 2ª parte, CC).
• 90 dias: para o consumidor obter o abatimento do preço de bem imóvel
recebido com vício.
• 120 dias: prazo para impetrar Mandado de Segurança, contados da ciência,
pelo interessado, do ato impugnado (art. 23 da Lei n° 12.016/09).
• 180 dias: é anulável o negócio concluído pelo representante em conflito de
interesses com o representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento
de quem com aquele tratou; é de cento e oitenta dias, a contar da conclusão
do negócio ou da cessação da incapacidade, o prazo de decadência para
pleitear-se a anulação prevista neste artigo (art. 119, parágrafo único, CC);
para o condômino, a quem não se deu conhecimento da venda, haver para si
a parte vendida a estranhos, depositando o valor correspondente ao preço;
direito de preferência, se a coisa for móvel, reavendo o vendedor o bem para
si (art. 513, parágrafo único, CC); para anular casamento do menor quando
não autorizado por seu representante legal, contados do dia em que cessou a
incapacidade (se a iniciativa for do incapaz), a partir do casamento (se a
proposta for do representante legal) ou morte do incapaz (se a atitude for
tomada pelos seus herdeiros necessários) – art. 1.555 e §1°, CC; para a
anulação de casamento, contados da data da celebração, de incapaz de
consentir (art. 1.560, I, CC); para invalidar casamento de menor de 16 anos,
contados para o menor do dia em que perfez essa idade e da data do
matrimônio para seus representantes legais (art. 1.560, §2°, CC).
• 01 ano: para obter a redibição ou abatimento no preço, se for imóvel,
contado da entrega efetiva (art. 445, CC); para pleitear revogação de doação,
contado da data do conhecimento do doador do fato que a autorizar (art. 559,
CC).
• ano e dia: para desfazer janela, sacada, terraço ou goteira sobre o seu prédio
(art. 1.302, CC).

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• 02 anos: o item principal diz respeito à hipótese do art. 179, CC: “Quando
a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para
pleitear-se a anulação, será esta de dois anos, a contar da data da conclusão
do ato”. O exemplo que mais cai é o do art. 496, CC. Ou seja, esse
dispositivo estabelece que “é anulável a venda de ascendente a descendente,
salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente
houverem consentido”. Ocorre que esse dispositivo não menciona o prazo para
se requerer a anulação. Portanto, aplica-se a regra geral de dois anos prevista
no art. 179, CC. Outros prazos: para mover ação rescisória; para exercer o
direito de preferência se a coisa for imóvel (art. 513, parágrafo único, CC);
anulação de casamento se incompetente a autoridade celebrante (art. 1.560,
II, CC); para pleitear anulação de ato praticado pelo consorte sem a outorga
do outro, contado do término da sociedade conjugal (art. 1.649, CC).
• 03 anos: para o direito de anular a constituição de uma pessoa jurídica de
direito privado por defeito do ato respectivo (art. 45, parágrafo único, CC);
direito de anular as decisões da pessoa jurídica com administração coletiva,
quando violarem a lei ou estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulação
ou fraude (art. 48, parágrafo único, CC); para o vendedor de coisa imóvel
recobrá-la, se reservou a si tal direito, mediante devolução do preço e
reembolso das despesas do comprador (art. 505, CC); exercer direito de
intentar ação de anulação de casamento, contado da data da celebração, em
razão de erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge (art. 1.560, III, CC).
• 04 anos: para pleitear anulação de negócio jurídico contado: no caso de
coação, do dia em que ela cessar; no de erro, dolo, fraude contra credores,
estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico; no de
ato de incapazes, no dia em que cessar a incapacidade (art. 178, I, II e III,
CC); para intentar ação de anulação de casamento, contado da data da
celebração por ter havido coação (art. 1.560, IV, CC).
• 05 anos: impugnar a validade de testamento, contado da data de seu
registro.
• Um exemplo que não está no Código Civil é o do art. 26 do Código de
Defesa do Consumidor, ou seja, o direito do consumidor de reclamar pelos
vícios aparentes ou de fácil constatação, que caduca em: a) 30 (trinta) dias,
tratando-se de fornecimento de serviços e de produtos não-duráveis; b) 90
(noventa) dias, tratando-se de fornecimento de serviços e de produtos
duráveis.

Caros alunos
Como vimos, é importantíssima a distinção e o conhecimento dos institutos
da prescrição e decadência. No entanto, alguns vocábulos de outras matérias
também podem ser usados pelo examinador para tentar confundir o candidato.

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Portanto, mesmo estes não estando no programa de Direito Civil, acho
interessante a sua menção e uma breve explicação. Assim:
Preclusão: é a perda de uma faculdade ou de um direito processual, por não
ter sido exercido no momento correto. Garante-se o avanço da relação
processual e obsta-se o seu recuo para fases anteriores. Todo processo tem
um rito a ser seguido. Em cada fase do processo a lei faculta às partes
praticarem determinados atos. Caso assim não procedam, perdem a
oportunidade, ocorrendo a preclusão. Ex.: as partes têm um prazo para arrolar
testemunhas no processo; o Juiz as notifica para tanto e elas nada requerem
– houve a preclusão temporal. Outro exemplo: o Juiz condenou uma das
partes e a intimou para recorrer da decisão. No entanto o condenado perdeu
o prazo para recorrer da decisão. Ocorreu a preclusão e ele não pode mais
recorrer. Portanto a preclusão impede que a questão seja renovada, dentro do
mesmo processo. Ultrapassado o momento adequado para praticar o ato, o
Juiz não irá reabrir mais este prazo... o processo segue adiante...
Perempção: é o ato ou efeito de perimir; de extinguir algo. Juridicamente é
usado em três situações. No Processo Civil é a perda do direito de ação pelo
autor que foi contumaz (ou seja, que reiterou o erro), dando causa a três
arquivamentos sucessivos, impedindo que a mesma ação seja proposta uma
quarta vez. No Processo Penal ela também é uma sanção processual, mas
somente existe nas ações penais privadas (ou seja, que se iniciam por meio
de uma queixa-crime do ofendido – e não por meio de denúncia oferecida pelo
Ministério Público). O art. 60 do CPP estabelece as hipóteses de perempção
(ex.: quando o querelante – que é o autor da ação, o ofendido – deixar de
promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos). Já a terceira
situação diz respeito ao Direito Civil, mais especificamente à hipoteca. Neste
caso perempção é o nome que se dá a extinção da hipoteca após o transcurso
do prazo de trinta anos (art. 1.485, CC).
Preempção: este é outro termo que serve para confundir o aluno em
concursos. Observem que é só trocar uma letra “e” pelo “r” e perempção se
transforma em preempção. Preempção significa... prelação... Bem... e o que é
prelação? É o direito de preferência. Assim, preempção, prelação e preferência
são expressões sinônimas. Exemplo prático: Se eu sou locador (proprietário)
de um imóvel e desejo vender este imóvel, preciso dar o direito de preferência
ao locatário (inquilino) para que ele diga se quer ou não comprá-lo. O mesmo
pode ocorrer em um condomínio. Três pessoas são “donas” de um barco. Um
dos coproprietários deseja vendar sua parte. Ele precisa dar o direito de
preferência aos demais condôminos.

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O quadrinho que veremos adiante é de suma importância. É a síntese
das diferenças entre prescrição e decadência. Recorram a ele sempre que
estiverem com alguma dúvida.

Quadro Comparativo entre Prescrição e Decadência

PRESCRIÇÃO DECADÊNCIA
Perda da pretensão jurídica (poder de exigir Perda do direito potestativo (direito
de outrem uma ação ou omissão) em virtude da material sem pretensão; insuscetíveis de
inércia do titular de um direito subjetivo violado violação) pela inércia de seu titular que
(direito de crédito), durante determinado deixou escoar o prazo legal ou
espaço de tempo previsto em lei. Ações convencional. Ações constitutivas (positiva
condenatórias (ações de cobrança em geral, e/ou negativa), geralmente anulatórias.
pretendendo que o réu pague determinada
quantia ou cumpra determinada prestação).

1. Extingue a pretensão, pela inércia do 1. Extingue o direito potestativo


agente. Não atinge o direito subjetivo material, (direito em si, material) pela falta de
que permanece intacto. A contagem do prazo exercício dentro do prazo. Indiretamente
se inicia com a violação do direito. atinge a ação e demais pretensões. A
contagem do prazo se inicia com a
aquisição (nascimento) do direito.

2. Prazos estabelecidos somente pela 2. Os prazos decadenciais podem ser


lei. Não podem ser suprimidos, nem alterados legais (estabelecidos pela lei) ou
pela vontade das partes. Não existe prazo convencionais (estabelecidos pelas partes
prescricional convencional (matéria de ordem no contrato). Os legais não podem ser
pública). alterados pela vontade das partes.

3. Atualmente “deve” ser declarada de 3. Na decadência decorrente de prazo


ofício pelo Juiz, mesmo nas ações legal o Juiz deve declará-la de oficio (art.
patrimoniais. O art. 194, CC foi revogado e há 210, CC) independentemente de alegação
disposição legal expressa no art. 332, §1°, do interessado. A convencional não pode ser
CPC/2015 (ver também a ressalva do art. reconhecida de ofício (art. 211, CC).
487, parágrafo único, CPC/2015).

4. A parte pode não alegá-la. Por isso é 4. A decadência decorrente de prazo legal
renunciável. A renúncia pode ser expressa ou não pode ser renunciada pelas partes: nem
tácita e só valerá depois da consumação da antes e nem depois de consumada (art.
prescrição, não podendo ser feita em prejuízo 209, CC). A convencional pode ser
de terceiros. renunciada.

5. Não corre contra determinadas pessoas. 5. Em rega corre contra todos (efeito erga
O prazo pode ser impedido, suspenso ou omnes). Não se suspende e nem se
interrompido. Ex.: cônjuges, poder familiar, interrompe. Exceção → não corre contra os
tutela, curatela, absolutamente incapazes, etc. absolutamente incapazes (art. 208, c.c. art.
198, I, ambos do CC).

6. Causas de impedimento ou suspensão → 6. Não se aplicam as normas que


arts. 197, 198, 199 e 200, CC. Causas de impedem, suspendem ou interrompem a
interrupção → art. 202 CC. As causas estão prescrição (art. 207, CC). Só pode ser
expressamente previstas em lei, não se obstada pelo exercício efetivo do direito ou
admitindo analogia. da ação. Exceção: absolutamente incapazes
(art. 208, CC).

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7. Regra Geral → Prazo de 10 anos (art. 7. Não há regra geral para os prazos.
205, CC). Prazos Especiais → 01, 02, 03, 04 Podem ser de dias, meses e anos. Previstos
e 05 anos (conforme previsão do art. 206 e seus em dispositivos esparsos pelo Código e em
parágrafos, CC). Leis Especiais.

Dica de Concurso Num caso concreto, para saber se o prazo é


prescricional ou decadencial (o examinador pode pedir isso – e isso até é muito
comum), siga essas dicas. Primeiro. Procure verificar que espécie de prazo é
esse. Se ele for em dias, meses ou ano e dia, o prazo certamente será decadencial.
Mas se o prazo for em anos (01, 02, 03, 04 05 ou 10) poderá ser prescricional ou
decadencial. Ex.: se a questão disser que a pessoa tem seis meses para fazer tal
coisa esse prazo será decadencial. Mas se disser que tem anos, o prazo pode ser
prescricional ou decadencial. Segundo. Sendo o prazo em anos procure identificar
se ele está previsto no art. 205 (prazo geral de 10 anos) ou no art. 206 (prazos
especiais de 1, 2, 3, 4 ou 5 anos). Caso identifique o prazo em algum desses
artigos, ele será prescricional. Se a questão fizer menção a algum dispositivo fora
desses artigos (espalhados pelo Código Civil ou em leis especiais), será
decadencial.

Na próxima aula daremos continuidade ao capítulo referente aos Fatos


Jurídicos, abordando o Negócio Jurídico, sua classificação, elementos
constitutivos, bem como seus defeitos e consequências.

Resumo Esquemático da Aula


FATO → Qualquer acontecimento ou ocorrência.
I. FATO COMUM → Ação humana ou fato da natureza sem repercussão na órbita do
Direito.
II. FATO JURÍDICO → Acontecimento natural ou humano ao qual o Direito atribui
efeitos, possuindo relevância jurídica (Fato + Direito). A.R.M.E. (Aquisição, Resguardo,
Modificação e Extinção de Direitos). Alguns autores acrescentam também a Transmissão
de Direitos.
A) Aquisição: conjunção (união) dos direitos com o seu titular; incorpora ao
patrimônio e/ou à personalidade do titular.
B) Resguardo: medidas ou providências destinadas à conservação e proteção dos
direitos (preventivo ou repressivo; judicial ou extrajudicialmente).
C) Modificação: alteração de seu conteúdo (objeto) ou de seu titular (sujeito ativo
ou passivo), sem alteração de sua essência.
D) Extinção: perecimento da coisa, falecimento do titular, renúncia, abandono
(derrelição), alienação, prescrição e decadência.

III. CLASSIFICAÇÃO DOS FATOS JURÍDICOS


A) Fato Jurídico Natural (fato jurídico em sentido estrito ou stricto sensu) →
proveniente de fenômenos naturais, mas que produz efeitos jurídicos (veremos
melhor abaixo, no item IV):

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1) Ordinários.
2) Extraordinários.

B) Fato Jurídico Humano (Ato) → veremos melhor na próxima aula:


1) Ato Lícito → Ato Jurídico em Sentido Amplo (lato sensu) ou Voluntário,
previsto no art. 185, CC, englobando:
a) Ato Jurídico em Sentido Estrito (stricto sensu): efeitos impostos pela lei.
b) Negócio Jurídico: efeitos decorrentes da vontade das partes.
2) Ato Ilícito (ou Involuntário) → Transgressão de um dever jurídico; conduta
praticada em desacordo com o ordenamento jurídico. Espécies:
2.1) Penal → sanção pessoal.
2.2) Administrativo → sanção pessoal.
2.3) Civil (arts. 186 e 187, CC) → sanção patrimonial: dever de reparar o
dano causado (essa é a que nos interessa mais de perto).

C) Ato-fato Jurídico (doutrina) → a lei encara a ação humana como um fato, sem
levar em consideração a vontade, intenção ou a consciência do agente. Ex.: criança
que compra um doce na padaria.

IV. FATO JURÍDICO NATURAL ou FATO JURÍDICO EM SENTIDO ESTRITO


(STRICTO SENSU)
A) Ordinários → os que normalmente ocorrem (previsíveis), produzindo efeitos
jurídicos relevantes: nascimento, maioridade, morte (por causas naturais), aluvião
(art. 1.250, CC), avulsão (art. 1.251, CC), decurso de tempo (prescrição e decadência,
usucapião), etc.
B) Extraordinários → ocorrem de forma inesperada ou imprevisível; são
chamados de caso fortuito ou da força maior (ex.: terremoto). Possuem importância
ao Direito, pois excluem, como regra, a responsabilidade. Elementos:
imprevisibilidade, inevitabilidade e ausência de culpa.

V. PRESCRIÇÃO (arts. 189 a 206, CC)


A) Pretensão. Todo direito subjetivo deve ser protegido por uma ação. No
momento em que o direito é violado surge a pretensão (actio nata). Pretensão é o poder
de exigir coercitivamente de outrem o cumprimento de um dever jurídico.
B) Conceito: prescrição é a perda da pretensão do titular de um direito violado,
em virtude da inércia de seu titular durante determinado espaço de tempo previsto
em lei. Atinge as pessoas naturais e as jurídicas. A exceção (forma de defesa) prescreve
no mesmo prazo que a pretensão.
C) Requisitos: a) violação de um direito; b) ação judicial exercitável; c) inércia
do titular do direito violado; c) decurso de tempo (continuidade da inércia durante prazo
fixado em lei; d) inexistência de impedimentos ou causas suspensivas ou interruptivas
do prazo.
D) Pretensões imprescritíveis → ações que protegem os direitos da
personalidade, o estado das pessoas, o direito de família, os bens públicos, etc.
E) Renúncia (art. 191, CC): o devedor pode renunciar à prescrição (ex.: devedor
paga uma dívida prescrita). Mas isto somente pode se dar depois que a prescrição se
consumar (é proibida a renúncia antecipada) e desde que não cause prejuízo a

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terceiros. A renúncia pode ser expressa (por escrito) ou tácita (prática de aos
incompatíveis).
F) Alegação (art. 193, CC): em qualquer fase do processo; primeira ou segunda
instância, pela parte a quem aproveita.
G) Declaração ex officio (ou seja, sem que a outra parte tenha alegado): Como
o art. 194, CC foi revogado, atualmente o Juiz deve declarar a prescrição de ofício, ou
seja, sem ser provocado. Se o processo estiver tramitando deve antes abrir vista às partes
para manifestação.
H) Efeitos Essenciais
1) Os prazos prescricionais não podem ser alterados pelas partes, ainda
que haja acordo de vontades entre elas; somente a lei pode delimitá-los
(matéria de ordem pública). Com o principal prescrevem os acessórios (art. 192,
CC).
2) Os relativamente incapazes (art. 4°, CC) e as pessoas jurídicas têm direito
a ação regressiva contra os seus assistentes ou representantes legais que derem
causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente (art. 195, CC);
responsabilidade subjetiva.
3) A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu
sucessor, a título universal ou singular (art. 196, CC)). Exceção → se o seu
sucessor for absolutamente incapaz o prazo não se inicia enquanto não superada a
incapacidade.
I) Causas Impeditivas, Suspensivas e Interruptivas → vejam as hipóteses
previstas nos arts. 197, 198, 199, 200 e 202 do CC.
1) Causas Impeditivas: são circunstâncias que impedem que o curso
prescricional se inicie, em razão do estado de uma pessoa, atendendo a razões de
confiança, amizade ou ordem moral.
2) Causas Suspensivas: são circunstâncias que paralisam temporariamente
o curso prescricional. O prazo prescricional vinha fluindo normalmente, sendo que
ocorreu um fato que o fez paralisar. Neste momento a contagem do prazo fica
suspensa. Superado esse fato, extinta a circunstância que provocou a suspensão,
o prazo prescricional continua a correr de onde parou, computando-se o prazo já
decorrido antes do fato. Quando uma ação se originar de fato que deva ser apurado
no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva decisão definitiva.
Obs.: suspensa a prescrição em favor de um credor solidário, não se suspenderá
a prescrição em favor dos demais. Exceção → na hipótese de obrigação indivisível
a suspensão promovida por um credor se estende aos demais.
3) Causas Interruptivas: são circunstâncias que inutilizam o prazo
prescricional iniciado, de modo que o prazo recomeça a correr a partir da data
do ato que o interrompeu, ou seja, o período já decorrido é inutilizado e o prazo
volta a correr novamente por inteiro. A contagem recomeça do zero. No Direito
Civil só se admite uma única interrupção, que pode ser levada a cabo por qualquer
interessado. A interrupção da prescrição operada por um credor não aproveita aos
outros; a interrupção da prescrição operada contra um codevedor não prejudica os
demais. Exceção → solidariedade ativa e passiva.

J) Prazos Prescricionais: espaço de tempo compreendido entre o termo inicial e


o final.
1) Prazo Geral (ou ordinário) → 10 (dez) anos = art. 205, CC.

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2) Prazos Especiais → Prazos mais exíguos (01, 02, 03, 04 e 05 anos).
Relação completa: art. 206 e seus parágrafos do CC. Prazos de maior incidência
em concursos: a) 02 (dois) anos – pretensão para haver prestações
alimentares, a partir da data em que se vencerem; b) 03 (três) anos –
pretensão de reparação civil por ato ilícito; pretensão para haver o pagamento
de títulos de crédito, a contar do vencimento (ressalvadas as disposições de lei
especial); pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos; c) 05
(cinco) anos – pretensão dos profissionais liberais em geral (médicos, advogados,
contadores, etc.), pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão do serviço.

VI. DECADÊNCIA (arts. 207 a 211, CC)


1) Conceito: perda do direito material (direito potestativo, direito propriamente
dito ou direito em si) pela inércia do titular que deixou escoar o prazo previsto em lei
ou o prazo voluntariamente fixado para seu exercício. O objeto da decadência é o direito
que, por determinação legal ou convencional, está subordinada à condição de exercício
em certo espaço de tempo. Enquanto a prescrição atinge a pretensão, a decadência atinge
o próprio direito.
2) Espécies
a) Legal: o prazo é o previsto na lei (Código Civil e Leis Especiais). O seu prazo
não pode ser renunciado pelas partes (nem antes e nem depois de consumada a
decadência), sob pena de nulidade absoluta (norma de ordem pública: art. 209,
CC). Deve ser declarada de ofício pelo Juiz (art. 210, CC). Ex.: 04 (quatro) anos
para se pleitear a anulação de um negócio jurídico contado, no caso de coação do dia
em que ela cessar; em caso de erro, dolo, estado de perigo, lesão e fraude contra
credores do dia em que se realizou o negócio jurídico; no de ato de incapazes, no dia
em que cessar a incapacidade (art. 178, I, II e III, CC).
b) Convencional: cláusula pactuada pelas partes em um contrato. Ex.: prazo
estipulado pelas partes para o exercício de um direito estabelecido no contrato
(cláusula de arrependimento); testador deixa determinados bens a uma pessoa
(legado) estabelecendo prazo para que o beneficiário venha solicitar a entrega, etc.
Pode ser alegada em qualquer fase processual; o Juiz não pode suprir a alegação (não
pode ser declarada de ofício pelo Juiz): art. 211, CC.
3) Efeitos: a) extinção imediata do direito e, de forma indireta, também a ação; b)
a legal é irrenunciável; a convencional pode ser renunciada, a teor do art. 209, CC, a
contrário senso; c) prazos decadenciais legais não podem ser alterados pela vontade das
partes (os convencionais podem); d) não se aplicam à decadência as normas que
impedem, suspendem e interrompem a prescrição (art. 207, CC). Exceção (art. 208, CC)
→ não corre o prazo decadencial contra absolutamente incapazes. Os relativamente
incapazes e as pessoas jurídicas também têm ação regressiva contra os seus assistentes
ou representantes legais que deram causa à decadência ou não a alegaram
oportunamente.
4) Arguição: em qualquer momento processual. Decadência legal: o Juiz deve
reconhecer de ofício (art. 210, CC). Decadência convencional: estipulada pelas partes;
somente o beneficiado pode alegá-la; o Juiz não pode suprir a alegação e reconhecê-la
de oficio (art. 211, CC), pois foram os próprios contratantes que estabeleceram o prazo
para o exercício do direito.

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BIBLIOGRAFIA BÁSICA

Para a elaboração desta aula foram consultadas as seguintes obras:


DINIZ, Maria Helena – Curso de Direito Civil Brasileiro. Editora Saraiva.
FARIAS, Cristiano Chaves de e ROSENVALD, Nelson – Curso de Direito Civil.
Editora JusPODIVM.
GAGLIANO, Pablo Stolze e PAMPLONA, Rodolfo Filho – Novo Curso de Direito
Civil. Editora Saraiva.
GOMES, Orlando – Direito Civil. Editora Forense.
GONÇALVES, Carlos Roberto – Direito Civil Brasileiro. Editora Saraiva.
MONTEIRO, Washington de Barros – Curso de Direito Civil. Editora Saraiva.
NERY, Nelson Jr. e Rosa Maria de Andrade – Código Civil Comentado. Editora
Revista dos Tribunais.
PEREIRA, Caio Mário da Silva – Instituições de Direito Civil. Editora Forense.
RODRIGUES, Silvio – Direito Civil. Editora Saraiva.
SERPA LOPES, Miguel Maria de – Curso de Direito Civil. Editora Freitas Bastos.
SILVA, De Plácido e – Vocabulário Jurídico. Editora Forense.
VENOSA, Silvio de Salvo – Direito Civil. Editora Atlas.

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Exercícios Comentados Específicos da Banca


Fundação Getúlio Vargas

01) (FGV – DPE/RO – Analista Jurídico – 2015) Virgílio emprestou a


quantia de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) a Eduardo. Sete meses
após o vencimento da dívida, Eduardo ainda não havia efetuado o
pagamento, ocasião na qual Virgílio veio a falecer por força de um infarto,
deixando dois filhos maiores de idade. É CORRETO afirmar que o prazo
prescricional:
(A) sequer começou a correr;
(B) foi suspenso em decorrência do falecimento de Virgílio;
(C) foi interrompido em decorrência do falecimento de Virgílio;
(D) continuou correndo contra os dois filhos de Virgílio;
(E) converteu-se em prazo decadencial em virtude da morte de Virgílio.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 196, CC: A prescrição iniciada contra uma pessoa
continua a correr contra o seu sucessor. Gabarito: “D”.

02) (FGV – Defensoria Pública/MT – Advogado – 2015) A respeito dos


institutos da prescrição e da decadência, assinale a afirmativa CORRETA.
(A) Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, aproveitam
os outros se a obrigação for divisível ou indivisível.
(B) A renúncia da prescrição valerá ainda que haja prejuízo de terceiro, desde
que depois de o prazo se consumar.
(C) A decadência fulmina os atributos do direito subjetivo do credor, impedindo-
o de cobrar o adimplemento.
(D) A contagem do prazo decadencial está impedida ou suspensa contra os
absolutamente incapazes.
(E) A interrupção produzida contra o principal devedor não prejudica o fiador.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada. Estabelece o art. 201, CC: Suspensa a
prescrição em favor de um dos credores solidários, só aproveitam os outros se a
obrigação for indivisível (a expressão divisível está errada na afirmação). A letra
“b” está errada, nos termos do art. 191, CC: A renúncia da prescrição pode ser
expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que
a prescrição se consumar (...). A letra “c” está errada. Direito subjetivo é a
faculdade que o ordenamento reconhece a alguém de exigir de outrem

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determinado comportamento. No momento em que este direito é violado surge o
poder de se exigir do devedor uma ação ou omissão, que permite a composição
do dano ocorrido. Prescrição é a perda da pretensão do titular de um direito
subjetivo, em virtude de sua inércia durante um prazo determinado previsto em
lei. Existem alguns direitos subjetivos que não fazem nascer pretensões, pois são
destituídos dos respectivos deveres. O objetivo desses direitos é constituir,
modificar ou desconstituir relações jurídicas. Eles são chamados de potestativos.
Direito potestativo é o poder que o agente tem de influir na esfera jurídica de
outrem, constituindo, modificando ou extinguindo direitos, sem que este possa
fazer qualquer coisa, senão sujeitar-se a sua vontade. Decadência é a perda do
direito potestativo em razão de seu não exercício em um prazo pré-determinado.
Resumindo: a decadência fulmina o direito potestativo (e não o direito subjetivo).
A letra “d” está correta. Segundo o art. 207, CC, salvo disposição legal em
contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem ou
interrompem a prescrição. O art. 208, CC traz a ressalva do dispositivo anterior:
Aplica-se à decadência o disposto nos arts. 195 e 198, inciso I. Estabelece este
último dispositivo que não corre a prescrição contra os incapazes de que trata o
art. 3°, CC, ou seja, os absolutamente incapazes. Resumindo: está correto afirmar
que a contagem do prazo decadencial está impedida ou suspensa contra os
absolutamente incapazes. A letra “e” está errada. Segundo o art. 204, §3° A
interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o fiador. Gabarito:
“D”.

03) (FGV – Advogado da Secretaria de Saúde do Amazonas – SUZAM –


2014) A prescrição é geralmente definida como a perda de um direito de ação,
ou seja, a prescrição põe fim à possibilidade de se exigir, judicialmente, um direito,
por força da passagem de um determinado período de tempo. Entretanto, o nosso
sistema jurídico prevê situações que, em caráter excepcional, impedem ou
suspendem a prescrição. Assinale a opção que indica uma situação em que
o prazo prescricional fluirá normalmente.
(A) corre a prescrição contra pessoas relativamente incapazes.
(B) corre a prescrição entre ascendentes e descendentes, durante o poder
familiar.
(C) corre a prescrição entre curatelados e seus curadores, durante a curatela.
(D) corre a prescrição contra pessoas absolutamente incapazes.
(E) corre a prescrição contra os que se achem servindo nas Forças Armadas, em
tempo de guerra.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta, pois o art. 198, I, CC determina que a
prescrição não corre contra os incapazes de que trata o art. 3°, CC, que são os
absolutamente incapazes. A contrário senso a prescrição corre normalmente
contra os relativamente incapazes (que estão previstos no art. 4°, CC). As demais
hipóteses estão erradas, pois nessas hipóteses a prescrição não corre: letra “b”
(art. 197, II, CC); letra “c” (art. 197, III, CC); letra “d” (art. 197, I, CC) e letra
“e” (art. 198, III, CC). Gabarito: “A”.

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04) (FGV – TJ/GO – Analista Judiciário – 2014) Em virtude de contrato de
Seguro Saúde, Silvio, após submeter-se a uma cirurgia de emergência, solicitou a
restituição das despesas médicas e hospitalares à seguradora. A resposta negativa
à restituição por parte da seguradora foi enviada a Silvio sete meses depois da
cirurgia, o que o levou a contratar um advogado para que fossem tomadas as
devidas providências. A ação objetivando a condenação da Seguradora a
reembolsar os valores gastos com a cirurgia foi ajuizada oito meses após a data
da ciência da recusa da seguradora. Considerando que o prazo prescricional
para o exercício do direito do segurado é de um ano, é CORRETO afirmar
que:
(A) transcorreu o prazo prescricional, cujo cômputo teve início na data da
cirurgia;
(B) transcorreu o prazo prescricional, cujo cômputo teve início no dia posterior à
data da cirurgia;
(C) não transcorreu o prazo prescricional, cujo cômputo teve início no dia que
Silvio tomou ciência da recusa da seguradora em reembolsar os valores;
(D) não transcorreu o prazo prescricional, cujo cômputo teve início na data do
ajuizamento da ação;
(E) não transcorreu o prazo prescricional, pois em caso de enfermidade o
cômputo é em dobro.
COMENTÁRIOS. No caso da questão, de fato, o prazo prescricional seria de 01
(um) ano, nos termos do art. 206, §1°, inciso II, CC. Ocorre que esse prazo
somente teve início no momento em que a seguradora negou a Sílvio o direito à
restituição de suas despesas médicas e hospitalares. Somente no momento em
que Sílvio teve ciência da negativa do reembolso é que seu direito foi
efetivamente violado; foi nesse momento que “nasceu” para Sílvio acionar
judicialmente a seguradora. Por isso a doutrina chama isso de actio nata. Isto
é, a prescrição não pode correr enquanto não nascer a ação possível de ser
ajuizada pela violação do direito. Gabarito: “C”.

05) (FGV – PC/MA – Delegado de Polícia – 2012) Pedro, relativamente


incapaz, assistido por João, celebrou um negócio jurídico com Maria. O
contrato possui uma cláusula prevendo a majoração do prazo
prescricional. Considerando o fato narrado, assinale a afirmativa
CORRETA.
(A) em razão de Pedro ser absolutamente incapaz, o prazo prescricional pode ser
majorado por acordo das partes.
(B) a prescrição só pode ser alegada em 1° grau de jurisdição, pela parte a quem
aproveita.
(C) Pedro pode acionar João, caso este dê causa à prescrição, ou não a alegue
oportunamente.
(D) a renúncia da prescrição só valerá se for expressa e for feita depois que a
prescrição se consumar.
(E) corre a prescrição contra absolutamente incapaz.

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COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois os prazos de prescrição não podem
ser alterados pelas partes em hipótese alguma, mesmo que seja para beneficiar o
absolutamente incapaz (art. 192, CC). A letra “b” está errada, pois a prescrição
pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição pela parte a quem aproveita (art.
193, CC). A letra “c” está correta, pois nos termos do art. 195, CC os relativamente
incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os seus assistentes ou
representantes legais, que derem causa à prescrição, ou não a alegarem
oportunamente. A letra “d” está errada, pois a renúncia da prescrição pode ser
expressa ou tácita e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a
prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do
interessado, incompatíveis com a prescrição (art. 191, CC). Finalmente a letra “e”
está errada, pois nos termos do art. 198, I, CC, não corre a prescrição contra os
incapazes de que trata o art. 3°, CC (ou seja, os absolutamente incapazes).
Gabarito: “C”.

06) (FGV – TJ/AM – Assistente Técnico Judiciário – 2013) A respeito da


prescrição e da decadência, assinale a afirmativa CORRETA.
(A) a prescrição poderá ser alegada, em qualquer grau de jurisdição, pela parte
a quem aproveita.
(B) a prescrição corre entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal.
(C) as partes podem promover a alteração dos prazos de prescrição.
(D) o Juiz somente pode conhecer de ofício a decadência convencional.
(E) a decadência corre contra os absolutamente incapazes.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta nos termos do art. 193, CC. A letra “b”
está errada, pois segundo o art. 197, I, CC não corre a prescrição entre os
cônjuges na constância da sociedade conjugal. A letra “c” está errada, pois de
acordo com o art. 192, CC os prazos prescricionais não podem ser alterados pelas
partes. A letra “d” está errada, pois o art. 210, CC determina que o juiz deve
conhecer de ofício a decadência quando estabelecida em lei. A letra “e” está
errada. Em regra, não se aplicam à decadências as normas que impedem,
suspendem ou interrompem a prescrição (art. 207, CC). No entanto o próprio art.
208, CC estabelece uma exceção: a hipótese do art. 198, I, CC, ou seja, não corre
a decadência contra os absolutamente incapazes. Gabarito: “A”.

07) (FGV – Advogado do Banco de Fomento de Santa Catarina – BADESC


– 2010) Terêncio, brasileiro, advogado, foi contratado pela empresa Caçarola e
Cuia Ltda., para prestar serviços profissionais de consultoria jurídica. O contrato
foi iniciado em 2003 e teve término em 2004. Restou pendente pagamento
correspondente a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), sendo baldadas todas as
tentativas de recebimento amigável. Tendo em vista suas inúmeras
responsabilidades profissionais, com viagens constantes, Terêncio somente pode
promover a ação de cobrança no ano de 2010. Citada a empresa, alegou a
existência de prescrição da pretensão autoral. Diante de tais fatos e à luz da
legislação civil em vigor, é CORRETO afirmar que:
(A) a pretensão de Terêncio segue a regra geral de dez anos como prazo
prescricional.

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(B) no caso em tela, há regra especial que estabelece prazo quinquenal como
sendo de prescrição.
(C) sendo a relação de trato sucessivo, a prescrição é renovada mês a mês, não
se podendo, no caso, falar de prescrição.
(D) caso a ré pagasse a dívida, deveria haver reembolso diante do prazo
prescricional incidente.
(E) o prazo prescricional em tela seria de três anos.
COMENTÁRIOS. O prazo prescricional está previsto expressamente no art. 206,
§5°, II, CC: Prescreve em 05 (cinco) anos a pretensão dos profissionais liberais
em geral (...) pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços,
da cessação dos respectivos contratos ou mandato. Gabarito: “B”.

08) (FGV – Fiscal de Rendas do Estado do Rio de Janeiro – 2011) A


respeito da prescrição e decadência, é CORRETO afirmar que:
(A) os prazos prescricionais podem ser alterados de comum acordo entre as
partes.
(B) a prescrição que tenha sido iniciada contra alguém continuará a correr contra
seu sucessor.
(C) a decadência estabelecida em lei não poderá ser conhecida ex officio pelo
Juiz, somente por provocação das partes.
(D) a prescrição poderá ser suspensa uma única vez e se dará, entre outras
hipóteses, por despacho do Juiz.
(E) prescreve em dez anos a pretensão para a cobrança de dívidas líquidas
constantes em instrumento público ou particular.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois estabelece o art. 192, CC que os
prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes. A letra “b”
está correta nos termos do art. 196, CC. A letra “c” está errada, pois a decadência
legal deve ser conhecida pelo Juiz de ofício, nos termos do art. 210, CC. A letra
“d” está errada, pois é a interrupção que somente se dará uma única vez, nos
termos do art. 202, CC. A suspensão da prescrição poderá ocorrer tantas vezes
quanto ocorrem as hipóteses de incidência. Finalmente a letra “e” está errada,
pois a cobrança de dívidas líquidas constantes em instrumento público ou
particular prescreve em 05 anos (art. 206, §5°, I, CC). Gabarito: “B”.

09) (FGV – TCE/BA – Analista de controle Externo – 2013) Da inteligência


do art. 189, do CC/02, retira-se que, uma vez violado o direito, nasce para
o titular a pretensão, a qual se extingue, pela ocorrência da prescrição,
nos prazos previstos em lei. Por outro lado, é cediço que existem causas
impeditivas, suspensivas e interruptivas da prescrição. Assinale a
alternativa que estabelece uma causa interruptiva da prescrição.
(A) entre os cônjuges durante a constância do casamento.
(B) em virtude de qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe
reconhecimento do direito pelo devedor.
(C) contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos
Municípios.
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(D) durante o poder familiar, no que tange às relações jurdídicas entre
ascendentes e descendentes.
(E) na pendência de condição suspensiva.
COMENTÁRIOS. Somente a alternativa “b” estampa uma hipótese de causa
interruptiva da prescrição, sendo que a mesma está prevista no art. 202, VI, CC.
As demais alternativas fornecem hipóteses em que a prescrição não corre, isto é,
causas que impedem ou suspendem a prescrição, previstas nos arts. 197/199, CC.
Gabarito: “B”.

10) (FGV – Auditor Fiscal da Receita Municipal de Angra dos Reis/RJ –


2010) Assinale a alternativa CORRETA.
(A) a prescrição pode ser alegada de ofício pelo juiz, ou também pela parte a
quem aproveita, em qualquer grau de jurisdição, independentemente de seu pré-
questionamento.
(B) a decadência pode ser legal ou convencional, sendo que ambas podem ser
conhecidas de ofício pelo juiz. O mesmo ocorre com a prescrição, que também
pode ser conhecida ex officio pelo magistrado.
(C) em face do princípio da supremacia do interesse público, caso a prescrição
ou a decadência convencional beneficiem a Fazenda Pública, o juiz pode conhecê-
las de ofício.
(D) a prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu
sucessor, exceto se este for absolutamente incapaz, ou estiver ausente do País
a serviço dos entes federativos, ou se achar a serviço das Forças Armadas em
tempo de guerra.
(E) a prescrição diz respeito aos direitos potestativos que, por essência, não
possuem pretensão, já que não podem ser objeto de violação. A decadência, por
sua vez, refere-se aos direitos subjetivos patrimoniais, aqueles que trazem
consigo a possibilidade de que o seu titular exija determinado comportamento de
alguém.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois embora o art. 193, CC afirme que
a prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, segundo a doutrina,
não pode ser alegada inicialmente perante o STF e o STJ, pois estes Tribunais são
considerados como instâncias especiais e extraordinárias, exigindo o pré-
questionamento da matéria nas instâncias inferiores. O erro da alternativa “b”
reside no fato de que a decadência convencional não pode ser reconhecida de
ofício (art. 211, CC) e isso se aplica também quanto à Fazenda Pública (letra “c”
errada). A letra “d” está correta. De fato, estabelece o art. 196, CC que a
prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor. No
entanto, as hipóteses previstas na alternativa são algumas das causas expressas
de impedimento do fluxo prescricional (art. 198, CC). A letra “e” está errada, pois
ocorre o inverso: prescrição diz respeito a direitos subjetivos e decadência a
direitos potestativos. Gabarito: “D”.

11) (FGV – TJ/AM – Juiz de Direito – 2013) Assinale a alternativa que


apresenta um prazo de natureza prescricional.

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(A) prazo para propor ação de reparação civil por dano moral decorrente de ato
ilícito.
(B) prazo para propor ação renovatória de locação de imóvel urbano destinado
ao comércio.
(C) prazo para propor ação de deserdação de herdeiro necessário.
(D) prazo para propor ação anulatória de negócio jurídico realizado por
representante em conflito de interesses com o representado.
(E) prazo para propor ação de preferência, por parte do condômino preterido na
venda a terceiro de quinhão da coisa comum indivisível.
COMENTÁRIOS. Uma das diferenças entre prescrição e decadência é que a
prescrição possui suas hipóteses previstas nos arts. 205 (prazo geral) ou no art.
206 (prazos especiais), CC. Caso o prazo esteja previstos nestes dispositivos, será
hipótese de prescrição. A letra “a” é a única hipótese que tem previsão no art.
206, §3°, V, CC. Observe, no entanto, que a expressão do Código é genérica
“pretensão de reparação civil” e a questão é um pouco mais detalhada, somente
para confundir o candidato (reparação civil por dano moral decorrente de ato
ilícito). Mas a situação é a mesma e o prazo prescricional é de 03 (três) anos. As
demais alternativas são hipóteses de decadência. Vejamos. A letra “b” está errada,
pois o art. 51, §5°, da Lei das Locações (Lei n° 8.245/91) prevê que do direito a
renovação decai aquele que não propuser a ação no interregno de um ano, no
máximo, até seis meses, no mínimo, anteriores à data da finalização do prazo do
contrato em vigor. A letra “c” está errada, pois prevê o parágrafo único do art.
1.961, CC: “O direito de demandar a exclusão do herdeiro ou legatário extingue-
se (decadência) em quatro anos, contados da abertura da sucessão”. A letra “d”
está errada, pois o art. 119 e seu parágrafo único do CC prevê que é anulável o
negócio concluído pelo representante em conflito de interesses com o
representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento de quem com aquele
tratou. Parágrafo único. É de cento e oitenta dias, a contar da conclusão do
negócio ou da cessação da incapacidade, o prazo de decadência para pleitear-se
a anulação prevista neste artigo. Finalmente a letra “e” está errada, pois
estabelece o art. 504, CC: Não pode um condômino em coisa indivisível vender a
sua parte a estranhos, se outro consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino,
a quem não se der conhecimento da venda, poderá, depositando o preço, haver
para si a parte vendida a estranhos, se o requerer no prazo de cento e oitenta
dias, sob pena de decadência. Gabarito: “A”.

12) (FGV – TJ/MS – Juiz de Direito – 2008) A ação de indenização,


relativamente aos prejuízos causados em razão de entrega de sementes,
para plantação, de qualidade inferior à contratada, deve observar prazo:
(A) prescricional de 3 (três) anos.
(B) decadencial de 3 (três) anos.
(C) decadencial de 90 (noventa) dias.
(D) decadencial de 30 (trinta) dias.
(E) prescricional de 5 (cinco) anos.

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COMENTÁRIOS. Trata-se, inicialmente de um negócio realizado tendo em vista
uma relação de consumo (compra e venda de mercadorias). Portanto, deve ser
aplicada o Código de Defesa do Consumidor (Lei n° 8.078/90). Como as sementes
podem ser consideradas com bens não duráveis, o prazo para reclamação de
eventuais vícios (qualidade inferior à contratada) “caduca” (daí ser considerado
como decadencial) é de 30 (trinta) dias, a partir da entrega efetiva do produto
(art. 26, I e seu §1°, CDC). Gabarito: “D”.

13) (FGV – TCM/SP – Agente de Fiscalização – 2015) O espólio de Caio


ajuíza ação buscando a anulação de uma doação realizada pelo falecido, alegando
que o doador atuou em erro quando celebrou o negócio jurídico. Citado, o réu
contesta o pedido alegando que a doação foi lícita, que o doador era maior e capaz
e que eram amigos desde a infância. Alega, ainda, a ocorrência de decadência,
posto que o contrato de doação foi realizado em 29/07/2004 e a ação distribuída
em 30/07/2009. Considerando as disposições constantes no Código Civil sobre a
matéria, é correto afirmar que a prejudicial de decadência:
(A) não deve ser acolhida, pois não há decadência do direito de impugnar os atos
nulos, como é o caso;
(B) não pode ser acolhida, porque não atinge os atos praticados com vício de
consentimento;
(C) deve ser acolhida, porquanto já decorridos quatro anos da data de sua
prática;
(D) não deve ser acolhida, porque ainda não decorridos quatro anos contados da
ciência dos prejudicados acerca da prática do ato;
(E) deve ser acolhida se provado o prejuízo efetivo dos interessados.
COMENTÁRIOS. Caio ajuíza ação buscando a anulação de uma doação alegando
que o doador atuou em erro. O erro é vício que pode tornar o negócio jurídico (no
caso uma doação) anulável. Nessa hipótese, é de se aplicar os seguintes
dispositivos. Art. 171, CC: Além dos casos expressamente declarados na lei, é
anulável o negócio jurídico: I. por incapacidade relativa do agente; II. por vício
resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra
credores. Art. 178, CC: É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se
a anulação do negócio jurídico, contado (...): II. no de erro, dolo, fraude contra
credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico.
Como a doação foi realizada no dia 29/07/2004 e a ação somente foi proposta no
dia 30/07/2009, operou-se a decadência. Gabarito: “C”.

14) (FGV – PGE/RO – Técnico da Procuradoria – 2015) Sobre os institutos


da prescrição e decadência, é correto afirmar que:
(A) os prazos decadenciais se interrompem e suspendem;
(B) é vedado o estabelecimento de prazos decadenciais em contrato;
(C) o prazo prescricional interrompido faz com que a contagem retome de onde
parou;
(D) a prescrição extingue o direito subjetivo;

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(E) é inválida a renúncia ao prazo decadencial previsto em lei.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada. Trata-se de uma afirmação capciosa.
Estabelece o art. 207, CC: “Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à
decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição”.
Assim, em tese, os prazos decadenciais poderiam se interromper e suspender de
forma excepcional. No entanto o art. 208, CC estabelece que “aplica-se à
decadência o disposto nos arts. 195 e 198, inciso I”, que são hipóteses de
suspensão da prescrição. Como não há qualquer previsão em relação à interrupção
da decadência, pode-se dizer que a afirmação esta errada. Mas é o tipo de
afirmação que deveria ser evitada para evitar questionamentos. Melhor seria se o
examinador afirmasse “em regra os prazos decadenciais se interrompem e
suspendem”. Aí sim ela estaria errada. A letra “b” está errada. Quando se
estabelece um prazo decadencial em contrato, chamamos de decadência
convencional, plenamente admitida em nosso direito, como se constata no art.
211, CC. A letra “c” está errada. Quando o prazo prescricional é interrompido por
uma determinada causa ele volta a correr desde seu início (volta do zero) Já na
suspensão o prazo para de correr até que se resolva o motivo que provocou a
suspensão. Após isso, o prazo volta a correr de onde parou. A letra “d” está errada.
Prescrição é a perda do direito à pretensão em razão do decurso do tempo. Ela
atinge direitos subjetivos patrimoniais e relativos. Direito subjetivo é a faculdade
que o ordenamento reconhece a alguém de exigir de outrem determinado
comportamento. Decadência é a perda de um direito que não foi exercido pelo
seu titular no prazo previsto em lei; é a perda do direito em si, em razão do
decurso do tempo. Ela atinge direitos potestativos, que são aqueles que
conferem ao titular o poder de fazer produzir efeitos pela simples manifestação de
vontade. Eles não fazem nascer pretensões, pois são destituídos dos respectivos
deveres; o objetivo desses direitos é constituir, modificar ou desconstituir relações
jurídicas. A letra “e” está correta. Art. 209, CC: É nula a renúncia à decadência
fixada em lei. Gabarito: “E”.

15) (FGV – Exame Unificado da OAB – 2011) O decurso do tempo exerce


efeitos sobre as relações jurídicas. Com o propósito de suprir uma deficiência
apontada pela doutrina em relação ao Código velho, o novo Código Civil, a
exemplo do Código Civil italiano e português, define o que é prescrição e institui
disciplina específica para a decadência. Tendo em vista os preceitos do Código
Civil a respeito da matéria, assinale a alternativa CORRETA.
(A) se a decadência resultar de convenção entre as partes, o interessado poderá
alegá-la, em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não poderá suprir a alegação
de quem a aproveite.
(B) quando uma ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal,
não correrá a prescrição até o despacho do juiz que tenha recebido ou rejeitado
a denúncia ou a queixa-crime.
(C) o novo Código Civil optou por conceituar o instituto da prescrição como a
extinção da pretensão e estabelece que a prescrição, em razão da sua relevância,
pode ser arguida, mesmo entre os cônjuges enquanto casados pelo regime de
separação obrigatória de bens.

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(D) se um dos credores solidários constituir judicialmente o devedor em mora,
tal iniciativa não aproveitará aos demais quanto à interrupção da prescrição, nem
a interrupção produzida em face do principal devedor prejudica o fiador dele.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta, nos termos do art. 211, CC: Se a
decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer
grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação. A letra “b” está
incorreta, pois nesse caso a prescrição não correrá até a sentença definitiva, e não
apenas até o despacho de recebimento ou rejeição da denúncia ou queixa (art.
200, CC: Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal,
não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva). A alternativa “c”
está errada, pois embora a prescrição seja, de fato, a extinção da pretensão, ela
não corre entre os cônjuges durante a constância da sociedade conjugal, qualquer
que seja o regime de bens adotado pelo casal (art. 197, I, CC). Finalmente a letra
“d” está errada, pois contraria as disposições contidas nos §§ 1° e 3° do art. 204,
CC: A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros;
semelhantemente, a interrupção operada contra o codevedor, ou seu herdeiro,
não prejudica aos demais coobrigados. §1° A interrupção por um dos credores
solidários aproveita aos outros; assim como a interrupção efetuada contra o
devedor solidário envolve os demais e seus herdeiros (...) §3° A interrupção
produzida contra o principal devedor prejudica o fiador. Gabarito: “A”.

Exercícios Complementares
Fundação Carlos Chagas

01) (TRT/14ª Região/RO e AC – Magistratura do Trabalho – 2013) Leia


as proposições a seguir e marque a alternativa CORRETA:
I. Fato jurídico é todo acontecimento, previsto em norma jurídica, em razão do
qual nascem, se modificam, subsistem e se extinguem relações jurídicas,
sendo classificados em fatos naturais, aqueles que independem da vontade
humana (nascimento, morte, maioridade, tempestade, naufrágio, etc.), e fatos
humanos, aqueles que dependem de vontade humana (perdão, ocupação,
confissão, adoção, contratos, ato ilícito).
II. O decurso do tempo, que dá azo à prescrição e à decadência, é reputado
um fato jurídico natural.
III. A exceção prescreve um ano após a pretensão.
(A) apenas as proposições I e II são verdadeiras.
(B) apenas as proposições I e III são verdadeiras.
(C) apenas as proposições II e III são verdadeiras.

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(D) todas as proposições são verdadeiras.
(E) todas as proposições são falsas.
COMENTÁRIOS. A proposição I está correta. Fornece o conceito exato de fato
jurídico e sua divisão. A proposição II está correta, pois segundo a doutrina
dominante o decurso de tempo (do qual pode decorrer a prescrição, a decadência,
a usucapião) é exemplo de fato jurídico natural (ordinário). A proposição III está
errada, pois nos termos do art. 190, CC, a exceção prescreve no mesmo prazo em
que a pretensão. Gabarito: “A” (apenas as proposições I e II são verdadeiras).

02) (FCC – TCE/AM – Analista de Controle Externo – 2013) A prescrição


(A) deve ser alegada no primeiro grau de jurisdição, sob pena de preclusão.
(B) extingue o direito material.
(C) pode ser regulada por acordo entre as partes.
(D) corre entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal.
(E) pode ser renunciada de maneira expressa ou tácita, depois de consumada e
desde que não haja prejuízo a terceiros.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois a prescrição pode ser alegada em
qualquer grau de jurisdição (art. 193, CC). A letra “b” está errada, pois segundo
o art. 189, CC a prescrição extingue a pretensão (e não o direito material). A letra
“c” está errada, pois a prescrição (em especial os seus prazos) não pode ser
regulada por acordo entre as partes (art. 192, CC). A letra “d” está errada, pois a
prescrição não corre na constância da sociedade conjugal (art. 197, II, CC). A letra
“e” está correta nos exatos termos do art. 191, CC. Gabarito: “E”.

03) (FCC – TCE/SP – Auditor do Tribunal de Contas – 2013) A prescrição


(A) somente pode ser conhecida no primeiro grau de jurisdição.
(B) não corre pendendo condição resolutiva.
(C) poderá ser interrompida, em relação a uma mesma pretensão, tantas
quantas forem as causas de interrupção.
(D) pode ser interrompida por ato do devedor.
(E) é suspensa pelo protesto cambial.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois segundo o art. 193, CC a prescrição
pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita. A
letra “b” está errada, pois a prescrição não corre pendendo condição suspensiva
(e não resolutiva), de acordo com o art. 199, I, CC. A letra “c” está errada, pois a
prescrição somente pode ser interrompida uma única vez, de acordo com o art.
202, caput, CC. A letra “d” está correta, nos termos do art. 202, VI, CC (por
qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do
direito pelo devedor). Finalmente a letra “e” está errada, pois o protesto cambial
é causa de interrupção da prescrição (e não de suspensão), nos termos do art.
202, III, CC. Gabarito: “D”.

04) (FCC – TRT/18ª Região/GO – Analista Judiciário – 2013) Acidente de


veículo vitimou criança de 10 anos de idade, causando-lhe danos

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materiais e morais. Ao completar 18 anos, a vítima decidiu ajuizar ação
de reparação civil. Considerando-se que o acidente ocorreu sob a vigência
do Código Civil atual, tal pretensão
(A) não está prescrita, pois o caso retrata hipótese de decadência.
(B) está prescrita, pois já se passaram mais de 3 anos da data do fato.
(C) está prescrita, pois já se passaram mais de 5 anos da data do fato.
(D) não está prescrita, pois a vítima era absolutamente incapaz no momento do
fato.
(E) não está prescrita, pois o fato é imprescritível.
COMENTÁRIOS. Combinando o art. 198, I, CC com o art. 3°, CC, podemos
afirmar que a fluência do prazo prescricional somente terá início quando a pessoa
completar 16 anos, sendo que no caso concreto a ofendida tinha apenas 10 anos
quando do acidente. Segundo o art. 206, §3°, V, CC a pretensão para reparação
civil (danos materiais e morais) prescreve em três anos. No momento em que ela
ingressou com a ação tinha 18 anos, ou seja, já haviam escoados apenas dois
anos. Conclusão: a prescrição ainda não se operou, pois o prazo de três anos teve
início quando a pessoa completou 16 anos. Como agora tem 18 anos, decorreram
apenas dois anos, portanto ainda faltaria um ano para se operar a prescrição.
Gabarito: “D”.

05) (FCC – TRT/12ª Região/SC – Analista Judiciário – 2013) No tocante


à prescrição:
(A) seu prazo não correrá se pender condição suspensiva.
(B) pode ela ser interrompida apenas pelo titular do direito violado.
(C) pode ela ser alegada em primeiro grau de jurisdição, pela parte a quem
aproveita, e somente pelo órgão jurisdicional, de ofício, nos demais graus
jurisdicionais.
(D) o prazo prescricional iniciado contra uma pessoa não corre contra seu
sucessor.
(E) os prazos prescricionais podem ser alterados por acordo entre as partes,
mas não os prazos decadenciais.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta nos termos do art. 199, I CC. A letra “b”
está errada, pois o art. 203, CC prevê que a prescrição pode ser interrompida por
qualquer interessado. A letra “c” está errada, pois segundo o art. 193, CC a
prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem
aproveita. A letra “d” está errada, pois estabelece o art. 196, CC que a prescrição
iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor. Finalmente
também está errada a alternativa “e”, pois dispõe o art. 192, CC que os prazos
prescricionais não podem ser alterados por acordo das partes. Gabarito: “A”.

06) (FCC – Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia –


HEMOBRÁS – Analista Jurídico – 2013) Num determinado contrato, as
partes inseriram duas cláusulas: uma renunciando a decadência, cujo

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prazo foi fixado em lei, e outra renunciando a futura e eventual
prescrição. Nesse caso,
(A) ambas as cláusulas são válidas.
(B) só é nula a renúncia à decadência.
(C) só é nula a renúncia à futura e eventual prescrição.
(D) as duas cláusulas são nulas.
(E) a renúncia à futura e eventual prescrição só é válida se for feita sem prejuízo
de terceiros.
COMENTÁRIOS. O art. 191, CC estabelece que é possível a renúncia da
prescrição. No entanto estabelece que essa renúncia só valerá se for feita sem
prejuízo de terceiros e depois que a prescrição se consumar. Portanto é nula a
cláusula que estabelece a renúncia antecipada da prescrição. Da mesma forma,
estabelece o art. 209, CC que é nula a renúncia da decadência fixada em lei.
Gabarito: “D”.

07) (FCC – TRT/1ª Região/RJ – Analista Judiciário – 2013) Tício é Tabelião


de um determinado Cartório de Notas e Protestos de uma cidade do Estado do Rio
de Janeiro. Mauro compareceu em um determinado dia para elaboração de uma
procuração pública para sua irmã vender um imóvel de sua propriedade situado
na cidade de Porto Alegre, Estado do Rio Grande do Sul. Realizada a escritura
Mauro não pagou as custas e emolumentos inerentes ao ato. Neste caso, para
cobrança das custas e emolumentos, o Tabelião Tício terá o prazo
prescricional de
(A) 02 anos.
(B) 01 ano.
(C) 03 anos.
(D) 04 anos.
(E) 05 anos.
COMENTÁRIOS. Nos termos do art. 206, §1°, III, CC a pretensão dos tabeliães,
auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos, pela percepção de
emolumentos, custas e honorários é de 01 (um) ano. Gabarito: “B”.

08) (FCC – TRT/1ª Região/RJ – Analista Judiciário – 2013) Miguel ajuizou


ação de indenização contra Mauro, julgada procedente. Antes de transitar em
julgado a sentença, quando ainda tramitava recurso de apelação, Mauro e Miguel
resolveram assinar um termo, aumentando em um ano o prazo prescricional para
cobrança das despesas desembolsadas pelas partes no curso do litígio. Mantida a
sentença pelo E. Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, para cobrança
das despesas despendidas em juízo do vencido Mauro, Miguel terá, a partir do
trânsito em julgado, o prazo prescricional, de acordo com o CC, de
(A) 6 anos.
(B) 5 anos.
(C) 3 anos.
(D) 1 ano.

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(E) 2 anos.
COMENTÁRIOS. O prazo prescricional para se cobrar as despesas desembolsadas
pelas partes no curso do litígio é de 05 (cinco) anos, nos termos do art. 206, §5°,
CC. Acrescente-se que o acordo feito por Mauro e Miguel aumentando o prazo
prescricional é nulo, pois no termos do art. 192, CC, os prazos de prescrição não
podem ser alterados por acordo das partes. Ficamos com os cinco anos mesmo.
Gabarito: “B”.

09) (FCC – TRT/1ª Região/RJ – Analista Judiciário – 2013) Joaquim é


proprietário de um imóvel residencial urbano situado na cidade do Rio de Janeiro,
no bairro da Barra da Tijuca. Após mudar-se para a cidade de São Paulo a trabalho,
Joaquim mantém o imóvel no Rio de Janeiro e o alugou para Manoel, pelo prazo
de trinta e seis meses a partir de 1° de Janeiro de 2011. No dia 1° de Dezembro
de 2011, Manoel, após deixar de pagar quatro meses de aluguel (Agosto,
Setembro, Outubro e Novembro), resolveu abandonar o imóvel e entregou as
chaves do mesmo na imobiliária. Manoel, no dia 1° de Dezembro de 2012,
encaminhou uma carta ao Joaquim desculpando-se pelos transtornos e
reconhecendo o débito locatício perante o ex-locador, carta esta recebida no
mesmo dia por Joaquim. Neste caso, a fim de evitar a consumação do prazo
prescricional para cobrança dos alugueis e encargos locatários, nos termos
preconizados pelo Código Civil Brasileiro, Joaquim deverá ajuizar a respectiva ação
até o dia
(A) 1° de dezembro de 2014.
(B) 1° de dezembro de 2015.
(C) 1° de dezembro de 2013.
(D) 1° de dezembro de 2016.
(E) 1° de dezembro de 2017.
COMENTÁRIOS. O prazo prescricional começou a correr no dia em que Manoel
encaminhou a carta a Joaquim, reconhecendo o débito locatício (inclusive pedindo
desculpas pelos “transtornos”). O prazo estabelecido no art. 206, §3°, I, CC é de
três anos, portanto o correto é (B) 1° de dezembro de 2015. Gabarito: “B”.

10) (FCC – TRT/1ª Região/RJ – Analista Judiciário – 2013) Se a


decadência for convencional, nos termos preconizados pelo Código Civil
Brasileiro, a parte a quem aproveita pode alegá-la
(A) em qualquer grau de jurisdição, e o juiz poderá suprir a alegação.
(B) em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação.
(C) até o término do prazo para contestação, mas o juiz não pode suprir a
alegação.
(D) até o término do prazo para contestação, e o juiz poderá suprir a alegação.
(E) até a data da prolação da sentença de primeiro grau, mas o juiz não pode
suprir a alegação.

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COMENTÁRIOS. Nos termos do art. 211, CC, se a decadência for convencional,
a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o
juiz não pode suprir a alegação. Gabarito: “B”.

11) (FCC – DPE/AM – Defensor Público – 2013) A prescrição


(A) deve ser arguida em preliminar de contestação, sob pena de preclusão.
(B) não corre contra o relativamente incapaz.
(C) pode ser convencionada entre as partes.
(D) não corre contra ascendentes e descendentes, mesmo depois de extinto o
poder familiar.
(E) é interrompida pelo protesto cambial.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois a prescrição pode ser arguida em
qualquer fase do processo e em qualquer grau de jurisdição (art. 193, CC),
podendo, inclusive, ser reconhecida de ofício pelo Juiz. A letra “b” está errada,
pois segundo o art. 198, I, CC a prescrição não corre contra os incapazes de que
trata o art. 3°, CC (ou seja, os absolutamente incapazes: menores de 16 anos). A
letra “c” está errada, pois nos termos do art. 192, CC, os prazos de prescrição não
podem ser alterados por acordo das partes. A letra “d” está errada, pois a
prescrição não corre entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar
(art. 197, II, CC). A letra “e” está certa, pois de fato a prescrição pode ser
interrompida pelo protesto cambial (art. 202, III, CC). Gabarito: “E”.

12) (FCC – TRT/6ª Região/PE – Magistratura do Trabalho – 2013)


Interrompe-se a prescrição
(A) se o credor vier a sofrer interdição, em virtude de incapacidade absoluta.
(B) somente por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe
reconhecimento do direito pelo devedor, ou pela citação válida, desde que
ordenada por juiz competente.
(C) por protesto judicial, mas não por protesto cambial.
(D) por despacho de juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o
interessado a promover no prazo e na forma da lei processual, ou por protesto
judicial.
(E) se o credor se ausentar do Brasil, em serviço público da União, dos Estados
ou dos Municípios.
COMENTÁRIOS. As letras “a” e “e” estão erradas, pois são hipóteses de
suspensão da prescrição (art. 198, I e II, CC). Lembrando que a interdição não
torna mais a pessoa absolutamente incapaz. De acordo com a Lei n° 13.146/2015,
que alterou dispositivos do Código Civil, somente o menor de 16 anos é
absolutamente incapaz. A letra “b” está errada por causa da expressão “somente”.
A letra “c” está errada, pois tanto o protesto judicial quanto o cambial interrompem
a prescrição. A letra “d” está correta nos termos do art. 202, I, CC. Gabarito:
“D”.

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13) (FCC – MPE/SE – Analista Ministerial – Direito – 2013) É CORRETO
afirmar:
(A) como regra, as causas interruptivas da prescrição aplicam-se igualmente aos
prazos decadenciais.
(B) a interrupção da prescrição poderá ocorrer quantas vezes ocorram e se
provem as causas interruptivas.
(C) a prescrição iniciada contra uma pessoa interrompe- se com sua morte e
deixa de correr contra o seu sucessor.
(D) quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal,
não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva.
(E) não correm os prazos prescricionais contra os relativamente incapazes e
contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas.
COMENTÁRIOS. A letra "a" está errada, pois segundo o art. 207, CC: Salvo
disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que
impedem, suspendem ou interrompem a prescrição. A letra "b" está errada, pois
a interrupção somente pode ocorrer uma vez, nos termos do art. 202, CC: A
interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á (...). A
letra "c" está errada, pois estabelece o art. 196, CC: A prescrição iniciada contra
uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor. A letra "d" está correta nos
exatos termos do art. 200, CC: Quando a ação se originar de fato que deva ser
apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença
definitiva. A letra "e" está errada, pois prevê o art. 198, CC: Também não corre a
prescrição: I - contra os incapazes de que trata o art. 3° (absolutamente
incapazes: menores de 16 anos); II - contra os ausentes do País em serviço
público da União, dos Estados ou dos Municípios; III - contra os que se acharem
servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra. Gabarito: “D”.

14) (FCC – AL/RN – Analista Administrativo – 2013) Gabriela, advogada,


pretende ajuizar ação ordinária objetivando o recebimento de honorários
advocatícios pactuados entre ela e o Condomínio “XS”. Considerando que os
serviços de Gabriela foram concluídos em agosto de 2011 com o término do
contrato existente entre as partes, a pretensão de Gabriela para cobrança de seus
honorários
(A) só prescreverá se transcorrido o prazo geral de quinze anos.
(B) já prescreveu em agosto do ano de 2012.
(C) já prescreveu em agosto do ano de 2013.
(D) ainda não prescreveu, uma vez que o prazo prescricional neste caso é de três
anos.
(E) ainda não prescreveu, uma vez que o prazo prescricional neste caso é de
cinco anos.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 206, §5°, II, CC, é de cinco anos a prescrição da
pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e

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professores pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da
cessação dos respectivos contratos ou mandato. Gabarito: “E”.

15) (FCC – MPE/MA – Analista Ministerial – Direito – 2013) Josué e Serafina


foram casados durante 15 anos e tiveram apenas um filho, Téo, que completou
18 anos neste ano de 2013. Josué e Serafina resolvem se divorciar amigavelmente
também neste ano de 2013 e estabelecem o pagamento de pensão alimentícia
mensal por Josué em favor de Téo, que iniciou o curso de Direito em uma
Universidade particular, no valor de R$ 3.500,00. Havendo inadimplemento por
parte de Josué, para cobrança das prestações vencidas, Téo deverá observar o
prazo prescricional de
(A) 1 ano.
(B) 2 anos.
(C) 3 anos.
(D) 4 anos.
(E) 5 anos.
COMENTÁRIOS. Embora completando 18 anos a pessoa se torne maior e capaz,
os pais ainda continuam obrigados ao pagamento da pensão alimentícia. Ou seja,
ao atingir 18 anos a exoneração de pensão alimentícia não é automática, sendo
preciso comprovar que o contemplado não necessita mais do benefício. Se o
favorecido ainda estiver cursando ensino médio ingresse em algum curso superior,
o alimentado pode continuar recebendo a pensão até completar os 24 anos ou até
o fim do curso superior (o que vier primeiro). Assim, no caso concreto Téo tem o
direito de receber a pensão. No entanto o valor das prestações pode prescrever.
Segundo estabelece o art. 206, §2°, CC, prescreve em dois anos, a pretensão para
haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem. Gabarito:
“B”.

16) (FCC – Ministério Público de Contas do Estado do Mato Grosso –


Analista de Contas – Direito – 2013) A decadência
(A) nunca pode ser reconhecida de ofício pelo juiz, dependendo sempre de
arguição pela parte interessada.
(B) decorre sempre de lei, não podendo ser prevista em contrato.
(C) é a perda de um direito pelo não exercício no prazo estabelecido.
(D) pode, a qualquer tempo, ser renunciada pela parte a quem aproveita.
(E) ocorre, em regra, em dez anos, contados da efetivação do negócio.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois a decadência legal deve ser
reconhecida de ofício (art. 210, CC). A letra “b” está errada, pois o art. 211, CC,
prevê expressamente a decadência convencional. A letra “c” está correta, pois
trata-se do conceito (simples e genérico) de decadência. A letra “d” está errada,
pois dispõe o art. 209, CC que é nula a renúncia à decadência fixada em lei. A
letra “e” está errada, pois no tocante à decadência não há uma regra geral. O
prazo de 10 anos se refere à prescrição, nos termos do art. 205, CC. Gabarito:
“C”.

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17) (TRT/3ª Região/MG – Magistratura do Trabalho – 2013)
Relativamente à prescrição e à decadência, com base no Código Civil, é
INCORRETO afirmar:
(A) dado que não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem
ou interrompem a prescrição, o prazo decadencial corre contra os absolutamente
incapazes.
(B) é nula a renúncia à decadência fixada em lei.
(C) se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em
qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação.
(D) os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes.
(E) a renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita,
sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar.
COMENTÁRIOS. A alternativa “a” está errada. Em regra, não se aplicam à
decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição,
mas pode haver exceção legal, como é o caso do art. 208, CC: Aplica-se à
decadência o disposto nos arts. 195 e 198, inciso I. Este último é um dispositivo
impeditivo ou suspensivo da prescrição (também não corre a prescrição: I. contra
os incapazes de que trata o art. 3°). A letra “b” está correta nos termos do art.
209, CC. A letra “c” está correta nos termos do art. 211, CC. A letra “d” está
correta nos termos do art. 192, CC e a letra “e” está correta nos termos do art.
191, CC. Gabarito: “A”.

18) (FCC – TRT/15ª Região/Campinas – Analista Judiciário – 2013) Cauã,


então com 9 anos, foi obrigado por Romualdo, durante três anos, a
trabalhar em regime análogo à escravidão. Neste período, foi submetido
a trabalhos forçados, que lhe causaram danos morais. Seis anos depois,
ajuizou ação compensatória contra Romualdo. Este, por sua vez, alegou
prescrição. A alegação de Romualdo
(A) não procede, pois o caso espelha hipótese de decadência, não de prescrição.
(B) procede, pois se passaram mais de três anos do fato que originou a
pretensão.
(C) procede, pois se passaram mais de cinco anos do fato que originou a
pretensão.
(D) não procede, pois o prazo de prescrição para pretensão de reparação civil
não se consumou.
(E) não procede, pois fatos graves são imprescritíveis.
COMENTÁRIOS. De fato, a prescrição da pretensão de reparação civil (no caso
“ação compensatória”) ocorre em 3 anos (art. 206, §3°, V, CC). No entanto, como
Cauã tinha 9 anos de idade quando começou a trabalhar em regime análogo à
escravidão e ficou 3 anos nesta situação, quando a situação terminou ele tinha
apenas 12 anos. Portanto era absolutamente incapaz (art. 3°, CC) e a prescrição
não corre contra ele (art. 198, I, CC). A prescrição somente começa a correr
quando Cauã completar 16 anos (passa a ser relativamente incapaz). No momento

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da propositura da ação já havia se passado mais 6 anos, portanto Cauã já estava
com 18 anos. Assim, iniciando-se a contagem do prazo prescricional de 3 anos no
momento em que Cauã completou 16 anos, ele poderia propor a ação até os seus
19 anos. Como propôs aos 18 anos, a ação ainda não estava prescrita.
Concluindo: não procede a alegação de Romualdo, pois o prazo de prescrição
para pretensão de reparação civil não se consumou. Gabarito: “D”.

19) (FCC – Assembleia Legislativa/PB – Consultor Legislativo – 2013) A


interrupção da prescrição
(A) por um credor aproveita aos outros; por outro lado, a interrupção operada
contra o codevedor, ou seu herdeiro, prejudica aos demais coobrigados.
(B) contra o devedor solidário não envolve os demais e seus herdeiros.
(C) contra um dos herdeiros do devedor solidário, tratando-se de obrigações e
direitos indivisíveis, não prejudica os outros herdeiros ou devedores.
(D) produzida contra o principal devedor prejudica o fiador.
(E) por um dos credores solidários não aproveita os outros.
COMENTÁRIOS. Esta questão trata do art. 204, e seus parágrafos, do CC. É uma
questão “chatinha”, pois este artigo é um tanto complexo. Porém ela exige apenas
a literalidade do dispositivo. Vejamos. A letra “a” está errada, pois estabelece o
art. 204, caput: A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos
outros; semelhantemente, a interrupção operada contra o codevedor, ou seu
herdeiro, não prejudica aos demais coobrigados. A letra “b” está errada, pois
dispõe o §1°, segunda parte: a interrupção efetuada contra o devedor solidário
envolve os demais e seus herdeiros. A letra “c” está errada, pois prevê o §2°: A
interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não prejudica
os outros herdeiros ou devedores, senão quando se trate de obrigações e direitos
indivisíveis. A letra “d” está correta nos termos do §3°: A interrupção produzida
contra o principal devedor prejudica o fiador. Finalmente a letra “e” está errada,
pois prescreve o §1°, primeira parte: A interrupção por um dos credores solidários
aproveita aos outros. Gabarito: “D”.

20) (TJ/DFT – Juiz de Direito – 2013) Em atenção ao que o Código Civil


estabelece sobre os institutos da prescrição e da decadência, analise as
proposições abaixo e assinale a alternativa CORRETA.
I. A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e pode ocorrer antes
ou depois de se consumar o prazo.
II. Eventual reconhecimento do direito pelo devedor não constitui causa
interruptiva do prazo prescricional.
III. Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só
aproveitam os outros se a obrigação for indivisível.
IV. A renúncia à decadência fixada em lei é válida, se feita depois que se
consumar o prazo decadencial.
(A) apenas as proposições I e IV estão corretas.
(B) apenas as proposições II e III estão corretas.

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(C) apenas a proposição III está correta.
(D) as proposições I, II, III e IV estão corretas.
COMENTÁRIOS. O item I está errado, nos termos do art. 191, CC: A renúncia da
prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de
terceiro, depois que a prescrição se consumar. O item II está errado, pois
estabelece o art. 202, VI, CC: A interrupção da prescrição, que somente poderá
ocorrer uma vez, dar-se-á: (...) VI. por qualquer ato inequívoco, ainda que
extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor. O item III está
correto nos termos do art. 201, CC: Suspensa a prescrição em favor de um dos
credores solidários, só aproveitam os outros se a obrigação for indivisível. O item
IV está errado, pois de forma categórica dispõe o art. 209. CC: É nula a renúncia
à decadência fixada em lei. Gabarito: “C” (apenas a proposição III está correta).

21) (FCC – TRT/15ª Região/Campinas – Analista Judiciário – 2013)


Alberto, locatário de prédio urbano, deixou de pagar a Gilberto, locador, o aluguel
referente a março de 2009. Em março de 2010, porém, encaminhou carta a
Gilberto informando que somente não efetuou o pagamento porque estava em
dificuldades financeiras à época. Disse ainda não negar a dívida e prometeu pagá-
la em breve. Entretanto, como Alberto não cumpriu o prometido, em fevereiro de
2013 Gilberto ajuizou ação de cobrança do aluguel de março de 2009. Em
contestação, Alberto alegou prescrição. Alberto está
(A) errado, porque não se ultimou o prazo prescricional, de 5 anos.
(B) correto, porque o prazo prescricional somente teria sido interrompido se a
manifestação de Alberto tivesse ocorrido em via judicial.
(C) correto, porque apenas atos do credor interrompem o prazo prescricional.
(D) errado, porque a carta encaminhada a Gilberto interrompeu o prazo
prescricional.
(E) correto, porque, ainda que seu ato tenha interrompido a prescrição, ultimou-
se o prazo prescricional, de 1 ano.
COMENTARIOS. Ao enviar a carta a Gilberto reconhecendo sua dívida, Alberto
fez com que o prazo prescricional se interrompesse, nos termos do art. 202, VI,
CC (por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe
reconhecimento do direito pelo devedor). Gabarito: “D”.

22) (FJG-RIO – Assessor Jurídico da Secretaria Municipal de


Administração do Rio de Janeiro – 2014) Consideram-se fatos humanos
voluntários os que:
(A) resultam de atuação humana e influem sobre as relações de direito.
(B) independem da vontade do homem, embora atinjam situação jurídica
subjetiva.
(C) compreendem o acontecimento natural capaz de produzir efeitos jurídicos.
(D) originam declaração de vontade destinada à autonomia privada.
COMENTÁRIOS. Os fatos jurídicos humanos podem ser voluntários ou
involuntários. Os voluntários são os atos lícitos (art. 185, CC), resultantes da

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atuação humana e influindo sobre as relações de direito (letra “a” correta). Os
involuntários são os atos ilícitos. As demais alternativas estão erradas. As letras
"b" e "c" dizem respeito ao fato jurídico natural e a letra "d" ao negócio
jurídico. Gabarito: “A”.

23) (FJG-RIO – Prefeitura do Rio de Janeiro – Advogado – 2014) A


possibilidade de interferir na esfera jurídica de outro indivíduo, sem
experimentar resistência, denomina-se:
(A) faculdade.
(B) poder jurídico.
(C) direito subjetivo.
(D) direito potestativo.
COMENTÁRIOS. Direito Potestativo é o poder que o agente tem de influir na
esfera jurídica de outrem, constituindo, modificando ou extinguindo direitos, sem
que este possa fazer qualquer coisa (resistir), senão sujeitar-se a sua vontade.
Exemplo clássico: aceitar ou renunciar à herança. Ninguém pode me obrigar a
aceitar uma herança; eu aceito se eu quiser. E a minha conduta em não aceitar a
herança pode refletir em outras pessoas (nos meus filhos que não terão direito a
estes bens, nos outros herdeiros que poderão acrescer o seu quinhão, etc.). Mas
estas outras pessoas (lado passivo da relação jurídica) limitam-se apenas em se
sujeitar ao exercício da minha vontade. Outros exemplos: a) direito do
empregador em demitir seu empregado; a este cabe apenas se conformar e
aceitar esta condição, tendo seus direitos trabalhistas respeitados; b) divórcio. Se
um dos cônjuges quiser se divorciar o outro apenas deve se conformar com tal
situação. O direito potestativo não se confunde com o direito subjetivo, porque ao
direito subjetivo se contrapõe um dever, o que não ocorre com o direito
potestativo. Além disso, o direito potestativo extingue-se pela decadência
enquanto o direito subjetivo é extinto pela prescrição. Gabarito: “D”.

24) (FCC – TRF/3ª Região – Analista Judiciário – 2014) Considere:


I. A prescrição entre cônjuges, após o casamento, na constância da sociedade
conjugal.
II. Ação de evicção pendente.
III. Ato judicial que constitua em mora o devedor.
IV. Ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do
direito pelo devedor.
De acordo com o Código Civil brasileiro, considera-se hipótese de
interrupção da prescrição o que consta APENAS em
(A) I e IV.
(B) I e II.
(C) I, II e III.
(D) II, III e IV.
(E) III e IV.

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COMENTÁRIOS. O item I é hipótese de suspensão da prescrição (art. 197, I,
CC). O item II é hipótese de suspensão da prescrição (art. 199, III, CC).
Observem que as hipóteses de interrupção estão previstas no art. 202, CC. O item
III está previsto no inciso V e o item IV está previsto no inciso VI. Gabarito: “E”
(são hipóteses de interrupção da prescrição os itens III e IV).

25) (FCC – TRF/3ª Região – Analista Judiciário – 2014) Considere as


seguintes situações hipotéticas:
I. Minerva emprestou R$ 10.000,00 para sua amiga Glaucia, uma vez que a
mesma necessitava saldar despesas hospitalares de seu filho. As amigas
celebraram confissão de dívida assinada por duas testemunhas idôneas, dívida
esta não saldada por Glaucia.
II. Lurdes Maria é contadora. No ano de 2012, Lurdes prestou seus serviços
profissionais para a Família Silva, elaborando as declarações de imposto de
renda do Sr. e Sra. Silva, bem como de seus dois filhos, cobrando pelos
serviços o valor de quatro salários mínimos. A família Silva não efetuou o
pagamento dos serviços de Lurdes Maria.
III. Hortência alugou seu conjunto comercial para Amanda que está lhe
devendo R$ 20.000,00 pelo não pagamento do aluguel referente aos últimos
quatro meses.
Nestes casos, de acordo com o Código Civil brasileiro, em regra,
prescreverá em cinco anos, APENAS
(A) a pretensão de Minerva.
(B) a pretensão de Hortência.
(C) as pretensões de Minerva e Hortência.
(D) as pretensões de Lurdes Maria e Hortência.
(E) as pretensões de Minerva e Lurdes Maria.
COMENTÁRIOS. No item I, a confissão de dívida assinada por Gláucia se encaixa
na situação prevista no art. 206, §5°, I (pretensão de cobrança de dívidas líquidas
constantes de instrumento público ou particular); assim sendo Minerva tem 05
(cinco) anos para propor a ação contra Gláucia. No item II, a hipótese se encaixa
na situação prevista no art. 206, §5°, II (pretensão dos profissionais liberais em
geral); assim sendo Lurdes Maria também tem 05 (cinco) anos para propor a ação
contra a Família Silva. No item III, a hipótese se encaixa na situação prevista no
art. 206, §3°, I (pretensão relativa a alugueis de prédios urbanos ou rústicos);
assim sendo Hortência tem 03 (três) anos para propor a ação contra Amanda.
Gabarito: “E”.

26) (FCC – TRF/4ª Região – Analista Judiciário – 2014) Considere:


I. A pretensão dos peritos pela percepção de honorários.
II. A pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa.
III. A pretensão de reparação civil.
IV. A pretensão dos profissionais liberais em geral pelos seus honorários.

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De acordo com o Código Civil brasileiro, as pretensões mencionadas
prescrevem, respectivamente, em
(A) 3, 5, 3 e 5 anos.
(B) 1, 2, 3 e 3 anos.
(C) 1, 3, 5 e 5 anos.
(D) 1, 3, 3 e 5 anos.
(E) 3, 3, 5 e 5 anos.
COMENTÁRIOS. I. A pretensão dos peritos pela percepção de honorários = 1
ano – 206, §1°, III, CC. II. A pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem
causa = 3 anos – 206, §3°, IV, CC. III. A pretensão de reparação civil = 3 anos –
206, §3°, V, CC. IV. A pretensão dos profissionais liberais em geral pelos seus
honorários = 5 anos – 206, §5°, II, CC e art. 25, da Lei 8.906/1994 (Estatuto da
Advocacia e da OAB). Gabarito: “D” (1, 3, 3, 5).

27) (FCC – Companhia do Metropolitano de São Paulo – METRÔ –


Advogado – 2014) Com relação à prescrição, considere:
I. Prescreve em três anos a pretensão de reparação civil, bem como a
pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa.
II. A interrupção da prescrição operada contra o codevedor, ou seu herdeiro,
não prejudica aos demais coobrigados.
III. Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, não
aproveitará os outros se a obrigação for indivisível.
IV. Prescreve em cinco anos a pretensão para haver juros, dividendos ou
quaisquer prestações acessórias, pagáveis, em períodos não maiores de um
ano, com capitalização ou sem ela.
Está CORRETO o que consta APENAS em
(A) I, III e IV.
(B) I, II e III.
(C) III e IV.
(D) II e IV.
(E) I e II.
COMENTÁRIOS. O item I está correto nos termos do art. 206, §3°, V e IV,
respectivamente. O item II está correto nos termos do art. 204, §2°, CC. O item
III está errado, pois estabelece o art. 201, CC: Suspensa a prescrição em favor
de um dos credores solidários, só aproveitam os outros se a obrigação for
indivisível. O item IV está errado, pois nessa hipótese a prescrição se opera em
03 (três) anos (art. 206, §3°, III, CC). Gabarito: “E” (estão corretos os itens I e
II).

28) (FCC – Procurador Judicial – Recife/PE – 2014) Bruno emprestou


dinheiro a Arnaldo no ano de 1980, estipulando que a devolução do montante
deveria ocorrer ainda naquele ano. No entanto, a obrigação não foi cumprida no
prazo. Em 2013, Arnaldo realiza o pagamento, com juros e correção monetária.

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Logo depois, porém, é alertado por seu advogado de que, passados 33 anos, Bruno
não poderia realizar cobrança judicial do valor. Por tal razão, Arnaldo ajuíza ação
em que requer a devolução da quantia paga, a qual deverá ser julgada
(A) improcedente, pois o pagamento de débito prescrito não autoriza pedido de
devolução da quantia paga.
(B) procedente, pela vedação ao enriquecimento ilícito.
(C) improcedente, pois o pagamento de débito sobre o qual se operou decadência
não autoriza pedido de devolução da quantia paga.
(D) procedente, pois havia se operado a prescrição.
(E) procedente, pois havia se operado a decadência.
COMENTÁRIOS. De fato, passados tantos anos, a dívida está irremediavelmente
prescrita. Portanto a essa dívida passou a ser considerada como obrigação natural,
ou seja, obrigação sem proteção judicial, pois não pode mais ser exigida pelo
credor. No entanto, se o devedor pagou espontaneamente a dívida, esse
pagamento valeu. O devedor não pode pedir a restituição do valor desembolsado.
Prevê o art. 882, CC: “Não se pode repetir (pedir de volta) o que se pagou para
solver dívida prescrita ou cumprir obrigação judicialmente inexigível”. Assim sendo
a ação proposta por Arnaldo será julgada improcedente. Gabarito: “A”.

29) (FCC – SEFAZ/PE – Auditor Fiscal do Tesouro Estadual – 2014) Em


relação à prescrição e à decadência, é CORRETO afirmar:
(A) A prescrição só poderá ser alegada, pela parte a quem aproveita, em primeiro
grau de jurisdição, podendo a decadência, porém, ser alegada em qualquer grau
de jurisdição.
(B) O juiz deve conhecer de ofício da decadência, mas não da prescrição, que
exige a iniciativa da parte.
(C) A prescrição iniciada contra uma pessoa deixa de correr contra o seu
sucessor, interrompendo-se.
(D) Os prazos de prescrição podem ser alterados por acordo das partes, se
disserem respeito a direitos patrimoniais.
(E) Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la
em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada. Tanto a prescrição como a decadência
podem ser alegadas em qualquer grau de jurisdição. Art. 193, CC: A prescrição
pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita.
Art. 211, CC: Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode
alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação. A
letra “b” está errada, pois a prescrição e a decadência legal podem ser
reconhecidas de ofício pelo juízo. No entanto, convém salientar que de acordo com
o art. 332, §1°, CPC/2015, é possível que o juiz julgue “liminarmente se verificar,
desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição”. No entanto, instaurada
a relação processual, o juiz somente poderá reconhecer a prescrição e a
decadência depois de dar à outra parte, oportunidade de se manifestar (parágrafo

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único, do art. 487, CPC/2015). Segundo o art. 210, CC, deve o juiz, de ofício,
conhecer da decadência, quando estabelecida por lei. A letra “c” está errada, pois
estabelece o art. 196, CC: A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a
correr contra o seu sucessor. A letra “d” está errada, pois dispõe o art. 192, CC:
Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes. A letra
“e” está correta, pois prevê o art. 211, CC: Se a decadência for convencional, a
parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz
não pode suprir a alegação. Gabarito: “E”.

30) (FCC – TRT/9ª Região/PR – Analista Judiciário – 2015) “J” sofreu


danos, causados por “Y”, quando tinha 5 anos de idade. De acordo com o
Código Civil, conhecido o autor do dano desde a sua perpetração, o prazo
prescricional, para a pretensão de responsabilização civil, de
(A) 5 anos, começa a ser contado da prática do dano.
(B) 3 anos, começa a ser contado da prática do dano.
(C) 3 anos, começa a ser contado com a cessação da incapacidade absoluta de J.
(D) 3 anos, começa a ser contado do dia em que J atingir a maioridade civil.
(E) 5 anos, começa a ser contado do dia em que J atingir a maioridade civil.
COMENTÁRIOS. Como “J” sofreu danos quando tinha cinco anos de idade
(absolutamente incapaz), o prazo de prescrição não corre, iniciando seu fluxo
somente quando cessar essa incapacidade. Art. 198, CC: Também não corre a
prescrição: I. contra os incapazes de que trata o art. 3° (absolutamente incapazes:
menores de 16 anos). Portanto, assim que fizer 16 anos (cessar sua incapacidade
absoluta, pois a prescrição corre contra os relativamente incapazes), inicia-se a
contagem de 03 (três) anos para a propositura da ação. Art. 206, CC: Prescreve:
(...) §3° Em três anos: (...) V. a pretensão de reparação civil. Gabarito: “C”.

31) (FCC – TRT/9ª Região/PR – Analista Judiciário – 2015) P e R firmaram


contrato pelo qual P se obrigou a pagar quantia líquida a R. No instrumento
contratual, estabeleceram que, se não pago o débito, o prazo de prescrição para
cobrança da dívida seria aumentado de 5 para 10 anos. Sete anos depois
do vencimento do prazo, R ajuizou ação de cobrança, a qual foi julgada
procedente. Em apelação, P alegou prescrição, o que não havia feito em primeira
instância. O Tribunal
(A) não poderá reconhecer a ocorrência da prescrição, porque o contrato obriga
as partes contratantes, inclusive no que toca à alteração dos prazos
prescricionais, além de ter ocorrido preclusão.
(B) não poderá reconhecer a ocorrência da prescrição, porque, embora a questão
não preclua, o contrato obriga as partes contratantes, inclusive no que toca à
alteração dos prazos prescricionais.
(C) deverá reconhecer a ocorrência da prescrição, pois os prazos prescricionais
não podem ser alterados por acordo de vontades e porque a prescrição pode ser
alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita.

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(D) poderá reconhecer a ocorrência da prescrição apenas se R for absolutamente
incapaz, pois esta condição impede que as partes alterem, por acordo de
vontades, os prazos prescricionais, além de evitar a preclusão.
(E) poderá reconhecer a ocorrência da prescrição apenas se P for absolutamente
incapaz, pois esta condição impede que as partes alterem os prazos
prescricionais, por acordo de vontades, além de evitar a preclusão.
COMENTÁRIOS. A questão exige a conjugação de dois dispositivos. Art. 192, CC:
Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes. Art. 193,
CC: A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a
quem aproveita. Assim, a prescrição deve ser reconhecida, uma vez que os prazos
não podem ser alterados, sendo que o pedido pode ser feito na apelação, não
ocorrendo a preclusão quanto a isso. Gabarito: “C”.

32) (FCC – TCM/RJ – Auditor-Substituto de Conselheiro – 2015) Carlos e


Roberto celebraram contrato de natureza civil no âmbito do qual
estipularam que, no caso de as partes pretenderem reparação civil, o
prazo legal de prescrição, de três anos, seria majorado para cinco. Tendo
tido direito violado, Carlos ajuizou ação contra Roberto quatro anos
depois do nascimento da pretensão. Carlos é relativamente incapaz e foi
devidamente assistido quando da celebração do negócio. A pretensão
(A) está prescrita e assim deverá ser declarada desde que a requerimento de
Roberto, vedado ao juiz conhecê-la de ofício.
(B) não está prescrita, porque, embora inválida a cláusula que altera o prazo de
prescrição, esta não corre contra o relativamente incapaz.
(C) está prescrita e assim deverá ser declarada, inclusive de ofício, pelo juiz.
(D) não está prescrita, porque, embora corra a prescrição contra o relativamente
incapaz, a ação foi ajuizada dentro do prazo estipulado em cláusula contratual,
que é válida.
(E) não está prescrita, porque não corre a prescrição contra o relativamente
incapaz e porque a ação foi ajuizada dentro do prazo estipulado em cláusula
contratual, que é válida.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois atualmente, com a revogação do
art. 194, CC, não há proibição de o juiz conhecer a prescrição de ofício. No entanto,
convém salientar uma ressalva, de acordo com o novo Código de Processo Civil
(Lei n° 13.105/2015). O art. 332, §1°, CPC/2015, permite que o juiz julgue
“liminarmente se verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de
prescrição”. Portanto, no caso concreto o juiz poderia reconhecer a prescrição de
ofício. No entanto, instaurada a relação processual o juiz somente poderá
reconhecer a prescrição e a decadência depois de dar à outra parte, oportunidade
de se manifestar (parágrafo único, do art. 487, CPC/2015). A letra “b” está
errada. O fato de Carlos ser relativamente incapaz em nada altera o prazo
prescricional, uma vez que, segundo o art. 198, I, CC, este não corre contra os
incapazes de que trata o art. 3°, CC (ou seja, os absolutamente incapazes). No
entanto, é interessante complementar que, nos termos do art. 195, CC, os
relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os seus

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assistentes ou representantes legais, que derem causa à prescrição, ou não a
alegarem oportunamente. A letra “c” está correta. Segundo o art. 192, CC, os
prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes (matéria de
ordem pública). Portanto a cláusula no contrato que altera o prazo prescricional é
nula, não gerando qualquer efeito legal. Por outro lado, o prazo prescricional
relativo à pretensão de reparação civil é de 03 (três) anos, nos termos do art. 206,
§3°, III, CC. Como já se passaram 04 (quatro) anos após o nascimento da
pretensão, está irremediavelmente prescrita, sendo que isso pode ser declarado
de ofício pelo magistrado. No entanto o relativamente incapaz tem direito de ação
contra seu assistente que ficou inerte, permitindo que ocorresse a prescrição. As
letras “d” e “e” estão erradas, pois a cláusula contratual não pode contradizer
texto legal, especialmente em se tratando de uma norma de ordem pública que
proíbe estipulação em contrário. Além disso, como já mencionado, a prescrição
corre normalmente contra os relativamente incapazes. Gabarito: “C”.

33) (FCC – TRT/6ª Região/PE – Magistratura do Trabalho – 2015) Em


relação às causas que impedem, suspendem ou interrompem a
prescrição,
(A) interrompe-se a prescrição por ato inequívoco, desde que exclusivamente
judicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor.
(B) não corre a prescrição pendendo condição suspensiva, não estando vencido
o prazo ou pendendo ação de evicção.
(C) a interrupção da prescrição só se dará em benefício do credor e só por ele
poderá ser requerida.
(D) não corre a prescrição entre ascendentes e descendentes, vitaliciamente em
razão da proximidade do vínculo parental.
(E) não corre a prescrição pendendo condição resolutiva, entre os cônjuges, na
constância da sociedade conjugal, ou pendendo ação redibitória.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois dispõe o art. 202, VI, CC que a
interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á (...) por
qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do
direito pelo devedor. A letra “b” está correta nos exatos termos do art. 199, I, CC.
A letra “c” está errada, pois prevê o art. 203, CC que a prescrição pode ser
interrompida por qualquer interessado (ainda que ele não seja credor
propriamente dito, como por exemplo, o fiador do credor). A letra “d” está errada,
pois determina o art. 197, CC que não corre a prescrição entre ascendentes e
descendentes durante o poder familiar (e não vitaliciamente, como na alternativa).
A letra “e” está errada, pois o Código Civil (art. 199) estabelece que não corre a
prescrição pendendo condição suspensiva (e não resolutiva) e nada fala sobre
ação redibitória (mas sim ação de evicção). Gabarito: “B”.

34) (FCC – TCM/GO – Procurador do Ministério Público de Contas – 2015)


No tocante à interrupção da prescrição,
(A) pode ser interrompida por despacho do juiz, desde que competente para o
feito, que ordenar a citação, se o interessado a promover nos termos da lei
processual.

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(B) havendo solidariedade entre devedores, atinge a todos, devedor principal e
fiador.
(C) operada contra um dos herdeiros do devedor solidário, não prejudica os
outros herdeiros ou devedores, em nenhuma hipótese.
(D) só pode ser interrompida pelo credor.
(E) quando operada por um dos credores solidários, não aproveita aos demais.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada. Art. 202, CC: A interrupção da
prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á: I. por despacho do
juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover
no prazo e na forma da lei processual. A letra “b” está correta nos termos do art.
204, §3°, CC: A interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o
fiador. A letra “c” está errada. Art. 204, §2° A interrupção operada contra um dos
herdeiros do devedor solidário não prejudica os outros herdeiros ou devedores,
senão quando se trate de obrigações e direitos indivisíveis. A letra “d” está errada.
Art. 203, CC: A prescrição pode ser interrompida por qualquer interessado. A letra
“e” está errada. Art. 204, §1°, CC: A interrupção por um dos credores solidários
aproveita aos outros; assim como a interrupção efetuada contra o devedor
solidário envolve os demais e seus herdeiros. Gabarito: “B”.

35) (FCC – TCE/CE – Procurador de Contas – 2015) Em relação à


prescrição, considere:
I. As pretensões que protegem os direitos da personalidade e as que se
vinculam ao estado das pessoas são imprescritíveis, como regra geral.
II. Não corre a prescrição entre os cônjuges, na constância da sociedade
conjugal.
III. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu
sucessor.
IV. A prescrição só pode ser interrompida pelo titular do direito violado.
V. A exceção prescreve no mesmo prazo em que a pretensão.
Está CORRETO o que se afirma APENAS em
(A) I, II, III e V.
(B) II, III, IV e V.
(C) I, II e III.
(D) II, III e IV.
(E) I, IV e V.
COMENTÁRIOS. O item I está correto. A prescritibilidade é a regra. No entanto,
há exceções. São imprescritíveis, entre outras, as ações que versam sobre: os
direitos que protegem a personalidade, como a vida, a honra, o nome, a liberdade,
a intimidade, a própria imagem, as obras literárias, artísticas ou científicas, etc.;
o estado da pessoa, como filiação (ex.: investigação de paternidade), condição
conjugal (separação judicial, divórcio), interdição dos incapazes, cidadania, etc.;
o direito de família no que concerne à questão inerente à pensão alimentícia, vida

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conjugal, regime de bens, etc. O item II está correto. Estabelece o art. 197, I,
CC: Não corre a prescrição entre os cônjuges, na constância da sociedade
conjugal. O item III está correto. Dispõe o art. 196, CC: A prescrição iniciada
contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor. O item IV está errado.
O art. 203, CC, prevê que a prescrição pode ser interrompida por qualquer
interessado. Portanto, a interrupção pode ser promovida pelo próprio titular do
direito e também por aqueles que tenham algum interesse jurídico, como os
representantes legais, os credores, herdeiros, fiadores ou avalistas da pessoa que
tem crédito a receber e que está em via de prescrição, etc. O item V está correto,
pois estabelece o art. 190, CC que a exceção prescreve no mesmo prazo em que
a pretensão. Gabarito: “A” (estão corretos os itens I, II, III e V).

36) (FCC – TCE/CE – Analista de Controle Externo/Jurídica – 2015) Tício,


pessoa absoluta incapaz, foi agredido por Caio, sofrendo danos morais. A
pretensão de Tício de se ver compensado pelos danos causados por Caio
(questão adaptada pelo professor em virtude de alteração legislativa)
(A) decai em 4 anos.
(B) prescreve em 3 anos.
(C) decai em 2 anos.
(D) não prescreve enquanto não se tornar maior de idade.
(E) prescreve em 10 anos.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 198, I, CC, a prescrição não corre contra os
absolutamente incapazes (art. 3°, CC). Como Tício é absolutamente incapaz, a
sua pretensão de se ver compensado pelos danos causados por Caio não prescreve
enquanto durar sua incapacidade. Como atualmente (em virtude da edição da Lei
n° 13.146/2015) a única hipótese de incapacidade total é a menoridade (menores
de 16 anos), pode-se afirmar que sua pretensão não prescreve enquanto não se
tornar maior de idade. Gabarito: “D”.

37) (FCC – Prefeitura de Manaus/AM – MANAUSPREV – Procurador


Autárquico – 2015) Aos 20 anos de idade, Cássio ajuizou ação de
reparação de dano, fundada na responsabilidade civil, contra Roberto, seu
pai, em razão de fato ocorrido quando tinha 9 anos. A pretensão
(A) não está prescrita, pois não corre prescrição entre pai e filho, ainda que
cessado o poder familiar.
(B) não está prescrita, pois não corre a prescrição contra os relativa e
absolutamente incapazes.
(C) está prescrita, pois o prazo de 10 anos, iniciado quando Cássio tinha 9 anos
de idade, já se consumou.
(D) está prescrita, pois o prazo de 3 anos, iniciado quando Cássio tinha 16 anos
de idade, já se consumou.
(E) não está prescrita, pois não corre a prescrição durante o poder familiar.
COMENTÁRIOS. A ação de reparação de danos prescreve em 03 (três) anos, nos
termos do art. 206, §3°, CC. E de fato a prescrição não corre durante o poder

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familiar nos termos do art. 197, II, CC: Não corre a prescrição: II. entre
ascendentes e descendentes, durante o poder familiar. Como o dies a quo (início
da contagem) se iniciou quando cessou o poder familiar (18 anos), e tendo Cássio
20 anos, a prescrição ainda não se consumou. Gabarito: “E”.

38) (FCC – TJ/GO – Juiz de Direito – 2015) Depois de divorciar-se, Jorge foi
obrigado, por decisão transitada em julgado, a pagar alimentos mensais a Ricardo,
seu filho, então com 8 anos. Os alimentos jamais foram pagos. Ao completar 18
anos, Ricardo ajuizou ação contra Jorge, pugnando pelo pagamento dos alimentos
vencidos nos 10 anos anteriores ao ajuizamento da ação. Jorge, por sua vez,
contestou alegando apenas prescrição da totalidade da pretensão. Durante a
menoridade, Ricardo permaneceu sob a guarda da mãe. Logo após o divórcio,
Jorge contraiu novas núpcias. A pretensão de Ricardo deve ser
(A) acolhida em parte, pois o prazo prescricional passou a fluir no dia seguinte
em que Ricardo completou 16 anos, tornando-se relativamente incapaz, o qual
possui ação regressiva contra o assistente que deu causa à prescrição.
(B) desacolhida, pois, com o divórcio, extingue-se o poder familiar em relação ao
cônjuge que não detém a guarda.
(C) integralmente acolhida, pois não corre a prescrição durante o poder familiar.
(D) desacolhida, pois, com a constituição de nova família, extingue-se o poder
familiar quanto ao filho do relacionamento anterior.
(E) integralmente acolhida, pois não corre a prescrição contra o absolutamente
incapaz.
COMENTÁRIOS. A pretensão de Ricardo (filho) deve ser acolhida, sendo que
Jorge deverá pagar toda a dívida referente aos alimentos vencidos. Isso porque,
segundo o art. 197, II, CC, não corre a prescrição entre ascendentes e
descendentes, durante o poder familiar. Portanto, somente após a extinção do
poder familiar (18 anos) é que o prazo prescricional começa a fluir. Gabarito:
“C”.

39) (FCC – Auditor Fiscal da Receita Estadual – ICMS/RJ – 2014) No


trabalho intitulado critério científico para distinguir a prescrição da
decadência e identificar as ações imprescritíveis (RT 300/7), Agnelo
Amorim Filho exarou a seguinte conclusão:
I. Estão sujeitas à prescrição: todas as ações condenatórias e somente elas
(arts. 177 e 178 do Código Civil).
II. Estão sujeitas à decadência (indiretamente), isto é, em virtude da
decadência do direito a que correspondem: as ações constitutivas que têm
prazo especial de exercício fixado em lei.
III. São perpétuas (imprescritíveis): a) as ações constitutivas que não têm
prazo especial de exercício fixado em lei; e b) todas as ações declaratórias.
Admitindo-se a exatidão desse critério, é imprescritível
(A) a pretensão de indenização por danos materiais e morais, assim como a de
anulação de negócio jurídico em virtude de erro substancial, mas sujeita-se à

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decadência a ação que tenha por objeto o reconhecimento de simulação de um
negócio jurídico.
(B) a ação de anulação de negócio jurídico em virtude de erro substancial;
sujeita-se à decadência a ação de indenização por danos materiais e morais e é
prescritível a ação que tenha por objeto o reconhecimento de simulação de um
negócio jurídico.
(C) a pretensão de indenização por danos materiais e morais; sujeita-se à
decadência a ação que tenha por objeto o reconhecimento de simulação de um
negócio jurídico e é prescritível a ação de anulação de negócio jurídico em virtude
de erro substancial.
(D) a ação que tenha por objeto o reconhecimento de simulação de um negócio
jurídico; sujeita-se à decadência o direito de pleitear a anulação de negócio
jurídico em virtude de erro substancial e é prescritível a pretensão de indenização
por danos materiais e morais.
(E) tanto a ação que tenha por objeto o reconhecimento de simulação de um
negócio jurídico como a em que se pretende a anulação de negócio jurídico por
erro substancial, mas prescreve a pretensão de indenização por danos materiais
e morais.
COMENTÁRIOS. A pretensão de indenização por danos materiais e morais
prescreve em 03 (três) anos nos termos do art. 206, §3°, V, CC (reparação civil).
A anulação de negócio jurídico substancial está sujeito à decadência de 04 (quatro)
anos nos termos do art. 178, II, CC. O negócio simulado, por ser considerado ato
nulo nos termos do art. 167, CC, é imprescritível conforme o art. 169 (o negócio
jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem se convalesce pelo decurso de
tempo). A única alternativa que contém essa sequência é a letra “d”. Gabarito:
“D”.

40) (FCC – TJ/AL – Juiz de Direito – 2015) Em comentário ao Código Civil de


1916, escreveu Carpenter (Manual do Código Civil Brasileiro. Paulo de Lacerda, v.
IV. p. 208. Jacintho Ribeiro dos Santos Editor, 1919): Desde as considerações
introductorias desta obra (ns. 1-19, acima) viemos sempre salientando que a
prescripção extinctiva era um instituto peculiar às acções, a saber, que ella
extinguia acções, e somente acções. E ainda há pouco (n. 59), voltámos ao
assumpto e lhe dedicámos as últimas ponderações. Dada essa orientação, claro
se torna que, mesmo antes de o externarmos, já está patente o nosso modo de
pensar acerca do assumpto, a saber − as excepções não estão sujeitas a
prescrever: são imprescritíveis. No Código Civil de 2002, a matéria foi
resolvida de modo
(A) diferente, porque pela prescrição extingue-se a pretensão e a exceção
prescreve no mesmo prazo em que a pretensão.
(B) parcialmente diferente, porque pela prescrição extingue-se a ação,
extinguindo-se o direito pela decadência e no mesmo prazo da ação extingue-se
a exceção.
(C) idêntico, porque a prescrição extingue a ação, enquanto a decadência
extingue o direito e as exceções são imprescritíveis.

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(D) idêntico, porque a prescrição extingue a ação, enquanto a decadência
extingue o direito, e nada dispôs sobre a prescrição das exceções.
(E) parcialmente diferente, porque pela prescrição extingue-se a pretensão e a
exceção é imprescritível.
COMENTÁRIOS. Extrai-se do texto que as exceções seriam imprescritíveis. No
entanto o art. 190, CC estabelece que “A exceção prescreve no mesmo prazo em
que a pretensão”. Por isso as letras “b”, “c” e “e” estão erradas. A letra “b” também
está errada, pois menciona que a prescrição extingue a ação. No entanto o art.
189, CC prevê que a prescrição extingue a pretensão. Gabarito: “A”.

41) (FCC – TJ/SE – Juiz de Direito – 2015) José X doou um imóvel a Joana
Y, sendo a liberalidade pura e simples. Passados alguns anos, a donatária
caluniou o doador, que pretende revogar a doação e obter indenização por
dano moral. Esses pedidos sujeitam-se:
(A) a prazo decadencial e prescricional, respectivamente.
(B) a prazo prescricional e decadencial, respectivamente.
(C) a prazo nenhum, seja prescricional, seja decadencial.
(D) ambos a prazo decadencial.
(E) ambos a prazo prescricional.
COMENTÁRIOS. O pedido de revogação da doação sujeita-se a prazo
decadencial, pois está previsto na parte especial do Código. Vejamos. Art. 557,
CC: Podem ser revogadas por ingratidão as doações: I. se o donatário atentou
contra a vida do doador ou cometeu crime de homicídio doloso contra ele; II. se
cometeu contra ele ofensa física; III. se o injuriou gravemente ou o caluniou; IV.
se, podendo ministrá-los, recusou ao doador os alimentos de que este
necessitava. Art. 559, CC: A revogação por qualquer desses motivos deverá ser
pleiteada dentro de um ano, a contar de quando chegue ao conhecimento do
doador o fato que a autorizar, e de ter sido o donatário o seu autor. Já o pedido
de indenização por dano moral é prescricional, pois está previsto no art. 206, §3°,
V, CC: Prescreve: (...) Em três anos: (...) a pretensão de reparação civil.
Gabarito: “A”.

42) (FCC – TRT/14ª Região/RO/AC – Analista Judiciário – 2016) Sobre a


prescrição e decadência, nos termos estabelecidos pelo Código Civil é
INCORRETO afirmar:
(A) O protesto cambial interrompe a prescrição, interrupção esta que somente
poderá ocorrer uma vez.
(B) Não corre prescrição contra os ausentes do País em serviço público da União.
(C) As pessoas jurídicas têm ação contra os seus representantes legais, que
derem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente.
(D) A suspensão da prescrição em favor de um dos credores solidários sempre
aproveita os outros.
(E) A interrupção da prescrição produzida contra o principal devedor prejudica o
fiador.

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COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta nos termos do art. 202, III, CC. A letra
“b” está correta nos termos do art. 198, II, CC. A letra “c” está correta nos termos
do art. 195, CC. A letra “d” está errada, pois não é sempre que aproveita. Nesse
sentido, estabelece o art. 201, CC: Suspensa a prescrição em favor de um dos
credores solidários, só aproveitam os outros se a obrigação for indivisível.
A letra “e” está correta nos termos do art. 204, §3°, CC. Gabarito: “D”.

43) (FCC – TRT/23ª Região/MT – Analista Judiciário – 2016) Marcos, pai


de Fernando, foi condenado, por decisão transitada em julgado, a pagar
alimentos ao filho. Quando da condenação, Fernando tinha 2 anos de
idade. Passados 3 anos do trânsito em julgado, Fernando, representado
por sua mãe, requereu o cumprimento da sentença. Marcos alegou
prescrição. A pretensão para cumprimento da sentença
(A) prescreveu em parte, porque a prescrição atinge apenas os alimentos
vencidos antes de 2 anos do pedido de cumprimento.
(B) não prescreveu, porque a prescrição não atinge direito da personalidade.
(C) não prescreveu, porque não corre a prescrição contra os absolutamente
incapazes.
(D) prescreveu, porque a pretensão para haver prestações alimentares se
extingue depois de 2 anos.
(E) não prescreveu, porque não corre a prescrição contra os relativamente
incapazes.
COMENTÁRIOS. Prevê o art. 206, §2°, CC que prescreve em dois anos, a
pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se
vencerem. No entanto, como Fernando é absolutamente incapaz (dois anos de
idade), o prazo prescricional nem ao menos inicia seu fluxo (trata-se de uma causa
impeditiva de prescrição), nos termos do art. 198, I, CC: Também não corre a
prescrição: I. contra os incapazes de que trata o art. 3° (que atualmente possui
apenas uma hipótese: os menores de 16 anos). Gabarito: “C”.

44) (FCC – TRT/23ª Região/MT – Analista Judiciário – 2016) Carlos


abalroou veículo em ambulância que conduzia Paulo, pessoa
relativamente incapaz, causando-lhe lesões corporais. Passados 4 anos,
Paulo ajuizou ação de indenização contra Carlos. A pretensão
(A) prescreveu depois de 3 anos, pois corre a prescrição contra o relativamente
incapaz, o qual tem ação contra o assistente, se este houver dado causa à
prescrição.
(B) não prescreveu, pois prescreve em 5 anos a pretensão à reparação civil.
(C) prescreveu depois de 3 anos, pois corre a prescrição contra o relativamente
incapaz, o qual não tem ação contra o assistente, ainda que este tenha dado
causa à prescrição.
(D) não prescreveu, pois prescreve em 10 anos a pretensão à reparação civil.
(E) não prescreveu, pois não corre a prescrição contra o relativamente incapaz.

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COMENTÁRIOS. A pretensão prescreveu. Segundo o art. 206, §3°, V, CC,
prescreve em três anos a pretensão de reparação civil. Não é caso de impedimento
do prazo prescricional, pois o art. 198, I, CC estabelece que não corre a prescrição
contra os incapazes de que trata o art. 3°, CC, ou seja, os absolutamente
incapazes (no caso a vítima era relativamente incapaz). Finalizando, prevê o art.
195, CC que os relativamente incapazes têm ação contra os seus assistentes ou
representantes legais, que derem causa à prescrição, ou não a alegarem
oportunamente. Gabarito: “A”.

45) (FCC – Eletrobras-Eletrosul – Direito – 2016) A empresa Eletrosul ajuizou


ação de indenização contra a empresa “X”, contratada para execução de uma obra
de grande complexidade no Estado de Santa Catarina, obra esta que não foi
executada dentro do prazo estabelecido em contrato. Ao final da demanda a ação
é julgada procedente e a empresa demandada condenada ao pagamento da
indenização, bem como das custas e despesas processuais, além de honorários
advocatícios. Pretendendo cobrar da empresa “X” os valores que despendeu em
juízo no curso do processo, a Eletrosul deverá exercer esta pretensão a partir da
data do trânsito em julgado, e deverá observar o prazo prescricional de
(A) 5 anos.
(B) 4 anos.
(C) 3 anos.
(D) 10 anos.
(E) 1 ano.
COMENTÁRIOS. Art. 206, §5°, III, CC: Prescreve: (...) Em cinco anos: (...) a
pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo.
Gabarito: “A”.

46) (FCC – Técnico de Nível Superior – Advogado – Prefeitura de


Teresina/PI – 2016) Transitada em julgado a sentença, a pretensão do
vencedor para executar as verbas que lhe foram deferidas em razão da
sucumbência processual prescreve em
(A) 3 anos.
(B) 10 anos.
(C) 5 anos.
(D) 2 anos.
(E) 1 ano.
COMENTÁRIOS. Art. 206, CC: Prescreve: §5° Em cinco anos: III. a pretensão do
vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo. Gabarito: “C”.

47) (FCC – Procurador da Prefeitura de Campinas/SP – 2016) Mário


firmou com João negócio jurídico pelo qual se obrigou a, no prazo de 4
anos, contados da celebração do negócio, entregar obra de arte de sua
confecção, que viria a ser apresentada em prestigiada exposição. Na data
avençada, porém, Mário não entregou a obra, causando danos materiais

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a João, que, dentro de dois anos, ajuizou ação de indenização. Em
contestação, Mário alegou prescrição, que, no caso,
(A) não ocorreu, porque a prescrição só passa a fluir após vencido o prazo
previsto para cumprimento da obrigação.
(B) não ocorreu, porque não corre a prescrição enquanto pendente condição
resolutiva.
(C) ocorreu, porque, da celebração do negócio, passaram-se mais de 3 anos.
(D) ocorreu, porque, da celebração do negócio, passaram-se mais de 5 anos.
(E) não ocorreu, porque não corre a prescrição enquanto pendente condição
suspensiva.
COMENTÁRIOS. No caso concreto a prescrição se opera em três anos. Mas o
prazo prescricional somente começa a fluir a partir do momento em que a obra
deveria ser entregue e não o foi. Somente a partir daí a obrigação se torna exigível
e começa a contagem para exigir o seu cumprimento judicial. Como João ingressou
com a ação em dois anos, não ocorreu a prescrição. Vejamos os dispositivos
aplicáveis. Segundo o art. 206, CC: Prescreve: §3° Em três anos: V. a pretensão
de reparação civil. Enunciado 14 das Jornadas de Direito Civil, CJF – Art. 189: “1)
o início do prazo prescricional ocorre com o surgimento da pretensão, que decorre
da exigibilidade do direito subjetivo; 2) o art. 189 diz respeito a casos em que a
pretensão nasce imediatamente após a violação do direito absoluto ou da
obrigação de não fazer”. Art. 189 CC: Violado o direito, nasce para o titular a
pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts.
205 e 206. Art. 199, CC: Não corre igualmente a prescrição: II. não estando
vencido o prazo. Completando, dispõe o art. 394, CC: Considera-se em mora o
devedor que não efetuar o pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no
tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer. Gabarito: A.

48) (FCC – TRT/20ª Região/SE – Analista Judiciário – 2016) X e Y,


maiores e capazes, mantêm relação contratual e estipularam que, no caso
de uma das partes se acidentar, o prazo prescricional, para a pretensão
de reparação civil, seria ampliado de três para cinco anos. Passados dois
anos, as partes aditaram o contrato para o fim de renunciarem
antecipadamente ao prazo de prescrição. Ocorrido o acidente, a vítima
aguardou quatro anos para então ajuizar ação de reparação civil. A
pretensão
(A) não está prescrita, porque o Código Civil admite a renúncia antecipada à
prescrição, desde que feita de maneira expressa.
(B) está prescrita, porque os prazos de prescrição não podem ser alterados por
acordos das partes, nem pode ocorrer renúncia antecipada à prescrição, devendo
a parte a quem aproveita alegá-la em preliminar de contestação, sob pena de
preclusão.
(C) não está prescrita, porque os prazos de prescrição podem ser alterados por
acordo das partes.

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(D) está prescrita, porque os prazos de prescrição não podem ser alterados por
acordo das partes, nem pode ocorrer renúncia antecipada à prescrição, podendo
a parte a quem aproveita alegá-la em qualquer grau de jurisdição.
(E) está prescrita, porque os prazos de prescrição não podem ser alterados por
acordo das partes, nem pode ocorrer renúncia antecipada à prescrição, devendo
a parte a quem aproveita alegá-la até a sentença, sob pena de preclusão.
COMENTÁRIOS. De fato, o prazo prescricional para reparação civil é de três anos
(art. 206, §3°, V, CC). Trata-se de norma de ordem pública, não podendo ser
alterado pelas partes, nem admite a sua renúncia antecipada. Se a parte ingressou
com a ação quatro anos após o fato, a pretensão estará prescrita. Art. 191, CC:
A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem
prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar (...). Art. 192, CC: Os
prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes. Gabarito:
“D”.

49) (FCC – SEGEP/MA – Técnico da Receita Estadual – Arrecadação e


Fiscalização de Mercadorias em Trânsito – 2016) Aqueles que, por causa
transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade, são
considerados, pelo Código Civil,
(A) relativamente incapazes, contra eles correndo a prescrição, mas possuindo
ação contra seus assistentes que a ela tiverem dado causa.
(B) absolutamente incapazes, contra eles não correndo a prescrição.
(C) relativamente incapazes, contra eles não correndo a prescrição.
(D) absolutamente incapazes, contra eles correndo a prescrição, mas possuindo
ação contra seus assistentes que a ela tiverem dado causa.
(E) relativamente incapazes, contra eles correndo a prescrição, e não possuindo
ação contra seus assistentes que a ela tiverem dado causa.
COMENTÁRIOS. Art. 3°, CC: São absolutamente incapazes de exercer
pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos. Art. 4°,
CC: São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: I.
os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II. os ébrios habituais e os
viciados em tóxico; III. aqueles que, por causa transitória ou permanente, não
puderem exprimir sua vontade; IV. os pródigos (Redação dada pela Lei nº 13.146,
de 2015). Art. 198, CC. Também não corre a prescrição: I. contra os incapazes de
que trata o art. 3° (somente os menores de 16 anos, o que não é o caso da
questão). Portanto a prescrição corre contra as pessoas referidas do
cabeçalho da questão. Art. 195, CC. Os relativamente incapazes e as pessoas
jurídicas têm ação contra os seus assistentes ou representantes legais, que derem
causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente. Gabarito: “A”.

50) (FCC – SEGEP/MA – Procurador do Estado – 2016) Jonas firmou contrato


com Sidney, por instrumento particular, emprestando-lhe R$10.000,00, os quais
deveriam ser devolvidos em janeiro de 2010. Em fevereiro de 2014 Jonas faleceu,
deixando somente herdeiros maiores e capazes. Em fevereiro de 2015, o espólio

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de Jonas ajuizou ação de execução contra Sidney, que, nos embargos, não
abordou a questão da prescrição. Fê-lo, porém, em sede de recurso. O Tribunal
(A) deverá conhecer da matéria e decretar a prescrição, cujo prazo, de três anos,
findara enquanto Jonas era vivo.
(B) deverá conhecer da matéria e decretar a prescrição, cujo prazo, de cinco
anos, iniciado quando Jonas era vivo, continuou a correr contra seus sucessores.
(C) não deverá conhecer da matéria, em razão da preclusão.
(D) deverá conhecer da matéria, mas não decretar a prescrição, cujo prazo, de
cinco anos, reiniciou-se, contra os sucessores de Jonas, na data de seu
falecimento.
(E) deverá conhecer da matéria, mas não decretar a prescrição, cujo prazo, de
dez anos, não se ultimou.
COMENTÁRIOS. O Tribunal deverá conhecer da matéria (art. 193, CC: A
prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem
aproveita), sendo que depois da morte de Jonas o prazo continua a correr (art.
196, CC: A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu
sucessor) e deve decretar a prescrição, pois decorreram mais de cinco anos
(janeiro de 2010 a fevereiro de 2015), de acordo com o art. 205, §5°, I, CC
(Prescreve: em cinco anos: a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes
de instrumento público ou particular). Gabarito: “B”.

51) (FCC – TRT/24ª Região/MS – Analista Judiciário – Área Judiciária –


2017) A empresa X, sediada na cidade de São Paulo capital, é integralmente
extinta após regular liquidação em dezembro de 2016. Rodolfo, ex-sócio da
empresa, desligado desde o ano de 2014, pretende receber uma dívida de R$
500.000,00 dos sócios da empresa extinta. Neste caso, o prazo prescricional
para Rodolfo exercer a sua pretensão, nos termos preconizados pelo Código Civil,
contado o prazo da publicação da ata de encerramento da liquidação da sociedade,
será de
(A) 2 anos.
(B) 1 ano.
(C) 10 anos.
(D) 5 anos.
(E) 3 anos.
COMENTÁRIOS. Art. 206, CC: Prescreve: §1° Em um ano: (...) V. a pretensão
dos credores não pagos contra os sócios ou acionistas e os liquidantes, contado o
prazo da publicação da ata de encerramento da liquidação da sociedade.
Gabarito: “B”.

52) (FCC – TRT/24ª Região/MS – Analista Judiciário – Oficial de Justiça


Avaliador – 2017) Manoel, com 16 anos de idade, celebra um contrato de
compra e venda com Pedro, omitindo deste a sua verdadeira idade. Raul,
terceiro prejudicado neste negócio jurídico, pretende anular o contrato de
compra e venda celebrado entre Manoel e Pedro. Neste caso, à luz do

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Código Civil, para pleitear a anulação do negócio jurídico, Raul terá o
prazo decadencial de
(A) 4 anos, contado do dia em que cessar a incapacidade de Manoel.
(B) 5 anos, contado do dia em que cessar a incapacidade de Manoel.
(C) 4 anos, contado do dia da celebração do negócio.
(D) 3 anos, contado do dia da celebração do negócio.
(E) 5 anos, contado do dia da celebração do negócio.
COMENTÁRIOS. Art. 178, CC: É de quatro anos o prazo de decadência para
pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado: III. no de atos de incapazes,
do dia em que cessar a incapacidade. Lembrando que estabelece o art. 180, CC:
O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma
obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela
outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior. Gabarito: “A”.

LISTA DE EXERCÍCIOS SEM COMENTÁRIOS


(Somente exercícios referentes à FGV)

01) (FGV – DPE/RO – Analista Jurídico – 2015) Virgílio emprestou a


quantia de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) a Eduardo. Sete meses
após o vencimento da dívida, Eduardo ainda não havia efetuado o
pagamento, ocasião na qual Virgílio veio a falecer por força de um infarto,
deixando dois filhos maiores de idade. É CORRETO afirmar que o prazo
prescricional:
(A) sequer começou a correr.
(B) foi suspenso em decorrência do falecimento de Virgílio.
(C) foi interrompido em decorrência do falecimento de Virgílio.
(D) continuou correndo contra os dois filhos de Virgílio.
(E) converteu-se em prazo decadencial em virtude da morte de Virgílio.

02) (FGV – Defensoria Pública/MT – Advogado – 2015) A respeito dos


institutos da prescrição e da decadência, assinale a afirmativa CORRETA.
(A) Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, aproveitam
os outros se a obrigação for divisível ou indivisível.
(B) A renúncia da prescrição valerá ainda que haja prejuízo de terceiro, desde
que depois de o prazo se consumar.
(C) A decadência fulmina os atributos do direito subjetivo do credor, impedindo-
o de cobrar o adimplemento.
(D) A contagem do prazo decadencial está impedida ou suspensa contra os
absolutamente incapazes.
(E) A interrupção produzida contra o principal devedor não prejudica o fiador.

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03) (FGV – Advogado da Secretaria de Saúde do Amazonas – SUZAM –
2014) A prescrição é geralmente definida como a perda de um direito de ação,
ou seja, a prescrição põe fim à possibilidade de se exigir, judicialmente, um direito,
por força da passagem de um determinado período de tempo. Entretanto, o nosso
sistema jurídico prevê situações que, em caráter excepcional, impedem ou
suspendem a prescrição. Assinale a opção que indica uma situação em que
o prazo prescricional fluirá normalmente.
(A) corre a prescrição contra pessoas relativamente incapazes.
(B) corre a prescrição entre ascendentes e descendentes, durante o poder
familiar.
(C) corre a prescrição entre curatelados e seus curadores, durante a curatela.
(D) corre a prescrição contra pessoas absolutamente incapazes.
(E) corre a prescrição contra os que se achem servindo nas Forças Armadas, em
tempo de guerra.

04) (FGV – TJ/GO – Analista Judiciário – 2014) Em virtude de contrato de


Seguro Saúde, Silvio, após submeter-se a uma cirurgia de emergência, solicitou a
restituição das despesas médicas e hospitalares à seguradora. A resposta negativa
à restituição por parte da seguradora foi enviada a Silvio sete meses depois da
cirurgia, o que o levou a contratar um advogado para que fossem tomadas as
devidas providências. A ação objetivando a condenação da Seguradora a
reembolsar os valores gastos com a cirurgia foi ajuizada oito meses após a data
da ciência da recusa da seguradora. Considerando que o prazo prescricional
para o exercício do direito do segurado é de um ano, é CORRETO afirmar
que:
(A) transcorreu o prazo prescricional, cujo cômputo teve início na data da
cirurgia;
(B) transcorreu o prazo prescricional, cujo cômputo teve início no dia posterior à
data da cirurgia;
(C) não transcorreu o prazo prescricional, cujo cômputo teve início no dia que
Silvio tomou ciência da recusa da seguradora em reembolsar os valores;
(D) não transcorreu o prazo prescricional, cujo cômputo teve início na data do
ajuizamento da ação;
(E) não transcorreu o prazo prescricional, pois em caso de enfermidade o
cômputo é em dobro.

05) (FGV – Delegado de Polícia do Estado do Maranhão – 2012) Pedro,


relativamente incapaz, assistido por João, celebrou um negócio jurídico com Maria.
O contrato possui uma cláusula prevendo a majoração do prazo prescricional.
Considerando o fato narrado, assinale a afirmativa CORRETA.
(A) em razão de Pedro ser absolutamente incapaz, o prazo prescricional pode ser
majorado por acordo das partes.
(B) a prescrição só pode ser alegada em 1° grau de jurisdição, pela parte a quem
aproveita.

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(C) Pedro pode acionar João, caso este dê causa à prescrição, ou não a alegue
oportunamente.
(D) a renúncia da prescrição só valerá se for expressa e for feita depois que a
prescrição se consumar.
(E) corre a prescrição contra absolutamente incapaz.

06) (FGV – TJ/AM – Assistente Técnico Judiciário – 2013) A respeito da


prescrição e da decadência, assinale a afirmativa CORRETA.
(A) a prescrição poderá ser alegada, em qualquer grau de jurisdição, pela parte
a quem aproveita.
(B) a prescrição corre entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal.
(C) as partes podem promover a alteração dos prazos de prescrição.
(D) o Juiz somente pode conhecer de ofício a decadência convencional.
(E) a decadência corre contra os absolutamente incapazes.

07) (FGV – Advogado do Banco de Fomento de Santa Catarina – BADESC


– 2010) Terêncio, brasileiro, advogado, foi contratado pela empresa Caçarola e
Cuia Ltda., para prestar serviços profissionais de consultoria jurídica. O contrato
foi iniciado em 2003 e teve término em 2004. Restou pendente pagamento
correspondente a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), sendo baldadas todas as
tentativas de recebimento amigável. Tendo em vista suas inúmeras
responsabilidades profissionais, com viagens constantes, Terêncio somente pode
promover a ação de cobrança no ano de 2010. Citada a empresa, alegou a
existência de prescrição da pretensão autoral. Diante de tais fatos e à luz da
legislação civil em vigor, é correto afirmar que:
(A) a pretensão de Terêncio segue a regra geral de dez anos como prazo
prescricional.
(B) no caso em tela, há regra especial que estabelece prazo quinquenal como
sendo de prescrição.
(C) sendo a relação de trato sucessivo, a prescrição é renovada mês a mês, não
se podendo, no caso, falar de prescrição.
(D) caso a ré pagasse a dívida, deveria haver reembolso diante do prazo
prescricional incidente.
(E) o prazo prescricional em tela seria de três anos.

08) (FGV – Fiscal de Rendas do Estado do Rio de Janeiro – 2011) A


respeito da prescrição e decadência, é CORRETO afirmar que:
(A) os prazos prescricionais podem ser alterados de comum acordo entre as
partes.
(B) a prescrição que tenha sido iniciada contra alguém continuará a correr contra
seu sucessor.
(C) a decadência estabelecida em lei não poderá ser conhecida ex officio pelo
Juiz, somente por provocação das partes.

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(D) a prescrição poderá ser suspensa uma única vez e se dará, entre outras
hipóteses, por despacho do Juiz.
(E) prescreve em dez anos a pretensão para a cobrança de dívidas líquidas
constantes em instrumento público ou particular.

09) (FGV – TCE/BA – Analista de controle Externo – 2013) Da inteligência


do art. 189, do CC/02, retira-se que, uma vez violado o direito, nasce para
o titular a pretensão, a qual se extingue, pela ocorrência da prescrição,
nos prazos previstos em lei. Por outro lado, é cediço que existem causas
impeditivas, suspensivas e interruptivas da prescrição. Assinale a
alternativa que estabelece uma causa interruptiva da prescrição.
(A) entre os cônjuges durante a constância do casamento.
(B) em virtude de qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe
reconhecimento do direito pelo devedor.
(C) contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos
Municípios.
(D) durante o poder familiar, no que tange às relações jurdídicas entre
ascendentes e descendentes.
(E) na pendência de condição suspensiva.

10) (FGV – Auditor Fiscal da Receita Municipal de Angra dos Reis/RJ –


2010) Assinale a alternativa CORRETA.
(A) a prescrição pode ser alegada de ofício pelo juiz, ou também pela parte a
quem aproveita, em qualquer grau de jurisdição, independentemente de seu pré-
questionamento.
(B) a decadência pode ser legal ou convencional, sendo que ambas podem ser
conhecidas de ofício pelo juiz. O mesmo ocorre com a prescrição, que também
pode ser conhecida ex officio pelo magistrado.
(C) em face do princípio da supremacia do interesse público, caso a prescrição
ou a decadência convencional beneficiem a Fazenda Pública, o juiz pode conhecê-
las de ofício.
(D) a prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu
sucessor, exceto se este for absolutamente incapaz, ou estiver ausente do País
a serviço dos entes federativos, ou se achar a serviço das Forças Armadas em
tempo de guerra.
(E) a prescrição diz respeito aos direitos potestativos que, por essência, não
possuem pretensão, já que não podem ser objeto de violação. A decadência, por
sua vez, refere-se aos direitos subjetivos patrimoniais, aqueles que trazem
consigo a possibilidade de que o seu titular exija determinado comportamento de
alguém.

11) (FGV – TJ/AM – Juiz de Direito – 2013) Assinale a alternativa que


apresenta um prazo de natureza prescricional.
(A) prazo para propor ação de reparação civil por dano moral decorrente de ato
ilícito.

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(B) prazo para propor ação renovatória de locação de imóvel urbano destinado
ao comércio.
(C) prazo para propor ação de deserdação de herdeiro necessário.
(D) prazo para propor ação anulatória de negócio jurídico realizado por
representante em conflito de interesses com o representado.
(E) prazo para propor ação de preferência, por parte do condômino preterido na
venda a terceiro de quinhão da coisa comum indivisível.

12) (FGV – TJ/MS – Juiz de Direito – 2008) A ação de indenização,


relativamente aos prejuízos causados em razão de entrega de sementes,
para plantação, de qualidade inferior à contratada, deve observar prazo:
(A) prescricional de 3 (três) anos.
(B) decadencial de 3 (três) anos.
(C) decadencial de 90 (noventa) dias.
(D) decadencial de 30 (trinta) dias.
(E) prescricional de 5 (cinco) anos.

13) (FGV – TCM/SP – Agente de Fiscalização – 2015) O espólio de Caio


ajuíza ação buscando a anulação de uma doação realizada pelo falecido, alegando
que o doador atuou em erro quando celebrou o negócio jurídico. Citado, o réu
contesta o pedido alegando que a doação foi lícita, que o doador era maior e capaz
e que eram amigos desde a infância. Alega, ainda, a ocorrência de decadência,
posto que o contrato de doação foi realizado em 29/07/2004 e a ação distribuída
em 30/07/2009. Considerando as disposições constantes no Código Civil sobre a
matéria, é correto afirmar que a prejudicial de decadência:
(A) não deve ser acolhida, pois não há decadência do direito de impugnar os atos
nulos, como é o caso;
(B) não pode ser acolhida, porque não atinge os atos praticados com vício de
consentimento;
(C) deve ser acolhida, porquanto já decorridos quatro anos da data de sua
prática;
(D) não deve ser acolhida, porque ainda não decorridos quatro anos contados da
ciência dos prejudicados acerca da prática do ato;
(E) deve ser acolhida se provado o prejuízo efetivo dos interessados.

14) (FGV – PGE/RO – Técnico da Procuradoria – 2015) Sobre os institutos


da prescrição e decadência, é correto afirmar que:
(A) os prazos decadenciais se interrompem e suspendem;
(B) é vedado o estabelecimento de prazos decadenciais em contrato;
(C) o prazo prescricional interrompido faz com que a contagem retome de onde
parou;
(D) a prescrição extingue o direito subjetivo;

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(E) é inválida a renúncia ao prazo decadencial previsto em lei.

15) (FGV – Exame Unificado da OAB – 2011) O decurso do tempo exerce


efeitos sobre as relações jurídicas. Com o propósito de suprir uma deficiência
apontada pela doutrina em relação ao Código velho, o novo Código Civil, a
exemplo do Código Civil italiano e português, define o que é prescrição e institui
disciplina específica para a decadência. Tendo em vista os preceitos do Código
Civil a respeito da matéria, assinale a alternativa CORRETA.
(A) se a decadência resultar de convenção entre as partes, o interessado poderá
alegá-la, em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não poderá suprir a alegação
de quem a aproveite.
(B) quando uma ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal,
não correrá a prescrição até o despacho do juiz que tenha recebido ou rejeitado
a denúncia ou a queixa-crime.
(C) o novo Código Civil optou por conceituar o instituto da prescrição como a
extinção da pretensão e estabelece que a prescrição, em razão da sua relevância,
pode ser arguida, mesmo entre os cônjuges enquanto casados pelo regime de
separação obrigatória de bens.
(D) se um dos credores solidários constituir judicialmente o devedor em mora,
tal iniciativa não aproveitará aos demais quanto à interrupção da prescrição, nem
a interrupção produzida em face do principal devedor prejudica o fiador dele.

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GABARITO SECO = FGV


01) D 06) A 11) A
02) D 07) B 12) D
03) A 08) B 13) C
04) C 09) B 14) E
05) C 10) D 15) A

GABARITO SECO = FCC


01) A 10) B 19) D 28) A 37) E 46) C
02) E 11) E 20) C 29) E 38) C 47) A
03) D 12) D 21) D 30) C 39) D 48) D
04) D 13) D 22) A 31) C 40) A 49) A
05) A 14) E 23) D 32) C 41) A 50) B
06) D 15) B 24) E 33) B 42) D 51) B
07) B 16) C 25) E 34) B 43) C 52) A
08) B 17) A 26) D 35) A 44) A
09) B 18) D 27) E 36) D 45) A

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