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AULA 04
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Aula 04
Fatos Jurídicos – 1ª Parte
Prescrição e Decadência
Sumário
Introdução ....................................................................................... 03
Classificação Geral dos Fatos ............................................................ 08
Prescrição e Decadência como Fato Jurídico ..................................... 11
PRESCRIÇÃO .................................................................................... 12
Disposições Gerais ...................................................................... 15
Causas Impeditivas e Suspensivas .............................................. 21
Causas Interruptivas .................................................................. 25
Prazos Prescricionais .................................................................. 28
Ações Imprescritíveis ................................................................. 31
DECADÊNCIA ................................................................................... 33
Espécies de Decadência .............................................................. 35
Prazos Decadenciais ................................................................... 37
INTRODUÇÃO
Como vimos, uma RELAÇÃO JURÍDICA é formada por três elementos:
Elemento Subjetivo: são as pessoas envolvidas; os sujeitos de direito e suas
relações. O sujeito ativo é o titular do direito oriundo da relação. O sujeito
passivo é aquele sobre o qual recai um dever decorrente da obrigação
assumida pela relação e que deve respeitar o direito do sujeito ativo.
Elemento Objetivo: é o objeto do direito; o bem jurídico pretendido pelo
sujeito ativo. Divide-se em objeto imediato, que é a prestação (a obrigação
de dar, fazer ou não fazer) e objeto mediato (o bem em si: móvel ou imóvel,
divisível ou indivisivel, fungível ou infungível, etc.).
Elemento Imaterial: é o vínculo que se estabelece entre os sujeitos e os
bens. Este é o FATO JURÍDICO. É o fato propulsor idôneo à produção de
consequências jurídicas. Será o ponto desta e da próxima aula. Vejamos.
Toda relação jurídica possui um ciclo vital: nasce, se desenvolve, pode ser
conservada, modificada ou transferida e se extingue. Há sempre um fato que
antecede o surgimento de um direito subjetivo.
O tema “Fatos, Atos e Negócios Jurídicos” deve ser visto bem devagar. Por
isso, o desmembramos em duas aulas. Esta primeira é introdutória. Costumo fazer
isso também nas aulas presenciais. Primeiro dou essa parte teórica. Os alunos, de
uma forma geral, não gostam muito dessa primeira parte do tema. Mas ela é
imprescindível. Por isso vou tentar torná-la mais agradável... Falaremos hoje
sobre alguns conceitos, classificações, e, principalmente da prescrição e da
decadência. Na realidade este será o ponto central da aula. Depois, na próxima
aula, passaremos para uma parte mais dinâmica, onde veremos o Negócio
Jurídico e seus elementos constitutivos, além da ineficácia (nulidade e
anulabilidade) do Negócio Jurídico.
Comecemos, então.
Como dissemos, fato é um acontecimento. No entanto, os fatos podem
ser classificados. Há fatos que não interessam ao Direito. A doutrina os chama de
Costuma-se dizer que enquanto o ato lícito é fonte de direito, o ato ilícito é
fonte de responsabilidade (obrigações).
Observações
01) Parte da doutrina considera que o ato ilícito se enquadra na noção de
ato jurídico. Daí alguns editais de concurso estabelecem: “Ato Jurídico: ato lícito
I. PRESCRIÇÃO
(arts 189 a 206, CC)
Resumindo: o que o art. 190, CC quer dizer é que o prazo dado para a
manifestação do contradireito (que é a exceção ou a defesa) é exatamente o
mesmo que a lei estipula para que o titular da ação exerça sua pretensão. Por isso
costuma-se dizer que “a exceção (defesa) nasce com o exercício da pretensão”.
RENÚNCIA (art. 191, CC)
Renúncia é um ato unilateral, produzindo efeitos sem necessidade da
manifestação de vontade da outra parte. Uma dívida está prescrita. O credor não
tem mais como cobrar a dívida judicialmente. Mesmo assim o devedor pode
renunciar a esta prescrição. Dispõe a lei que esta renúncia pode ser expressa
ou tácita, e só valerá, sendo feita sem prejuízo de terceiro, depois que a
prescrição se consumar. Apesar de pequeno, este dispositivo é muito
importante, cai muito nas provas e exames, além de trazer diversas consequências
jurídicas. Vamos por partes.
Inicialmente nosso Código não admite a renúncia prévia ou
antecipada. Ou seja, o devedor não pode renunciar à prescrição antes dela
ocorrer, até porque, não se pode renunciar algo que ainda não temos ou que ainda
não existe. Ex.: Digamos que eu seja um credor. O devedor não pagou o que deve.
Eu tenho um prazo para entrar com a ação. Mas eu não entrei com a ação no
prazo legal. Portanto ocorreu a prescrição. Mas, mesmo prescrita a dívida, o
devedor pode pagar o que deve. E se ele assim proceder (pagando a dívida após
o prazo prescricional) estará renunciando à prescrição. Portanto a renúncia é um
ato do devedor. No entanto o devedor somente pode renunciar à prescrição após
a consumação desta. Enquanto o prazo prescricional estiver fluindo, o devedor
não pode renunciar ela. Isto para não destruir a sua eficácia prática. Se assim não
fosse o credor poderia inserir uma cláusula abusiva em um contrato. Ex.: o credor
A expressão “não corre a prescrição” (prevista nos artigos 197, 198, 199
e 200, CC) indica uma causa impeditiva ou suspensiva do prazo prescricional.
A diferença entre impedimento e suspensão é sutil. Ambas possuem o mesmo
regime jurídico. Porém se diferenciam:
Causas impeditivas são circunstâncias que impedem que o curso
prescricional se inicie, em razão do estado de uma pessoa individual ou
familiar (atendendo a razões de confiança, amizade, parentesco e de ordem
moral). A contagem do prazo não se inicia enquanto durar a impossibilidade
jurídica do impedimento. Ou seja, se o prazo ainda não começou a fluir a
causa ou obstáculo impede que ele comece.
Causas suspensivas são circunstâncias que paralisam temporariamente
o prazo prescricional que já estava em curso, sem prejuízo do tempo já
decorrido. O prazo prescricional vinha fluindo normalmente, sendo que
ocorreu um fato que o fez paralisar. Neste momento a contagem do prazo
fica suspensa. Superado esse fato, o prazo prescricional volta a correr de
onde parou, aproveitando-se e computando-se o prazo já decorrido antes do
fato.
IMPEDIMENTO 1º 2º 3º 4º 5º
Resumindo:
a) Prescrição contra absolutamente incapazes → não corre.
b) Prescrição contra relativamente incapazes → corre normalmente.
c) Prescrição a favor de incapazes (absoluta ou relativamente) → corre
normalmente.
Observação Importante
Vamos reforçar e aprofundar um tema já visto, mas que é muito
importante. Quando um examinador deseja tornar a prova mais difícil, utiliza o
dispositivo previsto no art. 201, CC: “Suspensa a prescrição em favor de um dos
credores solidários, só aproveitam os outros se a obrigação for indivisível”.
Resumindo:
Suspensa a prescrição para um dos credores solidários:
a) Obrigação divisível (ex.: dinheiro) → a suspensão não se estende aos
demais credores e continua a correr normalmente para eles.
b) Obrigação indivisível (ex.: cavalo) → a suspensão se estende aos demais
credores; o prazo prescricional fica paralisado para todos.
CAUSAS INTERRUPTIVAS
(arts. 202 a 204, CC)
PRAZOS PRESCRICIONAIS
Prazo prescricional é o espaço de tempo que decorre entre seu termo inicial
e final. O art. 205, CC optou por um critério simplificado de 10 anos para o prazo
prescricional geral, tanto para as ações pessoais como para as reais, salvo
quando a lei não lhe haja fixado prazo menor. Assim, para sabermos em quanto
tempo prescreve uma determinada ação, devemos proceder da seguinte forma:
primeiramente verificamos se a ação que desejamos propor está prevista em
algum dos parágrafos do art. 206, CC. Se encontrarmos a situação prevista em
algum dispositivo, o prazo é o nele determinado expressamente. Porém, se
analisamos todas as situações legais e não encontramos a ação que desejamos
propor aplica-se a regra geral de 10 anos do art. 205, CC. Assim, temos duas
espécies de prazo:
Ordinário (ou comum): 10 (dez) anos em ações pessoais (ex.: uma ação
de cobrança que envolve duas pessoas: credor e devedor) ou reais (ex.: uma
ação que envolve posse, propriedade, hipoteca, etc.), alusivas ao patrimônio
do titular da pretensão. Art. 205, CC: “A prescrição corre em dez anos,
quando a lei não lhe haja fixado prazo menor”.
AÇÕES IMPRESCRITÍVEIS
A prescritibilidade é a regra. No entanto, há exceções. São
imprescritíveis as ações que versam sobre:
• Os direitos que protegem a personalidade, como a vida, a honra, o
nome, a liberdade, a intimidade, a própria imagem, as obras literárias,
artísticas ou científicas, etc.
• O estado da pessoa, como filiação (ex.: investigação de paternidade),
condição conjugal (separação judicial, divórcio), interdição dos incapazes,
cidadania, etc. Uma pergunta que sempre me fazem é a seguinte: um filho
nascido fora de um casamento pode mover ação de investigação de
paternidade a qualquer momento? Não há prescrição para isso? Quanto a
este tema há uma Súmula do Supremo Tribunal Federal a respeito (n° 149):
“É imprescritível a ação de investigação de paternidade, mas não o é a de
petição de herança”. Portanto não há prazo par mover ação de investigação
de paternidade. No entanto, a ação de petição de herança prescreve.
II. DECADÊNCIA
(arts. 207 a 211, CC)
Como falei acima, o Código Civil atual apresenta mais uma inovação
quanto ao tema, disciplinando, expressamente, a decadência nos arts. 207 a
211. Com a decadência, extingue-se próprio direito existente pelo seu não
exercício no prazo estabelecido, de modo que nada mais resta. Em concursos é
muito comum o uso da “decadência é a perda de um direito potestativo”.
O Código Civil estabelece prazos para que a pessoa exerça o seu direito
potestativo. Não se exercendo este direito dentro de determinado prazo, por não
haver neste direito uma prestação, ela jamais poderá fazê-lo; tem-se a extinção
do próprio direito.
Se alguém paga um débito cujo prazo eventualmente já havia sido atingido
pela decadência, essa pessoa tem direito à restituição da importância paga,
porque não mais existia o direito àquele crédito. Lembrem-se que se alguém pagar
algo que estava prescrito não pode pedir de volta o que pagou. O pagamento
valeu. Por quê? Porque o direito material ainda existia. Mas se alguém paga algo
em que ocorreu a decadência, pode pedir o dinheiro de volta, pois pagou algo que
não existe mais, sob o ponto de vista jurídico. Não há mais o direito material.
Costumamos dizer que ainda existe a dívida sob o ponto de vista moral;
moralmente a pessoa ainda estaria devendo. Mas juridicamente a dívida não mais
existe, pois a decadência atingiu o próprio direito; a dívida em si.
Decadência X Prescrição
Entre muitas outras diferenças (elaboramos um quadro comparativo mais
adiante), a doutrina costuma enfatizar o seguinte:
Embora inércia do titular do direito e decurso de tempo para o exercício
desse direito sejam seus pontos comuns, na decadência o prazo começa a fluir no
momento em que nasce o direito; surge, simultaneamente com o direito
potestativo. Já o prazo prescricional só se inicia quando o direito é violado; quando
ocorre a lesão ao direito subjetivo. Além disso, os prazos prescricionais resultam
exclusivamente da lei; já na decadência, como veremos, os prazos podem ser
legais ou convencionais.
ESPÉCIES DE DECADÊNCIA
O objeto da decadência é o direito que por determinação legal ou
convencional (vontade humana unilateral ou bilateral), está subordinado à
A) DECADÊNCIA LEGAL
Ocorre quando o prazo estiver previsto em lei. As hipóteses de decadência
por determinação legal são as previstas expressamente no Código Civil e em
leis especiais.
Exemplos: prazo para alegar defeito oculto em algum produto que adquiriu;
prazo para anular um negócio jurídico por ter algum defeito relativo ao
consentimento (erro, dolo, coação, etc. – art. 178, CC). Segundo o art. 209, CC a
decadência resultante de prazo legal não pode ser renunciada pelas
partes (nem antes e nem depois de consumada), sob pena de nulidade
absoluta. Isto porque as hipóteses legalmente previstas versam sobre questões
de ordem pública, não cabendo às partes afastar sua incidência legal.
B) DECADÊNCIA CONVENCIONAL
Ocorre quando sua previsão decorrer de uma cláusula pactuada pelas
partes em um contrato (autonomia privada). A contrario sensu (entendimento
doutrinário) do art. 209, CC que proíbe a renúncia da decadência fixada em lei,
pode-se concluir que é possível a renúncia à decadência convencional, tendo-se
em vista a autonomia privada.
Exemplo clássico: oferta, em uma loja de eletrodomésticos, de venda válida
somente por alguns dias (a chamada “liquidação total”; ou “queima de estoques”,
etc.). Exercido o direito afasta-se a decadência, uma vez que esta se dá quando o
direito não é exercido. Assim, se você não aproveitar a oferta dentro do prazo
marcado, não poderá mais ir à loja para “aproveitar a oferta”. Como a oferta não
existe mais, também o direito a ela se extinguiu. Outros exemplos: as partes
podem convencionar no contrato um determinado prazo para que um direito seja
exercido; não o sendo neste prazo, ocorre a decadência convencional. As partes
podem estabelecer no contrato prazo para o exercício do direito de
arrependimento. Testador deixa determinados bens a uma pessoa (legado)
estabelecendo um prazo para que o beneficiário venha solicitar a sua entrega. Loja
de sapatos que estabelece um prazo de 30 dias para a troca de mercadoria
vendidas em liquidação. Uma revendedora de automóveis pode conceder a
chamada “garantia estendida”.
Arguição
Pelo art. 210, CC o Juiz deve (trata-se de um dever e não mera faculdade)
conhecer e decretar a decadência legal, mesmo que não haja provocação das
partes, no momento em que a detectar. Falamos que neste caso o Juiz pode agir
ex officio. Este direito é irrenunciável (diferentemente da prescrição, em que
se pode renunciar, embora somente após a sua consumação). Na decadência legal
Resumindo:
Prescrição: possibilidade do Juiz reconhecer de ofício.
Decadência legal: possibilidade do Juiz reconhecer de ofício.
Decadência convencional: Juiz não pode reconhecer de ofício; somente a
reconhece se provocado pelo interessado;
Lembrando que a parte interessada pode alegar a prescrição e a decadência em
qualquer grau de jurisdição (arts. 193 e 211, CC).
Efeitos
O efeito da decadência é a extinção do próprio direito em decorrência
de inércia do titular para o seu exercício. O efeito tempo é devastador: extingue
o direito, extinguindo, indiretamente, a ação.
Em regra, não se aplicam à decadência todas aquelas normas que
impedem, suspendem ou interrompem a prescrição (art. 207, CC). Portanto o
prazo decadencial corre contra todos (efeito erga omnes). Nem mesmo aquelas
pessoas contra as quais não corre a prescrição ficam livres de seu efeito. A única
exceção é a hipótese do art. 208, combinado com o art. 198, I, ambos do CC,
pois o prazo decadencial não corre contra os absolutamente incapazes
(embora possa correr “a favor”).
Concluindo: salvo a hipótese mencionada pela lei, a decadência somente pode
ser obstada pelo efetivo exercício do direito, dentro do lapso de tempo
prefixado.
A exemplo da prescrição, os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas
também têm direito de ação regressiva contra os seus assistentes ou
representantes legais que deram causa à decadência ou não a alegaram
oportunamente (art. 208, combinado com o art. 195, ambos do CC).
Caros alunos
Como vimos, é importantíssima a distinção e o conhecimento dos institutos
da prescrição e decadência. No entanto, alguns vocábulos de outras matérias
também podem ser usados pelo examinador para tentar confundir o candidato.
PRESCRIÇÃO DECADÊNCIA
Perda da pretensão jurídica (poder de exigir Perda do direito potestativo (direito
de outrem uma ação ou omissão) em virtude da material sem pretensão; insuscetíveis de
inércia do titular de um direito subjetivo violado violação) pela inércia de seu titular que
(direito de crédito), durante determinado deixou escoar o prazo legal ou
espaço de tempo previsto em lei. Ações convencional. Ações constitutivas (positiva
condenatórias (ações de cobrança em geral, e/ou negativa), geralmente anulatórias.
pretendendo que o réu pague determinada
quantia ou cumpra determinada prestação).
4. A parte pode não alegá-la. Por isso é 4. A decadência decorrente de prazo legal
renunciável. A renúncia pode ser expressa ou não pode ser renunciada pelas partes: nem
tácita e só valerá depois da consumação da antes e nem depois de consumada (art.
prescrição, não podendo ser feita em prejuízo 209, CC). A convencional pode ser
de terceiros. renunciada.
5. Não corre contra determinadas pessoas. 5. Em rega corre contra todos (efeito erga
O prazo pode ser impedido, suspenso ou omnes). Não se suspende e nem se
interrompido. Ex.: cônjuges, poder familiar, interrompe. Exceção → não corre contra os
tutela, curatela, absolutamente incapazes, etc. absolutamente incapazes (art. 208, c.c. art.
198, I, ambos do CC).
C) Ato-fato Jurídico (doutrina) → a lei encara a ação humana como um fato, sem
levar em consideração a vontade, intenção ou a consciência do agente. Ex.: criança
que compra um doce na padaria.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
Exercícios Complementares
Fundação Carlos Chagas
38) (FCC – TJ/GO – Juiz de Direito – 2015) Depois de divorciar-se, Jorge foi
obrigado, por decisão transitada em julgado, a pagar alimentos mensais a Ricardo,
seu filho, então com 8 anos. Os alimentos jamais foram pagos. Ao completar 18
anos, Ricardo ajuizou ação contra Jorge, pugnando pelo pagamento dos alimentos
vencidos nos 10 anos anteriores ao ajuizamento da ação. Jorge, por sua vez,
contestou alegando apenas prescrição da totalidade da pretensão. Durante a
menoridade, Ricardo permaneceu sob a guarda da mãe. Logo após o divórcio,
Jorge contraiu novas núpcias. A pretensão de Ricardo deve ser
(A) acolhida em parte, pois o prazo prescricional passou a fluir no dia seguinte
em que Ricardo completou 16 anos, tornando-se relativamente incapaz, o qual
possui ação regressiva contra o assistente que deu causa à prescrição.
(B) desacolhida, pois, com o divórcio, extingue-se o poder familiar em relação ao
cônjuge que não detém a guarda.
(C) integralmente acolhida, pois não corre a prescrição durante o poder familiar.
(D) desacolhida, pois, com a constituição de nova família, extingue-se o poder
familiar quanto ao filho do relacionamento anterior.
(E) integralmente acolhida, pois não corre a prescrição contra o absolutamente
incapaz.
COMENTÁRIOS. A pretensão de Ricardo (filho) deve ser acolhida, sendo que
Jorge deverá pagar toda a dívida referente aos alimentos vencidos. Isso porque,
segundo o art. 197, II, CC, não corre a prescrição entre ascendentes e
descendentes, durante o poder familiar. Portanto, somente após a extinção do
poder familiar (18 anos) é que o prazo prescricional começa a fluir. Gabarito:
“C”.
41) (FCC – TJ/SE – Juiz de Direito – 2015) José X doou um imóvel a Joana
Y, sendo a liberalidade pura e simples. Passados alguns anos, a donatária
caluniou o doador, que pretende revogar a doação e obter indenização por
dano moral. Esses pedidos sujeitam-se:
(A) a prazo decadencial e prescricional, respectivamente.
(B) a prazo prescricional e decadencial, respectivamente.
(C) a prazo nenhum, seja prescricional, seja decadencial.
(D) ambos a prazo decadencial.
(E) ambos a prazo prescricional.
COMENTÁRIOS. O pedido de revogação da doação sujeita-se a prazo
decadencial, pois está previsto na parte especial do Código. Vejamos. Art. 557,
CC: Podem ser revogadas por ingratidão as doações: I. se o donatário atentou
contra a vida do doador ou cometeu crime de homicídio doloso contra ele; II. se
cometeu contra ele ofensa física; III. se o injuriou gravemente ou o caluniou; IV.
se, podendo ministrá-los, recusou ao doador os alimentos de que este
necessitava. Art. 559, CC: A revogação por qualquer desses motivos deverá ser
pleiteada dentro de um ano, a contar de quando chegue ao conhecimento do
doador o fato que a autorizar, e de ter sido o donatário o seu autor. Já o pedido
de indenização por dano moral é prescricional, pois está previsto no art. 206, §3°,
V, CC: Prescreve: (...) Em três anos: (...) a pretensão de reparação civil.
Gabarito: “A”.