Você está na página 1de 70

DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO

AULA 03: DOS BENS E DE SUA CLASSIFICAÇÃO


Prof. Lauro Escobar

AULA 03

= DOS BENS E DE SUA CLASSIFICAÇÃO =

Professor Lauro Escobar

www.pontodosconcursos.com.br

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 1


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: DOS BENS E DE SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar

Aula 03
Dos Bens. Diferentes Classes.

Itens específicos do edital publicado que serão abordados na aula


de hoje → BENS. Das Diferentes Classes de Bens.

Legislação a ser consultada → Código Civil: arts. 79 até 103. Lei n°


8.009/90: da impenhorabilidade do bem de família.

Sumário

INTRODUÇÃO ........................................................................................... 03
A problemática da conceituação ........................................................... 03
Classificação Supralegal: bens corpóreos e incorpóreos ........................... 04
CLASSIFICAÇÃO LEGAL ............................................................................ 05
Bens considerados em si mesmos ........................................................ 06
Bens reciprocamente considerados ...................................................... 18
Bens considerados em relação ao titular do domínio ............................ 23
Bens considerados em relação à possibilidade de negociação .............. 28
Bens de família ..................................................................................... 29
Bens gravados com cláusula de inalienabilidade ................................. 34
RESUMO ESQUEMÁTICO DA AULA ............................................................. 34
Bibliografia Básica .................................................................................... 39
EXERCÍCIOS COMENTADOS (FGV) ............................................................ 40
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES (FCC) ..................................................... 46

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 2


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: DOS BENS E DE SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
INTRODUÇÃO
Como já sabemos, uma relação jurídica envolve três elementos: as
pessoas, os bens e o vínculo. Enquanto no tema “pessoas” nós estudamos os
sujeitos de direito, ou seja, quem pode ser considerado sujeito de direitos e
deveres na ordem civil, no tema de hoje analisaremos o quê pode ser objeto do
Direito. Assim, a relação jurídica entre dois sujeitos tem por objeto os bens sobre
os quais recaem direitos e obrigações.

Atenção Divergência Doutrinária


Há muita divergência doutrinária acerca da utilização das expressões coisa
e bem.
Alguns autores conceituam coisa como tudo o que existe objetivamente
no Universo (com a exclusão das pessoas humanas) e que pode satisfazer a uma
necessidade humana. Já bem é designado para a conceituação de uma coisa útil
ao homem, economicamente apreciável ou valorável, suscetível de apropriação e
que pode ser objeto de direito. Desta forma coisa seria o gênero (qualquer
elemento da natureza, com exceção das pessoas) e bem a espécie.
Outros autores fornecem conceitos completamente inversos de bem e
coisa. Para eles bem seria um gênero (qualquer objeto que satisfaz o ser humano,
seja de expressão econômica ou não). Alguns bens são amparados pelo Direito e
chamados de bens jurídicos, enquanto outros são bens apenas na acepção
gramatical da palavra. Dos bens jurídicos somente os que se comportam de forma
material é que são considerados como coisas (casas veículos, joias, etc.),
enquanto os bens englobariam também os objetos abstratos ou imateriais (direitos
autorais, honra, imagem, privacidade, etc.). Assim, coisas seriam espécie de bens
materiais, suscetíveis de apropriação.
Uma terceira corrente entende que entre bens e coisas há uma
sinonímia. De fato, a legislação brasileira acaba por utilizar as duas expressões
indistintamente, sem diferenciá-las. O próprio Código Civil não é uniforme, pois
utiliza a expressão “bem” na Parte Geral e passa a utilizar “coisa” na Parte
Especial, quando trata da propriedade.

Atenção! Isso já caiu em concurso Apesar de toda essa discussão


doutrinária, a ESAF, na prova para MDIC (Analista de Comércio Exterior),
realizada em 2012, considerou como correta a seguinte afirmação: “Coisas e bens
são conceitos que não se confundem, embora a coisa represente espécie da qual
o bem é gênero. A honra, a liberdade, a vida, entre outros, representam bens
sem, no entanto, serem considerados coisas”. Houve recurso, porém a questão
não foi anulada... No meu entendimento, questões como essas deveriam ser
evitadas... caindo, deveriam ser anuladas. Mas como já caiu e não foi anulada, é
prudente seguir o que as bancas estão pedindo: “bem é gênero; coisa é espécie

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 3


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: DOS BENS E DE SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
de bem" (particularmente eu discordo... mas enfim...). Outras bancas como a FCC,
VUNESP e CESPE ainda não se posicionaram sobre o tema (o que fizeram muito
bem... até agora). Acompanhando a doutrina majoritária, vamos fornecer um
conceito, tentando harmonizar os conteúdos das correntes jurídicas.

BENS são objetos (materiais ou imateriais) que compõem o


patrimônio das pessoas (naturais ou jurídicas) e que podem ser
componentes (objeto) das relações jurídicas.

CLASSIFICAÇÃO
Definida a expressão que vamos usar e o seu conceito, vamos agora falar
sobre a classificação dos bens, que é feita segundo critérios de importância
científica, pois a inclusão de um bem de determinada categoria implica a aplicação
de regras próprias e específicas, uma que não se pode aplicar as mesmas regras
a todos os bens.

CLASSIFICAÇÃO SUPRALEGAL (doutrinária)


A primeira classificação que é feita não está prevista expressamente no
Código Civil, mas é plenamente aceita pela doutrina (e também tem grande
incidência em concursos). Vejamos.
Bens Corpóreos (sinônimos: materiais, tangíveis ou concretos): são aqueles
que possuem existência física ou material; podem ser tocados e são
visíveis, percebidos pelos sentidos (ex.: terrenos, edificações, joias, veículos,
dinheiro, livros, etc.).
Bens Incorpóreos (sinônimos: imateriais, intangíveis ou abstratos):
aqueles que não existem fisicamente, pois possuem uma existência
abstrata. No entanto podem ser traduzidos em dinheiro, possuindo valor
econômico e sendo objeto de direito. Ex.: no caso de um programa de
computador (software), o importante não é o CD ou o meio que o contém,
mas sim a produção intelectual de quem elaborou o programa. Outro
exemplo: ainda que dois produtos sejam idênticos, um consumidor pode
decidir comprar de acordo com a marca do produto, pois esta pode lhe
transmitir maior sensação de confiança. Muitas vezes o importante não é a
característica material ou física do produto, mas sim a própria marca. Por isso
é que as empresas investem na criação e desenvolvimento de uma marca,
que pode ajudá-la a conquistar o consumidor e aumentar seus lucros. O
mesmo ocorre com o nome de uma empresa. Outros exemplos: propriedade
literária e/ou científica, direitos autorais, propriedade industrial (marcas de
propaganda, logotipos, patentes de fabricação), concessões obtidas para a
exploração de serviços públicos, fundo de comércio (ponto comercial), etc.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 4


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: DOS BENS E DE SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
Na prática os bens corpóreos são objetos de contrato de compra e venda,
enquanto os bens incorpóreos são objetos de contratos de cessão (transferência
a outrem). Mas ambos podem integrar o patrimônio de uma pessoa.

PATRIMÔNIO JURÍDICO
Anteriormente dizia-se que patrimônio era a representação econômica da
pessoa. Atualmente afirma-se que é uma universalidade de direitos e
obrigações (cada pessoa possui apenas um patrimônio). Trata-se, portanto, do
conjunto das relações jurídicas ativas e passivas (abrange bens, direitos e
obrigações) de uma pessoa (natural ou jurídica), apreciável economicamente. Não
se incluem aqui as qualidades pessoais, como a capacidade física ou técnica,
conhecimento ou a força de trabalho, porque estes são considerados simples
fatores de obtenção de receitas. No entanto, incluem-se a posse, os direitos reais,
as obrigações e as ações correspondentes. O patrimônio é composto de elementos
ativos ou positivos (bens e direitos) e passivos ou negativos (obrigações).
Patrimônio positivo é aquele em que o ativo é maior que passivo
(falamos em solvente). O patrimônio do devedor responde por suas dívidas e
constitui garantia geral dos credores. Patrimônio negativo (insolvente) é
aquele em que as dívidas superam os bens e direitos.

PATRIMÔNIO

Bens e Direitos (a receber) Obrigações (a serem pagas)

Só para completar o tema: alguns autores admitem a existência do


chamado “patrimônio moral”, que seria o conjunto de direitos da personalidade.
Outros se referem ao chamado “patrimônio mínimo”, que, em respeito ao princípio
da dignidade, cada pessoa deve ter resguardado pela lei civil um mínimo de
patrimônio para sobreviver de forma efetiva e digna (art. 1°, III, CF/88).

CLASSIFICAÇÃO LEGAL DOS BENS

Bens considerados em si mesmos → dependem da individualidade do


próprio bem (arts. 79 a 91, CC): móveis ou imóveis, fungíveis ou infungíveis,
consumíveis ou inconsumíveis, divisíveis ou indivisíveis, singulares ou
coletivos.
Bens reciprocamente considerados → dependem de sua relação com
outros bens integrantes do patrimônio do sujeito (arts. 92 a 97, CC):
principais ou acessórios (frutos, produtos, pertenças e benfeitorias).

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 5


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: DOS BENS E DE SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
Bens considerados em relação ao titular do domínio → dependem do
próprio sujeito que é o seu titular (arts. 88 a 103, CC): públicos (uso comum
do povo, uso especial e dominicais), particulares e res nullius.
Bens considerados quanto à possibilidade de alienação: bens que
estão fora do comércio. O atual Código não prevê expressamente essa
modalidade da classificação em uma seção específica. No entanto ela existe
esparsa pelo Código, ainda é mencionada pela doutrina e cai em concursos!

Vejamos agora cada uma dessas espécies de forma minuciosa.

I. BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS

I.1 – BENS QUANTO À MOBILIDADE (arts. 79/84, CC)


A) BENS IMÓVEIS (arts. 79/81, CC)
São aqueles que não podem ser removidos ou transportados de um lugar
para o outro sem a sua destruição ou alteração em sua substância. Ocorre que
com avanço da engenharia e da ciência em geral esse conceito perdeu parte de
sua força. Atualmente há modalidades de imóveis que não se amoldam
perfeitamente a este conceito (ex.: edificações que, separadas do solo, conservam
sua unidade, podendo ser removida para outro local – arts. 81, I e 83, CC). Os
bens imóveis também são chamados de “bens de raiz” e podem ser divididos em:
1. Por Natureza (ou por essência): é o solo (terreno) e tudo quanto se
lhe incorporar naturalmente (árvores, frutos pendentes, etc.), mais adjacências
(espaço aéreo e subsolo). Alguns autores entendem que apenas o solo seria bem
imóvel por natureza. Os acessórios e as adjacências seriam bens imóveis por
acessão natural.
O art. 1.229, CC dispõe que a propriedade do solo abrange a do espaço
aéreo e a do subsolo correspondente em altura e profundidade úteis ao seu
exercício. Quem compra um sítio é o proprietário do subsolo? Resposta para o
Direito Civil: SIM!! O proprietário do solo é também proprietário do subsolo
(e do espaço aéreo), especialmente para construção de passagens, garagens
subterrâneas, porões, adegas, etc. No entanto esta regra pode sofrer algumas
limitações. Pelo art. 176, CF/88, as jazidas, os recursos minerais e hídricos,
embora sejam considerados como bens imóveis, constituem propriedade distinta
da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, ficando sob o domínio
(propriedade) da União. Lógico que é difícil alguém comprar um terreno e nele
“achar” uma mina de ouro ou de diamantes ou mesmo um lençol petrolífero. No
entanto se isso ocorrer, esta pessoa não será o “dono” deste recurso mineral.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 6


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: DOS BENS E DE SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
2. Por Acessão: acessão quer dizer aumento, acréscimo ou aderência de
uma coisa a outra. Assim, passam a ser considerados imóveis, tudo quanto se
incorporar natural ou artificialmente ao solo, seja por ação natural ou humana.
a) Natural: é o acréscimo que ocorre ao solo sem o concurso da ação
humana, como a aluvião, avulsão a formação de ilhas, etc.
b) Física, industrial ou artificial: trata-se de tudo quanto o homem
incorporar permanentemente (o que não significa eternamente) ao solo, não
podendo removê-lo sem destruição, modificação ou dano. Abrange os bens móveis
que, incorporados ao solo pelo trabalho do homem, passam a ser bens imóveis.
Exemplos clássicos genéricos: construções e plantações. Exemplo: um
caminhão de tijolos, cimento, caibros, etc. são considerados bens móveis. No
entanto quando esses bens são usados para se realizar uma construção qualquer
(casa, edifício, ponte, viaduto, etc.), esses bens são incorporados ao solo pela
aderência física, passando a ser imóveis, pois não podem ser retirados sem causar
dano à construção onde estão. Da mesma forma os seus acessórios (garagem,
piscina, etc.). Outro exemplo: sementes lançadas ao solo ou as plantações (café,
cana, etc.). Cuidado apenas com exemplo que já vi cair: uma árvore geralmente
é um bem imóvel; no entanto se ela for destinada ao corte será considerada móvel
por antecipação (veremos isso logo adiante) e se plantada em um vaso (ex.:
bonsai) também será considerada bem móvel, porque é removível, transportável.
c) Intelectual (ou por destinação do proprietário): são os bens móveis
que aderem a um bem imóvel pela vontade do dono, para dar maior utilidade
ao imóvel (a coisa deve ser colocada a serviço do imóvel e não da pessoa). Trata-
se de uma ficção jurídica. Ex.: um trator destinado a uma melhor exploração de
propriedade agrícola, máquinas de uma fábrica têxtil, para aumentar a
produtividade da empresa, veículos, animais e até objetos de decoração de uma
residência.

Atenção: o atual Código Civil não acolhe mais essa classificação em relação
aos bens imóveis, no entanto alguns autores ainda a mencionam. Seguindo a
doutrina moderna sobre o tema, o Código qualifica esses bens como pertenças,
onde a coisa deve ser colocada a serviço do imóvel e não da pessoa,
constituindo, portanto, a categoria de bens acessórios (que veremos mais
adiante). Vejam que a imobilização não é definitiva neste caso; o bem poderá
voltar a ser móvel, por mera declaração de vontade quando não for mais usá-lo
para fim a que se destinava. Enunciado 11 da I Jornada de Direito Civil do CJF:
“Não persiste no novo sistema legislativo a categoria de bens imóveis por acessão
intelectual, não obstante a expressão tudo quanto se lhe incorpora natural ou
artificialmente, constante da parte final do art. 79”.
3. Por Determinação Legal: são bens que são considerados imóveis
somente porque o legislador assim resolveu enquadrá-los (ficção jurídica),

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 7


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: DOS BENS E DE SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
possibilitando, como regra, receber maior segurança e proteção jurídica nas
relações que os envolve. São eles:
• Direito à sucessão aberta. Falecendo uma pessoa, mesmo que a herança
seja formada apenas por bens móveis, o direito à sucessão (ou seja, o direito
de receber uma herança) será considerado como bem imóvel, com todas as
suas consequências. Ex.: uma pessoa faleceu e deixou um carro, uma joia e
dez mil reais em uma conta-poupança. É aberto o processo de inventário. O
conjunto dos bens deixados pelo falecido (de cujus) é chamado de espólio. E
este tem a natureza de bem imóvel por força de lei. Assim, o que se considera
imóvel não é o direito aos bens que compõe a herança, mas sim o direito à
herança como uma unidade. Somente após a partilha é que os bens serão
considerados de forma individual. Assim, se o herdeiro quiser renunciar à
herança, somente poderá fazê-lo de modo expresso, por instrumento público
ou termo judicial (art. 1.806, CC); se quiser ceder sua quota de direitos
hereditários dependerá de escritura pública.
• Direitos reais sobre os imóveis (ex.: direito de propriedade, de usufruto,
uso, superfície, habitação, servidão predial, enfiteuse, hipoteca, etc.). A lei,
para dar maior segurança às relações jurídicas, trata os direitos reais sobre
bens imóveis com se imóveis fossem. Encaixam aqui também as ações que
asseguram os bens imóveis. Assim, se o bem é imóvel (ex.: um terreno),
também o serão o direito sobre ele (ex.: direito de propriedade) e a ação
que o protege (ex.: ação reivindicatória da propriedade).
• Penhor agrícola e as ações que o asseguram.
• Jazidas e as quedas d’água com aproveitamento para energia hidráulica
são consideradas bens distintos do solo onde se encontram (arts. 20, inciso
IX e 176, CF/88).
4. Regras Especiais: nos termos do art. 81, CC, não perdem o caráter
de imóvel (ou seja, continuam sendo imóveis):
• Edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem
removidas para outro local (ex.: “casa pré-fabricada” transportada de uma
localidade para outra).
• Materiais provisoriamente separados de um prédio para nele se
reempregarem (ex.: telhas retiradas de uma casa para reforma do telhado,
sendo nele reempregadas posteriormente).

B) BENS MÓVEIS (arts. 82/84, CC)


São aqueles que podem ser removidos, transportados, de um lugar para
outro, por força própria ou estranha, sem alteração da substância ou da destinação
econômico-social. Podemos classificá-los em:

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 8


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: DOS BENS E DE SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
1) Móveis por Natureza: são os bens que podem ser transportados de
um local para outro sem a sua destruição por força alheia ou que possuem
movimento próprio. Força alheia: são os bens móveis propriamente ditos (carro,
cadeira, livro, joias, etc.). Força própria (suscetíveis de movimento próprio; sem
necessidade da ação humana): são os semoventes, ou seja, os animais de uma
forma geral (bois, cavalos, carneiros, etc.).
2) Móveis por Antecipação: são bens que, ainda que estejam
naturalmente imobilizados (estão incorporados ao solo), destinam-se à mobilidade
por manifestação da vontade, em função da sua finalidade econômica. Ex.: uma
árvore é um bem imóvel; no entanto ela pode ser plantada especialmente para
corte futuro (fábrica de papel, transformação em lenha, etc.). Portanto, embora
seja fisicamente um imóvel ela tem uma finalidade última como bem móvel.
Outros exemplos: os frutos de um pomar que ainda estão no pé são considerados
bem imóveis, mas se destinados à venda (safra futura) tornam-se bens móveis.
O mesmo ocorre em relação aos minérios destinados à extração e venda.
3) Móveis por Determinação Legal (art. 83, CC): consideram-se bens
móveis para efeitos legais:
a) as energias que tenham valor econômico: a energia elétrica, embora
não seja um bem corpóreo, é considerada pela lei como sendo um bem móvel.
Observem que o art. 155, §3° do Código Penal também a equipara com um bem
móvel, podendo ser objeto do crime de furto (ex.: desvio do medidor, quando
a corrente passa do fornecedor ao consumidor – trata-se do famoso “gato” ou
“gambiarra”). Notem que a lei menciona “energias”, pois não existe apenas a
energia elétrica, sendo que a doutrina fornece outros exemplos: sinal de
telefonia, de TV a cabo, de internet, gás encanado, etc. Cita a doutrina a
hipótese do sêmen de um touro reprodutor premiado como “energia biológica”.
b) direitos reais sobre bens móveis e as ações correspondentes: são os
direitos de propriedade, usufruto, penhor sobre bens móveis.
c) direitos pessoais de caráter patrimonial e as respectivas ações: são
os direitos de crédito, isto é, os direitos que um credor tem contra seu devedor.
d) ainda incluem-se: direitos autorais (art. 3°, da Lei n° 9.610/98),
propriedade industrial (art. 5°, da Lei 9.279/96: direitos oriundos do poder
de criação e invenção da pessoa), quotas e ações de capital em sociedades, etc.
4) Regra Especial (art. 84, CC): os materiais destinados à construção
enquanto não forem empregados nesta construção, ainda são considerados como
bens móveis. Materiais provenientes de demolição e que não serão reempregados,
perdem a qualidade de imóvel e passam a ser bens móveis. Ex.: comprei um
“milheiro de tijolos”; enquanto eu não empregar estes tijolos na obra eles são
bens móveis. Após a construção passam a ser imóveis. Caso ocorra uma demolição
e eles não sejam reempregados em outra construção voltam a ser móveis. Se a

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 9


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: DOS BENS E DE SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
intenção é reempregá-los a seguir em outra construção, não perdem o caráter de
imóveis.

Atenção Os navios e aeronaves são bens móveis ou imóveis? A


doutrina os classifica como bens móveis especiais ou sui generis. Apesar de
pela sua natureza e essência serem fisicamente bens móveis (pois podem ser
transportados de um local para outro), são tratados pela lei como se fossem
imóveis, pois necessitam de registro especial e admitem hipoteca. O navio tem
nome e o avião marca, possuindo identificação e individualização próprias. Ambos
têm nacionalidade. Podem ter projeção territorial no mar e no ar (território ficto).
Alguns autores os consideram como quase pessoa jurídica, no sentido de se
constituírem num centro de relações e interesses, como se fossem sujeitos de
direitos, embora não tenham personalidade jurídica. Portanto, cuidado com a
forma como a questão foi elaborada.

Importância prática na distinção entre Imóveis X Móveis


Os bens imóveis se distinguem dos móveis pela: forma de aquisição da
propriedade, necessidade ou não de outorga, prazos de usucapião e os direitos
reais. Vejamos:
1) Formas de aquisição da propriedade
A principal forma de se adquirir a propriedade dos bens móveis é com a
tradição. Ou seja, em uma compra e venda de bens móveis, somente com a
entrega destes é que se adquire a sua propriedade. Já os bens imóveis são
adquiridos com o Registro ou transcrição do título da escritura pública no Registro
de Imóveis onde estiver situado o bem (art. 1.245, CC). Enquanto não houver o
registro do título, o vendedor continua sendo o proprietário do imóvel.
2) Outorga
Os bens imóveis não podem ser vendidos, doados ou hipotecados por
pessoa casada sem a outorga do outro cônjuge, exceto se o regime de bens
escolhido pelo casal for o da separação absoluta de bens (art. 1.647, CC). Já os
bens móveis não necessitam dessa outorga. A outorga pode ser:
• Marital: o marido concede à mulher, ou seja, o bem pertence à mulher e
o marido assina também os documentos anuindo na venda do imóvel.
• Uxória: a mulher concede ao homem, ou seja, a mulher assina a
documentação para a venda do imóvel, que pertence ao marido (uxor – em latim
quer dizer mulher casada).

Concluindo. Um bem será vendido. Trata-se de um bem imóvel? –Sim! Trata-


se de proprietário casado em regime de bens que não seja separação total de

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 10


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: DOS BENS E DE SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
bens? –Sim! Logo essa pessoa irá necessitar da outorga (ou vênia) conjugal
(uxória ou marital).
3) Usucapião
Tanto os bens imóveis quanto os móveis podem ser objeto de usucapião.
O que vai diferenciar é o prazo para que isso ocorra. Os prazos para se adquirir a
propriedade imóvel por usucapião são, em regra, maiores. Exemplificando:
A) Bens Imóveis
a) Usucapião Extraordinária
• 15 anos: sem justo título, sem boa-fé.
• 10 anos: sem justo título, desde que resida no local ou tenha realizado
obras produtivas.
b) Usucapião Ordinária
• 10 anos: com justo título e boa-fé.
• 05 anos: com justo título, boa-fé, adquirido onerosamente, desde que
resida no local ou tenha realizado investimento de interesse social e
econômico.
• 02 anos: propriedade dividida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que
abandonou o lar.
B) Bens Móveis
a) Usucapião Extraordinária: sem justo título → 05 anos.
b) Usucapião Ordinária: com justo título e boa-fé → 03 anos.
Lembrando que justo título é definido como sendo o ato jurídico destinado
a habilitar uma pessoa a adquirir o domínio de uma coisa, mas que por algum
motivo acabou não produzindo efeito. Na boa-fé o possuidor está convicto que a
sua posse não prejudica ninguém e desconhece eventuais vícios que lhe impedem
a aquisição do domínio. A Constituição Federal (e o próprio Código Civil)
estabelecem outras formas de usucapião de bens imóveis. Confiram: arts. 183
e 191, CF/88.

4) Direitos Reais sobre coisa alheia


• Bens imóveis. Regra → hipoteca (ex.: você recebe uma quantia em
dinheiro emprestada e oferece um bem imóvel como garantia desse
empréstimo, não havendo a entrega do bem).
• Bens móveis. Regra → penhor (ex.: você recebe uma quantia dinheiro em
empréstimo e entrega um bem móvel como garantia deste empréstimo).
5) Contratos
• Comodato. Regra → imóveis; • Mútuo. Regra → móveis; • Locação →
imóveis ou móveis.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 11


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: DOS BENS E DE SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
IMÓVEIS MÓVEIS

Solo e tudo quanto se lhe incorporar Suscetíveis de movimento próprio, ou


natural ou artificialmente (art. 79, CC). de remoção por força alheia, sem
alteração da substância ou da destinação
econômico-social (art. 82, CC).
• Direitos reais sobre imóveis e as • Energias que tenham valor econômico.
ações que os asseguram. • Direitos reais sobre objetos móveis e as
• Direito à sucessão aberta (direito ações correspondentes.
hereditário). • Direitos pessoais de caráter patrimonial
• Edificações que, separadas do solo, e respectivas ações.
mas conservando a sua unidade, • Materiais destinados a construção,
forem removidas para outro local. enquanto não forme empregados.
• Materiais provisoriamente separados • Materiais de demolição de um prédio.
de um prédio para nele se
reempregarem.
Adquiridos por escritura pública e Adquiridos por tradição, sem
registro e dependem de outorga. necessidade de outorga conjugal.
Objeto de Hipoteca. Usucapião de Objeto de Penhor. Usucapião de 03 e
02, 05, 10 e 15 anos. 05 anos.

I.2 – BENS QUANTO À FUNGIBILIDADE (art. 85, CC)


A) INFUNGÍVEIS
São os bens que possuem alguma característica especial, que os tornam
distintos dos demais, não podendo ser substituídos por outros, mesmo que da
mesma espécie, qualidade e quantidade. São bens considerados em sua específica
individualidade, pois, de alguma forma, estão devidamente personalizados. Ex.:
imóveis de uma forma geral, veículos, um quadro famoso, manuscritos e
partituras originais, etc.
B) FUNGÍVEIS
São os bens móveis que podem ser substituídos por outros da mesma
espécie, qualidade e quantidade. São as coisas que se contam, se medem ou se
pesam e não se consideram objetivamente como individualidades. Ex.: uma saca
de arroz, uma resma de papel, gêneros alimentícios de uma forma geral, etc.
Lembrando que o dinheiro é o bem fungível por excelência. Trata-se do mais
constante objeto nas obrigações de dar.

Atenção
- Os bens imóveis são infungíveis.
- Os bens móveis podem ser fungíveis ou infungíveis.
Explicando. Os bens imóveis são personalizados (há uma escritura, possuem
um registro, um número, etc.), daí serem eles infungíveis, pois estão
individualizados. Excepcionalmente é possível que sejam tratados como fungíveis.
Ex.: devedor se obriga a fazer o pagamento por meio de três lotes de terreno,

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 12


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: DOS BENS E DE SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
sem que haja a precisa individualização deles; o imóvel nesse caso não integra o
negócio pela sua essência, mas pelo seu valor econômico.
Já os bens móveis, em regra, são fungíveis, mas em alguns casos podem
ser considerados infungíveis. Ex.: um selo de carta é um bem fungível. Mas um
“selo raro” é infungível, pois se destina a colecionadores. Outros: uma moeda rara,
o cavalo de corrida Furacão, um quadro pintado por Renoir, etc. Os veículos
automotores são bens infungíveis, pois possuem número de chassis, número de
motor, etc., personalizando e diferenciando dos demais.
A fungibilidade pode ser da própria natureza do bem ou da vontade
manifestada pelas partes. Portanto, um bem fungível pode se tornar infungível por
ato de vontade. Ex.: uma cesta de frutas é um bem fungível, mas pode se tornar
infungível se ela for emprestada apenas para ornamento de uma festa (chamamos
esta hipótese de: comodatum ad pompam vel ostentationem) para ser devolvida
posteriormente, intacta. Outro: como regra um livro pode ser um bem fungível.
Mas se nele contiver uma dedicatória ou estiver autografado pelo autor, este fato
faz com que ele se torne único.
Uma obrigação de fazer também pode ser infungível ou fungível. Ex.:
contrato o famoso pintor “Z”, para pintar um quadro; percebam que a atuação de
“Z”, neste caso, é personalíssima, pois ele foi contratado tendo-se em vista suas
habilidades especiais. Portanto trata-se de uma obrigação infungível. Já a pintura
de um muro que foi pichado, ou a troca da resistência de um chuveiro elétrico são
exemplos de obrigações fungíveis, pois não requer uma habilidade excepcional
para o seu cumprimento, podendo ser realizada por qualquer pessoa.

Consequências práticas da fungibilidade


• A diferença básica entre a locação, o comodato e o mútuo (que são
espécies de contratos de empréstimo) está na sua fungibilidade. Enquanto o
mútuo é um contrato que se refere ao empréstimo apenas de coisas fungíveis,
ou seja, o devedor pode devolver outra coisa, desde que seja igual, o comodato
é um contrato de empréstimo (gratuito) de coisas infungíveis. E a locação
também é um empréstimo de bens infungíveis, só que oneroso. Nestes dois
últimos contratos a pessoa deve devolver o mesmo bem.
• Outra consequência: o credor de coisa infungível não pode ser obrigado a
receber outra coisa, ainda que esta seja mais valiosa (art. 313, CC). Isto é, o
credor tem o direito de receber a coisa exata que foi pactuada.
• Outro efeito: a compensação legal (isto é, “A” deve para “B”, mas “B”
também deve para “A”) efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas
fungíveis entre si. Ou seja, dinheiro se compensa com dinheiro; café se
compensa com café; feijão se compensa com feijão, etc.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 13


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: DOS BENS E DE SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
I.3 – BENS QUANTO À CONSUNTIBILIDADE (art. 86, CC)
A) CONSUMÍVEIS
São bens móveis, cujo uso normal importa na destruição imediata da
própria coisa. Admitem um uso apenas. Ex.: gêneros alimentícios, bebidas,
lenha, cigarro, giz, dinheiro, gasolina, etc.

Observação. Há bens que são consumíveis, conforme a destinação que o


homem lhes dá. Ex.: os livros, em princípio, são bens inconsumíveis, pois
permitem usos reiterados. Mas expostos numa livraria são considerados como
consumíveis, pois a destinação é a venda (e o vendedor não pode vender a mesma
coisa para duas pessoas). Observem que o art. 86, CC possui a seguinte redação:
são consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria
substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação
(consumíveis de direito).

B) INCONSUMÍVEIS
São os que proporcionam reiterados usos, permitindo que se retire toda
a sua utilidade, sem atingir sua integridade. Ex.: roupas de uma forma geral,
automóvel, casa, etc., ainda que haja possibilidade de sua destruição em
decorrência do tempo.
Quando alguém empresta algo (ex.: frutas) para uma exibição, devendo
restituir o objeto, o bem permanece inconsumível até a sua devolução (a doutrina
chama isso de ad pompam vel ostentationem). A consuntibilidade não decorre
propriamente da natureza do bem, mas sim da sua destinação econômico-
jurídica. Assim, o usufruto somente pode recair sobre bens inconsumíveis. Se for
instituído sobre bens fungíveis, é chamado pela doutrina de quase-usufruto ou
usufruto impróprio.

Não confundir fungibilidade com consuntibilidade. Em geral um bem


fungível é também consumível (ex.: gêneros alimentícios). No entanto um bem
pode ser consumível e ao mesmo tempo infungível (ex.: partitura de um
compositor famoso colocada à venda; uma garrafa de um vinho famoso e raro).
Por outro lado, um bem pode ser também inconsumível e fungível (ex.: uma
ferramenta ou um talher).

I.4 – BENS QUANTO À SUA DIVISIBILIDADE (arts. 87/88, CC)


A) DIVISÍVEIS
São os bens que podem se fracionar em porções reais e distintas, formando
cada qual um todo perfeito: a) sem alteração em sua substância; b) sem
diminuição considerável de valor; c) sem prejuízo do uso a que se destinam. Ex.:
uma folha de papel, uma quantidade de arroz, milho, etc. Se repartirmos uma
saca de arroz, cada metade conservará as mesmas qualidades do produto. Quanto

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 14


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: DOS BENS E DE SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
à expressão “diminuição considerável de valor” é interessante notar o seguinte
exemplo: 05 pessoas herdaram um diamante de 50 quilates. Esta pedra preciosa
pode ser dividida em 05 partes iguais (05 diamantes de 10 quilates cada). No
entanto esta divisão fará com que haja uma diminuição considerável no valor do
bem, ou seja, o brilhante inteiro terá muito mais valor do que os cinco pedaços
reunidos. Por isso esse bem é considerado indivisível (ao menos em tese).
B) INDIVISÍVEIS
São os bens que não podem ser fracionados em porções, pois deixariam de
formar um todo perfeito. Ex.: uma joia, um anel, um relógio, um par de sapatos,
etc. No entanto a indivisibilidade pode ser subclassificada em:
• por natureza  se o bem for dividido perde a característica do todo. Ex.: um
cavalo, um relógio, um quadro, etc.
• por determinação legal  alguns bens podem ser divididos fisicamente. No
entanto a lei que os torna indivisíveis. O exemplo clássico é o da herança.
Antes da partilha ela é indivisível por determinação legal. O art. 1.791, CC
determina que a herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários
sejam os herdeiros. E continua o parágrafo único: até a partilha, o direito dos
coerdeiros, quanto à propriedade e posse da herança, será indivisível, e
regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio. Outros exemplos: o módulo
rural (art. 65 do Estatuto da Terra), os lotes urbanos, a hipoteca, etc.
• por vontade das partes (convencional)  um bem fisicamente é divisível,
mas pode se tornar indivisível por força de um contrato. Ex.: entregar 100
sacas de café. Em tese é uma obrigação divisível (eu poderia entregar 50 sacas
hoje e 50 na semana que vem). Mas pode ser pactuado no contrato a
indivisibilidade da prestação: ou seja, todas as 100 sacas devem ser entregues
hoje.

I.5 – BENS QUANTO À INDIVIDUALIDADE (arts. 89/91, CC)


A) BENS SINGULARES
São singulares (ou individuais) os bens que, embora possam estar
reunidos, são considerados de modo individual, independentemente dos demais.
Ex.: um cavalo, uma casa, um carro, uma joia, um livro, etc. Os bens singulares
podem ser classificados em: a) singulares simples formam um todo
homogêneo, cujas partes componentes estão unidas em virtude da própria
natureza ou da ação humana, sem que seja necessária qualquer regulamentação
(pedra, cavalo, árvore, folha de papel, etc.); b) singulares compostos são os
que as partes heterogêneas estão ligadas artificialmente pelo engenho humano;
na realidade são vários objetos independentes que se unem em um só todo, sem
que desapareça a condição jurídica de cada uma das partes. Ex.: materiais de
construção. Uma porta ou uma janela, embora estejam ligados à edificação de

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 15


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: DOS BENS E DE SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
uma casa, continuarão assim a ser chamados. Quando vendemos a casa é obvio
que está subentendido que a porta e a janela acompanharão a venda. Outros
exemplos: navio ou avião, carro, relógio, computador, etc.

B) BENS COLETIVOS OU UNIVERSAIS


Universalidade é a pluralidade de bens singulares autônomos que,
embora ainda conservem sua identidade, são consideradas em seu conjunto,
formando um todo único (universitas rerum), passando a ter individualidade
própria, distinta da dos seus objetos componentes. Trata-se de um gênero e que
tem como espécies:
a) Universalidade de Fato (art. 90, CC)  é a pluralidade de bens
singulares, corpóreos e homogêneos, ligados entre si pela vontade humana,
para um determinado fim. Devem pertencer à mesma pessoa e ter destinação
unitária (fim específico). Ex.: biblioteca (livros), pinacoteca (quadros), rebanho
(bovino, ovino, suíno, caprino, etc.), hemeroteca (jornais e revistas), alcateia
(lobos), cáfila (camelos), panapaná (borboletas), cambada (porção de objetos
enfiados; por extensão passou a significar o coletivo de caranguejos), etc.

Observação. Os bens reunidos para a formação da universalidade de fato não


perdem a sua autonomia e podem ser objeto de relações jurídicas próprias.
Ou seja, cada bem pode ser objeto de relação jurídica individualizada ou, a critério
do proprietário, ser negociado coletivamente. Ex.: pode-se vender uma vaca do
rebanho ou o rebanho inteiro; em uma exposição de arte pode-se vender apenas
um quadro da galeria.
b) Universalidade de Direito (art. 91, CC)  é a pluralidade de bens
singulares, corpóreos (ou incorpóreos) e heterogêneos, a que a norma jurídica
dá unidade, com o intuito de produzir certos efeitos; é o complexo de relações
jurídicas de uma pessoa, dotadas de valor econômico. Ex.: patrimônio, que é o
conjunto de relações ativas e passivas (bens, direitos, obrigações) de uma pessoa
(natural ou jurídica), incluindo a posse, os direitos reais, as obrigações e as ações
correspondentes. Outros exemplos: herança (ou espólio) que é uma
universalidade de bens que passa do falecido aos seus sucessores no exato
momento de sua morte, massa falida, etc.

Observações
01) Na universalidade de fato a destinação é dada pela vontade humana; na
universalidade de direito a destinação é dada pela norma jurídica.
02) Nas coisas coletivas, se houver o desaparecimento de todos os indivíduos,
menos um, ter-se-á a extinção da coletividade, mas não o direito sobre o que
sobrou.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 16


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: DOS BENS E DE SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
Atenção ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL
O art. 1.142, CC conceitua estabelecimento como sendo “todo complexo
de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade
empresária”. A doutrina amplia e melhora o conceito afirmando ser um conjunto
de bens corpóreos e/ou incorpóreos organizado de forma racional para exercício
da empresa, entendida esta como atividade economicamente organizada para a
produção de bens e serviços, visando torná-la mais eficiente para a obtenção de
lucros. Alguns autores também o chamam de fundo de comércio, azienda, negócio
empresarial, fundo de empresa, etc. Possui valor patrimonial e pode ser realizado
em dinheiro. Seus elementos podem ser vendidos em conjunto ou isoladamente.
Possui as seguintes características: conjunto de bens; ligados por força da
vontade humana; pertencentes à mesma pessoa; destinação unitária, que é o
exercício da empresa (atividade empresarial).
A doutrina majoritária entende que:
A) Para fins de alienação, o estabelecimento é considerado um bem
móvel. Isso já caiu em algumas provas (principalmente na FGV)!! Pode ser
transferido por escritura pública ou particular, não se exigindo outorga conjugal
(art. 978, CC). O estabelecimento não é sujeito de direitos e não tem
personalidade jurídica.
B) O estabelecimento empresarial é exemplo de universalidade de fato
(e não de direito), na medida em que o complexo constituído pelos bens que o
compõem permite tratá-lo de forma unitária (pode ser alienado como um todo),
o que o distingue dos bens individuais que o integram. Além disso, sua unidade
não decorre da lei (como ocorre na massa falida e na herança), mas da vontade
do empresário para uma finalidade específica, que também teria liberdade para
reduzir ou aumentar o estabelecimento, alterar o seu destino, etc., não se
confundindo com o patrimônio pessoal do empresário. Recentemente a Fundação
Carlos Chagas, em um concurso para o ISS/SP elaborou uma questão assim: “O
estabelecimento é definido como o complexo de bens organizado, para exercício
da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária. A partir dessa
definição, extrai-se que a natureza jurídica do estabelecimento é a de: (resposta
dada como correta): (A) universalidade de fato, entendida como conjunto de
bens pertencentes à mesma pessoa, com destinação unitária”. No entanto a
professora Maria Helena Diniz, muito consultada para elaboração de questões
concursos, entende que se trata de uma universalidade de direito, em face do art.
1.143, CC: “Pode o estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de negócios
jurídicos, translativos ou constitutivos, que sejam compatíveis com sua natureza”
(Curso de Direito Civil Brasileiro, Vol. 1, pág. 387, Ed. Saraiva, 35ª edição, 2015).

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 17


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: DOS BENS E DE SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar

II. BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS

Esta forma de classificação é feita a partir de uma comparação entre os


bens (arts. 92/97, CC). O que um bem é em relação a outro bem. Segundo esta
classificação os bens podem ser principais ou acessórios.
A) PRINCIPAIS
São os que existem por si, abstrata ou concretamente, independentemente
de outros; exercem função e finalidades autônomas. Ex.: o solo, um crédito, uma
joia, etc.
B) ACESSÓRIOS
São aqueles cuja existência pressupõe a existência de outro bem; sua
existência e finalidade dependem de um bem principal. Ex.: um fruto em relação
à árvore, uma árvore em relação ao solo, um prédio em relação ao solo, os juros,
etc.

Regra → o bem acessório segue o principal (salvo disposição


especial em contrário): acessorium sequitur suum principale.

Observações
01) Esta regra estava prevista no art. 59 do Código anterior e não foi
reproduzida no atual. Trata-se de um princípio geral do Direito Civil,
reconhecido de forma unânime pela doutrina, tendo aplicação direta em nosso
ordenamento, retirada de forma presumida da análise de vários dispositivos da
atual codificação (ex.: art. 92, CC). A regra é conhecida como princípio da
gravitação jurídica (um bem atrai o outro para sua órbita, comunicando-lhe seu
próprio regime jurídico: o principal atrai o acessório; o acessório segue o
principal). Por essa razão, quem for o proprietário do principal, em regra, será
também o do acessório. Outro efeito: a natureza do principal será também a do
acessório. Ex.: se o solo é imóvel, a árvore nele plantada também o será.
02) Esta regra também se aplica aos contratos. Ex.: a fiança somente existe
como forma de garantia se houver outro contrato principal, como a locação. Desta
forma, se o contrato principal (locação) for considerado nulo, nula também será
considerado acessório (fiança); já o inverso não é verdadeiro, ou seja, se a fiança
for considerada nula, o contrato principal pode continuar a produzir efeitos. Outro
exemplo: multa contratual em relação ao contrato em si.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 18


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: DOS BENS E DE SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
São bens acessórios:
1) Frutos  são as utilidades que a coisa principal produz periodicamente;
nascem e renascem da coisa e sua percepção mantém intacta a substância do
bem que as gera. Os frutos podem ser classificados em:
a) Naturais: são os que se renovam periodicamente pela própria força
orgânica da coisa (ex.: frutas, crias de animais, ovos, etc.).
b) Industriais: são os que surgem em razão da atividade humana (ex.:
produção de uma fábrica).
c) Civis: são os rendimentos produzidos pela coisa, em virtude sua utilização
por outrem que não o proprietário; é a cessão remunerada da coisa (ex.:
juros de caderneta de poupança, aluguéis, dividendos ou bonificações de
ações, etc.).
Os frutos ainda podem ser classificados, quanto ao seu estado em:
pendentes (ainda estão ligados fisicamente à coisa que os produziu, mas podem
ser destacados, sem nenhum risco para a inteireza da coisa); percebidos ou
colhidos (são os já separados ou destacados da coisa principal da qual se origina);
estantes (colhidos e armazenados em depósitos; acondicionados para a venda);
percipiendos (já deveriam ter sido colhidos ao tempo da safra, mas ainda não o
foram) e consumidos (já colhidos e que não existem mais: utilizados ou
alienados).
2) Produtos  são as utilidades que se retiram da coisa, alterando a sua
substância, com a diminuição da quantidade até o seu esgotamento. E isto é assim
porque eles não se reproduzem. Ex.: pedras de uma pedreira, minerais de uma
jazida, carvão mineral, lençol petrolífero, etc.

Atenção Os frutos e os produtos, ainda que não separados do bem principal,


já podem ser objeto de negócio jurídico (art. 95, CC). Ex.: posso vender uma
possível safra de laranjas que ainda estão ligadas ao principal, por ser prematura
a sua colheita no momento do contrato.

Frutos X Produtos
Os frutos se renovam quando são utilizados ou separados da coisa, não
alterando a substância da coisa principal. Ex.: colhendo as frutas de um pomar,
as árvores não diminuem e continuam produzindo nas próximas safras. Já os
produtos se exaurem com o uso, sendo que a extração do produto determina
a progressiva diminuição da coisa principal. Ex.: a extração do minério de ferro
de uma mina faz com que a mesma vá diminuindo a produção, até o seu
esgotamento.
3) Rendimentos  na verdade eles são os próprios frutos civis ou prestações
periódicas em dinheiro, decorrentes da concessão do uso e gozo de um bem (ex.:
aluguel).
www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 19
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: DOS BENS E DE SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
4) Produtos orgânicos da superfície da terra (ex.: vegetais, animais, etc.).
5) Obras de aderência  obras que são realizadas acima ou abaixo da
superfície da terra (ex.: uma casa, um prédio de apartamentos, o metrô, pontes,
túneis, viadutos, etc.).
6) Pertenças  segundo o art. 93, CC, são os bens que, não constituindo
partes integrantes (como os frutos, produtos e benfeitorias), se destinam, de
modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro. Exemplos
que costumam cair nas provas: moldura de um quadro que ornamenta uma casa
de eventos, máquinas agrícolas (trator), animais ou materiais destinados a melhor
explorar o cultivo de uma propriedade agrícola, máquinas e instalações de uma
fábrica, geradores de energia, escadas de emergência e outros equipamentos
contra incêndio, aparelho de ar-condicionado em um escritório, órgão de uma
igreja, etc.

ATENÇÃO!! Esse tema é muito exigido em concursos, dada a sua


peculiaridade. Vamos então aprofundá-lo.
PERTENÇA vem do latim pertinere (pertencer, fazer parte de). Apesar de
ser considerada como bem acessório (pois depende economicamente de outro
bem), conserva sua individualidade e autonomia, tendo com o principal apenas
uma subordinação econômico-jurídica. Para a caracterização da pertença é
necessário o vínculo intencional duradouro (estável), estabelecido por quem
faz uso da coisa e colocado a serviço da utilidade do principal. Segundo a regra do
art. 94, CC os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não
abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei ou da vontade das
partes. Assim, em relação às pertenças, nem sempre pode se usar o adágio de
que “o acessório segue o principal”. Por isso, quando se tratar de negócio que
envolva transferência de propriedade que contenha uma pertença é conveniente
que as partes se manifestem expressamente sobre os acessórios (se eles
acompanham ou não o bem principal), evitando situações dúbias posteriores. Ex.:
quando se vende um carro deve o vendedor mencionar se o equipamento de som
está incluso ou não no negócio; quando se vende uma casa, os bens móveis não
acompanham, salvo disposição em contrário. Só são pertenças os bens que não
forem partes integrantes, isto é, aqueles que, se forem retirados do principal não
afetam a sua estrutura. Ex.: uma casa é composta por diversas partes integrantes.
Uma porta ou uma janela são fundamentais para a existência desta casa, portanto
são consideradas como partes integrantes. Já o ar-condicionado ou um quadro
desta casa podem ser considerados como pertenças (eles pertencem a casa, mas
não são partes integrantes). Quando se vende uma casa, as portas e as janelas
(partes integrantes) acompanham a venda. Já o ar-condicionado e o quadro
(pertenças) podem ser vendidos juntos ou podem ser retirados da casa pelo
vendedor, não fazendo parte do negócio. Tudo vai depender do que for

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 20


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: DOS BENS E DE SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
estabelecido no contrato. Da mesma forma os instrumentos agrícolas e os animais
em relação a uma fazenda.
7) Acessões (de forma implícita)  aumento do valor ou do volume da
propriedade devido a forças externas (fatos fortuitos, como formação de ilhas,
aluvião, avulsão, abandono de álveo, além das construções e plantações). Em
regra não são indenizáveis.

ATENÇÃO O tema a seguir também é muito exigido em concursos!

8) BENFEITORIAS  são obras ou despesas que se fazem em um bem móvel


ou imóvel, para conservá-lo, melhorá-lo ou embelezá-lo. As benfeitorias são bens
acessórios introduzidos no principal pelo homem. Se for realizado pela natureza
não é considerado como benfeitoria. O art. 97, CC prevê que não se consideram
benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindo ao bem sem a
intervenção do proprietário, possuidor ou detentor. Dividem-se as benfeitorias
em (art. 96, CC):
a) Necessárias: são as que têm por finalidade conservar ou evitar que o
bem se deteriore (art. 96, §3°, CC); se não forem feitas a coisa pode perecer. Ex.:
reforços em alicerces, reforma de telhados, substituição de vigamento podre,
desinfecção de pomar, etc.
b) Úteis: são as que aumentam ou facilitam o uso da coisa (art. 96, §2°,
CC); não são indispensáveis, mas se forem feitas darão um maior aproveitamento
à coisa. Ex.: construção de uma garagem, de um lavabo dentro da casa, instalação
de aparelho hidráulico moderno, etc.
c) Voluptuárias: são as de mero embelezamento, recreio ou deleite, que
não aumentam o uso habitual do bem, mas o torna mais agradável, aumentando
o seu valor comercial (art. 96, §1°, CC). Ex.: construção de uma piscina, uma
churrasqueira, uma pintura artística, um jardim com flores exóticas, etc.

Atenção A classificação acima não é absoluta, pois uma mesma benfeitoria


pode enquadrar-se em uma ou outra espécie, dependendo de uma circunstância
concreta. Ex.: uma pintura pode ser necessária em uma casa de praia para evitar
uma infiltração ou voluptuária se for apenas para embelezá-la.

Relevância jurídica da distinção das benfeitorias


Se o possuidor estiver de boa-fé (isto é, desconhecia eventuais vícios que
esta posse tinha) ele tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis.
Caso elas não sejam indenizadas, o possuidor tem o direito de retenção pelo
valor das mesmas. Isto é, ele pode reter o bem até que seja indenizado pelas
benfeitorias feitas. Já as benfeitorias voluptuárias não serão indenizadas, mas elas
poderão ser levantadas (isto é, retiradas do bem – a doutrina chama isso de jus

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 21


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: DOS BENS E DE SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
tollendi), desde que não haja danificação da coisa. Tais direitos estão previstos no
art. 1.219, CC.
Por outro lado, se o possuidor estiver de má-fé (ele sabia que aquele bem
não era seu; conhecia os defeitos de sua posse) serão ressarcidas somente as
benfeitorias necessárias. Este possuidor não será indenizado pelas benfeitorias
úteis e nem pelas voluptuárias. Além disso, não poderá levantar nenhuma das
benfeitorias realizadas e também não terá direito de retenção sobre nenhuma
delas. Nem mesmo sobre as necessárias. Isto está previsto no art. 1.220, CC. É o
preço que se paga por estar de má-fé. Vejam o quadrinho abaixo que retrata bem
o que foi dito agora sobre as indenizações das benfeitorias.

Benfeitorias Posse de Boa-fé Posse de Má-fé

Necessárias Indeniza Indeniza

Úteis Indeniza Não indeniza

Voluptuárias Não indeniza, mas podem ser Não indeniza


levantadas

É interessante acrescentar que a Lei do Inquilinato (Lei n° 8.245/91),


dispõe de forma um pouco diferente, pois permite disposições contratuais em
contrário. Vejamos:
Art. 35. Salvo expressa disposição contratual em contrário, as
benfeitorias necessárias introduzidas pelo locatário, ainda que não
autorizadas pelo locador, bem como as úteis, desde que autorizadas, serão
indenizáveis e permitem o exercício do direito de retenção.
Art. 36. As benfeitorias voluptuárias não serão indenizáveis, podendo
ser levantadas pelo locatário, finda a locação, desde que sua retirada não
afete a estrutura e a substância do imóvel.

Acessão artificial X Benfeitoria


• Acessão artificial: obra que cria uma coisa nova, como as construções e
plantações (ex.: edificação de uma casa em um terreno).
• Benfeitoria: obra ou despesa realizada em bem já existente, sem
modificar a sua substância. É apenas uma reforma levada a efeito pelo
homem (artificial) na coisa e que não aumenta o volume.

Benfeitoria X Pertença
• Benfeitorias: obras realizadas diretamente no bem para conservá-lo
(necessária), melhorá-lo (útil) ou embelezá-lo (voluptuária). Assim que

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 22


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: DOS BENS E DE SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
realizadas, estas obras se tornam parte do próprio bem; elas se incorporam
ao principal. Por isso, como regra, elas não possuem autonomia e existência
própria. Quando se vende uma casa e o contrato nada fala, a piscina e a
garagem (benfeitorias) acompanham o negócio.
• Pertenças: bens que se destinam de modo duradouro ao uso, ao serviço
ou ao aformoseamento de outro bem, sem perder a sua autonomia. O bem
está a serviço da finalidade econômica de outro bem, não havendo
incorporação. Quando se vende uma fazenda e o contrato nada fala, o trator
(pertença) não acompanha o negócio.
Atenção Alguns bens deixam de ser acessórios e passam a ser principais.
Estas exceções se justificam para valorizar um trabalho artístico, daí a inversão.
Ex.: a pintura em relação à tela, a escultura em relação à matéria-prima, a
escritura ou qualquer trabalho gráfico em relação à matéria-prima, etc.

III. BENS CONSIDERADOS EM RELAÇÃO AO TITULAR DO DOMÍNIO

Na realidade esta classificação é feita não sob o ponto de vista dos


proprietários, mas sim pelo modo como se exerce o domínio sobre os bens.
Neste sentido eles podem ser divididos em particulares, públicos ou coisas de
ninguém. Vejamos:

A) BENS PARTICULARES (ou privados)


São os que pertencem às pessoas naturais ou jurídicas de direito
privado. Não vemos necessidade de aprofundar o tema.

B) RES NULLIUS
São as chamadas “coisas de ninguém”. Existem no universo, mas não são
públicas nem particulares, pois não têm dono. Ex.: animais selvagens em
liberdade, pérolas de ostras que estão no fundo do mar, peixes no mar, conchas
na praia, etc. As coisas abandonadas (também chamadas de res derelictae) são
espécies do gênero ‘coisas de ninguém’; elas já pertenceram a alguém, mas foram
abandonadas.

C) BENS PÚBLICOS (res publicae)


Estabelece o art. 98, CC que são públicos os bens do domínio nacional
pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno (União,
Estados, Distrito Federal, Territórios, Municípios, Autarquias e Fundações de
Direito Público). Os demais bens são particulares, seja qual for a pessoa a que
pertencerem. No entanto é interessante ressaltar o Enunciado 287 da IV Jornada
de Direito Civil do CJF: “O critério da classificação de bens indicado no art. 98, CC

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 23


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: DOS BENS E DE SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
não exaure a enumeração dos bens públicos, podendo ainda ser classificado como
tal o bem pertencente à pessoa jurídica de direito privado que esteja afetado à
prestação de serviços públicos”.

CLASSIFICAÇÃO DOS BENS PÚBLICOS


Quanto à titularidade (natureza da pessoa titular) os bens públicos
podem ser federais, estaduais, distritais ou municipais, conforme pertençam,
respectivamente, à União, aos Estados, ao Distrito Federal ou aos Municípios, ou
as suas autarquias ou fundações de direito público.
Quanto à disponibilidade eles se classificam em: a) indisponíveis por
natureza: são os que sequer possuem natureza patrimonial, e, por tal motivo, não
podem ser alienados ou onerados pelas entidades a que pertencem (ex.: mares,
rios, etc.); b) patrimoniais indisponíveis: apesar de terem natureza patrimonial
não podem ser alienados, pois são utilizados pelo Estado para uma finalidade
pública (ex.: escolas, hospitais, etc.); c) patrimoniais disponíveis: são os que
possuem natureza patrimonial e como não estão afetados a determinada
finalidade pública, podem ser alienados (ex.: bens dominicais, que veremos mais
adiante).
Para o Direito Civil, a classificação mais importante é quanto à sua
destinação. Vejamos:
1. USO COMUM (OU GERAL) DO POVO (art. 99, I, CC): são os destinados
à utilização do público em geral; podem ser usados sem restrições e em igualdade
de condições por todos (sem discriminação de usuários) e sem necessidade de
ordem ou permissão especial para sua fruição. Também são chamados de bens de
domínio público. O Código Civil fornece uma enumeração exemplificativa: praças,
jardins, ruas, estradas, mares, rios navegáveis, praias, etc. Não perdem a
característica de uso comum se o Estado regulamentar seu uso por questões de
segurança (ex.: fechamento de uma praça à noite), higiene, saúde, etc. ou exigir
uma contraprestação (ex.: pedágio nas rodovias). Neste sentido, prevê o art.
103, CC: “O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído,
conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração
pertencerem”. É franqueado o uso e não a propriedade (que pertence à entidade
de Direito Público), estando presente o poder de polícia do Estado (o povo é o
usuário do bem).
2. USO ESPECIAL (art. 99, II, CC): são bens destinados ao funcionamento
e aprimoramento dos serviços realizados pelo Estado; em regra são os edifícios
ou terrenos utilizados pelo próprio poder público para a execução de serviço
público (federal, estadual, territorial ou municipal). Ex.: Prefeituras, Secretarias,
Ministérios, prédios onde funcionam Tribunais, Assembleias Legislativas, Quartéis,
Escolas Públicas, Hospitais Públicos, Bibliotecas, Museus, etc. Podem também ser
móveis, como os veículos oficiais. Incluem-se, também, os bens das autarquias.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 24


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: DOS BENS E DE SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
O Direito Administrativo se refere a todos estes bens públicos como sendo
afetados.
Afetação quer dizer que há a imposição de um encargo, um ônus a um bem
público. Isto é, indica ou determina que um bem está sendo utilizado para uma
determinada finalidade pública. Assim, uma praça (uso comum do povo) que
estiver sendo usada pela população como tal, é um bem afetado; da mesma forma
um prédio em que funcione uma repartição pública (uso especial). De forma
contrária, um bem que não esteja sendo utilizado para qualquer finalidade pública
é considerado desafetado.
3. DOMINICAIS ou dominiais – do latim: dominus  relativo ao domínio,
senhorio (art. 99, III): são os bens que constituem o patrimônio disponível da
pessoa jurídica de direito público. Abrange os bens imóveis e também os móveis.
Na verdade, são os demais bens públicos, por exclusão (ou residual), pois eles
não são de uso comum do povo e nem têm uma destinação pública especial
definida; não possuem afetação. São eles (apenas exemplificativamente):
• Mar territorial: compreende a faixa de 12 milhas marítimas de largura, de
propriedade da União. Além disso, há a zona econômica exclusiva (de 12 a 200
milhas), onde o Brasil tem direitos de soberania exclusivos, para fins de exploração
econômica, preservação ambiental e investigação científica.
• Terrenos de marinha (e acrescidos): terrenos banhados por mar, lagoas e rios
(públicos) onde se faça sentir a influência das marés. Estão compreendidos na
faixa de 33 metros para dentro da terra medidos à linha de preamar média
(mediação realizada em 1831 e até hoje válida). Pertencem à União, por questão
de segurança nacional (art. 20, VII, CF/88).

Observação: Decreto-lei n° 9.760/46. Art. 2° São terrenos de marinha, em


uma profundidade de 33 (trinta e três) metros, medidos horizontalmente, para a parte
da terra, da posição da linha do preamar-médio de 1831: a) os situados no continente,
na costa marítima e nas margens dos rios e lagoas, até onde se faça sentir a influência
das marés; b) os que contornam as ilhas situadas em zona onde se faça sentir a
influência das marés. Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo a influência das
marés é caracterizada pela oscilação periódica de 5 (cinco) centímetros pelo menos, do
nível das águas, que ocorra em qualquer época do ano. Art. 3° São terrenos
acrescidos de marinha os que se tiverem formado, natural ou artificialmente, para o
lado do mar ou dos rios e lagoas, em seguimento aos terrenos de marinha. Art. 4°
São terrenos marginais os que banhados pelas correntes navegáveis, fora do alcance
das marés, vão até a distância de 15 (quinze) metros, medidos horizontalmente para
a parte da terra, contados desde a linha média das enchentes ordinárias.
• Terras devolutas: são terras que, embora não destinadas a um uso público
específico, ainda se encontram sob o domínio público. São terras não
aproveitadas. As terras devolutas se forem indispensáveis à segurança nacional
(fronteiras, fortificações militares, preservação ambiental) são consideradas da

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 25


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: DOS BENS E DE SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
União (art. 20, II, CF/88). As demais pertencem aos Estados-membros (art. 26,
IV, CF/88), sendo que podem ser transferidas aos Municípios.
• Herança: bens que o Município recebeu em razão de herança vacante (pessoa
morreu sem deixar herdeiros) e que permanecem sem destinação.
• Outros bens considerados (pela doutrina) como dominicais: prédios
públicos desativados, móveis inservíveis, estradas de ferro (se forem públicas,
pois algumas são privadas); títulos da dívida pública; quedas d’água, jazidas e
minérios; sítios arqueológicos, etc. Quanto às ilhas, há uma divisão: em regra as
marítimas pertencem à União. Já as fluviais e lacustres pertencem aos Estados-
membros, exceto se localizadas na fronteira com outro País ou em rios que
banham mais de um Estado. Quanto às terras indígenas (arts. 231, §1° e 20,
XI, CF/88), há quem diga que são bens de uso especial (corrente majoritária, pois
há uma afetação) e outros que são dominicais.

Questão interessante Meio Ambiente. Para alguns autores o art. 225,


CF/88 criou uma nova espécie de bem, que foge da tradicional classificação
público/particular: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo
para as presentes e futuras gerações”.
O bem ambiental, assim, seria um bem de uso comum do povo, essencial
à sadia qualidade de vida. No entanto tal bem não é classificado como público,
propriamente dito e muito menos como particular, posto que não se refere a uma
pessoa (física ou jurídica, de direito público ou privado), mas sim a toda uma
coletividade de pessoas. Portanto é chamado de bem coletivo. Este direito
ganhou definição legal infraconstitucional com o advento da Lei n° 8.078/90
(Código de Defesa do Consumidor), que estabeleceu em seu art. 81, parágrafo
único, inciso I que são interesses difusos os direitos transindividuais (isto é,
que transcendem, ultrapassam a figura do indivíduo), de natureza indivisível,
pertencendo a toda uma coletividade simultaneamente (pessoas indeterminadas)
e não a esta ou aquela pessoa ou um grupo específico de pessoas.

Características dos Bens Públicos


• Inalienabilidade  os bens públicos não podem ser vendidos, doados ou
trocados, desde que destinados ao uso comum do povo e uso especial, ou seja,
enquanto tiverem afetação pública (art. 100, CC: Os bens públicos de uso
comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a
sua qualificação, na forma que a lei determinar). Já os bens públicos dominicais
podem ser alienados, observadas as exigências legais previstas para a alienação
de bens da administração (art. 101, CC). Conclusão: a inalienabilidade dos bens
públicos não é absoluta.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 26


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: DOS BENS E DE SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
• Impenhorabilidade  penhora é um instituto de Direito Processual Civil;
trata-se de um ato judicial pelo qual se apreendem os bens de um devedor para
saldar uma dívida que não foi paga. Geralmente o bem penhorado é vendido
judicialmente e com o produto da venda paga-se o credor, satisfazendo seu
crédito. No entanto isso não é possível em relação aos bens públicos, posto que
estes não se sujeitam ao regime da penhora. Isso porque a Constituição Federal
estabeleceu regra diferenciada para a satisfação dos créditos de terceiros,
chamada de “precatórios” (art. 100, CF/88). Impede-se, assim, que um bem
público passe do devedor ao credor, ou seja, vendido, mesmo que por força de
uma execução judicial. A doutrina costuma citar apenas uma exceção prevista na
Constituição Federal (art. 100, §6°), uma vez que nesta hipótese admite-se o
sequestro (ou seja, a apreensão) de dinheiro para assegurar o pagamento do
precatório em caso de ser preterido o seu direito.
• Imprescritibilidade  trata-se da impossibilidade total de aquisição da
propriedade de qualquer bem público por usucapião (também chamada de
prescrição aquisitiva). A Constituição Federal proíbe a aquisição da propriedade,
por usucapião de bens públicos (confiram os arts. 183, §3° e 191, parágrafo único
da CF/88). Nesse sentido, estabelece o art. 102, CC: “Os bens públicos não
estão sujeitos a usucapião”. A Súmula 340 do Supremo Tribunal Federal
assim dispõe: “Desde a vigência do Código Civil, os bens dominicais, como os
demais bens públicos, não podem ser adquiridos por usucapião”. Assim, ainda que
uma pessoa tenha a posse de um imóvel por tempo muito além do que o
necessário para a sua aquisição por usucapião, não nascerá para ele qualquer
direito diante da expressa vedação constitucional. Interessante acrescentar que a
Constituição somente faz menção aos bens imóveis, mas há unanimidade no
sentido de que o dispositivo também se aplica também aos bens móveis. Até
porque o art. 102, CC foi genérico, não fazendo qualquer distinção entre os bens.
• Não-onerabilidade  onerar um bem significa deixá-lo em garantia, caso
haja o descumprimento de uma obrigação (ex.: penhor e hipoteca). Os bens
públicos não podem ser gravados com qualquer tipo de garantia em favor de
terceiros.
• Conversão  os bens públicos dominicais podem ser convertidos em bens
de uso comum ou de uso especial. Por meio da afetação o bem passa da categoria
de bem do domínio privado do Estado para a categoria de bem do domínio público.
Já a desafetação permite que um bem de uso comum do povo ou de uso especial
seja reclassificado como sendo um bem dominical; retira-se do bem a finalidade
pública à qual ele se liga. Esta classificação afetação/desafetação tem vital
importância para se possibilitar a alienação do bem. Isso porque os bens afetados,
enquanto permanecerem nesta situação, não podem ser alienados.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 27


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: DOS BENS E DE SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar

IV. BENS CONSIDERADOS EM RELAÇÃO À NEGOCIAÇÃO

O atual Código Civil não trata mais desta categoria de bens de forma
explícita. No entanto ela continua existindo e a doutrina se refere a ela
normalmente. Ela é relativa à possibilidade de comercialização dos bens.
Lembrando que comércio (em sentido técnico) é possibilidade de compra e
venda, doação, ou seja, é liberdade de circulação e transferência de bens.
Vejamos:
1. Bens que integram o comércio: são os negociáveis, disponíveis;
podem ser adquiridos e alienados. Estão livres de quaisquer restrições que
impossibilitem sua apropriação ou transferência, podendo passar, gratuita ou
onerosamente de um patrimônio para outro.
2. Bens que estão fora do comércio: são os que não podem ser
transferidos de um acervo patrimonial a outro. Espécies:
a) Insuscetíveis de apropriação (inalienáveis por natureza): são bens
de uso inexaurível (ex.: ar, luz solar, água do alto-mar, etc.); como não são raros,
não despertam interesse econômico. São também chamados de “coisas comuns a
todos” (res communes omnium). No entanto, se atender a determinadas
finalidades, pode ser objeto de comércio (captação do ar ou da água do mar para
a extração de determinados elementos).
b) Personalíssimos: são os preservados em respeito à dignidade humana
(ex.: vida, honra, liberdade, nome, órgãos do corpo humano, cuja comercialização
é expressamente proibida pela lei, etc.).
c) Legalmente inalienáveis: apesar de suscetíveis de apropriação, têm
sua comercialidade excluída pela lei para atender a interesses econômicos-sociais,
defesa social e proteção de certas pessoas. Só excepcionalmente podem ser
alienados, exigindo uma lei específica ou uma decisão judicial (alvará). Alguns
exemplos:
• Bens públicos (uso comum do povo e uso especial: art. 100, CC).
• Bens das fundações (arts. 62 a 69, CC).
• Terras ocupadas pelos índios (art. 231, §4°, CF).
• Bens de menores (art. 1.691, CC).
• Terreno onde foi construído edifício de condomínio por andares, enquanto
persistir o regime condominial (art. 1.331, §2°, CC).
• Usufruto (art. 1.393, CC: Não se pode transferir o usufruto por alienação;
mas o seu exercício pode ceder-se por título gratuito ou oneroso),

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 28


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: DOS BENS E DE SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
excetuando a possibilidade de sua alienação unicamente para o nu-
proprietário (art. 1.410, VI, CC).
• Bens de família (veremos melhor adiante).
• Bens gravados com cláusula de inalienabilidade (veremos melhor adiante).

BEM DE FAMÍLIA
(Arts. 1.711 a 1.722, CC)

No Brasil a regra é que o devedor, para o cumprimento de suas obrigações,


responde com todos os seus bens, presentes ou futuros (art. 391, CC). Uma das
exceções é o bem de família, que teve origem nos EUA. O governo da então
República do Texas promulgou um ato em 1839, garantindo a cada cidadão
determinada área de terra, isentas de penhora (Homestead Exemption Act). O
objetivo era incentivar o povoamento do vasto oeste americano, concedendo o
benefício e lá fixando as famílias, sob a condição de nela residir, cultivar o solo ou
usá-la como um meio de se sustentar.
No Brasil é o instituto pelo qual se vincula o destino de um prédio para ser
domicílio ou residência de sua família, sendo mais uma forma de se proteger a
família (em sentido amplo) reforçando o art. 6°, CF/88, que determina: “São
direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança,
a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição”. Como veremos, há duas espécies
de bem de família: voluntária (Código Civil) e legal (Lei n° 8.009/90).

No concurso como eu faço? Se no cabeçalho da questão o examinador não


se referir expressamente a uma das modalidades, o candidato deve optar pela
forma voluntária, pois foi essa a estabelecida pelo Código Civil. Vejamos.

A) CÓDIGO CIVIL: Forma Voluntária


Nos termos do art. 1.711, CC podem os cônjuges (entidade familiar) ou
terceiros, mediante escritura pública ou testamento, destinar parte de seu
patrimônio (desde que não ultrapasse um terço do patrimônio líquido) para
instituir o bem de família. Completa o art. 1.712, CC prevendo que o bem de
família consistirá em prédio residencial urbano ou rural, com suas pertenças
e acessórios, destinando-se a domicílio familiar. No entanto o próprio dispositivo
prevê que pode abranger valores mobiliários, cuja renda será aplicada na
conservação do imóvel e no sustento da família. Lógico que só pode instituir o
bem de família voluntário quem for solvente.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 29


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: DOS BENS E DE SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
Como a lei fala em “entidade familiar”, é interessante aprofundar um
pouco mais o tema. A doutrina a conceitua como “toda e qualquer espécie de união
capaz de servir de acolhedouro das emoções e das afeições dos seres humanos”,
estando expressamente prevista no art. 226, §3° e §4°, CF/88. Portanto, entende-
se como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, bem como
a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes (familia
monoparental). E recentemente o Supremo Tribunal Federal estendeu a expressão
também para as uniões homoafetivas.
Vale acrescentar que terceiros também podem ser instituidores do bem de
família, por doação ou testamento, contanto que esse ato seja devidamente aceito
pela entidade familiar beneficiada (art. 1.711, parágrafo único, CC).
Consequências. Com a instituição do bem de família, surgem, basicamente, dois
efeitos:
a) Impenhorabilidade limitada. Isso porque o bem se torna isento de
dívidas futuras à instituição, salvo as tributárias referentes ao bem (ex.: IPTU)
e despesas de condomínio (se for prédio de apartamento), nos termos do art.
1.715, CC. Portanto, impostos como o Imposto de Renda, ISS, etc., não autorizam
a Fazenda Pública solicitar a penhora do bem de família.
b) Inalienabilidade relativa. Isso porque uma vez instituído só poderá ser
alienado com a autorização de todos os interessados, cabendo ao Ministério
Público intervir quando houver a participação de incapaz (art. 1.717, CC).
Para se constituir um bem de família, é necessária a escritura pública ou
testamento (art. 1.711, CC) e o seu respectivo registro no Registro de Imóveis
(art. 1.714, CC), além de publicação na imprensa local, para ciência de terceiros.
A condição para que se faça esta instituição é que inexistam ônus (dívidas) sobre
o imóvel bem como dívidas anteriores. Não terá validade a instituição se for feita
com fraude contra credores (trata-se de um vício do negócio jurídico que veremos
em aula mais adiante).
A duração da instituição é até que ambos os cônjuges faleçam, sendo que,
se restarem filhos menores de 18 anos, mesmo falecendo os pais, a instituição
perdura até que todos os filhos atinjam a maioridade. Falecendo um dos consortes
o imóvel não entrará em inventário e nem será partilhado enquanto viver o outro.
Se este também falecer, deve-se esperar a maioridade de todos os filhos. O prédio
entrará em inventário para ser partilhado somente quando a cláusula for
eliminada. Desta forma, a dissolução da sociedade conjugal (separação
judicial ou divórcio), por si só, não extingue o bem de família. No entanto o
art. 1.721, CC faz a ressalva de que dissolvida a sociedade conjugal pela morte
de um dos cônjuges, o sobrevivente poderá pedir a extinção do bem de
família, se for o único bem do casal.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 30


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: DOS BENS E DE SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
Somente haverá a alienação (venda, doação, etc.) do bem de família
instituído quando houver anuência dos dois consortes e de seus filhos, quando
houver. Havendo a participação de incapazes o Juiz irá designar um curador
especial e irá consultar o Ministério Público. A cláusula somente poderá ser
levantada por mandado judicial (também chamado de mandado de liberação),
justificado o motivo relevante. Se foi solenemente instituído pela família como
domicílio desta, não pode ter outro destino.
Se houver menores impúberes (menores de 16 anos) a situação ainda fica
mais complicada: a cláusula não poderá ser eliminada, salvo se houver sub-
rogação (substituição da coisa por outra; transferência das qualidades de uma
coisa para outra) em outro imóvel para a moradia da família.

B) LEI Nº 8.009/90: Forma Legal


Atualmente a Lei n° 8.009/90 dispõe sobre a impenhorabilidade
(observem que a lei não fala em inalienabilidade) do bem de família, que passou
a ser o imóvel residencial (rural ou urbano) próprio do casal ou da entidade
familiar, independentemente de inscrição no Registro de Imóveis. A
impenhorabilidade compreende, além do imóvel em si, as construções, plantações,
benfeitorias de qualquer natureza, equipamentos de uso profissional, mas também
os bens móveis que guarnecem a casa. Não só aqueles indispensáveis à
habitabilidade de uma residência, mas também aqueles usualmente mantidos em
um lar comum (necessários para uma vida sem luxos, porém digna). Excluem-se
os veículos de transporte, obras de arte e adornos suntuosos (art. 2°). Essa lei
especial não revogou as regras do bem de família voluntário e vice-versa. Ou seja,
o Código Civil e a Lei n° 8.009/90 coexistem de forma paralela e em harmonia.

Observações
01) O STJ firmou os seguintes entendimentos (Recurso Especial nº 1.178.469-
SP: a) É possível a penhora de parte do imóvel, caracterizado como bem de
família, quando for possível o desmembramento sem sua descaracterização; b) A
avaliação da natureza do bem de família, amparado pela Lei n° 8.009⁄90, por ser
questão de ordem pública e não se sujeitar à preclusão, comporta juízo dinâmico.
E essa circunstância é moldada pelos princípios basilares dos direitos humanos,
dentre eles, o da dignidade da pessoa humana, um dos fundamentos do nosso
Estado Democrático, nos termos do art. 1°, inciso III, da Constituição da
República; c) Para que seja reconhecida a impenhorabilidade do bem de família,
de acordo com o art. 1°, da Lei n° 8.009⁄90, basta que o imóvel sirva de residência
para a família do devedor, sendo irrelevante o seu valor.
02) O STJ tem admitido, para efeito de bem de família, que a renda
proveniente de imóvel locado também seja considerada impenhorável.
Exemplo clássico: um casal possui uma casa muito grande. No entanto, devido às
altas despesas que esta casa exige, resolve alugá-la, sendo que com o dinheiro
www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 31
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: DOS BENS E DE SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
alugam um apartamento pequeno. Como ainda sobra um “dinheirinho”, para a
jurisprudência esta sobra também é impenhorável, pois mesmo não morando na
casa, esta é o único bem residencial de propriedade da família.
03) O STJ considera possível que a impenhorabilidade do bem de família atinja
simultaneamente dois imóveis do devedor: aquele onde ele mora com sua
esposa e outro no qual vivem suas filhas menores (e a mãe delas), nascidas de
relação extraconjugal. Isso porque, a impenhorabilidade do bem de família visa
resguardar não somente o casal, mas o sentido amplo de entidade familiar.
Portanto, a jurisprudência do STJ vem reforçando o entendimento de que a
impenhorabilidade prevista na lei 8.009/90 não se destina a proteger somente a
família em sentido estrito, mas, sim, a resguardar o direito fundamental à
moradia, com base no princípio da dignidade da pessoa humana.
04) No caso da pessoa não ter imóvel próprio (ex.: locação, usufruto), a
impenhorabilidade recai sobre os bens móveis quitados que guarneçam a
residência e que sejam da propriedade do locatário (geladeira, fogão, televisão,
etc.). Se o casal ou entidade familiar for possuidor de vários imóveis utilizados
como residência, a impenhorabilidade recairá sobre o de menor valor (art. 5°),
salvo se outro tiver sido registrado (bem de família voluntário).

EXCEÇÕES
Vimos que o bem de família do Código Civil (voluntário) só pode ser
penhorado em duas hipóteses: tributos devidos em relação ao próprio bem imóvel
ou condomínio.
Já os bens de que trata a Lei n° 8.009/90 tem um número maior de
exceções, ou seja, de hipóteses em que o bem será vendido para pagar a dívida.
Assim esses bens (apontados na lei especial), não responderão por dívidas
civis, mercantis, fiscais trabalhistas, etc., salvo se o processo de execução for
movido em razão de (art. 3°):
• execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia.
• crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à aquisição
do imóvel.
• cobrança de impostos (ex.: IPTU ou ITR) taxas e contribuições devidas em
função do imóvel.
• dívidas de condomínio também referente ao próprio imóvel.
• credor de pensão alimentícia (resguardados os direitos, sobre o bem, do seu
coproprietário que, com o devedor, integre união estável ou conjugal,
observadas as hipóteses em que ambos responderão pela dívida).
• bem adquirido com produto de crime.
• obrigação decorrente de fiança nos contratos de locação.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 32


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: DOS BENS E DE SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
Observação
Esse dispositivo possuía mais uma hipótese: créditos de trabalhadores da
própria residência e das respectivas contribuições previdenciárias. No entanto o
inciso foi expressamente revogado pela Lei Complementar n° 150/2015 (que
dispõe sobre o contrato de trabalho doméstico).

Cuidado com o item “fiança nos contratos de locação”


Atualmente, tanto a lei, como a jurisprudência assim dispõem: se uma
pessoa é proprietária de um imóvel e quiser alugá-lo vai desejar que o locatário
(inquilino) apresente um fiador. Este fiador precisa ser proprietário de um bem
imóvel, para garantir a fiança. Ou seja, se o locatário (inquilino) não pagar o
aluguel o proprietário (locador) irá acioná-lo. E se ele não conseguir pagar a dívida,
o locador acionará o fiador, ficando este responsável pela dívida. Pergunto: pode
o fiador alegar que aquele é o único bem de que dispõe e alegar a escusa do “bem
de família” para não pagar a dívida? Resposta: atualmente não (depois de várias
idas e vindas de nossos Tribunais). Ou seja, se uma pessoa se dispuser a ser
fiador, neste momento está abrindo mão do chamado bem de família. Não poderá
invocar esse benefício para deixar de pagar a dívida do inquilino. Nos últimos anos
essa posição já foi alterada diversas vezes. Atualmente é essa a posição que está
vigorando, inclusive com decisão do Supremo Tribunal Federal (o direito social
à moradia incluído na EC 26/2000, não se confunde necessariamente com o direito
de propriedade imobiliária). Devemos estar bem conscientes de que ao
assumirmos o risco de sermos fiador de alguém, estaremos abrindo mão do bem
de família da Lei n° 8.009/90. Mas é evidente que esta situação não se aplica
àquele bem de família previsto no Código Civil, pois neste caso o bem foi
registrado e se tornou, além de impenhorável, também inalienável.

Súmulas do STJ sobre Bem de Família


01. Súmula 364: O conceito de impenhorabilidade de bem de família
abrange também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e
viúvas (isso porque o STJ entende que na realidade a base da proteção do bem
de família, apesar do nome, não é a família, mas a proteção constitucional da
dignidade humana, que se traduz no direito à moradia).
02. Súmula 449: A vaga de garagem que possui matrícula própria no
registro de imóveis não constitui bem de família para efeito de penhora.
03. É interessante mencionar que quando se tratar de pessoas casadas, a
fiança deve ser prestada por ambos, sob pena de anulação. Neste sentido é a
Súmula 332 (nova redação): A fiança prestada sem autorização de um dos
cônjuges implica a ineficácia total da garantia.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 33


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: DOS BENS E DE SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
Quadro Comparativo

CÓDIGO CIVIL – VOLUNTÁRIO LEI ESPECIAL – LEGAL

1. Arts. 1.711 a 1.722, CC. 1. Lei n° 8.009/90.

2. Ato voluntário. Necessita de 2. Instituído por lei. Não depende de


registro. Máximo 1/3 do patrimônio qualquer ato. Efeitos automáticos e
líquido. imediatos. Único imóvel para residência da
família.

3. Acarreta inalienabilidade e 3. Acarreta somente a


impenhorabilidade. impenhorabilidade.

4. Exceções: dívidas decorrentes do 4. Exceções previstas no art. 3°:


condomínio e dívidas tributárias que hipoteca, financiamento, impostos,
recaem sobre o próprio imóvel. condomínio, pensão alimentícia, produto
de crime e fiança nos contratos de
locação.

BENS GRAVADOS COM CLÁUSULA DE INALIENABILIDADE


São aqueles que se tornam inalienáveis pela vontade humana, por meio de
uma cláusula temporária ou vitalícia, nos casos previstos em lei, por ato inter
vivos (ex.: doação) ou causa mortis (ex.: testamento). Ex.: um pai, percebendo
que seu filho irá dilapidar o patrimônio, faz um testamento, com essa cláusula
especial, a fim de que os bens não saiam do patrimônio do filho, protegendo esses
bens do próprio filho, impedindo que os atos de irresponsabilidade ou má
administração possam levar o filho à insolvência - dívidas superiores aos créditos.
O art. 1.911, CC determina que “a cláusula de inalienabilidade, imposta aos bens
por ato de liberalidade, implica impenhorabilidade e incomunicabilidade”.
Atualmente essa cláusula tem valor limitado, pois o testador deve apontar
expressamente a justa causa para tornar o bem inalienável (art. 1.848,
CC), ou seja, deverá justificar o porquê desta medida. Um caso justificável, como
vimos, é a prodigalidade do filho.

Resumo Esquemático da Aula

I. CONCEITO
Bens são valores materiais ou imateriais, que satisfazem uma necessidade humana
(úteis), economicamente valoráveis e suscetíveis de apropriação, que podem ser objeto
de uma relação de direito. Toda relação jurídica entre dois sujeitos tem por objeto um
bem sobre o qual recaem direitos e obrigações. Obs.: há divergência doutrinária acerca
da utilização das expressões “coisa” e “bem”.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 34


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: DOS BENS E DE SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
II. CLASSIFICAÇÃO SUPRALEGAL (DOUTRINÁRIA)
1. Corpóreos (materiais, tangíveis ou concretos): são os que têm existência física;
podem ser tocados (ex.: terreno, casa, carro, livro, joia).
2. Incorpóreos (imateriais, intangíveis ou abstratos): são os que não podem ser
percebidos pelos sentidos, mas possuem valor econômico, podendo ser objeto de direito
(ex.: direitos autorais, propriedade industrial).
Obs.: ambos integram o patrimônio de uma pessoa; os primeiros podem ser objeto
de compra e venda e os segundos apenas de cessão.

III. CLASSIFICAÇÃO LEGAL


• Bens considerados em si mesmos: móveis ou imóveis; fungíveis ou infungíveis,
consumíveis ou inconsumíveis, divisíveis ou indivisíveis; singulares ou coletivos.
• Bens reciprocamente considerados: principais ou acessórios (frutos, produtos,
pertenças e benfeitorias).
• Bens considerados em relação ao titular do domínio: públicos (uso comum do
povo, uso especial e dominicais), particulares e res nullius.
• Bens considerados quanto à possibilidade de alienação: bens que estão fora
do comércio. Não há previsão expressa desse item no atual Código.

A) BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS (arts. 79/91, CC)


1. Quanto à Mobilidade
1.1. Imóveis: são os que não podem ser removidos ou transportados de um
lugar para o outro sem a sua destruição e os assim considerados pela lei (arts.
79 e 80, CC). Subdividem-se em: a) imóveis por natureza (ex.: solo, subsolo e
espaço aéreo); b) acessão física ou artificial (ex.: plantações e construções); c)
acessão intelectual (não acolhida pelo atual código que prefere chamá-la de
pertença); d) disposição legal (ex.: direito à sucessão aberta, ainda que a
herança seja formada apenas por bens móveis); e) regra especial (não perdem
o caráter de imóvel): as edificações que, separadas do solo, mas conservando a
sua unidade, forem removidas para outro local; materiais provisoriamente
separados de um prédio para nele se reempregarem.
1.2. Móveis: são os que podem ser transportados de um lugar para outro,
por força própria ou estranha, sem alteração da sua substância ou da destinação
econômico-social. Subdividem-se em: a) móveis por natureza: são os que
podem ser transportados por força alheia (carro, joia) ou que possuem
movimento próprio (semoventes – gado de uma forma geral: bovino, equino,
ovino, caprino, etc.); b) móveis por antecipação (árvore plantada para corte ou
frutos de um pomar que ainda estão no pé, mas destinados à venda - safra
futura); c) móveis por determinação legal (energias que tenham valor
econômico, direitos autorais).
1.3. Observações: a) os materiais de construção enquanto não forem
empregados nesta construção, ainda são considerados como bens móveis; b) as
árvores, enquanto ligadas ao solo, são bens imóveis por natureza, exceto se se
destinam ao corte. Quando isso ocorre, elas se convertem em móveis por
antecipação.
1.4. Importância prática na distinção entre Imóveis e Móveis: forma de
aquisição da propriedade (tradição para móveis e registro para os imóveis),
necessidade de outorga uxória ou marital em casos de bens imóveis (sendo
dispensada tal providência se for bem móvel), prazos de usucapião (geralmente

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 35


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: DOS BENS E DE SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
maiores para os bens imóveis) e os direitos reais (como regra hipoteca para
imóveis e penhor para os móveis).
1.5. Navios e Aeronaves: fisicamente são bens móveis, mas possuem uma
disciplina jurídica como se imóveis fossem.
2. Quanto à Fungibilidade
2.1. Infungíveis: não podem ser substituídos por outros do mesmo gênero,
qualidade e quantidade (ex.: um apartamento, um veículo, um quadro famoso).
Os imóveis só podem ser infungíveis.
2.2. Fungíveis: podem ser substituídos por outros do mesmo gênero,
qualidade e quantidade (ex.: gêneros alimentícios, dinheiro, etc.).
3. Quanto à Consuntibilidade
3.1. Inconsumíveis: proporcionam reiterados usos, permitindo que se retire
toda a sua utilidade, sem atingir sua integridade (ex.: imóveis, veículos, roupas,
livros, etc.).
3.2. Consumíveis: são bens móveis, cujo uso importa na destruição
imediata da própria coisa (consumíveis de fato); admitem apenas um uso
(gêneros alimentícios, bebidas, dinheiro, etc.). Há bens que são consumíveis
conforme a destinação que o homem lhe dá (consumíveis de direito): os
livros, em princípio, são bens inconsumíveis, pois permitem usos reiterados. Mas
expostos numa livraria são considerados como consumíveis, pois a destinação é
a venda.
4. Quanto à divisibilidade
4.1. Divisíveis: podem ser fracionados em porções reais e distintas,
formando cada qual um todo perfeito, sem alteração de sua substância,
diminuição considerável de valor ou prejuízo do uso a que se destinam.
4.2. Indivisíveis: não podem ser fracionados em porções, pois deixariam de
formar um todo perfeito. A indivisibilidade pode ser: por natureza (um cavalo),
por determinação legal (herança, hipoteca, módulo rural, lotes urbanos) ou pela
vontade das partes (contrato).
5. Quanto à Individualidade
5.1. Singulares: são os que, embora reunidos, se consideram de per si,
independentemente dos demais.
5.2. Coletivos (ou universais): são as coisas que se encerram agregadas em
um todo. Universalidade de fato: pluralidade de bens singulares, corpóreos e
homogêneos, que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária pela
vontade humana (biblioteca, pinacoteca, rebanho, etc.). Cada um dos bens pode
se objeto de relação jurídica própria. Universalidade de direito: pluralidade
de bens singulares, corpóreos, dotadas de valor econômico, ligadas pela norma
jurídica (patrimônio, herança, massa falida, etc.).

B) BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS (arts. 92/97, CC)


1. Principais: existem por si mesmos, exercendo função e finalidade
independentemente de qualquer outro bem (terrenos, joias, etc.).
2. Acessórios: sua existência depende da existência do principal. Regras → a)
o bem acessório segue o destino do principal, salvo disposição em contrário; b)
proprietário do principal também é proprietário do acessório; c) a natureza do
acessório é a mesma do principal.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 36


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: DOS BENS E DE SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
2.1. Frutos: são as utilidades que a coisa principal produz periodicamente;
nascem e renascem da coisa e sua percepção mantém intacta a substância do
bem que as gera (frutas, aluguéis, etc.).
2.2. Produtos: são as utilidades que se retiram da coisa, alterando a
substância da coisa, com a diminuição da quantidade até o seu esgotamento.
2.3. Pertenças: são os bens que, não constituindo partes integrantes (como
os frutos, produtos e benfeitorias), se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao
serviço ou ao aformoseamento de outro. Ex.: acessórios de um veículo,
ornamentos de uma residência, máquinas (trator) para exploração da
propriedade agrícola, etc. Apesar de serem acessórios, mantém sua
individualidade (ou seja, em relação a elas não se aplica a regra de que o
acessório segue o principal).
2.4. Benfeitorias: são acréscimos, melhoramentos ou despesas que são
feitas em um bem já existente (móvel ou imóvel), para conservá-lo, melhorá-lo
ou embelezá-lo. Espécies: a) necessárias (realizada para a conservação do bem:
alicerce da casa), úteis (são as que aumentam ou facilitam o uso da coisa:
garagem) e voluptuárias (mero embelezamento, recreio ou deleite: piscina, troca
de piso com mármore).
2.5. Indenização das Benfeitorias: a) possuidor de boa-fé: direito à
indenização das benfeitorias necessárias e úteis. Caso elas não sejam
indenizadas, o possuidor tem o direito de retenção pelo valor das mesmas. Já as
benfeitorias voluptuárias não serão indenizadas, mas elas poderão ser
levantadas (art. 1.219, CC). b) possuidor de má-fé: são ressarcidas somente
as benfeitorias necessárias. Não há indenização pelas benfeitorias úteis e
voluptuárias. Não pode levantar nenhuma das benfeitorias realizadas e não tem
direito de retenção sobre nenhuma delas (art. 1.220, CC).
2.6. Deixam de ser bens acessórios e passam a ser principais: a pintura
em relação à tela, a escultura em relação à matéria-prima, a escritura ou
qualquer trabalho gráfico em relação à matéria-prima, qualquer trabalho gráfico
em relação ao papel utilizado.

C) BENS CONSIDERADOS EM RELAÇÃO AO TITULAR DO DOMÍNIO (arts. 98/103,


CC)
1. Particulares: são os que pertencem às pessoas naturais (físicas) ou às
pessoas jurídicas de direito privado.
2. Res Nullius: são as coisas de ninguém (ex.: um peixe no fundo do mar; as
coisas abandonadas, conhecidas como res derelictae). Não confundir coisa
abandonada, onde há um ato voluntário (o abandono) com a coisa perdida, em que
o ato foi involuntário e a coisa continua a pertencer (ao menos em tese) ao
patrimônio do titular.
3. Públicos: são os bens de domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas
de direito público interno.
3.1. Uso comum do povo (art. 99, I, CC): destinados à utilização do público
em geral (rios, mares, estradas, ruas, etc.). O uso comum dos bens públicos
pode ser gratuito ou retribuído (art. 103, CC).
3.2. Uso especial (art. 99, II, CC): utilizados pelo próprio poder público para
a execução de serviço público (hospitais e escolas públicas, secretarias,
ministérios, etc.). Imóveis (prédios) ou móveis (veículos). Incluem-se os bens
das autarquias.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 37


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: DOS BENS E DE SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
3.3. Dominicais (art. 99, III, CC): constituem o patrimônio disponível das
pessoas de direito público: terras devolutas, terrenos de marinha, herança
vacante, etc. Não estão afetados a qualquer finalidade pública.
3.4. Características dos bens públicos: inalienáveis, pois como regra não
podem ser vendidos (os bens dominicais e os desafetados podem ser alienados,
observadas as exigências legais); impenhoráveis (não recai execução judicial ou
penhora); imprescritíveis (não podem ser objeto de usucapião, qualquer que seja
a sua natureza: art. 191, parágrafo único, CF/88, art. 102, CC e Súmula 340
STF).
3.5. Observação: os bens públicos de uso comum do povo e os de uso
especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação (art. 100,
CC). Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências
da lei (art. 101, CC).
3.6. Conversão: os bens públicos dominicais podem ser convertidos em bens
de uso comum ou de uso especial (afetação). Já pela desafetação permite-se
que um bem de uso comum do povo ou de uso especial seja reclassificado como
sendo um bem dominical.

D) BENS CONSIDERADOS EM RELAÇÃO À NEGOCIAÇÃO


1. Bens que integram o comércio: são os negociáveis, disponíveis; podem
ser apropriados e transferidos, passando, gratuita ou onerosamente, de um
patrimônio para outro.
2. Bens que estão fora do comércio: são os que não podem ser transferidos
de um acervo patrimonial para outro.
2.1. Insuscetíveis de apropriação: coisas de uso inexaurível (ar, luz solar,
água do alto-mar, etc.).
2.2. Personalíssimos: são os preservados em respeito à dignidade humana
(ex.: vida, honra, liberdade, nome, bens como os órgãos do corpo humano, cuja
comercialização é expressamente proibida pela lei, etc.).
2.3. Legalmente inalienáveis: apesar de suscetíveis de apropriação, têm
sua comercialidade excluída pela lei para atender a interesses econômicos-
sociais, defesa social e proteção de certas pessoas. Estes bens somente podem
ser alienados de forma excepcional. Ex.: bens públicos (uso comum do povo e
especial – art. 100, CC), bens das fundações (arts. 62 a 69, CC), terras ocupadas
pelos índios (art. 231, §4°, CF), bens de menores (art. 1.691, CC), usufruto (art.
1.393, CC), bens gravados com cláusula de inalienabilidade (art. 1.911, CC),
bens de família (1.711, CC).
2.4. Bens gravados com cláusula de inalienabilidade (art. 1.911, CC):
tornam-se inalienáveis por vontade humana inter vivos (ex.: doação) ou causa
mortis (testamento), de forma vitalícia ou temporária. A pessoa deve apontar a
“justa causa” para tornar o bem inalienável (art. 1.848, CC).
2.5. Bem de Família (arts. 1.711 a 1.722, CC): cônjuges ou entidade
familiar, mediante escritura pública ou testamento, destinam parte de seu
patrimônio (desde que não ultrapasse um terço do patrimônio líquido). Consiste
em prédio residencial urbano ou rural, com suas pertenças e acessórios,
destinando-se a domicílio familiar. Pode recair sobre valores mobiliários, cuja
renda será aplicada na conservação do imóvel e no sustento da família.
2.6. Não confundir: Código Civil X Lei n° 8.009/90. Diferenças. Bem
de Família Voluntário (arts. 1.711 a 1.722, CC): a) ato voluntário (deve ser
registrado); b) deve representar no máximo um terço do patrimônio líquido da

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 38


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: DOS BENS E DE SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
pessoa que está registrando; c) acarreta inalienabilidade e impenhorabilidade do
bem; d) admitem-se apenas duas exceções: dívidas decorrentes de condomínio
e as dívidas tributárias que recaem sobre o bem. Bem de Família Legal (Lei
n° 8.009/90): a) na realidade não torna a coisa propriamente em “bem de
família”; esta coisa fica apenas impenhorável, ou seja, não pode recair penhora
sobre ele; b) aplica-se a famílias que possuem apenas um único imóvel para
sua residência (este bem, de forma automática, é considerado bem de família;
decorre da lei); c) acarreta somente a impenhorabilidade (e não a
inalienabilidade, ou seja, o bem não pode ser penhorado por terceiros, mas se o
proprietário quiser, poderá vendê-lo); d) possui um número maior de exceções
(art. 3° da lei especial). Ex.: dívidas que recaem sobre o imóvel (hipoteca,
financiamento, impostos, condomínio), pensão alimentícia, produto de crime.
Cuidado com a fiança nos contratos de locação: se uma pessoa se dispuser
a ser fiador, estará abrindo mão do bem de família legal, não podendo mais
invocar o benefício para deixar de pagar a dívida do inquilino.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

Para a elaboração desta aula foram consultadas as seguintes obras:


DINIZ, Maria Helena – Curso de Direito Civil Brasileiro. Editora Saraiva.
FARIAS, Cristiano Chaves de e ROSENVALD, Nelson – Curso de Direito Civil.
Editora JusPODIVM.
GAGLIANO, Pablo Stolze e PAMPLONA, Rodolfo Filho – Novo Curso de Direito
Civil. Editora Saraiva.
GOMES, Orlando – Direito Civil. Editora Forense.
GONÇALVES, Carlos Roberto – Direito Civil Brasileiro. Editora Saraiva.
MAXIMILIANO, Carlos – Hermenêutica e Aplicação do Direito. Editora Freitas
Bastos.
MONTEIRO, Washington de Barros – Curso de Direito Civil. Editora Saraiva.
NERY, Nelson Jr. e Rosa Maria de Andrade – Código Civil Comentado. Editora
Revista dos Tribunais.
PEREIRA, Caio Mário da Silva – Instituições de Direito Civil. Editora Forense.
RODRIGUES, Silvio – Direito Civil. Editora Saraiva.
SERPA LOPES, Miguel Maria de – Curso de Direito Civil. Editora Freitas Bastos.
SILVA, De Plácido e – Vocabulário Jurídico. Editora Forense.
VENOSA, Silvio de Salvo – Direito Civil. Editora Atlas.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 39


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: DOS BENS E DE SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar

Exercícios Comentados Específicos da Banca


Fundação Getúlio Vargas

01) (FGV – Advogado do PROCEMPA – Processamento de Dados do


Município de Porto Alegre/RS – 2014) Segundo o Código Civil, os bens
móveis que podem ser substituídos por outros da mesma espécie,
qualidade e quantidade são denominados
(A) bens consumíveis.
(B) bens fungíveis.
(C) bens reciprocamente considerados.
(D) bens singulares.
(E) bens públicos.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 85, CC, são fungíveis os móveis que podem
substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. Gabarito:
“B”.

02) (FGV – Exame Unificado da OAB – 2013) Os vitrais do Mercado


Municipal de São de Paulo, durante a reforma feita em 2004, foram
retirados para limpeza e restauração da pintura. Considerando a hipótese
e as regras sobre bens jurídicos, assinale a afirmativa CORRETA.
(A) os vitrais, enquanto separados do prédio do Mercado Municipal durante as
obras, são classificados como bens móveis.
(B) os vitrais retirados na qualidade de material de demolição, considerando que
o Mercado Municipal resolva descartar-se deles, serão considerados bens móveis.
(C) os vitrais do Mercado Municipal, considerando que foram feitos por grandes
artistas europeus, são classificados como bens fungíveis.
(D) os vitrais retirados para restauração, por sua natureza, são classificados
como bens móveis.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada. Esses vitrais, nos termos do art. 81, II,
CC, não perdem o caráter de imóvel, pois foram separados provisoriamente
durante as obras para serem novamente empregados no próprio prédio. Por este
mesmo motivo a letra “d” também está errada. A letra “b” está correta. Caso tais
vitrais sejam descartados eles perdem a qualidade de imóveis passando a ser bens
móveis. Dispõe o art. 84, CC: Os materiais destinados a alguma construção,
enquanto não forem empregados, conservam sua qualidade de móveis;
readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio. A letra
“c” está errada, pois se os vitrais foram feitos por grandes artistas europeus, serão

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 40


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: DOS BENS E DE SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
considerados como infungíveis, nos termos do art. 85, CC (a contrario senso).
Gabarito: “B”.

03) (FGV – Fiscal de Rendas do Estado do Rio de Janeiro – 2010) Para os


efeitos legais, consideram-se bens móveis:
(A) as energias que tenham valor econômico.
(B) as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem
removidas para outro local.
(C) os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se
reempregarem.
(D) o direito à sucessão aberta.
(E) as coisas artificialmente incorporadas ao solo.
COMENTÁRIOS. O art. 83, I, CC é específico a esse respeito, prevendo que
consideram-se móveis para os efeitos legais as energias que tenham valor
econômico (letra “a” correta). A letra “b” está errada, pois trata-se de exemplo de
bem que não perdeu o caráter de imóvel, posto que conservou a sua unidade (art.
81, I, CC). A letra “c” está errada, pois também é hipótese de bem que não perde
o caráter de imóvel (art. 81, II, CC). A letra “d” está errada, pois o direito à
sucessão aberta é exemplo de bem imóvel, nos termos do art. 80, II, CC. A letra
“e” está errada, pois o art. 79, CC estabelece que são bens imóveis o solo e tudo
quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente. Gabarito: “A”.

04) (FGV – AL/MT – Procurador da Assembleia Legislativa do Estado de


Mato Grosso – 2013) O complexo de bens organizado de forma racional
para o exercício da empresa, entendida esta como a atividade
economicamente organizada para a produção de bens e serviços, por
empresário ou sociedade empresária, é denominado:
(A) estabelecimento.
(B) patrimônio líquido.
(C) ações.
(D) sociedade em comum.
(E) balanço patrimonial.
COMENTÁRIOS. Estabelece o art. 1.142, CC que considera-se estabelecimento
todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário,
ou por sociedade empresária. Gabarito: “A”.

05) (FGV – TJ/AM – Juiz de Direito – 2013) As pertenças, de acordo com


o Código Civil, são definidas como
(A) os bens públicos que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito
público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.
(B) os bens de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do
bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor.
(C) os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo
duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 41


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: DOS BENS E DE SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
(D) os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, independentemente
dos demais.
(E) os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância,
sendo também considerados tais os destinados à alienação.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 93, CC, pertenças são bens que, não constituindo
partes integrantes (como os frutos, produtos e benfeitorias), se destinam, de
modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro. Gabarito:
“C”.

06) (FGV – TRE/PA – Analista Judiciário – 2010) Maria foi buscar seu filho
na Escola Estadual Pereira Flores, passando pela Avenida das Rosas. No caminho,
passou pelo prédio do Tribunal Regional Eleitoral e pela Praça das Árvores
Frondosas, que fica em frente a um terreno desocupado de propriedade do Estado
do Pará. De acordo com o Código Civil, a escola, a avenida, o prédio do TRE, a
praça e o terreno são bens públicos, respectivamente classificados como
(A) especial, especial, especial, de uso comum do povo, dominical.
(B) de uso comum do povo, especial, dominical, de uso comum do povo,
dominical.
(C) dominical, de uso comum do povo, de uso comum do povo, especial, de uso
comum do povo.
(D) de uso comum do povo, de uso comum do povo, especial, de uso comum do
povo, dominical.
(E) especial, de uso comum do povo, especial, de uso comum do povo, dominical.
COMENTÁRIOS. Como a Escola Pereira Flores é estadual, trata-se de um bem
público de uso especial (art. 99, II, CC). A Avenida das Rosas é bem público de
uso comum do povo (art. 99, I, CC). O prédio do TRE também é de uso especial
(art. 99, II, CC). A Praça das Árvores Frondosas também é de uso comum do
povo (art. 99, I, CC). Finalmente o terreno desocupado, por ser propriedade do
Estado do Pará, é bem público dominical (art. 99, III, CC). Gabarito: “E”.

07) (FGV – Procurador do Tribunal de Contas do Município do Rio de


Janeiro – 2010) A respeito dos bens públicos, é CORRETO afirmar que:
(A) são inalienáveis, exceto quando desafetados, autorizando a lei ordinária sua
venda.
(B) são inalienáveis, exceto se lei complementar autorizar sua venda.
(C) são sempre inalienáveis.
(D) são inalienáveis, se forem de uso especial.
(E) são inalienáveis, se forem de uso comum.
COMENTÁRIOS. Na realidade o mais técnico seria afirmar que os bens públicos
de uma forma geral são inalienáveis enquanto conservarem esta qualificação.
Inicialmente, nos termos do art. 101, CC, os bens públicos dominicais são
alienáveis, observadas as exigências que a lei (lei ordinária) determinar. E os
demais bens são inalienáveis, desde que conservem sua característica inicial (art.
100, CC). Porém os bens de uso comum do povo e de uso especial podem ser
desafetados. Com isso perdem aquela qualificação inicial, permitindo-se sua

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 42


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: DOS BENS E DE SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
alienação. Daí estar correta a letra “a”. A letra “b” está errada, pois não é
necessária lei complementar; basta uma lei ordinária. Por óbvio que a letra “c”
também está errada. E as letras “d” e “e” estão erradas, pois não é porque o bem
público simplesmente é de uso comum do povo ou de uso especial que será
inalienável; para que isso ocorra é necessário que os mesmos conservem esta
qualificação. Gabarito: “A”.

08) (FGV – Exame Unificado da OAB – 2012) Sobre os bens públicos é


CORRETO afirmar que
(A) os bens de uso especial são passíveis de usucapião.
(B) os bens de uso comum são passíveis de usucapião.
(C) os bens de empresas públicas que desenvolvem atividades econômicas que
não estejam afetados a prestação de serviços públicos são passíveis de
usucapião.
(D) nenhum bem que pertença à pessoa jurídica integrante da administração
pública indireta é passível de usucapião.
COMENTÁRIOS. A questão deve ser resolvida “por exclusão”. Eliminamos as
letras “a” e “b”, pois todos os bens públicos são imprescritíveis, não podendo ser
objeto de usucapião, no termos do art. 102, CC. O ponto diferencial é que os bens
dominicais não são inalienáveis. Como eles não têm uma afetação, podem ser
alienados na forma da lei (art. 101, CC). No entanto a imprescritibilidade e a
impenhorabilidade estão presentes em todas as espécies de bens públicos.
Ficamos, então, entre as letras “c” e “d”. Observem que elas são antagônicas. Para
elucidar a contradição, precisamos saber que o que faz um bem ser público ou
não, não é a quem ele pertence, mas sim qual sua destinação. Se um bem
pertencente a um particular estiver destinado (afetado) a concretização de um
interesse público, esse bem terá um “tratamento” de bem público, e,
consequentemente, não poderá ser usucapido. De forma contrária, se o
proprietário do bem for uma entidade da administração indireta, sendo ela de
direito privado (como as empresas públicas e sociedades de economia mista) e
não sendo os seus bens destinados a realização de um interesse público, estes
bens não serão considerados como públicos, não possuindo as características
como tal. Assim, podem ser alienados, penhorados e usucapidos. Ou seja, o bem
de uma empresa pública (que mesmo fazendo parte da administração pública
indireta, é pessoa jurídica de direito privado) que não esteja ligado à prestação de
um serviço público não é considerado bem público, podendo, por consequência,
ser objeto de usucapião. Daí esta correta a letra “c” e, ao mesmo tempo, errada
a letra “d”, pois ela usou a expressão “nenhum”. Gabarito: “C”.

09) (FGV – AL/MT – Procurador da Assembleia Legislativa do Estado de


Mato Grosso – 2013) O Código Civil classifica os bens em públicos e
particulares. Dentre as características dos bens públicos tem-se, como
regra geral, a sua inalienabilidade. Porém, excepcionalmente, o Código
Civil estabelece a possibilidade de alienação dos bens públicos. Assinale
a alternativa que indica uma situação em que a excepcional alienação
pode ocorrer.
(A) podem ser alienados desde que afetados a prestação de um serviço público.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 43


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: DOS BENS E DE SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
(B) podem ser alienados desde sejam bens denominados de uso comum do povo,
enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar.
(C) podem ser alienados desde que sejam bens de uso especial,
independentemente de lei autorizadora.
(D) podem ser alienados desde que sejam bens dominicais, observadas as
exigências legais.
(E) podem ser alienados desde que sejam bens públicos sujeitos à prescrição
aquisitiva.
COMENTÁRIOS. Estabelece o art. 101, CC: Os bens públicos dominicais podem
ser alienados, observadas as exigências da lei. Por outro lado dispõe o art. 100,
CC: Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis,
enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar.
Gabarito: “D”.

10) (FGV – Prefeitura de Paulínia/SP – 2015) Em tema de classificação


dos bens públicos, são exemplos de bens de uso especial:
(A) rios, mares e lagoas;
(B) estradas, ruas e praças municipais;
(C) escolas, hospitais e cemitérios municipais;
(D) estabelecimentos privados que prestam serviços públicos;
(E) postos revendedores de combustível e quartéis.
COMENTÁRIOS. Art. 99, CC: São bens públicos: I. os de uso comum do povo,
tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; II. os de uso especial, tais como
edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração
federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias; III. os
dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público,
como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. Parágrafo
único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens
pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura
de direito privado. Gabarito: “C”.

11) (FGV – Prefeitura de Paulínia/SP – 2015) Em matéria de bens


públicos, o Código Civil estabelece que o seu uso comum:
(A) deve ser necessariamente gratuito, já que tais bens pertencem a toda a
coletividade de forma geral e abstrata;
(B) deve ser necessariamente retribuído, por meio de contribuição econômica por
parte dos particulares beneficiados;
(C) pode ser gratuito ou retribuído, conforme decidir arbitrariamente a
autoridade competente;
(D) pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela
entidade a cuja administração pertencerem;
(E) deve ser necessariamente oneroso, a fim de que toda a coletividade se
beneficie.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 44


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: DOS BENS E DE SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
COMENTÁRIOS. Art. 103, CC: O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito
ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja
administração pertencerem. Gabarito: “D”.

12) (FGV – Prefeitura de Paulínia/SP – 2015) Quanto à classificação dos


bens, é correto afirmar que:
(A) um veículo é considerado uma universalidade de fato;
(B) um jogo de pneus é considerado uma universalidade de direito;
(C) uma frota de veículos, coletivamente considerada, é uma universalidade de
fato;
(D) um veículo emplacado e cadastrado individualmente, é um bem fungível;
(E) um caminhão é considerado consumível.
COMENTÁRIOS. A frota de veículos se encaixa no conceito do art. 90, CC:
Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes
à mesma pessoa, tenham destinação unitária. Gabarito: “C”.

13) (FGV – Prefeitura de Paulínia/SP – 2015) Quanto à teoria dos bens, é


correto afirmar que:
(A) são considerados bens móveis tudo aquilo que acede ao solo;
(B) são indivisíveis os bens que, compostos por outros bens destacáveis, não têm
comprometida sua funcionalidade, quando separados;
(C) o solo é considerado um bem imóvel artificial;
(D) são considerados bens móveis as ações referentes à propriedade imobiliária;
(E) são considerados bens móveis as ações que se referem a direito pessoal.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 83, CC: Consideram-se móveis para os efeitos
legais: III. os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações.
Gabarito: “E”.

14) (FGV – Auditor Fiscal Tributário da Receita Municipal de Cuiabá/MT –


2016) Em 2002, José, empresário do ramo imobiliário, se torna proprietário de
dois apartamentos, cada um no valor de mercado de R$ 2.000.000,00. Em 2003,
José celebra um contrato de empréstimo com Miguel, pelo qual José receberá R$
2.000.000,00 com obrigação de restituição do valor a Miguel em um ano. Em
2005, José, já insolvente e temeroso com a possibilidade de perder um de seus
bens imóveis, vende os dois imóveis e adquire uma casa no valor de R$
4.000.000,00 milhões, para onde se muda com sua família. Em 2006, José é
notificado por Miguel, seu credor, para pagamento da dívida de R$ 2.000.000,00
milhões, referente ao empréstimo contraído em 2003. José, contudo, não realiza
o pagamento. Considerando os fatos narrados, assinale a afirmativa
correta.
(A) O imóvel de José não poderá ser executado para pagamento de sua dívida
com Miguel por constituir bem de família, impenhorável.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 45


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: DOS BENS E DE SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
(B) O imóvel de José não poderá ser executado para pagamento de sua dívida
com Miguel, pois a execução viola o direito à moradia de José,
constitucionalmente garantido.
(C) O imóvel de José não poderá ser executado para pagamento de sua dívida
com Miguel, pois o valor de sua dívida com Miguel é inferior ao valor do imóvel
residencial.
(D) O imóvel de José poderá ser executado para pagamento de sua dívida com
Miguel, pois sabendo que estava insolvente, adquiriu imóvel mais valioso para
transferir a residência familiar.
(E) O imóvel de José poderá ser executado para pagamento de sua dívida com
Miguel, desde que este comprove que houve fraude à execução.
COMENTÁRIOS. No momento em que Miguel ingressa com a ação de cobrança,
José possui apenas um imóvel. Portanto, em tese, esse imóvel seria bem de
família. Ocorre que antes disso José possuía dois imóveis. Como tinha consciência
de que estava insolvente e temeroso que um de seus imóveis fosse penhorado,
vendeu os dois imóveis e com o dinheiro adquiriu outro de maior valor. Assim
agindo, cometeu o vício da fraude contra credores, nos termos do art. 159, CC:
Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente, quando
a insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida do outro
contratante”. Portanto, José não poderá alegar que o imóvel adquirido seja bem
de família, pois não pode se beneficiar da impenhorabilidade deste bem nos termos
da Lei n° 8.009/90, uma vez que o imóvel foi adquirido com a prática de fraude
contra credores. O art. 4° da mencionada lei é categórico: “Não se beneficiará
do disposto nesta lei aquele que, sabendo-se insolvente, adquire de má-
fé imóvel mais valioso para transferir a residência familiar, desfazendo-se
ou não da moradia antiga”. Gabarito: “D”.

Exercícios Complementares
Fundação Carlos Chagas

01) (FCC – TCE/SP – Auditor do Tribunal de Contas – 2013) Em relação


aos bens, é CORRETO afirmar:
(A) os melhoramentos sobrevindos ao bem consideram-se benfeitorias, mesmo
que sem a intervenção do proprietário, do possuidor ou do detentor.
(B) os negócios atinentes ao principal sempre abrangem as pertenças.
(C) os bens públicos dominicais podem ser alienados, atendidas as exigências da
lei.
(D) os bens públicos estão sujeitos à usucapião.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 46


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: BENS E SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
(E) as energias que tiverem valor econômico consideram-se imóveis.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois o art. 97, CC prescreve que não se
consideram benfeitorias os melhoramentos e acréscimos sobrevindos ao bem sem
intervenção do proprietário, possuidor ou detentor. A letra “b” está errada, pois
segundo o art. 94, CC, os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal
não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação
de vontade, ou das circunstâncias do caso. A letra “c” está correta nos termos
exatos do art. 101, CC. A letra “d” está errada, pois nos termos do art. 102, CC
os bens públicos não estão sujeitos a usucapião. Finalmente a letra “e” está
errada, pois segundo o art. 83, CC, as energias que tenham valor econômico são
consideradas móveis para efeitos legais. Gabarito: “C”.

02) (FCC – MPE/AL – Promotor de Justiça – 2013) Nos termos do Código


Civil brasileiro, considera-se bem imóvel:
(A) a energia que tenha valor econômico.
(B) o direito à sucessão aberta.
(C) material de construção proveniente de demolição.
(D) direito pessoal de caráter patrimonial.
(E) aeronave.
COMENTÁRIOS. Direito à sucessão aberta, nos termos do art. 80, II, CC. Em
relação a esse item não há dúvida alguma. As demais situações são bens móveis.
Observem que a letra “e” é polêmica, pois trata da aeronave (avião). Como os
navios e aeronaves podem ser transportados de um local para outro sem a sua
destruição (aliás, foram feitos para isso), eles se encaixam no conceito de bens
móveis. A doutrina os considera como “bens móveis especiais ou sui generis”, pois
apesar de pela sua natureza e essência serem fisicamente bens móveis, são
tratados pela lei como fossem imóveis, pois necessitam de um registro especial (a
exemplo de uma casa, que é um bem imóvel) e admitem hipoteca (que recai, em
regra, sobre bens imóveis). No entanto não há qualquer dispositivo afirmando que
são equiparados a bens imóveis. Gabarito: “B”.

03) (TJ/GO – Oficial de Justiça Avaliador – Serranópolis – 2013) O direito


à sucessão aberta considera-se, para os efeitos legais como sendo bem:
(A) consumível.
(B) imóvel.
(C) semovente.
(D) fungível.
(E) pertença.
COMENTÁRIOS. Art. 80, II, CC: bem imóvel. Gabarito: “B”.

04) (FCC – TJ/PE – Titular de Serviços de Notas e de Registros – 2013)


No tocante aos bens, é CORRETO afirmar:
(A) perdem o caráter de imóveis as edificações separadas do solo e removidas
para outro local, ainda que conservando sua unidade.

www.pontodosconcursos.com.br |Prof. LAURO ESCOBAR 47


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: BENS E SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
(B) consideram-se imóveis, para efeitos legais, os direitos reais sobre imóveis e
as ações que os asseguram, bem como o direito à sucessão aberta.
(C) tornam-se móveis os materiais provisoriamente separados de um prédio,
para nele se reempregarem.
(D) são bens consumíveis aqueles cujo uso importa destruição imediata da
própria substância, salvo se destinados à alienação.
(E) constitui universalidade de direito a pluralidade de bens singulares que,
pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois dispõe o art. 81, I CC que não
perdem o caráter de imóveis as edificações que, separadas do solo, mas
conservando a sua unidade, forem removidas para outro local. A letra “b” está
correta nos termos do art. 80, CC. A letra “c” está errada, pois dispõe o art. 81,
II, CC, que não perdem o caráter de imóveis os materiais provisoriamente
separados de um prédio, para nele se reempregarem. A letra “d” está errada, pois
prevê o art. 86, CC que são consumíveis os bens móveis cujo uso importa
destruição imediata da própria substância, sendo também considerados os
destinados à alienação. Finalmente a letra “e” também está errada nos termos do
art. 90, CC: Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que,
pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária. Gabarito: “B”.

05) (FCC – MPE/CE – Analista Ministerial – Direito – 2013) Consideram-


se bens móveis para os efeitos legais:
(A) o direito à sucessão aberta.
(B) os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se
reempregarem.
(C) as energias que tenham valor econômico.
(D) tudo quanto se incorporar ao solo artificialmente.
(E) as edificações que, separadas do solo, mas conservando sua unidade, forem
removidas para outro local.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois o direito à sucessão aberta é
considerado como bem imóvel (art. 80, II, CC). A letra “b” está errada, pois os
materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem
não perdem o caráter de imóveis (art. 81, II, CC). A letra “c” está correta nos
termos do art. 83, I, CC. A letra “d” está errada, pois “tudo quanto se incorporar
ao solo artificialmente” é considerado bem imóvel (art. 79, caput, CC). A letra “e”
está errada, pois as edificações que, separadas do solo, mas conservando sua
unidade, forem removidas para outro local também são bens imóveis (art. 81, I,
CC). Gabarito: “C”.

06) (FCC – TRT/18ª Região/GO – Analista Judiciário – 2013) Árvore


frutífera incorporada artificialmente ao solo é um bem
(A) móvel, se considerado em si mesmo, e principal, em relação aos frutos, os
quais não podem ser objeto de negócio jurídico enquanto estiverem agregados à
árvore.

www.pontodosconcursos.com.br |Prof. LAURO ESCOBAR 48


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: BENS E SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
(B) imóvel, se considerado em si mesmo, e principal, em relação aos frutos, os
quais podem ser objeto de negócio jurídico mesmo que não estejam separados
da árvore.
(C) imóvel, se considerado em si mesmo, e acessório, em relação aos frutos, os
quais podem ser objeto de negócio jurídico mesmo que não estejam separados
da árvore.
(D) móvel, se considerado em si mesmo, e principal, em relação aos frutos, os
quais podem ser objeto de negócio jurídico mesmo que não estejam separados
da árvore.
(E) imóvel, se considerado em si mesmo, e principal, em relação aos frutos, os
quais não podem ser objeto de negócio jurídico enquanto estiverem agregados
ao principal.
COMENTÁRIOS. Um mesmo bem pode ser classificado de várias maneiras,
dependendo da ótica que se analisa. As principais classificações são: a) bens
considerados em si mesmos (móveis ou imóveis, fungíveis ou infungíveis,
consumíveis ou inconsumíveis, divisíveis ou indivisíveis, etc.); b) bens
reciprocamente considerados (principais e acessórios). A questão exige a
classificação de uma árvore frutífera incorporada artificialmente ao solo. Quanto à
primeira classificação (considerados em si mesmos), podemos dizer que a árvore
incorporada ao solo (não tendo destinação ao corte) é considerada como bem
imóvel, pois se encaixa no sentido do art. 79, CC: “São bens imóveis o solo e
tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente”. Com isso descartamos
as alternativas “a” e “d”, pois nelas afirma-se que são bens móveis. Quanto à
classificação reciprocamente considerados, temos que cotejar a árvore com outro
bem (no caso com seus frutos). Assim, a árvore em relação aos frutos é
considerada principal (e os frutos acessórios). Isso porque se encaixa no sentido
do art. 92, CC: “Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente,
acessório, aquele cuja existência supõe a do principal” (nesse sentido um fruto
somente existe por causa da árvore). Assim descartamos a letra “c” que afirma
que a árvore é acessória em relação aos frutos. Restam as letras “b” e “e”.
Finalmente descartamos a letra “e”, pois estabelece o art. 95, CC: “Apesar de
ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos podem ser objeto de
negócio jurídico”. Ou seja, eu posso vender toda a minha produção de mangas,
embora elas ainda se encontrem pendentes na árvore. Gabarito: “B”.

07) (FCC – AL/PB – Procurador da Assembleia Legislativa – 2013) Em


relação aos bens, assinale a alternativa INCORRETA.
(A) os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem
empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os
provenientes da demolição de algum prédio.
(B) são pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam,
de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro.
(C) constitui universalidade de direito a pluralidade de bens singulares que,
pertencentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária.
(D) os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por
determinação da lei ou por vontade das partes.
www.pontodosconcursos.com.br |Prof. LAURO ESCOBAR 49
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: BENS E SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
(E) consideram-se imóveis para os efeitos legais os direitos reais sobre imóveis
e as ações que os asseguram, bem como o direito à sucessão aberta.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta nos termos do art. 84, CC. A letra “b”
está correta de acordo com o que prevê o art. 93, CC. A letra “c” está errada, pois
o examinador misturou os conceitos de universalidade de fato e de direito.
Segundo o art. 90, CC, constitui universalidade de fato a pluralidade de bens
singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária. E
segundo o art. 91, CC, constitui universalidade de direito o complexo de relações
jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico. A letra “d” está correta
conforme dispõe o art. 88. Finalmente a letra “e” está certa, pois retrata o disposto
no art. 80, I e II, CC. Gabarito: “C”.

08) (FCC – Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia –


HEMOBRÁS – Analista Jurídico – 2013) Considere:
I. Direito à sucessão aberta.
II. Energias que tenham valor econômico.
III. Um cavalo.
IV. Uma floresta.
V. Direitos pessoais de caráter patrimonial.
São bens imóveis os indicados APENAS em
(A) II, III e IV.
(B) II, III e V.
(C) I, II e V.
(D) IV e V.
(E) I e IV.
COMENTÁRIOS. O item I é um bem imóvel nos termos do art. 80, II, CC. O item
II é um bem móvel nos termos do art. 83, I, CC. O item III é um bem móvel
(semovente), nos termos do art. 82, CC. O item IV é um bem imóvel nos termos
do art. 79, CC (solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente).
Finalmente o item V é um bem móvel nos termos do art. 83, III, CC. Gabarito:
“E” (são bens imóveis os itens I e IV).

09) (FCC – Ministério Público de Contas do Estado do Mato Grosso –


Analista de Contas – Direito – 2013) A colheita de uma plantação é
considerada bem
(A) imóvel por destinação legal.
(B) móvel por antecipação.
(C) imóvel por natureza.
(D) móvel por natureza ou essência.
(E) móvel por destinação legal.
COMENTÁRIOS. A vontade humana pode mobilizar bens imóveis em função da
sua finalidade econômica. Assim, uma plantação de café é considerada como bem
imóvel. No entanto como ela foi plantada especialmente para uma colheita futura

www.pontodosconcursos.com.br |Prof. LAURO ESCOBAR 50


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: BENS E SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
ela tem uma finalidade última como bem móvel. É o que a doutrina chama de bens
móveis por antecipação. O mesmo ocorre com a plantação de árvores para corte,
pedras e metais aderentes ao imóvel, etc. Gabarito: “B”.

10) (FCC – TRT/12ª Região/SC – Analista Judiciário – 2013) Em relação


aos bens:
(A) pertenças são bens que constituem partes integrantes de outros bens móveis
ou imóveis, para incremento de sua utilidade.
(B) são móveis os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele
se reempregarem.
(C) infungíveis são os bens móveis que podem substituir-se por outros da mesma
espécie, qualidade e quantidade.
(D) não perdem o caráter de bens imóveis as edificações que, separadas do solo,
mas conservando sua unidade, forem removidas para outro local.
(E) as benfeitorias podem ser principais, acessórias, singulares e coletivas.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois segundo o art. 93, CC, são
pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo
duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro. A letra “b” está
errada, pois estabelece o art. 81, II, CC que não perdem o caráter de imóveis os
materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem.
A letra “c” está errada, pois o art. 85, CC dispõe que são fungíveis os móveis que
podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. A letra
“d” está correta nos exatos termos do art. 81, I, CC. A letra “e” está errada, uma
vez que estabelece o art. 96, CC que as benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis
ou necessárias. Gabarito: “D”.

11) (FCC – TRT 18ª Região/GO – Analista Judiciário – 2013) Livro


contendo dedicatória de um de seus autores é um bem
(A) móvel, infungível, indivisível e singular.
(B) imóvel por equiparação, fungível, indivisível e singular.
(C) móvel, infungível, divisível e coletivo.
(D) móvel, fungível, divisível e singular.
(E) imóvel por equiparação, infungível, indivisível e coletivo.
COMENTÁRIOS. O livro em questão é um bem móvel, pois pode ser transportado
de um local para outro sem alteração de sua substância (art. 82, CC); é infungível
tendo-se em vista a dedicatória nele contida, personalizando-o e impossibilitando
a sua substituição por outro da mesma espécie, qualidade e quantidade (art. 85,
CC); é indivisível, já que não pode ser fracionado, pois se isso ocorresse perderia
o uso a que se destina (art. 87, CC) e é singular, porque pode ser considerado de
forma isolada, independentemente de outros livros (art. 89, CC). Gabarito: “A”.

12) (FCC – Assembleia Legislativa/PB – Assessor Técnico Legislativo –


2013) Os bens públicos destinados a estabelecimento de administração
federal e a serviço de autarquia da administração municipal são
considerados bens
www.pontodosconcursos.com.br |Prof. LAURO ESCOBAR 51
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: BENS E SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
(A) de uso especial.
(B) de uso comum do povo e bens de uso especial, respectivamente.
(C) de uso especial e bens dominicais, respectivamente.
(D) de uso comum do povo.
(E) dominicais.
COMENTÁRIOS. Dispõe o art. 99, II, CC: São bens públicos: os de uso especial,
tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da
administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas
autarquias. Gabarito: “A”.

13) (FCC – Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados do Estado


do Ceará – Analista – 2013) Considere:
I. São bens públicos de uso especial do povo os rios, mares, estradas, ruas e
praças.
II. O uso comum dos bens públicos pode ser oneroso, conforme estabelecido
legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem.
III. Ao Ministério Público cabe, em regra, elaborar o estatuto das fundações.
Está CORRETO o que se afirma em
(A) I, apenas.
(B) II, apenas.
(C) I e II, apenas.
(D) II e III, apenas.
(E) I, II e III.
COMENTÁRIOS. O item I está errado, pois estes bens são de uso comum do
povo (art. 99, I, CC). O item II está correto, pois o art. 104, CC estabelece que o
uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou oneroso. Gabarito: “B”.

14) (FCC – TRT/6ª Região/PE – Magistratura do Trabalho – 2013) Podem


os cônjuges ou a entidade familiar destinar parte de seu patrimônio para
instituir bem de família, desde que não ultrapasse um terço do patrimônio
líquido existente ao tempo da instituição,
(A) mediante escritura pública ou testamento, que apenas consistirá do imóvel
de menor valor, entre os de propriedade do instituidor, compatível com o padrão
de vida da família, e esse bem ficará livre de penhora, salvo em execuções por
dívidas de alimento, débitos trabalhistas, indenização por responsabilidade civil
e para saldar hipoteca ou satisfazer obrigação decorrente de fiança locatícia.
(B) apenas por escritura pública, e consistirá em prédio residencial urbano ou
rural, com suas pertenças e acessórios, e poderá abranger valores mobiliários,
cuja renda será aplicada na conservação do imóvel e no sustento da família.
(C) mediante escritura pública ou instrumento particular, sem prejuízo das regras
sobre a impenhorabilidade do imóvel residencial estabelecida em lei especial, que
consistirá em prédio residencial urbano ou rural, com suas pertenças e
acessórios, e poderá abranger valores mobiliários, cuja renda será aplicada na
conservação do imóvel e no sustento da família.
www.pontodosconcursos.com.br |Prof. LAURO ESCOBAR 52
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: BENS E SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
(D) mediante escritura pública ou testamento, sem prejuízo das regras sobre a
impenhorabilidade do imóvel residencial estabelecida em lei especial, que
consistirá em prédio residencial urbano ou rural, com suas pertenças e
acessórios, e poderá abranger valores mobiliários, cuja renda será aplicada na
conservação do imóvel e no sustento da família.
(E) somente por testamento que consistirá em prédio residencial urbano ou rural,
com suas pertenças e acessórios, mas não poderá abranger quaisquer bens
móveis de elevado valor, nem aplicações financeiras, exceto para, com sua
renda, conservar o imóvel.
COMENTÁRIOS. A letra “d” é a única correta nos exatos termos do art. 1.711,
CC. As letras “a” e “b” contém erroneamente a expressão “apenas”. A letra “c”
está errada por causa da expressão “instrumento particular”. Finalmente a letra
“e” está errada pela expressão “somente”. Gabarito: “D”.

15) (FCC – TRE/PR – Analista Judiciário – 2013) Considera-se imóvel para


efeitos legais
(A) o direito à sucessão aberta.
(B) apenas a ação que assegura os direitos reais sobre imóveis.
(C) tudo o que se incorporar natural ou artificialmente ao solo.
(D) somente o que se incorporar artificialmente ao solo.
(E) somente o direito real sobre os imóveis alheios.
COMENTÁRIOS. Observem que o examinador está se referindo aos bens
considerados imóveis para efeitos legais, previsto no art. 80, CC. A letra “a” está
correta. Nas letras “b” e “d” o erro está nas expressões apenas e somente. As
letras “c” e “d” referem-se a bens imóveis por acessão artificial. Gabarito: “A”.

16) (FCC – TRT/14ª Região/RO e AC – Analista Judiciário – 2013) A


respeito dos bens públicos, considere:
I. Bens de uso comum do povo.
II. Bens de uso especial.
III. Bens dominicais.
São inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, os bens
públicos indicados APENAS em
(A) I.
(B) I e II.
(C) I e III.
(D) II e III.
(E) III.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 100, CC, os bens públicos de uso comum do povo
e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação,
na forma que a lei determinar. Gabarito: “B”.

17) (FCC – TRE/SP – Analista Judiciário – 2013) Os bens públicos podem


ser classificados, de acordo com a sua destinação, como bens

www.pontodosconcursos.com.br |Prof. LAURO ESCOBAR 53


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: BENS E SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
(A) de uso especial aqueles de domínio privado do Estado e que não podem ser
gravados com qualquer espécie de afetação.
(B) de uso especial aqueles utilizados por particular mediante concessão ou
permissão de uso.
(C) de uso comum do povo aqueles afetados a determinado serviço público, tais
como os edifícios onde se situam os órgãos públicos.
(D) dominicais aqueles destinados à fruição de toda a coletividade e que não
podem ser alienados ou afetados à atividade específica.
(E) dominicais aqueles de domínio privado do Estado, não afetados a uma
finalidade pública e passíveis de alienação.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 101, CC, os bens públicos dominicais podem ser
alienados, observadas as exigências legais. As letras “a” e “b” estão erradas, pois
os bens públicos de uso especial são os destinados ao serviço ou ao
estabelecimento da administração, sendo os mesmos, por tal motivo, afetados
(art. 99, II, CC). A letra “c” está errada, pois o conceito se refere aos bens públicos
de uso especial e não aos de uso comum do povo, previsto no art. 99, I, CC.
Finalmente a letra “d” está errada, pois os bens dominicais, como visto, podem
ser alienados e, além disso, não se destinam à fruição de toda a coletividade.
Gabarito: “E”.

18) (FCC – TRF/2ª Região – Analista Judiciário – 2013) No tocante à


classificação de bens, segundo o código Civil brasileiro, considere as seguintes
benfeitorias realizadas em um apartamento tipo cobertura com trinta anos de
construção visando a habitação de um casal de meia idade, sem filhos:
I. Impermeabilização do terraço com a aplicação de manta e colocação de pisos
novos.
II. Substituição da fiação elétrica do apartamento.
III. Colocação de telas nas varandas.
IV. Criação de painel de pastilhas azuis com mosaico na entrada do
apartamento visando diferenciá-la do vizinho.
V. Construção de um lavabo em parte da sala de almoço.
Com relação aos bens reciprocamente considerados são benfeitorias úteis
as indicadas APENAS em:
(A) IV e V.
(B) I, II, III e V.
(C) I, III, e V.
(D) III e V.
(E) I, II e III.
COMENTÁRIOS. Esta questão foi alvo de questionamentos, mas não foi anulada.
Benfeitorias são obras ou despesas que se fazem em um bem móvel ou imóvel,
para conservá-lo, melhorá-lo ou embelezá-lo. São suas espécies: a) necessárias
(realizada para a conservação do bem), úteis (são as que aumentam ou facilitam
o uso da coisa) e voluptuárias (mero embelezamento, recreio ou deleite). A
impermeabilização do terraço com a aplicação de manta e a colocação de pisos
novos (o prédio tinha 30 anos) são benfeitorias necessárias (item I), pois se
www.pontodosconcursos.com.br |Prof. LAURO ESCOBAR 54
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: BENS E SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
destinam à conservação da integridade do apartamento. O mesmo ocorre com a
substituição da fiação elétrica deste apartamento (item II). A criação de painel de
pastilhas azuis com mosaico na entrada do apartamento (item IV), ainda que
visando diferenciá-la do vizinho, tem por fim o embelezamento do bem, possuindo
caráter estético (isso não se destina a só melhorar o uso do bem). A construção
de um lavabo em parte da sala de almoço (V), visa melhorar a utilização do bem.
Sem dúvida alguma trata-se de uma benfeitoria útil. Poderia haver dúvidas em
relação ao item III. No entanto podemos afirmar que essa tela não é necessária
(trata-se de um casal de meia idade, sem filhos) e também não é voluptuária (a
tela não iria embelezar... ao contrário). Portanto, por exclusão, trata-se de
benfeitoria útil, com a intenção de tornar o bem mais seguro. Gabarito: “D”.

19) (FCC – TJ/GO – Juiz de Direito – 2013) Sobre a instituição de bem de


família é CORRETO afirmar:
(A) pode ser instituído como bem de família o imóvel comercial desde que seja o
único bem do casal e que sua renda seja a única fonte de sustento da família.
(B) a instituição voluntária prescinde de escritura pública ou testamento, bem
como registro, porque a Lei no 8.009/90 produz os mesmos efeitos.
(C) o bem de família fica isento de qualquer tipo de execução.
(D) não se admite a instituição de bem de família abrangendo valores mobiliários.
(E) se for instituído por terceiro mediante liberalidade exige a aceitação do casal.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois o art. 1.712, CC determina que o
bem de família consistirá em prédio residencial (e não comercial), urbano ou rural,
destinando-se a domicílio familiar A letra “b” está errada, pois o art. 1.711, CC
exige escritura pública ou testamento para a instituição do bem de família
voluntário, sendo indispensável o seu registro, nos termos do art. 1.714, CC; já o
bem de família legal (Lei n° 8.009/90) tais formalidades não são necessárias. A
letra “c” está errada, pois o bem de família fica isento de execuções, salvo as
provierem de tributos relativos ao prédio ou despesas de condomínio. A letra “d”
está errada, pois o bem de família poderá a abranger valores mobiliários, cuja
renda será aplicada na conservação do imóvel e no sustento da família, nos termos
do art. 1.712, CC. A letra “e” está correta nos termos do parágrafo único do art.
1.711, CC. Gabarito: “E”.

20) (FCC – TRT/4ª Região – Magistratura do Trabalho – 2013) De acordo


com a Lei n° 8.009/90,
(A) inclui-se na impenhorabilidade do bem de família o veículo utilizado pelos
integrantes da entidade familiar.
(B) pode ser penhorado, para pagamento de qualquer dívida trabalhista, bem de
família do maior cotista da sociedade empresária.
(C) pode ser penhorado, para pagamento de qualquer dívida trabalhista, bem de
família do sócio que administre a sociedade empresária.
(D) considera-se bem de família o único imóvel da entidade familiar e o pequeno
comércio de seus integrantes.

www.pontodosconcursos.com.br |Prof. LAURO ESCOBAR 55


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: BENS E SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
(E) o bem de família pode ser penhorado para execução de sentença penal
condenatória.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois segundo o art. 2° da Lei n°
8.009/90, excluem-se da impenhorabilidade do bem de família os veículos de
transporte. As letras “b” e “c” estão erradas, pois não é em qualquer dívida
trabalhista que o bem de família pode ser penhorado, mas sim dos créditos dos
trabalhadores da própria residência (art. 3°, I). A letra “d” está errada, pois a lei
especial não trata do pequeno comércio como bem de família. A letra “e” está
correta, nos termos do art. 3°, inciso VI, da Lei n° 8.009/90. Gabarito: “E”.

21) (TRT/8ª Região – Magistratura do Trabalho – 2013) Em relação aos


bens, assinale a alternativa INCORRETA:
(A) a impenhorabilidade do bem de família legal abrange as pertenças.
(B) não perdem o caráter de imóveis as telhas, provisoriamente separadas de
um prédio, para nele se reempregarem.
(C) consideram-se móveis para os efeitos legais, as energias que tenham valor
econômico.
(D) são consumíveis os bens móveis cujo uso importe destruição imediata da
própria substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação.
(E) os frutos e produtos podem ser objeto de negócio jurídico, desde que
separados do bem principal.
COMENTÁRIOS. A letra "a" está correta nos termos do art. 1.712, CC: "O bem
de família consistirá em prédio residencial urbano ou rural, com suas pertenças e
acessórios, destinando-se em ambos os casos a domicílio familiar, e poderá
abranger valores mobiliários, cuja renda será aplicada na conservação do imóvel
e no sustento da família. A letra "b" está correta nos termos do art. 81, II, CC:
Não perdem o caráter de imóveis: (...) II - os materiais provisoriamente separados
de um prédio, para nele se reempregarem. A letra "c" está correta nos termos do
art. 83, CC: Consideram-se móveis para os efeitos legais: I. as energias que
tenham valor econômico. A letra "d" está correta nos termos do art. 86, CC: São
consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria
substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação. A letra "e"
está errada, pois estabelece o art. 95, CC que apesar de ainda não separados do
bem principal, os frutos e produtos podem ser objeto de negócio jurídico.
Gabarito: “E”.

22) (FCC – TRT/19ª Região/AL – Analista Judiciário – 2014) Por ocasião


da morte de Benedita, um de seus herdeiros, Bento, propõe que seu anel
de noivado, que compõe um dos bens da herança, seja dividido entre ele
e o irmão, Sebastião, com o derretimento do ouro e o fracionamento de
um grande diamante que o ornamenta. Sebastião se opõe, no que
(A) não está certo, pois os bens móveis são divisíveis por natureza.
(B) está certo, pois os bens infungíveis não podem ser alienados.
(C) não está certo, pois, com o emprego da técnica correta, este anel pode ser
dividido em partes iguais.

www.pontodosconcursos.com.br |Prof. LAURO ESCOBAR 56


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: BENS E SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
(D) está certo, pois este anel é um bem indivisível, vez que o fracionamento
causaria diminuição considerável de seu valor.
(E) não está certo, pois, com a morte de Benedita, este anel passou a ser um
bem fungível.
COMENTÁRIOS. Sebastião está correto. Fisicamente poderíamos dividir o
referido anel em duas partes, dividindo o ouro e o diamante que o ornamenta. No
entanto ao se dividir o anel como proposto por Bento, evidentemente que o anel
perderia o uso a que se destina (deixaria de ser um anel). Além disso, a divisão
do grande diamante faria que o mesmo perdesse excessivamente o seu valor. E,
finalmente, como se trata de uma joia, também seria perdido todo o trabalho do
ourives. Assim, de acordo com o art. 87, CC, o anel como um todo deve ser
considerado como bem indivisível (bens divisíveis são os que se podem fracionar
sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do
uso a que se destinam). Gabarito: “D”.

23) (FCC – TRF/4ª Região – Analista Judiciário – 2014) Considere as


seguintes hipóteses:
I. Mario removeu sua casa pré-fabricada para outro local, retirando-a do solo
e colocando-a em veículo especial.
II. Maria possui direito real sobre o veículo marca X, modelo Y, ano 2012.
III. Carmelita possui direito à sucessão aberta.
IV. Marta removeu as janelas de sua moradia e colocou-as, durante a
realização de outros serviços, em um depósito para posterior recolocação no
local em que se encontravam.
Nestes casos, de acordo com o Código Civil brasileiro, são exemplos de
bens imóveis os indicados APENAS em
(A) I, III e IV.
(B) II e IV.
(C) I e II.
(D) II, III e IV.
(E) I e III.
COMENTÁRIOS. Os itens I e IV continuam sendo bens imóveis nos termos do
art. 81, CC: Não perdem o caráter de imóveis: I. as edificações que, separadas do
solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local; II.
os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se
reempregarem. O item III também está correto, pois estabelece o art. 80, II, CC:
Consideram-se imóveis para os efeitos legais: o direito à sucessão aberta. O item
II está errado, pois este é um exemplo de bem móvel (art. 83, II, CC). Gabarito:
“A” (estão corretos os itens I, III e IV).

24) (FCC – TRT/11ª Região/AM e RR – Técnico Judiciário – 2014)


Considere as seguintes hipóteses:
I. Na reforma da residência de Otávio, foi retirada toda a lareira da sala para
pintura das paredes e teto para posterior recolocação.

www.pontodosconcursos.com.br |Prof. LAURO ESCOBAR 57


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: BENS E SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
II. Márcia comprou sementes e as plantou para fins de cultivo.
Nestes casos, a lareira
(A) é considerada bem móvel e as sementes bens imóveis.
(B) e as sementes são considerados bens imóveis.
(C) e as sementes são considerados bens móveis.
(D) é considerada bem imóvel e as sementes bens móveis.
(E) e as sementes são considerados bens insuscetíveis de classificação
momentânea.
COMENTÁRIOS. Se o material de uma casa (na hipótese a lareira) é
provisoriamente separado para nela ser reempregado posteriormente, ele não
perde o caráter de imóvel. Um punhado de sementes na minha mão é considerado
como bem móvel; no entanto lançado ao solo passa a ser bem imóvel por acessão
física. Gabarito: “B”.

25) (FCC – TRT/11ª Região/AM e RR – Analista Judiciário – 2014) Podem


ser considerados bens imóveis para os efeitos legais,
(A) as cisternas e as energias que tenham valor econômico.
(B) os direitos pessoais de caráter patrimonial e as energias que tenham valor
econômico.
(C) o direito à sucessão aberta e os direitos pessoais de caráter patrimonial.
(D) os direitos reais sobre imóveis, as máquinas de uma indústria e o direito à
sucessão aberta.
(E) os direitos personalíssimos e o carvão.
COMENTÁRIOS. Quanto aos direitos reais sobre imóveis e o direito à sucessão
aberta, não há dúvidas, nos termos do art. 80, I e II, CC. Se a expressão
“máquinas” estivesse sozinha, seriam bens móveis, mas pertencendo estas a uma
indústria, pode-se afirmar que elas foram imobilizadas (ficção jurídica). Ou seja,
são bens móveis que aderiram a um imóvel pela vontade do dono, para dar maior
utilidade ao imóvel (a coisa é colocada a serviço do imóvel e não da pessoa). A
doutrina chama isso de bem imóvel por acessão intelectual. Porém o atual Código
Civil atual não faz mais essa classificação, qualificando estes bens como pertenças.
Gabarito: “D”.

26) (FCC – TCM/GO – Auditor Conselheiro – 2015) Em relação aos bens,


considere as afirmativas:
I. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou
artificialmente.
II. Consideram-se bens imóveis, para os efeitos legais, o direito à sucessão
aberta, bem como os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram.
III. Consideram-se bens móveis, para os efeitos legais, as energias que
tenham valor econômico, os direitos reais sobre objetos móveis e as ações
correspondentes, bem como os direitos pessoais de caráter patrimonial e
respectivas ações.
Está CORRETO o que se afirma em

www.pontodosconcursos.com.br |Prof. LAURO ESCOBAR 58


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: BENS E SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
(A) I e III, apenas.
(B) II e III, apenas.
(C) I, apenas.
(D) I e II, apenas.
(E) I, II e III.
COMENTÁRIOS. O item I está correto nos termos do art. 79, CC: “São bens
imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente”. O item
II está correto nos exatos termos do art. 80, CC: Consideram-se imóveis para os
efeitos legais: I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram; II
- o direito à sucessão aberta. O item III está correto nos termos do art. 83, CC:
Consideram-se móveis para os efeitos legais: I - as energias que tenham valor
econômico; II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes;
III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. Gabarito:
“E” (estão corretos os itens I, II e III).

27) (FCC – TRT/9ª Região/PR – Analista Judiciário – 2015) De acordo


com o Código Civil,
(A) é considerado imóvel o direito à sucessão aberta.
(B) são considerados imóveis as energias que tenham valor econômico.
(C) são considerados imóveis os direitos pessoais de caráter patrimonial.
(D) são considerados imóveis os direitos reais sobre objetos móveis.
(E) são consideradas imóveis as ações correspondentes a direitos reais sobre
objetos móveis ou imóveis.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta nos termos do art. 80, II, CC. As energias
que tenham valor econômico (letra “b”), os direitos pessoais de caráter
patrimonial (letra “c”), os direitos reais sobre objetos móveis (letra “d”) e as ações
correspondentes a direitos reais sobre objetos móveis ou imóveis (letra “e”), são
considerados bens móveis (art. 83, CC). Gabarito: “A”.

28) (FCC – TCM/GO – Procurador do Ministério Público de Contas – 2015)


Quanto aos bens
(A) materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados,
conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes
da demolição de algum prédio.
(B) naturalmente divisíveis, podem tornar-se indivisíveis somente por
determinação da lei.
(C) imóveis, adquirem esta qualidade as energias que tenham valor econômico
para os efeitos legais.
(D) móveis ou imóveis, são fungíveis os que podem ser substituídos por outros
da mesma espécie, qualidade e quantidade.
(E) imóveis, perdem este caráter as edificações que, separadas do solo, mas
conservando a sua unidade, forem removidas para outro local.

www.pontodosconcursos.com.br |Prof. LAURO ESCOBAR 59


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: BENS E SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta nos exatos termos do art. 84, CC. A letra
“b” está errada. Art. 88, CC: Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se
indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes. A letra “c” está
errada. As energias que têm valor econômico são bens móveis (art. 83, I, CC). A
letra “d” está errada. Art. 85, CC: São fungíveis os móveis que podem substituir-
se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. A letra “e” está errada.
Art. 81, I, CC: Não perdem o caráter de imóveis as edificações que, separadas do
solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local.
Gabarito: “A”.

29) (FCC – TRE/SE – Analista Judiciário – 2015) No tocante as diferentes


classes de bens, considere:
I. Os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações são
considerados bens imóveis para os efeitos legais.
II. As energias que possuam valor econômico são consideradas bens móveis
para os efeitos legais.
III. Os títulos de dívida pública e de dívida particular são considerados bens
móveis para os efeitos legais.
IV. As árvores e os frutos pendentes não destinados ao corte são considerados
bens imóveis por acessão natural.
De acordo com o Código Civil brasileiro, está correto o que se afirma
APENAS em
(A) I e III.
(B) II, III e IV.
(C) I e IV.
(D) I, II e IV.
(E) II e III.
COMENTÁRIOS. Item I, errado. Art. 83, CC: Consideram-se móveis para os
efeitos legais: (...) III. os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas
ações. Item II, correto. Art. 83, CC: Consideram-se móveis para os efeitos legais:
I. as energias que tenham valor econômico. Item III, correto. Bens móveis
propriamente ditos são os que admitem remoção por força alheia, sem dano, como
os objetos inanimados, não imobilizados por sua destinação econômico-social.
Aponta a doutrina como exemplos de bens móveis propriamente ditos por força
de lei: moedas, títulos da dívida pública e de dívida particular, mercadorias, ações
de companhias, alfaias, objetos de uso, etc. Item IV, correto. Observem que a
afirmação foi bem clara “as árvores e os frutos pendentes não destinados ao
corte”. Nesse caso aplica-se o art. 79, CC: “São bens imóveis o solo e tudo quanto
se lhe incorporar natural (árvores e frutos) ou artificialmente”. Se a árvore tivesse
sido plantada com a destinação ao corte ou os frutos pendentes com a destinação
para venda, esses bens seriam chamados de bens móveis por antecipação (o bem
está naturalmente imobilizado, mas por manifestação de vontade, em função de
sua finalidade econômica, o bem é considerado móvel). Resumindo. Uma árvore
e seus frutos pendentes normalmente são considerados como bens imóveis por

www.pontodosconcursos.com.br |Prof. LAURO ESCOBAR 60


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: BENS E SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
acessão natural. No entanto, se destinados ao corte ou à venda futura tornam-se
bens móveis por antecipação. Gabarito: “B”.

30) (FCC – TJ/GO – Juiz de Direito – 2015) Já sabendo estar insolvente,


Cristiano transferiu sua residência para imóvel mais valioso, decorando-
a com obras de arte. Não se desfez do imóvel anterior, que ficou
desocupado. Executado, alegou impenhorabilidade do imóvel e também
das obras de arte, invocando proteção legal conferida ao bem de família.
De acordo com a Lei no 8.009/1990, esta proteção
(A) não terá o alcance pretendido por Cristiano, porque, embora abranja ambos
os imóveis, as obras de arte são penhoráveis.
(B) não terá o alcance pretendido por Cristiano, porque as obras de arte são
penhoráveis e porque a impenhorabilidade do bem de família pode ser transferida
para o imóvel anterior, liberando-se o mais valioso para execução.
(C) beneficiará Cristiano, porque o direito à moradia deve ser interpretado da
maneira mais ampla possível, abrangendo o imóvel de maior valor e as obras de
arte, liberando-se para penhora apenas o imóvel anterior.
(D) não terá o alcance pretendido por Cristiano, porque, embora abranja o imóvel
de maior valor, as obras de arte são penhoráveis, assim como o imóvel anterior.
(E) em nada beneficiará Cristiano, porque as obras de arte são penhoráveis e
porque, em caso de má-fé, devem ser excutidos todos os bens do devedor.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 2°, da Lei n° 8.009/90, “Excluem-se da
impenhorabilidade os veículos de transporte, obras de arte e adornos suntuosos”.
Completa o parágrafo único, do art. 5°, da mencionada lei, que “Na hipótese de o
casal, ou entidade familiar, ser possuidor de vários imóveis utilizados como
residência, a impenhorabilidade recairá sobre o de menor valor, salvo se outro
tiver sido registrado, para esse fim, no Registro de Imóveis e na forma do art. 70
do Código Civil” (que trata da impenhorabilidade voluntária). Gabarito: “B”.

31) (FCC – Técnico de Nível Superior – Advogado – Prefeitura de


Teresina/PI – 2016) Os bens que, não constituindo partes integrantes, se
destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento
de outro bem, denominam-se
(A) benfeitorias voluptuárias.
(B) produtos.
(C) benfeitorias necessárias.
(D) benfeitorias úteis.
(E) pertenças.
COMENTÁRIOS. Art. 93, CC: São pertenças os bens que, não constituindo
partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao
aformoseamento de outro. Gabarito: “E”.

32) (FCC – TRT/1ª Região/RJ – Magistratura do Trabalho – 2016) Sobre


os bens reciprocamente considerados, e de acordo com o que estabelece
o Código Civil, considere:
www.pontodosconcursos.com.br |Prof. LAURO ESCOBAR 61
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: BENS E SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
I. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se
destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de
outro.
II. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal abrangem as
pertenças de acordo com as circunstâncias do caso.
III. As benfeitorias úteis são aquelas que não aumentam o uso habitual do
bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor.
IV. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos
sobrevindos ao bem sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor.
Está correto o que se afirma APENAS em
(A) II, III e IV.
(B) I e II.
(C) I e IV.
(D) I, II e III.
(E) I, II e IV.
COMENTÁRIOS. Item I, correto. Art. 93, CC: São pertenças os bens que, não
constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao
serviço ou ao aformoseamento de outro. Item II, incorreto. Art. 94, CC: Os
negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as
pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das
circunstâncias do caso. Item III, incorreto. Art. 96, CC: As benfeitorias podem
ser voluptuárias, úteis ou necessárias. §1° São voluptuárias as de mero deleite ou
recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais
agradável ou sejam de elevado valor. §2° São úteis as que aumentam ou
facilitam o uso do bem. §3° São necessárias as que têm por fim conservar o
bem ou evitar que se deteriore. Item IV, correto. Art. 97, CC: Não se consideram
benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a
intervenção do proprietário, possuidor ou detentor. Gabarito: C.

33) (FCC – SEGEP/MA – Técnico da Receita Estadual – Arrecadação e


Fiscalização de Mercadorias em Trânsito – 2016) Um diamante de formato
e brilho únicos, exposto em museu de artes, e uma piscina que adorna
uma casa de veraneio são considerados, pelo Código Civil,
respectivamente, um bem
(A) fungível e indivisível, no caso do diamante, e uma benfeitoria voluptuária, no
caso da piscina.
(B) fungível e divisível, no caso do diamante, e uma benfeitoria voluptuária, no
caso da piscina.
(C) fungível e indivisível, no caso do diamante, e uma benfeitoria útil, no caso da
piscina.
(D) infungível e indivisível, no caso do diamante, e uma benfeitoria útil, no caso
da piscina.

www.pontodosconcursos.com.br |Prof. LAURO ESCOBAR 62


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: BENS E SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
(E) infungível e indivisível, no caso do diamante, e uma benfeitoria voluptuária,
no caso da piscina.
COMENTÁRIOS. Art. 85, CC: São fungíveis os móveis que podem substituir-se
por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. A contrário senso, são
infungíveis os que não podem ser substituídos por outros de mesma espécie,
qualidade ou quantidade. Art. 87, CC: Bens divisíveis são os que se podem
fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou
prejuízo do uso a que se destinam. A contrário senso, são indivisíveis os que não
podem ser fracionados sem alteração de sua substância, diminuição de valor ou
prejuízo ao uso. Art. 96, CC. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou
necessárias. §1°: São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não
aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam
de elevado valor. Gabarito: “E”.

34) (FCC – TRT/20ª Região/SE – Analista Judiciário – 2016) Marcos


ganhou como presentes de casamento, um quadro assinado por seu
autor; um liquidificador de marca conhecida e disponível no mercado, um
relógio de parede, único, que havia pertencido a seu bisavô, e certa
quantia em dinheiro. São considerados bens infungíveis o
(A) quadro e o relógio.
(B) dinheiro, apenas.
(C) relógio, apenas.
(D) relógio e o liquidificador.
(E) quadro, o relógio e o dinheiro.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 85, CC, “são fungíveis os móveis que podem
substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade”. Assim, a
contrário senso, infungíveis são os bens que possuem alguma característica
especial, que os tornam distintos dos demais, não podendo ser substituídos
por outros, mesmo que da mesma espécie, qualidade e quantidade. São bens
considerados em sua específica individualidade, pois, de alguma forma, estão
devidamente personalizados. No caso concreto é somente o quadro (assinado
pelo seu autor) e o relógio de parede (único, que havia pertencido a seu bisavô).
Gabarito: “A”.

35) (FCC – Procurador da Prefeitura de Campinas/SP – 2016) Caio


estabeleceu-se, com animus domini, em praça pública abandonada pelo
Município. Decorridos mais de 20 anos, sem oposição das pessoas que
frequentavam o local, requereu fosse declarada usucapida a área. Tal
praça constitui bem
(A) de uso comum do povo, suscetível de usucapião, em caso de abandono pelo
poder público.
(B) de uso especial, insuscetível de usucapião, assim como os de uso comum do
povo e os dominicais.
(C) dominical, suscetível de usucapião, ainda que conserve tal qualificação.

www.pontodosconcursos.com.br |Prof. LAURO ESCOBAR 63


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: BENS E SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
(D) de uso comum do povo, insuscetível de usucapião, diferentemente dos bens
de uso especial e dos dominicais.
(E) de uso comum do povo, insuscetível de usucapião, assim como os de uso
especial e os dominicais.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 99, CC: São bens públicos: I. os de uso
comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças. A Constituição
Federal proíbe a aquisição da propriedade, por usucapião de bens públicos
(confiram os arts. 183, §3° e 191, parágrafo único, da CF/88). Estabelece o art.
102, CC: Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião. Prevê a Súmula 340 do
Supremo Tribunal Federal: “Desde a vigência do Código Civil, os bens dominicais,
como os demais bens públicos, não podem ser adquiridos por usucapião”.
Gabarito: E.

36) (FCC – SEGEP/MA – Procurador do Estado – 2016) João é marceneiro


e reside com sua família em imóvel de sua propriedade, no qual possui
equipamentos profissionais, móveis que guarnecem a residência e um
veículo de transporte, e onde edificou benfeitorias diversas, incluindo
voluptuárias, tudo devidamente quitado. De acordo com a Lei no
8.009/90, se executado em razão do inadimplemento de nota
promissória, João poderá se valer da impenhorabilidade do bem de
família, a qual compreende
(A) apenas os móveis que guarnecem a casa.
(B) os móveis que guarnecem a casa e os equipamentos profissionais, bem como
benfeitorias, incluindo as voluptuárias, salvo adornos suntuosos.
(C) os móveis que guarnecem a casa e benfeitorias, exceto as voluptuárias.
(D) os móveis que guarnecem a casa, o veículo de transporte e benfeitorias,
exceto as voluptuárias.
(E) apenas as benfeitorias.
COMENTÁRIOS. Lei 8.009/90. Art. 1°. O imóvel residencial próprio do casal,
ou da entidade familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de
dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos
cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo
nas hipóteses previstas nesta lei. Parágrafo único. A impenhorabilidade
compreende o imóvel sobre o qual se assentam a construção, as plantações, as
benfeitorias de qualquer natureza e todos os equipamentos, inclusive os de uso
profissional, ou móveis que guarnecem a casa, desde que quitados. Art.
2°. Excluem-se da impenhorabilidade os veículos de transporte, obras de arte e
adornos suntuosos. Parágrafo único. No caso de imóvel locado, a
impenhorabilidade aplica-se aos bens móveis quitados que guarneçam a
residência e que sejam de propriedade do locatário, observado o disposto neste
artigo. Gabarito: “B”.

37) (FCC – TRT/11ª Região – AM/RR – Analista Judiciário – Oficial de


Justiça Avaliador – 2017) A respeito dos bens, é correto afirmar que

www.pontodosconcursos.com.br |Prof. LAURO ESCOBAR 64


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: BENS E SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
(A) constitui universalidade de fato o complexo de relações jurídicas de uma
pessoa, dotadas de valor econômico.
(B) os materiais provisoriamente separados de um prédio, mesmo que sejam
nele reempregados, perdem o caráter de imóveis.
(C) constitui universalidade de direito a pluralidade de bens singulares que,
pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária.
(D) os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por
determinação da lei ou por vontade das partes.
(E) as energias que tenham valor econômico são consideradas bens imóveis para
os efeitos legais.
COMENTÁRIOS. Letra A, incorreta. Art. 90, CC: Constitui universalidade de fato
a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham
destinação unitária. A alternativa fornece o conceito de universalidade de direito
(art. 91, CC). Letra B, incorreta. Art. 81, CC: Não perdem o caráter de imóveis:
II. os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se
reempregarem. Letra C, incorreta. A alternativa fornece o conceito de
universalidade de fato (art. 90, CC). Letra D, correta nos exatos termos do art.
88, CC. Letra E, incorreta. Art. 83, CC: Consideram-se móveis para os efeitos
legais: I. as energias que tenham valor econômico. Gabarito: “D”.

LISTA DE EXERCÍCIOS SEM COMENTÁRIOS


(somente exercícios referentes a FGV)
01) (FGV – Advogado do PROCEMPA – Processamento de Dados do
Município de Porto Alegre/RS – 2014) Segundo o Código Civil, os bens
móveis que podem ser substituídos por outros da mesma espécie,
qualidade e quantidade são denominados
(A) bens consumíveis.
(B) bens fungíveis.
(C) bens reciprocamente considerados.
(D) bens singulares.
(E) bens públicos.

02) (FGV – Exame Unificado da OAB – 2013) Os vitrais do Mercado


Municipal de São de Paulo, durante a reforma feita em 2004, foram
retirados para limpeza e restauração da pintura. Considerando a hipótese
e as regras sobre bens jurídicos, assinale a afirmativa CORRETA.
(A) os vitrais, enquanto separados do prédio do Mercado Municipal durante as
obras, são classificados como bens móveis.
(B) os vitrais retirados na qualidade de material de demolição, considerando que
o Mercado Municipal resolva descartar-se deles, serão considerados bens móveis.
(C) os vitrais do Mercado Municipal, considerando que foram feitos por grandes
artistas europeus, são classificados como bens fungíveis.

www.pontodosconcursos.com.br |Prof. LAURO ESCOBAR 65


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: BENS E SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
(D) os vitrais retirados para restauração, por sua natureza, são classificados
como bens móveis.

03) (FGV – Fiscal de Rendas do Estado do Rio de Janeiro – 2010) Para os


efeitos legais, consideram-se bens móveis:
(A) as energias que tenham valor econômico.
(B) as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem
removidas para outro local.
(C) os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se
reempregarem.
(D) o direito à sucessão aberta.
(E) as coisas artificialmente incorporadas ao solo.

04) (FGV – AL/MT – Procurador da Assembleia Legislativa do Estado de


Mato Grosso – 2013) O complexo de bens organizado de forma racional
para o exercício da empresa, entendida esta como a atividade
economicamente organizada para a produção de bens e serviços, por
empresário ou sociedade empresária, é denominado:
(A) estabelecimento.
(B) patrimônio líquido.
(C) ações.
(D) sociedade em comum.
(E) balanço patrimonial.

05) (FGV – TJ/AM – Juiz de Direito – 2013) As pertenças, de acordo com


o Código Civil, são definidas como
(A) os bens públicos que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito
público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.
(B) os bens de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do
bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor.
(C) os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo
duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro.
(D) os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, independentemente
dos demais.
(E) os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância,
sendo também considerados tais os destinados à alienação.

06) (FGV – TRE/PA – Analista Judiciário – 2010) Maria foi buscar seu filho
na Escola Estadual Pereira Flores, passando pela Avenida das Rosas. No caminho,
passou pelo prédio do Tribunal Regional Eleitoral e pela Praça das Árvores
Frondosas, que fica em frente a um terreno desocupado de propriedade do Estado
do Pará. De acordo com o Código Civil, a escola, a avenida, o prédio do TRE, a
praça e o terreno são bens públicos, respectivamente classificados como
(A) especial, especial, especial, de uso comum do povo, dominical.

www.pontodosconcursos.com.br |Prof. LAURO ESCOBAR 66


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: BENS E SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
(B) de uso comum do povo, especial, dominical, de uso comum do povo,
dominical.
(C) do minical, de uso comum do povo, de uso comum do povo, especial, de uso
comum do povo.
(D) de uso comum do povo, de uso comum do povo, especial, de uso comum do
povo, dominical.
(E) especial, de uso comum do povo, especial, de uso comum do povo, dominical.

07) (FGV – Procurador do Tribunal de Contas do Município do Rio de


Janeiro – 2010) A respeito dos bens públicos, é CORRETO afirmar que:
(A) são inalienáveis, exceto quando desafetados, autorizando a lei ordinária sua
venda.
(B) são inalienáveis, exceto se lei complementar autorizar sua venda.
(C) são sempre inalienáveis.
(D) são inalienáveis, se forem de uso especial.
(E) são inalienáveis, se forem de uso comum.

08) (FGV – Exame Unificado da OAB – 2012) Sobre os bens públicos é


CORRETO afirmar que
(A) os bens de uso especial são passíveis de usucapião.
(B) os bens de uso comum são passíveis de usucapião.
(C) os bens de empresas públicas que desenvolvem atividades econômicas que
não estejam afetados a prestação de serviços públicos são passíveis de
usucapião.
(D) nenhum bem que pertença à pessoa jurídica integrante da administração
pública indireta é passível de usucapião.

09) (FGV – AL/MT – Procurador da Assembleia Legislativa do Estado de


Mato Grosso – 2013) O Código Civil classifica os bens em públicos e
particulares. Dentre as características dos bens públicos tem-se, como
regra geral, a sua inalienabilidade. Porém, excepcionalmente, o Código
Civil estabelece a possibilidade de alienação dos bens públicos. Assinale
a alternativa que indica uma situação em que a excepcional alienação
pode ocorrer.
(A) podem ser alienado desde que afetados a prestação de um serviço público.
(B) podem se alienados desde sejam bens denominados de uso comum do povo,
enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar.
(C) podem ser alienados desde que sejam bens de uso especial,
independentemente de lei autorizadora.
(D) podem ser alienados desde que sejam bens dominicais, observadas as
exigências legais.
(E) podem ser alienados desde que sejam bens públicos sujeitos à prescrição
aquisitiva.

www.pontodosconcursos.com.br |Prof. LAURO ESCOBAR 67


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: BENS E SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
10) (FGV – Prefeitura de Paulínia/SP – 2015) Em tema de classificação
dos bens públicos, são exemplos de bens de uso especial:
(A) rios, mares e lagoas;
(B) estradas, ruas e praças municipais;
(C) escolas, hospitais e cemitérios municipais;
(D) estabelecimentos privados que prestam serviços públicos;
(E) postos revendedores de combustível e quartéis.

11) (FGV – Prefeitura de Paulínia/SP – 2015) Em matéria de bens


públicos, o Código Civil estabelece que o seu uso comum:
(A) deve ser necessariamente gratuito, já que tais bens pertencem a toda a
coletividade de forma geral e abstrata;
(B) deve ser necessariamente retribuído, por meio de contribuição econômica por
parte dos particulares beneficiados;
(C) pode ser gratuito ou retribuído, conforme decidir arbitrariamente a
autoridade competente;
(D) pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela
entidade a cuja administração pertencerem;
(E) deve ser necessariamente oneroso, a fim de que toda a coletividade se
beneficie.

12) (FGV – Prefeitura de Paulínia/SP – 2015) Quanto à classificação dos


bens, é correto afirmar que:
(A) um veículo é considerado uma universalidade de fato;
(B) um jogo de pneus é considerado uma universalidade de direito;
(C) uma frota de veículos, coletivamente considerada, é uma universalidade de
fato;
(D) um veículo emplacado e cadastrado individualmente, é um bem fungível;
(E) um caminhão é considerado consumível.

13) (FGV – Prefeitura de Paulínia/SP – 2015) Quanto à teoria dos bens, é


correto afirmar que:
(A) são considerados bens móveis tudo aquilo que acede ao solo;
(B) são indivisíveis os bens que, compostos por outros bens destacáveis, não têm
comprometida sua funcionalidade, quando separados;
(C) o solo é considerado um bem imóvel artificial;
(D) são considerados bens móveis as ações referentes à propriedade imobiliária;
(E) são considerados bens móveis as ações que se referem a direito pessoal.

14) (FGV – Auditor Fiscal Tributário da Receita Municipal de Cuiabá/MT –


2016) Em 2002, José, empresário do ramo imobiliário, se torna proprietário de
dois apartamentos, cada um no valor de mercado de R$ 2.000.000,00. Em 2003,

www.pontodosconcursos.com.br |Prof. LAURO ESCOBAR 68


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: BENS E SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar
José celebra um contrato de empréstimo com Miguel, pelo qual José receberá R$
2.000.000,00 com obrigação de restituição do valor a Miguel em um ano. Em
2005, José, já insolvente e temeroso com a possibilidade de perder um de seus
bens imóveis, vende os dois imóveis e adquire uma casa no valor de R$
4.000.000,00 milhões, para onde se muda com sua família. Em 2006, José é
notificado por Miguel, seu credor, para pagamento da dívida de R$ 2.000.000,00
milhões, referente ao empréstimo contraído em 2003. José, contudo, não realiza
o pagamento. Considerando os fatos narrados, assinale a afirmativa
correta.
(A) O imóvel de José não poderá ser executado para pagamento de sua dívida
com Miguel por constituir bem de família, impenhorável.
(B) O imóvel de José não poderá ser executado para pagamento de sua dívida
com Miguel, pois a execução viola o direito à moradia de José,
constitucionalmente garantido.
(C) O imóvel de José não poderá ser executado para pagamento de sua dívida
com Miguel, pois o valor de sua dívida com Miguel é inferior ao valor do imóvel
residencial.
(D) O imóvel de José poderá ser executado para pagamento de sua dívida com
Miguel, pois sabendo que estava insolvente, adquiriu imóvel mais valioso para
transferir a residência familiar.
(E) O imóvel de José poderá ser executado para pagamento de sua dívida com
Miguel, desde que este comprove que houve fraude à execução.

www.pontodosconcursos.com.br |Prof. LAURO ESCOBAR 69


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 03: BENS E SUA CLASSIFICAÇÃO
Prof. Lauro Escobar

GABARITO SECO = FGV


01) B 06) E 11) D
02) B 07) A 12) C
03) A 08) C 13) E
04) A 09) D 14) D
05) C 10) C

GABARITO SECO = FCC


01) C 11) A 21) E 31) E
02) B 12) A 22) D 32) C
03) B 13) B 23) A 33) E
04) B 14) D 24) B 34) A
05) C 15) A 25) D 35) E
06) B 16) B 26) E 36) B
07) C 17) E 27) A 37) D
08) E 18) D 28) A
09) B 19) E 29) B
10) D 20) E 30) B

www.pontodosconcursos.com.br |Prof. LAURO ESCOBAR 70

Você também pode gostar