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EXTENSÃO DE MAPUTO
Licenciatura em Direito
Discente:
TEMA:
A PROBLEMÁTICA DA CONCEITUALIZAÇÃO DO
TERMO COISA, A LUZ DO CÓDIGO CIVIL
MOÇAMBICANO
Discente:
TEMA:
A PROBLEMÁTICA DA CONCEITUALIZAÇÃO DO
TERMO COISA, A LUZ DO CÓDIGO CIVIL
MOÇAMBICANO
O número 1 do artigo 202 da lei civil define coisa como sendo tudo aquilo que pode ser
objecto de relação jurídica, existe uma grande corrente doutrinal que critica esta noção
de coisa devido a sua pouca exactidão logo este será o nosso principal foco nesta
pesquisa. O número 2 do mesmo artigo vem trazer certas limitações, pois Consideram-
se, porém, fora do comércio todas as coisas que não podem ser objecto de direitos
privados, tais como as que se encontram no domínio público e as que são, por sua
natureza, insusceptíveis de apropriação individual, nesta vertente os postos de energia
das nossas vias públicas, as estradas, os estabelecimentos públicos, etc..., pela sua
qualidade de coisa publica, não podem ser alienadas por um particular, pois sendo que
os direitos reais são um ramo do direito privado, por esta razão apenas as coisas do
domínio privado é que podem ser objecto do nosso estudo. Na parte final do mesmo
artigo, vem dizer que as coisas que pela sua natureza são insusceptíveis de apropriação
individual, também se consideram fora do comércio, como por exemplo, o mar, o ar, o
sol, a lua, etc...
Introdução
No presente trabalho pretendemos, trazer uma breve problemática em torno do termo
coisa segundo o Código Civil Moçambicano, onde vamos trazer vários conceitos de
coisa de acordo com vários doutrinários, de acordo com a lei, assim como as várias
acepções do termo coisa em vários sentidos, vamos fazer uma breve distinção entre bem
e coisa, onde se pretende averiguar o que realmente pode ser objecto de relação jurídica,
se é a coisa ou o bem.
Iremos trazer algumas características basilares da coisa que servem para distingui-la das
demais coisas que não são objecto do direito, iremos ainda trazer uma abordagem
filosófica que tenta distinguir pessoa da coisa, ou será que a pessoa é coisa? Iremos
debruçar sobre a pessoa como sujeito das relações jurídicas e também como objecto da
mesma, e por fim iremos trazer uma breve classificação das coisas a fim de fazer face
ao tema que nos foi incumbido.
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CAPITULO II
Objectivos
Objectivo Geral
Trazer uma breve problematização em torno do termo coisa de acordo com o
Código Civil Moçambicano.
Objectivos Específicos
Entender as várias acepções do termo coisa;
Debruçar sobre as diferenças entre bem e coisa;
Abordar acerca das características basilares da coisa;
Desenvolver acerca da pessoa como objecto de relação jurídica;
Debruçar sobre a distinção entre a pessoa e a coisa;
Compreender a classificação da coisa em várias vertentes.
Problematização
O grande problema que identificamos quando falamos sobre o termo coisa de acordo
com o Código Civil Moçambicano, é que o mesmo conceitua coisa como sendo tudo
aquilo que pode ser objecto de relações jurídicas e esta noção esta mais que errada, pois
o legislador ao consagrar este artigo esta nos dizer que pessoas também são coisas,
porque também são objectos de relação jurídica, e isso não transparece a verdade. Será
correcto afirmar que pessoa também é coisa?
Justificativa
O tema nos foi atribuído pelo docente da cadeira de Direitos Reais e de Propriedade
Intelectual como requisito para avaliação.
Hipóteses
H1: As pessoas não são coisas, mas sim seres vivos com capacidade pensante, com
personalidade jurídica.
H2: As coisas não tem vida, nem capacidade pensante e muito menos personalidade
jurídica, logo não podem ser pessoas.
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Metodologia
O trabalho foi elaborado por base na pesquisa bibliográfica e documental, bem como a
observação dos fenómenos decorrentes da sociedade moçambicana e do mundo.
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1.1. A problemática da conceitualização do termo coisa, a luz do Código Civil
Moçambicano
Caio Mário da Silva Pereira, por exemplo, dizia que: "Bem é tudo que nos agrada" e
diferenciava: "Os bens, especificamente considerados, distinguem-se das coisas, em
razão da materialidade destas: as coisas são materiais e concretas, enquanto que se
reserva para designar imaterias ou abstratos o nome bens em sentido estrito". Para esse
doutrinador, os bens seriam gênero e as coisas espécies.
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Para Silvio Rodrigues, coisa seria gênero, e bem seria espécie. Para ele, "coisa é tudo
que existe objetivamente, com exclusão do homem". Os "bens s ão coisas que, por
serem úteis e raras, são sucetíveis de apropriação e contêm valor econômico".
Seja algo com existência autónoma, isto é, uma entidade distinta e separada
do homem. Por isso, as prestações não podem ser objecto de direitos reais
porque são inseparáveis da pessoa do respectivo devedor;
Mas há certas excepções da regra, pois a pessoa também pode ser objecto de certas
relações jurídicas. O exemplo mais tradicional é a compra e venda de jogadores dos
clubes de futebol, suponhamos que o PSG e o Real Madrid fecham um negócio de
compra e venda do jogador Francês Kylan Mbappe, neste negócio o sujeito activo é o
PSG (credor), o sujeito passivo é o Real Madrid (devedor), o objecto desta relação é o
Mbappe (pessoa que liga os dois sujeitos), este negócio é a prova viva de que o conceito
civilista de coisa não é o mas correcto, pois nem sempre o objecto das relações é uma
coisa.
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Temos também os casos de presunção de paternidade onde a mulher acusa o homem de
ser o pai da criança, e o homem recusa-se a aceitar a paternidade, e existe uma criança
no meio deste litígio. O sujeito activo é a mulher, (que esta exigir o reconhecimento da
paternidade), o sujeito passivo é o homem, (que esta ser exigido o reconhecimento da
paternidade), e o objecto desta relação jurídica é a criança, (que é aquilo que liga os dois
sujeitos).
Com isto dito não restam dúvidas que o conceito civilista de coisa também inclue a nós
os seres humanos, o que não é correcto, pois nós não somos coisas, mas sim pessoas.
As pessoas são todas iguais perante a lei tem mesmos direitos e mesmos deveres,
enquanto que as coisas são avaliadas de acordo com o seu valor económico, logo as
coisas não são iguais perante a lei, pois uma viatura tem mais valor em relação a um
livro devido ao seu valor económico.
Simples ou compostas (uma máquina composta por várias peças) – artigo 206.º;
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Consumíveis (como o cimento) ou não consumíveis (um par de sapatos) –
artigo 208.º;
Principais (uma casa) ou acessórias (um quadro decorativo dessa mesma casa)
– artigo 210.º; quanto a esta distinção, é importante que se especifique que os
negócios jurídicos relativos à coisa principal não abrangem a coisa acessória,
excepto quando o contrário resultar da vontade das partes ou do uso de mercado
– é expectável que a venda de umas sapatilhas inclua os atacadores;
Presentes (uma mala adquirida hoje) ou futuras (um livro cuja propriedade vai
dar entrada na esfera jurídica de alguém no futuro) – artigo 211.º; em relação a
esta classificação, vejam-se os artigos 892.º e 893.º. O primeiro proíbe considera
nula a venda de bem alheio, como é o caso em que A vende a casa do seu amigo,
B. Contudo, o artigo seguinte exceciona desse regime a venda de coisa alheia,
quando esta tem a qualidade de coisa futura. Seguindo o exemplo, A poderia
vender a casa de B, se soubesse que o seu amigo lha iria doar dali a uma semana.
O CC dá ainda a noção de fruto, no seu artigo 213.º, enquanto tudo o que uma coisa
produz periodicamente, sem perda da sua substância e ainda a noção de benfeitorias,
como todas despesas feitas para conservar ou melhorar a coisa, art. 216 do CC.
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CAPÍTULO III
Conclusão
No presente trabalho concluímos que o nosso Código Civil Moçambicano sofre de
graves lacunas e anomalias, pois a presente lei é de 1966, ou seja do tempo em que
Moçambique ainda era uma colônia portuguesa, e de lá pra cá a sociedade
Moçambicana foi evoluindo e infelizmente a nossa lei civil não tem acompanhado esta
dinâmica social, ainda vigorando termos que eram correctos no tempo colonial, mas que
hoje em dia já não são.
Há uma grande necessidade de uma reforma no nosso Código Civil, pois é inadmissível
um País independente como Moçambique com pessoas formadas em direito, com
acadêmicos, juristas, legisladores, juízes renomados, e mesmo assim estamos a utilizar
leis fraquíssimas que pouco se enquadram a nossa realidade jurídica.
Como é que se justifica o legislador definir coisa como sendo tudo aquilo que pode ser
objecto de relação jurídica, mesmo sabendo que nós os seres humanos também podemos
o ser, logo o legislador esta tentar dizer que pessoa também é uma coisa? O nosso
legislador foi bastante infeliz ao trazer essa noção generalista de coisa. Há uma
necessidade de ser mais preciso e especifico no acto legislativo, sob pena dos interpretes
da lei fazerem uma má interpretação da mesma por influência da nossa péssima
qualidade de legislar.
Eu proponho uma revisão urgente da nossa lei civil com efeitos imediatos, a minha
proposta é se fazer uma retratação do termo coisa no nosso Código, o mais correcto
seria definir coisa como sendo tudo aquilo que esta separado do homem. Esse conceito
de coisa se afasta daquele que a lei civil consagra. Dizer que coisa é tudo que se separa
do homem é ser mais especifico, e é o mais correcto, pois tudo aquilo exterior ao
homem pode ser coisa, a terra que pisamos é coisa, as roupas que vestimos são coisas, a
comida que consumimos são coisas, ou seja tudo aquilo exterior ao homem é o termo
mais correcto de coisa, e é assim que o legislador tinha que conceituar o termo coisa,
pois do jeito que ele define coisa, esta fazer papel de palhaço perante a comunidade
acadêmica.
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Referências bibliográficas
SOARES, Antonio, Lições de direitos reais, Timor Leste, 2017
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