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EXTENSÃO DE MAPUTO
Licenciatura em Direito
Pedro Chivulele
Pedro Chivulele
Objetivo Geral
Trazer noções básicas sobre os crimes contra a segurança do Estado.
Objetivo Específico
Debruçar sobre o conceito de crimes contra a segurança do Estado;
Analisar em torno da lei nº 19/91 de 15 de Agosto;
Analisar as razões que levam os indivíduos a optarem por comportamentos
anti˗patrióticos;
Debruçar sobre os tipos legais de crimes contra a segurança do Estado;
Trazer as respectivas penas aplicadas a cada tipo legal de crime.
Hipóteses
H1- O que leva os indivíduos a cometerem crimes contra a segurança do seu próprio
Estado?
H2- Será que as penas que se aplicam aos traidores da pátria é realmente proporcional
ao crime?
Justificativa
O presente tema foi nos atribuído pelo magno docente, com principal objetivo de
analisarmos crimes contra a segurança do Estado, a luz da lei nº 19/91 de 15 de Agosto.
Metodologia
O trabalho foi elaborado por base na pesquisa bibliográfica e documental, bem como a
observação dos fenómenos decorrentes da sociedade Moçambicana e do mundo
CAPÍTULO I
1.1. Conceito
São todos actos que colocam em causa a independência, a segurança e a integridade
territorial do Estado. Como tal, incluem˗se nele a prática de actos como a alta traição, a
espionagem, o terrorismo, etc...
A lei estabelece que as penas para os crimes contra a segurança do Estado são as
seguintes:
A lei estabelece que para as penas de prisão, deverão se acrescentar a pena de suspensão
dos direitos políticos, nos termos da lei penal. Caso o infrator seja um cidadão
estrangeiro, o mesmo poderá ser expulso temporariamente ou definitivamente de
Moçambique.
A lei define conspiração como sendo a concertação entre dois ou mais indivíduos para a
prática de crime contra a segurança do Estado. A mesma deve ser punida com:
Pena de 6 meses a 2 anos de prisão e multa correspondente, caso não haja acto
preparatório;
Pena de 2 á 8 anos de prisão maior e multa até1 ano se tiver havido acto
preparatório, se houver associação ilícita ou organização secreta com o objectivo
de incitar ou executar qualquer crime previsto na lei.
CAPÍTULO II
1
Os atos preparatórios são aqueles realizados em momento anterior ao da execução do delito. Trata-se
de uma fase entre a cogitação e a execução.
que ele ou ela traiu. Estes crimes de alta traição são punidos com pena de vinte a vinte
quatro anos de prisão maior. Pela gravidade deste crime, podemos notar que a moldura
penal é demasiado robusta, certamente porque um cidadão nacional que trai o seu
próprio Estado é capaz de qualquer coisa. Geralmente o crime de alta traição ocorre
quando o individuo deseja alcançar certos fins pessoais, como dizia o nosso saudoso
estadista v.ex. Samora Moises Machel "Um ambicioso é capaz de tudo, Vender a
pátria só por causa da sua ambição e dos seus interesses individuais, Não sei se um
ambicioso muda, A minha experiência prova que não, Muda de tática, mas não
elimina a sua ambição UM AMBICIOSO É CRIMINOSO AO MESMO TEMPO"2
1.3.1. Espionagem
É uma acção realizada por um agente que busca obter, de maneira clandestina, acesso a
informações sensíveis ou sigilosas do governo ou organizações, sem a autorização
desses, para obter certa vantagem militar, política, econômica, científica, tecnológica
ou social. O espião é o agente empregado para obter tais segredos. A espionagem
consiste em destruir, falsificar, subtrair, entregar ou revelar a pessoa ou organização não
autorizadas, documentos, planos, escritos ou informações secretas que interessem à
segurança e defesa do Estado ou à condução da sua política internacional. Pela
gravidade deste tipo legal de crime a sua moldura penal varia dos dezasseis a vinte anos
de prisão maior ao autor do crime, já para aquele que acolher um espião, conhecendo-o
como tal, será punido com a pena de oito a doze anos de prisão maior, pois encobriu um
traidor da pátria, logo será considerado um cúmplice.
1.3.2. Pirataria
É um crime organizado, que é cometido no mar ou no ar contra um navio ou aeronave,
sua equipe ou sua carga. Consiste em tripular ou comandar por meios violentos, nave ou
aeronave, ou dela se apropriar com fraude ou violência, com o intuito de cometer
roubos, praticar violências contra a nave ou aeronave ou contra as pessoas ou bens a
bordo das mesmas, bem como para atentar contra a segurança do Estado ou de Estado
estrangeiro. Considera˗se ainda crime de pirataria quando o individuo apodera˗se
violentamente do comando de nave ou aeronave nacional ou fretada, navegando com
violação daquilo que são as normas de liberdade e de segurança de comércio ou que lese
os interesses nacionais, a alteração dos sinais terra, mar ou ar que constituam manobras
fraudulentas, com o objectivo de atentar contra estas ou contra as pessoas ou bens a
2
Frases de Samora Moises Machel
bordo também é considerado crime de pirataria. Pela gravidade do crime a sua moldura
penal varia dos dezasseis a vinte anos de prisão. À pena de crime de pirataria agrava˗se
sempre que ocorra com o crime de cárcere privado, o crime contra a honestidade,
homicídio ou, quando os autores do crime tenham abandonado pessoas e meios para se
salvar ou tenham causado a perda da nave ou tenham abandonado ao navegar.
1.4. Mercenarismo
É um tipo legal de crime que consiste no uso de violência armada para derrubar um
governo estrangeiro legitimamente constituído, criando para o efeito forças armadas
compotas no todo ou em parte por estrangeiros. Pela gravidade deste tipo legal de crime,
a sua moldura penal varia dos dezasseis a vinte anos de prisão maior. É punido ainda
com a pena correspondente ao crime de mercenarismo todo aquele que voluntariamente
recrutar, organizar, financiar, abastecer, equipar, treinar e transportar os indivíduos para
este acto macabro bem como aqueles que se alistarem nas forças para a execução deste
acto.
1.4.1. Terrorismo
Logo tudo aquilo que gera medo é uma forma de terrorismo como colocar um artefacto
ou engenho explosivo em nave ou aeronave, num local ou instalação pública ou
privada, bem como em qualquer equipamento público com o intuito de explodir ou
3
LAQUEUR, Walter (1997). A History of Terrosrism. with a new introduction by the author (em inglês). Nova
Iorque: Little, Brown. p. 7. ISBN 0-7658-0799-8
danificar os mesmos, bem como Adulterar substâncias ou produtos alimentares ou
outros destinados ao consumo das populações, animais ou unidades sócio˗económicas
no intuito de provocar a morte ou graves perturbações à saúde ou à vida económica,
com o fim de criar insegurança social, terror ou pânico, pela gravidade deste tipo legal
de crime a sua moldura penal vária dos dezasseis aos vinte anos de prisão maior, de
frisar que a pena se agrava sempre que o acto resultar em vitimas mortais.
1.4.2. Sabotagem
Sabotagem é a destruição ou neutralização voluntária de dispositivos, equipamentos ou
instalações para prejudicar ou enfraquecer o Estado. São sabotadores aqueles que com
intenção de provocar insegurança social terror ou pânico da população ou de exercer
pressão sobre o Estado. No entanto, quem:
b) Faça sair ilegalmente do país meios de transporte ou bens de equipamento que, pela
sua qualidade e número constituam grave lesão da economia e desenvolvimento
nacionais será punível com a pena de dezasseis a vinte anos de prisão maior4:
Portanto quem mudar a ordem política nacional com ou sem ajuda ou subsídio de uma
organização estrangeira será punido nos termos da presente lei.
4
Cfr. Artigo 14 da Ler no 19/91.
5
Cfr. Artigo 15 da Lei no. 19/91
6
Cfr. Artigo 16 da Lei no. 19/91
7
Cfr. Artigo 17 da Lei no. 19/91
a) O atentado contra a vida do Chefe do Estado será punido com a pena de vinte a
vinte e quatro anos de prisão maior.
a) Os actos preparatórios do crime de atentado contra a vida do Chefe do Estado
serão punidos com a pena de doze a dezasseis anos de prisão maior, se pena
mais grave não couber.
O atentado contra a vida destes será punido com a pena de dezasseis a vinte anos de
prisão maior8. Será equiparado, para efeitos de punição, ao crime de atentado contra a
vida das autoridades públicas, o atentado contra a vida dos presidentes, secretários-
gerais ou equivalentes das organizações partidárias, sociais e profissionais9.
8
Cfr. Artigo18 nr. 1 da Lei no. 19/91.
9
Cfr. Artigo18 nr. 2 da Lei no. 19/91.
10
Cfr. Artigo19 nr. 1 da Lei no. 19/91.
11
Cfr. Artigo19 nr. 2 da Lei no. 19/91.
1.4.4. Ofensa corporal ou atentado contra a liberdade de certas entidades
Toda a ofensa corporal ou atentado contra a liberdade das entidades a que referimo-nos
anteriormente será punido com a pena de dois a oito anos de prisão maior e multa até
um ano, se pena mais grave não couber12.
2.1.1. Raptos
Aos raptos ou cárcere privado, aquele que mantiver como refém, uma ou varias pessoas,
com intenção de obrigar o Estado a realizar qualquer ação ou omissão é punível a prisão
de dois a oito anos e multa até um ano.
2.1.3. Instrução
Tem competência à Policia de Investigação Criminal a introdução preparatória dos
crimes contra a segurança do Estado e ao Tribunal judicial julgar os crimes previstos e
puníveis nesta lei, seguindo as regras estabelecidas na lei processual penal.
12
Cfr. Artigo20 da Lei no. 19/91
Conclusão
No presente trabalho concluímos que os crimes contra a segurança do Estado são o
maior acto anti˗patriótico que um cidadão nacional de um determinado Estado pode
cometer, pois coloca em risco aquilo que é a soberania, a independência, a segurança, os
segredos e a integridade territorial do seu Estado. A alta traição esta directamente ligada
a ambição do individuo que acha que facilitando informações confidenciais do seu
Estado a entidades estrangeiras poderá obter certos benefícios. O Estado é muito severo
no que concerne a comportamentos anti˗patrióticos, razão pela qual aplica penas de até
vinte e quatro anos de prisão maior a todos aqueles que movidos pela sua ganância
decidam optar pela deslealdade ao seu próprio Estado. Concluímos ainda que a forma
do Estado evitar comportamentos anti˗patrióticos é passando valores morais aos seus
cidadãos, mostrando a eles a necessidade de preservarmos aquilo que é a segurança
interna do nosso país, pois basta um acto de deslealdade para colocar todo o
funcionamento do Estado em risco.
Referências bibliográficas
Lei nº 19/91 de 15 de Agosto
DIAS, Figueiredo, Direito Penal, Parte Geral – Tomo I, Coimbra: Coimbra Editora,
2004