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ELIZANGELA SOUZA

FICHAMENTO DE CITAÇÃO

SALVADOR

2021

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ELIZANGELA SOUZA DOS SANTOS

FICHAMENTO:
DIREITOS E DEVERES FUNDAMENTAIS EM TEMPOS DE CORONAVÍRUS

Trabalho apresentado ao curso de Direito da


UNIFTC, para a disciplina de ÉTICA
PROFISSIONAL, do turno matutino, 10º
semestre (DIR541).
Prof. Alexandre Montanha

SALVADOR

2021
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BAHIA, Saulo José Casali (Coord.). Direitos e deveres fundamentais em tempos
de coronavírus. São Paulo: IASP, v. 3, 2020.
SERPA, Cláudia Albagli Nogueira. A virtualização do social e o direito: Impactos
em tempo de pandemia.

“(...) a tecnologia deve funcionar e ser pensada como mediadora das relações e não
como substitutivo delas.” (p.172)

“O aparecimento do coronavírus e a declaração do estado de pandemia nos


empurrou para o uso quase que obrigatório das ferramentas tecnológicas como
forma de sobrevivência, alcançando várias interfaces da nossa existência como a
alimentação, educação, saúde, diversão e, claro, as atividades laborativas.” (p.173)

“(...) e a internet encarna a cultura material e é uma plataforma privilegiada para a


construção social da autonomia.” (p.173)

“Dentre as várias dificuldades encontradas nessa mudança do ensino estão


questões como o tempo para exposição de conteúdo, o manuseio dos instrumentos
tecnológicos, a reformulação dos modos de retorno aos alunos, avaliações e a
exposição da imagem para a qual não estamos preparados.” (p.174)

“Em um primeiro momento a pandemia impôs a suspensão dos prazos processuais,


determinada pela resolução n.º 313 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) a partir
do dia 19.03.” (p.175)

“A possibilidade de sustentação oral nos Tribunais e Turmas Recursais e a


realização de audiências pelos meios virtuais, especialmente aquelas conciliatórias,
torna possível uma nova realidade para os profissionais do direito.” (p.175)

“Também o teletrabalho, instituto que já era previsto e admitido em hipóteses


específicas, passou de exceção à regra, e servidores e juízes estão trabalhando em
suas casas evitando dessa forma o contato físico sem, contudo, interromper as suas
atividades.” (p.175-176)

“A possibilidade das partes convencionarem condições processuais que melhor se


adequem às suas possibilidades apresenta-se como algo fundamental para o
resguardo de um mínimo de equidade processual e para o não prejuízo frente a
execução de atos processuais.” (p.176)
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“Portanto, inegável a relevância que assume esse instrumento no contexto da
pandemia, do isolamento social e das adversidades que daí emergem para os que
labutam no Judiciário.” (p.177)

“Portanto, entra aí já outro fator, o tempo do processo virtual a ser considerado


mesmo quando falamos em celeridade processual. É preciso resguardar a
segurança para que a virtualidade não produza desequilíbrio processual e não
represente a consolidação de uma decisão injusta.” (p.178)

“Antes uma relação pessoalizada e essencialmente baseada na confiança; agora,


substituída por critérios outros como facilidade de acesso e custo do serviço,
tornando muitas vezes dispensável saber quem se está contratando.” (p.178)

“Nessa pesquisa, por exemplo, é posta através de dados qualitativos e quantitativos


as transformações e reorganizações das funções e atividades desenvolvidas pelos
profissionais do direito e o impacto produzido em escritórios de advocacia de
grandes cidades brasileiras.” (p.179)

“Talvez essa seja a principal diferença, novos e antigos profissionais estão sendo
obrigados a se valer dessas tecnologias sob pena de terem suas atividades
paralisadas. É um processo coletivo de assimilação de uma nova forma de atuação
profissional.” (p.179)

“Grande parte do que agora chamamos de virtualização do social ou virtualização do


direito veio, sim, para ficar. Deverá tornar-se cada vez mais parte do nosso cotidiano
e, de certa forma, ser naturalizado pelo próprio curso das relações profissionais.”
(p.180)

“A pandemia, contudo, teve o papel de impor essa realidade e vem nos obrigando a
adaptação.” (p.181)

“Essa revolução tecnológica deve ampliar o acesso ao Judiciário, resta saber se


também estará garantido o acesso à justiça, portanto, o deslinde satisfatório e
equilibrado das demandas judiciais ou extrajudiciais.” (p.182)

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BAHIA, Saulo José Casali (Coord.). Direitos e deveres fundamentais em tempos
de coronavírus. São Paulo: IASP, v. 3, 2020.

DA CRUZ, Gabriel Dias Marques. Nudge contra a Covid-19.

“Entende-se como arquiteto de escolhas todo aquele que assume a


responsabilidade de gerir ambientes nos quais pessoas são levadas à tomada de
decisões. Para os autores, seria alguém que “(…) tem a responsabilidade de
organizar o contexto no qual as pessoas tomam decisões.” (p.232)

“Os autores acreditam, então, que devem ser prestigiadas escolhas bem-
intencionadas, que estimulem o indivíduo a tender para adotar o comportamento
capaz de trazer maiores benefícios para si mesmo.” (p.233)

“É papel do arquiteto de escolhas providenciar que a opção padrão seja a melhor


possível, tornando a vida de quem escolhe mais fácil. Trata-se aqui da ideia de
paternalismo, pois os arquitetos de escolhas “(…) têm toda a legitimidade para tentar
influenciar o comportamento das pessoas, desde que seja para tornar a vida delas
mais longa, mais saudável e melhor.” (p.233)

“Pretende-se que haja, por um lado, estímulo à adoção das melhores escolhas; por
outro lado, assegura-se que as pessoas continuem a ter a autonomia para decidir,
com liberdade, sobre o que desejam fazer.” (p.233)

“O conceito de nudge representa, por sua vez, um estímulo ou uma iniciativa para a
adoção de um comportamento benéfico. A ideia é a de que o responsável pela
arquitetura de escolhas construa um ambiente que induza as pessoas a adotar as
melhores escolhas para si e para a coletividade, preservando sempre a sua
liberdade de ter a palavra final na decisão a ser tomada – o que contempla a noção
de paternalismo libertário.” (p.234)

“Autoridades locais queriam encontrar uma forma de estimular a redução da


velocidade dos condutores.” (p.235)

“(...) Alguém teve a ideia de instalar pinturas diferentes no asfalto que simulassem
falsos quebra-molas. Com isso houve uma decisiva redução da velocidade nas
respectivas vias de 61 km/h para 37 km/h. Estima-se que, mesmo que o efeito seja

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temporário – já que é possível que os condutores habituais passem a conhecer a
localização dos falsos quebramolas – os custos do projeto são baixos e podem ser
compensados pela redução da velocidade dos carros de turistas na região.” (p.235)

“Uma das experiências internacionais mais citadas sobre a aplicação de nudges é a


unidade britânica conhecida como BIT – sigla para Behavioural Insights Team. O site
descreve ser a finalidade da organização a melhoria da vida das pessoas e das
comunidades. (p.236)

“A utilização de nudges assume relevância ainda mais especial em países marcados


por péssimos indicadores de combate à COVID-19.” (p.237)

“O Presidente da República tem praticado um discurso negacionista da gravidade do


vírus, associando-o, inicialmente, a uma doença pouco lesiva, o que fez com que
comparecesse, inclusive, às manifestações de apoiadores em nítido
descumprimento das recomendações oficiais de isolamento.” (p.237)

“Em síntese: insensibilidade, desrespeito e um amadorismo arrogante.” (p.237)

“(...) Glauco Salomão Leite destaca três fatores de bloqueio aos ataques
institucionais oriundos do Executivo: (I) a ausência de base sólida de apoio
parlamentar ao governo; (II) a preservação da independência do Poder Judiciário,
em especial do STF; (III) a fragmentação do poder político na Federação,
assegurando autonomia aos Estados e Municípios.” (p.238)

“A decisão da Corte expressamente citou a viabilidade de adoção de medidas como


“(…) a imposição de distanciamento/isolamento social, quarentena, suspensão de
atividades de ensino, restrições de comércio, atividades culturais e à circulação de
pessoas, entre outras”.” (p.238-239)

“Autoridades podem vir a utilizar nudges como ferramentas valiosas para salvar
vidas, providência que naturalmente legitima um estudo mais aprofundado do
assunto, visando à sua aplicação eficiente.” (p.239)

“É possível citar, por exemplo, o caráter pioneiro da iniciativa NudgeRio, destinada a


contribuir para a formulação e aplicação de políticas públicas, e que conseguiu obter

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bons resultados na limpeza nas praias, índices de matrícula dos estudantes e
arrecadação de tributos.” (p.240)

“O conceito de nudge possui, a princípio, compatibilidade com a Constituição


Federal.” (p.240)

“Talvez elaborar um atraente concurso de nudges, estimulando as pessoas a sugerir


ideias simples, baratas e de fácil implantação, com o devido reconhecimento dos
autores. Seria possível, inclusive, pensar na atração de marcas parceiras, que
poderiam empregar o seu conhecimento para desenhar boas ferramentas
comportamentais e novas soluções.” (p.243)

“Arquitetos de escolhas são responsáveis por organizar as possibilidades de


escolha; nudge representa um estímulo, capaz de induzir as pessoas a adotar um
comportamento valioso para si mesmas; e o paternalismo libertário retrata um
modelo comportamental que incentiva que as pessoas adotem as melhores escolhas
para sua saúde, dinheiro e felicidade, preservada, contudo, a sua autonomia
decisória.” (p.244)

“Neste momento trágico de nossa existência, em que inúmeras vidas têm sido
perdidas e muitas famílias impactadas pela dor, é urgente que empreguemos a
nossa criatividade solidária em prol de salvar o máximo possível de vidas. Para isso
é essencial ouvir as lições da ciência e da pesquisa e tratar cada ser humano com o
máximo possível de cuidado, respeito e atenção.” (p.244-245)

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BAHIA, Saulo José Casali (Coord.). Direitos e deveres fundamentais em tempos
de coronavírus. São Paulo: IASP, v. 3, 2020.
DA FONSECA, Matheus Carneiro Cardoso; JÚNIOR, Dirley da Cunha. A
Necropolítica e a Escolha de Sofia: A Judicialização como Instrumento de
Garantia dos Direitos Fundamentais.

“A pandemia seria o agravamento de uma epidemia e ocorre quando uma epidemia


se espalha geograficamente, saindo do seu lugar de origem e contaminando todo o
mundo.” (p.542)

“A transmissão comunitária significa que a infecção do patógeno está sendo


disseminada de forma que não mais é possível se identificar o seu foco inicial,
sendo, portanto, uma transmissão de pessoa para outra pessoa de forma
comunitária.” (p.542)

“O que se recomenda para casos graves seria a aplicação de medidas de suporte a


vida, devendo ser implementadas com a internação em Unidade de Tratamento
intensivo (UTI) e a intubação endotraqueal caso não haja resposta do paciente.”
(p.543)

“(...) o colapso do sistema de saúde é inevitável. Reflexo disso é a atual situação das
emergências hospitalares, onde os médicos por não terem acesso às matérias
adequadas no tratamento da COVID-19 e com a escassez de leitos de UTI e
respiradores, precisam tomar uma difícil e trágica escolha: a escolha de Sofia.” (
p.543)

“(...) começam a surgir discussões sobre a possibilidade do Estado em criar uma


política pública excludente que irá determinar de forma sistematizada qual cidadão
irá ter acesso ao tratamento e qual cidadão não terá acesso, devendo se tratar e
morrer em casa. Trata-se de uma Necropolítica do Estado, visando a controlar quem
deve viver e quem deve morrer.” (p.543-54)

“(...) se passa no período da Segunda Guerra Mundial, onde a sua protagonista


Sofia Zawistowka é presa no campo de concentração de Auschwitz junto com seus
filhos e é forçada por um soldado Nazista a fazer uma terrível escolha que irá
acompanha-la pelo resto de sua vida: deve escolher entre seus filhos qual deve viver

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ou se ambos morrerão, impondo uma escolha na qual deve decidir se um filho irá
para câmara de gás ou ambos irão morrer.” (p.544)

“(...) a “escolha de Sofia” é uma expressão adaptada que exemplifica a necessidade


de se adotar uma decisão difícil, sob pressão e enorme sacrifício pessoal.” (p.544)

“Durante a pandemia de Covid-19, este tema se tornou recorrente em todo mundo,


devido à escassez de UTIs disponíveis e aparelhos respiradores, impondo ao
médico a difícil escolha de decidir qual paciente deve ter acesso ao tratamento e
qual paciente deverá morrer na fila de espera.” (p.545)

“(...) fica definido que caberá à autoridade sanitária definir o início, duração e
gradação do ponto de corte de utilização do Escore Unificado para Priorização
(EUP-UTI), devendo ser observado a necessidade de adequação dos quantitativos
de leitos à demanda existente.” (p.545)

“(...) é transferida de forma indevida a autonomia médica para o Estado, ou


município na forma de sua autoridade sanitária, para definir, o início, a duração e o
término da aplicação do escore. Essa transferência viola nitidamente o próprio
código de ética médica, ao restringir a escolha do profissional de medicina em
aplicar metodologias duvidosas de escore de doenças, operando um verdadeiro
retrocesso cientifico.” (p.546)

“Compete única e exclusivamente ao profissional médico a escolha do tratamento


adequado ao seu paciente.” (p.546)

“A “escolha de Sofia”, se a tanto se chegar, só pode ser feita pelo médico que
efetivamente se encontrar diante de uma situação de vida ou morte do seu paciente
e deve decidir de acordo com suas convicções, para determinar naquele momento
qual o melhor tratamento ao seu paciente.” (p,547)

“Tem-se, então, a manifestação do poder da soberania com o Estado legitimado na


faculdade de matar e em contraposição justo direito de sobrevivência do cidadão.”
(p.548)

“(...) observa o Estado impondo regras de restrição ao acesso de tratamentos


médico-hospitalar com base em critérios de escore, idade e doenças preexistentes,

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para definir de uma forma sistematizada quais pacientes devem viver ou morrer.”
(p.548)

“Fica evidenciado que é dever do Estado prestar o adequado serviço de saúde a sua
população, sendo inclusive reconhecido como um direito social [12] , um direito de
todos o acesso universal à saúde.” (p.548)

“Neste contexto, quando se nega o atendimento médico necessário ao cidadão em


situação de emergência, o Estado está condenando o sujeito a morte.” (p.549)

“Quando o Estado falha em garantir o acesso à saúde por via do seu Poder
executivo, seja não criando políticas públicas de acesso a saúde, ou, quando
existentes, não proporciona a efetiva execução e implementação dessas políticas, a
única solução que resta ao cidadão é buscar suas garantias constitucionais através
do Poder Judiciário.” (p.549)

“Assim, os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário têm atribuições


predominantes típicas de suas funções e atribuições atípicas que são realizadas
subsidiariamente.” (p.550)

“Desta forma, quando surge a figura de um juiz constitucional, decidindo se


determinada política pública deve ou não ser aplicada em um caso concreto, de
sorte não estamos diante de uma invasão de competência legislativa ou até mesmo
executiva.” (p.550)

“Outrossim, diante de uma situação de injustiça social, o poder Judiciário, ao ser


provocado pelo cidadão ou por organizações sociais, pode e deve oferecer proteção
ao indivíduo e à sociedade, ao decidir se determinada política pública deverá ser
aplicada ou não.” (p.551)

“Ora, se o Estado quer adotar uma política pública da morte, visando a excluir
determinados cidadãos de buscar o acesso à saúde, passando por cima da
autonomia médica e criando um Estado de exceção, nesse caso o Poder Judiciário
deve ser o guardião da Constituição Federal e do pacto social, garantindo o acesso
à saúde de todos os cidadãos, indistintamente, sem que sejam adotados critérios
preconceituosos de exclusão.” (p.551)

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“Deve o Estado garantir o acesso à saúde igualmente a toda população, pois esse é
seu irrecusável dever constitucional.” (p.552)

“(...) a figura do juiz constitucional, apresentando-se como um contrapeso à


execução das políticas públicas dissonantes com a ordem constitucional, visando a
garantir a efetividade da aplicação da justiça social, assegurando que sejam
respeitados todos os direitos fundamentais.” (p.553)

“O judiciário, sempre que provocado, não pode se calar diante de manifesta injustiça
e segregação social (...)” (p.553)

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REFERÊNCIA

BAHIA, Saulo José Casali (Coord.). Direitos e deveres fundamentais em tempos


de coronavírus. São Paulo: Editora Iasp, 2020. volume 3).

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