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FACULDADE SANTA LÚCIA PÁGINA 1 DE 87

MATERIAL DE APOIO
DISCIPLINA: NEGOCIAÇÃO, MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM
PROFESSOR DA DISCIPLINA: Dairson Mendes de Souza
CURSO: DIREITO – 7º SEMESTRE – 2023/1

EMENTA DO COMPONENTE CURRICULAR


Introdução aos mecanismos consensuais de solução de controvérsias. Negociação. Mediação.
Arbitragem.

OBJETIVOS DO COMPONENTE CURRICULAR


Objetivos Gerais:
• Conhecer a Política Judiciária Nacional de tratamento dos conflitos de interesses,
tendente a assegurar a todos o direito à solução dos conflitos por meios adequados à sua
natureza e peculiaridade, instituída pela Resolução 125/10 do CNJ.
• Entender que a existência do conflito gera a necessidade de sua pacificação e que
existem mecanismos consensuais alternativos de solução de controvérsias ao método
clássico litigioso de resolução de conflitos.
• Possibilitar ao aluno a compreensão das especificidades e indicações dos mecanismos
consensuais de solução de controvérsias.
• Promover a interdisciplinaridade da matéria com outras da grade.
• Objetivos Específicos:
• Compreender a necessidade da pacificação social em tempo razoá vel.
• Conhecer as vantagens dos métodos consensuais de solução de controvérsias
• Conhecer a negociação.
• Conhecer a mediação.
• Conhecer a arbitragem.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA
CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e processo: um comentário à lei 9307/96. 3. ed. São
Paulo: Atlas, 2009.
FIORELLI, José Osmir; FIORELLI, Maria Rosa; MALHADAS JÚNIOR, Marcos Júlio Olivé.
Mediação e solução de conflitos: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2008.
FISHER, Roger; URY, William; PATTON, Bruce. Como chegar ao sim: a negociação de
acordos sem concessões. 2. ed. Rio de Janeiro: Imago, 2005.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
GUILHERME, Luiz Fernando do Vale Almeida. Manual dos mescs: meios judiciais e
extrajudiciais de solução de conflitos. Barueri: Manole, 2016.
MORAIS, José Luiz Bolzan de; SPLENGER, Fabiana Marion. Mediação e arbitragem:
alternativas à jurisdição. 2. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008.
MUSZKAT, Malvina Ester (org). Mediação de conflitos: pacificando e prevenindo a
violência. 2. ed. São Paulo: Summus, 2003.
ROCHA, José de Albuquerque. Lei de arbitragem: uma avaliação crítica. São Paulo: Atlas,
2008.
SOUZA, Zoraide Amaral de. Arbitragem, conciliação e mediação nos conflitos trabalhistas.
São Paulo: LTr, 2004.
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BIBLIOGRAFIA VIRTUAL

BACELLAR, Roberto Portugal. Mediação e arbitragem. [livro eletrônico]. Curitiba:


Contentus, 2020. Disponível em https://plataforma.bvirtual.com.br/Acervo/Publicacao/184109.
Acesso em 13 de fevereiro de 2023.

GARBELINI, Viviane Maria Penteado. Negociação e conflitos. [livro eletrônico] Curitiba:


Interesaberes, 2016. Disponível em
https://plataforma.bvirtual.com.br/Acervo/Publicacao/37447 Acesso em 13 de fevereiro de
2023.

MARTINS, Alessandra Negrão Elias. Mediação familiar para idosos em situação de risco.
São Paulo: Bluchner, 2017. [livro eletrônico]. Disponível em
https://plataforma.bvirtual.com.br/Acervo/Publicacao/163864 . Acesso em 13 de fevereiro de
2023.

TOMAZONI, Larissa Ribeiro. Mediação Familiar. [livro eletrônico]. Curitiba: Contentus,


2020. Disponível em https://plataforma.bvirtual.com.br/Acervo/Publicacao/186506. Acesso em
13 de fevereiro de 2023.

URBANO, Alexandre Figueiredo de Andrade Urbano; MAZIERO, Franco Giovanni Mattedi.


Arbitragem na contemporaneidade. [livro eletrônico]. Belo Horizonte: Del Rey, 2020.
Disponível em https://plataforma.bvirtual.com.br/Acervo/Publicacao/163864 . Acesso em 13
de fevereiro de 2023.

AULA INAUGURAL – CONSIDERAÇÕES SOBRE O SEMESTRE


Matéria
Bibliografia
Estudo de caso + prova escrita (10% da nota + 90% da nota)
Avaliações {
Estudo de caso + prova escrita (10% da nota + 90% da nota)
Faltas (só serão abonadas nos casos legais: gravidez, doença infecto contagiosa,
serviço militar).
Chamada (no início, meio ou final da aula)
Datas:
Estudo de casos: 13 de março e 08 de maio
Avaliações: 27 de março e 29 de maio
Regras de comportamento:
• Respeito, educação, empatia e solidariedade.
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INTRODUÇÃO AOS MECANISMOS CONSENSUAIS DE SOLUÇÃO DE
CONTROVÉRSIAS.
Introdução. O acesso à justiça como direito básico. A razoável duração do processo.
Conflito. Jurisdição. Crise.

1. INTRODUÇÃO

Superada a fase da autotutela com a sua proibição e organizado o Estado,


este assumiu a função de distribuir justiça, utilizando-se, para isso, do processo.

Professam Antonio Carlos de Araújo Cintra, Ada Pelegrini Grinover e


Cândido Rangel Dinamarco1 que a insatisfação gera o conflito. O conflito perturba a
paz social e precisa ser debelado e ele só o será através do processo, que é o “meio ou
instrumento de composição da lide.”

O processo consiste “numa série de atos coordenados, tendentes à atuação


da lei, tendo por escopo a composição da lide.”2

Em certas matérias não se admitem exceções à regra da proibição da autotutela e nem


se admite também a autocomposição, como, de modo geral, o é para a imposição de
pena.

Assim, em matéria criminal e em alguns casos de direito privado em que o Estado


tem particular interesse (como anulação de casamento, suspensão e perda de poder
familiar, etc.), não se consegue a satisfação da pretensão sem o processo.

No início da civilização dos povos, não havia consciência da distinção


entre ilícito penal e ilícito civil. Não se tinha consciência de que o dano, em certos
casos, atinge não só os particulares, mas em especial o próprio grupo social, a
comunidade no seu todo, ou seja, o próprio Estado, como hoje é conhecido.

1Cintra, Antonio Carlos de Araújo; Grinover, Ada Pelegrini; e Dinamarco, Cândido Rangel. Teoria Geral do processo, 26ª edição.
São Paulo: Malheiros Editores, 2010, ps. 37 e 38.

2 Lide é “o conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida.” (Santos, Moacyr Amaral. Primeiras Linhas de Direito
processual Civil, Processo de Conhecimento, vol. 1, 25ª edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2008, ps. 6, 8 e 9).
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A infração penal (ofensa a valores sociais relevantes), como hoje é


conhecida, através de longa evolução, exigiu que viesse a ser punida só pelo
ESTADO. Chegou-se a conclusão da mais absoluta proibição de aplicação de pena,
sem prévia realização de um processo.
É a regra nulla poena sine judicio (Ada, ob. cit., p. 38).

Em tais casos, proibiu-se por completo a autotutela e a autocomposição


(transação entre Estado e acusado, ou submissão voluntária deste).

A CF, no art. 5º, LV, assegura aos acusados a mais ampla defesa e assegura
também que o processo será contraditório, ou seja, com a garantia de que as partes
terão, necessariamente, conhecimento completo de todas as alegações e provas
produzidas pela parte adversária, com a oportunidade de discuti-las e contrariá-las.

Havia e há exceções no direito inglês onde é admitido o plea of guilty e


também no direito norte-americano com o plea bargaining (transação entre acusação
e defesa para aplicação de pena inferior, em casos de delitos de menor gravidade).

E, agora, temos isso também no Brasil, com o advento da Lei nº 9.099, de


26 de setembro de 1995, com previsão constitucional (art. 98, inc. I), que adota
medidas despenalizadoras, que são medidas penais ou processuais que evitam a pena
de prisão, nas infrações de menor potencial ofensivo.

São elas:

a) composição civil, que extingue a punibilidade (art. 74, par. único);

b) não havendo composição civil ou tratando-se de ação penal pública


incondicionada, a lei prevê a aplicação imediata de pena alternativa (restritiva de
direitos ou multa), mediante transação penal (art. 76);

“ Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública


incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação
imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.”

c) nos crimes de lesões corporais culposas ou leves, a ação penal exige


representação (art. 88); e
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“ Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de
representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas.”

d) nos crimes com pena mínima não superior a um ano, é permitida a


suspensão condicional do processo (art. 89).

“ Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano,
abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá
propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja
sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais
requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal).
§ 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este,
recebendo a denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o acusado a período de
prova, sob as seguintes condições:
I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;
II - proibição de freqüentar determinados lugares;
III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz;
IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e
justificar suas atividades.
§ 2º O Juiz poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão,
desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado.
§ 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser
processado por outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano.
§ 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso
do prazo, por contravenção, ou descumprir qualquer outra condição imposta.
§ 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a punibilidade.
§ 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do processo.
§ 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste artigo, o processo
prosseguirá em seus ulteriores termos.

Código Penal:

Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos,


poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que: (Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - o condenado não seja reincidente em crime doloso; (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente,
bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do
benefício; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste
Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do
benefício. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2o A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, poderá
ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de setenta anos
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de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão. (Redação dada pela Lei nº


9.714, de 1998)

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2. ACESSO À JUSTIÇA

A mesma Constituição Federal, no seu artigo 5º, LIV, garante às partes


litigantes o chamado devido processo legal (due process of law), originário do direito
inglês, de onde passou para o norte-americano, chegando à Constituição como V
emenda, garantindo o processo como “instrumento público de realização da justiça.”
(Ada, ob. cit., pág. 86), o que se efetivará com outra garantia, a do acesso à justiça.

O acesso à justiça qualifica-se como ACESSO A ORDEM JURÍDICA


JUSTA.

Ele não se identifica como mera admissão ao processo mais sim, como o
efetivo acesso a um número indefinido de pessoas à justiça.

É indispensável que o maior número possível de pessoas seja admitido a


demandar e a defender os seus interesses, adequadamente, e sem restrições quanto a
determinadas causas, como causas de pequeno valor, causas de interesses difusos, etc.

É preciso que o acesso se dê com ampla assistência jurídica, integral e


gratuita aos necessitados, como previsto na CF, art. 5º, inc. LXXIV, e que o processo
seja efetivo, vale dizer, o processo deve dar a quem tem o direito, tudo aquilo e
precisamente aquilo que ele tem direito de obter, dentro de tempo razoável (art. 5º,
LXXVIII).

Assim, o ACESSO À JUSTIÇA compreende:

- Admissão do devido processo legal,

- Modo de ser do processo (com contraditório e ampla defesa),

- Justiça das decisões (o juiz deve pautar-se pelo critério da justiça),


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- Efetividade das decisões – dá-se tudo e precisamente aquilo que se tem


direito, inclusive com o uso adequado de medidas cautelares, e tudo dentro de tempo
razoável.

3. A RAZOÁVEL DURAÇÃO DO PROCESSO.

Insculpido na Constituição Federal como princípio, no artigo 5º,


LXXXVIII, pela EC 45/2004, a razoável duração do processo tem, agora, assento
legislativo também no novo Código de Processo Civil (Lei n. 13.105, de 16.3.2015),
no seu artigo 4º, assim redigido:

“As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do


mérito, incluída a atividade satisfativa.”

Em comentário ao aludido artigo 4º do novo CPC, aponta HUMBERTO


DALLA BERNARDINA DE PINHO3:

“Princípio insculpido no art. 5º, LXXVIII, da Carta de 1988, e reproduzido


no art. 4º do CPC/2015, esse dever exterioriza a preocupação com a demora
na prestação jurisdicional e os seus efeitos danosos ... o CNJ sempre
demonstrou especial atenção a este fato, chegando mesmo a baixar metas
concretas e específicas, tanto de produtividade, como de controle dos
prazos.
Espera-se que, com o aumento da atividade conciliatória, o uso dos
precedentes vinculantes, e a expansão do uso do processo judicial
eletrônico, possamos reduzir cada vez mais o tempo de duração do
processo. Obviamente, temos sempre que ter o cuidado para que tais
providências não afetem a efetividade do processo e a preocupação maior
com a real satisfação das pretensões deduzidas em juízo.”

Igualmente CÁSSIO SCARPINELLA BUENO4:

“O art. 4º reproduz, no plano infraconstitucional, o “princípio da economia


e eficiência processuais” constante do art. 5º, LXXVIII, da CF, incluído
pela EC n. 45/2004.
3PINHO, Humberto Dalla Bernardina de. Direito Processual Civil Contemporâneo. Teoria Geral do Processo, 6ª edição. Saraiva:
São Paulo, 2015, págs. 310/311
4 BUENO, Cássio Scarpinella. Novo Código de Processo Civil Anotado. São Paulo: Saraiva, 2015, págs. 43/44, itálicos no original.
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A expressa menção a “atividade satisfativa” é digna de destaque para


evidenciar que a atividade jurisdicional não se esgota com o
reconhecimento (declaração) dos direitos, mas também com a sua
concretização. Até porque, nos casos de título executivo extrajudicial, o
que o exequente busca perante o Estado-juiz é a satisfação do seu direito e
não o reconhecimento de que ele existe. Cabe ao executado, nestes casos,
se este for o caso, requerer o contrário, isto é, o reconhecimento de que o
direito subjacente ao título executivo não existe.
E mais: é regra que permite compreender mais adequadamente o “processo
sincrético”, indubitavelmente albergado pelo novo CPC, assim
compreendido como o processo que se divide em fases (ou etapas) sem
solução de continuidade, nas quais se distribuem “atividades cognitivas”
(de conhecimento) e “atividades satisfativas” (de cumprimento ou de
execução) de diversa ordem, mas sempre com a finalidade principal de
verificar para quem a tutela jurisdicional deve ser prestada e também criar
condições de sua efetiva prestação, isto é, a satisfação do direito tal qual
reconhecido existente pelo Estado-juiz.”

Ora, é claro que para se valer do processo como instrumento legal de


distribuição de justiça, o Estado utiliza-se da chamada jurisdição.

4. JURISDIÇÃO. CONCEITO.

O Estado moderno, para assegurar e desenvolver as condições da vida em


sociedade, exerce três funções distintas, conquanto harmônicas entre si,
correspondentes aos três poderes – Legislativo, Executivo e Judiciário – em que
distribui o seu poder soberano, as funções legislativa, administrativa e jurisdicional.

Como legislador, o Estado estrutura a ordem jurídica. Formula as leis


destinadas à conservação e desenvolvimento da vida em sociedade.

Realizando a ordem jurídica, aplica a lei. Aplica-a no exercício de sua


função administrativa, de garantia do bem comum, ou no exercício de sua função
jurisdicional, de compor conflitos de interesses perturbadores da paz jurídica.
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A JURISDIÇÃO, PORTANTO, É UMA DAS FUNÇÕES DA SOBERANIA DO


ESTADO.

Consiste no poder de atuar o direito objetivo, que o próprio Estado


elaborou, compondo os conflitos de interesses e dessa forma resguardando a ordem
jurídica e a autoridade da lei.

ESSA FUNÇÃO DO ESTADO É PRÓPRIA E EXCLUSIVA DO PODER


JUDICIÁRIO.

É ele, dentro dessa função, que atua o direito objetivo na composição dos
conflitos de interesses ocorrentes.

A partir do momento em que o Estado proibiu a autotutela, ele se organizou


e avocou para si o exercício dessa função, através do Poder Judiciário.

Em outros tempos essa função era do rei, como em Roma nos dias mais
remotos.

Na Idade Média, dispunham do poder jurisdicional os senhores feudais.


Também a igreja, associada ao Estado.

A Revolução Francesa consolidou o princípio da separação dos poderes do


Estado, tornando pacífico que a jurisdição é função do Estado que a exerce pelo
Poder Judiciário, através dos seus órgãos, juízes e tribunais.

É FUNÇÃO PROVOCADA. Quem a invoca, manifesta uma pretensão


contra ou em relação a alguém.5

CARÁTER SUBSTITUTIVO
Exercendo a jurisdição, o Estado substitui com atividade sua, a atividade
dos envolvidos no conflito.

Não cabe a nenhuma das partes dizer se a razão está com ela ou com a
outra. É o Estado que vai dizer isso através da jurisdição.6

5 Santos, Moacyr Amaral. Ob. cit., p. 68.


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5. CRISE

Com o amplo acesso à justiça, incrementado pela Constituição Federal de


1988, um grande volume de processos se formou perante o Poder Judiciário,
causando, com isso, uma acentuada demora na prestação da tutela jurisdicional,
gerando uma crise na atuação desse Poder, para a solução dos conflitos, chamada de
crise da jurisdição.

A existência dessa crise de jurisdição, levou o legislador a incrementar a


utilização de mecanismos outros para dar solução mais rápida aos conflitos, cuja
solução vem instrumentalizada na utilização da negociação, conciliação, mediação e
arbitragem.
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MECANISMOS CONSENSUAIS DE SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS. 06/03/23
1. Introdução. 2. Conciliação. Negociação, Mediação e Arbitragem.
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1. INTRODUÇÃO

O legislador processual civil, visando dar uma solução rápida ao litígio,


incentiva a conciliação.

Ele o faz nos artigos 3º, §3º; 139, V, e 334 e 339 do CPC, possibilitando ao
juiz, a qualquer tempo, conciliar as partes; obrigando à realização da audiência
preliminar (art. 334), visando obter a conciliação das partes, o que é repetido quando
da realização da audiência de instrução e julgamento (art. 339), que deve ser
precedida da conciliação, tudo isso quando a causa versar sobre direitos que admitam
transação.

O artigo 3º do Novo Código de Processo Civil (Lei nº 13.105, de 16-3-


2015), está assim redigido:

“Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.


§1º É permitida a arbitragem, na forma da lei.

6 Cintra, Antonio Carlos de Araújo; Grinover, Ada Pelegrini; e Dinamarco, Cândido Rangel. Ob. cit., p. 150.
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§2º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos


conflitos.
§3º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de
conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos
e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial.”7

O caput do art. 3º do NCPC é repetitivo do que está no art. 5º, XXXV, da


Constituição Federal: “a lei não excluirá do Poder Judiciário lesão ou ameaça a
direito.”8

Trata-se do princípio da “inafastabilidade da jurisdição” ou do “acesso à


Justiça”.

E, nos parágrafos são admitidas as exceções da arbitragem e dos “meios


alternativos de resolução de conflitos”, plenamente compatíveis com o referido
princípio e incentivadas pelas leis processuais civis.

Pelo NCPC há obrigatoriedade da audiência de conciliação ou de mediação


no procedimento comum (art. 334, caput e §4º, I).9

Então temos que um “conflito pode ser solucionado pela via estatal (jurisdição)
ou pelas vias chamadas alternativas.” (PINHO, Umberto Dalla Bernardina de. Direito
Processual Civil Contemporâneo. Teoria Geral do Processo, 6ª edição, São Paulo:
Editora Saraiva, 2015, pág. 811).

Esse mesmo autor aponta em nota de rodapé, que “Tais vias alternativas
são hoje largamente difundidas em diversos países, recebendo nomenclatura variada.
No Brasil são chamados MASC – Meios alternativos de Solução de Conflitos. Nos
Estados Unidos foram batizados de mecanismos de ADR – “Alternative Dispute
Resolution”. Na Argentina são identificados como meios de R. A. C. – Resolución
Alternativa de Conflictos.”10
7 VADEMECUM Saraiva, Compacto, 2016, 15ª edição, , São Paulo: Editora Saraiva, pág. 359.
8 VADEMECUM cit., pág. 7.
9
BUENO, Cassio Scarpinella. Novo Código de Processo Civil Anotado. São Paulo: Editora Saraiva, 2015,
pág. 43).
10
PINHO, Umberto Dalla Bernardina de. Ob. cit., págs. 811/812.
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2. NEGOCIAÇÃO, CONCILIAÇÃO, MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM

HUMBERTO DALLA BERNARDINA aponta que as vias alternativas de


solução de conflitos, podem ser classificadas em “alternativas puras e híbridas.” (ob.
cit., p. 812)

As puras são aquelas em que a solução do conflito se dá sem qualquer


interferência jurisdicional. Nas híbridas, em algum momento, ainda que para efeitos
de mera homologação, há a participação do Estado-Juiz.

São meios híbridos, no direito brasileiro, a conciliação obtida em


audiência ou no curso de um processo já instaurado; a transação penal (art. 76, da Lei
n. 9.099/95); a remissão prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente (arts. 148,
II, e 201, I, da Lei n. 8.069/90) e o termo de ajustamento de conduta (arts. 5º, §6º, da
Lei n. 7.347/85, e 211 da Lei n. 8.069/90), celebrado numa ação civil pública.

São formas puras a negociação, a mediação e a arbitragem. (ob. cit., p.


812).

1. Negociação. Conceitos básicos. Importância da negociação. O


problema. O método. Comunicação eficaz. Dez perguntas sobre como chegar ao
sim. O acordo.
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1. NEGOCIAÇÃO

Conceitos básicos

“A negociação é um meio básico de conseguir o que se quer de outrem. É


uma comunicação bidirecional concebida para chegar a um acordo, quando
você e o outro lado têm alguns interesses em comum e outros opostos.” 11

Segundo os mesmos autores,

11 FISHER, Roger; WILLIAM Ury; BRUCE Patton. Como Chegar ao Sim. A Negociação de Acordos Sem Concessões;
tradução Vera Ribeiro e Ana Luiza Borges. 2ª Ed., Rio de Janeiro: 2005. IMAGO Editora, p.15.
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“A negociação é uma verdade da vida. ...


Todo o mundo negocia algo a cada dia... as pessoas negociam até
mesmo quando não o pensam estar fazendo. Uma pessoa negocia com
seu cônjuge sobre onde irem jantar e negocia com o filho sobre a hora
de apagar as luzes. ... As pessoas diferem e usam a negociação para
lidar com suas diferenças. Seja nos negócios, no governo ou na
família, as pessoas chegam à maioria das decisões através da
negociação. Mesmo quando recorrem aos tribunais, quase sempre
negociam um acordo antes do julgamento.” (Ob. e loc. cit.)

O Problema

Explicam os mesmos autores que, embora a negociação seja uma realidade


da vida e ocorra todos os dias, não é fácil conduzi-la a contento. As “estratégias
padronizadas de negociação frequentemente deixam as pessoas insatisfeitas,
desgastadas e alienadas – e, com muita freqüência, as três coisas.” (Ob. e loc. cit.)

Elas percebem duas maneiras de negociar: com afabilidade ou aspereza.


(grifos nossos)

Afável é aquele negociador que quer evitar conflitos pessoais e, desse


modo, faz concessões prontamente para chegar a um acordo. No entanto acaba
frequentemente explorado e sente-se amargurado.

O áspero encara qualquer situação como se fosse uma disputa de vontades


e o lado que mais resiste e assume posições extremadas obtém melhores resultados.
Ele acaba por provocar uma reação igualmente áspera, que o exaure e prejudica suas
relações com o outro lado.

Há uma terceira maneira de negociar que não é áspera nem afável, mas
antes áspera e afável.

O método da negociação baseada em princípios, que consiste em decidir as


questões a partir de seus méritos, e não através de regateio centrado no que cada parte
se dispõe a fazer e a não fazer.
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Esse método é rigoroso quanto aos méritos e brando com as pessoas. Não
emprega truques nem assume posturas.

Aludidos autores apontam ainda que “A negociação baseada em princípios


mostra-lhe como obter aquilo a que você tem direito e, ainda assim, agir com
decência. Permite-lhe ser imparcial, ao mesmo tempo que o protege daqueles que
gostariam de tirar vantagem de sua imparcialidade.” (Ob. cit., pág. 16)

Ele pode ser usado “quando há uma ou várias questões em jogo; duas ou mais
partes; quando há algum ritual predeterminado, como nas negociações coletivas, ou
uma situação imprevista de conflito, como ao falar com assaltantes de estrada.

O método se aplica independentemente de a outra parte ser mais ou menos


experiente e de ser um negociador difícil ou amistoso. A negociação baseada em
princípios é uma estratégia para todos os fins.” (Ob. cit., pág. 17)

O Método

O método consiste em: a) separar as pessoas do problema; b) Concentrar-se


nos interesses, não nas posições; c) Inventar opções de ganhos mútuos, e d) Insistir
em critérios objetivos.

Separar as pessoas do problema não é algo que se possa fazer uma só vez e
depois esquecer; é preciso continuar a trabalhar nesse sentido. A abordagem básica
consiste em lidar com as pessoas como seres humanos e com o problema segundo
seus méritos (ob. cit., fls. 56).
Concentrar-se nos interesses e não nas posições: Negociar com firmeza não
significa fechar os olhos ao ponto de vista do outro lado. Dificilmente se pode esperar
que o outro lado de ouvidos a seus interesses e discuta as opções que você sugere se
você não levar em conta os interesses dele e mostrar-se acessível as suas sugestões
(ob. cit., fls. 72).

Inventar opções de ganhos mútuos: Numa situação complexa a invenção


criativa é uma necessidade absoluta. Portanto, gere muitas opções antes de optar por
uma delas. Invente primeiro, decida depois. Procure sempre os interesses comuns (ob.
cit., fls. 96)
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Insistir em critérios objetivos: observando padrões justos, baseados em


critérios objetivos já existentes, isto é, critérios conhecidos e formados independente
da vontade das partes. Por exemplo: numa disputa de fronteira, talvez seja mais fácil
concordar num aspecto físico saliente, como um rio, do que numa linha a três metros
da margem do rio. Critérios objetivos são os que se aplicam, ao menos teoricamente,
a ambos os lados. (ob. cit., fls. 101/102)

Dez perguntas sobre como chegar ao sim. O acordo.

1. “A Barganha Posicional Nunca Faz Sentido?”


2. “E Se a Outra Parte Tem uma Concepção Diferente de Justiça?”
3. “Devo Ser Justo se Não For Preciso?”
4. “O que Fazer quando as Pessoas São o Problema?”
5. “Devo Negociar até mesmo com Terroristas ou com Alguém como Hitler?
Quando Cabe Não Negociar?”
6. “Como Adaptar meu Método de Negociação para Explicar Diferenças de
Personalidade, Gênero, Cultura etc?”
7. “Como Decidir Coisas como ‘Onde Devemos nos Encontrar?’, ‘Quem Deve
Fazer a Primeira Oferta?’ e ‘Em que Ponto Devo Começar?’”
8. “Concretamente, como Passar da Invenção de Opções ao Compromisso?”
9. “Como Experimentar essas Idéias sem Assumir Muitos Riscos?”
10. “O Modo como Negocio Pode Fazer Diferença Se o Outro Lado é Mais
Poderoso?” “Como Aumentar meu Poder de Negociação?”

1. “A Barganha Posicional Nunca Faz Sentido?”


A barganha posicional é fácil e não requer preparo. Pode ser compreendida até
mesmo por gestos, quando as partes não falam a mesma língua.

2. “E Se a Outra Parte Tem uma Concepção Diferente de Justiça?”


A colocação de padrões comunitários é mais sensato do que um resultado
arbitrário, pois numa negociação não há uma resposta “certa” ou “mais justa”. As
pessoas tem diferentes padrões de julgamento.

3. “Devo Ser Justo se Não For Preciso?”


Receber mais do que o que seria justo reclama uma reflexão maior. Há mais
coisas em jogo além do que o ganho extra.
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4. “O que Fazer quando as Pessoas São o Problema?”


Separar as pessoas do problema é o principal. Estabeleça sempre uma relação de
trabalho independente de chegar a um acordo ou não. O mais importante é lidar com
as divergências mantendo uma boa relação de trabalho.

5. “Devo Negociar até mesmo com Terroristas ou com Alguém como Hitler?
Quando Cabe Não Negociar?”
Por mais que o outro lado seja repugnante, se você não tiver uma MAANA( 12)
melhor, a questão não é se deve negociar, mas como negociar.
Negociar aqui não significa fazer concessão. Através da comunicação é possível
apreender quais os interesses em jogo e realizar um acordo em que nenhum dos lados
precise ceder.
Negociar com alguém como Hitler. Depende da alternativa. Por alguns
interesses vale a pena combater e até morrer (libertar o mundo do fascismo, resistir à
agressão territorial e deter o genocídio se enquadram nesta categoria). Se esses
interesses não podem ser defendidos por meios mais brandos, deve-se estar preparado
para lutar, e, às vezes não. É preciso analisar os valores em jogo, custos, sofrimento
humano. Caberá a negociação se o resultado atender melhor os nossos interesses que
a nossa MAANA.

6. “Como Adaptar meu Método de Negociação para Explicar Diferenças de


Personalidade, Gênero, Cultura etc?”
Respeite as diferenças de costumes e crenças, ouça atentamente tudo e tenha
muito cuidado ao fazer suposições sobre os indivíduos. Prepare-se para uma
abordagem adequada à situação.

7. “Como Decidir Coisas como ‘Onde Devemos nos Encontrar?’, ‘Quem


Deve Fazer a Primeira Oferta?’ e ‘Em que Ponto Devo Começar?’”
Se a parte não se sente segura com um isolamento, ou precisar de um apoio de
equipe, talvez se sinta à vontade no seu escritório ou no dela. Prefira uma sala de
reunião onde se sinta à vontade e se necessário, com equipamentos como quadro
negro, projetor, etc.
Fazendo ou não uma oferta, seja extremamente cuidadoso em sua avaliação. A
estratégia depende de preparação.

12
MAANA - Melhor alternativa à negociação de um acordo
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8. “Concretamente, como Passar da Invenção de Opções ao


Compromisso?”
Desenvolva opções sensatas e que satisfaçam as duas partes na negociação. Para
fechar um acordo elabore minutas, reduzindo a possibilidade de um mal entendido
posterior.

9. “Como Experimentar essas Idéias sem Assumir Muitos Riscos?”


Comece aos poucos, reveja suas atuações e prepare-se sempre e muito, muito
trabalho.

10.“O Modo como Negocio Pode Fazer Diferença Se o Outro Lado é Mais
Poderoso?” “Como Aumentar meu Poder de Negociação?”
Concentre-se sempre em aprimorar sua MAANA, respeitando-se também
sempre a da outra parte e nunca avalie “quem é mais poderoso. O procedimento mais
prático é ser otimista e desenvolver uma boa relação de trabalho. A boa comunicação
é uma fonte especialmente significativa de poder de negociação.

2. Mediação. Conceito. Resolução 125/10 do Conselho Nacional de Justiça


(CNJ)(Anexo). Princípios. Responsabilidade do mediador. Vantagens da
Mediação.
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2. MEDIAÇÃO:

Na mediação, recorre-se à intermediação de um terceiro (particular), que


aproxima as partes e trabalha o conflito, daí surgindo um acordo que põe fim ao
litígio.

Cintra, Grinover e Dinamarco apontam:

A mediação assemelha-se à conciliação: os interessados utilizam a


intermediação de um terceiro, particular, para chegarem à pacificação de
seu conflito. Distingue-se dela somente porque a conciliação busca
sobretudo o acordo entre as partes, enquanto a mediação objetiva trabalhar
o conflito, surgindo o acordo como mera conseqüência. Trata-se mais de
uma diferença de método, mas o resultado acaba sendo o mesmo.
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Nos últimos anos instalaram-se no Brasil muitos centros de mediação, que


desenvolvem trabalho interdisciplinar com muito êxito. Está em andamento
no Congresso Nacional um projeto de lei que visa a implantar a mediação
no sistema do processo civil.” (Cintra, Antonio Carlos de Araújo; Grinover,
Ada Pellegrini; Dinamarco, Cândido Rangel. Teoria Geral do Processo, 26ª
edição, Malheiros Editores, São Paulo, 2010, ps. 34/35).

Conceito: “forma de bloquear a comunicação de pessoas que estejam em


conflito e que por isso mesmo estão incapacitadas de resolvê-lo por si mesmas sem a
intervenção de um terceiro – neste caso, o mediador.” Assim, o mediador bloqueia a
má-comunicação e restabelece a boa comunicação entre as partes.

É uma das formas mais antigas e naturais de resolução dos conflitos.

As pessoas que estão em conflitos devem buscar um mediador para que a


comunicação possa ser restabelecida como mecanismo de resolução do conflito, em
sendo ele um terceiro sujeito imparcial e escolhido pelas partes.

A RESOLUÇÃO 125/10 DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA


– material de apoio anexo.

Vantagens da mediação

• Preservação dos laços entre as partes.


• Confidencialidade;
• Economicidade;
• Rapidez.

Espécies de mediação: extrajudicial e judicial.

Princípios da Mediação previstos na Lei de Mediação (Lei 13.140/15):

Art. 2º A mediação será orientada pelos seguintes princípios:


I - imparcialidade do mediador;
II - isonomia entre as partes;
III - oralidade;
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IV - informalidade;
V - autonomia da vontade das partes;
VI - busca do consenso;
VII - confidencialidade;
VIII - boa-fé.

CEJUSC – Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania.


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O que é CEJUSC?
O Conselho Nacional de Justiça criou em 2010 a Resolução nº 125 que
disciplina a Política Judiciária Nacional de Tratamento Adequado dos Conflitos de
Interesses no âmbito do Poder Judiciário e, dentro dessa política, aos CEJUSCs cabe
a realização de audiências e sessões de conciliação e mediação de forma centralizada,
bem como outros serviços de atendimento e orientação ao cidadão.

Em comarcas em que não há CEJUSC instalado, qual é o procedimento


para instalação?
O NUPEMEC proporciona parâmetros de instalação dos CEJUSCs
diretamente no sítio do Tribunal de Justiça.

O que significa a Meta 3 do Conselho Nacional de Justiça?


Nas comarcas do Estado onde ainda não há CEJUSC instalado, cabe ao
NUPEMEC incentivar a instalação buscando parcerias público-privadas, para que o
Judiciário oferte aos cidadãos espaço adequado para tratamento dos conflitos de
interesses. As atividades nele desenvolvidas devem contar com facilitadores
capacitados, com oferta de serviço qualificado que, além de atingir a satisfação do
usuário, busque aumentar o número de homologações de acordos na esfera pré-
processual de tal modo que o número das avenças atingidas seja superior à média das
sentenças homologatórias nas unidades judiciais correlatas.

O CEJUSC só realiza sessões de mediação extraprocessual?


Não, o CEJUSC pode realizar sessões de mediação processuais e
extraprocessuais. O CEJUSC, contudo, tem como principal tarefa desenvolver
Políticas Públicas de Tratamento Adequado de Conflitos, de forma que evite a
judicialização, com vistas ao atendimento da Meta 3 estabelecida pelo Conselho
Nacional de Justiça. A referida meta objetivou “impulsionar os trabalhos dos
CEJUSCs e garantir aos Estados que já o possuem que, conforme previsto na
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Resolução 125/2010, homologuem acordos pré-processuais e conciliações em


número superior à média das sentenças homologatórias nas unidades jurisdicionais
correlatas. Aos que não o possuem, a meta é a implantação de número maior do que
os já existentes”. Assim, a organização da atividade autocompositiva sempre estará a
cargo dos CEJUSCs, seja ela na área processual ou extraprocessual. Eventualmente,
para melhor orientação dos facilitadores atuantes nas varas, comodidades das partes e
dinâmicas de trabalho desenvolvidas entre os Juízes das Varas e Juízes
Coordenadores dos CEJUSCs, será viável a realização de sessões de mediação
diretamente nas varas ou em outros ambientes.

Que critérios os juízes utilizam para avaliar se o pedido é passível de


mediação a fim de serem remetidos aos CEJUSCs?
O juiz da vara, ao receber a petição inicial, verificará a sua regularidade e,
não sendo caso de improcedência liminar do pedido inicial, designará sessão de
conciliação nos termos do artigo 27 da Lei da Mediação.

Como os processos são remetidos aos CEJUSCs?


Os processos são remetidos aos CEJUSCs mediante carga eletrônica da
vara de origem. O feito é enviado ao CEJUSC, que designa a data da sessão conforme
a disponibilidade de facilitadores, e o devolve à vara,
que procederá ao chamamento das partes pelas vias de comunicação
adequadas à espécie, por citação ou intimação.

O CEJUSC será obrigado a receber todos os processos de todas as varas?


O CEJUSC é unidade voltada à atividade autocompositiva e tem como fim
precípuo a promoção da mediação extraprocessual e processual. Neste caso, o
CEJUSC deve atender a demanda por autocomposição conforme sua estrutura física e
funcional, podendo, se for o caso, limitar o número de ações recebidas para viabilizar
o atendimento extraprocessual.

Como o gestor do CEJUSC fará o controle de frequência dos


conciliadores que estão atuando fora do CEJUSC?
O facilitador ingressará no cadastro estadual de mediadores e conciliadores
através do CEJUSC onde pretenda desempenhar a sua função. Dessa forma, havendo
possibilidade de realizar sessões processuais nas próprias varas e, diante da
necessidade da condução dessas sessões por facilitadores cadastrados, o CEJUSC os
disponibilizará ao chefe do cartório, que prestará contas ao gestor do CEJUSC sobre
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a realização das sessões, de modo que a frequência e produtividade do facilitador será


computada pelo chefe de seção onde o facilitador esteja prestando serviço.
Guia
O MEDIADOR

Quem pode atuar como mediador:

A matéria é tratada no artigo 11 da Lei 13.140/15 (Lei de Mediação), que


dispõe:

Art. 11. Poderá atuar como mediador judicial a pessoa capaz, graduada há
pelo menos dois anos em curso de ensino superior de instituição
reconhecida pelo Ministério da Educação e que tenha obtido capacitação
em escola ou instituição de formação de mediadores, reconhecida pela
Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados -
ENFAM ou pelos tribunais, observados os requisitos mínimos
estabelecidos pelo Conselho Nacional de Justiça em conjunto com o
Ministério da Justiça.

Assim, pessoas formadas em grau superior há pelo menos dois anos e


capacitadas de acordo com as normas do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
e Conselho Nacional de Justiça poderão ser mediadores. O conciliador ou mediador
deverá ser capacitado e cadastrado pelo Tribunal.

Será sempre um terceiro ao conflito. Importante que seja imparcial e


submetam-se a aperfeiçoamento permanente a avaliação do usuário.

Alguns autores sustentam que deverá ter conhecimentos específicos


decorrentes de sua formação superior em um domínio do saber e a sua formação em
mediação concentrar-se-á em: negociação, comunicação, aspectos psicossociológicos
e conhecimentos em Direito que são requeridos para levar a cabo a mediação.

É necessário que no início realize um estágio supervisionado e que busque


aperfeiçoamento constante em sua formação.
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A tendência é de haja uma disciplina de mediação e arbitragem nos


currículos das faculdades de Direito. O curso de Direito da Faculdade Santa Lúcia
possui a referida disciplina em sua grade. O curso de Ciências Contábeis possui a
disciplina perícia, mediação e arbitragem com a finalidade de trazer conhecimentos
acerca destas importantes ferramentas para a resolução dos conflitos.

Vários Conselhos Profissionais possuem um cadastro de mediadores que


oferecem seus serviços para a mediação de conflitos no ambiente profissional ou
decorrente de relações profissionais.

A atuação do mediador se direciona no sentido de estabelecer as condições


de uma nova comunicação entre as partes; ele é o catalisador humano e irá unir as
partes que até então se colocaram em istmos opostos, e também será o grande
metodológico de um procedimento que tem por objetivo transmutar a compreensão
das partes sobre o conflito que se faz entre elas, a fim de propiciar um acordo mútuo.

Habilidades e qualidades do mediador:

Voluntariedade: o mediador não deve ser imposto a nenhuma das partes.

Independência das partes: o mediador não pode ter vínculo de


dependência com qualquer das partes. Não pode ser credor, devedor, etc.

Confidencialidade do processo de mediação: o mediador não poderá em


hipótese alguma comunicar as informações obtidas no transcurso da mediação.

Imparcialidade: o mediador não deve ser tendencioso.

Neutralidade: a solução do conflito somente poderá emanar das partes,


jamais do mediador. Assim, ao contrário do conciliador, o mediador não propõe um
acordo. Faz a iniciativa surgir das partes.

Credibilidade: o mediador deve ser respeitado pelas partes e pela


comunidade em geral, pois a lisura de seus atos e posições perante a comunidade
avaliza o seu aceite pelas partes.
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Confiança: a confiabilidade do mediador deve ser total para as partes, pois


caso isto não ocorra, a mediação já nasce contaminada e comprometida em seus
resultados.

Paciência: instrumento necessário para aproximação das partes.

Possuir controle sobre suas emoções e das partes de modo que o ambiente
da mediação seja saudável e ausente de tensões.

Identificar, lidar e neutralizar as diferenças existentes entre as partes de


modo que ao conseguir elevá-las a um mesmo patamar se produza o diálogo sincero e
propício ao acordo entre as partes.

Flexibilidade e criatividade nas sugestões e abordagens que ele a


realizar entre as partes, fazendo com que a mediação flua e progrida para um
desfecho satisfatório.

Manter o foco sobre a questão em conflito, posto que as partes,


inconscientemente ou não, trazem à tona no momento da mediação frustrações,
expectativas e rancores sobre o tema foco ou mesmo periférico da mediação.

Equilibrar o poder entre as partes para que não se produzam acordos


eivados de vícios e mesmo inexequíveis.

Preservar a sua autogestão, garantindo o controle da mediação, para que


não se produza o desequilíbrio entre as partes e um eventual acordo viciado.

Gerir a comunicação de forma ética, transmutando dúvidas em


informações que nutram a solução dos conflitos.

Indicação para a utilização da mediação

Indicada para temas de esfera cível, empresarial, familiar. Na França, ela


também se dá na esfera penal, nos crimes de menor potencial ofensivo.
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Na esfera empresarial, a mediação é indicada para manter o sigilo sobre o


litígio, celeridade na dissolução do conflito e redução dos custos com a manutenção
de um eventual processo judicial.

PROCEDIMENTO DA MEDIAÇÃO

Apresentação do mediador: momento de obter a confiança e o respeito


das partes, conseguindo a cooperação delas. Nesse momento o mediador deve
informar às partes quais as suas atribuições e seus limites perante o conflito e as
partes.

Existe uma sequência corriqueira, em que o mediador:

• agradece pela presença das partes e destaque para o acerto da opção;


• declara a sua independência e imparcialidade;
• explica as regras da mediação;
• esclarece a importância do sigilo;
• solicita o mútuo respeito;
• esclarece a possibilidade de entrevistas a sós;
• deixa claro que o acordo vai depender das próprias partes;

Primeira etapa: conquista da confiança das partes.

A credibilidade no processo de mediação se dá por conta de todos os


esclarecimentos vistos acima, bem como pela postura do mediador em se fazer ver
como um canal de entendimento, mantendo o controle da mediação ao mesmo tempo
em que “alimenta” a capacidade das partes em se verem como agentes capazes de
chegar a um acordo ganha-ganha.

Segunda etapa: exposição do problema.

Relato das partes: o mediador deixa as partes falarem, escutando-as


sem interrupções. O mediador analisa os fatos e qual é a intenção das pessoas quando
narram os fatos, fazendo questionamentos quando necessário ou solicitando à parte
que se recoloque (diga de outra forma) a mesma declaração, para que não ocorra
engano na interpretação.
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Coleta e análise nas informações: inicia-se no momento em que o


mediador expõe um resumo do que escutou. E pedirá às partes que corrijam,
prontamente, alguma inexatidão ou omissão.
O objetivo do resumo é juntar as duas exposições numa só. A partir do
resumo, elas podem despertar para outras particularidades do conflito.

Projeção do planejamento do procedimento.

Trata-se da elaboração de planos de ação onde são tomadas decisões


quanto às estratégias de ação para a mediação. Nesse momento é importante a
participação das partes para auxiliarem no norteamento dos espaços de ação e os
limites de atuação da mediação.

Definição das questões

Neste momento busca-se uma lista de questões a serem tratadas


durante a mediação, definindo e identificando quais os interesses a serem satisfeitos,
e quais as áreas de interesse comum, numa tentativa de redefinir as questões a serem
priorizadas.

Esta lista de questões deverá conter as questões e esclarecimentos


acerca delas, sem entrar no seu mérito – que ambas as partes estejam dispostas a
resolver, agrupadas em questões semelhantes.

A redefinição do problema deverá ser feita de maneira que inclua


ambas as partes, numa linguagem neutra e positiva, com enfoque no futuro.

Terceira etapa – resumo e ordenamento do problema

Sobre os interesses, é interessante fazer uma redefinição através de


uma identificação de quais os interesses individuais e mútuos, conflitantes ou não
conflitantes, para cada questão a ser discutida, ajudando as partes a percebem os
interesses do outro.

É necessário, também, que seja feito um esclarecimento acerca das


prioridades das questões a serem tratadas, através de critérios de facilidade,
importância, urgência ou alternância.
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Nesta etapa é importante, também, definir, de comum acordo, quais os


critérios serão utilizados na avaliação das opções.

Quarta etapa – descobrindo os pontos ocultos


As partes chegam à mediação com uma visão parcial do conflito,
vendo somente o “seu lado”.

O mediador deve iniciar a investigação com perguntas que permitam


trazer uma informação geral das pessoas ou das organizações que representam para
que se amplie a visão do conflito.

Ao escutar um ao outro, se produz o conhecimento da realidade de


cada um e a aceitação da existência de uma outra visão, com a qual o outro pode não
concordar, mas não pode negar a existência.

Interesse e posição

Concluído o resumo, as partes estão mais receptivas ao problema da


outra parte. Começam a se desapegar das posições rígidas do início da mediação.

Neste momento, o mediador fará perguntas que levem as partes a


identificarem os seus reais interesses.

Sempre que houver a possibilidade de acordos parciais, o mediador


deverá incentivá-los. Os acordos parciais podem aumentar a confiança no
procedimento.

Utilização da técnica das perguntas.

Sempre se obtém informações que produzem um diálogo de


esclarecimento entre os participantes ao trazer novas informações sobre o
relacionamento. Quem é o senhor? O que o senhor deseja? Se o senhor estivesse no
lugar da outra pessoa, o que pensaria ou sentiria?

Quinta etapa: construindo soluções


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A fase de formulação e avaliação de opções é a que mais reflete o


espírito da mediação. Nesta fase, as características de criatividade e flexibilidade do
mediador são postas à prova, pois cabe a ele aproximar os desejos das partes às
realidades possíveis.

Sexta etapa – elaborando o termo do acordo


Nesse momento, o mediador deve ser pragmático com o objetivo de
que os participantes visualizem as opções, suas vantagens e desvantagens e eliminem
toda dúvida, para que sejam escolhidas opções que realmente atendam seus
interesses.

Um acordo satisfatório deve possuir os seguintes elementos:


• descrição detalhada do objeto do acordo;
• qualificação das partes;
• descrição operacional do acordo;
• prazos da execução do acordo;
• valores financeiros envolvidos;
• multas em caso de descumprimento.

A ética na mediação:

Em linhas gerais, os códigos de ética voltados à mediação orientam o


profissional da mediação para que:

• Atue de acordo com os princípios estabelecidos pelo CNJ e pelas partes;


• Avalie a aplicabilidade ou não de mediação ao caso.
• Garanta às partes o entendimento e a avaliação das implicações e
desdobramentos do processo e de cada item negociado na entrevista de pré-mediação
e no curso da Mediação.
• Utilize a prudência e a veracidade, sem garantias ou promessas a respeito
dos resultados.
• Dialogue separadamente com cada parte quando da necessidade.
• Se assegure de que as partes tenham voz e legitimidade no processo.
• Procure ter certeza de que as partes tenham suficientes informações para
avaliar e decidir; não sugerindo ou sugestionando qualquer ideia, em tempo algum.
• Atue sempre com independência e imparcialidade.
• Descreva o procedimento detalhadamente da mediação para as partes.
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• Defina com os mediados os procedimentos pertinentes ao processo.


• Esclareça sobre as necessidades de sigilo.
• Assegure a qualidade do processo, utilizando todas as técnicas
disponíveis e capazes de levar a bom termo os objetivos da mediação.
• Sugira a busca e a participação de especialistas na medida em que suas
presenças se façam necessárias.
• Interrompa o processo frente a qualquer impedimento legal ou ético.
• Suspenda ou finalize a mediação quando concluir que não se justifica a
continuação dos esforços para buscar o entendimento entre as partes ou quando
houver solicitação de qualquer uma das partes.
• Coopere para a legitimidade e a excelência dos serviços prestados pela
Câmara.
• Aceite as normas institucionais e éticas da sua profissão de origem.
• Entendam o Código de ética como uma tecnologia para garantir a
qualidade de seu trabalho.

A mediação no novo Código de Processo Civil é tratada nos artigos 165 e


seguintes:

Dos Conciliadores e Mediadores Judiciais


Art. 165. Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de
conflitos, responsáveis pela realização de sessões e audiências de conciliação e
mediação e pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e
estimular a autocomposição.
§ 1o A composição e a organização dos centros serão definidas pelo respectivo
tribunal, observadas as normas do Conselho Nacional de Justiça.
§ 2o O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não houver
vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a
utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes
conciliem.
§ 3o O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo
anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a compreender as questões e os
interesses em conflito, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da
comunicação, identificar, por si próprios, soluções consensuais que gerem benefícios
mútuos.
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Art. 166. A conciliação e a mediação são informadas pelos princípios da


independência, da imparcialidade, da autonomia da vontade, da confidencialidade, da
oralidade, da informalidade e da decisão informada.
§ 1o A confidencialidade estende-se a todas as informações produzidas no curso
do procedimento, cujo teor não poderá ser utilizado para fim diverso daquele previsto
por expressa deliberação das partes.
§ 2o Em razão do dever de sigilo, inerente às suas funções, o conciliador e o
mediador, assim como os membros de suas equipes, não poderão divulgar ou depor
acerca de fatos ou elementos oriundos da conciliação ou da mediação.
§ 3o Admite-se a aplicação de técnicas negociais, com o objetivo de proporcionar
ambiente favorável à autocomposição.
§ 4o A mediação e a conciliação serão regidas conforme a livre autonomia dos
interessados, inclusive no que diz respeito à definição das regras procedimentais.
Art. 167. Os conciliadores, os mediadores e as câmaras privadas de conciliação
e mediação serão inscritos em cadastro nacional e em cadastro de tribunal de justiça
ou de tribunal regional federal, que manterá registro de profissionais habilitados, com
indicação de sua área profissional.
§ 1o Preenchendo o requisito da capacitação mínima, por meio de curso realizado
por entidade credenciada, conforme parâmetro curricular definido pelo Conselho
Nacional de Justiça em conjunto com o Ministério da Justiça, o conciliador ou o
mediador, com o respectivo certificado, poderá requerer sua inscrição no cadastro
nacional e no cadastro de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal.
§ 2o Efetivado o registro, que poderá ser precedido de concurso público, o
tribunal remeterá ao diretor do foro da comarca, seção ou subseção judiciária onde
atuará o conciliador ou o mediador os dados necessários para que seu nome passe a
constar da respectiva lista, a ser observada na distribuição alternada e aleatória,
respeitado o princípio da igualdade dentro da mesma área de atuação profissional.
§ 3o Do credenciamento das câmaras e do cadastro de conciliadores e
mediadores constarão todos os dados relevantes para a sua atuação, tais como o
número de processos de que participou, o sucesso ou insucesso da atividade, a
matéria sobre a qual versou a controvérsia, bem como outros dados que o tribunal
julgar relevantes.
§ 4o Os dados colhidos na forma do § 3o serão classificados sistematicamente
pelo tribunal, que os publicará, ao menos anualmente, para conhecimento da
população e para fins estatísticos e de avaliação da conciliação, da mediação, das
câmaras privadas de conciliação e de mediação, dos conciliadores e dos mediadores.
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§ 5o Os conciliadores e mediadores judiciais cadastrados na forma do caput, se


advogados, estarão impedidos de exercer a advocacia nos juízos em que
desempenhem suas funções.
§ 6o O tribunal poderá optar pela criação de quadro próprio de conciliadores e
mediadores, a ser preenchido por concurso público de provas e títulos, observadas as
disposições deste Capítulo.
Art. 168. As partes podem escolher, de comum acordo, o conciliador, o
mediador ou a câmara privada de conciliação e de mediação.
§ 1o O conciliador ou mediador escolhido pelas partes poderá ou não estar
cadastrado no tribunal.
§ 2o Inexistindo acordo quanto à escolha do mediador ou conciliador, haverá
distribuição entre aqueles cadastrados no registro do tribunal, observada a respectiva
formação.
§ 3o Sempre que recomendável, haverá a designação de mais de um mediador ou
conciliador.
Art. 169. Ressalvada a hipótese do art. 167, § 6o, o conciliador e o mediador
receberão pelo seu trabalho remuneração prevista em tabela fixada pelo tribunal,
conforme parâmetros estabelecidos pelo Conselho Nacional de Justiça.
§ 1o A mediação e a conciliação podem ser realizadas como trabalho voluntário,
observada a legislação pertinente e a regulamentação do tribunal.
§ 2o Os tribunais determinarão o percentual de audiências não remuneradas que
deverão ser suportadas pelas câmaras privadas de conciliação e mediação, com o fim
de atender aos processos em que deferida gratuidade da justiça, como contrapartida
de seu credenciamento.
Art. 170. No caso de impedimento, o conciliador ou mediador o comunicará
imediatamente, de preferência por meio eletrônico, e devolverá os autos ao juiz do
processo ou ao coordenador do centro judiciário de solução de conflitos, devendo este
realizar nova distribuição.
Parágrafo único. Se a causa de impedimento for apurada quando já iniciado o
procedimento, a atividade será interrompida, lavrando-se ata com relatório do
ocorrido e solicitação de distribuição para novo conciliador ou mediador.
Art. 171. No caso de impossibilidade temporária do exercício da função, o
conciliador ou mediador informará o fato ao centro, preferencialmente por meio
eletrônico, para que, durante o período em que perdurar a impossibilidade, não haja
novas distribuições.
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Art. 172. O conciliador e o mediador ficam impedidos, pelo prazo de 1 (um)


ano, contado do término da última audiência em que atuaram, de assessorar,
representar ou patrocinar qualquer das partes.
Art. 173. Será excluído do cadastro de conciliadores e mediadores aquele que:
I - agir com dolo ou culpa na condução da conciliação ou da mediação sob sua
responsabilidade ou violar qualquer dos deveres decorrentes do art. 166, §§ 1o e 2o;
II - atuar em procedimento de mediação ou conciliação, apesar de impedido ou
suspeito.
§ 1o Os casos previstos neste artigo serão apurados em processo administrativo.
§ 2o O juiz do processo ou o juiz coordenador do centro de conciliação e
mediação, se houver, verificando atuação inadequada do mediador ou conciliador,
poderá afastá-lo de suas atividades por até 180 (cento e oitenta) dias, por decisão
fundamentada, informando o fato imediatamente ao tribunal para instauração do
respectivo processo administrativo.
Art. 174. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios criarão
câmaras de mediação e conciliação, com atribuições relacionadas à solução
consensual de conflitos no âmbito administrativo, tais como:
I - dirimir conflitos envolvendo órgãos e entidades da administração pública;
II - avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de
conciliação, no âmbito da administração pública;
III - promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento de conduta.
Art. 175. As disposições desta Seção não excluem outras formas de conciliação
e mediação extrajudiciais vinculadas a órgãos institucionais ou realizadas por
intermédio de profissionais independentes, que poderão ser regulamentadas por lei
específica.
Parágrafo único. Os dispositivos desta Seção aplicam-se, no que couber, às
câmaras privadas de conciliação e mediação.

MEDIAÇÃO FAMILIAR

Imagine o seguinte caso hipotético: funcionário trabalhava no cartório e


ganhava um salário mínimo e meio. Seu padrão de vida era elevado porque recebia
muitas comissões, que não entravam no holerite. Sua mulher, no divórcio, queria
metade da reforma da casa que ela ajudou a fazer durante o casamento de dez anos.
Ela pagava a conta do celular dele. Também queria o dinheiro das contas do celular
de volta. No dia da audiência, o cliente chega de terno Armani, sapatos caros, caneta
Mont Blanc. Fizeram um acordo em 3 minutos. Vai dar certo? Não!!
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No outro dia se arrependeu, porque tinha feito um acordo miojo (3


minutos). Não se pode fazer acordos miojo no direito de família.

Indicação de leitura: Advocacia na mediação. John Culley.

O processo Civil de Resultados está enraizado em nossa cultura. Acordo


produtivos desafiam soluções inteligentes.

Histórias de família começaram com um encantamento. Há de se tomar


muito cuidado na hora da dissolução!!! Acordos que não tem reflexão das partes são
perigosos e fadados a não serem cumpridos. E no direito de família, especialmente, o
não cumprimento de um acordo pode significar vários outros processos na justiça:
alienação parental, regulamentação de guarda, modificação de guarda, alimentos,
revisional de alimentos, etc

Divórcio: divergência de quatro pontos (partilha de bens, guarda, alimentos


e visitas). Como enfrentar essa situação?

O Direito de família envolve aspectos muito subjetivos, como afeto e


proteção. Como as relações continuam no tempo muitas vezes, quando se tem filhos,
a chance de desgaste é maior. Há controvérsias existenciais que envolvem ampla
gama de relações e situações. (Berizonce)

Imagine uma estrutura em que o mediador, diante do caso concreto,


pudesse fazer o encaminhamento para os equipamentos públicos: encaminhamento
para clínicas de reabilitação, emprego, etc. O número de conflitos cairia muito. Nossa
sociedade está doente

Fases da perda: Elisabeth Kluber Ross. Ex: mudança de emprego, morte,


doença, etc. São cinco. NEGAÇÃO. RAIVA. DEPRESSÃO (VITIMIZAÇÃO).
BARGANHA OU NEGOCIAÇÃO. ACEITAÇÃO.

Dizer que quer o divórcio não significa que realmente quer. Existe uma
diferença entre posição (postura externada) e Interesse (desejos e preocupações
subjacentes). O mediador precisa atentar-se a isso.
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Como já dito, o Código de Processo Civil, em seu artigo 3º, dispõe:

Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a


direito.
§ 1º É permitida a arbitragem, na forma da lei.
§ 2º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual
dos conflitos.

Qual o significado de promover?

pro·mo·ver |ê| - Conjugar


(latim promoveo, -ere)
verbo transitivo
1. Fazer com que se execute, que se ponha em prática alguma coisa.
2. Fomentar, desenvolver.
3. Anunciar os feitos, os valores ou as vantagens de (ex.: promover um pro
duto).
4. Causar, originar.
5. Elevar a posto mais graduado ou a dignidade maior.
6. [Direito] Requerer, propor.
verbo pronominal
7. Fazer a sua própria promoção; anunciar os seus feitos ou valores. = AUT
OPROMOVER-SE

"promover", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-


2020, https://dicionario.priberam.org/promover [consultado em 14-04-2020].

Frise-se que, dependendo do histórico, não é adequado os meios


consensuais. Lembre-se que o pior tipo de devedor é o que concorda com tudo. Não
pede desconto, está tudo bom, mas também não paga.

Meios consensuais não podem ser usados como mecanismos protelatórios.


Exemplo: 5ª execução de alimentos e 5ª audiência de mediação.

Acordo é bom para quem merece. As partes e o Estado também precisam


se conscientizar disso.
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Estímulo no Canadá: mediação, sessão informativa. O casal quer entrar


com um divórcio tem que juntar uma guia verde, que lhe é dada depois de assistir a
uma palestra com dois profissionais: um advogado-mediador e um psicólogo-
mediador. Estímulo tem que ser com parcimônia. Assim, após compreender o que é a
mediação, as partes decidem se querem ou não optar por esta forma de resolução de
conflitos, pois terão que pagar.

Entre os deveres do Juiz, está aquele previsto no artigo 139, V, do CPC,


que dispõe:

Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código,


incumbindo-lhe:
I - assegurar às partes igualdade de tratamento;
II - velar pela duração razoável do processo;
III - prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da justiça e
indeferir postulações meramente protelatórias;
IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou
sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial,
inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária;
V - promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente
com auxílio de conciliadores e mediadores judiciais;

Juiz não pode fazer mediação em razão do princípio da confidencialidade,


previsto no artigo 166, do Código de Processo Civil, in verbis:

Art. 166. A conciliação e a mediação são informadas pelos princípios da


independência, da imparcialidade, da autonomia da vontade, da
confidencialidade, da oralidade, da informalidade e da decisão
informada.
§ 1º A confidencialidade estende-se a todas as informações produzidas no
curso do procedimento, cujo teor não poderá ser utilizado para fim
diverso daquele previsto por expressa deliberação das partes.

No CPC, as ações de família vêm tratadas na parte especial, Título III,


Capítulo X. artigos 693 ao 699. Alimentos 693, § único

CAPÍTULO X
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DAS AÇÕES DE FAMÍLIA

Art. 693. As normas deste Capítulo aplicam-se aos processos contenciosos


de divórcio, separação, reconhecimento e extinção de união estável, guarda,
visitação e filiação.
Parágrafo único. A ação de alimentos e a que versar sobre interesse de
criança ou de adolescente observarão o procedimento previsto em
legislação específica, aplicando-se, no que couber, as disposições deste
Capítulo.

Art. 694. Nas ações de família, todos os esforços serão empreendidos


para a solução consensual da controvérsia, devendo o juiz dispor do
auxílio de profissionais de outras áreas de conhecimento para a
mediação e conciliação.

POSSIBILIDADE DE SUSPENSÃO DO PROCESSO

Parágrafo único. A requerimento das partes, o juiz pode determinar a


suspensão do processo enquanto os litigantes se submetem a mediação
extrajudicial ou a atendimento multidisciplinar.

Art. 695. Recebida a petição inicial e, se for o caso, tomadas as


providências referentes à tutela provisória, o juiz ordenará a citação do réu
para comparecer à audiência de mediação e conciliação, observado o
disposto no art. 694.
§ 1º O mandado de citação conterá apenas os dados necessários à
audiência e deverá estar desacompanhado de cópia da petição inicial,
assegurado ao réu o direito de examinar seu conteúdo a qualquer
tempo.

Viola o princípio da isonomia?


Viola o princípio da decisão informada?
Viola o princípio da ampla defesa?

§ 2º A citação ocorrerá com antecedência mínima de 15 (quinze) dias da


data designada para a audiência.
§ 3º A citação será feita na pessoa do réu.
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A citação deverá ser pessoal. Proíbe, por exemplo, a citação por


correspondência.
§ 4º Na audiência, as partes deverão estar acompanhadas de seus
advogados ou de defensores públicos.

Art. 696. A audiência de mediação e conciliação poderá dividir-se em


tantas sessões quantas sejam necessárias para viabilizar a solução
consensual, sem prejuízo de providências jurisdicionais para evitar o
perecimento do direito.

A critério de quem? Resposta: das partes. Garantia do princípio da


autonomia da vontade.

Art. 697. Não realizado o acordo, passarão a incidir, a partir de então, as


normas do procedimento comum, observado o art. 335 .

Art. 698. Nas ações de família, o Ministério Público somente intervirá


quando houver interesse de incapaz e deverá ser ouvido previamente à
homologação de acordo.
Parágrafo único. O Ministério Público intervirá, quando não for parte, nas
ações de família em que figure como parte vítima de violência doméstica e
familiar, nos termos da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da
Penha). (Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019)

Art. 699. Quando o processo envolver discussão sobre fato relacionado a


abuso ou a alienação parental, o juiz, ao tomar o depoimento do incapaz,
deverá estar acompanhado por especialista.

A parte deve indicar, na petição inicial, se é audiência de mediação ou


de conciliação?

O pedido pode ser para designação de uma ou outra audiência, muito


embora o juiz, pela natureza da causa, tenha condições de designar uma ou
outra audiência.

POSSIBILIDADE DE CO-MEDIAÇÃO
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Art. 168. As partes podem escolher, de comum acordo, o conciliador, o


mediador ou a câmara privada de conciliação e de mediação.
§ 1º O conciliador ou mediador escolhido pelas partes poderá ou não estar
cadastrado no tribunal.
§ 2º Inexistindo acordo quanto à escolha do mediador ou conciliador,
haverá distribuição entre aqueles cadastrados no registro do tribunal,
observada a respectiva formação.
§ 3º Sempre que recomendável, haverá a designação de mais de um
mediador ou conciliador.

No Canadá, a sessão informativa tem coparticipação: um mediador


advogado e uma mediadora psicóloga (dupla formada por homem e mulher).

Em Direito de Família, seria interessante a adoção dessa regra porque


ambos os gêneros estariam representados e não teria aquele problema muitas vezes
levantado pela parte: também, o mediador era um homem...

Poderia haver sugestão pelas partes de um psicólogo e um assistente social,


por exemplo?

Acordos provisórios? São possíveis? Sim. Até servem como teste para
encorajar um acordo sobre guarda, por exemplo. As partes pedem a redesignação da
audiência e, enquanto isto, testam uma proposta de acordo. A genitora, por exemplo,
se verificar que o genitor está cumprindo o acordo, provavelmente manterá os termos
da proposta provisória quando do fechamento do acordo definitivo.

Os cartórios, como é sabido, podem fazem divórcio. Vejam o que dispõe o


artigo 733 do Código Civil, in verbis:

Art. 733. O divórcio consensual, a separação consensual e a extinção


consensual de união estável, não havendo nascituro ou filhos incapazes e
observados os requisitos legais, poderão ser realizados por escritura
pública, da qual constarão as disposições de que trata o art. 731 .
§ 1º A escritura não depende de homologação judicial e constitui título
hábil para qualquer ato de registro, bem como para levantamento de
importância depositada em instituições financeiras.
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§ 2º O tabelião somente lavrará a escritura se os interessados estiverem


assistidos por advogado ou por defensor público, cuja qualificação e
assinatura constarão do ato notarial.

Cartórios podem fazer divórcio utilizando-se mediação?

Sim, a norma autorizativa foi dada pelo Conselho Nacional de Justiça no


Provimento nº 67.

Provimento Nº 67 de 26/03/2018 Ementa: Dispõe sobre os procedimentos


de conciliação e de mediação nos serviços notariais e de registro do Brasil. Origem:
Corregedoria PROVIMENTO N. 67, DE 26 DE MARÇO DE 2018.

Referido provimento é constitucional?

AUDIÊNCIA DE MEDIAÇÃO

A previsão legislativa para a realização da audiência de medicação está


inserta no artigo 334 do Código de Processo Civil. O tema suscita algumas reflexões:
• a sua não realização importa em nulidade?
• Se designada, a parte precisa comparecer?
• O que seria um não comparecimento injustificado à audiência para não
imposição da multa?
• Advogado pode ser representante da parte?
• Réu citado por edital deve pagar multa pelo não comparecimento na
audiência de conciliação/mediação?

Procedimento comum no novo Código de Processo Civil, em resumo:

• Inicial
• Citação/intimação
• Audiência de conciliação ou mediação
• Contestação
• Réplica
• Saneamento
• Audiência de instrução e julgamento
• Memoriais
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• Sentença

A audiência do artigo 334 do NCPC permite que as partes promovam o


diálogo, dialética o contraditório. O Código de Processo Civil abraçou os Métodos
Consensuais para resolução dos conflitos, basicamente por três motivos:

• Morosidade do Judiciário (problema global)


• O Judiciário não tem especialização para determinadas matérias. Ex: petróleo,
gás e mineração.
• Tentativa de se mudar o paradigma litigante da sociedade

O CPC trouxe a cultura do diálogo, mas não é fácil mudar a cultura da sentença
existente em nosso país.

Reflexão: aquilo que se entendeu por muito tempo como métodos alternativos, hoje
entendidos como métodos consensuais (conciliação e mediação) não seriam os
métodos preferenciais, primordiais?

O que as partes podem fazer numa audiência?

• Concessões recíprocas ou mútuas (transação)


• Reconhecimento do pedido pelo réu
• Renúncia da pretensão pelo autor.

Vejam o que dispõe o artigo 487 do Código de Processo Civil, in verbis:

Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:


I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção;
II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de
decadência ou prescrição;
III - homologar:
a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou
na reconvenção;
b) a transação;
c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção.
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Parágrafo único. Ressalvada a hipótese do § 1º do art. 332 , a


prescrição e a decadência não serão reconhecidas sem que antes seja
dada às partes oportunidade de manifestar-se.

Assim, se houver acordo em audiência, haverá resolução do mérito da ação.

Qual a diferença entre conciliação ou mediação? O tema já foi objeto de


estudo na aula passada. Necessária revisão?

Qual a diferença entre conciliador e mediador? Vejam o que dispõe o


artigo 165 do Código de Processo Civil, in verbis:

Art. 165. Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de


conflitos, responsáveis pela realização de sessões e audiências de
conciliação e mediação e pelo desenvolvimento de programas destinados a
auxiliar, orientar e estimular a autocomposição.
§ 1º A composição e a organização dos centros serão definidas pelo
respectivo tribunal, observadas as normas do Conselho Nacional de Justiça.
§ 2º O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não
houver vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o
litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento
ou intimidação para que as partes conciliem.
§ 3º O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que
houver vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a
compreender as questões e os interesses em conflito, de modo que eles
possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por si
próprios, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos.

Indicações para o uso da mediação:

• Direito de Família
• Direito de Vizinhança (disputas em condomínios)
• Direito societário e empresarial

Como é sabido, os requisitos de uma petição inicial estão constantes no


artigo 319, do CPC, que dispõe, in verbis:
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Art. 319. A petição inicial indicará:


I - o juízo a que é dirigida;
II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a
profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no
Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e
a residência do autor e do réu;
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
IV - o pedido com as suas especificações;
V - o valor da causa;
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos
alegados;
VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de
conciliação ou de mediação.
§ 1º Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o
autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua
obtenção.
§ 2º A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de
informações a que se refere o inciso II, for possível a citação do réu.
§ 3º A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto
no inciso II deste artigo se a obtenção de tais informações tornar impossível
ou excessivamente oneroso o acesso à justiça.

Caso o advogado não faça a opção pela realização da audiência de


mediação, é caso de indeferimento ou emenda da inicial. Vejam essa decisão:

"Indeferimento da inicial. Ausência de manifestação do autor sobre a


opção da realização ou não de audiência de conciliação (art. 319, VII,
CPC). Irrelevância. “Mesmo que o autor silencie a respeito, a petição
inicial é recebida e a audiência designada, desde que o direito admita
autocomposição (v. art. 334, § 4°)".
Ademais, ainda que o autor se manifestasse contra a designação, mesmo
assim o juiz poderia promover o ato conciliatório (art. 139, V, CPC).
Apelo provido.”
(TJSP, Apelação n.1031352-52.2015.8.26.0577, 34ª Câmara de Direito
Privado, Rel. Des. Soares Levada, j. 22.03.2017)
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Cumpre lembrar que, na petição inicial, o advogado não poderá litigar


contra súmula, precedente vinculante ou teses vencidas. Se não for este o caso, o juiz
designará a audiência do artigo 334.

Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não


for o caso de improcedência liminar do pedido, o juiz designará
audiência de conciliação ou de mediação com antecedência mínima de
30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte)
dias de antecedência.

Atentem-se ao tempo verbal: o juiz designará audiência de conciliação ou


de mediação.

Reflexão: todos os Fóruns possuem estrutura de material e de pessoal para


a realização das mencionadas audiências. O Fórum João Mendes, em São Paulo, por
exemplo, recebe mensalmente uma média de 5.000 processos, mas só tem capacidade
para a realização de 2.000 audiências/mês. Qual a consequência disso? Atrasos
imensos na pauta de audiência.

Como se conta o prazo acima? Em dias úteis. Daí se pergunta: os cartórios


terão tempo hábil para expedir os mandados de citação/intimação e os oficiais de
justiça cumprirão os mandados nos termos legais? Provavelmente não.

Qual a consequência disso? Se o réu não for citado com a antecedência


necessária para a realização da audiência poderá sofrer a aplicação da multa prevista
no artigo em comento? Sim. E se sofrer, poderá recorrer? Sim, mas é um absurdo ter
o Judiciário que julgar um recurso dessa natureza porque isso atenta contra a
celeridade do processo e contribui para que o Poder Judiciário continue abarrotado de
processos.

§ 1º O conciliador ou mediador, onde houver, atuará necessariamente


na audiência de conciliação ou de mediação, observando o disposto
neste Código, bem como as disposições da lei de organização judiciária.

E se não houver conciliadores ou mediadores, o juiz poderá realizar a


audiência de mediação? Releva notar que um dos pilares dessas audiências é a
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confidencialidade. As partes, em tese, poderiam conversar sem que os elementos ali


mencionados pudessem influenciar o espírito do juiz.

ENUNCIADO 23 do CJF – Na ausência de auxiliares da justiça, o juiz


poderá realizar a audiência inaugural do art. 334 do CPC, especialmente se a hipótese
for de conciliação.

Jurisprudência:
1ª Ementa
Des(a). LUCIANO SABOIA RINALDI DE CARVALHO - Julgamento: 26/07/2017
- SÉTIMA CÂMARA CÍVEL

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO INDENIZATÓRIA.


PROCEDIMENTO COMUM. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA DO PEDIDO
AUTORAL PROFERIDA EM AUDIÊNCIA INAUGURAL DE CONCILIAÇÃO.
NULIDADE. ERROR IN PROCEDENDO CONFIGURADO. ANULAÇÃO QUE
SE IMPÕE. 1. Estabelece o art. 334 do CPC-15 que, observados os requisitos
essenciais na petição inicial, e não sendo o caso de improcedência liminar do pedido,
o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação, exceto se qualquer das
partes manifestarem expresso desinteresse na composição consensual ou, ainda,
quando a lide não admitir a autocomposição (art. 334, § 4º, I e II). 2. Audiência de
conciliação ou de mediação que não pode ser presidida pelo magistrado da causa,
mas por conciliador ou mediador, sob pena de ofensa ao princípio da
confidencialidade (art. 334, §1º; art. 165, §2º e 3º e art. 166 § 2º, todos do CPC-15).
Excepcionalmente, caso isso ocorra, o magistrado não poderá julgar o feito, salvo
para homologar a autocomposição obtida, nos termos do art. 334, §11, da lei
processual. 3. No caso em tela, verifica-se que os réus foram citados para
oferecimento de contestação e intimados para comparecimento à audiência inaugural
de conciliação, presidida pelo próprio magistrado da causa, com depoimento pessoal
das partes, sob pena de confissão e aplicação da multa prevista no art. 334, § 8º do
CPC-15, concluída com o proferimento de sentença de procedência do pedido
autoral, configurando evidente violação ao princípio do devido processo legal, por
inobservância de diversos dispositivos legais que orientam o procedimento comum.
4. Anulação da sentença ex officio que se impõe, por error in procedendo, com
retorno dos autos à origem para regular prosseguimento, a partir das providências
preliminares e saneamento (art. 347). Recursos prejudicados. Apelação
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0248819.20.2016.8.19.0001

§ 2º Poderá haver mais de uma sessão destinada à conciliação e à


mediação, não podendo exceder a 2 (dois) meses da data de realização
da primeira sessão, desde que necessárias à composição das partes.

Será possível o cumprimento da regra acima? O descumprimento implica


em que?

§ 3º A intimação do autor para a audiência será feita na pessoa de seu


advogado.

§ 4º A audiência não será realizada:


I - se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na
composição consensual;
II - quando não se admitir a autocomposição.

Alguns direitos indisponíveis não admitem transação. Daí porque a


audiência seria inútil. Ex: num processo tributário, o procurador não poderá alterar a
alíquota do tributo.

Veja o enunciado 24 do CFJ, in verbis:

ENUNCIADO 24 – Havendo a Fazenda Pública publicizado ampla e


previamente as hipóteses em que está autorizada a transigir, pode o juiz dispensar a
realização da audiência de mediação e conciliação, com base no art. 334, § 4º, II, do
CPC, quando o direito discutido na ação não se enquadrar em tais situações.

§ 5º O autor deverá indicar, na petição inicial, seu desinteresse na


autocomposição, e o réu deverá fazê-lo, por petição, apresentada com
10 (dez) dias de antecedência, contados da data da audiência.

Onde e quando as partes manifestam desinteresse na composição


consensual? Quanto ao autor, na petição inicial. O réu, caso não tenha interesse na
realização da audiência, comunicará o juiz por meio de uma petição. Mas atenção ao
que dispõe o artigo 190 do CPC, in verbis:
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Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam


autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes estipular
mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e
convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres
processuais, antes ou durante o processo.
Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a
validade das convenções previstas neste artigo, recusando-lhes
aplicação somente nos casos de nulidade ou de inserção abusiva em
contrato de adesão ou em que alguma parte se encontre em manifesta
situação de vulnerabilidade

Assim, é lícito às partes celebrarem um negócio jurídico processual para


fins de regular alterações no procedimento do processo. Nada impede às partes que,
por exemplo, num contrato, deixem claro que ambas as partes, em caso de litígio,
manifestam ou não interesse pela realização de audiência de conciliação ou
mediação.

§ 6º Havendo litisconsórcio, o desinteresse na realização da audiência


deve ser manifestado por todos os litisconsortes.

A falta de manifestação de um dos litisconsortes não poderá impedir a


realização da audiência de mediação.

§ 7º A audiência de conciliação ou de mediação pode realizar-se por


meio eletrônico, nos termos da lei.

Vejam o enunciado 25 do CFJ, in verbis:

ENUNCIADO 25 – As audiências de conciliação ou mediação, inclusive


dos juizados especiais, poderão ser realizadas por videoconferência, áudio,
sistemas de troca de mensagens, conversa online, conversa escrita,
eletrônica, telefônica e telemática ou outros mecanismos que estejam à
disposição dos profissionais da autocomposição para estabelecer a
comunicação entre as partes.

Os Tribunais brasileiros estão estruturados para o enunciado?


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§ 8º O não comparecimento injustificado do autor ou do réu à


audiência de conciliação é considerado ato atentatório à dignidade da
justiça e será sancionado com multa de até dois por cento da vantagem
econômica pretendida ou do valor da causa, revertida em favor da
União ou do Estado.

Há multa pelo não comparecimento nas audiências de mediação? Foi


descuido ou algo intencional por parte do legislador? Silêncio eloquente?

Dá para sustentar que, por uma interpretação sistemática, a multa incide


mesmo em audiências de mediação. Porém, a jurisprudência já se manifestou em
sentido contrário.

Jurisprudência sobre o assunto:

1ª Ementa
Des(a). CELSO LUIZ DE MATOS PERES - Julgamento: 29/08/2017 - DÉCIMA
CÂMARA CÍVEL

Agravo de Instrumento. Multa processual. Não comparecimento injustificado a


audiência de conciliação. As medidas de caráter sancionatório devem ser
interpretadas de forma restritiva, sob pena de violação dos princípios da
segurança jurídica e da legalidade. A multa processual prevista no artigo 334,
§8º do CPC somente pode ser aplicada nas hipóteses de ausência injustificada
em audiência de conciliação. O ato processual originador da medida
sancionatória configura-se audiência de mediação. Afastamento da multa por
falta de previsão legal. Agravo provido. TJRJ AI 00391855020178190000

O que caracterizaria um não comparecimento justificado: problema de


saúde, falta de proposta, falta de condições para fazer o acordo, distância muito
grande do local em que o requerido se encontra e o local da realização da audiência,
não pagamento do valor da taxa dos conciliadores/mediadores? INSS deve pagar
multa, se não comparecer?

Réu citado/intimado por edital fica sujeito à aplicação da multa?


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Veja:
ENUNCIADO 26 do CJF - A multa do § 8º do art. 334 do CPC não incide
no caso de não comparecimento do réu intimado por edital.

É necessário constar no mandado de citação/intimação que se a parte não


comparecer na audiência ficará sujeita ao pagamento de multa? A jurisprudência tem
precedentes em ambos os sentidos.

Parte que não manifesta proposta em audiência de conciliação/mediação


fica sujeita ao pagamento de multa? Aqui falaremos sobre o que pedi na última aula
para vocês estudarem: a questão da confidencialidade dos mediadores e a litigância
de má-fé.

Enunciado 121 da CJF: Não cabe aplicar multa a quem, comparecendo à


audiência do art. 334 do CPC, apenas manifesta desinteresse na realização
de acordo, salvo se a sessão foi designada unicamente por requerimento seu
e não houver justificativa para a alteração de posição.

E o princípio da boa-fé? Há de se falar em litigância de má-fé?

Há quem sustente a inconstitucionalidade do parágrafo em comento porque


violaria a liberdade das pessoas.

§ 9º As partes devem estar acompanhadas por seus advogados ou


defensores públicos.
Mas a transação não é ato privativo de advogado.

§ 10. A parte poderá constituir representante, por meio de procuração


específica, com poderes para negociar e transigir.
O advogado pode ser o representante das partes? Veja o que diz o Código
de Ética e Disciplina da OAB.

Art. 25. É defeso ao advogado funcionar no mesmo processo,


simultaneamente, como patrono e preposto do empregador ou cliente.
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Mas o acordo teria validade? O Tribunal de ética poderá, diante de um caso


concreto, punir o advogado, mas isso faz com que o § 10º deve ser interpretado no
sentido de que o acordo não deva ser homologado?

§ 11. A autocomposição obtida será reduzida a termo e homologada


por sentença.

Quando versar sobre interesses de incapazes, antes da homologação, é


ouvido o Ministério Público.

§ 12. A pauta das audiências de conciliação ou de mediação será


organizada de modo a respeitar o intervalo mínimo de 20 (vinte)
minutos entre o início de uma e o início da seguinte.

Dá tempo de fazer uma mediação?

Responsabilidade do mediador

• Penal

• Civil

• Administrativa

Da responsabilidade penal

O Artigo 8º da Lei de Mediação (Lei 13.140/2020) equipara mediador a


servidor público. Com efeito, dispõe o referido artigo:

Art. 8º O mediador e todos aqueles que o assessoram no procedimento de


mediação, quando no exercício de suas funções ou em razão delas, são
equiparados a servidor público, para os efeitos da legislação penal.

Sobre a possibilidade de equiparar profissionais à funcionário público,


vejam o que dispõe o artigo 327 do Código Penal, in verbis:
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Art. 327 do Código Penal

Funcionário público
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais,
quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo,
emprego ou função pública.
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego
ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa
prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de
atividade típica da Administração Pública. (Incluído pela Lei nº 9.983,
de 2000)
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos
crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou
de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta,
sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo
poder público. (Incluído pela Lei nº 6.799, de 1980)

Alguns possíveis crimes que mediadores poderão cometer:

321 do CP

Advocacia Administrativa
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a
administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.

Violação de sigilo funcional

Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que
deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não
constitui crime mais grave.
§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: (Incluído pela Lei
nº 9.983, de 2000)
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I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e


empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas não
autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da Administração
Pública; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. (Incluído pela Lei nº
9.983, de 2000)
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou a
outrem: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela Lei
nº 9.983, de 2000)

Prevaricação
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício,
ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou
sentimento pessoal:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de
cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de
rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o
ambiente externo: (Incluído pela Lei nº 11.466, de 2007).
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.

Administrativa

O mediador poderá ser excluído do cadastro de conciliadores e mediadores,


conforme dispõe o Código de Processo Civil, in verbis:

Art. 173. Será excluído do cadastro de conciliadores e mediadores aquele


que:
I - agir com dolo ou culpa na condução da conciliação ou da mediação sob
sua responsabilidade ou violar qualquer dos deveres decorrentes do art.
166, §§ 1º e 2º ;0
II - atuar em procedimento de mediação ou conciliação, apesar de impedido
ou suspeito.
§ 1º Os casos previstos neste artigo serão apurados em processo
administrativo.
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§ 2º O juiz do processo ou o juiz coordenador do centro de conciliação e


mediação, se houver, verificando atuação inadequada do mediador ou
conciliador, poderá afastá-lo de suas atividades por até 180 (cento e
oitenta) dias, por decisão fundamentada, informando o fato imediatamente
ao tribunal para instauração do respectivo processo administrativo.

Todas as modalidades da culpa (imprudência, imperícia e negligência) ensejam a


exclusão?

Os Tribunais costumam ser tolerantes com a imprudência e a negligência,


mas não com a imperícia. O mediador deve conhecer a lei e as regras do seu trabalho.
Frise-se o artigo 166, do Código de Processo Civil, que dispõe:

Art. 166. A conciliação e a mediação são informadas pelos princípios da


independência, da imparcialidade, da autonomia da vontade, da
confidencialidade, da oralidade, da informalidade e da decisão informada.
§ 1º A confidencialidade estende-se a todas as informações produzidas no
curso do procedimento, cujo teor não poderá ser utilizado para fim diverso
daquele previsto por expressa deliberação das partes.
§ 2º Em razão do dever de sigilo, inerente às suas funções, o conciliador e o
mediador, assim como os membros de suas equipes, não poderão divulgar
ou depor acerca de fatos ou elementos oriundos da conciliação ou da
mediação.
§ 3º Admite-se a aplicação de técnicas negociais, com o objetivo de
proporcionar ambiente favorável à autocomposição.
§ 4º A mediação e a conciliação serão regidas conforme a livre autonomia
dos interessados, inclusive no que diz respeito à definição das regras
procedimentais.

ARBITRAGEM

HISTÓRICO DA ARBITRAGEM E SUA ORIGEM NO BRASIL

No decorrer da história verifica-se uma fase embrionária da solução de


conflitos de interesses, a autotutela, cujos traços característicos são a ausência de um
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juiz (ou terceira pessoa) e a prevalência da vontade de uma parte sobre a outra, hoje
vedada, à exceção de poucos casos previstos em lei.

Os registros mais remotos da arbitragem como método de solução dos


conflitos coletivos de trabalho dão conta de sua utilização pelos sindicatos ingleses, a
partir do século XIX, no contexto reivindicatório de direitos desencadeado a partir da
Revolução Industrial.

Com o passar do tempo, entretanto, a arbitragem nos conflitos coletivos


perdeu força na grande maioria dos países, cedendo espaço para as formas
autocompositivas, sendo a autotutela, cujos traços característicos eram a ausência de
um juiz (ou terceira pessoa) e a prevalência da vontade de uma parte sobre a outra,
hoje vedada, à exceção de poucos casos previstos em lei.

Superada a fase da autotutela, as partes passam a se socorrer à intervenção


de um terceiro, um árbitro por elas eleito, que imparcialmente solucionaria o conflito
vindo a arbitragem como meio de solução privada dos conflitos, dessa forma
concentrando para si o poder de composição das lides especialmente a negociação
coletiva.

No Brasil já havia previsão legal na Constituição de 1824 sobre a utilização


da arbitragem visando a solucionar conflitos de interesses de índole civil, mas
retirada com a Constituição de 1891, sendo que a arbitragem toma força maior no
ordenamento brasileiro com a vinda da Constituição Federal de 1988, em
consonância com a orientação da Organização Internacional do Trabalho, que prevê,
em seu artigo 114, § 1º, a possibilidade das partes, voluntariamente, elegerem árbitros
se o conflito não for solucionado pela negociação coletiva.

O Código de Processo Civil de 1973, no Capítulo XIV, nos artigos


1.072/1.102, disciplinava o Juízo Arbitral.

Na dicção do art. 1.072, era um procedimento que permitia que as pessoas


capazes de contratar, pudessem “louvar-se, mediante compromisso escrito, em
árbitros que lhes resolvam as pendências judiciais ou extrajudiciais de qualquer valor,
concern entes a direitos patrimoniais, sobre os quais a lei admita transação.”
(Redação dada pela Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, antes das alterações dadas
pela Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1.996).” (J.E.Carreira Alvim; Luciana G.
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Carreira Alvim Cabral. Código de Processo Civil de acordo com as últimas reformas
processuais; 6ª edição, Editora Juruá, Curitiba, PR, 2009, pág. 205).

Esse procedimento não prestigiava a chamada cláusula arbitral ou cláusula


compromissória (cláusula estabelecida num contrato, prevendo que eventuais
disputas dele decorrentes, seriam resolvidas através da arbitragem), pois culminava
por exigir a homologação judicial do laudo arbitral.

Isso durou até o advento da Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996,


chamada Lei da Arbitragem, composta de 7 (sete) capítulos e 44 (quarenta e quatro)
artigos, que retirou do Código de Processo Civil de 1973 (Lei 5.869/73) toda a
matéria, revogando por completo o Capítulo XIV, Título I do Livro IV, e também o
Capítulo X, Título II do Livro III, do antigo Código Civil (Lei 3.071/16), na
tendência modernista de outros países, que renovaram sua legislação em matéria de
arbitragem, como Portugal (1986), Espanha (1988), Peru (1993), Inglaterra (1996)
Venezuela (1998), Suécia (1999) e Paraguai (2002). 13

O novo Código de Processo Civil (Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015),


prestigia a arbitragem quando o seu artigo 3º, §1º dispõe que “É permitida a
arbitragem, na forma da lei.”

Comentários à Lei de Arbitragem (Lei 9.307/96)

Capítulo I
Disposições Gerais
Art. 1º As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da
arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais
disponíveis.
§ 1o A administração pública direta e indireta poderá utilizar-se da
arbitragem para dirimir conflitos relativos a direitos patrimoniais
disponíveis. (Incluído pela Lei nº 13.129, de
2015) (Vigência)
o
§ 2 A autoridade ou o órgão competente da administração pública
direta para a celebração de convenção de arbitragem é a mesma para a
realização de acordos ou transações. (Incluído pela Lei nº
13.129, de 2015) (Vigência)

13
Carmona, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo, 2ª edição, Editora Atlas, São Paulo, 2007, págs. 32/33
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CONCEITO

Segundo CARLOS ALBERTO CARMONA, a ARBITRAGEM é um


“meio alternativo de solução de controvérsias através da intervenção de uma ou mais
pessoas que recebem seus poderes de uma convenção privada, decidindo com base
nela, sem intervenção estatal, sendo a decisão destinada a assumir a mesma eficácia
da sentença judicial”. (Arbitragem e Processo, 2ª edição, Editora Atlas, São Paulo,
2007, pág. 51).

O mesmo autor aponta que ela “é colocada à disposição de quem quer que
seja, para solução de conflitos relativos a direitos patrimoniais acerca dos quais os
litigantes possam dispor.” (Ob. e loc. cit.)

E diz ainda que “Trata-se de mecanismo privado de solução de litígios,


através do qual um terceiro, escolhido pelos litigantes, impõe sua decisão, que deverá
ser cumprida pelas partes.” (Ob. e loc. cit.)

Quando se opta pela arbitragem, os interessados poderão escolher um ou


mais árbitros; pode ser órgão pré-constituído (arbitragem institucional) ou órgão
arbitral constituído (arbitragem ad hoc).

Trata-se de uma forma extrajudicial de resolução dos litígios.

Na arbitragem, busca-se uma sentença, e não um acordo.

Cláusula arbitral escalonada: muitos acordam que submeterão o caso à


conciliação/mediação e se não houver acordo, arbitragem. No caso, sugere-se que o
mediador não seja o julgador da demanda, em razão do princípio da
confidencialidade da mediação.

Haveria nulidade se a mediação fosse instaurada desde logo? Não. Prestar


atenção na explicação.

Maurício Godinho Delgado ensina que a “Arbitragem é o tipo


procedimental de solução de conflitos mediante o qual a decisão, lançada em um
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laudo arbitral, efetiva-se por um terceiro, árbitro, estranho à relação entre os sujeitos
em controvérsia e, em geral, por eles escolhido.”

É instituto de direito privado. As partes elegem um árbitro ou Tribunal


Arbitral por contrato.

No direito brasileiro, a arbitragem somente será válida quando dirigir-se ao


acertamento de direitos patrimoniais disponíveis.

Arbitragem obrigatória foi extinta no Brasil em 1866.

Capacidade para contratar: exige que a pessoa não seja menor ou


interditada.

Direito patrimonial disponível: a parte pode, sem embaraço, dispor ou não


de seu direito, sem norma que lhe diga o contrário.

Logo, não estão no âmbito do direito disponível as questões referentes ao


direito de família (filiação, casamento, poder familiar, alimentos, etc), direitos da
sucessão, direito penal, etc. Quanto aos reflexos da responsabilidade civil decorrente
do ilícito penal, Carmona entende cabível a arbitragem.

Vejam esses dispositivos do Código Civil:

Do Compromisso

Art. 851. É admitido compromisso, judicial ou extrajudicial, para resolver


litígios entre pessoas que podem contratar.
Art. 852. É vedado compromisso para solução de questões de estado, de
direito pessoal de família e de outras que não tenham caráter estritamente
patrimonial.
Art. 853. Admite-se nos contratos a cláusula compromissória, para resolver
divergências mediante juízo arbitral, na forma estabelecida em lei especial.

Direito do Trabalho: doutrina majoritária entende pelo não cabimento.


Vejam o que dispõe, ainda, o artigo 444, da CLT, in verbis:
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Art. 444 - As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre


estipulação das partes interessadas em tudo quanto não contravenha às
disposições de proteção ao trabalho, aos contratos coletivos que lhes sejam
aplicáveis e às decisões das autoridades competentes.

CF, artigo 114,§ 1º, in verbis:

114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: (Redação dada


pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito
público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
II as ações que envolvam exercício do direito de greve; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
III as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e
trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
IV os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data , quando o ato
questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
V os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista,
ressalvado o disposto no art. 102, I, o; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
VI as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da
relação de trabalho; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004)
VII as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos
empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de
trabalho; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I,
a , e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que
proferir; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
IX outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da
lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 1º Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros.
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Carlos Alberto Carmona entende cabível a aplicação de arbitragem ao


direito do trabalho.

O Estado e a arbitragem: § 1º do artigo 1º.

“Quando o Estado atua fora de sua condição de entidade pública,


praticando atos de natureza privada – onde poderia ser substituído por um
particular na relação jurídica negocial – não se pode pretender aplicáveis as
normas próprias dos contratos administrativos, ancoradas no direito
público”. Ob. Cit. 3 ed. 2009, p. 45.

Quando o Estado participa da arbitragem, a questão do sigilo deve ser


mitigado em razão do princípio administrativo da transparência.

Relações de consumo: podem ocorrer. O artigo 51, VII, do CDC veda


apenas a utilização compulsória da arbitragem.

Decisão judicial transitada em julgado pode ser objeto de mediação?


Carmona entende que nada impede que a liquidação de uma sentença judicial
condenatória seja submetida ao árbitro para que este apure o limite da condenação.

Princípios:

• Autonomia da vontade.
• Consensualismo.
• Obrigatoriedade da convenção.
• Relatividade dos efeitos do contrato.
• Confidencialidade.
• Competência.

CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM: CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA E


COMPROMISSO ARBITRAL
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A Lei de Arbitragem (Lei 9.307/96) tratou, no mesmo capítulo, da cláusula


compromissória e compromisso arbitral, sob a denominação conjunta de convenção
de arbitragem. Com efeito, o artigo 3º da referida Lei assim dispõe:

Art. 2º A arbitragem poderá ser de direito ou de eqüidade, a critério


das partes.
§ 1º Poderão as partes escolher, livremente, as regras de direito que
serão aplicadas na arbitragem, desde que não haja violação aos bons
costumes e à ordem pública.
§ 2º Poderão, também, as partes convencionar que a arbitragem se
realize com base nos princípios gerais de direito, nos usos e costumes e
nas regras internacionais de comércio.
§ 3o A arbitragem que envolva a administração pública será sempre de
direito e respeitará o princípio da publicidade. (Incluído
pela Lei nº 13.129, de 2015) (Vigência)

Os contratantes tem liberdade para estabelecer como seu litígio será


resolvido. Assim, o árbitro poderá, ao invés de aplicar a lei, utilizar outra fonte do
direito. Ex: poderão utilizar a legislação de um outro país, princípios gerais de direito,
usos es costumes e nas regras internacionais de comércio.

Equidade: o julgador pode escolher situações em que o rigor da norma


possa ser mitigado em razão das peculiaridades do caso concreto, já que para este a
norma tornou-se injusta.

Equidade formativa: quando existem lacunas no ordenamento, em


situações em que a ordem sociopolítica não está consolidada.

Equidade supletiva: quando a lei apenas prevê a hipótese, sem prever as


consequências, que são deixadas à apreciação equitativa do juiz. Ex: artigo 1694, § 1º
do CC (fixação dos alimentos)

Equidade substitutiva: o juiz pode julgar o caso afastando a incidência de


uma lei.

A Lei de Arbitragem diz que o árbitro pode julgar por equidade, mas não
que ele deva.
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LINDB
Artigo 9º

Art. 9o Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em


que se constituirem.
§ 1o Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de
forma essencial, será esta observada, admitidas as peculiaridades da lei
estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos do ato.
§ 2o A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em
que residir o proponente.

As partes podem ignorar o artigo acima, dada a ampla autonomia da


convenção.

O artigo 2º da Lei de Arbitragem também serve para acalmar os


estrangeiros que venham contratar no Brasil, já que podem afastar a incidência da Lei
Brasileira.

1º freio: bons costumes. Por ele, deve-se entender a honestidade e o recato


que se espera das pessoas, bem como a dignidade e o decoro social, bem como pelos
princípios da moralidade média do povo (indispensável para a manutenção da ordem
social e para a harmonia das relações humanas.)

Ordem pública: conceito ligado a um determinado país e a uma certa


época. Carmona explica que “trata-se de um conjunto de regras e princípios, muitas
vezes fugidios e nebulosos, que tendem a manter a singularidade das instituições de
determinado país e a proteger os sentimentos de justiça e moral de determinada
sociedade em determinada época. p. 69

Princípios gerais do direito: Miguel Reale ensina que “os princípios


gerais do direito são enunciados normativos de valor genérico, que condicionam e
orientam a compreensão do ordenamento jurídico, quer para a sua aplicação e
integração, quer para a elaboração de novas normas.”. ob. Cit. p. 75

Usos e costumes: devem adotar esse critério de julgamento os possíveis


litígios em comércio (nacional e internacional).
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Capítulo II

Da Convenção de Arbitragem e seus Efeitos

Art. 3º As partes interessadas podem submeter a solução de seus


litígios ao juízo arbitral mediante convenção de arbitragem, assim
entendida a cláusula compromissória e o compromisso arbitral.

Antes da Lei de arbitragem, o Código de Processo Civil de 1973


(revogado) referia-se a compromisso arbitral. Veja-se:

Art. 301. Compete-lhe, porém, antes de discutir o mérito, alegar:


(...)
IX - convenção de arbitragem; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 9.307,
de 23.09.1996, DOU 24.09.1996, com efeitos a partir de sessenta dias após
a data de sua publicação)
Nota: Assim dispunha o inciso alterado:
"IX - compromisso arbitral; (Antigo inciso VIII renumerado pela Lei nº
5.925, de 01.10.1973, DOU 02.10.1973, com efeitos a partir de
01.01.1974)"

O atual Código de Processo Civil, em seu artigo 337, X, dispõe:

Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:


(...)
X - convenção de arbitragem;

E no art. 485, VII, dispõe:

Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:


VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou
quando o juízo arbitral reconhecer sua competência;

É possível instituir a arbitragem sem o compromisso? Sim. Prestar atenção


na explicação.

Efeitos da convenção de arbitragem:


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• Vinculam as partes à submissão do litígio o juízo arbitral;


• retiram do juiz a competência para conhecer de um determinado litígio,
dando margem à instauração do juízo arbitral.
Art. 4º A cláusula compromissória é a convenção através da qual as
partes em um contrato comprometem-se a submeter à arbitragem os
litígios que possam vir a surgir, relativamente a tal contrato.
§ 1º A cláusula compromissória deve ser estipulada por escrito,
podendo estar inserta no próprio contrato ou em documento apartado
que a ele se refira.
§ 2º Nos contratos de adesão, a cláusula compromissória só terá
eficácia se o aderente tomar a iniciativa de instituir a arbitragem ou
concordar, expressamente, com a sua instituição, desde que por escrito
em documento anexo ou em negrito, com a assinatura ou visto
especialmente para essa cláusula.
§ 3o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.129, de
2015) (Vigência)
o
§ 4 (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.129, de
2015) (Vigência)

Natureza jurídica da cláusula compromissória: negócio jurídico


processual.

Requisitos da cláusula arbitral: não há requisitos especiais previstos na


lei, já que somente para o compromisso foram fixados requisitos legais (art. 9º).
Assim, os requisitos devem ser os mesmos de um contrato. É claro que deve ficar
bem delineado e definido o objeto de eventual arbitragem.

Contrato de adesão: o policitante (quem faz uma proposta) impõe ao


oblato (a pessoa a quem é direcionada a proposta de um contrato) as condições que
ele previamente redigiu.

A lei traz o conceito de contrato de adesão? O conceito de contrato de


adesão é expresso no artigo 54 do Código de Defesa do Consumidor, in verbis:
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Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido


aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas
unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o
consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu
conteúdo.
§ 1° A inserção de cláusula no formulário não desfigura a natureza de
adesão do contrato.
(...)
§ 3o Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e
com caracteres ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não será
inferior ao corpo doze, de modo a facilitar sua compreensão pelo
consumidor. (Redação dada pela nº 11.785, de 2008)
§ 4° As cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor
deverão ser redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fácil
compreensão.

Pode haver cláusula compromissória inserida em testamento? Não.


Atentar-se à explicação.

Cláusulas arbitrais patológicas:

Cláusula vazia: não indica método ou critério para nomeação do árbitro.


Apenas informam que em caso de litígio os contratantes recorrerão à arbitragem. As
consequências estão previstas nos artigos 6º e 7º da lei de arbitragem.

Indicação de órgão arbitral inexistente: a previsão contratual não


permite a nomeação de árbitros. Aqui também incide o art. 7º da lei de arbitragem.

Mecanismo de nomeação de árbitro que não possa ser acionado. Ex: as


partes decidem que quem fará nomeação do árbitro será feita pelo Presidente de um
determinado Tribunal de Justiça Estadual.

Cláusula compromissória e eleição de foro. Não são cláusulas


contraditórias: uma refere-se à instituição da arbitragem e a outra designa a Comarca
onde poderão ser propostas eventuais ações para nomeação de árbitro, por exemplo,
na hipótese do artigo 7º da lei de arbitragem.
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Art. 5º Reportando-se as partes, na cláusula compromissória, às regras


de algum órgão arbitral institucional ou entidade especializada, a
arbitragem será instituída e processada de acordo com tais regras,
podendo, igualmente, as partes estabelecer na própria cláusula, ou em
outro documento, a forma convencionada para a instituição da
arbitragem.

Órgãos arbitrais institucionais:


Exemplos:

Comissão de Arbitragem da Câmara Internacional de Comércio Brasil-


Canadá (hoje denominado Centro de Arbitragem da Câmara de Comércio Brasil-
Canadá.

Comissão de Arbitragem da Câmara Internacional de Comércio do Brasil.


Centro Brasileiro de Arbitragem.

Se o artigo 5º for bem observado por quem redige uma cláusula


compromissória, não haverá necessidade de nenhum procedimento judicial para
nomeação dos árbitros e a arbitragem poderá ter início logo que o conflito entre as
partes exista. Veja, no ponto, o artigo 19 da lei.

Modelos de cláusulas: “qualquer disputa, controvérsia ou demanda


decorrente ou relativa a este contrato, ou à sua infração, extinção ou invalidade, será
resolvida através de arbitragem de acordo com as Regras de Arbitragem da
UNCITRAL atualmente em vigor.” P. 140

Art. 6º Não havendo acordo prévio sobre a forma de instituir a


arbitragem, a parte interessada manifestará à outra parte sua intenção
de dar início à arbitragem, por via postal ou por outro meio qualquer
de comunicação, mediante comprovação de recebimento, convocando-
a para, em dia, hora e local certos, firmar o compromisso arbitral.
Parágrafo único. Não comparecendo a parte convocada ou,
comparecendo, recusar-se a firmar o compromisso arbitral, poderá a
outra parte propor a demanda de que trata o art. 7º desta Lei, perante
o órgão do Poder Judiciário a que, originariamente, tocaria o
julgamento da causa.
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Se a cláusula arbitral for vazia, aplica-se o artigo 6º.

Carmona entende que a lei insiste em falar em firmar o compromisso


arbitral, Bastaria as partes nomearem o árbitro para que este, uma vez aceito o
encargo, desse início à arbitragem nos termos do artigo 19. Isto porque entende que
não há necessidade do compromisso arbitral para ter início a arbitragem.

Art. 7º Existindo cláusula compromissória e havendo resistência


quanto à instituição da arbitragem, poderá a parte interessada
requerer a citação da outra parte para comparecer em juízo a fim de
lavrar-se o compromisso, designando o juiz audiência especial para tal
fim.
§ 1º O autor indicará, com precisão, o objeto da arbitragem, instruindo
o pedido com o documento que contiver a cláusula compromissória.
§ 2º Comparecendo as partes à audiência, o juiz tentará, previamente,
a conciliação acerca do litígio. Não obtendo sucesso, tentará o juiz
conduzir as partes à celebração, de comum acordo, do compromisso
arbitral.
§ 3º Não concordando as partes sobre os termos do compromisso,
decidirá o juiz, após ouvir o réu, sobre seu conteúdo, na própria
audiência ou no prazo de dez dias, respeitadas as disposições da
cláusula compromissória e atendendo ao disposto nos arts. 10 e 21, §
2º, desta Lei.
§ 4º Se a cláusula compromissória nada dispuser sobre a nomeação de
árbitros, caberá ao juiz, ouvidas as partes, estatuir a respeito, podendo
nomear árbitro único para a solução do litígio.
§ 5º A ausência do autor, sem justo motivo, à audiência designada para
a lavratura do compromisso arbitral, importará a extinção do processo
sem julgamento de mérito.
§ 6º Não comparecendo o réu à audiência, caberá ao juiz, ouvido o
autor, estatuir a respeito do conteúdo do compromisso, nomeando
árbitro único.
§ 7º A sentença que julgar procedente o pedido valerá como
compromisso arbitral.
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As partes deveriam, na cláusula compromissória, escolher um Tribunal


Arbitral ou, se isso não for feito, a forma de nomeação do árbitro, o que evitaria o
procedimento judicial do artigo 7º da Lei de Arbitragem.

A lei não diz, mas Carmona entende que a réplica deverá ser feita pelo
autor na própria audiência de que trata este artigo para fins de dar celeridade ao
procedimento.

A matéria de defesa do réu é bem ampla.

Art. 8º A cláusula compromissória é autônoma em relação ao contrato


em que estiver inserta, de tal sorte que a nulidade deste não implica,
necessariamente, a nulidade da cláusula compromissória.
Parágrafo único. Caberá ao árbitro decidir de ofício, ou por
provocação das partes, as questões acerca da existência, validade e
eficácia da convenção de arbitragem e do contrato que contenha a
cláusula compromissória.

Art. 9º O compromisso arbitral é a convenção através da qual as partes


submetem um litígio à arbitragem de uma ou mais pessoas, podendo
ser judicial ou extrajudicial.
§ 1º O compromisso arbitral judicial celebrar-se-á por termo nos
autos, perante o juízo ou tribunal, onde tem curso a demanda.
§ 2º O compromisso arbitral extrajudicial será celebrado por escrito
particular, assinado por duas testemunhas, ou por instrumento
público.

Art. 10. Constará, obrigatoriamente, do compromisso arbitral:


I - o nome, profissão, estado civil e domicílio das partes;
II - o nome, profissão e domicílio do árbitro, ou dos árbitros, ou, se for
o caso, a identificação da entidade à qual as partes delegaram a
indicação de árbitros;
III - a matéria que será objeto da arbitragem; e
IV - o lugar em que será proferida a sentença arbitral.

Art. 11. Poderá, ainda, o compromisso arbitral conter:


I - local, ou locais, onde se desenvolverá a arbitragem;
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II - a autorização para que o árbitro ou os árbitros julguem por


eqüidade, se assim for convencionado pelas partes;
III - o prazo para apresentação da sentença arbitral;
IV - a indicação da lei nacional ou das regras corporativas aplicáveis à
arbitragem, quando assim convencionarem as partes;
V - a declaração da responsabilidade pelo pagamento dos honorários e
das despesas com a arbitragem; e
VI - a fixação dos honorários do árbitro, ou dos árbitros.
Parágrafo único. Fixando as partes os honorários do árbitro, ou dos
árbitros, no compromisso arbitral, este constituirá título executivo
extrajudicial; não havendo tal estipulação, o árbitro requererá ao
órgão do Poder Judiciário que seria competente para julgar,
originariamente, a causa que os fixe por sentença.

Art. 12. Extingue-se o compromisso arbitral:


I - escusando-se qualquer dos árbitros, antes de aceitar a nomeação,
desde que as partes tenham declarado, expressamente, não aceitar
substituto;
II - falecendo ou ficando impossibilitado de dar seu voto algum dos
árbitros, desde que as partes declarem, expressamente, não aceitar
substituto; e
III - tendo expirado o prazo a que se refere o art. 11, inciso III, desde
que a parte interessada tenha notificado o árbitro, ou o presidente do
tribunal arbitral, concedendo-lhe o prazo de dez dias para a prolação e
apresentação da sentença arbitral.

Dos Árbitros

Art. 13. Pode ser árbitro qualquer pessoa capaz e que tenha a
confiança das partes.

Árbitro: pessoa física indicada pelas partes para solucionar uma


controvérsia que envolva direitos disponíveis.

Capacidade para ser árbitro: pessoa física. É a capacidade geral prevista


no Código Civil, excluídos os relativamente e os absolutamente incapazes.
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CURSO: DIREITO – 7º SEMESTRE – 2023/1

Duas questões merecem destaque: árbitro analfabeto e árbitro estrangeiro


que não conhece o idioma nacional.

E o juiz togado? Pode ser árbitro?

A Lei orgânica da Magistratura (Lei Complementar 35/79), no artigo 26, II,


não deixa dúvida a respeito, in verbis:

Art. 26 - O magistrado vitalício somente perderá o cargo (vetado):


I - em ação penal por crime comum ou de responsabilidade;
II - em procedimento administrativo para a perda do cargo nas
hipóteses seguintes:
a) exercício, ainda que em disponibilidade, de qualquer outra
função, salvo um cargo de magistério superior, público ou particular;
b) recebimento, a qualquer título e sob qualquer pretexto, de
percentagens ou custas nos processos sujeitos a seu despacho e julgamento;
c) exercício de atividade politico-partidária.

§ 1º As partes nomearão um ou mais árbitros, sempre em número


ímpar, podendo nomear, também, os respectivos suplentes.

A experiência tem mostrado ser comum a escolha de tribunal arbitral com


três integrantes. A hipótese de as partes nomearem árbitros em número par vem
tratada no § 2º.

Cada árbitro poderá nomear o seu suplente ou apenas um suplente.

§ 2º Quando as partes nomearem árbitros em número par, estes


estão autorizados, desde logo, a nomear mais um árbitro. Não havendo
acordo, requererão as partes ao órgão do Poder Judiciário a que
tocaria, originariamente, o julgamento da causa a nomeação do
árbitro, aplicável, no que couber, o procedimento previsto no art. 7º
desta Lei.

§ 3º As partes poderão, de comum acordo, estabelecer o processo


de escolha dos árbitros, ou adotar as regras de um órgão arbitral
institucional ou entidade especializada.
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CURSO: DIREITO – 7º SEMESTRE – 2023/1

Método direto: garantem a participação efetiva dos litigantes na aceitação


ou exclusão de certos nomes.

Método indireto: escolhem quem fará a indicação do árbitro.

Advertência: as partes devem procurar informações sobre quem compõe o


painel de árbitros de certas instituições antes de indicá-las para escolher os árbitros, já
que a solução do litígio pode demandar profissional não constante do referido painel.

Lembrar que a composição híbrida do órgão julgador (médicos,


engenheiros, arquitetos) podem trazer vantagens às partes. Recomenda-se que pelo
menos um integrante seja advogado para enfrentar questões jurídicas típicas como
por exemplo a interpretação de cláusulas contratuais, prescrição, etc.

Interessante seria se o presidente do painel de árbitros tivesse formação


jurídica para potencializar o trabalho, prevenindo erros formais que podem causar a
anulação da sentença arbitral.

§ 4o As partes, de comum acordo, poderão afastar a aplicação de


dispositivo do regulamento do órgão arbitral institucional ou entidade
especializada que limite a escolha do árbitro único, coárbitro ou
presidente do tribunal à respectiva lista de árbitros, autorizado o
controle da escolha pelos órgãos competentes da instituição, sendo que,
nos casos de impasse e arbitragem multiparte, deverá ser observado o
que dispuser o regulamento aplicável. (Redação dada pela
Lei nº 13.129, de 2015).

§ 5º O árbitro ou o presidente do tribunal designará, se julgar


conveniente, um secretário, que poderá ser um dos árbitros.

O secretário se encarregará dos atos processuais, como um escrivão, e


organizará os autos, providenciará as atas das sessões de audiência, etc.

As partes poderão estipular no compromisso arbitral se haverá ou não


secretário, pois isto evidentemente implica em mais custos.
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§ 6º No desempenho de sua função, o árbitro deverá proceder com


imparcialidade, independência, competência, diligência e discrição.

Imparcialidade: equidistância que o julgador deve guardar em relação às


partes. Não se confunde com neutralidade, pois esta está relacionada com a influência
que o litigantes pode receber do meio em que atua (política, social, econômica,
pressão da mídia)

Independência: é vedado ao árbitro manter relações econômicas, afetiva,


moral ou social que o liguem a alguma das partes.

Imparcialidade diferencia-se de independência: aquela é uma


predisposição do espírito, esta uma situação de fato.

Competência: conhecimento, aptidão e capacidade que o habilitem a


dirimir a controvérsia que lhe será submetida.

Normalmente as partes estipulam que o árbitro escolhido por um órgão


institucional tenha um mínimo de anos em experiência em determinados ramos, tenha
trabalhado em uma grande empresa em determinado setor. Isto porque as partes
esperam de um árbitro conhecimento técnico especializado, mais até do que um juiz
estatal teria em determinado assunto.

Diligência: interesse pela causa, empenho na busca de provas, esforço na


busca da verdade, zelo na decisão.

Discrição: o árbitro deve garantir sigilo às partes, sob pena de responder


por perdas e danos. As partes poderão incluir no compromisso arbitral cláusula de
não fazer a divulgação de qualquer revelação sobre o procedimento arbitral.

§ 7º Poderá o árbitro ou o tribunal arbitral determinar às partes o


adiantamento de verbas para despesas e diligências que julgar
necessárias.

Exemplos de custas do processo: deslocamento dos árbitros, perícias,


obtenção de documentos, expedição de notificações, etc.
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Não tendo sido realizada a antecipação, o árbitro poderá suspender o


procedimento.

Art. 14. Estão impedidos de funcionar como árbitros as pessoas que


tenham, com as partes ou com o litígio que lhes for submetido, algumas
das relações que caracterizam os casos de impedimento ou suspeição
de juízes, aplicando-se-lhes, no que couber, os mesmos deveres e
responsabilidades, conforme previsto no Código de Processo Civil.

Impedimento e suspeição: a lei não faz distinção entre impedimento


(causas mais graves) e suspeição.

O impedimento dá ensejo à propositura de uma ação rescisória. A


suspeição desve ser alegada nos prazo legal, senão será válido todo o processado. Os
casos de impedimento e suspeição estão previstos nos artigos 144 e 145 do Código de
Processo Civil, in verbis:

Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções


no processo:
I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito,
funcionou como membro do Ministério Público ou prestou depoimento
como testemunha;
II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão;
III - quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou
membro do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer
parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro
grau, inclusive;
IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro,
ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro
grau, inclusive;
V - quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa
jurídica parte no processo;
VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer
das partes;
VII - em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha
relação de emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços;
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VIII - em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu


cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou
colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por
advogado de outro escritório;
IX - quando promover ação contra a parte ou seu advogado.
§ 1º Na hipótese do inciso III, o impedimento só se verifica quando o
defensor público, o advogado ou o membro do Ministério Público já
integrava o processo antes do início da atividade judicante do juiz.
§ 2º É vedada a criação de fato superveniente a fim de caracterizar
impedimento do juiz.
§ 3º O impedimento previsto no inciso III também se verifica no caso de
mandato conferido a membro de escritório de advocacia que tenha em seus
quadros advogado que individualmente ostente a condição nele prevista,
mesmo que não intervenha diretamente no processo.

Art. 145. Há suspeição do juiz:


I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados;
II - que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa antes
ou depois de iniciado o processo, que aconselhar alguma das partes acerca
do objeto da causa ou que subministrar meios para atender às despesas do
litígio;
III - quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu
cônjuge ou companheiro ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro
grau, inclusive;
IV - interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das
partes.
§ 1º Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, sem
necessidade de declarar suas razões.
§ 2º Será ilegítima a alegação de suspeição quando:
I - houver sido provocada por quem a alega;
II - a parte que a alega houver praticado ato que signifique manifesta
aceitação do arguido.

Dever de revelação: o objetivo é garantir às partes um julgamento justo e


imparcial.
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§ 1º As pessoas indicadas para funcionar como árbitro têm o


dever de revelar, antes da aceitação da função, qualquer fato que
denote dúvida justificada quanto à sua imparcialidade e
independência.

O dever de revelação deve ser contínuo durante todo o processo, ou seja, o


árbitro deve revelar as situações que eventualmente o coloquem sob situação de
impedimento ou suspeição não somente antes do processo, mas também decorrente
de situações que possam surgir durante o processo.

As partes têm o direito de conhecer os fatos que podem macular a


independência e imparcialidade do árbitro para que tenham oportunidade de não
aceitá-lo como tal.

Exemplos de situações que devem ser reveladas: existência de relações


negociais anteriores ou atuais, diretas ou indiretas, existência de relações sociais
substanciais com alguma das partes ou com testemunha potencial, ou ainda eventual
conhecimento prévio do litígio, etc.

A expressão “dúvida justificada” prevista no artigo 14, § 1º é bem ampla e


só o tempo mostrará os limites de seu alcance.

§ 2º O árbitro somente poderá ser recusado por motivo ocorrido após


sua nomeação. Poderá, entretanto, ser recusado por motivo anterior à sua
nomeação, quando:
a) não for nomeado, diretamente, pela parte; ou
b) o motivo para a recusa do árbitro for conhecido posteriormente à
sua nomeação.

As partes devem pensar bem antes de aceitar um árbitro, porque uma vez
indicado por elas diretamente e aceito, não mais poderá ser recusado, exceto nas
situações previstas na lei.

Art. 15. A parte interessada em argüir a recusa do árbitro


apresentará, nos termos do art. 20, a respectiva exceção, diretamente
ao árbitro ou ao presidente do tribunal arbitral, deduzindo suas razões
e apresentando as provas pertinentes.
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Parágrafo único. Acolhida a exceção, será afastado o árbitro


suspeito ou impedido, que será substituído, na forma do art. 16 desta
Lei.

O próprio árbitro apreciará a exceção. Se for reconhecida em sede de


impugnação da sentença arbitral (artigo 33 da Lei de Arbitragem) a suspeição ou o
impedimento, todo o procedimento arbitral restará prejudicado.

Acolhida a exceção pelo órgão arbitral, afastar-se-á o árbitro recusado,


providenciando-se sua substituição.

Se as partes tiverem nomeado suplente, bastará convoca-lo. Se um órgão


tiver sido escolhido para indicar o árbitro, também indicará o substituto. O
acolhimento da exceção não põe fim ao processo arbitral.

Se as partes não tiverem estabelecido regra alguma para a nomeação de


árbitro substituto e resultar um impasse para a substituição do árbitro, resta a
combinação do artigo 16 com o 7º da Lei.

Art. 16. Se o árbitro escusar-se antes da aceitação da nomeação,


ou, após a aceitação, vier a falecer, tornar-se impossibilitado para o
exercício da função, ou for recusado, assumirá seu lugar o substituto
indicado no compromisso, se houver.
§ 1º Não havendo substituto indicado para o árbitro, aplicar-se-ão
as regras do órgão arbitral institucional ou entidade especializada, se
as partes as tiverem invocado na convenção de arbitragem.
§ 2º Nada dispondo a convenção de arbitragem e não chegando as
partes a um acordo sobre a nomeação do árbitro a ser substituído,
procederá a parte interessada da forma prevista no art. 7º desta Lei, a
menos que as partes tenham declarado, expressamente, na convenção
de arbitragem, não aceitar substituto.

Algumas razões para as pessoas declinarem do convite para serem árbitros:

• Falta de interesse técnico no assunto;


• Ligação com algum dos contendentes;
• Impossibilidade de assumir o compromisso por conta de outras tarefas;
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• Remuneração pouco atraente;


• Complexidade do assunto incompatível com os conhecimentos do
indicado.
• Escolha pelas partes de idioma que não domina

Enquanto não houver aceitação pelo indicado para que seja árbitro, não
existe vínculo jurídico entre as partes. Após, o árbitro deverá justificar sua recusa em
permanecer como tal, sob pena de responder pelas perdas e danos que vier a dar
causa.

Art. 17. Os árbitros, quando no exercício de suas funções ou em


razão delas, ficam equiparados aos funcionários públicos, para os
efeitos da legislação penal.

Tal dispositivo permite que o árbitro responda criminalmente pelos crimes


contra a administração da justiça que são aqueles cometidos por funcionários
públicos ou a estes equiparados. Como exemplos de crimes graves podem ser citados
os seguintes:

Concussão
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que
fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem
indevida:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.

Corrupção passiva
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em
razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela
Lei nº 10.763, de 12.11.2003)
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem
ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de
ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício,
com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de
outrem:
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Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

Prevaricação
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou
praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou
sentimento pessoal:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Art. 18. O árbitro é juiz de fato e de direito, e a sentença que proferir


não fica sujeita a recurso ou a homologação pelo Poder Judiciário.

O que significa ser juiz de fato e de direito?

Será que o legislador pensou em separações de questões de fato e de direito


como ocorrem no Tribunal do Júri (os jurados apreciam as questões de fato, ao passo
que o juiz aprecia as questões de direito)? Ou o legislador quis apenas ressaltar que
árbitros são juízes privados, mas que as suas decisões também tem a mesma eficácia
do juiz estatal? Ou até mesmo tenha o legislador pensado que o árbitro apreciará
questões de fato, mas também de direito.

A questão recursal:

Nenhum recurso quanto ao mérito da decisão do árbitro poderá ser dirigido


ao Poder Judiciário, que fica inclusive sem competência para apreciar uma causa em
que as partes elegeram a arbitragem como meio de resolução.

Não há necessidade da homologação da sentença arbitral para que ela


produza efeitos.

Sistemas de controle judicial das sentenças arbitrais: ação de anulação.

Do Procedimento Arbitral

Art. 19. Considera-se instituída a arbitragem quando aceita a nomeação


pelo árbitro, se for único, ou por todos, se forem vários.
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§ 1o Instituída a arbitragem e entendendo o árbitro ou o tribunal arbitral que


há necessidade de explicitar questão disposta na convenção de arbitragem,
será elaborado, juntamente com as partes, adendo firmado por todos, que
passará a fazer parte integrante da convenção de arbitragem.
(Incluído pela Lei nº 13.129, de 2015) (Vigência)
o
§ 2 A instituição da arbitragem interrompe a prescrição, retroagindo à data
do requerimento de sua instauração, ainda que extinta a arbitragem por
ausência de jurisdição. (Incluído pela Lei nº 13.129, de
2015) (Vigência)

Art. 20. A parte que pretender argüir questões relativas à competência,


suspeição ou impedimento do árbitro ou dos árbitros, bem como nulidade,
invalidade ou ineficácia da convenção de arbitragem, deverá fazê-lo na
primeira oportunidade que tiver de se manifestar, após a instituição da
arbitragem.
§ 1º Acolhida a argüição de suspeição ou impedimento, será o árbitro
substituído nos termos do art. 16 desta Lei, reconhecida a incompetência do
árbitro ou do tribunal arbitral, bem como a nulidade, invalidade ou
ineficácia da convenção de arbitragem, serão as partes remetidas ao órgão
do Poder Judiciário competente para julgar a causa.
§ 2º Não sendo acolhida a argüição, terá normal prosseguimento a
arbitragem, sem prejuízo de vir a ser examinada a decisão pelo órgão do
Poder Judiciário competente, quando da eventual propositura da demanda
de que trata o art. 33 desta Lei.

Art. 21. A arbitragem obedecerá ao procedimento estabelecido pelas partes


na convenção de arbitragem, que poderá reportar-se às regras de um órgão
arbitral institucional ou entidade especializada, facultando-se, ainda, às
partes delegar ao próprio árbitro, ou ao tribunal arbitral, regular o
procedimento.
§ 1º Não havendo estipulação acerca do procedimento, caberá ao árbitro ou
ao tribunal arbitral discipliná-lo.
§ 2º Serão, sempre, respeitados no procedimento arbitral os princípios do
contraditório, da igualdade das partes, da imparcialidade do árbitro e de seu
livre convencimento.
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§ 3º As partes poderão postular por intermédio de advogado, respeitada,


sempre, a faculdade de designar quem as represente ou assista no
procedimento arbitral.
§ 4º Competirá ao árbitro ou ao tribunal arbitral, no início do procedimento,
tentar a conciliação das partes, aplicando-se, no que couber, o art. 28 desta
Lei.

Art. 22. Poderá o árbitro ou o tribunal arbitral tomar o depoimento das


partes, ouvir testemunhas e determinar a realização de perícias ou outras
provas que julgar necessárias, mediante requerimento das partes ou de
ofício.
§ 1º O depoimento das partes e das testemunhas será tomado em local, dia
e hora previamente comunicados, por escrito, e reduzido a termo, assinado
pelo depoente, ou a seu rogo, e pelos árbitros.
§ 2º Em caso de desatendimento, sem justa causa, da convocação para
prestar depoimento pessoal, o árbitro ou o tribunal arbitral levará em
consideração o comportamento da parte faltosa, ao proferir sua sentença; se
a ausência for de testemunha, nas mesmas circunstâncias, poderá o árbitro
ou o presidente do tribunal arbitral requerer à autoridade judiciária que
conduza a testemunha renitente, comprovando a existência da convenção
de arbitragem.
§ 3º A revelia da parte não impedirá que seja proferida a sentença arbitral.
§ 4º Ressalvado o disposto no § 2º, havendo necessidade de medidas
coercitivas ou cautelares, os árbitros poderão solicitá-las ao órgão do Poder
Judiciário que seria, originariamente, competente para julgar a
causa. (Revogado pela Lei nº 13.129, de 2015) (Vigência)
§ 5º Se, durante o procedimento arbitral, um árbitro vier a ser substituído
fica a critério do substituto repetir as provas já produzidas.

CAPÍTULO IV-A
(Incluído pela Lei nº 13.129, de 2015) (Vigência)
DAS TUTELAS CAUTELARES E DE URGÊNCIA
Art. 22-A. Antes de instituída a arbitragem, as partes poderão recorrer ao
Poder Judiciário para a concessão de medida cautelar ou de
urgência. (Incluído pela Lei nº 13.129, de
2015) (Vigência)
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Parágrafo único. Cessa a eficácia da medida cautelar ou de urgência se a


parte interessada não requerer a instituição da arbitragem no prazo de 30
(trinta) dias, contado da data de efetivação da respectiva decisão.
(Incluído pela Lei nº 13.129, de 2015) (Vigência)

Art. 22-B. Instituída a arbitragem, caberá aos árbitros manter, modificar ou


revogar a medida cautelar ou de urgência concedida pelo Poder
Judiciário. (Incluído pela Lei nº 13.129, de
2015) (Vigência)
Parágrafo único. Estando já instituída a arbitragem, a medida cautelar ou
de urgência será requerida diretamente aos árbitros. (Incluído
pela Lei nº 13.129, de 2015) (Vigência)
CAPÍTULO IV-B
(Incluído pela Lei nº 13.129, de 2015) (Vigência)
DA CARTA ARBITRAL
Art. 22-C. O árbitro ou o tribunal arbitral poderá expedir carta arbitral para
que o órgão jurisdicional nacional pratique ou determine o cumprimento,
na área de sua competência territorial, de ato solicitado pelo árbitro.
(Incluído pela Lei nº 13.129, de 2015) (Vigência)
Parágrafo único. No cumprimento da carta arbitral será observado o
segredo de justiça, desde que comprovada a confidencialidade estipulada
na arbitragem. (Incluído pela Lei nº 13.129, de
2015) (Vigência)

Da Sentença Arbitral

O artigo 23 da Lei de arbitragem dispõe:

“(...) Art. 23. A sentença arbitral será proferida no prazo estipulado pelas
partes. Nada tendo sido convencionado, o prazo para a apresentação da
sentença é de seis meses, contado da instituição da arbitragem ou da
substituição do árbitro.
§ 1o Os árbitros poderão proferir sentenças parciais. (Incluído pela Lei
nº 13.129, de 2015)
§ 2o As partes e os árbitros, de comum acordo, poderão prorrogar o prazo
para proferir a sentença final. (Incluído pela Lei nº 13.129, de
2015) (...)”
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Existe diferença entre sentença terminativa (conteúdo meramente


processual sem resolução de mérito) e definitiva (definem o direito aplicado ao caso
concreto)

As sentenças poderão ser declaratórias, constitutivas e condenatórias.

Também é importante considerar que o pedido feito pelas partes poderá ser
julgado procedente ou parcialmente procedente.

Prazo para apresentação da sentença: deve ser fixado pelas partes na


convenção de arbitragem tendo em vista a natureza da relação jurídica e sua
complexidade.

Prazo legal para apresentação da sentença arbitral: 6 meses, que passa a


fluir a partir do instante em que é instituída a arbitragem.

Sentença arbitral parcial: possibilidade, desde que os árbitros sejam


autorizados na convenção de arbitragem.

O artigo 24 da Lei da Arbitragem dispõe sobre a necessidade de a sentença


ser dada por escrito, in verbis:

“(...)Art. 24. A decisão do árbitro ou dos árbitros será expressa em


documento escrito.
§ 1º Quando forem vários os árbitros, a decisão será tomada por maioria.
Se não houver acordo majoritário, prevalecerá o voto do presidente do
tribunal arbitral.
§ 2º O árbitro que divergir da maioria poderá, querendo, declarar seu voto
em separado.(...)”

A exigência de a sentença arbitral ser escrita é óbvia: é que se houver


necessidade de execução, o juiz togado deverá conhecer o teor daquilo que foi
julgado e o meio mais prático para isso é a escrita.
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Não há necessidade que a sentença seja escrita no vernáculo (língua


portuguesa), pois as partes poderão ter escolhido um idioma estrangeiro. Todavia,
deverá estar traduzido, nos moldes da lei processual.

Existem dois sistemas para calcular o montante:

o da continência. Exemplo: o primeiro árbitro fixa indenização de R$


100.000,00; o segundo, de R$ 50.000,00 e o terceiro, R$ 30.000. O valor da
condenação, por esse sistema, será R$ 50.000,00.

Média aritmética: pelo sistema da média aritmética, o valor da indenização


seria de R$ 60.000,00, valor obtido somando-se os três valores acima mencionados e
dividindo-se por 3.

Voto de minerva: não se formando maioria acerca da decisão, atribui-se


ao voto do presidente o maior peso.

Declaração de voto vencido: poderá o árbitro declarar seu voto, que restou
vencido, em separado, para deixar consignado o seu entendimento sobre o assunto.

Os requisitos da sentença são previstos no artigo 26 da Lei de Arbitragem,


in verbis:

“(...) Art. 26. São requisitos obrigatórios da sentença arbitral:


I - o relatório, que conterá os nomes das partes e um resumo do litígio;
II - os fundamentos da decisão, onde serão analisadas as questões de fato e
de direito, mencionando-se, expressamente, se os árbitros julgaram por
eqüidade;
III - o dispositivo, em que os árbitros resolverão as questões que lhes forem
submetidas e estabelecerão o prazo para o cumprimento da decisão, se for o
caso; e
IV - a data e o lugar em que foi proferida.
Parágrafo único. A sentença arbitral será assinada pelo árbitro ou por todos
os árbitros. Caberá ao presidente do tribunal arbitral, na hipótese de um ou
alguns dos árbitros não poder ou não querer assinar a sentença, certificar tal
fato.(...)
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A sentença arbitral deverá enfrentar a questão da responsabilidade das


partes em relação ao pagamento das custas e despesas com a arbitragem, prevista no
artigo 27 da Lei de Arbitragem:

“(...) Art. 27. A sentença arbitral decidirá sobre a responsabilidade das


partes acerca das custas e despesas com a arbitragem, bem como sobre
verba decorrente de litigância de má-fé, se for o caso, respeitadas as
disposições da convenção de arbitragem, se houver. (...)

Custas = as despesas do processo ou encargos dele decorrentes.

Despesas = gastos advindos do processo com o pagamento de peritos,


avaliadores, diligências e outros encargos pecuniários consequentes do andamento do
processo.

Cumpre esclarecer o quanto disposto no artigo 79, 80 e 81 do Código de


Processo Civil, que servem apenas como referência para o árbitro analisar a questão
da litigância de má-fé no curso da arbitragem:

“(...) Art. 79. Responde por perdas e danos aquele que litigar de má-fé
como autor, réu ou interveniente.
Art. 80. Considera-se litigante de má-fé aquele que:
I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato
incontroverso;
II - alterar a verdade dos fatos;
III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal;
IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo;
V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo;
VI - provocar incidente manifestamente infundado;
VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.
Art. 81. De ofício ou a requerimento, o juiz condenará o litigante de má-fé
a pagar multa, que deverá ser superior a um por cento e inferior a dez por
cento do valor corrigido da causa, a indenizar a parte contrária pelos
prejuízos que esta sofreu e a arcar com os honorários advocatícios e com
todas as despesas que efetuou.
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§ 1o Quando forem 2 (dois) ou mais os litigantes de má-fé, o juiz condenará


cada um na proporção de seu respectivo interesse na causa ou
solidariamente aqueles que se coligaram para lesar a parte contrária.
§ 2o Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa poderá
ser fixada em até 10 (dez) vezes o valor do salário-mínimo.
§ 3o O valor da indenização será fixado pelo juiz ou, caso não seja possível
mensurá-lo, liquidado por arbitramento ou pelo procedimento comum, nos
próprios autos.(...)”

A hipótese de conciliação vem prevista no artigo 28 da Lei de Arbitragem:

“(...)Art. 28. Se, no decurso da arbitragem, as partes chegarem a acordo


quanto ao litígio, o árbitro ou o tribunal arbitral poderá, a pedido das partes,
declarar tal fato mediante sentença arbitral, que conterá os requisitos do art.
26 desta Lei.(...)”

Pode o árbitro homologar o acordo firmado pelas partes durante o curso da


arbitragem para que elas produzam os mesmos efeitos de uma sentença arbitral.

O árbitro deverá intimar as partes (e seus advogados, se o caso) do teor da


sentença, conforme determinado no artigo 29 da Lei de Arbitragem:

“(...) Art. 29. Proferida a sentença arbitral, dá-se por finda a arbitragem,
devendo o árbitro, ou o presidente do tribunal arbitral, enviar cópia da
decisão às partes, por via postal ou por outro meio qualquer de
comunicação, mediante comprovação de recebimento, ou, ainda,
entregando-a diretamente às partes, mediante recibo. (...)”

Tanto as partes quanto seus advogados, se tiverem, deverão ser


comunicados da sentença. O prazo vem previsto no artigo 30 da Lei de Arbitragem:

“(...) Art. 30. No prazo de 5 (cinco) dias, a contar do recebimento da


notificação ou da ciência pessoal da sentença arbitral, salvo se outro prazo
for acordado entre as partes, a parte interessada, mediante comunicação à
outra parte, poderá solicitar ao árbitro ou ao tribunal arbitral que:
(Redação dada pela Lei nº 13.129, de 2015) (Vigência)
I - corrija qualquer erro material da sentença arbitral;
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II - esclareça alguma obscuridade, dúvida ou contradição da sentença


arbitral, ou se pronuncie sobre ponto omitido a respeito do qual devia
manifestar-se a decisão.
Parágrafo único. O árbitro ou o tribunal arbitral decidirá no prazo de 10
(dez) dias ou em prazo acordado com as partes, aditará a sentença arbitral e
notificará as partes na forma do art. 29. (Redação dada pela Lei nº
13.129, de 2015) (...)”

Os efeitos da sentença estão previstos no artigo 31 da Lei de Arbitragem, in


verbis:

“(...) Art. 31. A sentença arbitral produz, entre as partes e seus sucessores,
os mesmos efeitos da sentença proferida pelos órgãos do Poder Judiciário
e, sendo condenatória, constitui título executivo.(...)”

As hipóteses de nulidade da sentença estão expressamente previstas no


artigo 32 da Lei de Arbitragem, in verbis:

“(...) Art. 32. É nula a sentença arbitral se:


I - for nula a convenção de arbitragem; (Redação dada pela Lei nº
13.129, de 2015)
II - emanou de quem não podia ser árbitro;
III - não contiver os requisitos do art. 26 desta Lei;
IV - for proferida fora dos limites da convenção de arbitragem;
V - não decidir todo o litígio submetido à arbitragem; (Revogado pela
Lei nº 13.129, de 2015)
VI - comprovado que foi proferida por prevaricação, concussão ou
corrupção passiva;
VII - proferida fora do prazo, respeitado o disposto no art. 12, inciso III,
desta Lei; e
VIII - forem desrespeitados os princípios de que trata o art. 21, § 2º, desta
Lei. (...)”

As partes podem pedir a nulidade da sentença ao Poder Judiciário, diante


das hipóteses legais do artigo 32, conforme prevê o artigo 33 da Lei de Arbitragem:
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“(...) Art. 33. A parte interessada poderá pleitear ao órgão do Poder


Judiciário competente a declaração de nulidade da sentença arbitral, nos
casos previstos nesta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.129, de
2015)
§ 1o A demanda para a declaração de nulidade da sentença arbitral, parcial
ou final, seguirá as regras do procedimento comum, previstas na Lei n o
5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil), e deverá ser
proposta no prazo de até 90 (noventa) dias após o recebimento da
notificação da respectiva sentença, parcial ou final, ou da decisão do pedido
de esclarecimentos. (Redação dada pela Lei nº 13.129, de 2015)
o
§ 2 A sentença que julgar procedente o pedido declarará a nulidade da
sentença arbitral, nos casos do art. 32, e determinará, se for o caso, que o
árbitro ou o tribunal profira nova sentença arbitral. (Redação dada
pela Lei nº 13.129, de 2015)
§ 3o A decretação da nulidade da sentença arbitral também poderá ser
requerida na impugnação ao cumprimento da sentença, nos termos dos arts.
525 e seguintes do Código de Processo Civil, se houver execução
judicial. (Redação dada pela Lei nº 13.105, de 2015)
§ 4o A parte interessada poderá ingressar em juízo para requerer a prolação
de sentença arbitral complementar, se o árbitro não decidir todos os
pedidos submetidos à arbitragem. (Incluído pela Lei nº 13.129, de
2015) (...)”

Homologação de Sentença Estrangeira

A matéria é tratada no artigo 34 e seguintes da Lei de Arbitragem, in


verbis:

Do Reconhecimento e Execução de Sentenças


Arbitrais Estrangeiras

Art. 34. A sentença arbitral estrangeira será reconhecida ou executada no


Brasil de conformidade com os tratados internacionais com eficácia no
ordenamento interno e, na sua ausência, estritamente de acordo com os
termos desta Lei.
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CURSO: DIREITO – 7º SEMESTRE – 2023/1

Parágrafo único. Considera-se sentença arbitral estrangeira a que tenha sido


proferida fora do território nacional.
Art. 35. Para ser reconhecida ou executada no Brasil, a sentença arbitral
estrangeira está sujeita, unicamente, à homologação do Superior Tribunal
de Justiça. (Redação dada pela Lei nº 13.129, de
2015) (Vigência)
Art. 36. Aplica-se à homologação para reconhecimento ou execução de
sentença arbitral estrangeira, no que couber, o disposto nos arts. 483 e 484
do Código de Processo Civil.
Art. 37. A homologação de sentença arbitral estrangeira será requerida pela
parte interessada, devendo a petição inicial conter as indicações da lei
processual, conforme o art. 282 do Código de Processo Civil, e ser
instruída, necessariamente, com:
I - o original da sentença arbitral ou uma cópia devidamente certificada,
autenticada pelo consulado brasileiro e acompanhada de tradução oficial;
II - o original da convenção de arbitragem ou cópia devidamente
certificada, acompanhada de tradução oficial.
Art. 38. Somente poderá ser negada a homologação para o reconhecimento
ou execução de sentença arbitral estrangeira, quando o réu demonstrar
que:
I - as partes na convenção de arbitragem eram incapazes;
II - a convenção de arbitragem não era válida segundo a lei à qual as partes
a submeteram, ou, na falta de indicação, em virtude da lei do país onde a
sentença arbitral foi proferida;
III - não foi notificado da designação do árbitro ou do procedimento de
arbitragem, ou tenha sido violado o princípio do contraditório,
impossibilitando a ampla defesa;
IV - a sentença arbitral foi proferida fora dos limites da convenção de
arbitragem, e não foi possível separar a parte excedente daquela submetida
à arbitragem;
V - a instituição da arbitragem não está de acordo com o compromisso
arbitral ou cláusula compromissória;
VI - a sentença arbitral não se tenha, ainda, tornado obrigatória para as
partes, tenha sido anulada, ou, ainda, tenha sido suspensa por órgão judicial
do país onde a sentença arbitral for prolatada.
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Art. 39. A homologação para o reconhecimento ou a execução da sentença


arbitral estrangeira também será denegada se o Superior Tribunal de Justiça
constatar que: (Redação dada pela Lei nº 13.129, de 2015)
I - segundo a lei brasileira, o objeto do litígio não é suscetível de ser
resolvido por arbitragem;
II - a decisão ofende a ordem pública nacional.
Parágrafo único. Não será considerada ofensa à ordem pública nacional a
efetivação da citação da parte residente ou domiciliada no Brasil, nos
moldes da convenção de arbitragem ou da lei processual do país onde se
realizou a arbitragem, admitindo-se, inclusive, a citação postal com prova
inequívoca de recebimento, desde que assegure à parte brasileira tempo
hábil para o exercício do direito de defesa.
Art. 40. A denegação da homologação para reconhecimento ou execução
de sentença arbitral estrangeira por vícios formais, não obsta que a parte
interessada renove o pedido, uma vez sanados os vícios apresentados.

Será procedida perante o Superior Tribunal de Justiça.

A propósito:

“O laudo arbitral estrangeiro e sua homologação no STJ


Fábio de Possídio Egashira
Na homologação, o STJ é chamado a confirmar o laudo arbitral estrangeiro
ou a sentença estrangeira proferidos em outro País, para que surtam efeito
no território nacional. Não se trata de homologar a existência e a validade
das decisões, mas a importação de eficácia delas.
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

1
A Reforma Judiciária de 2004, realizada por meio da Emenda nº 45,
transferiu a competência da homologação de sentenças estrangeiras para
o STJ – art. 105, I, i, da CF. Até a edição de normas regimentais pelo
STJ, a matéria permanece regulada pelos arts. 215 a 224 do RISTF e pela
Resolução nº 9/2005 do STJ, além da Lei nº 9.30796, arts. 34 a 40 e,
subsidiariamente, os arts. 483 e 484 do CPC, no caso de laudo arbitral
estrangeiro.”
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O+laudo+arbitral+estrangeiro+e+sua+homologacao+no+STJ
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