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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Registro: 2022.0000463605

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1005267-32.2020.8.26.0099 e código 1A7E1315.
ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação / Remessa Necessária


nº 1005267-32.2020.8.26.0099, da Comarca de Bragança Paulista, em que é apelante
JOAQUIM DE ARAUJO NETO e Recorrente JUÍZO EX OFFICIO, é apelado
ESTADO DE SÃO PAULO.

ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 4ª Câmara de Direito


Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Negaram
provimento ao reexame necessário e deram parcial provimento ao recurso do
autor. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão.

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por PAULO BARCELLOS GATTI, liberado nos autos em 15/06/2022 às 18:40 .
O julgamento teve a participação dos Desembargadores OSVALDO
MAGALHÃES (Presidente sem voto), ANA LIARTE E FERREIRA RODRIGUES.

São Paulo, 15 de junho de 2022.

PAULO BARCELLOS GATTI


Relator(a)
Assinatura Eletrônica
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PODER JUDICIÁRIO
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4ª CÂMARA

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APELAÇÃO CÍVEL N° 1005267-32.2020.8.26.0099
APELANTE: JOAQUIM DE ARAUJO NETO
APELADA: FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ORIGEM: 1ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE BRAGANÇA PAULISTA
VOTO N° 21.935

APELAÇÃO AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER -


TRATAMENTO MÉDICO INDISPENSÁVEL À SAÚDE

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Pretensão inicial do autor voltada à condenação da
Fazenda Estadual a providenciar o imediato fornecimento
do medicamento “Tafamidis - 20mg”, com o objetivo de
realizar o tratamento de polineuropatia sensitivo autonômica
e motora com alteração eletromiográfica e amiloidose
familiar hererditária (CID 10: E851), de que é portador,
segundo a quantidade e posologia constantes em relatório
médico possibilidade preservação do direito
constitucional à saúde dever do Poder Público de fornecer
o tratamento médico adequado àqueles que necessitam
inteligência do art. 196 da CF/88 e legislação atinente ao
SUS observação aos parâmetros delineados nos
julgamentos do REsp nº 1.657.156/RJ (STJ, Tema 106) e
RE nº 855.178/SE (STF, Tema 793) Imprescindibilidade
da renovação contínua da receita médica prescrevendo o
medicamento pleiteado na inicial, a fim de demonstrar que o
paciente permanece necessitando deste mesmo fármaco -
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS Possibilidade de
fixação de honorários por equidade, considerando que a
demanda não possui conteúdo econômico imediato
Precedentes do STJ - Sentença de procedência sutilmente
reformada, apenas para majorar o valor dos honorários
advocatícios de R$ 2.000,00 para R$ 5.000,00 - Remessa
necessária desprovida e recurso voluntário do autor provido
em parte.

Vistos.

Trata-se de recurso de apelação interposto

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por JOAQUIM DE ARAUJO NETO, nos autos da “ação de


obrigação de fazer”, ajuizada pelo apelante em face da

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FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO e que foi julgada
procedente pelo Juízo “a quo”, sob o fundamento de o
autor ter demonstrado a necessidade de tratamento médico
por meio do fármaco vindicado na inicial, associada à sua
vulnerabilidade econômica para adquiri-lo por conta
própria, cabendo, por conseguinte, à Administração
Pública Estadual o imediato fornecimento de “Tafamidis

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20 mg”, segundo a posologia constante em relatório
médico, ressalvando que o autor deverá se submeter à
análise de médico, a cada 2 meses, com o objetivo de
renovar a receita, e ficando a ré condenada ao pagamento
de honorários advocatícios no montante de R$ 2.000,00,
consoante a r. sentença de fls. 103/106, cujo relatório
se adota.

Inconformado, o autor apela (fls.


109/123), alegando ser imprescindível que seja
determinada a disponibilização contínua do medicamento
indicado na inicial, uma vez que sua patologia não teria
cura. Neste sentido, afirmou ser oneroso demais o
comparecimento ao médico a cada 2 meses para a renovação
da receita, tendo em vista as limitações físicas
decorrentes de sua doença. Assim, requereu que seja
determinado o fornecimento do medicamento de forma
contínua ou, subsidiariamente, que a receita possa ser
renovada a cada seis meses. Defendeu que os honorários
advocatícios não podem ser fixados por equidade no
presente caso, uma vez que ausentes as causas
autorizadoras do art. 85, § 8º, do CPC, devendo ser a
verba fixada em percentual sobre o valor da causa.
Subsidiariamente, caso seja mantida a fixação por

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equidade, pretendeu que o valor da verba honorária seja


fixado em patamar maior. Desse modo, requereu a reforma

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parcial da r. sentença.

Recurso regularmente processado, livre de


preparo, diante do benefício da justiça gratuita
concedido ao autor (fl. 42/43), com a apresentação de
contrarrazões pela FESP (fls. 130/137).

Remessa necessária observada pelo Juízo “a

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quo”, seguindo o disposto no art. 496, I, do CPC/2015, e
inteligência do Enunciado nº 490, da Súmula do C.
Superior Tribunal de Justiça1.

Este é, em síntese, o relatório.

VOTO

Insurge o autor em face da r. sentença que


submeteu o fornecimento do medicamento pleiteado na
inicial à renovação da receita por meio de nova avaliação
médica, a cada dois meses, e que fixou os honorários
advocatícios de sucumbência, por equidade, no montante de
R$ 2.000,00.

Porém, pelo que se depreende dos autos, o


apelo voluntário comporta provimento parcial, enquanto o
reexame necessário deve ser desprovido.

O direito perquirido pelo autor decorre do

1 Súmula 490 (STJ). A dispensa de reexame necessário, quando o valor da


condenação ou do direito controvertido for inferior a 60 salários mínimos,
não se aplica a sentenças ilíquidas.
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disposto no art. 196 da Carta Magna, que reconhece a


saúde como “direito de todos e dever do Estado”, devendo o

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mesmo garanti-la de forma efetiva, não só “mediante
políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de
doença e de outros agravos”, como também que proporcionem o
“acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua
promoção, proteção e recuperação”.

Nesse contexto, o direito à saúde encontra


base no princípio da dignidade da pessoa humana, figura

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entre os direitos fundamentais e está positivado como
direito público subjetivo, subsumindo-se ao preceito do
art. 5º, §1º, da Constituição Federal, o qual estatui que
“as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais
têm aplicabilidade imediata”.

Ao se debruçar sobre o tema em comento, a


doutrina de JOSÉ CRETELLA JÚNIOR leciona que:

“Nenhum bem da vida apresenta tão


claramente unidos o interesse individual e o
interesse social, como o da saúde, ou seja, do
bem-estar físico que provém da perfeita
harmonia de todos os elementos que constituem
o seu organismo e de seu perfeito
funcionamento. Para o indivíduo saúde é
pressuposto e condição indispensável de toda
atividade econômica e especulativa, de todo
prazer material ou intelectual. O estado de
doença não só constitui a negação de todos
estes bens, como também representa perigo,
mais ou menos próximo, para a própria
existência do indivíduo e, nos casos mais
graves, a causa determinante da morte. Para o
corpo social a saúde de seus componentes é
condição indispensável de sua conservação, da
defesa interna e externa, do bem-estar geral,

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de todo progresso material, moral e


político”3.

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Destarte, os princípios da dignidade da
pessoa humana (art. 1º, III, da CF/88) e da preservação
da saúde dos cidadãos em geral (art. 6º, da CF/88), sob a
redoma da responsabilidade solidária prevista no art.
196, da Constituição Federal, impõem aos entes públicos a
implementação efetiva dos direitos sociais, dentre estes

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se incluindo a obrigação de fornecer os medicamentos e os
tratamentos médicos indispensáveis à sobrevivência dos
cidadãos expostos à situação de vulnerabilidade.

O argumento fincado na necessidade de


padronização de procedimentos terapêuticos, a serem
realizados pelo SUS além de outros meios de acesso -,
são procedimentos de ordem administrativa que, embora
tenham pertinência com o resultado efetivo no atendimento
da população em geral, não elidem o caso concreto, sendo
especialmente particulares as suas circunstâncias.

Ato contínuo, se para obter o tratamento


que alega ser indispensável para a sua saúde, a parte,
ressaltando-se que suas posses não permitiram arcar com
os respectivos custos, teve que se socorrer ao
Judiciário, tem-se que a possibilidade é ínsita ao
contexto previsto no art. 5º da CF/88, explicito no
inciso XXXV, ao dispor que “a lei não excluirá da
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”.

3 CRETELLA JÚNIOR, José. Comentários à Constituição Federal de 1988. V.


VIII. São Paulo: Forense Universitária. 1993, pág. 4332-4334, item 181.

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Consequentemente, inexiste invasão na


discricionariedade de outro Poder na situação em que o

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Judiciário está justamente agindo conforme as exigências
de garantia da paz social. É precisamente por causa da
independência e harmonia entre os Poderes, previstas no
art. 2º da Constituição Federal, que, estando o
Judiciário fazendo cumprir os comandos superiores de
natureza pétrea, indeclináveis da plena cidadania, não
tem sentido alegar intromissão ao perímetro de

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discricionariedade interna, nenhuma reserva existindo
para proteger o Executivo que também está submetido à
mesma Lei.

Não se olvide que, tratando-se de saúde


pública, se cada pessoa é um indivíduo único e a hipótese
examinada não enseja extensão do deferimento para
terceiros, nada impede a Fazenda Pública de, pelos meios
adequados, demonstrar eventual descompasso diagnóstico ou
artifícios outros, enfim, o mau uso do processo e
consequente ofensa à boa-fé, tomando então as medidas
processuais cabíveis, a teor do art. 40, do Código de
Processo Penal.

Acrescente-se que o Colendo Superior


Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp nº
1.657.156/RJ, submetido ao rito dos recursos repetitivos
(art. 1.036 do CPC/2015 Tema nº 106), definiu os
requisitos cumulativos a serem observados para os casos
em que se pretende o fornecimento de fármaco não inserido
nos protocolos clínicos e terapêuticos do SUS (STJ, 1ª
Seção, Rel. Min. BENEDITO GONÇALVES, j. 25.04.2018):

Comprovação, por meio de laudo médico fundamentado e

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circunstanciado expedido por médico que assiste o


paciente, da imprescindibilidade ou necessidade do

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medicamento, assim como da ineficácia, para o
tratamento da moléstia, dos fármacos fornecidos
pelo SUS;

Incapacidade financeira de arcar com o custo do


medicamento prescrito; e

Existência de registro na ANVISA do medicamento.

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Na oportunidade, a própria Corte Superior
modulou os efeitos da decisão para determinar que “os
critérios e requisitos estipulados somente serão exigidos para
os processos que forem distribuídos a partir da conclusão do
presente julgamento”.

E, na hipótese sub examine, certo é que o


relatório elaborado por profissional médico mostra-se
suficiente para a comprovação da necessidade de
tratamento do autor, que é portador de polineuropatia
sensitivo autonômica e motora com alteração
eletromiográfica e amiloidose familiar hererditária (CID
10: E851), mediante o uso contínuo do medicamento
“Tafimidis - 20mg” (fls. 26/31).

Da mesma forma, restou evidenciada a


vulnerabilidade econômica do beneficiário, uma vez que o
custo mensal do medicamento de que necessita é de
aproximadamente 26 mil reais (fls. 32/38), sendo que ele
percebe rendimento mensal de apenas R$ 1.500,00 (fls.
22/25).

No sentido aqui adotado, confira-se o

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entendimento desta Corte Estadual de Justiça em casos


análogos:

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APELAÇÃO CIVIL E REEXAME NECESSÁRIO. DIREITO À
SAÚDE. OBRIGAÇÃO DE FAZER. MEDICAMENTO. Autor
portador de "Polineuropatia Amiloidótica
Familiar PAF", necessitando do medicamento
"Vyndaqel" princípio ativo "Tafamidis
meglumina", não incorporado em atos normativos
do SUS. Aplicação da tese firmada em sede de
Recurso Repetitivo, no RE nº 1. 1.657.156/RJ

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(tema 106). O fármaco solicitado é registrado
na ANVISA. Autor que comprovou os requisitos
exigidos no Tema 106. Dever constitucional do
Estado de garantir a saúde de todos os
cidadãos, nos termos do art. 196 da
Constituição Federal. Honorários advocatícios
fixados por equidade (art. 85, § 8º, do CPC).
Sentença de procedência do pedido mantida.
Recursos não providos. (Apelação Cível
1019481-25.2019.8.26.0564; Relator (a): Djalma
Lofrano Filho; Órgão Julgador: 13ª Câmara de
Direito Público; Data do Julgamento:
27/04/2021)

APELAÇÃO - Obrigação de Fazer Portador de


Polineuropatia Amiloidótica Familiar (PAF) com
indicação de Tafamidis Meglumina -
Fornecimento de medicamento Obrigação do
Poder Público - Direito que decorre da
aplicação do artigo 196 da Constituição
Federal Danos morais Não caracterizados
Multa Manutenção Observância aos
princípios da razoabilidade e
proporcionalidade Honorários advocatícios
Redução - Sentença de parcial procedência
reformada apenas quanto aos honorários
advocatícios Recursos de Apelação da Autora
e da Ré desprovidos e Reexame Necessário
parcialmente provido. (Apelação Cível
1006927-82.2017.8.26.0126; Relator (a): Ana
Liarte; Órgão Julgador: 4ª Câmara de Direito
Público; Data do Julgamento: 26/08/2019)
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APELAÇÃO / REMESSA NECESSÁRIA. Fornecimento

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gratuito do medicamento Tafamidis 20mg
(Vyndaqel). Paciente portador de
"Polineuropatia Sensitivo Motora e Crônica".
Pedido de antecipação de tutela deferido.
Sentença de procedência. Feito distribuído em
07/11/2017, não se aplicando a ele,
necessariamente, o entendimento consolidado no
REsp nº 1.657.156 Acórdão publicado no DJe
de 04/05/2018. Cabimento da ação à vista do
bem jurídico tutelado, a vida. A

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Jurisprudência de nossos tribunais já se
firmou no sentido da responsabilidade
solidária dos entes federados, de forma que
qualquer deles tem legitimidade para figurar
no polo passivo da demanda que objetive o
acesso a meios e medicamentos para tratamento
de saúde. O autor comprovou indubitavelmente a
necessidade do medicamento descrito na petição
inicial, além da sua hipossuficiência
financeira para adquiri-lo. Dessa forma,
cumpre ao ente público demandado o seu
fornecimento. ASTREINTES. Fixação com intuito
de ser cumprida a obrigação de fornecer os
medicamentos requeridos o mais breve possível.
Limitação temporal. É razoável que a aplicação
da multa seja limitada a 30 dias, a fim de que
sejam evitados o prejuízo ao erário e o
desvirtuamento do objetivo das astreintes.
Honorários Advocatícios fixados em valor
razoável, para a digna remuneração do trabalho
profissional desenvolvido pelo patrono do
apelado, não devendo sofrer redução. RECURSO
PARCIALMENTE PROVIDO E REMESSA NECESSÁRIA NÃO
ACOLHIDA. (Apelação Cível
1012829-46.2017.8.26.0019; Relator (a):
Antonio Celso Faria; Órgão Julgador: 8ª Câmara
de Direito Público; Data do Julgamento:
02/07/2019)

Assim, a manutenção da r. sentença quanto

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ao dever do Estado de São Paulo prover o medicamento


pleiteado pelo autor é medida de rigor.

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Por sua vez, cumpre analisar o pedido do
autor de fornecimento contínuo do medicamento, sem a
necessidade de renovação da receita, bem como seu pedido
subsidiário de renovação desta a cada 6 meses, ao invés
do intervalo de 2 meses fixado na r. sentença.

Verifica-se que o demandante fundamenta

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tais pleitos nas alegações de que sua enfermidade é
incurável e que, em vista disso, terá que usar sempre o
mesmo medicamento, bem como que possui dificuldade de
locomoção. Afirma que “os sintomas da polineuropatia
inclui dores intensas nos membros inferiores e
superiores, conforme acima informado, o que causa enorme
dificuldade de locomoção ao Apelante para que se dirija
ao local onde será realizado o exame a cada dois meses
sendo que, muito provavelmente, ainda deverá aguardar por
horas no local até ser atendido pelo médico
responsável.”.

Ocorre que, como é comumente sabido, o


fato de ter sido receitado determinado medicamento para o
autor em vista de doença incurável não implica
necessariamente que este mesmo medicamento será sempre
utilizado por ele. Ao contrário, sabe-se que a
enfermidade pode evoluir, regredir, bem como apresentar
outras implicações que importem a troca do fármaco
utilizado. Ainda, situações diversas, tais como eventual
intolerância do paciente ao uso contínuo do medicamento,
podem fazer com que seja necessária a mudança no
tratamento.

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Ademais, deve ser levado em consideração


que o medicamento aqui pleiteado é de alto custo, uma vez

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que demanda a quantia mensal aproximada de 26 mil reais,
o que implica a necessidade de adoção de meios para
resguardar o Erário, e, em última análise, o interesse
público.

Do mesmo modo, embora não se olvide que a


enfermidade do autor possa vir a causar dificuldade de
locomoção, o certo é que nada há nos autos a indicar que

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isto de fato ocorre.

Neste sentido, destaque-se que o relatório


médico de fl. 26 indica que a doença está em fase
inicial, sendo que, na anamnese descrita na solicitação
de medicamento de fls. 39/41 consta apenas que o
“paciente relata diminuição da sensibilidade em membros
superiores que vem progressivamente ascendendo para as
regiões proximais. Associadamente observou tontura ao se
levantar, com episódios de síncope. O intestino ficou
mais preso (...)”.

Assim, não merece acolhimento as


pretensões do autor atinentes à renovação da receita para
o fornecimento do medicamento, devendo a r. sentença ser
mantida tal como lançada neste aspecto.

Anote-se que a manutenção do quanto fixado


pelo juízo de primeiro grau se dá sem prejuízo de que,
uma vez demonstrada posteriormente a efetiva dificuldade
de locomoção do autor, venha este a pleitear novamente a
ampliação dos intervalos entre as receitas médicas.

Por seu turno, no tocante ao exato valor

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da verba honorária sucumbencial, tratando-se de ação


voltada ao fornecimento de medicamento por tempo

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indeterminado, sem conteúdo econômico imediato, deve
prevalecer a regra do §8º, do art. 85, do CPC/2015, que
determina o arbitramento de forma equitativa por parte do
Juízo. Confira-se a literalidade do dispositivo legal:

Art. 85. (...)


§ 8o Nas causas em que for inestimável ou
irrisório o proveito econômico ou, ainda,

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quando o valor da causa for muito baixo, o
juiz fixará o valor dos honorários por
apreciação equitativa, observando o disposto
nos incisos do § 2o.

Tal dispositivo mostra-se plenamente


compatível com a disposição do §3º, do mesmo art. 85, do
CPC/2015, que trata especificamente das “faixas de
referência” para arbitramento dos honorários
sucumbenciais nos processos envolvendo a Fazenda Pública.
Ora, a partir de uma adequada hermenêutica, extrai-se que
a inteligência da regra do §3º só se satisfaz nos casos
em que sua aplicação direta se compatibiliza ao direito
de justa remuneração do causídico pelos trabalhos
desenvolvidos no processo.

Neste sentido, segundo escólios de


ALEXANDRE FREIRE e LEONARDO ALBUQUERQUE MARQUES, “(...) nada
impede que, desde que preenchidas efetivamente as
condicionantes do §8º acima transcrito (...), os honorários a
serem eventualmente arbitrados (...) sigam tal método.”,
especialmente “(...) se o magistrado verificar que a aplicação
da regra geral ensejaria a aplicação de valores excessivos ou

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aviltantes”4.

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Neste sentido, é importante verificar que,
no caso, o valor conferido à causa é de R$ 377.307,24
(fl. 18), de modo que a fixação dos honorários
advocatícios, mesmo que nos patamares mínimos do art. 85,
§ 3º, do CPC, implicaria montante incompatível com a
complexidade da demanda.

Não se está a afirmar que os advogados,

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públicos ou privados, não merecem a devida e justa
remuneração. É inquestionável que o munus por eles
desempenhado é de relevância ímpar para a boa preservação
do Estado Democrático de Direito.

Daí, porém, não resulta uma “carta branca”


para subversão dos princípios que regem o processo civil,
em prestígio a um retórico direito de “remuneração
adequada”.

Não se pode perder de vista que a própria


legislação adjetiva prevê critérios que devem ser
sopesados pelo Juízo no procedimento de quantificação da
remuneração devida ao advogado (art. 85, §2º, do CPC/2015
grau de zelo profissional; lugar de prestação dos serviços;
natureza e importância da causa; qualidade do trabalho
desempenhado pelo advogado; tempo de duração dos serviços);
mais, dentro do capítulo que trata das normas
fundamentais do processo civil, impõe-se às partes
comportarem-se de acordo com a boa-fé (art. 5º), devendo
cooperar entre si para, em tempo razoável, obterem

4 FREIRE, Alexandre; MARQUES, Leonardo Albuquerque. Art. 85, §8º. In,


STRECK, LENIO LUIZ; NUNES, Dierle; CUNHA, Leonardo Carneiro (orgs.).
Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Saraiva, 2016, p. 152.
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decisão justa e efetiva.

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Ainda, é importante considerar que o
processo judicial não deve servir de fonte de
enriquecimento sem justa causa em favor de quem quer que
seja (art. 884, do CPC/2015), não sendo palco adequado
para “aventuras jurídicas”, “litigância de má-fé”,
“oportunismos”, “abusos de direito”, etc.

No caso concreto, uma vez que a demanda

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envolve o direito constitucional à saúde, cujo valor é
inestimável, e não sendo o proveito econômico da demanda
imediatamente aferível, prudente a utilização do critério
da “equidade”, com o escopo de perfectibilizar o direito
de remuneração adequada do causídico.

Não se olvida do recente entendimento


fixado pelo STJ, sob a sistemática dos recursos
repetitivos (Tema 1076 RESP 1.850.512/SP), em que
ficaram definidas as seguintes teses jurídicas: “i) A
fixação dos honorários por apreciação equitativa não é
permitida quando os valores da condenação, da causa ou o
proveito econômico da demanda forem elevados. É
obrigatória nesses casos a observância dos percentuais
previstos nos §§ 2º ou 3º do artigo 85 do CPC - a
depender da presença da Fazenda Pública na lide -, os
quais serão subsequentemente calculados sobre o valor:
(a) da condenação; ou (b) do proveito econômico obtido;
ou (c) do valor atualizado da causa. ii) Apenas se admite
arbitramento de honorários por equidade quando, havendo
ou não condenação: (a) o proveito econômico obtido pelo
vencedor for inestimável ou irrisório; ou (b) o valor da
causa for muito baixo.”

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Ocorre que a observância do precedente


vinculante, no caso, não conduz ao acolhimento da

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pretensão do autor de fixação de honorários nos
percentuais sobre o valor da causa indicados nos
parágrafo 2º e 3º do art. 85. Ao contrário, referido
entendimento do STJ implica o arbitramento dos honorários
com base na equidade (art. 85, § 8º, CPC).

Isso porque as demandas ajuizadas para o


fornecimento de medicamentos ou de tratamento médico

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amoldam-se ao critério de “valor inestimável”, presente
no art. 85, § 8º, do CPC, uma vez que diretamente ligadas
ao direito à vida e à saúde, sem que haja conteúdo
econômico imediato.

Neste sentido, veja-se o entendimento do


próprio STJ, compatibilizando a tese fixada no Tema 1.076
e as especificidades das demandas em que se pleiteia o
direito à saúde:

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO


INTERNO. FORNECIMENTO DE TRATAMENTO MÉDICO.
DIREITO À SAÚDE. VALOR INESTIMÁVEL. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS. ARBITRAMENTO. EQUIDADE.
POSSIBILIDADE. 1. A Corte Especial, no
julgamento dos Recursos Especiais
1.850.512/SP, 1.877.883/SP, 1.906.623/SP e
1.906.618/SP (Tema 1.076 - acórdão ainda
pendente de publicação), sob o rito dos
repetitivos, estabeleceu a seguinte
orientação: "I) A fixação dos honorários por
apreciação equitativa não é permitida quando
os valores da condenação, da causa ou o
proveito econômico da demanda forem elevados.
É obrigatória nesses casos a observância dos
percentuais previstos nos §§ 2º ou 3º do
artigo 85 do CPC - a depender da presença da
Fazenda Pública na lide -, os quais serão
subsequentemente calculados sobre o valor: (a)
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da condenação; ou (b) do proveito econômico


obtido; ou (c) do valor atualizado da causa;

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II) Apenas se admite arbitramento de
honorários por equidade quando, havendo ou não
condenação: (a) o proveito econômico obtido
pelo vencedor for inestimável ou irrisório; ou
(b) o valor da causa for muito baixo"
(Informativo 730 do STJ, de 28/3/2022). 2. A
jurisprudência das Turmas que compõem a
Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça
autoriza o arbitramento de honorários
advocatícios por critério de equidade nas

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demandas em que se pleiteia do Estado o
fornecimento de tratamento médico, haja vista
que, nessas hipóteses, não é possível
mensurar, em geral, o proveito econômico
obtido com a ação, por envolver questão
relativa ao direito constitucional à vida e/ou
à saúde. 3. Agravo interno não provido. (AgInt
no REsp n. 1.890.101/RN, relator Ministro
Sérgio Kukina, Primeira Turma, julgado em
25/4/2022, DJe de 28/4/2022.)

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO


INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO
QUE VISA O FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS PELO
PODER PÚBLICO. ARBITRAMENTO DOS HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA. CRITÉRIOS DE
EQUIDADE. ART. 85, § 8o., DO CPC/2015. AGRAVO
INTERNO DA FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO
PROVIDO.
1. Conforme recente orientação jurisprudencial
deste STJ, a obrigação de fazer imposta ao
Estado, constituída no fornecimento de
medicamentos para tratamento contra
enfermidades, objetiva a preservação da vida
e/ou da saúde garantidas constitucionalmente,
bens cujo valor é inestimável, o que justifica
a fixação de honorários por equidade.
2. Agravo Interno da FAZENDA DO ESTADO DE SÃO
PAULO provido, para reconhecer a necessidade
de fixação dos honorários advocatícios por
critérios de equidade, conforme o teor do art.
85, § 8o., do CPC/2015. (AgInt no AREsp n.

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1.568.584/SP, relator Ministro Manoel Erhardt


(Desembargador Convocado do Trf5), Primeira

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Turma, julgado em 15/2/2022, DJe de
17/2/2022.)

Ainda, vejam-se os seguintes precedentes


deste E. Tribunal de Justiça em casos análogos:

APELAÇÃO. MEDICAMENTO. Portador de dermatite


aguda pulmonar. Ausência de requisito de
admissibilidade. Tema 793 do STF que não

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exclui a responsabilidade solidária dos entes
federados. Indisponibilidade do direito à
saúde. Inteligência do art. 196 da CF.
Observados os critérios definidos pelo
Superior Tribunal de Justiça no julgamento do
tema nº 106. Comprovada a necessidade e
imprescindibilidade, o fornecimento dos
medicamentos é medida que se impõe. Prescrição
do medicamento necessário cabe ao médico da
parte, sendo infactível a modificação
requerida, tutela que seria extra petita.
Direito à saúde, cujo valor é inestimável.
Honorários advocatícios corretamente fixados
por equidade, com base no parágrafo 8º, do
artigo 85 do CPC. Sentença mantida. RECURSOS
NÃO PROVIDOS. (Apelação Cível
1004547-53.2021.8.26.0609; Relator (a): Souza
Nery; Órgão Julgador: 12ª Câmara de Direito
Público; Data do Julgamento: 12/05/2022)

RECURSO DE APELAÇÃO. Obrigação de fazer.


Pretensão ao fornecimento de medicamento
(Dupilumabe). Pedido fundado no artigo 196 da
Constituição Federal. Direito à saúde.
Obrigação solidária entre os entes da
federação. Tema 793 do STF que reforça a tese
de solidariedade. O tratamento médico adequado
aos necessitados se insere no rol dos deveres
estatais, pois solidária a responsabilidade
dos entes federados. Comprovada a incapacidade
financeira do impetrante para arcar com o
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tratamento de que necessita. Medicamento


registrado na Anvisa. Laudo médico comprova a

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imprescindibilidade da medicação, em
observância ao tema 106 do STJ. Demais
requisitos também presentes. Possibilidade, no
entanto, de autorizar o fornecimento de
medicamento genérico desde que respeitado o
mesmo princípio ativo, acolhido, no ponto, a
pretensão recursal subsidiária da Fazenda.
Fixação dos honorários advocatícios que no
caso pode ser feita segundo critério da
equidade. Valor, porém, que deve ser elevado

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para atender o disposto no art. 85, § 2º do
CPC. Ambos os recursos são parcialmente
providos. (Apelação Cível
1015926-44.2020.8.26.0344; Relator (a): Jose
Eduardo Marcondes Machado; Órgão Julgador: 10ª
Câmara de Direito Público; Data do Julgamento:
16/05/2022)

Em suma, é de rigor a fixação dos


honorários advocatícios por equidade no caso em tela.

Por seu turno, cumpre aferir qual montante


atende aos critérios de ponderação estatuídos nos incisos
do §2º, do art. 85, do CPC/2015.

Atente-se que, no momento de mensuração da


adequada remuneração do causídico da parte vencedora abre-
se certa margem ao Juízo para fixação do exato quantum,
desde que, reforce-se, haja racional correspondência com
os parâmetros de sopesamento a serem observados neste
intento.

Para a hipótese destes autos, tendo em


vista o grau de zelo profissional, a acessibilidade do
locus de prestação dos serviços via processo digital, a
natureza e a importância da causa; o trabalho

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desempenhado pelo advogado; o tempo de duração dos


serviços, conclui-se como mais adequado o valor de R$

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5.000,00, já considerado nesse montante os honorários
para a fase recursal.

Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO ao reexame


necessário e DOU PROVIMENTO PARCIAL ao recurso do autor,
somente para majorar o valor dos honorários advocatícios

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sucumbenciais para R$ 5.000,00, mantendo-se, quanto ao
mais, a r. sentença tal como lançada.

PAULO BARCELLOS GATTI


RELATOR

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