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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por SERVIO TULIO DE BARCELOS e AMAZONAS TRIBUNAL DE JUSTICA, protocolado em 20/05/2022 às 08:15 , sob o número PWEB22604386984
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JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE MANAUS/AM
SÍNTESE DA DEMANDA
ALEGAÇÕES DO AUTOR ALEGAÇÕES DA DEFESA
BANCO DO BRASIL S/A, instituição financeira sob a forma de empresa de economia mista,
sociedade de economia mista, sediado no Setor Bancário Sul, Quadra 4, Bloco C, Lote 32, Edifício Sede
III, em Brasília no Distrito Federal, inscrito no CNPJ/MF sob o número 00.000.000/0001-91, comparece
perante V. Exa., por seus procuradores e por não reconhecer os argumentos expendidos pela parte autora
na inicial, relativamente aos autos do processo em referência, que lhe move ISMAEL LIMA SOARES
JUNIOR, vem apresentar CONTESTAÇÃO com supedâneo nos fundamentos doravante alinhados.
Alega a parte autora que possui conta junto ao Banco do Brasil. Alega que vem sendo debitado
em tarifas à título '' Tarifa Pacote de Serviços'', TARIFA SMS e SEGURO DE VIDA” que não solicitou,
anuiu ou foi informado.
Requer a declaração de inexistência de débito, indenização por danos materiais nos valores de R$
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2.115,28 e R$ 4.230,56 (valor dobrado). Requer, ainda, indenização por danos morais no valor de R$
44.249,44.
2 DA TEMPESTIVIDADE
O Enunciado nº. 10 do FONAJE regula o prazo para contestar nos Juizados Especiais. Segundo
esse Enunciado, “a contestação poderá ser apresentada até a audiência de instrução e julgamento”. Assim,
tendo em vista que a audiência de conciliação ainda será realizada, é tempestiva a presente contestação.
3. PRELIMINARMENTE
Primeiramente, cumpre esclarecer que com a vigência do novo Código de Processo Civil, o
incidente processual passou a ser matéria de defesa, em sede de preliminar, conforme dispõe o art. 293,
vejamos:
A parte autora ajuizou a demanda almejando indenização por danos materiais, mas não atribuiu
valor a este pedido.
A parte autora ajuizou a demanda almejando indenização por danos morais, mas não atribuiu
valor a este pedido.
A parte autora atribuiu à causa o valor de R$ 48.480,00. Contudo, a quantia ora discutida nos
autos é de R$ 50.595,28.
Ademais, é cediço que a exordial deve observar os requisitos exigidos e descritos no artigo
319, do novo CPC:
Nesta toada, é nítido que o a vantagem econômica pretendida pela parte autora, já que
possível ser mensurada, deve este ser o valor atribuído à demanda.
Percebe-se desta forma que a ação esta pautada nos incisos II e V do art. 291 do CPC, o qual
importa em declarar a resolução do contrato e com isto sua inexigibilidade e ainda, ver-se indenizada por
danos materiais que julga ter sofrido em conduta supostamente perpetrada pelo Réu.
Desta forma, atendendo o dispositivo constante no inciso VI do art. 291 do CPC, o valor correto a
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ser atribuído à causa não é outro senão o valor de R$ 50.595,28.
Desta forma, cabe ao Réu apresentar toda e qualquer matéria que obste ou prejudique o
julgamento de mérito antes de nele adentrar. Como o erro presente é uma das causas que impede o
julgamento de mérito, conforme determina o §2° do art. 486, vejamos:
Art. 486. (...). § 2o A petição inicial, todavia, não será despachada sem a prova
do pagamento ou do depósito das custas e dos honorários de advogado.
Ora, o adimplemento de custas então é condição para desenvolvimento regular do processo, sem
o qual não pode sequer haver apreciação da inicial. Assim sendo, verificada a irregularidade processual,
esta deve ser sanada pelo D. juízo, declarando e corrigindo o valor da causa imputando-lhe o valor de R$
50.595,28, por óbvio intimando a parte autora para suprir a falta das custas no prazo de 05 (cinco) dias,
conforme art. 487, §1° do CPC sob pena de extinção do processo nos termos do art. 485, III do CPC, o
que de já requer em caso de descumprimento ou intempestividade no cumprimento da determinação.
A via jurisdicional deve ser buscada quando estritamente necessária à solução de um conflito de
interesses factível e comprovado. O Princípio da inafastabilidade do Judiciário com acento constitucional
no art. 5º, XXXV da Constituição Federal não existe para prestigiar aventuras jurídicas, sob pena de
inviabilizar a operacionalidade e a eficiência deste Órgão Constitucional para satisfazer pretensões
legítimas ou resolver questões às quais os meios extrajudiciais não foram suficientes ou satisfatórios.
Ressalta-se que o interesse de agir está configurado na necessidade da via jurisdicional para a
obtenção de um resultado útil, prático, devendo a parte se valer da via adequada. O interesse processual
pode ser verificado quando presente os binômios “necessidade-interesse” e “necessidade-adequação”.
Vale lembrar ainda que o Poder Judiciário não é órgão de consulta, sendo factível que um dos
fatores de seu inchaço (senão o principal) é justamente a circunstância de que todos os dias nela são
despejadas inúmeras demandas absolutamente temerárias, tais como a que ora se rechaça com veemência.
Conforme documentação anexa verifica-se que a parte autora é correntista e usuário dos serviços
do Banco-réu desde 26/04/2022 , e somente agora resolveu questionar suposta cobrança indevida pelo
pacote de serviços e tarifas, objeto da presente ação. Se o fez, excelência é porque fora indevidamente
orientado e induzido por profissional jurídico dotado de má-fé, tema que será devidamente abordado em
tópico próprio. Mas o que se quer provar por ora, é que é inequívoca a sua ciência e concordância com os
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termos contratuais avençados há uma década.
No aludido documento, consta ao seu final aposta a assinatura do cliente, portanto ciente desta
cláusula e anuente com a mesma:
O Banco sempre esteve à disposição para prestar os esclarecimentos necessários e para sanar as dúvidas a
respeito da cobrança de tarifas pela prestação de serviços bancários e, caso fosse solicitado, efetuaria a
alteração do contrato, sem a necessidade de onerar o Poder Judiciário.
Nestes anos de relacionamento entre o cliente e o Banco, não foram localizados registros de
contestação ou de reclamação envolvendo a questão narrada na presente demanda judicial, procedimentos
administrativos destinados a apurar eventuais irregularidades.
Sendo assim, pela manifesta carência de interesse de agir da parte AUTORA nesta demanda,
requer seja a inicial INDEFERIDA DE PLANO, nos termos do art. 330, III do Código de Processo Civil
e extinto o processo sem julgamento de mérito, com fulcro no art. 485, incisos I, IV e VI do Código de
Processo Civil.
Apesar de toda a disponibilidade de canais de fácil acesso, o cliente que optou por judicializar a
questão de tamanha simplicidade, sem nunca ter comunicado ao Banco sua intenção de cancelar o Pacote
de Serviços, conduz de forma contrária ao princípio da boa-fé objetiva, eis que movimenta e onera os
recursos do Poder Judiciário sem qualquer necessidade.
Desse modo, conforme se verifica na petição inicial a parte autora, afirma que o Banco teria se
omitido diante de sua solicitação de cancelamento na esfera administrativa, sem juntar qualquer prova
desta alegação ou sequer um protocolo de atendimento, demonstra-se, portanto que a parte autora está
agindo de má-fé. Por este motivo está ausente o interesse na ação judicial, que se trata de condição
essencial a existência de pretensão resistida, nos termos do que prescreve o Código de Processo Civil:
interesse processual;
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Art. 485.O juiz não resolverá o mérito quando: [...] VI - verificar ausência de
legitimidade ou de interesse processual;
Assim, diante da ausência de pretensão resistida pelo Banco e desnecessidade de jurisdição para o
atendimento do interesse da parte autora, que litiga de forma inconsequente e descabida, sobrecarregando
o Poder Judiciário, requer deste juízo a imposição de multa por litigância de má-fé, nos termos do art. 79,
80, incisos I, II e III, do Código de Processo Civil, além de condenação em honorários advocatícios em
primeiro grau no Juizado Especial, conforme dispõe o art. 55, da Lei 9.099/95.
4. DO MÉRITO
A parte autora ingressou com a ação alegando débito indevido em sua conta referente a tarifas
suspostamente cobradas de forma indevida, contudo, não merece prosperar a pretensão da parte autora em
relação ao BANCO-RÉU, como adiante demonstraremos, pelos fundamentos de fato e de direito a seguir
delineados.
A TARIFA é a remuneração pelos serviços prestados pelo Banco a seus correntistas e pode ser
cobrada por valor fixo, percentual etc. A divulgação dos preços dos serviços é feita pelas Tabelas de
Tarifas e Tabelas de Pacotes de Serviços PF e PJ, do Banco do Brasil e do Banco Postal.
A contratação de tarifas é opcional, sendo que a formalização desta adesão sé dá por assinatura do
termo de adesão ou assinatura eletrônica (senha pessoal) pelo cliente, nos sistemas do Banco. Na abertura
de conta pode-se escolher o pagamento de tarifa avulsa ou optar pelo pacote de serviços.
Ademais, o cliente poderá ficar sem aderir a um pacote e fazer uso apenas de serviços essenciais.
Caso utilize serviços além dos isentos pelos serviços essenciais, haverá cobrança de tarifas avulsas,
conforme tabela de tarifas vigentes.
O valor das tarifas é fixado pelas instituições financeiras, em consonância com a Resolução CMN
n° 3.919/10 e Resolução CMN n° 4.021/11, sendo que está prevista no contrato, sendo autorizada pelo
cliente.
tarifas bancárias por serviços utilizados. Há diversas modalidades de Pacotes de Serviços, que são
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classificados de acordo com o perfil de utilização de serviços bancários de cada cliente, que escolherá o
que melhor se enquadra ao seu próprio padrão de consumo, conforme detalhamento no endereço
https://www.bb.com.br/pbb/pagina-inicial/voce/produtos-eservicos/pacotes-de-servicos#/
Nesses casos, ou seja, quando não optar ou cancelar o Pacote de Serviços previamente
contratado, conforme determina a Resolução 3919 do Bacen, o cliente automaticamente terá acesso
à franquia de Serviços Essenciais e pagará pelas tarifas individualmente que excederem a franquia.
Diferentes modalidades de pacotes de serviços foram criadas para atender os variados perfis de
consumo de cada cliente, ficando a critério dele optar por aderir ou não, e qual modalidade melhor atende
às suas necessidades.
Caso o cliente (pessoa natural) não tenha interesse em contratar o “Pacote de Serviços”, contará
com acesso gratuito a um conjunto mínimo de serviços bancários definidos pelo Bacen na Resolução
3.919/2010, contudo será cobrado pelos serviços que utilizar além dos serviços essenciais.
A conta da parte autora não é uma conta salário, e sim uma conta corrente, de livre
movimentação, na qual incidem, conforme cláusulas contratuais, os encargos contratuais avençados
junto ao Banco no momento da adesão, conforme prints e documentos que seguem anexos à esta
peça contestatória
Observe-se, por relevante, que inclusive o BACEN disponibiliza na sua página na internet
(https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/tarifas_bancarias) uma tabela comparativa de tarifas entre
todas as instituições bancárias, de modo que o cliente pode avaliar qual instituição melhor atende suas
necessidades.
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No contrato de Abertura de Conta-Corrente pessoa física, consta a possibilidade de adesão
ao pacote de serviços:
Verifica-se que a contratação do pacote questionado foi feita pelo próprio cliente, via
assinatura eletrônica.
Ressaltando ainda que a contratação se deu por expressa anuência da parte autora,
conforme previsto na Resolução 3.919/10 do BACEN:
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Ademais, a alteração do contrato, optando pela retirada do pacote de serviços, pode ser feito a qualquer
momento pelo cliente. Não consta formalização de reclamação pelo cliente quanto à cobrança do pacote
de serviços. A questão poderia ter sido resolvida administrativamente pelo próprio, mas assim não o foi,
optando em ajuizar a lide.
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Novamente demonstrado e confirmado a ausência de interesse de agir do autor, que não
deve ver prosperar sua pretensão.
As instituições financeiras são autorizadas pelo Banco Central, conforme Resolução n° 3.919/10,
a cobrar tarifas para prestação de serviços como saques, transferências, impressão de extratos etc. Desse
modo a cobrança da tarifa é legítima e prevista em contrato, não se enquadrando nas exceções previstas
no § 2º da Resolução n° 3.919 de 25/11/2010. A cobrança de tarifas pela prestação de serviços bancários
está prevista nas Cláusulas Gerais do Contrato de Abertura e Movimentação de Conta Corrente:
Não está regulamentada pelo Bacen, encontrando-se sujeita às regras de divulgação na Tabela de
Tarifas ou em contrato formalizado com o cliente. A cobrança de tarifas bancárias é definida de acordo
com o Código de Defesa do Consumidor e Resoluções do Bacen.
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dispõe sobre a prevenção de riscos na contratação de operações e na prestação de serviços por parte de
instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil.
Revoga a Resolução nº 2.878/2001.
Resolução nº 3.919, de 25/11/2010: altera e consolida as normas sobre cobrança de tarifas pela
prestação de serviços por parte das instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar
pelo Banco Central do Brasil e dá outras providências. Revoga as Resoluções 3.518 e 3.693.
No referido julgado ficou consignado que: “(....) houve comprovação de que, no momento da
abertura da conta corrente, o consumidor manifestou vontade no sentido da opção por pacote cujos
serviços bancários e respectivas tarifas foram informados pela instituição bancária. Portanto, não há como
se reconhecer a ilicitude das cobranças relativas ao aludido pacote de serviços, pois houve contratação".
Além disso, o julgado também destacou a regularidade da contratação pela via eletrônica,
consignando que: “(...) A cobrança de pacote adicional de serviços pela via eletrônica também não padece
de qualquer ilicitude, uma vez resultante da contratação, pelo consumidor usuário, de pacote adicional por
meio da utilização de seu cartão pessoal de senha intransferível e na forma eletrônica. Aliás, reputo
suficiente a prova produzida pelo Réu para comprovar a contratação eletrônica do pacote, uma vez que tal
tipo de adesão ocorre apenas mediante a utilização de senha do usuário via portais de autoatendimento,
prática mais que usual nas atividades bancárias, donde não há que se falar em necessidade de outra prova
a corroborá-la para considerar a higidez da cobrança efetivada". No mesmo sentido:
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restrição ao crédito em virtude da sua inadimplência. (TJMG - Apelação Cível
1.0137.18.001057-1/001, Relator(a): Des.(a) Roberto Apolinário de Castro, 10ª
CÂMARA CÍVEL, julgamento em 04/02/2020, publicação em 14/02/2020)
Portanto, a referida cobrança é devida e deve ser rejeitado o pedido da parte autora para
devolução de eventuais valores.
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acolhimento.
Cumpre evidenciar que, consoante dispõe o artigo 877, do Código Civil, a repetição do indébito
pressupõe, necessariamente, o pagamento por erro, o que não houve no caso em tela. In casu, o
pagamento consumado decorreu de obrigação preexistente, amparada na lei e na vontade das partes,
inexistindo má-fé a ensejar a repetição em dobro, nos termos do artigo 42, § único, do CDC.
Desta feita, nada há a restituir à parte autora, eis que os pagamentos efetuados foram feitos de
acordo com o livremente pactuado, conforme legislação vigente, e não foram adimplidos por erro. Ora, a
repetição de indébito somente é devida quando o consumidor efetivamente pagou em excesso, o que não é
o caso dos autos, vez que a parte autora pagou a quantia que foi contratada, não existe qualquer prova de
má-fé do banco demandado e ausência de prejuízo material.
É absurda a indenização pretendida pela parte autora no valor de 44.249,44 a título de dano
moral. Restou comprovado nos autos que a parte autora serve-se de argumentos vazios e alegações sem
qualquer embasamento probatório para sustentar o pleito indenizatório já maculado em seu
nascedouro, vez que não houve prática de ato ilícito pelo Banco Réu que deu total cumprimento à
legislação vigente.
No caso em comento, não restou devidamente caracterizado o dano moral, sendo certo que os
aborrecimentos passados pela parte autora, não configuram dor e sofrimento capazes de gerar a obrigação
de indenizar. Fadada ao insucesso é a presente caminhada judicial na medida em que os requisitos
necessários à imputação da responsabilidade indenizatória ao Banco Réu, insertos no art. 927 do Código
Civil, não se fazem presentes no caso vertente, maculando por completo o pleito deduzido, senão
vejamos:
Art. 927. Aquele que, por ATO ILÍCITO (art. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de
culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pela
AUTORA do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Com efeito, através da melhor hermenêutica aplicada aos dispositivos acima transcritos, deflui-se
que a responsabilidade de indenizar necessita da ocorrência dos três elementos indispensáveis para sua
aferição, quais sejam:
b) Existência de dano;
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E ainda que se cogite de responsabilidade objetiva, por se tratar de relação de consumo incide de
forma CRISTALINA CAUSA QUE ELIDE TAL RESPONSABILIDADE, a saber: INEXISTÊNCIA DE
DEFEITO NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. Vale lembrar que a parte autora pleiteia ressarcimento
por danos morais, porém sequer apresentou nos autos alguma sustentação probatória.
Ademais, não se verifica nada de irregular ou que reflita qualquer resquício de abuso por parte do
Banco Réu. É de ver-se que a conduta do Banco Réu pauta-se no exercício regular de um direito
reconhecido, com âncora, inclusive, no artigo 188, inciso I do Código Civil.
Assim, um mero aborrecimento, comum nas relações de consumo e no dia-a-dia, não pode dar
causa à indenização por danos morais. É importante, para a comprovação do dano moral, a prova das
condições nas quais ocorreram as ofensas à moral, à boa-fé ou à dignidade da vítima, as
consequências do fato para sua vida pessoal, incluindo a repercussão do dano e todos os demais
problemas gerados reflexamente por este, o que não é constatado na inicial.
Ademais, entende-se que só será cabível reparação por danos morais quando estivermos diante de
uma grave agressão ou atentado à dignidade da pessoa humana, capaz de ensejar sofrimentos e
humilhações intensos, descompondo o equilíbrio psicológico do indivíduo por um período de tempo
desarrazoado, o que não é o caso dos autos.
No caso em apreço, percebe-se com clareza que não há fundamentação para a responsabilidade
civil por parte do banco réu, uma vez que não há dano e, mesmo em se admitindo que os fatos contidos
na petição inicial houvessem ocorrido na exata forma como foram narrados, ainda assim não
seriam aptos a ensejar o direito a compensação por danos morais, já que os prejuízos financeiros
porventura advindos da cobrança de tarifas em conta corrente não teriam o condão de afetar os
direitos de personalidade da parte autora. Portanto, inexistente e não comprovado o dano aventado,
não merece guarida o pedido indenizatório.
Dessa maneira, pugna o Banco Réu pela improcedência do pedido de indenização por danos
morais. Eventualmente, caso outro seja o entendimento do magistrado, o valor da indenização por danos
morais deve ser fixado em patamar mínimo, considerando a razoabilidade e a proporcionalidade.
Pelo princípio da eventualidade, caso haja uma eventual condenação, o que é improvável devido à
ausência de prova robusta de responsabilidade do banco réu, esta deverá levar em consideração
parâmetros adotados pelos Tribunais quanto à fixação do quantum indenizatório, devendo estar presentes
os consagrados princípios da moralidade, da razoabilidade e da proporcionalidade, todos com sede
constitucional.
Sendo assim, o quantum a ser fixado deve guardar relação com os parâmetros de razoabilidade e
proporcionalidade, com o fim de não se permitir que o postulante aufira verdadeiros “ganhos lotéricos”,
mostrando-se imprescindível a moderação na fixação, sob pena de criação de uma “indústria milionária
de indenizações”.
Por fim, cumpre registrar o exemplo da melhor doutrina, sob a guarida de Cristiano Chaves de
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Farias, Felipe Braga Neto e Nelson Rosenvald, que demonstra que a compensação em dinheiro não é
necessária para o bem da sociedade, mas sim a demonstração do direito da vítima:
O CDC estatui que, a critério do juiz, pode ser deferida a inversão do ônus da prova, quando for
verossímil a alegação e quando for o consumidor hipossuficiente, analisando-se caso a caso. Dessa forma,
a prova relativa à inversão do ônus da prova deve ser produzida pela parte autora, visto que o deferimento
de tal benefício processual se dá tão-somente por se entender ser aplicável o presente caso às normas do
CDC, medida que seria extremamente excepcional. Tal pretensão, para ser acolhida, depende dos
requisitos observados acima, como assevera José Geraldo Brito Filomeno:
É evidente, entretanto, que não será em qualquer caso que tal se dará,
advertindo o mencionado dispositivo, como se verifica de seu teor, que isso
dependerá, a critério do juiz, da verossimilhança da alegação da vítima e
segundo as regras ordinárias de experiência. (José Geraldo Brito Filomeno in
“Código Brasileiro de Defesa do Consumidor – Comentado pelos Autores do
Anteprojeto", Editora Forense; Edição: 11ª. 2017)
Assim sendo, cabe à parte autora, no caso em tela, demonstrar e provar os fatos constitutivos do
seu direito, conforme determina o art. 373, inciso I, do CPC:
Portanto, tem-se que o pedido de inversão do ônus da prova não poderá ser acolhido, visto que a
disposição legal prevista no CDC não é geral e absoluta, mas sim medida extremamente excepcional,
devendo ser analisada casuisticamente, não havendo razões para o deferimento deste benefício à parte
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autora na presente demanda.
5. CONCLUSÃO
Por todo o exposto, requer seja acolhida a preliminar arguida, julgando extinto o processo sem
resolução do mérito tendo em vista a falta de interesse de agir da parte autora.
Requer sejam julgados totalmente improcedentes os pedidos consignados na peça inicial, uma vez
que os fatos apontados pela parte autora são desprovidos de fundamentação que os sustente, não havendo
indicação de dolo ou culpa nos atos praticados pelo Banco Réu, tampouco do nexo de causalidade, aptos a
ensejar o ressarcimento por danos materiais ou repetição de indébito.
Ademais, o pedido de restituição em dobro deve ser indeferido. Caso esse não seja o
entendimento do julgador, a restituição dos valores deve se dar de forma simples.
Na eventualidade de Vossa Excelência entender que a parte autora, de alguma forma, faz jus à
pretensão indenizatória pela reparação de danos morais, atribuível ao BANCO RÉU, seja a indenização
fixada com base em todas as particularidades do caso concreto e ainda aos princípios da moralidade, da
proporcionalidade e da razoabilidade, elidindo-se o enriquecimento sem causa.
Requer provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidos, especialmente
juntada de novos documentos, testemunhal, pericial e depoimento pessoal da parte autora.
Ademais, desde já, o Réu impugna toda a documentação acostada pela parte autora, não
reconhecendo nenhum dos documentos que não tenham sido acostados por ela própria.