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Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região

Poder Judiciário - Justiça do Trabalho

O documento a seguir foi juntado aos autos do processo de número 1001091-82.2022.5.02.0608


em 24/06/2022 19:00:01 - 9485367 e assinado eletronicamente por:
- ROGERIO MAZZA TROISE

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA ___
VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO – SP

Preliminar de Conversão de Rito Sumaríssimo em Ordinário


(figura como parte a Administração Pública)

RICARDO DOS SANTOS GARCIA, brasileiro, monitor aquático, nascido em


23 de agosto de 1978, filho de Francisco Santiago Garcia e Maria Aparecida
dos Santos Garcia, portador da Cédula de Identidade RG nº 29.080.826-1
SSP/SP, inscrito no CPF/MF sob o nº 220.621.388-57, portador da CTPS nº
28091, Série 225 – SP, cadastrado no PIS sob o nº 128.95259.81-1, residente
e domiciliado na Rua Caminho Quatro, 102, Apto. 23, Bloco A – Jd. Maria de
Lourdes – CEP 07263-015 – Guarulhos – SP, por seu advogado e bastante
procurador que esta subscreve, vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, na forma do artigo 840 da CLT, propor a presente

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

contra 1ª Reclamada: SHAMOU ESPORTES COMERCIO E SERVICOS


LTDA., empresa inscrita no CNPJ/MF sob o nº 10.229.266/0001-64,
estabelecida na Rua do Bosque, 1.906 – Barra Funda – CEP 01136-001 –
São Paulo – SP e 2ª Reclamada: 2ª Reclamada: MUNICÍPIO DE SÃO
PAULO, representado pela PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO DE
SÃO PAULO, com departamento judicial situado na Av. Liberdade, 103, 6º
andar – Centro – CEP 01503-000 – São Paulo – SP, requerendo seja
determinada a notificação da(s) Reclamada(s), na forma prevista no artigo 841
da CLT para, querendo, comparecer(em) à audiência e apresentar defesa,
pela forma e nos termos previstos em lei.

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COMPETÊNCIA

Considerando a competência estabelecida pela presidência desse Egrégio


Tribunal Regional do Trabalho, a parte Reclamante informa, desde logo, que
inicia e termina sua jornada de trabalho na Rua Cinira Polônio, 100 – Conj.
Promorar Rio Claro – CEP 08395-320 – São Paulo – SP (CEU São Rafael),
sendo esse Juízo, portanto, competente para conhecer e julgar a presente
lide.

I – PRELIMINARMENTE

I.1 DA CONVERSÃO DE RITO SUMARÍSSIMO EM ORDINÁRIO

A presente reclamatória ostenta valor que não excede a quarenta vezes o


salário mínimo vigente na data do ajuizamento, estando, portanto, em
princípio, submetida ao procedimento sumaríssimo, a teor do que dispõe o
“caput” do artigo 852-A da CLT.

Todavia, figura como parte na presente demanda a Administração Pública


(MUNICÍPIO DE SÃO PAULO), incidindo, dessa forma, a regra de exceção a
que alude o parágrafo único do mesmo referido artigo 852-A da CLT, razão
pela qual, data vênia, faz-se necessária a conversão do rito procedimental
da presente reclamatória para o ordinário.

Registre-se que, inexistindo prejuízo às partes, a conversão para o rito


ordinário, além de prestigiar os princípios da celeridade, da economia
processual e da instrumentalidade das formas, também encontra firme
respaldo na jurisprudência do Colendo Tribunal Superior do Trabalho.

Referida Corte Superior, aliás, já se manifestou no sentido de que a


inobservância dos requisitos previstos no artigo 852-B da CLT não importa
necessariamente o arquivamento do feito, podendo o julgador, por questão de
economia e celeridade processual e desde que não haja prejuízo às partes,
determinar a conversão do rito sumaríssimo em ordinário. Tal entendimento
advém da interpretação do art. 794 da CLT, segundo o qual “nos processos
sujeitos à apreciação da Justiça do Trabalho só haverá nulidade quando
resultar dos atos inquinados manifesto prejuízo às partes litigantes”. Neste
sentido:

“EXTINÇÃO DO FEITO. RITO SUMARÍSSIMO. VALOR


ATRIBUÍDO À CAUSA MERAMENTE ESTIMATIVO.
AUSÊNCIA DE PREJUÍZO. CONVERSÃO PARA O
RITO ORDINÁRIO. 1. Nos termos do artigo 852-B da
Consolidação das Leis do Trabalho, nas reclamações
processadas sob o rito sumaríssimo, o pedido inicial
deverá ser certo, determinado e líquido. Resulta
impróprio, assim, o processamento do feito sob tal rito
especial diante da atribuição de mero valor -estimado- à
causa. 2. Daí não segue, todavia, como consequência
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necessária, a extinção do feito. Afigurando-se possível a
conversão para o rito ordinário, ante a inexistência de
prejuízo manifesto às partes, afigura-se imperioso
proceder, de ofício, à adequação do rito processual, em
observância aos princípios da celeridade, da economia
processual e da instrumentalidade das formas.
Interpretação conjunta dos artigos 852-B e 794 da
Consolidação das Leis do Trabalho e 277 do Código de
Processo Civil. 3. Agravo de instrumento a que se nega
provimento” (AIRR - 1207-50.2012.5.05.0551, Relator
Ministro Lelio Bentes Corrêa, Data de Julgamento:
27/08/2014, 1ª Turma, Data de Publicação: DEJT
29/08/2014).

“RECURSO DE REVISTA. PETIÇÃO INICIAL.


REQUISITOS. RITO SUMARÍSSIMO. Nos termos da
jurisprudência desta Corte, o fato de na sentença ter
havido a conversão do rito sumaríssimo para o ordinário
não implica nulidade do feito, tampouco de que a ação
deveria ter sido arquivada. O que deve ser assegurado
aos litigantes é a garantia constitucional da ampla
defesa e do contraditório, o que ficou plenamente
evidenciado nos autos, consoante os termos delineados
no acórdão regional. Corretamente aplicável ao feito o
artigo 794 da Consolidação das Leis do Trabalho” (RR -
173000-44.2006.5.15.0016, Relator Ministro Pedro
Paulo Manus, Data de Julgamento: 09/11/2011, 7ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 18/11/2011).

“RECURSO DE REVISTA. NULIDADE PROCESSUAL.


CONVERSÃO DO RITO SUMARÍSSIMO EM
ORDINÁRIO. INICIATIVA DO JUÍZO PRIMÁRIO.
DEMONSTRAÇÃO DE NÃO-OCORRÊNCIA DE
PREJUÍZO PROCESSUAL. 1. O entendimento que tem
prevalecido no âmbito desta Corte, é no sentido de que
a conversão do rito processual sumaríssimo para o
ordinário pode ser determinada ex officio pelo juiz desde
que o procedimento não resulte prejuízo às partes,
porquanto são de ordem pública as disposições
processuais referentes ao procedimento, não estando
sujeita essa alteração à vontade das partes. Isso porque,
a norma contida no artigo 852-B da CLT mostra-se
incompleta quando em confronto com o artigo 295,
inciso V, do CPC, o qual contempla norma com idêntica
finalidade e maior amplitude, reclamando, por isso,
interpretação integrativa quanto à possibilidade da
conversão do procedimento sumaríssimo ao ordinário,
quando não acarretar prejuízos às partes, o que vem a
atender aos princípios da utilidade dos atos processuais
e da celeridade processual. Destaca-se, também, que o
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rito sumaríssimo, como delineado pelos artigos 852-A e
seguintes da CLT, não impõe restrições ou limites à
contestação, de forma que a alegação de prejuízo da
defesa, por esse ângulo, mostra-se inconsistente.
(Precedentes). 2. Recurso de revista conhecido e não
provido” (RR - 805264-86.2001.5.23.5555, Relator
Ministro Guilherme Augusto Caputo Bastos, Data de
Julgamento: 07/05/2008, 7ª Turma, Data de Publicação:
DJ 09/05/2008).

I.2 DA JUSTIÇA GRATUITA

A parte Reclamante declara-se pobre na acepção jurídica do termo,


preenchendo os requisitos legais para requerer, desde logo, o benefício da
justiça gratuita, nos termos da Constituição de 1988, Leis 1.060/50, 5.584/70
e posteriores alterações, bem como artigos 98 a 102 do CPC e 790 da CLT,
diante da impossibilidade de arcar com as custas e demais despesas relativas
à presente reclamação, inclusive eventuais honorários periciais e advocatícios
de sucumbência, sem prejuízo do sustento próprio e de sua família.

Assevere-se que o benefício da justiça gratuita ora postulado deve


compreender não somente as custas, mas todas as despesas processuais
incidentes, inclusive honorários periciais e advocatícios de sucumbência, sem
qualquer limitação ou condição, mesmo que obtido em juízo, ainda que em
outro processo, créditos capazes de suportar tais despesas, porquanto a
Constituição de 1988 consagra a garantia de amplo acesso à jurisdição no art.
5º, XXXV e LXXIV, que tratam dos direitos a inafastabilidade da jurisdição e a
assistência judiciária integral aos necessitados, verbis:

“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de


qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes: [...]

XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder


Judiciário lesão ou ameaça a direito; [...]

LXXIV – o Estado prestará assistência jurídica integral e


gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;
[...].”

A concessão do benefício da justiça gratuita condicionado ou sem as


garantias de amplo e igualitário acesso a justiça, inviabiliza ao trabalhador
economicamente desfavorecido assumir os riscos naturais de uma demanda
e impõe-lhe pagamento de custas e despesas processuais de sucumbência
com uso de créditos trabalhistas auferidos em processo, de natureza
alimentar, em evidente prejuízo do sustento próprio e de sua família.

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Segundo J. J. GOMES CANOTILHO, o direito de acesso aos tribunais já foi
considerado como concretização do princípio estruturante do estado de direito
(CANOTILHO, J. J. GOMES. Direito Constitucional e teoria da constituição. 7.
ed. Coimbra: Almedina, 2003, p. 491.). Reconhecido no plano internacional
como direito humano, encontra previsão nos artigos 8 e 10 da Declaração
Universal dos Direitos do Homem (DUDH), de 10 de dezembro de 1948, no
artigo 14 (item 1) do Pacto Internacional Sobre Direitos Civis e Políticos
(PISDCP), de 19 de dezembro de 1966, e no artigo 8 (item 1) da Convenção
Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), de 22
de novembro de 1969, que enuncia de forma específica o direito de acesso à
jurisdição trabalhista:

Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas


garantias e dentro de um prazo razoável, por um juiz ou
tribunal competente, independente e imparcial,
estabelecido anteriormente por lei, na apuração de
qualquer acusação penal formulada contra ela, ou para
que se determinem seus direitos ou obrigações de
natureza civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra
natureza.

Assim, qualquer tentativa de limitação ou imposição de condição ao benefício


da justiça gratuita colide frontalmente com o art. 5º, LXXIV, da Constituição,
ao impor ao trabalhador beneficiário da gratuidade de justiça o pagamento de
despesas processuais de sucumbência, até com empenho de créditos
auferidos no mesmo ou em outro processo trabalhista, sem que esteja
afastada a condição de pobreza que justificou o benefício.

A noção de insuficiência de recursos, para os fins da norma de direito


fundamental, encontra-se tradicionalmente conformada, no processo do
trabalho, pelo artigo 14, § 1º, da Lei 5.584/1970, o qual trata da assistência
judiciária gratuita. Segundo essa norma, a assistência judiciária gratuita é
devida ao trabalhador cuja “situação econômica não lhe permite demandar,
sem prejuízo do sustento próprio ou da família”, ainda que perceba salário
superior ao patamar indicado:

“§ 1º A assistência é devida a todo aquêle que perceber


salário igual ou inferior ao dôbro do mínimo legal, ficando
assegurado igual benefício ao trabalhador de maior
salário, uma vez provado que sua situação econômica
não lhe permite demandar, sem prejuízo do sustento
próprio ou da família.”

Articulada com a redação do artigo 790 da CLT, essa disposição garante


direito a gratuidade judiciária na Justiça do Trabalho àquele que se enquadrar
em patamar salarial de até 40% do teto de benefícios da Previdência Social
(CLT, art. 790, § 3º) e àquele que, mesmo percebendo salário superior,
demonstrar situação econômica que não lhe permita demandar sem prejuízo
próprio e da família (Lei 5.584/1970, art. 14, § 1º).

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Portanto, permitir o empenho de créditos trabalhistas para custear despesas
processuais, sem condicionar a perda da condição de insuficiência
econômica, confronta e anula as condições conformadoras da insuficiência de
recursos, contrapondo-se as normas ordinárias delineadoras do direito
fundamental (CR, art. 5º, LXXIV), inviabilizando ao demandante pobre, na
acepção jurídica do termo, a assunção dos riscos da demanda.

Registre-se que a concessão de justiça gratuita implica reconhecimento de


que o beneficiário não dispõe de recursos para pagar custas e despesas
processuais sem prejuízo de seu sustento e de sua família, na linha do art.
14, § 1º, da Lei 5.584/1970, sendo que essa premissa se ancora nas garantias
constitucionais de acesso à jurisdição e do mínimo material necessário à
proteção da dignidade humana (CR, arts. 1º, III, e 5º, LXXIV).

Por conseguinte, créditos trabalhistas auferidos por quem ostente a condição


de beneficiário da justiça gratuita não podem se sujeitar ao pagamento de
custas e/ou despesas processuais, salvo se devidamente comprovada a
perda da condição.

Requer-se, dessa forma, a concessão do benefício da justiça gratuita, de


forma ampla e integral, sem qualquer limitação ou condição.

I.3 DA NÃO LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO PELOS VALORES


INDICADOS NA INICIAL

A nova redação do § 1º do art. 840 da CLT prevê a obrigatoriedade de


“indicação dos valores dos pedidos” que constarem na petição inicial, sob
pena de extinção sem julgamento de mérito.

Em atendimento à previsão legal acima, a parte Reclamante formulou causas


de pedir e pedidos com suas respectivas indicações de valores, ressalvando
que os títulos eventualmente deferidos em sentença não podem ser limitados
aos valores indicados individualmente em cada pedido, uma vez que tais
valores possuem simples caráter informativo, que não podem vincular o
julgador, sendo que a apuração do montante deverá ser realizada em
liquidação de sentença.

Com efeito, a exigência contida no art. 840 da CLT não se refere à liquidez,
não podendo, portanto, inibir a apuração correta do direito reconhecido como
devido na condenação, o que leva à conclusão de que a quantificação dos
pedidos da inicial representa apenas uma estimativa necessária para a
definição do valor de alçada do processo, até porque, o valor da condenação
é atribuído, provisoriamente, para efeito de cálculo das custas processuais,
conforme o disposto no art. 789, CLT.

A própria lei trabalhista ainda contempla a necessidade de liquidação dos


títulos deferidos em sentença, pois no próprio art. 879, § 2º, CLT, permanece
a previsão de que a conta deverá ser elaborada e tornada líquida, ou seja, se
a intenção do legislador fosse que a petição inicial liquidasse os valores das
pretensões, teria revogado a previsão do art. 879, o que não ocorreu,
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concluindo-se, portanto, pela perfeita coexistência e harmonização dos
comandos dos arts. 840 e 879 da CLT com a mera indicação dos valores
estimados das postulações e a sua posterior liquidação, após o deferimento
das parcelas postuladas, verbis:

Art. 879 - Sendo ilíquida a sentença exequenda,


ordenar-se-á, previamente, a sua liquidação, que poderá
ser feita por cálculo, por arbitramento ou por artigos. (...)
§ 2º - Elaborada a conta e tornada líquida, o juízo deverá
abrir às partes prazo comum de oito dias para
impugnação fundamentada com a indicação dos itens e
valores objeto da discordância, sob pena de preclusão”.

Assim, deverá prevalecer a exigência de apuração integral dos créditos


trabalhistas devidos, que deverá ser realizada na liquidação e execução de
sentença, sem qualquer vinculação e/ou limitação aos valores atribuídos na
peça inicial, uma vez que são meros indicativos econômicos para fixação de
valor da causa e custas processuais. Nesse sentido:

“(...) RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE.


APELO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.467/2017. PEDIDOS
LÍQUIDOS. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS
VALORES DE CADA PEDIDO. APLICAÇÃO DO ART.
840, § 1º, DA CLT, ALTERADO PELA LEI 13.467/2017.
TRANSCENDÊNCIA RECONHECIDA. A controvérsia
gira acerca da aplicação do artigo 840, § 1º, da CLT, que
foi alterado pela Lei 13.467/2017. No caso em tela, o
debate acerca do art. 840, § 1º, da CLT, detém
transcendência jurídica, nos termos do art. 896-A, § 1º,
IV, da CLT. A controvérsia acerca da limitação da
condenação, aos valores liquidados apresentados em
cada pedido da inicial, tem sido analisado, pela
jurisprudência dominante, apenas sob a égide dos
artigos 141 e 492 do Código de Processo Civil. Por certo
que aludidos dispositivos do CPC são aplicados
subsidiariamente no processo trabalhista. Entretanto, no
que se refere à discussão acerca dos efeitos dos
pedidos liquidados, apresentados na inicial trabalhista,
os dispositivos mencionados do CPC devem ceder
espaço à aplicação dos parágrafos 1º e 2º do artigo 840
da CLT, que foram alterados pela Lei 13.467/2017.
Cumpre esclarecer que o TST, por meio da Resolução
nº 221, de 21/06/2018, considerando a vigência da Lei
13.467/2017 e a imperativa necessidade de o TST
posicionar-se, ainda que de forma não exaustiva, sobre
a aplicação das normas processuais contidas na CLT
alteradas ou acrescentadas pela Lei 13.467/2017, e
considerando a necessidade de dar ao jurisdicionado a
segurança jurídica indispensável a possibilitar
estabilidade das relações processuais, aprovou a
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Instrução Normativa nº 41/2018, que no seu art. 12, § 2º,
normatizou que “para fim do que dispõe o art. 840, §§
1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado (...)”.
A Instrução Normativa nº 41/2018 do TST, aprovada
mediante Resolução nº 221, em 02/06/2018, registra
que a aplicação das normas processuais previstas na
CLT, alteradas pela Lei 13.467/2017, com eficácia a
partir de 11/11/2017, é imediata, sem atingir, no entanto,
situações pretéritas iniciadas ou consolidas sob a égide
da lei revogada. Portanto, no caso em tela, em que a
inicial foi ajuizada no ano 2018, hão de incidir as normas
processuais previstas na CLT alteradas pela Lei
13.467/2017. Assim, a discussão quanto à limitação
da condenação aos valores constantes nos pedidos
apresentados de forma líquida na exordial deve ser
considerada apenas como fim estimado, conforme
normatiza o parágrafo 2º do artigo 12 da IN 41/2018
desta Corte. A decisão regional que limitou a
condenação aos valores atribuídos aos pedidos na
inicial configura ofensa ao art. 840, § 1º, da CLT.
Reconhecida a transcendência jurídica do recurso de
revista. Recurso de revista conhecido e provido.” (TST,
6ª Turma, ARR-1000987-73.2018.5.02.0271, julgado
em 14/10/2020, Ministro AUGUSTO CÉSAR LEITE DE
CARVALHO – Relator) (g.n.)

Ressalvado, portanto, que o direito reconhecido em sentença refere-se às


parcelas e títulos pleiteados e não aos valores especificados na exordial, a
parte Reclamante requer que o quantum da condenação seja apurado em
liquidação de sentença, atentando-se apenas para o título da verba deferida,
nos termos do art. 879, § 2º, CLT e art. 5º, XXXV, CF.

II – DOS FATOS

A parte Reclamante mantém vínculo de emprego com a 1ª Reclamada desde


04/10/2016, laborando para a 2ª Reclamada, exercendo a função de Monitor
Aquático, percebendo como salário mensal atual o valor de R$ 1.699,26 (mil,
seiscentos e noventa e nove reais e vinte e seis centavos).

Ocorre que a Reclamada vem descumprindo obrigações contratuais


decorrentes da relação de emprego, na medida em que trata a parte
Reclamante com rigor excessivo, perseguições, assédio moral,
ameaças, acusações e punições indevidas, serviços superiores,
condições adversas de trabalho, não permite a realização do correto
intervalo para refeição, tampouco efetua o pagamento do intrajornada
indenizado, dentre outras ocorrências, o que impede e inviabiliza a
continuidade da relação de emprego entre as partes.

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Nessas condições, diante da situação acima relatada e do não pagamento de
direitos assegurados nos termos da legislação em vigor, não restou alternativa
à parte Reclamante senão a propositura da presente reclamação.

III – DA RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA

A parte Reclamante foi contratada pela 1ª Reclamada para prestar serviços à


2ª Reclamada, razão pela qual requer seja esta última responsabilizada de
forma subsidiária pelos pedidos elencados na presente Reclamação
Trabalhista.

A esse respeito dispõe a Súmula 331 do Colendo TST, segundo a qual:

“Súmula 331 – CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS


– Inciso IV alterado pela Res. 96/2000, DJ 18.09.2000
IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte
do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do
tomador dos serviços, quanto àquelas obrigações, inclusive
quanto aos órgãos da administração direta, das autarquias, das
fundações públicas, das empresas públicas e das sociedades
de economia mista, desde que hajam participado da relação
processual e constem também do título executivo judicial (art.
71 da Lei nº 8.666, de 21.06.1993).
Histórico: Revisão do Enunciado nº 256 - Res. 4/1986, DJ0
3.09.1986 Redação original - Res. 23/1993, DJ 21.12.1993.

Assim, deverá ser reconhecida a responsabilidade subsidiária da 2ª


Reclamada.

IV – DA RESCISÃO INDIRETA DO CONTRATO DE TRABALHO

A parte Reclamante, como dito alhures, permanece com seu contrato de


trabalho ativo até o presente momento.

Entretanto, não há mais condições de manter o contrato de trabalho,


conquanto a Reclamada vem descumprindo os termos da contratação, a
saber:

 A Reclamada trata a parte Reclamante com rigor excessivo,


perseguições, assédio moral, ameaças, acusações e punições
indevidas, serviços superiores (obrigado a exercer as funções de
Salva-Vidas), condições adversas de trabalho, visando, com isso,
obter um pedido de demissão ou viabilizar um decreto de justa
causa imotivada:

 Superior ANTONIO persegue, difama, ataca a honra do


Reclamante, aplica punições imotivadas (sofreu uma
suspensão de 3 dias, recentemente) em razão de uma
inverídica afirmação de que teria ameaçado pessoas, o que
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não tem qualquer cabimento ou relação com a verdade,
tudo com o fim de obter um pedido de demissão ou preparar
uma demissão por justa causa, porém, sem qualquer
motivo.

 Reclamada alterou, abrupta e unilateralmente, a jornada de


trabalho do Reclamante (do período da manhã para tarde), em
absoluto e acentuado prejuízo do Reclamante, mostrando-se
EVIDENTE O DESCUMPRIMENTO DO PACTO LABORAL PELA
RECLAMADA, SENDO INVIÁVEL A CONTINUIDADE DO LABOR.
Nesse sentido, aliás:

“RESCISÃO INDIRETA. ALTERAÇÃO DE HORÁRIO


DA JORNADA. A modificação do horário contratual da
jornada, de forma unilateral e prejudicial ao trabalhador,
constitui alteração contratual lesiva, que infringe o
disposto no art. 468, caput, da CLT. Rescisão indireta do
contrato de trabalho reconhecida.” (TRT-12 - RO
0001780-70.2013.5.12.0030, 6ª Câmara, 10/02/2015,
LÍLIA LEONOR ABREU – Relator)

 A Reclamada não permite a correta fruição e não realiza o


pagamento do intrajornada indenizado. Nesse sentido:

A) AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE


REVISTA INTERPOSTO PELA RECLAMANTE.
ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO NA VIGÊNCIA
DA LEI Nº 13.015/2014.

1. RESCISÃO INDIRETA. DESCUMPRIMENTO DE


OBRIGAÇÕES CONTRATUAIS. SOBRELABOR
HABITUAL. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO DE HORAS
EXTRAS.
I. A Corte Regional indeferiu o pedido da Reclamante de
conversão da demissão em rescisão indireta do contrato
de trabalho, por entender que “o descumprimento de
obrigações contratuais, embora constitua conduta
reprovável, por si só não inviabiliza a continuidade da
relação contratual”, consignando em suas razões que “a
ausência de quitação de horas extras não justifica, por
si mesma, a rescisão indireta do contrato”. II. A
jurisprudência desta Corte Superior tem posição
majoritária de que o inadimplemento de horas extras –
hipótese dos autos – consubstancia ato faltoso, bem
como justificativa grave suficiente para configurar a justa
causa, por culpa do empregador, a ensejar a rescisão
indireta do pacto laboral, conforme preleciona o art. 483,
“d”, da CLT. Ressalva de entendimento do Relator. III.
Demonstrada violação do art. 483, d, da CLT. IV.
Agravo de instrumento de que se conhece e a que se
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dá provimento, para determinar o processamento do
recurso de revista, observando-se o disposto no ATO
SEGJUD.GP Nº 202/2019 do TST.

B) RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA


RECLAMANTE. ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO
NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014.

1. RESCISÃO INDIRETA. DESCUMPRIMENTO DE


OBRIGAÇÕES CONTRATUAIS. SOBRELABOR
HABITUAL. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO DE HORAS
EXTRAS.
I. Trata-se de discussão a respeito da possibilidade de
rescisão indireta do contrato de trabalho em caso de não
pagamento de horas extras. II. Esta Corte Superior já se
manifestou no sentido de que o descumprimento de
obrigações contratuais, como a delimitada no presente
caso pela Corte Regional, configura conduta grave,
sendo possível a rescisão indireta do contrato de
trabalho, nos termos do art. 483, “d”, da CLT. Ressalva
de entendimento do Relator. II. Recurso de revista de
que se conhece, por violação do art. 483, d, da CLT,
e a que se dá provimento. (RR-24615-
29.2015.5.24.0004, Relator Ministro: ALEXANDRE LUIZ
RAMOS, Data de Julgamento: 03/06/2020, 4ª Turma,
Data de Publicação: DEJT 12/06/2020)

 A Reclamada, além do mais, não realiza o correto e completo


recolhimento dos depósitos fundiários. Nesse sentido:

“I - AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE


REVISTA. LEI Nº 13.467/2017. RECLAMANTE.
TRANSCENDÊNCIA
RESCISÃO INDIRETA DO CONTRATO DE
TRABALHO. NÃO RECOLHIMENTO DE DEPÓSITOS
DE FGTS.
1 – Há transcendência política quando se constata em
exame preliminar o desrespeito da instância recorrida à
jurisprudência majoritária, predominante ou
prevalecente no TST.
2 – Aconselhável o provimento do agravo de instrumento
para determinar o processamento do recurso de revista,
para melhor exame da apontada violação ao artigo 483,
alínea “d”, da CLT.
3 – Agravo de instrumento a que se dá provimento.
II – RECURSO DE REVISTA. LEI Nº 13.467/2017.
RECLAMANTE.
TRANSCENDÊNCIA

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RESCISÃO INDIRETA DO CONTRATO DE
TRABALHO. NÃO RECOLHIMENTO DE DEPÓSITOS
DE FGTS.
1 – A falta de recolhimento dos depósitos do FGTS (ou
seu recolhimento irregular) configura ato faltoso do
empregador, cuja gravidade é suficiente para ensejar a
rescisão indireta do contrato de trabalho, nos termos do
artigo 483, alínea “d”, da CLT. Julgados.
2 - Recurso de revista de que se conhece e a que se dá
provimento.” (RR-1000629-30.2019.5.02.0609, Relatora
Ministra: KÁTIA MAGALHÃES ARRUDA, Data de
Julgamento: 24/02/2021, 6ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 26/02/2021)

É certo que de acordo com o artigo 483, § 3º, da CLT, àquele que ingressa
com pedido de rescisão indireta é facultado o direito de permanecer ou não
laborando até a decisão final.

Nesse sentido, aliás, é o entendimento perfilhado por nossos Tribunais:

PROCESSO Nº 01167-2007-0135-03-00-8 RO
JUIZ RELATOR : DES.CESAR MACHADO
JUIZ REVISOR: Danilo Siqueira de C.Faria
RECORRENTE : MARIA DAS GRAÇAS DE JESUS.
RECORRIDAS : CLÁUDIA GOMES LUCAS - ME (1)
JULIEMERSON LEANDRO COUTINHO - ME (2)
GUSTAVUS RISSO FERREIRA (3) EMENTA: RESCISÃO
INDIRETA - PERMANÊNCIA OU NÃO DO EMPREGADO NO
SERVIÇO ATÉ DECISÃO FINAL DA AÇÃO JUDICIAL - No
questionamento da falta grave do empregador, o empregado poderá
optar por permanecer ou não prestando serviços, o que é possível
diante do art. 483, § 3º, da CLT, que menciona essa possibilidade de
opção do empregado apenas nas hipóteses de descumprimento das
obrigações contratuais e redução salarial, mas que a doutrina tem
ampliado para todas as demais hipóteses. Não há que se exigir do
empregado o prévio ajuizamento da ação postulando a rescisão
indireta do contrato de trabalho, para o pleno exercício do direito de
deixar de prestar seus serviços ao empregador faltoso, tendo em
vista que tal formalidade não consta do referido § 3º do art. 483 da
CLT, que lhe assegura a prerrogativa de, segundo o seu interesse,
permanecer ou não no serviço até final decisão do processo.

Como se vê, a Reclamada, em verdade, intenta rescindir o contrato de


trabalho mantido com a parte Reclamante, todavia, não quer demiti-la e sim
que a mesma formalize um pedido de demissão, ou, ainda, que se
descontrole e, num ato impensado, chegue a vias extremas, o que poderia
inclusive ensejar um eventual decreto de justa causa.

Por tais motivos é que a parte Reclamante se socorre do Judiciário, com o fim
de não ser prejudicada pelo empregador.

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Assim, Excelência, não há mais condições para a continuidade do contrato de
trabalho, razão pela qual a parte Reclamante postula a decretação da
RESCISÃO INDIRETA DE SEU CONTRATO DE TRABALHO, nos termos
do artigo 483, alíneas, da CLT.

Com a decretação da rescisão indireta, requer o pagamento das verbas


rescisórias, quais sejam, saldo salarial, 13º salário proporcional, férias
acrescidas de 1/3, aviso prévio, FGTS + indenização de 40%.

Requer, outrossim, seja a Reclamada compelida a entregar à parte


Reclamante as guias para levantamento do FGTS, pelo valor integral,
inclusive multa de 40%, sob pena de pagamento de indenização
equivalente.

Requer ainda, sendo o caso, que a Reclamada seja instada a entregar à


parte Reclamante as guias para soerguimento do Seguro Desemprego,
sob pena do pagamento de indenização equivalente.

V – DO INTERVALO INTRAJORNADA

A parte Reclamante, durante o tempo em que labora para a Reclamada, não


usufrui do correto intervalo diário para refeição e descanso.

Ora, o intervalo intrajornada para refeição e descanso é norma de ordem


pública, pois a sua finalidade é dar eficácia aos art. 6º, 7º, inciso XXII e 196,
da Constituição Federal, garantindo a saúde do trabalhador como direito
social, mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco
de doença e de outros agravos.

A Constituição Federal, portanto, não permite que o intervalo para descanso


dentro da jornada de trabalho, absolutamente imprescindível a garantir a
saúde, a higiene e a segurança do trabalhador, seja objeto de qualquer tipo
renúncia ou barganha.

A corroborar tal natureza de ordem pública, temos os art. 3º e 5º da


Convenção 155, da OIT. Neste sentido, inclusive, foram aprovados os
seguintes Enunciados da 2ª Jornada de Direito Material e Processual do
Trabalho da ANAMATRA:

34 INTERVALO INTRAJORNADA COMO NORMA DE


SEGURANÇA E SAÚDE PÚBLICA
I - REGRAS SOBRE O INTERVALO INTRAJORNADA SÃO
CONSIDERADAS COMO NORMAS DE SAÚDE, HIGIENE E
SEGURANÇA DO TRABALHO E, POR CONSEQUÊNCIA,
DE ORDEM PÚBLICA, APESAR DO QUE DISPÕE O ART.
611-B, PARÁGRAFO ÚNICO DA CLT (NA REDAÇÃO DA LEI
13.467 /2017).
II - O ESTABELECIMENTO DE INTERVALOS
INTRAJORNADAS EM PATAMARES INFERIORES A UMA
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HORA PARA JORNADAS DE TRABALHO SUPERIORES A
SEIS HORAS DIÁRIAS É INCOMPATÍVEL COM OS
ARTIGOS 6º, 7º, INCISO XXII, E 196 DA CONSTITUIÇÃO.

37 SAÚDE E DURAÇÃO DO TRABALHO


É INCONSTITUCIONAL O PARÁGRAFO ÚNICO DO ART.
611-B DA CLT, POIS AS NORMAS E INSTITUTOS QUE
REGULAM A DURAÇÃO DO TRABALHO, BEM COMO
SEUS INTERVALOS, SÃO DIRETAMENTE LIGADOS ÀS
TUTELAS DA SAÚDE, HIGIENE E SEGURANÇA DO
TRABALHO COMO ESTABELECIDAS PELOS ARTS. 7º,
XIII, XIV E XXII, 196 E 225 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL,
PELOS ARTS. 3º, B E E, E 5º DA CONVENÇÃO 155 DA OIT,
PELO ART. 7º, II, B E D, DO PIDESC (ONU), PELO ART. 7º,
E, G E H, DO PROTOCOLO DE SANSALVADOR (OEA), E
PELO PRÓPRIO ART. 58 DA CLT, QUE LIMITA A JORNADA
A OITO HORAS DIÁRIAS, SENDO, ASSIM, INSUSCETÍVEIS
DE FLEXIBILIZAÇÃO POR CONVENÇÃO OU ACORDO
COLETIVOS.

Assim, tendo em vista que a parte Reclamante, durante o tempo em que


laborou para a Reclamada, não usufrui do correto intervalo diário para
refeição e descanso, faz jus ao pagamento, de natureza indenizatória, do
período suprimido, com acréscimo de no mínimo 50% (cinquenta por cento)
sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho.

VI – DAS VERBAS RESCISÓRIAS

Tendo em vista a rescisão indireta do contrato de trabalho, a parte Reclamante


faz jus ao pagamento de todas as verbas rescisórias e indenizatórias de
direito, tais como: saldo de salário, 13º salário, férias acrescidas de 1/3, aviso
prévio, FGTS e indenização de 40%.

VII – DO SALDO DE SALÁRIO

A Reclamada deve ser condenada ao pagamento do saldo de salário devido


à parte Reclamante.

VIII – DO AVISO PRÉVIO

Faz jus a parte Reclamante ao aviso prévio indenizado pecuniariamente, em


conformidade com o artigo 7º, XXI, da Constituição Federal, combinado com
a Lei Federal nº 12.506/2011, que dispõe a respeito do aviso prévio, o qual
será de no mínimo de 30 dias, acrescido de 3 (três) dias por ano de serviço
prestado na empresa.

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IX – DAS FÉRIAS PROPORCIONAIS + 1/3

A Reclamada deve ser condenada ao pagamento das Férias Proporcionais


acrescidas de 1/3, de acordo com a CF, art. 7º, XVII, combinado com os
artigos 142 a 145 da CLT, os quais dispõem que as férias anuais sejam
remuneradas com pelo menos o acréscimo de 1/3.

X – DO DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO

Também é devido à parte Reclamante o Décimo Terceiro Salário


Proporcional, considerando ainda que a fração igual ou superior a quinze dias
de trabalho será considerada mês integral, conforme dispõe a Constituição
Federal, artigo 7º, VIII.

XI – DO FGTS + DIFERENÇAS + MULTA DE 40%

A parte Reclamante, considerando o preenchimento dos requisitos para


decretação da rescisão indireta do contrato de trabalho, faz jus ao pagamento
e soerguimento do FGTS, acrescido da multa de 40%, nos termos da
legislação em vigor.

Entretanto, no curso da relação de emprego mantida com a parte Reclamante,


a Reclamada não realizou os corretos e completos depósitos fundiários,
sendo de rigor a condenação ao pagamento das diferenças e indenização
de 40%, sendo da Reclamada o ônus probatório da regularidade dos
depósitos. Nesse sentido:

Súmula nº 461 do TST

FGTS. DIFERENÇAS. RECOLHIMENTO. ÔNUS DA


PROVA - Res. 209/2016, DEJT divulgado em 01, 02 e
03.06.2016
É do empregador o ônus da prova em relação à
regularidade dos depósitos do FGTS, pois o pagamento
é fato extintivo do direito do autor (art. 373, II, do CPC
de 2015).

XII – DO SEGURO-DESEMPREGO

Faz jus a parte Reclamante ao Seguro-Desemprego, tendo em vista se tratar


de um benefício integrante da seguridade social, garantido pelo artigo 7º, II,
da Constituição Federal e tem por finalidade prover assistência financeira
temporária ao trabalhador dispensado involuntariamente.

E, diante da presença de todos os requisitos para a concessão do benefício,


requer a liberação das guias de Seguro-Desemprego, sob pena de pagamento
de forma indenizada.
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XIII – DO DANO MORAL

O desrespeito aos direitos trabalhistas noticiados nesta ação indubitavelmente


representa ofensa à dignidade moral do empregado, tendo em vista o RIGOR
EXCESSIVO, PERSEGUIÇÕES, ASSÉDIO MORAL, AMEAÇAS,
ACUSAÇÕES E PUNIÇÕES INDEVIDAS, SERVIÇOS SUPERIORES,
CONDIÇÕES ADVERSAS DE TRABALHO (Superior ANTONIO persegue,
difama, ataca a honra do Reclamante, aplica punições imotivadas –
sofreu uma suspensão de 3 dias, recentemente – em razão de uma
inverídica afirmação de que teria ameaçado pessoas, o que não tem
qualquer cabimento ou relação com a verdade, tudo com o fim de obter
um pedido de demissão ou preparar uma demissão por justa causa,
porém, sem qualquer motivo), NÃO CONCESSÃO DO CORRETO
INTERVALO PARA REFEIÇÃO, TAMPOUCO O PAGAMENTO DO
INTRAJORNADA INDENIZADO.

Dadas as características dos atos e procedimentos praticados pela


Reclamada, é indubitável que foi violada a imagem, o nome, a boa fama, a
personalidade e a dignidade da parte Reclamante enquanto empregado,
restando ofendidos os art. 1º, inciso III, art. 3º, inciso IV, art. 5º, caput, todos
da Constituição Federal.

A ofensa moral imposta à parte Reclamante implica em violação de direito


fundamental que, “ipso facto”, acarreta a indenização por dano moral, “ex vi”
do que dispõem os incisos V e X do art. 5º da Constituição.

Ora, o direito trabalhista considera que o objeto do contrato é uma pessoa (o


trabalho humano) e impõe, assim, uma relação entre dois sujeitos e não entre
sujeito e objeto.

Por isso, o direito do trabalho ao tutelar uma relação que tem homens como
seu objeto, deve estar amparado por uma sólida base social e ética.

Em praticamente todas as situações vivenciadas na relação de emprego está


presente, em primeira ordem, um direito não patrimonial e/ou direito
patrimonial com função não patrimonial.

Este denominador comum das diversas situações laborais decorre da


característica essencial do contrato de trabalho, qual seja, a inseparabilidade
da prestação de trabalho do trabalhador.

O mais importante direito e a precípua obrigação contratual (do Direito do


Trabalho) do empregador não tem natureza patrimonial. E, é, justamente, o
dever de respeito à dignidade moral da pessoa do trabalhador e aos direitos
relativos à personalidade do empregado, cuja violação significa diretamente
ato ilícito e violação de direito e obrigação da legislação trabalhista e do
contrato de trabalho.

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De fato, é notória e universal a humilhação, a dor, o constrangimento e o
sofrimento que qualquer pessoa passa ao ser submetida a uma atitude ilícita
vinculada ao direito moral (não patrimonial, e/ou, direito patrimonial com
função não patrimonial).

Ora, o dano moral incide sobre bens de ordem não material, quando afeta
direitos relacionados à personalidade.

É o dano sofrido nos sentimentos de alguém, em sua honra, em sua


consideração social ou laboral.

A doutrina costuma enumerar como bens dessa natureza a liberdade, a honra,


a reputação, a integridade psíquica, a segurança, a intimidade, a imagem, o
nome.

O Prof. Luiz Carlos Amorim Robortella, em artigo intitulado “Dano Moral


Trabalhista”, afirmou que o dano moral:

“é uma modificação, digamos assim, desvaliosa do


espírito, na capacidade de entender, de querer e de
sentir. O dano moral gera um modo de estar e de ser
diferente daquele anterior à sua ocorrência; é, portanto,
uma perturbação injusta do ânimo de viver, da forma de
sentir a vida. É uma desvantagem experimentada num
bem jurídico maior, vinculando-se claramente a
aspectos de ordem espiritual, de ordem ideal e de ordem
moral. Não é necessário propriamente o sofrimento para
que exista o dano moral, mas sim a minoração
espiritual.” (in V Ciclo de Estudos do Direito do Trabalho
- Dano Moral Trabalhista p. 181).

Evidente que na espécie em análise foram atingidos direitos integrantes da


personalidade da parte Reclamante, dando ensejo à obrigação de indenizar,
conforme inscrito nos incisos V e X do art. 5º da Constituição Federal, bem
como no art. 186 do Código Civil.

A estimativa do valor do dano moral, sem dúvida, compõe a parte mais


complexa da reparação, porque, na hipótese vertente, não prevê a lei, padrão
de aferição do valor da indenização.

A doutrina e a jurisprudência orientam que deve ser proporcional à gravidade


e à repercussão da ofensa, à situação sócio-econômica da vítima, bem como
ao porte econômico do ofensor; há que se observar, ainda, que a indenização
constitui um duplo caráter, o primeiro ressarcitório, visando recompor o
patrimônio moral da vítima, diminuindo-lhe o sofrimento através do conforto
financeiro, sem, no entanto, possuir a finalidade de enriquecê-la; o segundo
pedagógico, no sentido de que a indenização deve conter um elemento que
repudie o ato ilícito praticado.

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Ante a gravidade dos atos praticados pela Reclamada, notadamente em razão
do RIGOR EXCESSIVO, PERSEGUIÇÕES, ASSÉDIO MORAL, AMEAÇAS,
ACUSAÇÕES E PUNIÇÕES INDEVIDAS, SERVIÇOS SUPERIORES,
CONDIÇÕES ADVERSAS DE TRABALHO (Superior ANTONIO persegue,
difama, ataca a honra do Reclamante, aplica punições imotivadas –
sofreu uma suspensão de 3 dias, recentemente – em razão de uma
inverídica afirmação de que teria ameaçado pessoas, o que não tem
qualquer cabimento ou relação com a verdade, tudo com o fim de obter
um pedido de demissão ou preparar uma demissão por justa causa,
porém, sem qualquer motivo), NÃO CONCESSÃO DO CORRETO
INTERVALO PARA REFEIÇÃO, TAMPOUCO O PAGAMENTO DO
INTRAJORNADA INDENIZADO, estima-se a reparação do dano moral no
montante de no mínimo quatro vezes o valor do último salário contratual
da parte Reclamante, conforme a ser arbitrado por esse D. Juízo.

XIV – DAS CONTRIBUIÇÕES FISCAIS E PREVIDENCIÁRIAS

Os recolhimentos previdenciários exigíveis, assim como os encargos fiscais


incidentes, deverão ser de responsabilidade exclusiva da Reclamada, sem
qualquer dedução do valor devido à parte Reclamante.

XV – DA COMPENSAÇÃO

Para que se evite o enriquecimento indevido, todos e quaisquer valores que a


Reclamada comprovar haver quitado, inclusive em relação às verbas
rescisórias, requer desde já sejam deduzidos dos valores efetivamente
devidos à parte Reclamante.

DOS PEDIDOS

Ante o exposto, postula a parte Reclamante:

I. a conversão do rito procedimental para o ordinário, uma vez que


figura como parte na presente demanda a Administração Pública;

II. a concessão do benefício da justiça gratuita, de forma ampla e


integral, sem qualquer limitação ou condição;

III. seja a presente reclamatória julgada TOTALMENTE PROCEDENTE,


para o fim de, uma vez decretada a RESCISÃO INDIRETA DO
CONTRATO DE TRABALHO nos exatos termos do artigo 483 da
CLT, condenar a 1ª Reclamada e, subsidiariamente, a 2ª Reclamada,
ao pagamento de todas as verbas, inclusive rescisórias, devidamente
atualizadas, acrescidas de juros legais e correção monetária, bem
como honorários de sucumbência, na forma do artigo 791-A da CLT:

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- Intervalo Intrajornada............................................. R$ 7.646,67
- Saldo de Salário...................................................... R$ 1.359,41
- Aviso Prévio............................................................ R$ 2.548,89
- Férias Proporcionais + 1/3..................................... R$ 1.510,45
- 13º Salário Proporcional........................................ R$ 849,63
- FGTS + Diferenças (fins resc. R$ 9.110,95)........... R$ 7.959,74
- Indenização de 40% do FGTS................................ R$ 3.644,38
- Seguro Desemprego.............................................. R$ 6.797,05
- Indenização por Dano Moral.................................. R$ 6.797,04
- Honorários de Sucumbência................................. R$ 5.866,99

Quanto aos pedidos acima formulados, requer a compensação de eventuais


valores pagos, sob a mesma rubrica, e desde que devidamente comprovados
nos autos.

Requer também:

IV. a expedição de ofícios ao Ministério Público, a Delegacia Regional do


Trabalho, ao Instituto Nacional do Seguro Social e a Caixa Econômica
Federal, para as providências cabíveis diante dos procedimentos
levados a efeito pela(s) Reclamada(s).

Protesta a parte Reclamante provar o alegado por todos os meios de prova


em direito admitidos, especialmente pelo depoimento pessoal do preposto,
juntada de documentos, expedição de ofícios, inquirição de testemunhas,
realização de perícias, se necessário.

A parte Reclamante requer, finalmente, que todas as notificações sejam


endereçadas ao escritório de seu patrono, situado na Rua do Bosque, 1.589,
Bloco 2, 14º andar, Sala 1.411, Barra Funda, CEP 01136-001, São Paulo –
SP, telefone (11) 3275-1864; bem como eventuais intimações, via Diário de
Justiça, sejam publicadas exclusivamente em nome do subscritor da presente.

Dá-se à causa, para fins de alçada, o valor de R$ 44.980,25 (quarenta e quatro


mil, novecentos e oitenta reais e vinte e cinco centavos).

Cumpre salientar que o valor ora arbitrado é realizado por estimativa, não
servindo, em nenhuma hipótese, como fundamento para limitação do quantum
debeatur, o qual será fixado, oportunamente, após regular instrução
processual, juntada de documentos, prática de ato pela parte contrária,
realização de eventual prova técnica ou, ainda, na fase do cumprimento de
sentença, conforme o caso.

Nestes Termos,
Pede deferimento.
São Paulo, 24 de junho de 2022.

ROGÉRIO MAZZA TROISE


OAB/SP nº 188.199
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