Protegido por direito autoral. A reprodução não autorizada está sujeita às sanções previstas no art. 184 do CP.
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ESPELHO DO PADRÃO DE RESPOSTAS NOTA
1. Alusão ao art. 367, inc. XV, do RITJDFT e à ilegitimidade do 0.00 –
Corregedor do TJDFT para aplicar a sanção ao servidor, cuja 3.00 lotação se vincula à Secretaria do Tribunal.
2. Quanto à prescrição: alusão ao art. 142, inc. II e § 1º, da Lei 0.00 –
8.112/90 e à súmula 635 do STJ, com a conclusão de que não 3.00 houve prescrição. Quanto ao excesso de prazo: alusão ao art. 169, § 1º, da Lei 8.112/90 e à jurisprudência do STJ acerca da necessidade de comprovação de prejuízo, com a conclusão de que não houve excesso de prazo.
3. Alusão à jurisprudência STJ quanto à possibilidade de 0.00 –
apreciação da legalidade de sanção aplicada em processo 2.00 administrativo disciplinar.
4. Alusão à jurisprudência recente do STJ quanto à necessidade 0.00 –
de condenação anterior na ficha funcional do servidor ou, no 4.00 mínimo, anotação de fato que o desabone, para que seus antecedentes sejam valorados como negativos na dosimetria da sanção disciplinar.
5. Alusão à possibilidade de aplicação da pena de suspensão, 0.00 –
com base no art. 128 da Lei 8.112/90 e na jurisprudência do 2.00 STJ, com destaque quando a inexistência de violação aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade.
Abordagem geral: Desenvolvimento, correção da linguagem, 0.00 –
fluência e coerência da exposição. 1.00
Nota máxima da Questão Discursiva 15
ITEM A – LEGITIMIDADE DO CORREGEDOR DE JUSTIÇA DO TJDFT
Nos termos do art. 367, inc. XV, do RITJDFT, compete ao
PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO TJDFT “aplicar sanções disciplinares aos servidores lotados na Secretaria do Tribunal e a pena de demissão aos servidores da Justiça do Distrito Federal e dos Territórios;”
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Portanto, nos termos do RITJDFT, o Corregedor de Justiça
não possui legitimidade para aplicar a pena de suspensão ao respectivo servidor, cuja lotação se vincula à Secretaria do Tribunal (Gabinete de Desembargador).
ITEM B – ALEGAÇÃO DE PRESCRIÇÃO E DE EXCESSO DE PRAZO
De acordo com o art. 142, inc. II e § 1º, da Lei 8.112/90, o prazo
prescricional se inicia na data em que o fato se tornou conhecido, sendo este de 2 (dois) anos quanto à pena de suspensão.
Não bastasse, a súmula 635 do STJ dispõe que “os prazos
prescricionais previstos no artigo 142 da Lei 8.112/1990 iniciam-se na data em que a autoridade competente para a abertura do procedimento administrativo toma conhecimento do fato, interrompem-se com o primeiro ato de instauração válido – sindicância de caráter punitivo ou processo disciplinar – e voltam a fluir por inteiro, após decorridos 140 dias desde a interrupção.”
No caso em análise, verifica-se que a pena aplicada foi de
suspensão, pelo prazo de 30 (trinta) dias, bem como que o PAD foi instaurado 1 (um) ano após a ciência da autoridade competente acerca do fato, isto é, ainda na decorrência do prazo prescricional.
A alegação de prescrição não deve, portanto, ser acolhida.
No que se refere à alegação de excesso de prazo, o art. 169,
§ 1º, da Lei 8.112/90 dispõe que “o julgamento fora do prazo legal não implica nulidade do processo.”
Ademais, a jurisprudência do STJ é firme no sentido de que, sem
a comprovação do prejuízo, não há razão para declarar a nulidade de processo administrativo disciplinar.
Na hipótese da questão, a defesa não delineou, de forma objetiva
e concreta, o prejuízo suportado pelo servidor público, tampouco apontou possíveis vícios no procedimento que resultou na aplicação da
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penalidade, de modo que a alegação de excesso de prazo,
isoladamente, não conduz à declaração de nulidade pleiteada.
ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO NO RECURSO
ESPECIAL. EXECUÇÃO FISCAL. CONSELHO PROFISSIONAL. PROCESSO ADMINISTRATIVO PARA APLICAÇÃO DE MULTA. PRAZO PARA INTERPOSIÇÃO DE RECURSOS. REGULAÇÃO POR ATO INFRALEGAL. ACÓRDÃO A QUO PELA ILEGALIDADE. DEFESA APRESENTADA PELA SOCIEDADE EMPRESÁRIA. NULIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. COMPROVAÇÃO DE PREJUÍZO À DEFESA. INEXISTÊNCIA. 1. Consoante pacífica orientação jurisprudencial deste Tribunal Superior, sem a comprovação do prejuízo, não há razão para declarar a nulidade de processo administrativo. Precedentes. 2. O delineamento fático feito nas instâncias ordinárias revela que, no processo administrativo instaurado para a imposição de multa (exercício das atividades sem a presença de diretor técnico responsável inscrito no Conselho Regional de Farmácia), foi oportunizado o prazo de 15 dias para o oferecimento de recurso, devidamente observado pela empresa autuada, sem insurgência e sem demonstração de prejuízo, não obstante a Lei n. 3.820/1960 estabelecer o prazo de 30 dias. 3. No caso dos autos, o recurso especial do conselho profissional foi provido para restabelecer a sentença de improcedência dos embargos à execução fiscal, uma vez que não há razão para se declarar nulo o processo administrativo. Observância do princípio pas de nullite sans grief. 4. Agravo interno não provido. (AgInt no REsp 1941742/RS, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 27/09/2021, DJe 30/09/2021)
ITEM C – POSSIBILIDADE DE O PODER JUDICIÁRIO ANALISAR A
LEGALIDADE DA PUNIÇÃO APLICADA
Conforme entendimento consolidado do STJ, a apreciação da
razoabilidade e da proporcionalidade da sanção aplicada ao servidor público, em processo administrativo disciplinar, encontra-se relacionada com a própria legalidade do ato, de modo que não pode
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ser descartada pelo Poder Judiciário, sendo defesa, contudo, qualquer
incursão no mérito administrativo.
Na hipótese, é possível a análise da legalidade do ato pelo
Poder Judiciário, porquanto o que se busca não é a reapreciação das provas em si, mas a adequação legal da penalidade aplicada ao servidor, sendo necessária a demonstração concreta de violação aos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade.
MANDADO DE SEGURANÇA. ADMINISTRATIVO.
SERVIDOR PÚBLICO. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. APLICAÇÃO DE PENA DE SUSPENSÃO. ALEGAÇÃO DE NULIDADE. INEXISTÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS FORMAIS. PENALIDADE APLICADA DENTRO DOS PARÂMETROS LEGAIS. IMPOSSIBILIDADE DE CONTROLE DO MÉRITO ADMINISTRATIVO. RECURSO ORDINÁRIO IMPROVIDO. AGRAVO INTERNO. DECISÃO MANTIDA. I - Na origem, trata-se de mandado de segurança contra ato do Juiz de Direito Corregedor Permanente da Seção Administrativa de Distribuição de Mandados da Comarca de Ourinhos - SP, consistente na aplicação de pena administrativa de suspensão por 90 (noventa) dias ao impetrante, por infração aos deveres funcionais previstos no art. 241, III, XIII e XIV, da Lei n. 10.621/68. No Tribunal a quo, a segurança foi denegada. II - A decisão monocrática recorrida enfrentou todos os argumentos relevantes para a controvérsia, fundamentando de maneira suficiente sua conclusão, não havendo que se falar em omissão em relação aos argumentos deduzidos no recurso ordinário, muito menos deficiência de fundamentação, mas tão somente irresignação da parte agravante quanto ao decidido, que reitera, nesta oportunidade, as alegações já analisadas. III - Com efeito, o recorrente alega ofensa ao devido processo legal, visto que a autoridade judiciária processante seria incompetente para aplicar a pena de suspensão. O Código de Normas da Corregedoria Geral de Justiça prevê que, para ser Presidente da Comissão, o servidor deve ostentar a condição especial de possuir cargo ou nível de escolaridade igual ou superior ao do processado. IV - Quanto à hipótese dos autos, o parágrafo único do art. 51 do Código Judiciário do Estado de São Paulo
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(Decreto-Lei Complementar n. 3, de 27.08.1969)
prescreve que o Juiz Corregedor Permanente será competente para aplicar penas disciplinares aos serventuários, escreventes, fiéis, porteiros e oficiais de justiça, com recurso para a Corregedoria Geral da Justiça. Por sua vez, o art. 15 das Normas de Serviço da Corregedoria Geral da Justiça do Estado de São Paulo preceitua que as apurações preliminares, as sindicâncias, bem como os processos administrativos relativos ao pessoal das serventias judiciais serão realizados pelos Juízes Corregedores Permanentes a que os servidores estiverem subordinados. Já o parágrafo único do art. 15 supracitado dispõe que o Corregedor Geral da Justiça poderá avocar procedimento disciplinar em qualquer fase, a pedido ou de ofício, bem como designar Juiz Corregedor Processante para todos os atos pertinentes, além de atribuir serviços auxiliares a unidade diversa daquela a que estiver vinculado o servidor. Observa-se assim que a competência do Juiz Corregedor Permanente da Seção Administrativa de Distribuição foi respeitada, não cabendo falar em violação do devido processo legal por incompetência da autoridade processante. V - Quanto à insurgência relativa à imposição de punição de suspensão em grau máximo pela autoridade coatora, melhor sorte não assiste à recorrente. A Lei n. 8.935/1994, que regulamentou o art. 236 da Constituição Federal, traz em seu bojo o regime de infrações e as respectivas penalidades no exercício dos serviços notariais e de registro. Dessarte, tem-se que não é possível rever a aplicação da penalidade administrativa, porquanto esta ocorreu dentro dos parâmetros fixados na Lei n. 8.935/1994. Isso porque, na linha da jurisprudência desta Corte, o controle do Poder Judiciário, no tocante aos processos administrativos disciplinares, restringe-se ao exame do efetivo respeito aos princípios do contraditório, da ampla defesa e do devido processo legal, sendo vedado adentrar no mérito administrativo. VI - O controle de legalidade exercido pelo Poder Judiciário sobre os atos administrativos diz respeito ao seu amplo aspecto de obediência aos postulados formais e materiais presentes na Carta Magna, sem, contudo, adentrar o mérito administrativo. Para tanto, a parte dita
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prejudicada deve demonstrar, de forma concreta,
a mencionada ofensa aos referidos princípios. Nesse sentido: MS 21.985/DF, relator Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Seção, julgado em 10/5/2017, DJe 19/5/2017, MS 20.922/DF, relator Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Seção, julgado em 8/2/2017, DJe 14/2/2017. VII - Desse modo, não sendo possível identificar nenhum vício na tramitação do processo administrativo disciplinar, não há que se falar em direito líquido e certo a ser amparado por esta via mandamental. Ademais, prosseguir na verificação, para além do que já assentado nos autos, demandaria necessária dilação probatória, o que não se admite nesta via mandamental. VIII - Agravo interno improvido. (AgInt no RMS 60.274/SP, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, SEGUNDA TURMA, julgado em 29/11/2021, DJe 01/12/2021)
ITEM D – A VALIDADE DA VALORAÇÃO NEGATIVA DOS
ANTECEDENTES FUNCIONAIS DO SERVIDOR
Em recente julgado, o STJ assentou que a Lei 8.112/90 não
autoriza o exame da culpabilidade do agente, tal como o art. 59 do CP. Assim, a “dosimetria” da sanção disciplinar só admite a análise de antecedentes funcionais de concepção técnica própria, sendo que a valoração negativa deve se pautar em critérios objetivos, ou seja, na existência de condenação disciplinar anterior, ou, no mínimo, em alguma anotação de fato que desabone o histórico funcional do servidor, o que não ocorreu na espécie.
ATENÇÃO: Essa matéria consta do julgado MS 22.606/DF STJ e
foi veiculada no INFORMATIVO 718, publicado no dia 22/11/2021.
ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. PROCESSO
DISCIPLINAR. SANÇÃO. PRESCRIÇÃO. INOCORRÊNCIA. DOSIMETRIA. CONTROLE DE LEGALIDADE. POSSIBILIDADE. PENALIDADE DE SUSPENSÃO. PRAZO MÁXIMO. CASO CONCRETO. ILEGALIDADE.
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1. Segundo a Súmula 635 desta Corte, os prazos
prescricionais previstos no art. 142 da Lei 8.112/1990 iniciam-se na data em que a autoridade competente para a abertura do procedimento administrativo toma conhecimento do fato. 2. Hipótese em que o impetrante defendia que o termo inicial da contagem do prazo se daria com o conhecimento do fato por parte da Administração, não sendo necessária a ciência inequívoca de sua ocorrência pela autoridade competente para julgá-los, tese contrária ao entendimento sedimentado neste Superior Tribunal. 3. Ao servidor público federal é proibido opor resistência injustificada ao andamento de documento e processo ou execução de serviço (art. 117, IV, da Lei n. 8.112/1990), sendo certo que a norma em questão objetiva inibir que o agente público imponha óbices ao desenvolvimento regular de um processo, atue de maneira morosa na condução do feito, ou mesmo de maneira contrária à lei, resistindo ao trâmite natural dos autos. 4. No particular, entendeu a Administração que o servidor conduziu o processo administrativo disciplinar sem o mínimo cuidado em seguir as etapas legais mais triviais (permitiu a paralisação processual por mais de dois anos, não instaurou contraditório, não produziu relatório final e não submeteu à consultoria jurídica da AGU), provocando a nulidade do PAD e reclamando a deflagração de outro em seu lugar, pelo que que os fatos (conduta apurada) se encaixavam suficientemente na moldura normativa do dispositivo legal supracitado. 5. O princípio da excepcionalidade do ilícito culposo só se aplica no âmbito penal, por força de previsão expressa nesse sentido (CP, art. 18, parágrafo primeiro), não havendo semelhante previsão normativa na Lei n. 8.112/1990, de modo que se trata de omissão eloquente do legislador, admitindo-se, pois, implicitamente, a existência das infrações disciplinares nas modalidades dolosas e culposas. 6. No caso, não houve atecnia do Poder Público quando considerou que não restou evidenciada a intenção (má- fé) do servidor, mas, ao mesmo tempo, aplicou punição por conta da imprudência (culpa) daquele, verificada na gestão do processo administrativo que estava sob seu comando.
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7. É possível a realização do controle jurisdicional de
processo administrativo disciplinar se limitada ao exame da regularidade do procedimento e à legalidade do ato. 8. A interpretação sistemática dada aos arts. 117, IV, 128, parágrafo único, e 129, todos da Lei n. 8.112/1990, é no sentido de que, em regra, a conduta do servidor seria punível com advertência, admitindo-se, porém, a aplicação de sanção de suspensão, se a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela provierem para o serviço público, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes funcionais assim justificassem. 9. Na espécie, embora constasse motivação objetiva para aplicar a sanção de suspensão, no lugar de advertência, a Administração não justificou de maneira técnica a razão pela qual fixou aquela penalidade no prazo máximo da lei. 10. Ordem parcialmente concedida. (MS 22.606/DF, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 10/11/2021, DJe 10/12/2021)
ITEM E - ADEQUAÇÃO DA SANÇÃO DE SUSPENSÃO, PELO PRAZO
DE 30 (TRINTA DIAS)
Em tese, a “ausência injustificada e não autorizada do serviço
durante o expediente” acarretaria a imposição de mera advertência, nos termos dos arts. 117, inc. I e 129, ambos da Lei 8.112/90.
Contudo, nos termos da jurisprudência do STJ, não se observa
flagrante ilegalidade na aplicação da penalidade de suspensão, pelo prazo de 30 (trinta) dias, pois a justificativa apresentada pela Comissão Disciplinar encontra respaldo no art. 128 da Lei 8.112/90, o qual considera a natureza e a gravidade da infração cometida como parâmetros para a fixação da sanção, bem como na situação fática descrita (o servidor era chefe de gabinete e se ausentava do expediente para gerenciar um restaurante), não havendo, portanto, violação aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade.
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ATENÇÃO: Essa matéria consta do julgado MS 22.606/DF STJ e
foi veiculada no INFORMATIVO 718, publicado no dia 22/11/2021.
PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. PROCESSO
ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. CONHECIMENTO DO FATO ILÍCITO PRATICADO PELO RECORRENTE DENTRO DO QUINQUÊNIO LEGAL. ALEGAÇÃO DE IRRAZOABILIDADE E DESPROPORCIONALIDADE DA PENA DE DEMISSÃO. APRECIAÇÃO ACERCA DA OBSERVÂNCIA DOS PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E DA RAZOABILIDADE SE ENCONTRA RELACIONADA COM A PRÓPRIA LEGALIDADE DO ATO ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE DE A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DEIXAR DE APLICAR A PENA DE DEMISSÃO QUANDO INDUVIDOSA A OCORRÊNCIA DE MOTIVO PREVISTO NA NORMA QUE COMINA TAL ESPÉCIE DE SANÇÃO. PENALIDADE DE DEMISSÃO APLICADA EM CONSONÂNCIA COM AS LEIS ESTADUAIS REGENTES DA ATIVIDADE DOS POLICIAIS CIVIS. I - Na origem, trata-se de mandado de segurança, com pedido liminar, impetrado em desfavor de ato do Governador do Estado da Bahia, que objetiva a anulação da penalidade de demissão, reconhecendo o instituto da prescrição, ou que seja determinada a nulidade do processo administrativo disciplinar. No Tribunal a quo, denegou- se o pedido. II - Observa-se que o recorrente teve contra si instaurado processo administrativo disciplinar, com fundamento nos arts. 13, I, III e IV, 14, XVIII, XXXVII e XLIX, e 27, parágrafo único, da Lei Estadual n. 3.374/1975, do Estado da Bahia, mediante a Portaria SSP/BA n. 227, de 28.3.2006, publicada em 12/4/2006 (fls. 28), após ter sido indiciado em inquérito policial instaurado para apuração de suposto crime de tortura, cometido em 7/11/2002. III - O recorrente foi condenado penalmente a 4 anos e 8 meses de reclusão. Após regular tramitação do processo administrativo disciplinar, foi-lhe aplicada a pena de demissão, a bem do serviço público (fls. 101- 102). IV - Quanto à prescrição, verifica-se que o procedimento administrativo ora debatido respeitou os prazos previstos no art. 203 da Lei Estadual n. 6.677/94. V - Como exposto pela Corte a quo, o conhecimento do fato ilícito praticado pelo recorrente ocorreu no dia 10 de maio de 2004, tendo sido instaurado o Processo
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Administrativo Disciplinar 3 anos e 10 meses depois,
dentro, portanto, do quinquênio legal previsto no parágrafo 3º acima citado. Desse modo, não há falar em prescrição. VI - Quanto à razoabilidade e proporcionalidade da pena de demissão, esta Corte Superior possui entendimento consolidado no sentido de que a apreciação, acerca da observância dos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, encontra-se relacionada com a própria legalidade do ato administrativo, de modo que não se descarta, in abstrato, essa análise pelo Poder Judiciário. VII - A Primeira Seção do STJ firmou a impossibilidade de a administração pública, por razões discricionárias (juízo de conveniência e de oportunidade), deixar de aplicar a pena de demissão, quando induvidosa a ocorrência de motivo previsto na norma que comina tal espécie de sanção. Neste sentido: RMS n. 36.325/ES, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 22/10/2013, DJe 5/12/2013. VIII - Quanto à alegação de que seu ato de demissão teria sido fundamentado em lei revogada, a Corte de origem expressamente destacou que a penalidade de demissão foi aplicada ao recorrente em consonância com as leis estaduais regentes da atividade dos policiais civis, tanto a Lei n. 3.347/1975, vigente à época do ilícito, quanto a Lei n. 11.370/2009, que a substituiu (fls. 166- 167). IX - Não há que se falar em direito líquido e certo, sem eventual dilação probatória, a ser amparado por esta via mandamental. X - Agravo interno improvido. (AgInt nos EDcl no RMS 51.150/BA, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, SEGUNDA TURMA, julgado em 21/05/2019, DJe 28/05/2019)