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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR - 62700-32.2008.5.03.0031

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 100554599C4AA34681.
ACÓRDÃO
(5ª Turma)
GMBM/ATTA/GRL/ld

AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM


RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO
NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017.
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE
JURÍDICA. RESPONSABILIZAÇÃO DE SÓCIO.
AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO AOS
FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA.
ART. 1.021, § 1º, DO CPC. INCIDÊNCIA DO
ÓBICE CONTIDO NA SÚMULA N° 422, I, DO
TST. Na minuta de agravo, a parte agravante
passa ao largo da fundamentação contida na
decisão agravada. Ao assim proceder, deixou
de atender ao disposto no art. 1.021, § 1º, do
CPC, o qual impõe à parte o dever de
impugnar, de forma específica, os
fundamentos da decisão agravada. Ademais,
nos termos do entendimento contido no item I
da Súmula nº 422 desta Corte, "Não se conhece
de recurso para o Tribunal Superior do Trabalho
se as razões do recorrente não impugnam os
fundamentos da decisão recorrida, nos termos
em que proferida". Agravo não conhecido,
com imposição de multa.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo em Agravo


de Instrumento em Recurso de Revista n° TST-Ag-AIRR-62700-32.2008.5.03.0031, em
que é Agravante JANE MARY DE MIRANDA e são Agravados SINDICATO DOS
TRABALHADORES NAS INDUSTRIAS METELURGICAS MECANICAS E DE MATERIAL
ELETRICO DE BELO HORIZONTE, CONTAGEM E REGIAO, POHLIG HECKEL DO BRASIL
INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA., HEC HANDLING ENGENHARIA E CONSULTORIA
LTDA, ICE CONSULTORIA E ENGENHARIA LTDA e MEC ENGENHARIA E CONSULTORIA
S/C LTDA.
Trata-se de agravo interposto contra decisão monocrática que
negou seguimento ao recurso da parte agravante, com fulcro no art. 118, X, do RITST.

Firmado por assinatura digital em 24/08/2023 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
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Na minuta de agravo, a parte argumenta com a viabilidade do
seu recurso.
É o relatório.

VOTO

CONHECIMENTO

O agravo é tempestivo, está subscrito por advogado


regularmente constituído, mas não merece conhecimento.
Com efeito, a r. decisão proferida por este relator negou
seguimento ao recurso da parte agravante, sob os fundamentos de que não há violação
direta e literal de dispositivos constitucionais, nos termos do art. 896, § 2º da CLT, e de
que o recurso esbarra no óbice da Súmula nº 126 do TST.
Confira-se:

“Trata-se de agravo de instrumento interposto contra decisão que


negou seguimento a recurso de revista.
Examino.
O recurso de revista que se pretende destrancar foi interposto em face
de acórdão publicado na vigência da Lei nº 13.467/2017, que alterou o art.
896-A da CLT, havendo a necessidade de se evidenciar a transcendência das
matérias nele veiculadas, na forma do referido dispositivo e dos arts. 246 e
seguintes do RITST.
Constato, no entanto, a existência de obstáculo processual apto a
inviabilizar o exame das questões veiculadas na revista e, por
consectário lógico, a evidenciar a ausência de transcendência do recurso.
Com efeito, a decisão agravada foi proferida nos seguintes termos:
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
O recurso é próprio, tempestivo (acórdão publicado em
13.09.2022; recurso de revista interposto em 23.09.2022),
inexigível o preparo (desconsideração da personalidade jurídica),
sendo regular a representação processual.
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
Nos termos do art. 896, § 2º, da CLT, somente caberá
recurso de revista, em processo de execução, por ofensa direta e
literal de norma da Constituição Federal.
TRANSCENDÊNCIA
Nos termos do artigo 896-A, § 6º da CLT, cabe ao Tribunal
Superior do Trabalho analisar se a causa oferece transcendência
em relação aos reflexos gerais de natureza econômica, política,
social ou jurídica.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Liquidação /
Cumprimento / Execução / Desconsideração da Personalidade
Jurídica.
Analisados os fundamentos do acórdão, constato que o
recurso, em seus temas e desdobramentos, não demonstra
violação literal e direta de qualquer dispositivo da CR, como
exige o art. 896, §2º da CLT.
No tocante à desconsideração da personalidade jurídica,
ressalto que as garantias ao contraditório e à ampla defesa,
inerentes ao devido processo legal, bem como o acesso ao
Judiciário foram devidamente resguardadas à recorrente, que
vem se utilizando de todos os meios hábeis para discutir as
matérias que entende devidas, apenas não logrando êxito em sua
pretensão, o que afasta a alegada violação aos incisos XXXV, LIV e
LV do art. 5º da CR.
A alegada ofensa ao artigo 5º, inciso II, da Constituição
Federal, que consagra o princípio da legalidade, não se caracteriza
diretamente, como exige o artigo 896 da CLT. Eventual afronta ao
dispositivo constitucional seria apenas reflexa, o que não enseja a
admissibilidade do recurso de revista.
Não se constatam possíveis ofensas aos dispositivos
constitucionais apontados pela parte recorrente. Violação, se
houvesse, seria meramente reflexa, o que é insuficiente para
autorizar o seguimento do recurso de revista, de acordo com
reiteradas decisões da SBDI-I do TST
(E-ARR-1361-62.2010.5.15.0033, SBDI-I, Relator Ministro Alexandre
Luiz Ramos, DEJT 17/12/2021; E-RRAg-1479-76.2014.5.09.0029,
SBDI-I, Relator Ministro Hugo Carlos Scheuermann, DEJT
26/11/2021; Ag-ED-E-ED-RR-10541-83.2017.5.03.0068, SBDI-I,
Relator Ministro Cláudio Mascarenhas Brandão, DEJT 16/04/2021,
entre várias).
Observa-se que o entendimento manifestado pela
Turma está assentado no substrato fático-probatório
existente nos autos. Para se concluir de forma diversa seria
necessário revolver fatos e provas, propósito insuscetível de
ser alcançado nesta fase processual, à luz da Súmula 126 do
TST. As assertivas recursais não encontram respaldo na
moldura fática retratada na decisão recorrida, o que afasta a
tese de violação aos preceitos constitucionais.
CONCLUSÃO
DENEGO seguimento ao recurso de revista.
Examinando as matérias em discussão, em especial aquelas
devolvidas no agravo de instrumento (art. 254 do RITST), observa-se que
as alegações nele contidas não logram êxito em infirmar os obstáculos
processuais invocados na decisão que não admitiu o recurso de revista.

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Dessa forma, inviável se torna o exame da matéria de fundo veiculada
no recurso de revista.
Pois bem.
O critério de transcendência é verificado considerando a questão
jurídica posta no recurso de revista, de maneira que tal análise somente se dá
por esta Corte superior se caracterizada uma das hipóteses previstas no art.
896-A da CLT.
Assim, a existência de obstáculo processual apto a inviabilizar o exame
da matéria de fundo veiculada, como no caso, acaba por evidenciar, em última
análise, a própria ausência de transcendência do recurso de revista, em
qualquer das suas modalidades.
Isso porque não se justificaria a intervenção desta Corte superior a fim
de examinar feito no qual não se estaria: a) prevenindo desrespeito à sua
jurisprudência consolidada (transcendência política); b) fixando tese sobre
questão nova em torno da interpretação da legislação trabalhista
(transcendência jurídica); c) revendo valor excessivo de condenação, apto a
ensejar o comprometimento da higidez financeira da empresa demandada ou
de determinada categoria profissional (transcendência econômica); d)
acolhendo pretensão recursal obreira que diga respeito a direito social
assegurado na Constituição Federal, com plausibilidade na alegada ofensa a
dispositivo nela contido (transcendência social).
Nesse sentido já se posicionou a maioria das Turmas deste TST: Ag-RR -
1003-77.2015.5.05.0461, Relator Ministro: Breno Medeiros, Data de
Julgamento: 07/11/2018, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT 09/11/2018; AIRR
- 1270-20.2015.5.09.0661, Relatora Desembargadora Convocada: Cilene
Ferreira Amaro Santos, Data de Julgamento: 07/11/2018, 6ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 09/11/2018; ARR - 36-94.2017.5.08.0132, Relator Ministro:
Ives Gandra Martins Filho, Data de Julgamento: 24/10/2018, 4ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 26/10/2018; RR - 11200-04.2016.5.18.0103, Relator
Desembargador Convocado: Roberto Nobrega de Almeida Filho, Data de
Julgamento: 12/12/2018, 1ª Turma, Data de Publicação: DEJT 14/12/2018; AIRR
- 499-03.2017.5.11.0019, Relator Ministro: Márcio Eurico Vitral Amaro, Data de
Julgamento: 24/04/2019, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 29/04/2019).
Logo, diante do óbice processual já mencionado, não reputo verificada
nenhuma das hipóteses previstas no art. 896-A da CLT.
Ante o exposto, com fulcro no art. 118, X, do Regimento Interno desta
Corte, nego seguimento ao agravo de instrumento.”

Na minuta de agravo, a parte agravante passa ao largo das


razões lançadas na decisão que obstaculizou o processamento do apelo.
Ao assim proceder, deixou de atender ao disposto no art. 1.021,
§ 1º, do CPC, o qual impõe à parte o dever de impugnar, de forma específica, os
fundamentos da decisão agravada.

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Ademais, nos termos do entendimento contido no item I da
Súmula nº 422 desta Corte, "Não se conhece de recurso para o Tribunal Superior do
Trabalho se as razões do recorrente não impugnam os fundamentos da decisão recorrida,
nos termos em que proferida".
Assim, não tendo sido observado o requisito de admissibilidade
do recurso, conforme preconizado no verbete mencionado, uma vez que a agravante
deixou de atacar as razões lançadas na decisão agravada, o agravo não deve ser
conhecido.
Diante do manejo de recurso que não cuida de atacar os
fundamentos da decisão agravada, sem ao menos observar o princípio da dialeticidade
previsto na Súmula nº 422, I, desta Corte, o que revela a manifesta inadmissibilidade do
apelo e evidencia o intuito procrastinatório da medida, aplica-se à parte agravante a
multa prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC, no importe de R$ 400,00 – quatrocentos reais,
equivalente a 1% do valor da causa (R$ 40.000,00), em favor da parte agravada.
O não conhecimento do agravo enseja a manutenção, por esta
Turma, da decisão que não reconheceu a transcendência do recurso.
Ante o exposto, não conheço do agravo, com imposição de
multa.
ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Quinta Turma do Tribunal Superior


do Trabalho, por unanimidade, não conhecer do agravo, com aplicação da multa
prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC, no importe de R$ 400,00 – quatrocentos reais,
equivalente a 1% do valor da causa (R$ 40.000,00), em favor da parte agravada.
Brasília, 23 de agosto de 2023.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)

BRENO MEDEIROS
Ministro Relator

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